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A tempestade (Canto VI)

Depois de contar a História de Portugal e a viagem até Melinde, Vasco da Gama e a sua
armada partem em direção à Índia, guiados por um piloto que deverá ensinar-lhes o
caminho até Calecut. No entanto, os marinheiros são surpreendidos por uma enorme
tempestade. Trata-se de mais uma cilada de Baco que, ao verificar que os portugueses
estavam próximos do seu destino, resolve pedir ajuda a Neptuno. O Deus do Mar convoca
um Consílio dos Deuses Marinhos e estes decidem apoiar Baco, ordenando a Éolo que solte
os ventos, com a missão de destruir a armada portuguesa. Os marinheiros são apanhados
de surpresa, entretidos que estavam a ouvir um dos seus, Fernão Veloso, a contar histórias.
Só o apelo de Vasco da Gama a Deus e a intervenção de Vénus impedem o pior.
Dissipada a tempestade, a armada avista Calecut e Vasco da Gama agradece a Deus.
O Canto termina com considerações do Poeta sobre o valor da Fama e da Glória
conseguidas através dos grandes feitos.

Recursos Expressivos

 Estrofes 70 a 73
 Formas verbais perifrásticas para sugerir o progressivo agravamento da
situação.
Ex: “(…) olhando os ares anda,” (est. 70)
“(…) o vento vinha refrescando,” (est. 70)
“(…) juntos dando nela” (est.71)
“(…) que nos imos alagando” (est. 72)

 Estrofes 74 a 79
Acentua-se a fúria da tempestade. Grande variedade de recursos estilísticos para
sugerir a grande violência dos elementos da Natureza.
 Orações consecutivas (est. 74, v. 1 e 2; est. 75, v. 7 e 8)
 Grande variedade de adjetivos, por vezes no superlativo absoluto sintético
 Sugere-se o rápido movimento ascendente e descendente (antítese, anáfora,
sensações visuais e hipérbole na estância 76)
Tendência hiperbolizante (est. 77, 78 e 79)

 Estrofes 80 a 83
 Abundância de adjetivação e repetições que acentuam a súplica para obter proteção
divina.

 Estrofes 85 a 91
A intervenção de Vénus, ao nascer do dia, vai acabar com a tempestade.
 Adjetivação de conotação positiva.
ESTRUTURA DO EPISÓDIO

Este episódio insere-se no Plano da Viagem que se cruza com o Mitológico; é um


episódio naturalista, porque descreve um fenómeno da Natureza. Camões terá aproveitado
a sua própria experiência de viajante e de náufrago para descrever, de forma bastante
realista, a tempestade.
Podemos dividi-lo em seis momentos:
 1º momento  Aproximação da tempestade (est.70)
Vasco da Gama apercebe-se da mudança de tempo e acorda os marinheiros, começando
a dar as ordens necessárias.
 2º momento  Descrição da tempestade (est.71 a 79)
É feita uma descrição muito realista, não só da Natureza em fúria, mas também da
aflição, dos gritos e do temor dos marinheiros, incapazes de controlar a situação. É
grande a azáfama dentro das naus.
 3º momento  Súplica de Vasco da Gama (est.80 a 83)
Na impossibilidade de fazer o que quer que seja contra a fúria dos elementos da
Natureza, Vasco da Gama, temendo a destruição da armada, implora proteção divina e
pede clemência, argumentando que aquela é uma viagem ao serviço de Deus.
 4º momento  Descrição da tempestade (est.84)
A prece de Vasco da Gama não abrandou a força da tempestade que continua
implacável.
 5º momento  Intervenção de Vénus (est.85 a 91)
Vénus, convencida de que a tempestade foi obra de Baco, desce ao mar e manda as
Ninfas embelezarem-se. Estas, seduzindo os ventos, conseguem acalmar a tempestade.
 6º momento  Chegada à Índia (est.92 e 93)
Quando a tempestade termina, os portugueses avistam a Índia. Vasco da Gama, de
joelhos, agradece a Deus a ajuda prestada.

A Professora: M.ª João Freitas

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