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Almeida Garrett – Frei Luís de Sousa

Características da Literatura do Romantismo


➔ identificação com a Natureza;
➔ vivência do sentimento do amor;
➔ sentimento religioso;
➔ a rebeldia do herói romântico;
➔ a busca do absoluto;
➔ a ironia crítica;
➔ o culto da liberdade;
➔ (...)

Romantismo em Portugal – 1825 - 1865


Destacaram-se Garrett e Herculano.
Poema Camões (1825) e D. Branca (1826), ambos da autoria de Garrett

Características do drama de índole trágica:


➔ Simplicidade de ação;
➔ Apresenta uma catástrofe;
➔ Poucas personagens;
➔ Assunto nacional;
➔ Presença da religião cristã;
➔ Drama em prosa;
➔ Apologia da liberdade poética e não rigor histórico;
➔ A literatura tem um papel social.

Elemento romântico/ Drama romântico


➔ Referência à morte
➔ Patriotismo
➔ Individualismo (Madalena está sozinha na 1º cena)
➔ Egotismo- Narcisismo
➔ Importância dada ao amor
➔ Binômio-Luz/Trevas
➔ Tom confessionalista
➔ Refúgio na leitura
➔ Sebastianismo
O tempo de Frei Luís de Sousa (Final do século XVI)
➔ Portugal vive sob o despotismo do governo espanhol, em que a liberdade é
condicionada.
➔ Os opositores ao domínio espanhol são perseguidos.
➔ Manuel de Sousa Coutinho censura os governantes ao serviço do rei espanhol.
➔ A ação de Manuel de Sousa pretende instigar os patriotas a revoltarem-se contra os
opressores.

Época de Garrett (Década de 1840)


➔ Costa Cabral governa o país de modo autoritário e restringe direitos e liberdades.
➔ Os opositores ao Cabralismo são marginalizados politicamente.
➔ Almeida Garrett, na sua intervenção política e literária, exorta os seus
contemporâneos a repudiar o governo de Costa Cabral.

Como recriou Garrett a História na ação de Frei Luís de Sousa?

História da família de Manuel de Sousa


➔ D. Madalena, viúva com três filhos, casa em 1583 com Manuel de Sousa Coutinho,
de quem tem uma filha.
➔ D. João de Portugal, primeiro marido de Madalena, morre em Alcácer Quibir.
➔ Manuel de Sousa Coutinho incendeia o seu palácio por achar indigno da sua
condição de fidalgo ser forçado a alojar os governadores.
➔ Manuel de Sousa e D. Madalena ingressam em conventos, em 1613, muito
provavelmente por devoção religiosa.
➔ A filha de Manuel de Sousa e de D. Madalena morre antes de os pais professarem,
em 1613.

Recriação dos factos em Frei Luís de Sousa


➔ D. Madalena, sem filhos e julgando-se viúva, casa em 1585 com Manuel de Sousa
Coutinho, de quem tem a filha Maria.
➔ D. João de Portugal não morre em Alcácer Quibir e regressa para denunciar o novo
casamento de Madalena.
➔ Manuel de Sousa incendeia o seu palácio por patriotismo quando os governadores
ao serviço de Espanha pretendem nele instalar-se.
➔ Manuel de Sousa Coutinho e D. Madalena abraçam a vida religiosa,em 1599, para
expiar a culpa de o seu casamento estar manchado pelo pecado.
➔ A filha de Manuel de Sousa e D. Madalena, Maria, morre quando os pais professam,
em 1599.
Estrutura Externa e Estrutura Interna

Ato I – Palácio de Manuel Sousa de Coutinho-Almada

Cena I-IV- Exposição


• Antecedentes da ação e informações sobre as personagens:
➔ primeiro casamento de D. Madalena de Vilhena com D. João de Portugal;
➔ desaparecimento de D. João de Portugal na batalha de Alcácer Quibir;
➔ diligências de D. Madalena para o encontrar (7 anos);
➔ casamento de D. Madalena de Vilhena com D. Manuel de Sousa Coutinho (14 anos);
➔ nascimento de uma filha, Maria de Noronha (tem 13 anos);
➔ referência à debilidade de Maria de Noronha, vítima de tuberculose;
➔ fidelidade de Telmo Pais a D. João, de quem fora escudeiro;
➔ Sebastianismo de Maria de Noronha: fascínio pelo rei desaparecido (D. Sebastião);
incompreensão face à razão da perturbação dos pais quando se menciona o possível
regresso do rei.

Cena V-VIII-Conflito
➔ Notícia da intenção de os governadores se instalarem no palácio de D. Manuel de
Sousa Coutinho, em Almada, para fugirem dos ares empestados de Lisboa.
➔ Decisão de D. Manuel de Sousa Coutinho de se mudarem para o palácio de D. João
de Portugal.
➔ Oposição de D. Madalena por temer a desgraça, atitude considerada caprichosa por
D. Manuel de Sousa Coutinho.
➔ Decisão final de ir para o palácio de D. João de Portugal.

Cena IX-XII – Conflito


➔ Chegada antecipada dos governadores.
➔ Diligências para a mudança de palácio.
➔ Decisão de Manuel de Sousa Coutinho de incendiar o seu próprio palácio, consciente
das consequências do seu ato.
➔ Incêndio do palácio: desespero de D. Madalena de Vilhena, ao ver o retrato de D.
Manuel de Sousa Coutinho ser consumido pelas chamas (salvar o retrato significava
salvar o seu marido).
Ato II – Palácio de D. João, muito mais sombrio- Almada

Cena I-III-Conflito
➔ Referência aos factos ocorridos após o incêndio:
– D. Madalena encontra-se doente há 8 dias; – elipse de 8 dias.
− D. Manuel de Sousa Coutinho encontra-se escondido, receando represálias
dos governadores.
➔ Diálogo entre Maria de Noronha e Telmo Pais, durante o qual ela solicita, em vão, ao
velho escudeiro a confirmação da identidade do cavaleiro de um dos retratos.
➔ Visita de D. Manuel de Sousa Coutinho, que revela a Maria de Noronha a identidade
do cavaleiro, tecendo grandes elogios a D. João de Portugal.

Cena IV-XIII – Conflito


➔ Comunicação de Frei Jorge Coutinho a D. Manuel de Sousa Coutinho: já não há nada
a temer, pois os governadores estão dispostos a esquecer o incêndio do seu palácio;
➔ Partida de D. Manuel de Sousa Coutinho para Lisboa, acompanhado de Maria de
Noronha e de Telmo Pais, contrária à vontade de D. Madalena;
➔ Confissão de Madalena a Frei Jorge Coutinho da razão dos seus receios: naquele dia
(sexta-feira), fazia anos que se casara com D. João de Portugal, que este
desaparecera, e que ela se apaixonara por D. Manuel de Sousa Coutinho, ainda
casada com D. João;
➔ Anúncio da chegada de um romeiro que deseja falar com D. Madalena.

Cena XIV-XV – Conflito


➔ Revelação do Romeiro a D. Madalena: D. João de Portugal está vivo;
➔ Saída de cena de D. Madalena, aos gritos, aterrorizada por constatar a ilegitimidade
do seu casamento e da sua filha.
➔ Reconhecimento da identidade do Romeiro: questionado por Frei Jorge Coutinho
sobre a sua identidade, o Romeiro aponta para o retrato de D. João de Portugal,
respondendo «Ninguém».

Ato III
Cena I – Conflito
➔ Referência aos factos ocorridos após a identificação de D. João de Portugal:
− Maria de Noronha chega de Lisboa e, ao perceber o estado da mãe, fica
ainda mais debilitada, estando acamada;
− D. Manuel de Sousa Coutinho toma conhecimento do regresso de D. João
de Portugal;
➔ Indicação da solução escolhida – a tomada do hábito de D. Madalena e de D. Manuel
de Sousa Coutinho naquele mesmo dia.
Cenas II-IX – Conflito
➔ Informações sobre o estado de saúde de Maria de Noronha: Telmo Pais informa que
Maria já se encontra melhor, apesar de muito fraca;
➔ Conversa de Telmo com Romeiro, reconhecendo D. João de Portugal pela voz;
➔ Decisão de D. João de Portugal: ao aperceber-se das consequências do seu regresso,
manda Telmo Pais dizer que o peregrino é um impostor e que se trata de um
«embuste» dos inimigos de D. Manuel de Sousa Coutinho;
➔ Diálogo entre Telmo e Frei Jorge Coutinho, no qual lhe transmite o pedido de D. João
de Portugal; contudo, o frade não lhe corresponde;
➔ Oposição de D. Madalena à tomada do hábito, alegando não haver provas de que D.
João de Portugal se encontra vivo;
➔ D. Manuel de Sousa Coutinho e Frei Jorge Coutinho, sabendo a verdade, já têm a
decisão tomada;
➔ Aceitação da decisão do marido.

Cenas X-XII – Desenlace


➔ Início da cerimónia da tomada do hábito;
➔ Interrupção da cerimónia: Maria de Noronha irrompe pela capela, manifestando a
sua revolta e indignação contra o mundo, Deus e uma sociedade hipócrita que
condena inocentes;
➔ Morte de Maria: ao ouvir a voz do Romeiro, a pedir a Telmo Pais que os salve, Maria
«cai e fica morta no chão»;
➔ Tomada do hábito de D. Madalena de Vilhena (Soror Madalena) e de D. Manuel de
Sousa Coutinho (Frei Luís de Sousa): «morte» para o mundo.

A dimensão trágica de Frei Luís de Sousa


Espaço
➔ inicia-se numa «câmara» com vista para o exterior do palácio de Manuel de Sousa;
➔ passa para um salão interior do palácio de D. João de Portugal;
➔ termina na «parte baixa» deste paço, que dá para uma igreja.
➔ O espaço vai-se afunilando progressivamente, tornando-se mais fechado e
claustrofóbico para as personagens, o que representa a gradual limitação de
possibilidades de solução para os problemas que as afligem.

Tempo
➔ Frei Luís de Sousa não respeita a lei da unidade de tempo, visto que a ação decorre
num período de 8 dias e não nas 24 horas prescritas para a tragédia clássica. (Sem
as elipse (período de tempo não descrito) totaliza as 24 horas).
Principais indícios de um final trágico em Frei Luís de Sousa
➔ A evocação da figura trágica de Inês de Castro no excerto de Os Lusíadas que D.
Madalena lê no início da peça;
➔ A associação entre o possível regresso de D. Sebastião e a vinda de D. João;
➔ Os sintomas da doença grave de Maria (tuberculose);
➔ A destruição, pelo fogo, do retrato de Manuel de Sousa Coutinho;
➔ A mudança da família para o palácio de D. João de Portugal;
➔ A referência à sexta-feira como «dia fatal»;
➔ A simbologia dos números 3 e 7;
➔ A situação dos condes de Vimioso.

Personagens

D. Madalena de Vilhena
➔ Nobre: o epíteto «dona» era próprio da aristocracia; «sangue de Vilhenas».
➔ Casada em primeiras núpcias com D. João de Portugal; após o desaparecimento
deste em Alcácer Quibir e 7 anos de buscas, casa com Manuel de Sousa Coutinho.
➔ Romântica: sensibilidade e submissão total à paixão por Manuel de Sousa Coutinho.
➔ Atormentada pelo remorso e pela culpa de se ter apaixonado por Manuel de Sousa
Coutinho ainda casada com o primeiro marido e antes do seu desaparecimento.
➔ Dominada pelos «contínuos terrores» que a impedem de ser feliz, fraca perante os
indícios/presságios de «uma grande desgraça» que adivinha.
➔ Resignada: no final, aceita a sua desgraça como a purificação dos seus pecados.

Manuel de Sousa Coutinho


➔ Digno e honrado, casou de boa-fé com D. Madalena e a sua consciência está
tranquila.
➔ Patriota exemplar, corajoso e rebelde: incendiar o seu palácio é exemplo de
resistência.
➔ Desapegado dos bens materiais e até da própria vida na sua ação contra a tirania e
em prol da liberdade.
➔ Sensível e terno com a esposa e com a filha, sendo primeiro pai, só depois marido.
➔ Racional, cede ao sofrimento, por momentos e por amor à filha.
➔ Inflexível na decisão final da separação do casal e da entrega a Deus.
D. Maria de Noronha
➔ Nobre: «tem sangue de Vilhenas e Sousas».
➔ Heroína romântica:
– crescimento e maturidade precoces para a idade (13 anos);
– fragilidade de saúde (tuberculose);
– bondade, sensibilidade e ternura;
– interesses intelectuais: novelas de cavalaria, romances populares; estuda,
lê e escreve;
– patriotismo: apologia do uso da força contra a tirania;
– Sebastianismo: admiração pelo rei desaparecido e crença no seu regresso;
– marcada pelo Destino: a doença, a ilegitimidade do nascimento.

D. João de Portugal: o Romeiro


➔ Nobre: virtuoso cavaleiro cristão, amor ao Rei e à Pátria; combate contra os inimigos
da Fé; sofrimento no cativeiro.
➔ Importante na ação dramática, quer na sua ausência quer na sua presença.
➔ Anjo vingador; contudo, ao saber da atuação de D. Madalena, após o seu
desaparecimento, e da existência de Maria, arrepende-se, anula-se e procura
remediar a situação que provocou.
➔ Honrado, generoso, com grandeza de alma: não quer desonrar. Madalena.
➔ Íntegro: mantém a palavra, após recuo momentâneo perante um suposto
chamamento da esposa.

Telmo Pais
➔ Amigo e confidente de D. Madalena, que o respeita como um pai.
➔ Fiel ao seu primeiro amo.
➔ Sebastianista: crê no regresso do primeiro amo; alimenta as fantasias de Maria.
➔ Incapaz de esquecer o passado: lembrança viva e permanente do «remorso» de D.
Madalena não aceita o casamento com Manuel de Sousa, considerando-o uma
traição a D. João.
➔ Sofre o conflito interior entre a lealdade a D. João e o amor por Maria.

Frei Jorge Coutinho


➔ Amigo e confidente dos membros da família.
➔ Terno para com Maria.
➔ Intransigente e inflexível, relativamente à necessidade de separação do casal; voz da
consciência, da religião e da moral.

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