Efeitos Da Poluicao Ambiental Na Saude

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11/03/2020 Devastação e risco de colapso da Terra adoecem a população | O TEMPO

Devastação e risco de colapso da Terra


adoecem a população
Com queixas frequentes nos consultórios, psicólogos decidem criar o termo ‘ecoansiedade’

Por LITZA MATTOS


15/12/19 - 06h00

Brasil registrou recorde de queimadas na Amazônia, a disparada no desmatamento

Foto: Victor Moriyama/Greenpeace/AFP

O meio ambiente padeceu em 2019. O ano encerra a pior década da crise climática mundial, segundo a Organização
Meteorológica Mundial (OMM). Nesse cenário, o Brasil se destacou, protagonizando diversas catástrofes na área. O ano
começou com o crime da barragem em Brumadinho, que deixou um rastro de destruição ambiental e humana. Depois
vieram as queimadas na Amazônia, a disparada no desmatamento e o derramamento de óleo no Nordeste. Tamanhas
perdas estão provocando um sofrimento tão profundo nas pessoas que especialistas criaram o termo “‘ecoansiedade”
para se referir à situação.

Recentemente, a revista inglesa “Psychology Today” descreveu o fenômeno como uma “desordem psicológica que afeta
um número crescente de indivíduos preocupados com a crise ambiental”. Antes disso, a Associação Norte-Americana de
Psicologia já havia publicado um relatório sobre os impactos da degradação da natureza na saúde mental, usando o
termo “eco-anxiety” – em 2017.

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11/03/2020 Devastação e risco de colapso da Terra adoecem a população | O TEMPO

Especialistas ainda não conseguem mensurar a quantidade de pessoas que sofrem com o distúrbio. A condição não é um
diagnóstico clínico nem um transtorno mental e, por isso, ainda não foi incluída no Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-5). Entretanto, psicólogos identificaram os sintomas, relatados com mais frequência nos
consultórios.

A preocupação constante com as questões ambientais e o colapso da vida no planeta podem levar principalmente a
ataques de pânico, pensamentos obsessivos, perda de apetite, insônia e altos níveis de estresse.

Pessoas que passaram por traumas gerados por catástrofes, como enchentes e furacões – cada vez mais frequentes –, e
têm sequelas emocionais tendem a desenvolver também a “ecoansiedade”.

A bacharel em direito Jennyffer Almeida, 28, afirma que passa por esse problema. “Uma coisa que tem me incomodado
muito são as preocupações com o aquecimento global. Sempre que eu leio a respeito, é desesperador pra mim, porque
sinto que é algo iminente”, diz Jennyffer. Ela lista alguns sintomas: “Tenho tido insônia e pensamentos obsessivos que,
muitas vezes, me impedem de realizar as tarefas que eu deveria executar. Quando me sinto assim, tento evitar as redes
sociais por um tempo para não me deparar com esse tipo de notícia. Tenho tentado afastar esses pensamentos, mas é
muito difícil”, afirma.

Assim como para Jennyffer, para a população em geral os fatores ambientais fazem parte das preocupações. O
desmatamento é apontado como a questão que mais importa para 53% dos brasileiros, seguido de poluição da água
(44%), resíduos (36%), aquecimento global (29%) e esgotamento de recursos naturais (23%), conforme pesquisa Earth
Day 2019, do Instituto Ipsos, realizada em 28 países com 19,5 mil entrevistados.

“Os brasileiros são bastante enfáticos ao colocar a questão do desmatamento em primeiro plano, um provável reflexo
das discussões recentes sobre o tema”, afirma a psicóloga Karen Klas, diretora de negócios na Ipsos.

Nesta semana foi também realizada a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 25), e, no
evento que ocorreu em Madri, delegados de mais de 200 países se reuniram, sem sucesso, em busca de medidas práticas
consensuais de combate ao aquecimento global.

Cada geração sente um tipo de culpa, diz


Esse não é um fenômeno novo. Segundo a executiva da Climate Psychology Alliance do Reino Unido, Caroline
Hickman, cientistas e ativistas já relatam sentir isso há décadas, mas eles eram um grupo pequeno. “O que há de novo é
o aumento dos números e o aumento da população em geral”, diz.

Caroline também destaca que o problema não está relacionado apenas à ansiedade, mas a uma mistura de respostas
emocionais às circunstâncias enfrentadas. “Incluem-se tristeza, raiva, medo, terror, tristeza, culpa e vergonha. É o preço
que pagamos por nos tornarmos conscientes”, afirma.

Na sua prática terapêutica, Caroline tem visto como cada geração manifesta a ‘ecoansiedade’. “As pessoas mais velhas
se concentram mais na culpa (em relação aos filhos e aos netos). Também vi adolescentes que estão se sentindo
deprimidos e ansiosos e não querem ir para a escola, porque pensam ‘qual é o sentido se não houver futuro?’, além de
muitos pais que sentem ansiedade por si mesmos e também por seus filhos”, conta.

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