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Escola Secundária D.

António Taipa

Frei Luís de Sousa

Ana Cláudia Martins nº 01 11ºA


Andreia Mota nº 02 11ºA
Beatriz Oliveira nº 03 11ºA
Liliana Neto nº 15 11ºA

Freamunde
2021/2022

1
Escola Secundária D. António Taipa
Agrupamento de Escolas D. António Taipa

Frei Luís de Sousa

Ana Cláudia Martins- nº 01, 11ºA


Andreia Mota- nº 02, 11ºA
Beatriz Oliveira- nº 03, 11ºA
Liliana Neto- nº15, 11ºA

Trabalho para a disciplina de Português


Professor: José Maria Teixeira Cardoso da Silva

14 de novembro de 2021
Freamunde
Ano letivo: 2021/2022
1º período

2
Índice

Introdução………………………………………………………………………………4
O Sebastianismo: história e ficção…………………………………………………..5
Comentário crítico……………………………………………………………………..6
Questionário……………………………………………………………………………7
Apreciação crítica interligando outra forma de arte………………………………..9
Atualização do excerto de “Frei Luís de Sousa”………………………………….10
Conclusão……………………………………………………………………………..13
Anexos………………………………………………………………………………...14
Bibliografia…………………………………………………………………………….15

Introdução
3
O presente trabalho é sobre uma das peças de teatro redigida por
Almeida Garrett, “Frei Luís de Sousa”. Iremos analisar mais concretamente a
história e ficção do Sebastianismo, levantar um comentário crítico respeitante à
cena III do ato primeiro, elaborar um questionário alusivo às cenas II e III do ato
primeiro, associar uma música com este drama romântico, e, por último,
reescrever a cena V do ato segundo, com o propósito de o atualizar.
Almeida Garrett é conhecido como o fundador do estilo romântico em
Portugal. Nasceu a quatro de fevereiro de mil setecentos e noventa e nove
(04/02/1799), em Lisboa, e faleceu a nove de dezembro de mil oitocentos e
cinquenta e quatro (09/12/1854). Frequentou a Universidade de Leis, em
Coimbra. No decorrer da sua vida, escreveu inúmeras obras, sendo a primeira
relevante intitulada “O retrato de Vénus”. Garrett pertencia ao liberalismo, e,
entre mil oitocentos e quarenta e dois (1842) e mil oitocentos e quarenta e seis
(1846) combateu o regime político de Costa Cabral, o Cabralismo. Ficou
exilado em França e Inglaterra. De entre incontáveis obras, a que mais se
popularizou, e, por conseguinte, a que iremos estudar ao longo de este
trabalho, é “Frei Luís de Sousa”.
A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, divulgados na
bibliografia, enriquecida com pesquisa digital.

O Sebastianismo: história e ficção

4
D. Sebastião era o único descendente da dinastia de Avis, pelo que, à
nascença, recebeu o nome de “o Desejado”. Ao ser designado como futuro rei,
o povo português colocava todas as esperanças da independência e
prosperidade do reino nele. O monarca desapareceu na batalha de Alcácer
Quibir, a quatro de agosto de mil quinhentos e setenta e oito (04/08/1578).
Como D. Sebastião não possuía herdeiros, após o seu óbito nesta batalha
iniciou-se uma crise dinástica que conduziu à perda de independência de
Portugal e à subida de D. Filipe II de Espanha ao trono, em mil quinhentos e
oitenta (1580).
O Sebastianismo é uma crença nacional, difundida durante a segunda
metade do século XVI, baseada no regresso do rei D. Sebastião. Como o seu
corpo não foi localizado, alguns acreditavam que o rei estava escondido ou
tinha sido feito prisioneiro, e iria ressurgir numa manhã de nevoeiro. O seu
regresso libertaria Portugal do domínio espanhol e conduzi-lo-ia à honra e
glória passada, bem como, restaurar a sua independência.
Na obra de Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa, o Sebastianismo
associa-se ao patriotismo, e, ao longo das cenas é percetível diversas
menções a D. Sebastião. As personagens deste drama romântico adotam
posições adversas relativamente a este mito. Maria crê no regresso de D.
Sebastião, assim como Telmo. Este associa o Sebastianismo ao regresso de
D. João de Portugal, o seu amo, desaparecido na mesma batalha. Segundo
Maria e Telmo, a chegada do rei libertará Portugal. D. Madalena está receosa
com a vinda do rei, pois relaciona-a à sobrevivência de D. João, o seu primeiro
marido, e o seu retorno significaria o fim da família. Esta vive angustiada pela
sua imagem obsessiva. Manuel de Sousa Coutinho, apesar de patriota, nega
este mito.
O Sebastianismo é apresentado negativamente, dado que, provocaria a
destruição da harmonia familiar, e, até mesmo, a morte de Maria. Logo, D.
João de Portugal é visto como um anti mito. Esta crença responsabiliza o povo
à inação e não permite a mudança imprescindível, “o Portugal de D. Sebastião
morreu com ele em Alcácer Quibir e não pode renascer.” (Mensagens, 2022,
página 115).
Por fim, a crença do Sebastianismo representa a imposição do
emocional ao racional, onde o pressentimento e a crença justapõem-se à
razão, e a incerteza da população portuguesa naquele tempo.

Comentário crítico

5
A cena a apresentar é a cena III, do ato primeiro. Esta cena contém
didascálias, expressadas entre parêntesis. Envolve Madalena, Maria e Jorge.
Madalena pertence à nobreza, e durante a sua vida contou com dois
casamentos, sendo o primeiro com D. João de Portugal e o segundo com D.
Manuel. Romântica, sentimental, no entanto, pecadora, vive atormentada por
acontecimentos passados, carregando a culpa de se ter apaixonado por D.
Manuel ainda casada com o seu primeiro marido. Madalena tenta
constantemente afastar Maria da ideia do retorno de D. Sebastião, tendo por
base relatos dos seus tios, desvalorizando assim as crenças populares.
Maria também pertence à nobreza, filha de D. Madalena e D. Manuel,
está ligada com o culto a D. Sebastião. Esta admira o rei e crê no seu regresso
numa manhã de nevoeiro. É apresentada como matura, pois com apenas treze
anos, tem o desejo de agir e ver a tia D. Joana. É bela e frágil, já que foi
diagnosticada com tuberculose.
Por fim, Jorge é não só o amigo, mas também confidente da família. É
doce e meigo com Maria, e é desenvolvido ao longo da peça como voz da
razão na temática: separação do casal.
Nesta cena é retratado o possível regresso de D. Sebastião, crença na
qual Maria acredita. Esta interroga-se sobre o porquê de o seu pai não gostar
da ideia da vinda do rei, uma vez que era ele que iria salvar Portugal e tirar o
trono português do domínio espanhol.
Esta cena enquadra-se entre a cena II e a cena IV. Na cena II, Madalena
solicita a Telmo que não influencie Maria com os seus ideais, visto que este
também acredita no Sebastianismo. Na cena IV, Maria não consegue explicar a
perturbação dos pais, e estes não podem revelar a causa das preocupações.
Maria é favorecida com uma prodigiosa imaginação, e a mãe intenciona ocupar
Maria, pedindo-lhe para falar acerca das flores do jardim, que murcham
facilmente, representando a sua morte.
Neste contexto, a cena desenrola-se depois do desaparecimento de D.
Sebastião.
Em conclusão, após o desaparecimento do rei, Telmo e Maria
preservam a esperança do seu regresso, posto que, D. Madalena tentava
apartar a sua filha desta crença, visto que, desvalorizava as crenças populares
em virtude dos relatos dos seus tios.

Questionário

6
Ato primeiro- Cena II
12. A que se deve a credulidade de Telmo nas falas 53, 55, 57 e 61?
Nas respetivas falas, Telmo aparece como ingénuo e ignorante. Esta
credulidade deve-se à fidelidade em relação a D. João de Portugal, seu amo de
infância e á crença da sua existência baseada numa carta escrita por ele há
vinte e um anos.

13. De que pecado é D. Madalena acusada por Telmo (fala 63)?


Na fala 63 é notório uma acusação por ordem de Telmo. Este acusa D.
Madalena de não ter amado o seu primeiro marido, D. João de Portugal.

14. Que sentimentos nutre Telmo pelo seu primeiro amo (fala 65)?
Telmo sente saudades do seu primeiro amo. Ademais, nutrifica sentimentos de
respeito, admiração e solidariedade.

15. A que se refere D. Madalena com as últimas palavras da fala 66?


A partir das últimas palavras de D. Madalena, na fala sessenta e seis (fala 66),
esta refere-se ao amor que Telmo sofria por Maria.

16. A que “fantasma” se refere D. Madalena na fala 68?


D. Madalena emprega o termo “fantasma” para se referir ao seu primeiro e ex-
marido, D. João de Portugal, desaparecido na batalha de Alcácer Quibir.

17. Porque se fala em “espera” referente a D. Sebastião (fala 68)?


Devido ao Sebastianismo, crença baseada no regresso de D. Sebastião após o
seu desaparecimento na batalha de Alcácer Quibir, é usado o termo “espera”
significando a esperança de muitos portugueses na libertação de Portugal da
opressão filipina e repor a prosperidade.

18. À semelhança do que foi pedido na cena um, volta a fazer um


levantamento de palavras que fundamentam o estado de espírito de D.
Madalena (fala 68).
O estado de espírito de D. Madalena é comprovado por um levantamento de
palavras. Tais palavras são: “palavras misteriosas”, “agouros”, “desgraça”,
“dúvida fatal” e “terror”.

7
19. Explica a utilização por parte de D. Madalena da expressão “dúvida
fatal” (fala 68).
D. Madalena aplica a expressão “dúvida fatal” para ponderar se a
sobrevivência e retorno de D. João não seria inconveniente para Madalena e
para a sua família.

Ato primeiro- Cena III


20. Na fala 2, D. Madalena tenta dissuadir a filha de determinada ideia.
Indica-a, bem como os motivos por que o faz.
Maria defende o Sebastianismo, logo crê que D. Sebastião retornará para
libertar Portugal de D. Filipe II de Espanha e da opressão filipina. D. Madalena,
tenta afastar a sua filha desta ideia, pois acreditar neste mito, implicaria a
plausível chegada do seu primeiro marido, D. João, da qual D. Madalena
carrega uma imagem obsessiva.

21. Interpreta o provérbio “Voz do povo, voz de Deus” da fala 3.


Na fala três, é usado o provérbio “Voz do povo, voz de Deus”, uma vez que, na
perspetiva de Maria, as crenças da população têm fundamentos e parâmetros
para serem consideradas seguras, tal como as palavras de Deus, que são
absolutas e verdadeiras.

22. Está evidente na fala 5 uma das principais características


psicológicas de Maria. Qual?
A característica psicológica de Maria demonstrada na fala 5 é a sua
sensibilidade, em virtude do sofrimento dos pais.

Apreciação crítica interligando outra forma


de arte

8
A forma de arte para encadear com numerosos aspetos da obra “Frei
Luís de Sousa” elegida foi música, recorrendo a “Melodia da saudade” escrita
por Fernando Daniel. Nesta, o compositor dirige-se a um “tu”, ilustrando a
saudade deixada pela partida do avô.
A música representa o amor que permanece mesmo aquando da perda
de alguém especial. Tal como nesta música, a drama romântico de Almeida
Garrett, “Frei Luís de Sousa” também conceitua a saudade por parte de
Madalena, causada pela morte da sua filha Maria, mostrando desse jeito, o
sofrimento de uma mãe ao perder a sua filha e a saudade que posteriormente
irá sentir, testemunhado no verso “Tento gritar ao céu/ para que me possas
ouvir”. Estes podem ser interpretados como consequência do desaparecimento
de D. João de Portugal, primeiro marido de D. Madalena. “É verdade/ morro de
saudade” e “Ai, se eu pudesse/ trazer-te de volta” são versos que também
interpretam a saudade deixada por alguém falecido.
O ritmo demorado da música beneficia a transmissão da tristeza que o
músico sente, comum a Madalena nesta obra. Para dar relevo à mensagem
transmitida, é aplicado uma alegoria, exemplificada no verso “E é no meu peito/
que te tenho levado”.
Em síntese, existem amplas semelhanças entre a música nomeada e a
peça de teatro, sendo a maioral, a perda de alguém e a saudade deixada
posteriormente.

Atualização do excerto de “Frei Luís de


Sousa”

9
Ato Segundo
Cena V
Madalena, Manuel de Sousa, Jorge, Maria

Madalena (correndo a abraçar Manuel de Sousa) – Estou ótima, já não


tenho nada, foi só um susto, fiquei com medo de te perder.
Manuel – Madalena!
Madalena – Agora já estou bem, o Telmo já me contou tudo e
tranquilizou-me com essa boa notícia. Maria, Deus ouviu as tuas orações…
(Vai a recair na sua tristeza)
Jorge – Pois é maninha!... Louvado seja Deus, não podemos ficar tristes
porque seria ingrato alguém demonstrar-se triste nesta casa.
Madalena (fazendo por se alegrar) – Porque estaria triste, as tristezas
acabaram. (para Manuel de Sousa) Não vais mais, não me deixes mais, não
saias do pé de mim, nestes primeiros dias terás de me aturar e fazer
companhia, necessito disso.
Manuel – Como quiseres.
Madalena – É que estou boa… boa de todo; mas tenho uma…
Manuel – Uma imaginação que te aflige. Iremos castigá-la, ainda que
não seja senão para dar exemplo a uma certa donzela que nos está a ouvir. –
É verdade, hoje é sexta-feira…
Madalena – Sexta-feira! (aterrada) ai que é sexta-feira!
Manuel – Para mim tem sido o dia mais feliz de toda a semana.
Madalena – Exato!
Manuel – É o dia da paixão de Cristo, Madalena.
Madalena (caindo em si) – Pois é.
Manuel – Hoje é sexta-feira, e durante oito ou quinze dias não saio de
casa. Estás contente?
Madalena – Manuel…
Manuel – E tu Maria?
Maria (amuada) – Ai, eu não.
Manuel (para Madalena) – Queres saber porque ela está amuada? É
que precisava de ir a Lisboa…
Madalena – A Lisboa hoje? Fazer o quê?

10
Manuel – Sim, e tem de ser hoje. Por esta pendência com os
governadores, fiquei em dívida. O Miguel Moura tramou-me! Esta minha família
é capaz de tudo, fez-me arrecadar dívidas ao arcebispo! Ele volta hoje aqui
para o convento. E o meu irmão vai com os outros religiosos acompanhá-lo,
acha que também devo ir? É que não tenho outra opção.
Madalena – Logo hoje!... Hoje é o pior dia… se fosse outro dia
qualquer… E quando voltas?
Jorge – Voltamos ao final da tarde.
Madalena (fazendo por se resignar) – Paciência; ao menos valha-nos
isto! Não me deixem sozinha outra noite… esta noite particularmente não fico
sozinha…
Manuel – Não, sossega; estou aqui ao anoitecer. E depois não saio da
tua beira. E não serão quinze ou vinte dias, serão os que tu quiseres.
Maria – Então também vou? – Posso ir mãe?
Madalena – Para onde vais? De que estás a falar?
Maria – Com o meu pai, que vai de caminho ao sacramento. – E sabes,
mãe, já ando há algum tempo para ir a um convento conhecer a tia D. Joana…
Jorge – Irmã Joana: assim é que se chama agora
Maria – É verdade. Há um ano que me prometem levar lá… E desta vez
vão cumprir… não é assim mãezinha? (acarinhando-a) minha querida
mãezinha? – Por favor, diz que sim.
Madalena (abraçada com a filha) – Oh Maria, Maria… até tu me queres
deixar sozinha… e logo hoje!
Maria – Volto num instante, mãe. – Não te preocupes comigo, estarei
acompanhada pelo meu pai e pelo tio Jorge, e também pela minha empregada,
a Doroteia… E, é verdade, também o meu companheiro, o Telmo.
Madalena – E deixas a tua mãe sozinha a morrer de medo e tristeza?
Manuel – A tua mãe tem razão, não vai ser assim, hoje não pode ser.
(Maria fica triste e desolada)
Jorge – Ora pois, eu disse que hoje não queria ver ninguém triste nesta
casa. – Venha cá, minha donzela triste (pegando-lhe na mão), e anda fazer
miminho ao tio, que eu fico a fazer companhia à tua mãe. E vai satisfazer a tua
curiosidade de conhecer a Irmã Joana, que deixou tudo para se fechar no
claustro. Vai, e vem... melhor do coração, mas quero-te mais fria de cabeça,
entendido?
Maria (à parte) – Fria!... Quando ela estiver oca! – (alto) Posso preparar-
me mãe?
Madalena (sem vontade) – Se o teu pai quer…

11
Manuel – Podes ir, vai. (Maria sai a correr)

Conclusão

Neste trabalho, discorremos diversos temas alusivos a Almeida Garrett e


à sua obra teatral “Frei Luís de Sousa”. A partir dos resultados obtidos após a

12
pesquisa, concluímos que o autor menciona diversos acontecimentos
históricos, exemplificativamente, a batalha de Alcácer Quibir.
Concretizamos todas os objetivos propostos pelo professor para este
trabalho, em virtude do prazo estabelecido para a entrega e a colaboração de
todos os elementos do grupo.
Este trabalho foi imensamente importante, para o estudo acentuado da
obra, integrada nas metas curriculares do décimo primeiro ano (11ºano).
Permitiu ao grupo melhorar as competências de investigação, seleção e
organização da informação necessária, comunicação entre elementos, e, por
último, habilidades de representação teatral.

Anexos

13
Para finalizar, foi preparada um registo em formato de vídeo da
dramatização do excerto reescrito e atualizado, reproduzido pelas autoras
deste trabalho.

Bibliografia
14
CAMEIRA, Célia; DIAS PINTO, Alexandre; CARDOSO, Carla; ANDRADE, Ana
(2022). Mensagens, Lisboa: Leya.
VILAS-BOAS, António; VIEIRA, Manuel (2022). Entre Palavras, Lisboa:
Edições Asa.
o https://pt.slideshare.net/Aragao_03/sebastianismo-frei-lus-de-sousa
o https://www.studocu.com/pt/document/ensino-secundario-portugal/
portugues/frei-luis-de-sousa-resumos/10177642
o https://portugues-fcr.blogspot.com/2019/11/analise-das-cenas-iii-e-iv-do-
ato-i-de.html?m=1
o https://nasnuvensdeumterceiroandar.blogs.sapo.pt/melodia-da-saudade-
345064

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