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INTRODUÇÃO A DISCIPLINA

A qualidade na alimentação vem sofrendo muitas transformações. Alimentos


naturais e saudáveis cedem espaço para os alimentos industrializados de fácil
preparo e facilidade ao acesso, com alto valor calórico e baixo valor nutricional.
Com isso a saúde geral da população torna-se preocupante, começam a fazer
parte do grupo de risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis - DCNT, e
outras doenças, alarmando ainda mais este caso.

Diversos fatores levam ao prejuízo da saúde, tanto a falta como o excesso de


alguns alimentos e nutrientes, a qualidade higiênico sanitária é também um
fator relevante na saúde desta população, o sedentarismo, pela inatividade
física e as facilidades da tecnologia, o consumo de bebidas alcoólicas ou o
tabagismo.

A nutrição tem papel fundamental na vida das pessoas e a alimentação é o


inicio de tudo, bons hábitos alimentares são adquiridos antes da gestação e a
educação alimentar ainda na infância tem como conseqüência um
envelhecimento saudável, com a prevenção de doenças e a melhoria e
manutenção da qualidade de vida. Hoje a alimentação de pessoas que seja por
falta de tempo, excesso ou deficiência de nutrientes, fatores culturais,
econômicos, religiosos entre outros, contribuem para o aumento de algumas
doenças como diabetes, hipertensão, obesidade, etc. O fortalecimento de
práticas alimentares saudáveis, a adequação da alimentação, a informação do
alimento e a forma de consumo resulta em prevenção de doenças e maior
qualidade de vida, que influenciam diretamente e de forma positiva na condição
de vida e saúde da população rural.

A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE NUTRIÇÃO


PARA OS ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM.

A desnutrição pode interferir de forma negativa na evolução clínica de pacientes


hospitalizados, aumentando a incidência de infecções, complicações pós-
operatórias, prolongando o tempo de permanência e os custos hospitalares. E a
nutrição é um recurso terapêutico nos tratamentos hospitalares, como também na
prevenção e controle de doenças, na promoção da saúde e consequentemente na
melhora da qualidade de vida dos pacientes em geral.

Com isso o profissional de enfermagem deve conhecer o processo nutricional


como um fenômeno fisiológico, influenciado diretamente por condições ambientais,
sociais e psicológicas, assim evidenciando a necessidade de um ensino de
Nutrição de qualidade e robusto na graduação do curso.
Sabemos que, como o enfermeiro por meio do contato diário com o paciente, é
que tem melhores condições de detectar uma inapetência, e prepara-los para fazer
uma avaliação do estado nutricional e acompanhar a aceitação da dieta, é de
extrema importância na rotina hospitalar.

Então, trabalhar na disciplina de Nutrição em Enfermagem, metodologias


problematizadoras e a discussões de temas como cuidar e interdisciplinaridade,
constituem medidas viáveis para aprimorar o ensino e preparar melhor o futuro
enfermeiro para lidar com os problemas na prática cotidiana, que vão além daquilo
que o conhecimento técnico-científico aborda.

A HISTÓRIA DA NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO

A história da alimentação e nutrição ocorre paralelamente à história do homem.


Ao surgir no planeta, o homem observando os outros animais, consumia o que
era ofertado pela natureza, frutos, raízes e folhas. Mais tarde, iniciou-se a
prática de caçar e pescar, consumindo também carnes de animais selvagens.

Os homens primitivos evoluíram de caçadores e coletores, sem moradias fixas


(nômades), para agricultores, desenvolvendo o cultivo de hortaliças, tubérculos
e frutas, além de passarem a domesticar os animais. O desenvolvimento das
forças produtivas deste período libertou o homem da absoluta dependência

O desenvolvimento da agricultura marcou o início real da civilização e, com sua


expansão, levou o homem a buscar terras férteis, disseminando a revolução
agrícola.

O início da agricultura não tornou o homem exclusivamente vegetariano, pois a


criação de animais concentrou-se nas terras menos propícias ao cultivo. O
homem agricultor passou a ter a segurança de saber que, se cuidasse da sua
plantação, teria alimento para o ano inteiro

Através dos sentidos, o homem primitivo passou a distinguir novos e desejáveis


odores, foi levado a experimentar e a saborear alimentos ainda desconhecidos.
Desse modo, o sabor e o odor devem ter desempenhado um importante papel
no consumo de alimentos e na saúde do homem primitivo. Existem relatos que
a primeira “sobremesa” foi o mel das abelhas.

Com a agricultura, o homem passou a ter uma grande oferta de cereais


(carboidratos) na alimentação, e mesmo com algumas mudanças nos hábitos
alimentares os homens primitivos não apresentavam doenças crônicas-não
transmissíveis como: diabetes, doenças cardiovasculares, pressão alta,
colesterol elevado, entre outras, pois a alimentação nesse período mesmo com
a inserção da carne, vinda da caça, era considerada saudável do que nos dias
de hoje, além do grande consumo de vegetais, como frutas, raízes e hortaliças.
A revolução industrial aconteceu na Inglaterra no século XVIII e continuou pelo
mundo, ela teve grande influência nas mudanças dos hábitos de vida da
população, principalmente as mudanças dos alimentos consumidos. Nesta
época os trabalhadores deixaram o campo para trabalhar em indústrias,
prevaleceram à urbanização e as mulheres começaram a trabalhar fora de
casa

Com o passar dos anos isso determinou uma mudança na alimentação das
famílias, aumentou o consumo de alimentos ricos em gorduras (alimentos
congelados ou prontos para consumo, salgadinhos, lanches), açúcar refinado
(refrigerante, guloseimas) e pobres em carboidratos complexos* (arroz, batata,
mandioca) e fibras (frutas e legumes). Tudo isso devido à vida corrida que o
trabalhador passou a ter

Juntamente com as melhorias proporcionadas ao trabalhador, houve o


aumento do poder aquisitivo, da melhoria dos transportes urbanos e da
diminuição da mãode-obra industrial e doméstica (máquina de lavar roupa,
controle remoto, aspirador de pó) veio à redução da atividade física nas
populações, aumentando o sedentarismo

Esse processo de transformação da sociedade é também o processo de


transformação da saúde e dos problemas sanitários.

O homem, desde o início dos tempos, apesar de passar de coletor e caçador a


agricultor, sempre se manteve activo, movimentando-se em torno do seu
sustento, o que não ocorre mais hoje, onde temos pessoas cada vez mais
sedentárias, que além de não terem que se mobilizar para seu próprio
sustento, não pratica os hábitos de cozinhar em suas próprias casas, não se
mobilizam na procura de alimentos mais saudáveis, comendo cada vez mais
fora de casa e sempre em busca de alimentos rápidos, prontos e
industrializados.Evolução do homem primitivo ao atual sedentário Os homens
de hoje não são como os préhistóricos, não precisam mudar o tempo inteiro,
nem procurar o que comer. O homem de hoje tem tudo nas mãos. Por isso,
está adoecendo. As diferenças que verificamos na alimentação do homem
primitivo e do actual, que são mostradas na tabela a seguir, associadas aos
tempos modernos e ao sedentarismo, podem ser a explicação para o grande
crescimento das doenças crônicas não transmissíveis.

A história da nutrição como ciência teve início no século XX, devido aos
avanços obtidos em fisiologia e principalmente no desenvolvimento da química
fisiológica no século XIX (Toloza, 2003), esse surgimento no âmbito cientifico
está relacionada com a disciplina “Higiene Alimentar” presente nos currículos
dos cursos de Medicina do século XIXA história da Nutrição moderna como
ciência de saúde é relativamente nova. Em 1747, o capitão James Lind realizou
um dos primeiros ensaios clínicos registrados sobre a influência da alimentação
na saúde do homem. Ele submeteu marinheiros britâncios, que sofriam de
escorbuto, a diversos tratamentos. Mas, apenas 1 grupo – aqueles que
recebem frutas cítricas em suas refeições – obtiveram melhora. Esta foi uma
das primeiras evidências de que um fator dietético específico poderia curar
doenças.

No entanto, foi apenas em 1932 que a primeira vitamina foi quimicamente


isolada. A Vitamina C (ácido ascórbico) foi comprovada como protetor
ativo contra o escorbuto.

Entretanto, é possível dizer que as relações entre a alimentação e a saúde


começam a ser realizadas muito antes, visto que desde a Grécia Antiga a
alimentação é observada como fator importante para preservação da saúde,
como observado por meio da atuação de Hipócrates e a valorização que ele
atribuia a uma dietética adequada, aliada com a prática de exercícios físicos.
Acredita-se que Galeno também acreditava no potencial de cura e prevenção
de doenças através dos alimentos. Além disso, segundo Sônia Negri e
colaboradores (2017), desde o século XVII, se têm estudos sobre a
alimentação, os efeitos do peso corporal e também a relação da cura do
escorbuto, por exemplo, com a prática alimentar. Ademais, ainda é possível
evidenciar que o químico Antoine Lavoiser pode ser considerado como o “Pai
da nutrição”, visto que ele forneceu grandes contribuições para o campo da
calorimetria e do metabolismo energético pelos alimentos.
É válido salientar que os termos, dietética e nutrição, estão fortemente
relacionados, já que, os dois referem-se aos alimentos de forma que promovam
a recuperação, prevenção e manutenção da saúde do homem (Toloza, 2003).
Assim, é necessário também evidenciar alguns registros da ocorrência da
profissão de Dietista/Nutricionista pelo mundo. O registro mais antigo obtido em
Nutrição acontece no Canadá, apontando a atuação de Irmãs da Ordem de
Ursulinas em Quebec (1670), no ensino da Economia Doméstica. Além disso, o
primeiro curso para formação de dietistas em âmbito universitário ocorreu em
Toronto, em 1902, porém o exercício pioneiro dessa atividade se deu nas
clínicas das antigas universidades europeias, juntamente com o surgimento da
ciência da nutrição, através dos médicos que estipulavam uma dieta especial
para os doentes, sendo as enfermeiras responsáveis pela realização do
alimento.
PROF:Pascoal Miguel Muanza

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