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9.ºANO
“Tempestade e chegada à Índia”
2019/2020
(Canto VI; est. 70-94)
● fúria dos elementos: ventos fortes, grande agitação do mar (ondas altíssimas), relâmpagos, que iluminam
a noite negra, sucedem-se sem parar, trovões.
● efeitos da tempestade:
- na tripulação: agitação, confusão e desorientação que se instala a bordo; os marinheiros gritam
aterrorizados e, em pânico e receosos da destruição total, invocam Cristo. Alguns marinheiros são
derrubados e é muito difícil controlar o leme. Sublinha-se a incapacidade dos marinheiros de fazer frente a
tão violenta demonstração de força da natureza.
- nas embarcações: destruição de velas e mastros; inundação das naus.
- na natureza: as aves marinhas piam tristemente e os golfinhos refugiam-se no fundo do mar; as ondas
derrubam montes; os ventos arrancam árvores e as areias do fundo do mar foram trazidas à superfície.
O recurso a sensações visuais (vento despedaçando a vela, agitação dos marinheiros, as naus que sobem e
descem ao sabor das ondas, os raios que iluminam a noite, etc.) e auditivas (barulho do mar e do vento
dando nas naus, os ruídos da destruição de parte dos barcos, os trovões, etc.), o uso do discurso direto e do
presente do indicativo incutem um maior realismo na forma como se descreve a tempestade, permitindo ao
leitor a sensação de estar a assistir ao fenómeno.
2ª parte: súplica de Vasco da Gama (estâncias 80 a 83)
Perturbado pelo medo, e temendo pela vida e pelo sucesso da viagem, Vasco da Gama
dirige uma prece a Deus, na qual solicita a sua proteção, apresentando três argumentos:
- evoca o grande poder de Deus, que já libertara homens de grandes dificuldades e
perigos em tempos passados (povo hebreu, guiado por Moisés, S. Paulo e Noé);
- refere que Deus abandonou os marinheiros, depois de tantas provas já vencidas com
imenso sacrifício, sublinhando a causa que move a viagem – a expansão da fé cristã;
- louva aqueles que tiveram a sorte de morrer gloriosamente lutando pela fé cristã contra
os mouros.
Apesar da súplica de Vasco da Gama, a tempestade aumenta a sua violência: os ventos continuam a
intensificar-se e os relâmpagos e os trovões são cada vez mais fortes.
Apercebendo-se das dificuldades da sua tão querida gente lusa, Vénus aparece e afirma que Baco é
responsável pela tempestade, mas que não o deixará levar avante os seus intentos. Para tal, reúne as ninfas
amorosas e pede-lhes que se embelezem, colocando grinaldas de flores na cabeça, e que seduzam os
ventos, de forma a acalmar a sua fúria. Estes, ao verem as belas ninfas, ficam rendidos aos seus encantos
(força dominadora do Amor). A ninfa Oritia dirige-se ao vento Bóreas e diz-lhe que não poderá voltar a amá-
lo, se este mantiver a ferocidade, pois o Amor não é compatível com o medo. Galanteia utiliza os mesmos
argumentos junto do vento Noto, afirmando que sabe que ele se alegra de a ver e que fará o que ela quiser.
Os ventos acalmam-se, submissos às belas ninfas, e a tempestade termina, com a promessa de Vénus de
favorecê-los nos seus amores, se estes lhe forem leais.
Não há equilíbrio de forças: o homem, no meio do oceano, está à mercê da vontade das forças naturais.
● Conflito ao nível mitológico:
Baco Vénus
(ajudado pelos deuses marinhos e pelo deus (ajudada pelas ninfas)
dos ventos – Éolo)
Vénus e as ninfas amorosas seduzem os ventos
Convence os deuses do mar a destruir a que, movidos pela paixão, esquecem a sua fúria
armada lusa antes de atingir a Índia. demolidora.
Há equilíbrio de forças: os ventos são poderosos e indomáveis e as ninfas possuem um poder de sedução
irresistível.
O episódio acentua, por um lado, a fragilidade dos navegantes e, por outro, reforça a noção de herói
coletivo que consegue ultrapassar as forças adversas, superando-se a si próprio.