Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Saúde Planetária
Módulo 6
Saúde mental e relacional
Objetivos deste módulo:
• Explorar a intersecção entre saúde mental e relacional com a saúde planetária.
Caso
ano pela revista TIME em 2019. Quando tinha 8 anos, 2011, ela conheceu o conceito
das mudanças climáticas e não conseguia entender como não havia mais ações para
enfrentar o problema. Três anos depois, ela caiu em profunda depressão, parou de comer
divulgados por sua mãe em 2015 para “ajudar outras famílias que sofriam com filhos com
problemas semelhantes”. Saiu do quadro com a ajuda da família, a qual convenceu a mudar
de hábitos de vida para devolver-lhe a esperança: a mãe, cantora lírica, abriu mão de sua
carreira internacional para não viajar de avião, diminuindo sua “pegada de carbono”, e o
pai e sua família, famosos atores na Suécia, tornaram-se vegetarianos. Pode ser que ela
tenha razão quando diz que sua “capacidade de hiperfocar é um superpoder”: ela levou
setembro, quando ocorreram as eleições gerais na Suécia. Era uma greve solitária, mas
Página 4
Figura 1.
Greta não está mais sozinha. Muitos jovens chamam a atenção do mundo nas sextas-
feiras sobre a emergência climática global. O protesto mais ativo e divulgado na mídia
foi frente à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP) em 4
de dezembro de 2018, quando Greta declarou veementemente com seu estilo direto e
claro: “Como se atrevem a nos legar este mundo, a deixar esse fardo para seus filhos?”.
Você pode assistir ao vídeo do discurso de Greta Thunberg na conferência de mudanças climáticas
na ONU, onde ela reflete sobre a necessidade de ação global para as mudanças climáticas.
O que a experiência de Greta nos faz pensar sobre saúde e doença mental?
Página 5
Por que ir à escola se o futuro não está
garantido?
Até agora, durante o curso, você deve ter sentido em algum momento medo, sensação
de desesperança, até mesmo fatalismo pela situação e desafios que a sociedade enfrenta
devido às mudanças climáticas e o impacto que isso tem na saúde e qualidade de vida: isso
é esperado. Quando nos conscientizamos da nossa situação, somos tomados por um tipo de
ansiedade - a qual pode ser passageira ou mesmo tornar-se persistente.
Qual o objetivo de ter filhos, estudar e me dedicar a um propósito se eu não consigo ver
um futuro para mim? Qual o sentido de seguir se as emissões vêm aumentando apesar do
Devemos ser honestos uns com os outros, saber das consequências do nosso estilo
de vida, e ter a esperança e a força motriz para mudar o nosso destino. Os efeitos das
mudanças climáticas na saúde mental são cada vez mais reconhecidos. A exposição ao calor,
às inundações e outros eventos extremos, por exemplo, aumentam o risco de depressão e
ansiedade, que podem afetar desproporcionalmente as pessoas com problemas de saúde
mental pré-existentes.2
Página 6
“um estado de bem-estar no qual um indivíduo percebe suas próprias habilidades, lida
com estresses cotidianos, pode trabalhar produtivamente e é capaz de contribuir para sua
comunidade”.3,4
Essa definição é abstrata, porque não existe pessoa, família e comunidade que não tenha
problemas a resolver todos os dias - a saúde relacional refere-se à forma como as pessoas
se relacionam entre si e em comunidade. Trata-se, isso sim, de reforçar que, frente aos
problemas diários, a pessoa busque enfrentá-los de forma colaborativa, harmoniosa e o mais
consensual possível, levando em conta as necessidades de todos os envolvidos. Esse princípio
- maior harmonia possível nas relações -, parece ser o diferencial em todos os níveis de
relações com mais saúde e menos doença mental. Como o nível de saúde possível varia com
as condições desenvolvimentais pessoais e as ambientais, as respostas serão diferentes em
Esse princípio, da maior harmonia possível nas relações, parece ser o diferencial em todos
os níveis de relações com mais saúde e menos doença mental. Como o nível de saúde possível
varia com as condições desenvolvimentais pessoais e as ambientais, as respostas serão
diferentes em função da situação e momento do enfrentamento, gerando indivíduos, famílias
e comunidades diferenciadas.
Página 7
que inconscientemente, ao longo dos módulos.
Nesse sentido, o foco da saúde planetária está na caracterização dos impactos na saúde
humana decorrentes dos distúrbios causados pelo próprio estilo de vida da humanidade
sobre os ecossistemas naturais da Terra. É muito importante a percepção e consciência desta
circularidade entre o estilo de vida humano como causa dos distúrbios/disrupções sobre o
ambiente natural e sociocultural e o retorno das consequências sobre a própria saúde física e
mental da humanidade (Figura 2).
Página 8
Figura 2.
Modo de vida humano, a saúde e seus processos.
Página 9
Figura 3.
Ilustração dos impactos das mudanças antropogênicas
sobre a saúde humana.
A saúde mental está, recentemente, entrando no foco dos estudos da saúde planetária.12
Podemos citar como exemplos desta relação:
Página 10
pós-traumático.12
4. Fardo mental de saber que filhos e netos não conhecerão animais extintos e ambientes
5. Custo em saúde mental de saber que nossos estilos de vidas e hábitos de consumo na
sociedade contribuem para colocar em perigo de vida outras pessoas e espécies em
maior vulnerabilidade.12
Também existem evidências que exploram outras dimensões da saúde mental relacionadas
com as mudanças ambientais globais e interação com a natureza.
4. Iniquidade no impacto sobre a saúde mental devido a questões de acesso aos ambientes
mais preservados.18
Página 11
De forma geral, estas evidências acima nos demonstram que a experiência com a natureza,
em contraste com a experiência urbana, traz benefícios para a saúde mental: melhora de
bem estar, felicidade, emoções positivas, funções cognitivas, dentre outros; diminuição
de ansiedade, depressão, insônia, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade,
cortisol, dentre outros. Com uma sociedade cada vez mais urbana, propor atividades como
plantar jardins ou plantas intradomiciliares, cultivar hortas coletivas, praticar compostagem
e conviver com animais, além de melhorar diversas dimensões de saúde mental restaurando
a calma e harmonia, restaurará o senso de conexão e unidade com a vida e a natureza para
estas e futuras gerações que se distanciaram dela. Governos, profissionais de saúde e a
sociedade devem tomar decisões para oportunizar o contato com áreas verdes e azuis, como
valorizando parques e “esverdeando” superfícies (com tetos e paredes verdes e plantando
A autora canadense Naomi Klein escreveu: “A Terra não é nossa prisioneira, nosso paciente,
nossa máquina ou, na verdade, nosso monstro. É o nosso mundo inteiro. E a solução para o
aquecimento global não é consertar o mundo, é consertar a nós mesmos.”35
Página 12
Como nossas ações físicas sobre o mundo
natural afetam nosso bem-estar mental?
Nós, humanos, somos seres somáticos (físicos) que interagimos com o ambiente natural
(físico) e criamos ambientes construídos (físicos), mas também somos seres mentais e
socioemocionais (não-físicos) que, ao nos relacionarmos, criamos e interagimos com
ambientes socioculturais (não-físicos). Então, como nossas criações mentais e socioculturais
podem afetar o bem-estar físico de nossa espécie? E ainda, como podemos afetar todo o
bem-estar planetário quando criamos o efeito cumulativo de 7,7 bilhões de seres humanos
atuando sobre os ecossistemas naturais? Essas são questões fundamentais para entendermos
a proposta de estudo da saúde mental no contexto da saúde planetária.
Os seres humanos podem ser causas de mudanças globais ou planetárias devido aos cinco
propulsores38 listados no Quadro 1.
Página 13
Quadro 1.
Página 14
O quinto propulsor referente às atitudes, crenças e valores está intimamente relacionado
com esta nova abordagem de saúde e bem-estar mental proposta neste curso. O modelo
do iceberg do pensamento sistêmico (Figura 4), também reforça essa noção de que os
problemas visíveis que ninguém quer (doenças e indicadores de saúde ) são resultado
de comportamentos, estruturas e funcionamentos criados a partir de modelos mentais
compartilhados pelos indivíduos da sociedade.
Os modelos mentais são fundamentados nas crenças e valores e definem a visão de mundo
que afeta a vida pessoal, os relacionamentos e o planeta. Portanto, o papel da saúde mental
vai muito além do impacto sobre o próprio indivíduo, porque através do efeito sistêmico da
sinergia dos modelos mentais e paradigmas de pensamento influencia tanto a saúde de uma
cultura quanto a saúde do planeta.
Página 15
Por que o modelo convencional de saúde
mental muitas vezes não vai ao encontro
da Saúde Planetária?
De acordo com o modelo convencional de saúde mental, vê-se a saúde mental como um
campo de cuidado e proteção do indivíduo com transtorno mental. Nessa abordagem, existem
“os normais” com saúde mental e os “doentes mentais” ou “anormais”, ficando os problemas e
desafios da saúde mental geralmente restritos às próprias pessoas com doença mental e os
que as cercam.
Figura 5.
Diferença da visão de mundo reducionista e visão
de mundo sistêmica.
Página 16
Uma estratégia para lidarmos melhor com saúde mental é a noção de continuum da saúde
mental que representa desde o extremo da doença mental até o outro extremo de bem-
estar mental41 (Figura 6). Essa noção permite ou entende que os processos socioambientais
e socioculturais produzem e reproduzem formas e estilos de vida que podem mais ou menos
promover a saúde. No modelo também fica evidente que a educação e promoção de saúde
mental têm grande relevância como coadjuvantes à terapêutica para ir além na promoção do
bem-estar mental.
Figura 6.
Modelo do continuum da saúde mental.
Página 17
Modelos ou perspectivas utilizados para lidar
com a saúde mental:
Modelo biomédico – no qual o processo saúde/doença mental está localizado dentro
do cérebro dos indivíduos (pessoas), seres humanos. Grande parte das pessoas pensam que
seus problemas são apenas desequilíbrios bioquímicos que podem ser corrigidos ou tratados
com medicamentos. Segue a visão reducionista acima descrita. O ideal é uma pílula mágica
que faz o conserto rápido dos problemas. Esse pensamento alimenta os excessos da indústria
farmacêutica.
Página 18
A saúde mental resulta da qualidade de nossas relações e conexões saudáveis interpessoais
no ambiente sociocultural e da qualidade de nossa conexão/reconexão com ambientes naturais.
Por isso, a definição de saúde humana através de uma abordagem sistêmica integrativa
enquanto bem-estar bio-psico-socio-eco-espiritual é importante para esta estratégia de
saúde mental no contexto de saúde planetária. Essa proposta de uma abordagem integrativa
da saúde representa estados mentais ativos individuais e coletivos que sustentam e garantem
a integridade estrutural e funcional da vida das pessoas e do ecossistema planetário.42
O primeiro passo deve ser começar a se falar sobre a perda. Precisamos retirar as
projeções de perda do futuro e tornar a perda real e presente; parar de catastrofizar o futuro
Página 19
e de embrulhar o presente em algodão.44 Ao fazer isso, diminuiremos os dois extremos e
tornaremos as perdas gerenciáveis, para o momento atual, e próximas gerações.44 O segundo
deve ser o de incentivar o realismo sobre a natureza das transições que enfrentamos e o
que elas significam para diferentes pessoas.44 Precisamos oferecer cenários realistas com os
quais as pessoas possam se relacionar, com escalas de tempo, escolhas e opções realistas
- mas sempre sem generalizações, pois certamente “um tamanho não serve para todos”.
Construir localmente com as comunidades as noções de perda pode ser benéfico para se
criar mecanismos de resiliência.44
O luto é uma resposta natural à perda que todos nós experimentaremos ao longo de nossas
vidas. Ele é a resposta fisiológica e emocional interna e acompanha o período de transição
cognitiva, emocional e interpessoal à medida que as pessoas aprendem a viver no novo
1 Luto Ecológico
Página 20
1.1 O Luto relacionado à perda física
Entretanto, não é necessário um ponto marcante para o desenvolvimento deste tipo de luto.
Vale ressaltar que este tipo de sofrimento pode surgir em resposta a mudanças ecológicas
lentas, graduais e contínuas, como mudanças a longo prazo que chegam a ser transgeracionais.
Esse tipo de violência lenta geralmente não é considerada e fica muitas vezes invisível devido
à dispersão temporal e à falta de qualquer identificador específico.56 Por outro lado, às vezes
até existe um causador específico que muitas vezes não é considerado. Solíz, Maldonado e
Valladares57 revelaram uma diferença importante na presença de desequilíbrios emocionais e
atraso no desenvolvimento das crianças das comunidades próximas ao projeto de mineração
“Fruta del Norte”, no Equador, quando comparada com comunidades culturalmente parecidas
não exposta a nova organização, além de aumento dos conflitos comunitários, ruptura do
tecido social e outros determinantes dos impactos na saúde.
Página 21
Após ler essas colocações, você pode pensar que estes termos já estão abordados nos
compêndios de psiquiatria ou psicologia e já categorizados como transtornos de ansiedade e
depressão. Isso está certo e errado; certo ao categorizar sintomas, mas não devemos nos ater
apenas a isto, pois estaremos partindo do pressuposto do modelo biomédico. Aqui a ideia é
ampliar o olhar das situações que as pessoas vivenciam.
Refugiados ambientais ou climáticos são pessoas que são forçadas a deixar sua região natal
devido a mudanças repentinas ou de longo prazo em seu ambiente local.58 Essas mudanças -
secas, desertificação, aumento no nível do mar ou até mesmo alteração de padrões sazonais
(tipo monções) - comprometem seu bem-estar ou meios de subsistência seguros.59 Ao longo
das décadas, houve várias tentativas de enumerar migrantes e refugiados ambientais. Jodi
Jacobson60 é citada como a primeira pesquisadora a enumerar a questão, afirmando que já
havia até 10 milhões de refugiados ambientais no mundo até aquele momento. Baseando-se
nos “piores cenários” sobre a elevação do nível do mar, ela argumentou que todas as formas
Página 22
de “Refugiados Ambientais” seriam seis vezes mais numerosas que os refugiados políticos.60
Hoje, assume-se a hipótese de que até 2050, possa chegar a 250 milhões de refugiados
ambientais no mundo.60
O Brasil teve durante sua história estiagens principalmente no nordeste brasileiro que
deixou marcas em gerações de famílias.61 Apesar de que nestes tipos de migração, as questões
econômicas tenham sido as causas principais devido a estiagem, o clima foi um catalisador
deste processo.62 O que se percebe nestes processos é a marginalização social, o choque
cultural e o linguístico.63 Com isso, o processo de adaptação e até aculturação potencializa
ainda mais o sofrimento psíquico dessas populações.64
A Psicologia Ambiental estuda a pessoa em seu contexto, tendo como tema central as
inter-relações entre a pessoa e o meio ambiente físico e social e não somente as relações
interpessoais.68 Ou seja, estuda as conexões entre ambientes (naturais e construídos) e
o indivíduo (por consequência, famílias e comunidades).68 Essa relação é dinâmica, porque
os indivíduos agem sobre o ambiente (construção, modificação ou degradação), mas esse
ambiente também modifica e influencia as condutas humanas.68 Logo, cada elemento tem
o mesmo peso. Por exemplo, as migrações para cidades maiores (por emprego, educação,
ou falta de condições no ambiente prévio) vão ter uma influência sobre o comportamento, o
qual vai ser influenciado por estresse (físico, social, econômico) tanto no indivíduo como nas
relações da família e comunitárias.68 São relações que o cidadão tem com sua residência, sua
vizinhança, seu bairro e sua cidade, que vão ser analisadas em diferentes etapas, segundo
múltiplas abordagens.68
Página 23
O que é o Mundo VUCA? Como se dá a Saúde
Mental neste contexto?
Os desafios de pensar a saúde mental no contexto da saúde planetária remete aos
problemas controversos do atual Mundo VUCA (Figura 7). O mundo VUCA é considerado
o novo normal. O acrônimo VUCA significa que vivemos num mundo com Volatilidade
(Volatility), Incerteza (Uncertainty), Complexidade (Complexity) e Ambiguidade (Ambiguity).
Mundo VUCA é uma expressão que vem sendo usada para fazer face aos cenários de
mudança, complexos e dinâmicos. Este termo surgiu no ambiente militar na década de 90
para explicar os fenômenos que estavam acontecendo no mundo multilateral após o fim da
guerra fria, caracterizado por ambientes instáveis, agressivos e desafiadores. No contexto da
saúde planetária, este tipo de ambiente pode estar refletindo os aspectos socioculturais do
Figura 7.
Mundo VUCA.
Página 24
A relação deste mundo VUCA com os problemas crescentes de saúde mental pode refletir
a hipótese da incompatibilidade (mismatch hypothesis).70 Nesta perspectiva, os processos
psicológicos da mente e a estrutura biológica do cérebro com milênios de evolução tornam-
se incompatíveis frente às mudanças socioculturais e tecnológicas dos ambientes físicos e
sociais modificados pela grande aceleração do Antropoceno. Aumento de estresse, ansiedade
e depressão, decorrente de maior desconexão consigo, com os outros e com o planeta, que
resultam numa perda da capacidade de agência, podem por hipótese ser a resultado de
vivermos neste ambiente VUCA.71
Página 25
Abordagem Ecossistêmica da Saúde Mental
Antropoceno, mudanças climáticas, Mundo VUCA, problemas perversos, representam
alguns dos desafios do Século XXI para a Saúde Humana e Planetária. Por isso necessitam
de uma nova visão de mundo e de um novo paradigma mais integrativo e sistêmico e que
possibilite uma nova abordagem de saúde e bem-estar mental - a qual chamaremos de
abordagem ecossistêmica da saúde mental. A percepção de saúde mental do indivíduo, bem
como de saúde de forma geral, desenrola-se de forma muito pessoal, pois está relacionada
às diferenças socioculturais. Entendamos a saúde mental como um problema complexo
relacionado aos processos de saúde e modos de vida, os quais podem resultar em círculos
adoecedores (Figura 8).
Na visão antropocêntrica, a natureza é vista como uma fonte de recursos para beneficiar os
seres humanos. As necessidades aqui citadas não são aquelas necessidades básicas (habitação,
alimento, abrigo, afeto), mas sim as necessidades criadas pelo próprio modelo antropocêntrico
de hiperconsumo (bens materiais, luxo, etc). O paradigma do antropocentrismo se baseia na
Página 27
cultura patriarcal, onde predominam a hierarquia, o poder, a dominação e o controle. A cultura
antropocêntrica pode ser caracterizada pelos três “EX”: exploração, exclusão e extinção. É a
cultura hegemônica nos nossos tempos.77
Em contrapartida, temos o biocentrismo, onde o ser humano não é mais importante que
os outros elementos da natureza, todos são importantes para o bem-estar e a harmonia da
comunidade. Assim, a partir da visão sistêmica que sempre esteve presente na cosmovisão
dos povos originários da América Latina, podemos entender o Buen Vivir como um projeto
político de vida que propõe a vida em harmonia entre todos os seres e elementos da
natureza.78 Parte da concepção de que todos somos natureza, compreendendo que somos
interdependentes, e que tudo está interconectado. A ética indígena do Buen Vivir propõe
uma forma diferente de relação entre a sociedade e a Terra, considerando alguns princípios,
Página 28
Quadro 2.
Fonte: Traduzido e adaptado de Cochoy Alva, Yac Noj, Yaxón, Tzapinel Cush, Camey Huz e Lopez (2014).78
Página 29
Na visão dos povos originários da América Latina, o Buen Vivir ou Sumak Kawsay traz a ideia
de tornar a sociedade responsável pela maneira como produz e reproduz suas condições de
existência, a partir de uma lógica onde o bem-estar de uma pessoa não se constrói sobre os
demais, mas sim baseado no respeito aos outros, isto é, meu bem-estar pessoal depende
do bem-estar dos demais. É por meio de uma lógica de relacionamento social baseada no
respeito, incluindo o respeito à natureza, que a sociedade poderá recriar as condições da sua
história e recuperá-la.80 Para que isso aconteça, o fundamento principal é o pertencimento: o
ser humano sentir-se parte da natureza e interconectado com todos os seus elementos. Daí
vem o seu potencial de transformação.
Outro conceito que ajuda a entender a ideia de resgatar a história e recuperar a natureza
danificada é o de tempo circular, diferente do tempo linear, usado como referência nas
Baseados nos princípios do Buen Vivir, podemos propor, não uma alternativa de
desenvolvimento, mas uma alternativa ao (des)envolvimento. Isso porque o (des)
envolvimento, tal como o conhecemos, nos tira do envolvimento, nos desimplica. O modelo
de desenvolvimento que conhecemos prega o individualismo; o envolvimento precisa da
vida em comunidade, tendo a reciprocidade como reguladora das relações.82 Em se tratando
Página 30
de Atenção Primária à Saúde (APS), não devemos esquecer que os programas de saúde são
centradas nos indivíduos, suas famílias e também comunidades! A APS com o olhar da saúde
planetária se encontra com o Buen Vivir.
Quando falamos de outras culturas e modos de viver diferentes dos nossos, temos que
ter o cuidado de não nos apropriarmos indevidamente. Isso significa que temos que pensar a
partir da cosmovisão do Buen Vivir dentro do nosso contexto.
Página 31
Discussão do caso: Quais as perspectivas da
saúde planetária e saúde mental?
À primeira vista, pode ser desesperador ter a consciência de que a humanidade está fadada
à ruína e muito devido ao estilo de vida ocidental contemporâneo. Muitos vão achar que a
solução é o ativismo (pacífico ou não), outros tantos se refugiarão na terapia, se conformarão
com o “destino” ou tentarão ferramentas para mudar ou “amenizar” seu estilo de vida (dieta
baseada em plantas, consumo minimalista e local, compostagem, usar menos o carro, entre
tantas alternativas) e até terão momentos de pessimismo ao ver que globalmente não se
muda o que se atua localmente.
Greta conseguiu formar um movimento. Representa a voz das gerações mais novas que
estão sedentas por transformações macroscópicas e talvez isso até assuste certas pessoas.
Entretanto, todos nós somos força motriz de mudança. Podemos mudar nossa casa, nossa
dinâmica familiar, nosso condomínio, o local de trabalho - bem como a força de mudar os
modos de consumo e produção. Cada um de nós dentro da nossa maneira de atuar somos
capazes de contribuir criando um movimento de saúde planetária.79 Certamente escrevemos
a nossa história como civilização de maneira torta, mas acreditamos que ainda temos tinta na
caneta para mudar o final.
Página 32
Sugestões para aprofundamento
Material Porque este material é indicado?
Leia: A queda do ceú, de Davi Kopenawa Este livro trás as palavras do xamã yanomami Davi
e Bruce Albert, da Editora Companhia das Kopenawa transcritas por um etnólogo. Além das visões
Letras. xamânicas, traz reflexões sobre como os não indígenas
habitam o planeta chamando-os de “povo da mercadoria”.
Imperdível.
Assista a palestra “Do que é feita uma Nesta palestra é possível verificar a importância à
vida boa? Lições do mais longo estudo abordagem psicossocial e o valor das conexões saudáveis
sobre felicidade”, por Robert Waldinger (saúde mental relacional). É possível ativar as legendas em
que é diretor do Centro de Estudos de português no site.
Desenvolvimento de Adultos em Harvard:
https://www.ted.com/talks/robert_waldinger_
what_makes_a_good_life_lessons_from_the_
longest_study_on_happiness?language=pt-br
Assista ao curta “Homem x Terra” (Man Neste vídeo legendado em português de cerca de 4
vs Earth), um vídeo do Artista da Palavra minutos é possível ver o impacto humano no planeta.
Prince Ea: Evidencia questão da falta de sabedoria que reforça a
https://youtu.be/5u2mf4-rTRQ proposta de uma nova abordagem de saúde.
Assista “A história está em nossas mãos”: Neste vídeo legendado em português de cerca de 3
https://youtu.be/ minutos se reflete com otimismo diante dos desafios
Pqcsa8O4yBI?list=PL4TaO5xO7X6VT- planetários e que aponta uma nova mentalidade baseada
hoyQrGJU-UJlBsihcZx nos 5 Ps (pessoas, planeta, paz, parcerias, prosperidade).
Assista ao clipe da música “The Wall”, de Clipe musical mostrando uma cidade movimentada de
Alok & Sevenn: https://www.youtube.com/ ratos, em que se critica a venda da felicidade “embalada”, e
watch?v=Qs1IQAdp-60&feature=youtu.be traça reflexões sobre a nossa vida moderna.
Página 33
Material Porque este material é indicado?
Assista “Conversation: mental health Esta palestra (em inglês) toca o cerne da questão da saúde
impacts of climate and environmental mental e a saúde planetária.
change”, da conferência anual de Saúde
planetária sobre os impactos sobre saúde
mental causados por mudanças climáticas e
do ambiente:
https://youtu.be/78QIbEItaSk
Escute a música “Luar do Sertão”, de Toada brasileira de grande popularidade. Seus versos
Catulo da Paixão Cearense e João simples e ingênuos elogiam a vida no sertão num tom
Pernambuco: https://www.youtube.com/ melancólico de um refugiado ambiental.
watch?v=lAsJDTJydCQ
Escute a música “Asa Branca”, de Luiz Gon- Baião onde se vê o sertanejo brasileiro em Luto
zaga e Humberto Teixeira (1947): https:// Relacionado a Perda Física, pois a seca obriga o
Leia o documento “Aproximaciones al Texto (em espanhol) do Movimiento Mundial por la Salud de
Buen Vivir”: http://idepsalud.org/wp-content/ los Pueblos. É um texto que pode ser trabalhado em grupo
uploads/2018/01/APROXIMACIONES-AL- ou comunidade. Objetiva em conhecer e aprofundar mais
BUEN-VIVIR.pdf sobre o Buen Vivir.
Leia a Revista IHU online: Edição especial A revista (em português) do instituto Humanitas Unisinos
sobre Buen Vivir. Link: http://www.ihuonline. fez uma edição inteira sobre o Buen Vivir em busca de
unisinos.br/media/pdf/IHUOnlineEdicao340. compreender melhor a contribuição específica que
pdf trazem os povos originários para a crise civilizacional que
vivemos.
Assista ao vídeo: “How climate change Palestra TedX em inglês (legendado em português) na qual
affects your mental health”: https://www. Britt Wray (pesquisadora da área de impactos na saúde
youtube.com/watch?v=-IlDkCEvsYw mental da crise climática) explica melhor sobre como a
mudança climática está ameaçando nosso bem-estar -
mental, social e espiritual - e oferece um ponto de partida
para o que podemos fazer a respeito.
Página 34
Material Porque este material é indicado?
Assista à animação “Growth is not enough”: Uma animação em inglês (com legendas em português
https://www.filmsforaction.org/watch/ nas configurações) que questiona a forma de crescimento
growth-is-not-enough/ desenfreado que a humanidade se encontra.
Leia a entrevista “Recicladores, una Entrevista com María Fernanda Solíz (pesquisadora
población que vive en ausencia de salud”: citada neste módulo) em espanhol sobre o panorama dos
https://www.edicionmedica.ec/secciones/ recicladores do Equador refletindo também sobre a saúde
profesionales/los-recicladores-una-poblaci- mental dos recicladores.
n-vulnerable-que-vive-en-ausencia-de-
salud-88217
Leia “Putting the patient back together: Um texto (em inglês) que reflete sobre o reducionismo na
social medicine, network medicine, and the saúde e como isso impede de vermos o todo.
limits of reductionism”: https://www.nejm.org/
doi/full/10.1056/NEJMms1706744
Assista ao vídeo “Bem viver”, do canal Neste vídeo Sabrina Fernandse e Thiago d’Ávila
Tese Onze: https://www.youtube.com/ conversam sobre o conceito de Bem viver e outros valores
watch?v=fykaCKAHAds e formas de construir as relações.
Leia “Proclama por al salud de los pueblos Nesta proclamação realizada no 4° Congreso
y del Planeta”: https://www.sbmfc.org.br/ Iberoamericano de Medicina Familiar y Comunitaria, que
wp-content/uploads/media/proclama%20 aconteceu em Montevideo em 2015 que reflete sobre
salud%20pueblos%20y%20planeta%20(1).pdf “Por que a terra está doente?” e sobre a superexploração
de nossa cultura produtivista e consumista.
Leia “Por uma ecologia social”, Neste texto o autor da Ecologia social traça contornos
de Murray Bookchin: https://www. do que possa ser um desenvolvimento integral da
nodo50.org/insurgentes/textos/ humanidade homem e comunidade dentro de uma
ecosocial/02porumaecosocial.htm sociedade descentralizada.
Escute e assista ao clipe da música Nesta música de Bob Marley ele fala de libertar as mentes
“Redemption song”, de Bob Marley: https:// da “escravidão mental”, ele escreveu a letra por volta de
www.youtube.com/watch?v=yv5xonFSC4c 1979 e nesta animação feita pelos artistas franceses
Octave Marsal e Theo De Gueltzl caminhando pela
civilização humana e a natureza.
Página 35
Referências:
1. Campanella M. [título não informado] apud Fortune. World’s 50 Greatest Leaders.
Greta Thunberg. Disponível em: https://fortune.com/worlds-greatest-leaders/2019/greta-
thunberg/ (citado em Junho 3, 2020).
2. Haines A, Ebi K. The imperative for climate action to protect health. N Engl J Med 2019;
380: 263-73. Doi: 10.1056/NEJMra1807873.
3. World Health Organization. Report of the WHO Department of Mental Health. Mental
health: a state of well-being. Geneva; 2013.
4. World Health Organization. Fact sheet No. 220 mental health: strengthening our
response. Geneva; 2018 Mar 30. Disponível em: https://www.who.int/en/news-room/fact-
sheets/detail/mental-health-strengthening-our-response (citado em Junho 3, 2020).
5. Watson S, McDonald K. Mental health promotion: let’s start speaking the same
10. Planetary Health Alliance. Boston, MA; c2020. Disponível em: https://
planetaryhealthalliance.org/ (citado em Jun 3, 2020).
11. Logan AC, Prescott SL, Katz DL. Golden age of Medicine 2.0: lifestyle medicine
and planetary health prioritized. J Lifestyle Med. 2019 Jul; 9(2): 75–91. Doi 10.15280/
jlm.2019.9.2.75
12. Myers SS. Planetary health: protecting human health on a rapidly changing planet.
Lancet. 2018 Dec 23; 390(10114): 2860-8. Doi: 10.1016/S0140-6736(17)32846-5.
Página 36
13. Albrecht G, Sartore G-M, Connor L, Higginbotham N, Freeman S, Kelly B, et al.
Solastalgia: the distress caused by environmental change. Australas Psychiatry. 2007;
15(Suppl 1): S95-8. Doi: 10.1080/10398560701701288.
14. Bratman GN, Daily GC, Levy BJ, Gross JJ. The benefits of nature experience:
Improved affect and cognition. Landsc. Urban Plan. 2015; 138: 41-50. Doi 10.1016/j.
landurbplan.2015.02.005.
15. Tillmann S, Tobin D, Avison W, Gilliland J. Mental health benefits of interactions with
nature in children and teenagers: a systematic review. J Epidemiol Community Health.
2018 Oct; 72(10): 958-66. Doi: 10.1136/jech-2018-210436.
16. Lee J, Park B-J, Tsunetsugu Y, Ohira T, Kagawa T, Miyazaki Y. Effect of forest bathing
on physiological and psychological responses in young Japanese male subjects. Public
Health. 2011 Feb; 125(2): 93-100. Doi: 10.1016/j.puhe.2010.09.005.
19. Bratman GN, Anderson CB, Berman MG, Cochran B, Vries S, Flanders J, et al. Nature
and mental health: An ecosystem service perspective. Sci. Adv. 2019 July; 5(7): eaax0903.
Doi 10.1126/sciadv.aax0903.
20. Van den Bosch M, Ode Sang Å. Urban natural environments as nature-based solutions
for improved public health - A systematic review of reviews. Environ Res. 2017 Oct; 158:
373–84. Doi 10.1016/j.envres.2017.05.040.
22. Walsh F. Human-animal bonds I: the relational significance of companion animals. Fam
Process. 2009 Dec; 48(4): 462–80. Doi 10.1111/j.1545-5300.2009.01296.x.
23. Leavell MA, Leiferman JA, Gascon M, Braddick F, Gonzalez JC, Litt JS. Nature-based
social prescribing in urban settings to improve social connectedness and mental well-
being: a review. Curr Environ Health Rep. 2019 Dec; 6(4): 297–308. Doi 10.1007/
s40572-019-00251-7.
Página 37
24. American Psychiatry Association. Diagnostic and statistical manual of mental
disorders - DSM-5. 5a ed. Washington, DC: American Psychiatric Association; 2013.
25. Lucchese R, Sousa K, Bonfin SP, Vera I, Santana FR. Prevalência de transtorno
mental comum na atenção primária. Acta Paul de Enferm. 2014; 27(3): 200-7. Doi
10.1590/1982- 0194201400035.
26. Gu X, Liu Q, Deng F, Wang X, Lin H, Guo X, et al. Association between particulate
matter air pollution and risk of depression and suicide: systematic review and meta-
analysis. Br J Psychiatry. 2019 Aug;215(2):456-467. Doi 10.1192/bjp.2018.295.
27. Pun VC, Manjourides J, Suh H. Association of Ambient Air Pollution with Depressive
and Anxiety Symptoms in Older Adults: Results from the NSHAP Study. Environ Health
Perspect. 2017; 125(3): 342-8. Doi 10.1289/EHP494.
28. Moreira FR, Moreira JC. Os efeitos do chumbo sobre o organismo humano e seu
significado para a saúde. Rev Panam Salud Publica. 2004;15(2):119-29. Disponível em:
29. Tzivian L, Winkler A, Dlugaj M, Schikowski T, Vossoughi M, Fuks K, et al. Effect of long-
term outdoor air pollution and noise on cognitive and psychological functions in adults. Int
J Hyg Environ Health. 2015 Jan; 218(1): 1-11. Doi 10.1016/j.ijheh.2014.08.002.
30. Bedrosian TA, Nelson RJ. Influence of the modern light environment on mood. Mol
Psychiatry. 2013 Jul; 18(7): 751-7. Doi 10.1038/mp.2013.70.
31. Pun VC, Manjourides J, Suh H. Association of ambient air pollution with depressive
and anxiety symptoms in older adults: results from the NSHAP study. Environ Health
Perspect. 2017 Mar; 125(3): 342-8. Doi 10.1289/EHP494.
32. Klein N. This Changes Everything: Capitalism vs. the Climate. 4th ed. Simon &
Schuster; 576 p.
33. Simeonov LI, Kochubovski MV, Simeonova BG, editors. Environmental heavy metal
pollution and effects on child mental development. Dordrecht: Springer; 2011.
35. Sheffield PE, Speranza R, Chiu Y-HM, Hsu H-HL, Curtin PC, Renzetti S, et al.
Association between particulate air pollution exposure during pregnancy and postpartum
maternal psychological functioning. PLoS One. 2018; 13(4): e0195267. Doi 10.1371/
journal.pone.0195267.
Página 38
36. Stern PC. New environmental theories: toward a coherent Theory of Environmentally
significant behavior. J. Soc. Issues 2000; 56(3): 407-424. Doi 10.1111/0022-
4537.00175.
37. Hirvilammi T, Helne T. Changing paradigms: a sketch for sustainable wellbeing and
ecosocial policy. Sustainability. 2014; 6(4): 2160-75. Doi 10.3390/su6042160.
38. Stern PC, Young OR, Druckman D. Global environmental change: understanding the
human dimensions. Washington, DC: National Academy Press; 1992.
39. Ahn AC, Tewari M, Poon C-S, Phillips RS. The clinical applications of a systems
approach. PLoS Medicine. 2006; 3(7): e209. Doi 10.1371/journal.pmed.0030209.
40. Greene JA, Loscalzo J. Putting the patient back together: social medicine, network
medicine, and the limits of reductionism. N Engl J Med. 2017 Dec 21;377(25):2493-
2499. Doi 10.1056/NEJMms1706744.
42. Almeida R, Carvalho PGS. Healthy people living on a healthy planet: the role of
education of consciousness for integration as an instrument of health promotion.
In: Azeiteiro UM, Akerman M, Setti A, Brandli L, organizators. New York: Springer
International Publishing, 2018. p. 299-326. World Sustainability Series.
43. Cunsolo A, Ellis NR. Ecological grief as a mental health response to climate change-
related loss. Nat. Clim. Change 2018; 8(4): 275-81.
44. Randall R. Loss and climate change: the cost of parallel narratives. Ecopsychology.
2009 Sep; 1(3): 118-29. https://climateaccess.org/system/files/Randall_Loss%20and%20
Climate%20Change.pdf (citado em Dez 18, 2020).
45. Parkes CM, Prigerson HG. Bereavement: studies of grief in adult life. 4th ed. New
York, NY: Routledge; 2010.
46. Neimeyer RA, editor. Techniques of grief terapy: assessment and intervention. New
York, NY: Routledge; 2016.
47. Cunsolo Willox A, Landman K, editors. Mourning nature: hope at the heart of
ecological loss and grief. Montreal: McGill, Queen’s Univ. Press; 2017.
Página 39
48. Cunsolo Willox A, Harper SL, Ford JD, Landman K, Houle K, Edge VL, et al. From
this place and of this place:” Climate change, sense of place, and health in Nunatsiavut,
Canada. Soc Sci Med. 2012 Aug; 75(3): 538-47. Doi 10.1016/j.socscimed.2012.03.043.
49. Cunsolo Willox A, Harper S, Ford J, Edge V, Landman K, Houle K et al. Climate change
and mental health: an exploratory case study from Rigolet, Nunatsiavut, Canada. Climatic
Change. 2013; 121(2): 255-70. Doi 10.1007/s10584-013-0875-4.
50. Marshall N, Adger WN, Benham C, Brown K, I Curnock MI, Gurney GG, et al. Reef
grief: investigating the relationship between place meanings and place change on the
Great Barrier Reef, Australia. Sustain. Sci. 2019; 14(3): 579-87. Doi 10.1007/s11625-
019-00666-z.
51. Feng S, Tan H, Benjamin A, Wen S, Liu A, Zhou J, et al. Social support and
posttraumatic stress disorder among flood victims in Hunan, China. Ann Epidemiol. 2007
Oct; 17(10): 827-33. Doi 10.1016/j.annepidem.2007.04.002.
52. Kovats RS. Will climate change really affect our health? Results from a
53. Tapsell SM, Penning-Rowsell EC, Tunstall SM, Wilson TL. Vulnerability to flooding:
health and social dimensions. Philos Trans A Math Phys Eng Sci. 2002 Jul 15; 360(1796):
1511-25. Doi 10.1098/rsta.2002.1013.
54. Steiner O, Santa Helena ET, Gios TS, Rowe A, Takeshita BT. Prevalência de suicídio
relacionada à enchente de novembro de 2008 no estado de Santa Catarina. ACM Arq.
Catarin. Med. 2013; 42(3): 09-14. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/
resource/pt/biblio-413 (citado em Dez 18, 2020).
55. Fernandes GCM, Boehs AE. Rotinas de cuidado em relação à saúde de famílias
em transição após um desastre natural. Revista Latino-Americana Enfermagem. 2013
Jul-Ago; 21(4). Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rlae/v21n4/pt_0104-1169-
rlae-21-04-0982.pdf (citado em Dez 18, 2020).
56. Nixon R. Slow violence and the environmentalism of the poor. Cambridge, London:
Harvard University Press; 2011.
Página 40
58. Brown LR, McGrath PL, Stokes B. Twenty-two dimensions of the population problem.
Stud Fam Plann. 1976 Mar; 7(7). Disponível em: https://eric.ed.gov/?id=ED128282 (citado
em Dez 18, 2020).
60. Jacobson JL. Environmental refugees: a yardstick of habitability. Bull Sci Technol Soc.
1988; 8(3): 257-8. Doi 10.1177/027046768800800304.
61. Christian Aid. Human tide: the real migration crisis: a Christian Aid report. London;
2007 May. Disponível em: https://www.christianaid.org.uk/sites/default/files/2017-08/
human-tide-the-real-migration-crisis-may-2007.pdf (citado em Dez 18, 2020).
64. Marinelli EB. A saga do migrante nordestino em São Paulo. Revista Educação. 2007;
2(1). Disponível em: http://revistas.ung.br/index.php/educacao/article/view/49/80 (citado em
Dez 18, 2020).
65. Garcia S. What a UN ruling could mean for climate refugees. PBS NewsHour. c2016-
2020. Disponível em: https://www.pbs.org/newshour/science/as-cop-25-ends-a-look-at-why-
climate-migrants-dont-have-refugee-status (citado em Dez 18, 2020).
66. UNHCR The UM Refugee Agency. UNHCR Resettlement Handbook. Geneva; United
Nations High Commissioner for Refugees; 2011. Disponível em: https://www.unhcr.
org/46f7c0ee2.pdf (citado em Dez 18, 2020).
67. Borràs Pentinat S. Refugiados ambientales: el nuevo desafío del derecho internacional
del medio ambiente. Revista de Derecho (Valdivia). 2006; 19(2): 85-108. Doi 10.4067/
S0718-09502006000200004.
68. Moser G. Psicologia Ambiental. Estudos de Psicologia: UFRN 1998; 3(1): 121-30. Doi
10.1590/S1413-294X1998000100008.
Página 41
69. Steffen W, Broadgate W, Deutsch L, Gaffney O, Ludwig C. The trajectory of the
anthropocene: the great ccceleration. Anthropocene Review. 2015; 2(1): 81-98. Doi
10.1177/2053019614564785.
70. Li NP, van Vugt M, Colarelli SM. The evolutionary mismatch hypothesis:
implications for Psychological Science. Curr Dir Psychol Sci. 2017; 27(1): 38-44. Doi
10.1177/0963721417731378.
71. Napper P, Rao A. The power of agency: the 7 principles to conquer obstacles, make
effective decisions, and create a life on your own terms. New York: St Martin’s Press;
2019.
72. Langer E, Moldoveanu M. The Construct of Mindfulness. J. Soc. Issues 2000; 56(1):
1-9. Doi 10.1111/0022-4537.00148.
75. Sayers J. The world health report 2001: mental health: new understanding, new hope.
Bulletin of the World Health Organization, 2001; 79(11): 1085. Disponível em: https://
www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2566704/pdf/0042_9686_79_11_108 (citado em
Dez 18, 2020).
76. Bobatto MB, Segovia G, Rosas SM. El Buen Vivir, camino del Movimiento Mundial de
Salud de los pueblos latinoamérica hacia otra alternativa al desarrollo. Saúde em Debate.
2020 Jan; 44(esp. 1): 24-36. Disponível em: http://revista.saudeemdebate.org.br/sed/issue/
view/33/v.%2044%2C%20n.%20ESPECIAL%201 (citado em Dez 18, 2020).
77. Hamlin M, Marín SM, Bobatto MB. Aproximaciones al Buen Vivir, sumak kawsay, sumaj
qamaña, ütz.’k.’aslemal, lekil kujlejal, küme mongen, yvy mará´ey: la tierra sin males, vida en
plenitud, tinemi sujsul yek, t’banil chunclal. Cuenca; 2017. Disponível em: http://idepsalud.
org/wp-content/uploads/2018/01/APROXIMACIONES-AL-BUEN-VIVIR.pdf (citado em Dez
18, 2020).
78. Cochoy Alva M, Yac Noj P, Yaxón I, Tzapinel Cush S, Camey Huz M, Lopez D. El
utzlliiJ k’aslemal - el raxnaqull k’aslemal “eI Buen Vivir’’ de los Pueblos de Guatemala.
Guatemala: Confluencia Nuevo B’aqtun; 2014 Jun. Disponível em: https://www.alainet.org/
images/Buen%20Vivir%20Guatemala-pdf (citado em Dez 18, 2020).
Página 42
79. Sbardelotto M. Entrevista com Pablo Dávalos. Sumak Kawsay: uma forma alternativa
de resistência e mobilização. IHU online. 2010 Ago 23; 340: 5-9. Disponível em: http://
www.ihuonline.unisinos.br/media/pdf/IHUOnlineEdicao340.pdf (citado em Dez 18, 2020).
84. Maturana H, Pörksen RB. Del ser al hacer: los orígenes de la biología del conocer.
Santiago: JCSÁEZ, 2014.
Página 43
Equipe Responsável:
A Equipe de coordenação, suporte e acompanhamento do Curso é formada por
integrantes do Núcleo de Telessaúde do Rio Grande do Sul (TelessaúdeRS-UFRGS).
Mayara Floss
Diagramação e Ilustração
Carlos Augusto Vieira Ilgenfritz
Davi Perin Adorna
Página 44
Divulgação
Desenho instrucional
Página 45