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INTRODUÇÃO: SAÚDE PLANETÁRIA E MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Mayara Floss; Carlos Augusto Vieira Ilgenfritz; Enrique Falceto Barros


Revisão: Jacqueline Ponzo, Eno Dias de Castro Filho e Luís Gustavo Ruwer da Silva

SUMÁRIO
Objetivos deste módulo...........................................................................................................5

Caso.............................................................................................................................................5

O que é saúde planetária?.......................................................................................................6

O que saúde planetária tem a ver com equidade?.............................................................7

Saúde planetária e a modernidade: como chegamos até aqui?..............................9

O que fazer quando quem precisa de cuidado é o planeta Terra?..................................9

E as mudanças climáticas?.....................................................................................................12

O planeta Terra tem um limite?............................................................................................16

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Saúde planetária e saúde.......................................................................................................17

Há diferenças entre saúde planetária e saúde ambiental?.............................................24

Discussão do caso: e a saúde da Joana?............................................................................24

Você sabe o que é uma sindemia?..............................................................................26

Sugestões para aprofundamento........................................................................................27

Lembre-se de acessar o glossário para conferir o significado das palavras destacadas no texto.

Esta é uma ferramenta importante para você relembrar as definições.

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Objetivos deste módulo

• Definir o conceito de Saúde Planetária;

• Compreender as intersecções da Saúde Planetária na educação e na prática dos


profissionais da saúde;

• Compreender o impacto das mudanças climáticas na saúde.

Caso

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Joana tem 55 anos, é a décima filha de Maria Isabel Inácio. É casada com Manoel, de

57 anos, e é mãe de três filhos: Ana, de 35 anos, José, de 32, e Arthur, de 28 anos. Já é

avó de quatro netos e reside na serra gaúcha com o marido. Ela trabalha em uma fábrica

de calçados na zona rural por cerca de oito horas por dia. Joana foi diagnosticada há

cerca de 8 anos com diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial sistêmica e, também,

é obesa (com Índice de massa Corporal de 31). Joana não pratica atividades físicas e

considera o seu trabalho muito extenuante fixando a sola dos sapatos e diz não ter

tempo para “se exercitar”. Além disso, refere que após perder uma safra de milho devido

à seca decidiu que “não servia mais para a roça” e, desde então, trabalha na fábrica,

há 10 anos. Joana vai de carro com seu marido Manoel para o seu trabalho (que fica

a cerca de 1 km de casa) e nos finais de semana auxilia sua mãe de 72 anos a cuidar

dos bichos de uma pequena propriedade rural onde ela mora. Joana utiliza diversas

medicações para o diabetes e a hipertensão arterial, incluindo um diurético, e reclama

muito de dificuldade de aderir ao tratamento. Ela consulta na Atenção Primária à Saúde,

o “posto”. Hoje, que a temperatura da cidade está chegando a 38ºC, ela vem com mal-

estar, sudorese (muito suor) e sensação de fraqueza.

O que a vida de Joana tem a ver com saúde planetária e mudanças climáticas?

Descubra, ao longo do texto, a resposta para essa pergunta.

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O que é saúde planetária?

É a ideia de que a saúde do planeta não está separada da nossa própria saúde. A saúde
planetária é um campo de estudo transdisciplinar que vem crescendo e que se concentra
nos impactos na saúde humana das mudanças ambientais globais. Esse campo analisa
como os seres humanos estão alterando o mundo natural - como nossa população em
expansão, mudanças na tecnologia e padrões de consumo e de produção estão mudando
fundamentalmente a terra, a atmosfera e os oceanos.

A saúde planetária avalia como a poluição global, as mudanças climáticas, a perda de

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biodiversidade, os ciclos biogeoquímicos alterados, as mudanças no uso da terra e a escassez
de recursos estão diminuindo a qualidade do ar que respiramos, da água que bebemos e
dos alimentos que cultivamos; nos expondo a novas doenças; diminuindo nosso acesso
a água doce e outros recursos; e a crescente incidência de desastres socioambientais.
Todos esses resultados têm consequências negativas para nossa nutrição, saúde mental e
suscetibilidade a lesões e doenças.1

A saúde planetária é a busca do mais alto padrão atingível de saúde, bem-estar


e equidade em todo o mundo através da atenção judiciosa aos sistemas humanos -
políticos, econômicos e sociais - que constroem o futuro da humanidade e dos sistemas
naturais da Terra e que definem os limites seguros dentro dos quais a humanidade
pode florescer.2 (tradução nossa).

Assista ao vídeo “Saúde planetária - O que é isso?” para visualizar o conceito.

Visite o site da Planetary Health Alliance (em inglês) e conheça mais materiais, informações
e artigos sobre o assunto.

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O que saúde planetária
tem a ver com equidade?

Embora a maior parte dos recursos da saúde seja alocada para o chamado mundo
desenvolvido, a maioria das pessoas afetadas vive em regiões de baixa e média renda.
Por exemplo, as mudanças climáticas têm seu maior efeito sobre aqueles que têm menos
acesso aos recursos do mundo e que menos contribuíram para suas causas.3,4 Observe na
primeira imagem (Figura 1) como as casas estão distribuídas e como as pessoas as habitam,
e como o conceito de equidade se aplica com oportunidades equitativas para pessoas e
necessidades diferentes.

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Figura 1. Diferenças entre desigualdade, igualdade e equidade usando o exemplo da
habitação.

Fonte: Elaborado pelos autores (2020).

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É interessante refletirmos sobre como a equidade se contextualiza na saúde planetária.
Pessoas que tem menor impacto no planeta, com a poluição e emissão de carbono, além
de serem as mais vulneráveis, são as mais afetadas pelas consequências como desastres
socioambientais, insegurança alimentar, menor acesso a direitos sexuais e reprodutivos -
uma questão também de justiça climática (Figura 2).

Figura 2. Equidade e o aspecto da mobilidade.

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Fonte: Elaborado pelos autores (2020).

O Brasil é um país de dimensões continentais com desigualdades sociais generalizadas,


onde se espera que as mudanças climáticas agravem essa condição.4,5,6 Sem mitigação e
adaptação, aumentará a desigualdade na saúde, especialmente através de efeitos negativos
sobre os determinantes sociais da saúde nas comunidades mais pobres.3,4

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Saúde planetária e a modernidade: como
chegamos até aqui?

A Modernidade colonial europeia chegou à América Latina de maneira imposta há um


pouco mais de quinhentos anos. A estratégia de dominação dos conquistadores obrigou
um modo de organizar e pensar o mundo que vigora até os dias de hoje. Naquele contexto
foi imposto um imaginário para legitimar a superioridade do europeu, o “civilizado”, e a
inferioridade do outro, o “primitivo”, os grupos originários que habitavam esse território a
milhares de anos. Essa visão de mundo representou o ser humano como falando “por fora”
da Natureza: “Desconhecendo que os seres humanos também somos Natureza […] abriu-

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se o caminho para dominá-la e manipulá-la.”7 Assim, se criou um esquema extrativista de
exportação de Natureza nas colônias, em função das demandas de acumulação do capital
dos países imperiais, os centros do sistema social e econômico que vivemos atualmente.
Essa concepção de crescimento baseado em inesgotáveis recursos naturais (como os
metais básicos, o carvão e o petróleo) e em um mercado capaz de absorver tudo que
for produzido, é aprimorada com a Revolução Industrial no século XVIII.8 O processo de
modernização, inicialmente estruturado no colonialismo, transforma-se num capitalismo,
de caráter “ordenador”, “progressivo” e “desenvolvimentista”, baseado na economia da
“posse”.9

O que fazer quando quem precisa


de cuidado é o planeta Terra?

O que podemos fazer quando o sujeito que precisa de cuidado de emergência é a Terra?
Que suporte de vida os profissionais da saúde podem oferecer ao nosso planeta doente? A
história e a bioética podem nos ajudar a entender e responder a essas perguntas.

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A bioética é um grande desafio para o nosso tempo, as mudanças climáticas dizem
respeito tanto à nossa vida cotidiana quanto à ordem geopolítica mundial. É uma das
dimensões de uma crise ecológica global, uma consequência direta das complexas interações
entre seres humanos e natureza. Van Potter, um bioquímico americano e pesquisador que
correlacionava ética e ciência na década de 70, estava preocupado com a dimensão que os
avanços da ciência, principalmente no âmbito da biotecnologia, estavam adquirindo. Assim,
propôs um novo ramo do conhecimento que ajudasse as pessoas a pensarem nas possíveis
implicações (positivas ou negativas) dos avanços da ciência sobre a vida (humana ou, de
maneira mais ampla, de todos os seres vivos) como uma “ponte” entre duas culturas. Assim,
a bioética (grego: bios, vida + ethos, relativo à ética) investiga as condições necessárias para
uma administração responsável da Vida Humana, animal e ambiental.10

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Em 1970, Van Potter escreveu sobre a sobrevivência do ecossistema e a bioética:
Necessitamos de uma ética da terra, uma ética que salva vidas, uma ética da população,
uma ética do consumo, uma ética urbana, uma ética internacional, uma ética do
envelhecimento, etc. Todos os problemas apresentados são baseados em valores e
em recursos biológicos. Todos eles incluem bioética, e a sobrevivência do ecossistema
total é a prova de um sistema de valores.10 (tradução nossa).

Os princípios bioéticos permaneceram durante muito tempo subjacentes ao modelo


biomédico, com uma visão restrita do campo da saúde, sendo muitas vezes úteis para a
mercantilização da saúde e da pesquisa.10 Ainda anterior a Potter, Fritz Jahr, um teólogo
alemão responsável por empregar, pela primeira vez, o termo bioética em 1927,11 havia
proposto o termo bioética para designar a ética das relações entre os seres humanos
e não humanos. Essa abordagem abrangente e ambiental da bioética presente nos dois
autores que a definiu como “um conhecimento preocupado com a sobrevivência da vida
no planeta”.10

Quando os povos originários que habitavam América Latina presenciaram a chegada dos
europeus, visões diferentes da compreensão da natureza entraram em choque. De um lado,
uma visão europeia em que a natureza é vista como bem de troca comercial e produtora

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de riqueza material; e, por outro lado, uma população que valorizava a natureza como sua
oikos (ambiente), um ambiente de interdependências, fornecedor das condições vitais de
sua sobrevivência.12

Nesse sentido, na América Latina, foi organizada uma “outra” bioética que inclui a
abordagem dos direitos e adota uma visão coletiva e holística que entrelaça o que está
relacionado ao meio ambiente em seu campo, além da reconciliação da saúde entre a
humanidade e o meio ambiente. Nas últimas décadas, várias abordagens ecológicas foram
consolidadas, dentre as quais a presença da ética pode ser encontrada de forma mais
ou menos explícita: “[...] o movimento pela justiça ambiental está envolvido em conflitos
socioambientais originados na formação de territórios por processos de produção industrial,

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agrícola ou de mineração, causando poluição que afeta a vida e a saúde das populações
vizinhas.”10,11

Ailton Krenak um líder indígena brasileiro da etnia crenaque que reflete sobre o papel da
humanidade e a interação com o meio ambiente escreveu:

A ideia de que os brancos europeus podiam sair colonizando o resto do mundo estava
sustentada na premissa de que havia uma humanidade esclarecida que precisava ir ao
encontro da humanidade obscurecida, trazendo-a para essa luz incrível. Esse chamado
para o seio da civilização sempre foi justificado pela noção de que existe um jeito de
estar aqui na Terra, uma certa verdade, ou uma concepção de verdade, que guiou
muitas das escolhas feitas em diferentes períodos da história.13

No início da pandemia do coronavírus Ailton Krenak publicou o livro “O amanhã não está
a venda” onde escreveu que a pandemia é como “um anzol nos puxado para a consciência”.
Krenak também comparou a economia e a atividade humana com a analogia: “Dizer que
a economia é mais importante é como dizer que o navio importa mais que a tripulação”.14

Assista o vídeo histórico de Ailton Krenak em setembro de 1987 na Assembleia Nacional


Constituinte aqui: https://www.youtube.com/watch?v=6NQJqj2pFOE&feature=youtu.be

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Assim, o imperativo pela ação climática15 requer que os profissionais da saúde se mobilizem,
como já fizeram em outras ocasiões, em prol de importantes mudanças sociais, ambientais
e econômicas. Uma relação ética com o planeta que habitamos tão precariamente e com as
futuras gerações exige tal comprometimento com a saúde planetária.

• Entenda mais sobre o imperativo ético na fala da uruguaia Jaqueline Ponzo, aqui.

E as mudanças climáticas?

A questão global mais iminente e relevante que está intimamente ligada à saúde
mundial são as mudanças climáticas, sendo considerada a maior ameaça do século 21,

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mas também a maior janela de oportunidade para a humanidade.4 A emissão dos Gases
de Efeito Estufa (GEE) que são o principal impulsionador das mudanças climáticas e
têm efeitos locais negativos diretos - por exemplo, secas, enchentes e fome - bem como,
repercussões supra-regionais como imigração (Figura 3).3,4

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Figura 3. Os caminhos e a complexidade entre as mudanças climáticas e a saúde humana

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Fonte: Elaborado pelos autores (2020).

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Existe consenso de que a humanidade saiu do Holoceno - era geológica com clima
relativamente estável e propício ao desenvolvimento da civilização humana - e adentramos
uma nova era geológica, o Antropoceno.16 Essa era se caracteriza, entre outras coisas, por
não se encontrar na face do planeta nenhum território que não esteja fisicamente afetado
pela “mão” do ser humano, seja por impactos mais óbvios como rodovias, seja por formas
mais sutis como contaminação por radiação nuclear na crosta terrestre e na atmosfera.17 As
propostas para marcar o início do Antropoceno incluem a denominação de “antropoceno
inicial” que começa com a expansão da agricultura e do desmatamento; a exploração do
Novo Mundo pelo Velho Mundo e a Revolução Industrial por volta de 1800; e em meados
do século XX, a “Grande Aceleração” do crescimento e industrialização da população.16,17

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Em dezembro de 2015, 195 países, incluindo o Brasil, assinaram o Acordo de Paris, que
se compromete a manter a elevação da temperatura média global abaixo dos 2ºC, visando
1,5ºC, principalmente com base na redução da emissão dos GEE.12,13,15 É essencial que
as considerações de saúde planetária sejam levadas em conta em todos os setores, uma
vez que o Brasil elabora políticas amplas para cumprir seus compromissos de mitigação
no âmbito do Acordo de Paris e suas responsabilidades de adaptação para com sua
população.18,19

Apesar das mudanças climáticas serem cruciais - e terem sido em 2020 abordadas
na carta sobre recuperação saudável pós-pandemia20 do coronavírus, assinada por
diversas associações representantes de profissionais da saúde, além do reconhecimento
da emergência climática global21 pela Organização Mundial dos Médicos de Família
(WONCA) e da crise climática pelo Conselho Internacional de Enfermagem (ICN)22 -
elas são apenas algumas das dimensões da saúde planetária já que, hoje, por exemplo, a
poluição mata mais que malária, tuberculose e AIDS juntos.23 Porém, como fica explícito na
figura abaixo (Figura 4), as mudanças climáticas, em suas consequências de deslocamento
forçado, reassentamento planejado e migração, são definidoras de grandes movimentos
populacionais.24

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Desta forma, as mudanças climáticas afetam a saúde em diferentes esferas: desde as
ações diretas (insolações nos cenários de ondas de calor), quanto indiretas (alterações
socioculturais e consequência de saúde mental em populações migrantes, por exemplo).25

Figura 4. Relação das mudanças climáticas com movimentos populacionais potenciais

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Fonte: Adaptado de McMichael et al. (2012)25

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O planeta Terra tem um limite?

A inércia global na adaptação às mudanças climáticas persiste, com uma resposta mista
dos governos nacionais desde a assinatura do Acordo de Paris em 2015.4 Essa mudança de
paradigma, de entender o planeta e a nossa saúde como um ecossistema, traz o conceito
do limite planetário (Figura 5) e faz necessária uma análise baseada no risco de que as
perturbações humanas desestabilizem o planeta e, consequentemente, a própria civilização
humana. Por exemplo, a diversidade genética, os ciclos do fósforo e do nitrogênio já
ultrapassaram os limites do planeta.16

O ciclo do fósforo e do nitrogênio são os ciclos biogeoquímicos destes elementos, os

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dois são essenciais para fornecimento de nutrientes para vários organismos e são essenciais
para formar os materiais das células, por exemplo.

• Ouça o podcast do Medicina em Debate “A humanidade irá para Marte?”

Figura 5. O status atual das variáveis de controle para sete dos nove limites planetários

Fonte: Adaptado de Steffen et al. (2015).16


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Na figura 5, a zona verde é o espaço operacional seguro (abaixo do limite), o azul
representa a zona de incerteza (risco crescente) e o rosa é a zona de alto risco. O limite
planetário está no círculo mais interno. As variáveis de controle foram normalizadas para a
zona de incerteza (entre os dois círculos destacados). A variável de controle mostrada para
as mudanças climáticas é a concentração atmosférica de dióxido de carbono. Processos para
os quais os limites de nível global ainda não podem ser quantificados são representados por
cunhas cinzentas; estes são cargas atmosféricas de aerossóis, novas entidades e o papel
funcional da integridade da biosfera.

Se você deseja aprofundar seus conhecimentos neste tema dos limites planetários: assista
à palestra TED de Johan Rockstrom (não esqueça de ativar as legendas em português).

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Saúde planetária e saúde

A humanidade tem um papel essencial na gestão das mudanças climáticas, que até 2030
determinarão os rumos do desenvolvimento humano no futuro próximo e longínquo.26 O
Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, essencialmente através da Atenção Primária à
Saúde, tem um potencial significativo para ajudar o país a mitigar e adaptar-se às mudanças
climáticas. Para isso, a identificação e o conhecimento dos conceitos e principais agravos
de saúde relacionados à saúde planetária são fundamentais.27

Dentro deste cenário, os profissionais de saúde devem ter a capacidade de abordar


as questões de saúde planetária dentro da integralidade individual e coletiva, além da
abordagem biomédica. A Atenção Primária à Saúde apresenta uma tradição institucional
de preocupação ecológica. Mcwhinney,28 importante pensador nessa temática, já falava
do papel essencial dos profissionais da saúde na defesa do ambiente saudável para seus
pacientes e se faz necessário sair do enfoque tradicional para um enfoque ecossistêmico
(Figura 6). Se refletirmos sobre os clássicos atributos da Atenção Primária à Saúde
apresentados por Barbara Starfield,29 perceberemos que os chamados atributos derivados

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induzem a ampliar o olhar progressivamente, para a família, para a comunidade, para a
cultura e para os sistemas naturais que nos dão sustentação. Isso facilita compreender que
nossas ações locais apresentam impacto global.

Você sabia que um sistema de saúde com forte referencial na Atenção Primária à Saúde
é mais custo-efetivo, mais satisfatório para as pessoas e comunidades, e é mais equitativo
– mesmo em contextos de grande iniquidade e desigualdade social. A Atenção Primária
à Saúde têm seus princípios divididos em essenciais e derivados. Os atributos essenciais
são: a atenção no primeiro contato, a longitudinalidade, a integralidade e a coordenação,
e como atributos derivados a orientação familiar e comunitária e a competência cultural -
hoje também discutida com o termo humildade cultural.29

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O enfoque tradicional da economia, ambiente e comunidade individualiza essas questões
focando em apenas um ou outro fator (Figura 6). Já o enfoque ecossitêmico amplia o olhar
para mostrar as intersecções entre ambiente, economia e comunidade, colocando a saúde
entre essas intersecções.30 No contexto da saúde planetária a necessidade do pense
global e aja local coloca no plano de ação nos contextos da comunidade sem perder no
horizonte o pensamento global.

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Figura 6. Enfoque tradicional e enfoque ecossistêmico nas intersecções entre ambiente,
economia e comunidade

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Fonte: Adaptado de Lebel (2005).30

Conheça o grupo de saúde planetária do Instituto de Estudos Avançados da


Universidade de São Paulo (IEA/USP). Criado em 2019 o grupo transdisciplinar composto
por profissionais e estudantes de diversas áreas do conhecimento realiza diversas atividades,
como eventos online para discussão de temas relacionados à saúde planetária e pesquisas.
Conheça mais no link: http://saudeplanetaria.iea.usp.br/pt/.

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Nesse contexto, deve-se pensar inicialmente na importância das equipes de saúde
incorporarem o conceito de saúde planetária, seus conhecimentos, bem como a capacidade
de identificar ameaças à saúde planetária em seu território. Em seguida, as ações de saúde
comunitária, visando promover esses processos de conhecimento e identificação com a
população em sua comunidade. Posteriormente, a ação na clínica, onde se coloque no
horizonte diagnóstico os problemas relacionados às mudanças climáticas, e isso como
possível etiologia no raciocínio clínico. Por fim, a entrevista motivacional para que a pessoa
incorpore as mudanças que contribuirão para o controle do problema em nível individual.25
Um exemplo disto é a redução de tabagismo, a atividade física de trajeto (substituindo
transporte motorizado) e a mudança de padrões alimentares (mais baseada em plantas e
menos carne vermelha). É importante compreendermos que as posturas dos sujeitos são

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úteis, mas que essencialmente a saúde planetária perpassa por uma questão mais ampla
de saúde pública e educação ambiental.

Na Figura 7 você verá como a saúde planetária se intersecciona com ações da


Atenção Primária à Saúde, principalmente em relação a mitigação e adaptação. Na imagem
foram agrupados aspectos como energia, indústria, transporte, agricultura, floresta e uso de
terras, construção e planejamento reprodutivo ligados com as ações da Atenção Primária à
Saúde.

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Figura 7. Mudanças climáticas e possíveis lócus de intervenção pela atenção primária
para mitigar as causas da poluição e para adaptação aos efeitos ambientais diretos, efeitos
ambientais indiretos e efeitos socialmente mediados, com seus impactos esperados na
saúde.

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Fonte: Adaptado em Xie et al. (2018).17

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No apoio a essa perspectiva, foram criados 12 princípios transversais da saúde
planetária (Figura 8) que são um conjunto de mensagens chave que todo educador deve
se esforçar para transmitir aos sujeitos-aprendizes nessa área.26 Tais princípios atuarão
como temas orientadores abrangentes para qualquer ambiente educacional e visam atuar
como base para o desenvolvimento curricular e como ferramenta para orientar os esforços
educacionais nesse campo emergente. Podem e devem ser adaptados para as diferentes
realidades locais.31

• Leia o artigo de conclamação da Organização Mundial dos Médicos de Família


(WONCA) para a ação dos médicos de família de todo o mundo.

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Figura 8. Princípios transversais da educação em saúde planetária

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Fonte: Stone et al. (2018).31

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Há diferenças entre saúde planetária
e saúde ambiental?

A saúde ambiental concentra-se na exposição humana ao meio ambiente como um risco


para a saúde e não na saúde do meio ambiente (exceto quando isso cria um risco para a
saúde humana). A saúde planetária considera a saúde das pessoas no ambiente natural e sua
interação com o meio ambiente. A saúde planetária tem foco global e objetiva desenvolver
e avaliar resoluções baseadas em evidências, por um mundo protegido, equitativo,
sustentável e cada vez mais saudável – tanto para os humanos como sistemas naturais.25,32
Da saúde coletiva, e particularmente no Brasil, há historicamente uma evolução do ponto

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de vista conceitual do termo, que marca uma mudança de paradigma, que é o abandono
do conceito clássico e reducionista de saúde ambiental focada em saúde ocupacional.25,32

Discussão do caso: e a saúde da Joana?

Utilizando-se a perspectiva sistêmica ampla da saúde planetária,33 Joana é um caso


clínico típico de uma paciente obesa com diabetes mellitus - tradicionalmente estudado e
restrito dentro do marco biomédico da endocrinologia. Mas aqui passamos a mobilizar as
interconexões com o estilo de vida daquela pessoa, os determinantes sociais da saúde e
o questionamento do(s) motivo(s) desse padrão de comportamento (Figura 9). É essencial
não responsabilizarmos as pessoas individualmente pelas consequências da ingerência da
humanidade no planeta, e sim compreendermos que em grande parte, as escolhas individuais
e suas determinações têm uma base estrutural econômica, onde nada é acidental, mas
gerado pelas formas de produção ou reprodução permitidas pelo sistema econômico.

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Figura 9. Interconexões de saúde planetária

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Fonte: Barros (2019).35

Nesta rede (Figura 9), vemos atores humanos e atores não humanos, de forma não
hierarquizada.34 Observamos aqui o exemplo da Joana, ilustrado no caso inicial, com
algumas de suas inúmeras interdependências e possíveis causas sociais, ambientais, etc e
suas consequências sistêmicas.

Você sabia que mais de 200 milhões de mulheres desejam, mas atualmente não têm acesso
a anticoncepcionais modernos. Como resultado, 76 milhões de gravidezes indesejadas
ocorrem todos os anos. Atender a essa necessidade não atendida pode desacelerar as altas
taxas de crescimento populacional, reduzindo assim a pressão demográfica sobre o meio
ambiente. Existe um debate emergente e um interesse sobre as ligações entre dinâmica
populacional, saúde e direitos sexuais e reprodutivos e mudanças climáticas.36

Seria Joana apenas um reflexo do seu comportamento? Ou a obesidade está envolta de


uma trama ligada aos vetores que causam as maiores ameaças a ecologia/sustentabilidade?
A forma de interligar sociedade-sujeito-ambiente apresentada na Figura 9 pode ser aplicada,
sem grandes dificuldades, na compreensão da maioria das ditas Doenças Crônicas Não
Transmissíveis, ou como recentemente proposto, Condições Socialmente Transmissíveis.36

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Você sabe o que é uma sindemia?

As pandemias de obesidade, desnutrição e mudanças climáticas são o principal desafio


para as pessoas, o meio ambiente e o planeta. Essas três pandemias juntas representam
a União Global, com determinantes comuns subjacentes nos sistemas de alimentação,
transporte, urbanismo e uso da terra.37

Uma sindemia é uma epidemia sinérgica. É a união de pandemias que ocorrem


simultaneamente e afetam umas às outras e compartilham determinantes comuns.37 Os
sistemas alimentares atuais, por exemplo, não só aumentam as pandemias de obesidade e
desnutrição, mas também geram 25 a 30% das emissões de gases de efeito estufa, com a

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produção animal sendo responsável por mais da metade disso.37 Os sistemas de transporte
que favorecem os automóveis promovem um estilo de vida sedentário e geram de 14
a 25% dos gases de efeito estufa. Sistemas deficientes de governança política, a busca
desenfreada de maiores lucros e a poderosa engenharia comercial do consumismo são
fatores comuns a todas essas questões.37

Para fazer frente aos problemas sistêmicos em nível global é necessário que vários atores
e atrizes tomem medidas significativas e coordenadas que tenham efeitos simultâneos em
duas ou três das referidas pandemias.37 Essa sinergia de ações é essencial para a saúde do
planeta. O que você acha, será que Joana também pode fazer parte da ação?

Isto ajuda a compreender a etiologia socioambiental das doenças e das enfermidades


- sem fragmentação didática - e como acontece na Atenção Primária à Saúde.38 Joana
perdeu sua plantação para uma seca - considerada um desastre socioambiental - e que
também é um reflexo das mudanças climáticas. Dessa forma, a saúde de Joana é diretamente
afetada pelos seus determinantes sociais da saúde, inclusive seu gênero e sexualidade, o
consumo de produtos industrializados, agrotóxicos, culpabilização individual, entre outros.
O ambiente onde ela está determina a sua saúde e, inversamente, sua saúde determina

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o ambiente. Por fim, a definição de ambiente mais útil no campo de estudos de saúde
planetária provém da Declaração de Estocolmo sobre o ambiente humano de 1972,39 que
em seu primeiro artigo define que:

O ser humano é ao mesmo tempo obra e construtor do meio ambiente que o


cerca [...], o ser humano adquiriu o poder de transformar, de inúmeras maneiras e em
uma escala sem precedentes, tudo que o cerca. Os dois aspectos do meio ambiente
humano, o natural e o artificial, são essenciais para o bem-estar do ser humano [...].39
(tradução nossa).

Dessa forma, os limites entre os determinantes “sociais” e “ambientais”, ou sócio-


ambientais, se entranham entre si, permitindo pensarmos em uma só rede os fatores

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planetários interdependentes com a saúde de Joana. Para ser um bom profissional da
saúde, hoje é fundamental conhecer a saúde planetária.

Sugestões para aprofundamento

Material Porque este material é indicado?

Assista a aula do TelessaúdeRS: Nesta aula a médica de família e comunidade uruguaia e


Imperativo ético e Saúde Planetária Presidente da Confederação Ibero-Americana de Medicina de
https://www.youtube.com/watch?v=- Família, Jacqueline Ponzo faz um caminho da bioética e suas
e6bHwkwZ9E&feature=youtu.be conexões com a saúde planetária no contexto da América Latina.
O idioma é em espanhol, mas as legendas estão em português.

Assista a conversa no 1º Congresso Nesta conversa Mayara Floss, médica e Narubia Werreria
Online Nacional da Associação ativista indígena discutem sobre o conceito de saúde
Brasileira de Ligas Acadêmicas em planetária e a sua aplicação no contexto do Brasil e das
Saúde da Família (ALASF) vivências humanas.
https://www.youtube.com/
watch?v=V7CAgdIKW6k&t

Página 27
Material Porque este material é indicado?

Assista ao documentário: Estou Me Neste documentário brasileiro com uma fotografia belíssima e
Guardando Para Quando O Carnaval uma crítica social precisa veja o impacto da produção do jeans
Chegar (2019): https://www.imdb. na pequena cidade de Toritama, responsável por boa parte da
com/title/tt10240438/?ref_=tt_rt produção nacional de jeans brasileiro. Tente refletir sobre como a
saúde planetária se encaixa neste contexto.

Leia o texto: Fazendo nós: fazer-com Neste texto debate-se o conceito do antropoceno explicando,
no Antropoceno de Donna Haraway refletindo e interagindo com brincadeiras de barbantes para
http://climacom.mudancasclimaticas. ilustrar as teorias do Antropoceno e também Cthulhuceno.
net.br/fazendo-nos-fazer-com-no-
antropoceno/

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Visite o site e conheça o projeto O Lancet Countdown: Tracking Progress on Health and Climate
“Lancet Countdown” ou “Contagem Change é um projeto de colaboração internacional para
Regressiva do Lancet” no qual se discute pesquisa, com objetivo de acompanhar a resposta do mundo
sobre a contagem regressiva para quanto às mudanças climáticas e aos benefícios à saúde
mitigarmos e nos adaptarmos para a que isso proporciona. Com inserção anual no The Lancet,
as mudanças climáticas: http://www. acompanha uma série de indicadores, demonstrando que essa
lancetcountdown.org/. transição já se iniciou, que a adaptação é possível, mas que é
necessário mais esforço.

Assista esta palestra do TEDx: Nesta palestra, a médica emergencista Courtney Howard
Healthy Planet, Healthy People: explica como um planeta saudável produz pessoas mais
https://www.youtube.com/ saudáveis também. Atenção este material não tem legendas
watch?v=FgIYaklWOK4&t=64s em português.

Leia: Floss M, Barros E, Bressel M, Neste resumo para políticas públicas faz-se um panorama sobre
Hacon S, Nobre C, Knupp D, et al. como as mudanças climáticas já afetam a saúde dos brasileiros.
Lancet Countdown: Briefing para Principalmente em quatro eixos: doenças transmitidas por
Políticas de Saúde no Brasil. RBMFC. mosquitos, à supressão do uso de carvão, à poluição do ar e
2019;14(41):16. Disponível a tradução emissões do setor de atenção à saúde.
para o português em: https://
rbmfc.org.br/rbmfc/article/
view/2286/1505

Página 28
Material Porque este material é indicado?

Leia: Watts N, Amann M, Arnell N, Este texto (em inglês) traz as últimas evidências científicas
Ayeb-Karlsson S, Belesova K, Berry analisadas e compiladas sobre as mudanças climáticas no
H, et al. The 2018 report of the Lancet mundo.
Countdown on health and climate
change: shaping the health of nations
for centuries to come. The Lancet
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em: https://www.thelancet.com/
journals/lancet/article/PIIS0140-
6736(15)60901-1/fulltext

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Leia: Floss M, Barros E, Bressel Este texto (em inglês) traz evidências científicas e
M, Hacon S, Stein A, Sirena S, recomendações políticas sobre o impacto das mudanças
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www.lancetcountdown.org/
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policy-brief-brazil.pdf

Programa das Nações Unidas para o O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
Meio Ambiente (PNUMA) Disponível (PNUMA), principal autoridade global em meio ambiente, é a
em: https://nacoesunidas.org/agencia/ agência do Sistema das Nações Unidas (ONU) responsável por
onumeioambiente/ promover a conservação do meio ambiente e o uso eficiente
de recursos no contexto do desenvolvimento sustentável.

Leia: Freitas C, Oliveira S, Schütz G, Este texto (em inglês) é uma reflexão sobre uma linha destas
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trama/index.php/Trama/article/
view/178

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for Climate Action to Protect Health. proteger a saúde” explica a necessidade de tomada de ação
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em: https://www.nejm.org/doi/
full/10.1056/NEJMra1807873

Visite o infográfico de listras que Este site (em inglês) mostra diversas listras. Cada listra do
mostra como o clima está mudando: infográfico representa a temperatura média naquele país ao
https://showyourstripes.info/ longo de um ano. Para a maioria dos países, as listras começam
no ano 1860-1901 e terminam em 2019, mostrando um
aumento significativo de temperatura por meio das listras da
barra de cores.

Fonte: Elaborado pelos autores (2020).

Página 30
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Nations Conference on the Human Environment. Stockholm: UNEP; 1972.

Página 35
Equipe Responsável:
A Equipe de coordenação, suporte e acompanhamento do Curso é formada por
integrantes do Núcleo de Telessaúde do Rio Grande do Sul (TelessaúdeRS-UFRGS).

Coordenação Geral Conteudistas

Roberto Nunes Umpierre Módulo 1 - Saúde planetária e Mudanças


Climáticas
Natan Katz
Mayara Floss
Carlos Augusto Vieira Ilgenfritz
Gerência

Curso EAD | Saúde Planetária


Enrique Falceto de Barros
Ana Célia da Silva Siqueira

Revisão Módulo 1
Coordenação Executiva
Eno Dias de Castro Filho
Rodolfo Souza da Silva

Glossário
Coordenação Científica
Mayara Floss
Marcelo Rodrigues Gonçalves
Carlos Augusto Vieira Ilgenfritz

Anna Cláudia Dilda


Responsável Teleducação
Ylana Elias Rodrigues
Ana Paula Borngräber Corrêa

Revisores Gerais
Gestão Educacional
Jacqueline Ponzo
Ana Paula Borngräber Corrêa
Enrique Falceto Barros

Nelzair Araujo Vianna


Coordenação do curso

Mayara Floss

Carlos Augusto Vieira Ilgenfritz

Página 36
Projeto Gráfico Legendas e tradução

Iasmine Paim Nique da Silva Amber Wheatley

Anna Cláudia Dilda


Normalização Camila Alscher Kupac
Geise Ribeiro da Silva Carlos Augusto Vieira Ilgenfritz

Luís Gustavo Ruwer da Silva


Diagramação e Ilustração Héctor Gonçalves Lacerda
Davi Perin Adorna Mayara Floss
Iasmine Paim Nique da Silva

Lorenzo Costa Kupstaitis Divulgação

Curso EAD | Saúde Planetária


Lorena Bendati Bello Angélica Dias Pinheiro

Camila Hofstetter Camini


Filmagem/ Edição/Animação Kémili Valduga
Andressa Cavalcante Paz e Silva

Bianca Cadore Morás Desenho instrucional


Bianca Niemezewski Silveira Ana Paula Borngräber Corrêa
Camila Alscher Kupac

Caroll Paggi

Héctor Gonçalves Lacerda

Iasmine Paim Nique da Silva

Lorenzo Costa Kupstaitis

Luís Gustavo Ruwer da Silva

Marcela Araújo de Oliveira Santana

Marco Aurélio Ferreira

Mayara Floss

Paulo Henrique Arantes

Página 37

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