Você está na página 1de 9

5- TUBOS PARA O ABASTECIMENTO D’ÁGUA

Atualmente o abastecimento d’água da grande maioria das localidades é feito


através de condutos forçados, constituídos de tubos de seção circular que se
assemelham a cilindros ocos.

Vários têm sido os materiais empregados na fabricação desses tubos ao


longo da história, desde o chumbo, séculos antes de Cristo, até os materiais
plásticos modernos, fabricados com resinas sintéticas derivadas do petróleo. Dentre
esses materiais podem ser citados os seguintes:

- Chumbo
- Madeira
- Cerâmica
- Aço
- PVC
- Polietileno de alta densidade – PEAD
- Cimento amianto
- Concreto
- Ferro-fundido

Alguns desses materiais não são mais utilizados na fabricação dos tubos. Nos
projetos atuais, os mais empregados são os tubos de PVC, de Ferro dúctil e de Aço,
os quais serão aqui descritos.

5.1- Tubos de PVC

Sendo materiais bem mais econômicos e muitas vezes mais adequados que
os tubos metálicos, os tubos de PVC são fabricados a partir de matérias-primas
como carvão, cal e cloreto de sódio. Prova da adequação desse material, tem-se
noticia da fabricação, no exterior uma tubulação com vários quilômetros de
extensão, desprovida de junta, o que foi obtido com o deslocamento da máquina à
medida que o conduto ia se formando. O processo químico que envolve a fabricação
do PVC é a seguinte: o carvão, agindo com a cal, forma o carbureto de cálcio e este,
com a água, o acetileno que se combinado com o ácido clorídrico produzido pela
eletrólise do cloreto de sódio vai formar o cloreto de vinila e este o de polvilina.
Trabalhando-se este material obtêm-se os tubos propriamente ditos.

Pelas normas brasileiras, os tubos de plástico rígidos (PVC) podem ser


fabricados para as classes 8, 10, 12, 15, 20, cujas pressões de ensaio são os
mesmos número de kg/ cm². As pressões de trabalho, que devem ser a metade
daquelas pressões quando transformadas em colunas de água, transformam-se nos
seguintes valores:
Pressão
Classe de serviço
(kgf/cm²)
8 40
10 50
12 60
15 75
20 100

Os valores das pressões máximas de serviço decrescem com o aumento da


temperatura na base de 20% para cada mais 10 ºC.

Esses tubos possuem ótima resistência à corrosão, pois sendo compostos por
matérias essencialmente não corrosivos, a tubulações de plástico, são, sem dúvida
alguma, as que menos ficam sujeitas ao ataque da água e de terreno agressivos.
Todavia, esta afirmação só é válida para temperaturas até 60 ºC no máximo. Vale
salientar que esses tubos também são imunes à corrosão eletrolítica. Além disto, as
suas paredes lisas beneficiam a sua capacidade de escoamento, sendo, sob as
mesmas condições de trabalho e para mesmo diâmetro, capaz de fornecer uma
vazão 1,4 vez maior que o ferro fundido.

Normalmente são fabricados com juntas elásticas, sendo estas, para 60 e 300
mm de diâmetro, os mais comuns nos sistemas públicos de abastecimento de água.
Essas juntas compõem-se de um anel de borracha que fica comprimido entre a
ponta de um tubo e a bolsa do outro com o qual se une. Em geral o fabricante passa
as seguintes recomendações: Antes da execução da junta, cumpre verificar se a
bola, os anéis de borracha e as extremidades dos tubos a ligar se acham bem secos
e limpos (isentos de areia, terra, lama, óleo, etc.). Realizada a junta, deve-se
provocar uma folga de, no mínimo, um centímetro entre as extremidades, para
permitir eventuais deformações, o que sra conseguido, por exemplo, imprimindo à
extremidade livre do tubo recém-unido vários movimentos circulares. Em seguida
deve-se verificar a posição dos anéis que devem ficar dentro da sede para isso
disposta. Qualquer material usado pode favorecer o deslocamento nos anéis de
borracha, deverá ter características que não afetem a durabilidade dos mesmos e
dos tubos de PVC rígido.

No Brasil, s tubos de PVC utilizados em sistemas de abastecimento d’água


são fabricados em duas linhas:

PVC – PBA

Os tubos PBA são fabricados de acordo com a NBR-5647 da ABNT, nas


classes 12, 15 e 20, para pressões de serviço (a 20ºC) de 60, 75 e 100 m.c.a.,
incluindo-se as variações dinâmicas. As pressões acima indicadas correspondem
aproximadamente a 0,60, 0,75 e 1,0 Mega Pascal (MPa). Pascal - Pa - unidade
padrão de pressão do Sistema Internacional de Unidades, aprovado pelo Governo
Federal através do Decreto n.º 81.621 de 03 de maio de 1978. Suas principais
características são:
- Cor marrom.
- Diâmetros (bitolas) DE 60, 75, 85, 110 mm.
- Classes de pressão CL 12 (60 m.c.a.), CL 15 (75 m.c.a.), CL 20
(100 m.c.a.).
- - Junta elástica (JE) e Junta Elástica Integrada (JEI).
- -Tubos (barras) 6m com ponta e bolsa.

PVC – Vinilfer

Os tubos desta linha têm as seguintes características:

- Cor azul.
- Diâmetros (bitolas) DN 100 a 500 – JEI.
- Diâmetros (bitolas) DE 100 a 300 – JE.
- Tubos (barras) 6m.
- Junta Elástica (JE) e Junta Elástica Integrada (JEI).
- Composto Vinilfer DEFoFo JEI em PVC Sigma 12.
- PVC Sigma 12 – composto que apresenta tensão circunferencial
admissível de 12 MPa (NBR 7665). Características JEI

A JEI – Junta Elástica Integrada – é o sistema de incorporação do anel de


vedação durante o processo de fabricação. Enquanto a tecnologia convencional
exige a colocação manual dos anéis durante a instalação da tubulação, a tecnologia
JEI elimina essa etapa. Isso garante maior confiabilidade e segurança no sistema de
junta e maior produtividade e economia durante a instalação. A tecnologia de Junta
Elástica Integrada foi desenvolvida em 1970 na Noruega. Nos Estados Unidos, os
produtos com JEI já respondem por 80% do mercado de tubos para aplicações em
linhas de pressão e esgoto.
5.2- Ferro Dúctil

Ferro dúctil é uma denominação dada ao ferro fundido que apresenta a grafita
(carbono) sob a forma esferoidal trazendo características mecânicas de relevância
ao produto como:

resistência à tração elevada.


alto limite elástico.
elevado alongamento.
resistência aos choques

O ferro dúctil conserva, no entanto, as qualidades mecânicas do ferro fundido


tradicional, proveniente de seu alto teor de carbono:

resistência à compressão.
resistência à abrasão.
usinibilidade.
resistência à fadiga.
resistência à corrosão.
moldabilidade.

O ferro dúctil se distingue dos ferros fundidos cinzentos tradicionais por suas
melhores características mecânicas (elasticidade, resistência aos impactos,
alongamento, etc.). Estas características são devidas a forma esferoidal da grafita.
Uma classificação de produtos ferrosos pode ser estabelecida em função do
teor de carbono no metal de base:

ferro: 0 a 0,1% de C,
aço: 0,1 a 1,7% de C,
ferro fundido: 1,7 a 5% de C.

Abaixo de 1,7% de carbono, a solidificação passa por uma fase austenítica,


dentro da qual todo o carbono está em solução sólida. Acima de 1,7% de carbono,
este não pode ser diluído em sua totalidade dentro da estrutura do ferro e desse
modo se solidifica sob a forma de uma segunda fase, seja da grafita (C puro), seja
de carboneto de ferro (Fe3C). 0 ferro é um material polifásico de estrutura complexa:
os constituintes principais são a ferrita (Fe ) e a perlita (Fe + Fe3C). Outros
elementos, presentes no ferro em proporções muito baixas, tem uma influência
sobre a estrutura e as propriedades mecânicas e de moldabilidade do metal. O
silício (habitualmente com teores de 1 a 3%) desempenha um papel particular e, na
realidade, transforma o ferro fundido em uma liga ternária: ferro, carbono e silício.

O termo ferro fundido cobre uma larga variedade de ligas Fe-C-Si. Ele é
classificado em famílias segundo a forma da grafita, com uma diferenciação
suplementar devida a estrutura da matriz metálica (ferrita, perlita...).

Nos ferros fundidos cinzentos, a grafita se apresenta sob a forma de lamelas,


de onde se deriva o seu nome metalúrgico: ferro
fundido com grafita lamelar. Cada uma dessas
lamelas de grafita pode, sob uma concentração de
esforços anormais em certos pontos, provocar um
início de fissura.

Os metalurgistas procuraram uma forma de


diminuir ou até eliminar estes efeitos, alterando o
tamanho ou a forma dessas lamelas. A
centrifugação permitiu obter lamelas muito finas
que aumentaram sensivelmente as qualidades
mecânicas do ferro. Um passo decisivo foi dado
em 1948, quando as pesquisas feitas nos Estados
Unidos e na Grã-Bretanha permitiram a obtenção
de um ferro com grafita esferoidal, mais conhecido
pelo nome de ferro dúctil. A grafita deixa de ter a
forma de lamelas, cristalizando-se sob a forma de
esferas. As linhas de propagação das rupturas
possíveis são assim eliminadas.A cristalização da
grafita sob a forma de esferas é obtida pela
inoculação controlada de uma pequena
quantidade de magnésio, em um ferro gusa
previamente dessulfurado.

A forma esferoidal da grafita acrescenta às já conhecidas vantagens do ferro


fundido cinzento, outras boas características mecânicas:
resistência à tração,
resistência aos impactos,
elevado limite elástico,
alongamento elevado.

Estas características podem ser ainda melhoradas pelo controle da análise


química e do tratamento térmico da matriz metálica. 0 ferro fundido dúctil conserva
ainda as qualidades mecânicas tradicionais dos ferros fundidos, provenientes de seu
alto teor de carbono:

resistência à compressão,
facilidade de moldagem,
resistência à corrosão,
usinabilidade,
resistência à fadiga.

Todos os tubos, conexões, válvulas e acessórios de canalização para adução


de água em ferro dúctil são fabricados conforme as normas NBR 7663 e ISO 2531.
Mediante acordo entre o fabricante e o cliente, o limite convencional de elasticidade
a 0,2% (R p 0,2) pode ser medido. Ele não deve ser inferior a:

270 MPa quando A > 12% para os DN 80 a


1000 ou > 10% para o DN > 1000,
300 MPa nos outros casos.

A dureza Brinell não deve exceder a 230 HB para os tubos e 250 HB para as
conexões, válvulas e acessórios. Para os componentes fabricados por soldagem,
uma dureza Brinell mais elevada é admissível na zona afetada termicamente pela
solda.
Resistência à Tração
Alongamento Mínimo após Ruptura A (%)
Tipos de Peças Mínima Rm (MPa)
DN 80 a 1200 DN 80 a 1000 DN 1200
Tubos Centrifugados 420 10 7
Tubos Não
Centrifugados Conexões 420 5 5
e Acessórios

5.3- Aço

O material empregado na fabricação dos tubos de aço é da mesma


procedência daquele utilizado nos tubos de ferro dúctil, com variação apenas no teor
de carbono, como foi mostrado acima. Essa diferença, no entanto, confere ao aço
características tais como maior maleabilidade e maior elasticidade, por exemplo.

Esses tubos, fabricados no Brasil com diâmetros que variam de 150 a 2.500
mm, são utilizados principalmente em adutoras sujeitas a elevadas pressões
internas ou que se destinam a veicular grandes vazões. Devido à relativa facilidade
de confecção proporcionada pelo aço podem ser feitos tubos de grandes diâmetros
e para altas pressões. A sua fabricação exige cuidados especiais, particularmente
quanto às soldas das chapas, cuja execução deve obedecer a uma série de
especificações e requisitos. Durante muito tempo, a montagem desses tubos era
feita apenas através de soldas no próprio local; atualmente já são fabricados com
junta elástica ou com flanges, a exemplo dos tubos de ferro, o que facilita sua
implantação.

As principais desvantagens atribuídas aos tubos de aço são a menor


resistência tanto à corrosão como as cargas externas e às pressões internas
negativas. A corrosão é um fenômeno complexo que, causado por reações químicas
ou eletroquímicas de várias origens, destrói os metais em maior ou menor
intensidade, de acordo com a sua composição. Os tubos de aço são mais sensíveis
que o ferro dúctil a esse fenômeno e, por serem de parede mais fina, são afetados
mais rapidamente. A natureza do solo e sua agressividade desempenham papel
preponderante no processo gerador de corrosão metálica.
Outra importante causa de corrosão em adutoras tem origem no
caminhamento de correntes elétricas estranhas pela tubulação e que, ao passarem
para a terra, arrastam consigo partículas metálicas formando cavidades na parede
externa. Esse tipo de corrosão ocorre freqüentemente junto a linhas de bonde e
trens elétricos, a torres e postes de transmissão e distribuição de energia elétrica e a
quaisquer outras estruturas onde possa haver escoamento de corrente elétrica. A
maneira de proteger as tubulações de aço para evitar ou reduzir a corrosão, consiste
em isolar, externamente o metal com camadas de material betuminoso, lã de vidro,
juta, papel parafinado ou uma combinação dos mesmos. Internamente, para
proteger o metal contra a agressividade da água, aplica-se geralmente uma simples
camada de betume asfáltico. Existem especificações de aceitação geral para o
revestimento de tubos, destacando-se as do Departamento de Corrosão do Instituto
Central para Pesquisa de Material da Holanda, e as de American Water Works
Association (AWWA). A aplicação das camadas protetoras é outro ponto que exige
cuidadosa técnica do fabricante de tubos.

Uma das formas de proteção da tubulação contra a circulação danosa de


correntes que destroem o material é conhecida como proteção catódica, que
consiste em ligar a canalização em circuito com o pólo negativo de um gerador de
corrente contínua, cujo pólo positivo se conecta a ânodos enterrados no solo. Deste
modo o potencial elétrico na canalização se torna inferior ao do solo e as correntes
elétricas passam a se deslocar do solo para a canalização, a qual, funcionando
como câtodo, não sofre corrosão. Este processo é utilizado para proteger a
tubulação tanto contra a corrosão comum quanto contra a ação das correntes
elétricas.

A técnica de proteção das tubulações constitui alta especialização. Ao se


projetar adutoras de aço é sempre conveniente efetuar estudos sobre as
características do solo e consultar especialistas sobre medidas de proteção em
campo.

A resistência dos tubos de aço, com respeito às cargas externas e às


pressões negativas internas é função da espessura da parede. Os tubos de parede
fina, ainda que possam resistir satisfatoriamente à pressão interna exercida pela
água, muitas vezes deformam-se sob a ação de esforços externos ou achatam-se
quando se forma um vácuo parcial no seu interior durante o esvaziamento da linha,
por ocasião de descargas normais ou rupturas. Este fenômeno de achatamento é
conhecido por colapso ou constricção.

Normalmente a resistência desses tubos é fornecida pelo fabricante, mas


pode ser necessário fazer a verificação de seu funcionamento nas condições de
máxima solicitação, o que pode ser feito pelas seguintes expressões:

- Resistência à pressão interna:

- Resistência à pressão de colapso:


onde: e = espessura da parede do tubo, em cm;
p = pressão atuante (interna ou de colapso), em kgf/cm2;
D = diâmetro interno do tubo, em cm;
T = tensão admissível à tração:
.para aço soldado, T = 1.000 kgf/cm2;
.para aço sem costura, T = 1.400 kgf/cm2.

Nesses tubos, as ventosas assumem particular importância, pois, permitindo


entrada suficiente de ar, evitam a formação de vácuo prejudicial.

5.4- Conexões

Estas peças são destinadas a ligarem tubos ou seguimentos de tubos entre


si, permitindo mudanças de direção, derivações, alterações de diâmetros etc, e são
fabricadas nas classes e juntas compatíveis com a tubulação. As mais comuns são:

 curvas (mudanças de direção);


 tês (derivação simples);
 cruzetas derivação dupla;
 reduções (mudanças de diâmetro);
 luvas (ligação entre duas pontas);
 caps (fechamento de extremidades);
 junções (derivações inclinadas);
 etc.

Atualmente não se fabricam mais conexões de PVC, principalmente da linha


Vinilfer; nos projetos são indicadas conexões de ferro dúctil, que têm diâmetros
equivalentes.

Você também pode gostar