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Ensino

Profissional

QUÍMICA EXTENSÃO 7.2


Ligas metálicas, materiais
cerâmicos e compósitos
Maria da Conceição Dantas
Maria Teresa Fontinha
Marta Duarte Ramalho
Revisão científica: João Sotomayor
Extensão 7.2

Ligas
metálicas,
materiais
cerâmicos
e compósitos

1 Metais e ligas metálicas


2 Materiais cerâmicos
3 Compósitos
1 Metais e ligas
metálicas
1.1 A importância dos metais e das
ligas metálicas ao longo do tempo
· Perspetiva histórica da importância dos metais
· A importância dos metais

Museu Guggenheim, Bilbao. Este edifício é coberto por superfícies de titânio, um


metal de transição, curvadas em vários pontos, que lembram escamas de um peixe.

Perspetiva histórica da importância


dos metais
O cobre foi o primeiro metal a ser
descoberto pelo ser humano. As civilizações baseadas na utilização da madeira, da pedra ou da cerâ-
mica não resistiram quando confrontadas com civilizações baseadas na
utilização dos metais. A utilização dos metais pelo ser humano constituiu
o primeiro passo para que se atingisse a atual era tecnológica.
A maioria dos metais são obtidos a partir de minerais, isto é, de subs-
tâncias naturais inorgânicas de composição química geralmente definida,
quase sempre com estrutura atómica ordenada e que entram na constitui-
ção das rochas da crosta terrestre. Nos minerais os metais aparecem com-
binados com outros elementos.
Um minério é um agregado de minerais, um dos quais tem valor econó-
mico por permitir a extração de metais de forma rentável.
Fig. 1 Os primeiros fornos eram fossos
Provavelmente, foi por acaso que, pela primeira vez, se obtiveram
revestidos com barro, ou pedras. Mais
tarde, construíram-se fornos acima do metais a partir de minérios aquecidos pelo fogo. É possível que se tenha
nível do solo, com uma abertura lateral construído um forno com pedras que contivesse cobre e que, na parte
para insuflação de ar, permitindo atingir inferior do forno, onde ardia o combustível (consumindo oxigénio), o cobre
temperaturas mais altas. tenha fundido (Fig. 1).

2
1 Metais e ligas metálicas

Após a descoberta do cobre foi a vez do estanho, que era de mais fácil
obtenção. O estanho apresenta, contudo, algumas propriedades menos
favoráveis, pelo que tem maior importância quando integrado em ligas Máquina-ferramenta (1840)
metálicas, como o bronze.
Armadura Avião
Punhal de gumes (metal leve)
Adaga de pedra cortantes
Adaga Primeiros Primeiro barco
de bronze objetos de ferro (1860)
de aço
Idade da Pedra Idade do Bronze Idade do Ferro Novos materiais

2000 a.C. 1500 a.C. 1200 d.C. 1500 1600 1700 1800 1900 2000

Um bronze constituído por cobre e estanho ligados é mais resistente


?
que o cobre e mais fácil de fundir. Esta descoberta foi importantíssima e
Explique a diferença entre mineral e
propagou-se rapidamente: o primeiro período histórico marcado pelo uso minério.
dos metais recebeu o nome de Idade do Bronze, não tendo existido uma
verdadeira “Idade do Cobre”.
O bronze começou a ser utilizado aproximadamente em 2000 a.C., nas
proximidades do Mediterrâneo Oriental.
Cerca de 1500 a.C., nas regiões montanhosas próximas do Mar Negro,
descobriu-se a técnica de forjar o ferro para o tornar mais duro que o
bronze: iniciou-se assim a Idade do Ferro.
A área compreendida entre o Mediterrâneo e o Golfo Pérsico tornou-se
o centro de uma das maiores civilizações da Antiguidade, devido aos seus
recursos naturais. Abundavam aí os metais, que foram utilizados desde
Região onde Propagação
cedo no fabrico de ferramentas e armas. A partir dessa zona, o uso dos primeiro se do uso dos
metais propagou-se a todo o mundo conhecido, seguindo o caminho das utilizaram os metais
metais
rotas comerciais (Fig. 2).
Fig. 2 A partir da região assinalada,
O ferro continua a ser, na forma de aço, o metal mais importante da
a utilização dos metais propagou-se
atualidade. a todo o mundo.

A importância dos metais


O ferro e o cobre ajudaram o ser humano a sair da Idade da Pedra e con­ A Revolução Industrial só foi possível
tinuam a ser, ainda hoje, metais com uma enorme importância industrial. graças à utilização de ferro na
Outros metais, como o titânio, são considerados os metais das novas construção e nos transportes.
tecnologias e são muito utilizados na indústria aeroespacial.
O vanádio e a platina são utilizados no desenvolvimento de catalisado-
res, para reduzir a poluição, e nos trabalhos de investigação que visam
tornar o hidrogénio o combustível do futuro.
Também na medicina e na biologia os metais assumem um papel fun-
damental, como se tem concluído através de investigações médicas e
nutricionais. O ferro (Fe) é o metal presente na hemoglobina do sangue
dos mamíferos. Os metais sódio (Na), potássio (K), cálcio (Ca) e magnésio
(Mg) estão presentes no corpo humano em quantidades substanciais. Os
compostos de cobalto (Co), molibdénio (Mo) e zinco (Zn) encontram-se nas
vitaminas e enzimas essenciais.

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Extensão 7.2 Ligas metálicas, materiais cerâmicos e compósitos

O cobalto é também utilizado no tratamento de doenças cancerígenas.


Os metais têm, ainda, a capacidade de transformar a radiação absor-
vida em eletricidade – efeito fotoelétrico.
Por último, não podemos esquecer a importância estética de alguns
compostos metálicos responsáveis pelas bonitas cores dos vidros azul
cobalto, pelos verdes e azuis brilhantes das cerâmicas recozidas e, ainda,
por muitos pigmentos usados pelos artistas e pintores.
Na reciclagem dos metais são Embora as reservas minerais variem muito de metal para metal, elas
eliminadas as etapas mais caras da são sempre finitas. Para alguns metais de maior utilização, como por exem-
extração do metal a partir do minério.
plo o cobre, são bastante escassas para o consumo atual. A sua recicla-
gem é, consequentemente, necessária e urgente.
Outro aspeto positivo da reciclagem é a poupança de energia que este
processo permite em relação à obtenção do metal a partir do respetivo
minério.
A Também o impacte ambiental negativo que os objetos metálicos rejei-
tados provocam, quer na degradação da paisagem quer na ocupação de
espaços, torna a reciclagem uma tarefa de máxima importância.

Devido às suas características especiais, o alumínio, A, é um material


muito utilizado: é um metal não tóxico, inodoro, insípido e leve. É também
um bom condutor térmico, permitindo que, por exemplo, um líquido con-
tido numa embalagem de alumínio arrefeça mais rapidamente do que o
contido numa garrafa de vidro.
B A sua larga utilização leva a que, todos os anos, sejam deitados para o
lixo mais de um milhão e meio de toneladas de embalagens de alumínio.
A reciclagem do alumínio, A, é não só uma necessidade, como também
uma solução para este problema. O alumínio funde a cerca de 660 ºC e
pode ser reciclado muitas vezes sem que as suas propriedades se alterem
(Fig. 3).

Fig. 3 Reciclagem do alumínio: recolha


(A); fusão e purificação (B).
Em síntese:

A reciclagem dos metais apresenta várias vantagens:


• diminui a extração de minérios, contribuindo para uma exploração
sustentável das matérias-primas;
• permite poupar energia, o que resulta na diminuição do consumo
de combustíveis fósseis;
• c onsome menos água do que a extração do minério;
• é menos poluente, não contribuindo para a degradação das áreas
onde ocorre a exploração do minério.

Um dos mais graves perigos na exploração mineira é o de desmorona-


mentos. Desde o início que se procurou escorar os tetos e paredes com
troncos, o que trouxe maior segurança, embora essa medida não fosse
totalmente satisfatória. Hoje em dia é possível medir com mais segurança

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1 Metais e ligas metálicas

a resistência do terreno, consegue-se maior precisão nas explosões e as


técnicas para reforçar as galerias foram aperfeiçoadas. Se, apesar de tudo,
suceder algum imprevisto, as possibilidades de resgatar os mineiros soter-
rados são maiores devido às modernas técnicas de perfuração.
Nas minas modernas há uma crescente utilização de máquinas para
realizar o duro trabalho que, anteriormente, cabia ao mineiro. Para perfu-
rar as rochas utilizam-se dispositivos automáticos de controlo à distância.
Os materiais extraídos são transportados mecanicamente em esteiras
rolantes ou em vagões movidos a eletricidade. A operação pode ser
supervisionada por um circuito fechado de televisão. O trabalho dos minei-
ros sempre representou, e continua a representar, um grave problema
social, apesar das grandes melhorias que já foram introduzidas nas suas
condições de trabalho (Fig. 4).
Apresenta-se a seguir um quadro-resumo sobre dois metais: alumínio
e níquel. Fig. 4 Interior de uma mina de ouro.

Nome e símbolo
Obtenção e características Principais aplicações
do metal

O alumínio é o terceiro metal mais abundante. A maior parte • Construção de aviões, devido à sua
do alumínio que se produz provém de alumino-silicatos: baixa densidade (liga duralumínio);
argilas, micas e feldspatos. • Empacotamento de alimentos, na forma
Ocorre naturalmente no minério bauxite – A2O3.2H20. de folhas, caixas ou latas;
Alumínio (A) O alumínio metálico é preparado electroliticamente a partir • Revestimento de cabos de cobre;
da alumina. • Construção de janelas e portas;
O metal puro pode ser prensado, enrolado, moldado • Utensílios de cozinha;
e curvado, originando as mais variadas formas. • Catalisadores;
É resistente à corrosão. • Purificação de águas;
É um metal mole. • Cerâmicas refractárias.
Apresenta cor branca e brilho metálico.
É bom condutor do calor e da eletricidade.
Massa volúmica – 2,70 g cm–3
Ponto de fusão – 974 K Bauxite

Os minérios são calcinados de modo a obter-se óxido de • Utiliza-se na segunda camada


níquel (Il), que é reduzido com carbono e hidrogénio até da galvanização tripla;
se obter o metal. O níquel é posteriormente purificado • Catalisador em determinadas reações
Níquel (Ni) electroliticamente. de hidrogenação, nomeadamente
O níquel é resistente à corrosão e não é afetado pela água. no fabrico de margarina a partir
Reage com os ácidos em geral, mas não reage com o de gorduras líquidas.
ácido nítrico concentrado. Tem cor branca, brilho metálico
e é dúctil e maleável.
As suas superfícies têm aspeto acetinado.
Massa volúmica – 3,40 g cm–3
Ponto de fusão – 1726 K Pentlandite

Os metais também podem ser utilizados como agentes bactericidas,


isolados ou em ligas metálicas.
Um dos produtos utilizado como antissético até recentemente é o tri-
clorosano, C12H7C3O2, substância química utilizada em utensílios domésti-
cos, hospitais, sabonetes, etc. Hoje sabe-se que o efeito desta substância
não é benéfico para a saúde, porque da sua utilização resultam microrga-
nismos resistentes à sua própria composição.
Por isso procuraram-se outras soluções, como, por exemplo, utensílios
revestidos com metais antimicrobianos, como a prata e o zinco. O bronze
é uma liga metálica que também tem efeito antibactericida.

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Extensão 7.2 Ligas metálicas, materiais cerâmicos e compósitos

1.2 Estrutura e ligação química dos


metais
· Propriedades dos metais
· Ligação metálica. Rede cristalina

Propriedades dos metais


• Muitos metais, como o cobre, são bastante resistentes, o que sugere
que as ligações entre os seus átomos devem ser fortes.
• Muitos metais são maleáveis, ou seja, podem dividir-se em lâminas
finas.
• Muitos metais são dúcteis, o que significa que se podem estirar em
fios.
Estas propriedades de maleabilidade e ductilidade sugerem que os
áto­mos dos metais se podem mover sem quebrar as ligações entre
eles.

• Os metais são bons condutores elétricos e térmicos, o que sugere


que há eletrões do metal que são livres para se moverem através do
sólido.
• Os metais têm baixos valores de energia de ionização e orbitais de
valên­cia vazias ou semipreenchidas, ou seja, poucos eletrões de
valência.

Principais propriedades dos metais:


• condutividade elétrica e térmica;
• brilho;
• maleabilidade;
• ductilidade.

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1 Metais e ligas metálicas

Ligação metálica. Rede cristalina


Todas estas propriedades dos metais resultam da denominada ligação
+ + + +
metálica, que se baseia na facilidade com que os eletrões de valência se
libertam dos respetivos átomos, podendo ir ocupar orbitais de valência
vazias de outros átomos, isto é, os eletrões de valência não estão estrita- + + + +
mente associados a um determinado núcleo em particular. Assim, os ele-
trões movimentam-se entre diversos átomos sob a forma de uma “nuvem”
+ + + +
de eletrões – diz-se que os eletrões estão deslocalizados – também cha-
mada “gás eletrónico”, “gás” de eletrões ou “mar” de eletrões (Fig. 5).
Os eletrões de valência que estão fracamente ligados ao núcleo podem + + + +
mover-se facilmente no metal, sendo designados, frequentemente, por
eletrões livres, ou de condução.
Fig. 5 Secção reta de um cristal metá-
A grande força coesiva que resulta da deslocalização é responsável lico. Cada círculo positivo representa
pela resistência dos metais. o núcleo e os eletrões mais internos
(cerne de um átomo). A área a azul que
rodeia os catiões metálicos indica o
Podemos então considerar que os metais são constituídos por iões
“mar” de eletrões móveis.
positivos (estes iões são o cerne dos átomos, isto é, são átomos sem ele-
trões de valência) rodeados por uma “nuvem” de eletrões de valência.
Existem, pois, atrações eletrostáticas entre os iões positivos (cerne dos
átomos) e os eletrões.
Assim, a ligação metálica tende a ocorrer entre átomos com menor
número de eletrões de valência do que de orbitais de valência vazias,
e, como se viu, de elementos com baixo valor de primeira energia de ioni-
zação.
Uma ligação metálica é tanto mais forte quanto maior for o número
de eletrões de valência por átomo e quanto maior a carga nuclear.

A ligação metálica é não direcional, pois os eletrões de valência exter-


nos de um átomo metálico são “partilhados” por outros átomos metálicos
Ondas Ondas
que existem à sua volta, em todas as direções. incidentes refletidas
Vejamos, então, como este modelo de ligação metálica justifica as pro-
priedades dos metais:
• As condutibilidades elétrica e térmica devem-se à mobilidade dos
eletrões deslocalizados, que se podem mover através da rede cris-
talina.
• O brilho característico dos metais deve-se à mobilidade dos eletrões
livres. Uma luz incidente é um campo eletromagnético oscilante:
ao atingir a superfície do metal, o campo elétrico da radiação força
o movimento dos eletrões móveis para a frente e para trás. Estes Eletrões oscilantes
eletrões oscilantes emitem radiação, que vemos como brilho (essa
radiação é, essencialmente, uma reflexão da luz incidente – Fig. 6, Fig. 6 Efeito da luz incidente num
metal.
pois a frequência da vibração desses eletrões é igual à frequência da
radiação incidente).

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Extensão 7.2 Ligas metálicas, materiais cerâmicos e compósitos

• A maleabilidade e a ductilidade também são explicadas pela mobi-


lidade dos eletrões dos metais. Como os catiões estão cercados por
um “mar” de eletrões, a ligação metálica não tem caráter direcional.
Mar de eletrões Consequentemente, um catião pode mover-se, passando pelos seus
móveis
vizinhos sem muito esforço. Uma pancada de martelo pode movi-
mentar um grande número de catiões através dos seus vizinhos. O
“mar” de eletrões ajusta-se rapidamente, assegurando que os áto-
mos não se separam e permanecem unidos nas suas novas posições
(Fig. 7).

Catiões
• A maioria dos metais apresenta pontos de fusão altos, pois a liga-
ção metálica é relativamente forte devido aos eletrões que os vários
Fig. 7 Uma pancada forte num metal átomos partilham.
pode movimentar catiões na estrutura
metálica. • A possibilidade de o metal se misturar com outros metais ou não-
-metais, formando soluções sólidas – as ligas metálicas – também é
explicada pela estrutura cristalina dos metais.

As propriedades dos metais dependem da ligação metálica que se


estabelece entre os átomos.

Quando os átomos de um metal se ligam uns aos outros, formando um


cristal sólido, há uma diminuição de energia. Os níveis de energia eletró-
nicos nos cristais multiatómicos dos metais são mais baixos que os dos
átomos isolados.

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1 Metais e ligas metálicas

1.3 As ligas metálicas


· Ligas metálicas
· Ligas com memória de forma

Ligas metálicas
As ligas metálicas são misturas de metais, podendo também conter
outros elementos não metálicos, como carbono, fósforo, silício, etc. São
?
De entre as opções (A) a (D) selecione
formuladas em função das propriedades desejadas. Geralmente, uma liga a correta.
é mais dura e resistente que o metal puro, mas tem menor condutividade (A) Um mineral é sempre um minério.
elétrica. (B) Todas as ligas são misturas
Os metais são insolúveis nos solventes líquidos comuns, mas podem homogéneas.
(C) As propriedades dos metais
dissolver-se uns nos outros – de acordo com a conhecida mnemónica condicionam os tipos de minérios
“semelhante dissolve semelhante”. em que são encontrados.
Algumas ligas são soluções (misturas homogéneas), enquanto outras (D) O chumbo deixou de ser utilizado
como aditivo na gasolina por ser
são misturas heterogéneas.
muito caro.
São exemplos de misturas homogéneas o latão, o bronze e as ligas de
cunhagem.
São exemplos de misturas heterogéneas a solda estanho-chumbo e as
amálgamas de mercúrio. Uma solda examinada ao microscópio apresenta ?
fases distintas de chumbo e de estanho sólidos. Por que razão alguns metais
aparecem no estado nativo?
As ligas são normalmente classificadas de acordo com o número de
componentes que as constituem, mas é impossível existir uma nomencla-
tura precisa, dada a enorme variedade de tipos de ligas.
As ligas mais utilizadas na indústria são as de ferro, cobre, magnésio,
alumínio e chumbo.
Apresentam-se alguns exemplos de ligas metálicas (Fig. 8).

D
B

Fig. 8 Exemplos de ligas metálicas: bronze (A), latão (B), solda (C) e aço (D).

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Extensão 7.2 Ligas metálicas, materiais cerâmicos e compósitos

Composição de algumas ligas metálicas típicas:

Liga Composição em massa (%)


Latão Até 40% de zinco em cobre.
Qualquer metal (exceto zinco e níquel) em cobre.
Bronze O bronze para fundição é constituído por 10% de estanho e 5%
de chumbo, em cobre.
Peltre 75% de estanho e 25% de chumbo.
Solda 50% de estanho e 50% de chumbo.
O aço bruto tem cerca de 0,1% de carbono, enquanto outros
Aço
tipos de aço têm até 1,5%.
Aço inoxidável Cerca de 12% de crómio em ferro.
75% de cobre e 25% de níquel.
Cuproníquel
Utiliza-se na cunhagem de moedas.
55% de cobre, 44% de níquel, e 1% de manganês. Caracteriza-
Constantan -se pela sua elevada resistividade elétrica, que se mantém
constante num grande intervalo de temperaturas.
Pode ser líquida ou sólida à temperatura ambiente. É composta
Amálgama por mercúrio e outros metais, como prata, cádmio, estanho e
cobre.
Ouro cujo número de quilates é determinado por disposição
Ouro de lei
governamental, variando de país para país.
Prata de lei Prata à qual se adiciona 8% de cobre (para endurecimento).
Ouro de 18 K* Liga de ouro com 18 partes de ouro em 24 partes de liga.
Ouro branco Liga de ouro e níquel, de cor branca.

Quilate – número de partes de ouro Nota: *O ouro liga-se frequentemente com o cobre, a prata, o paládio e outros metais.
puro presente em vinte e quatro A quantidade de ouro nestas ligas expressa-se, geralmente, em quilates (K). O ouro
partes de liga. puro designa-se por ouro de 24 K

As ligas metálicas mais vulgares incluem os metais situados no bloco d


da Tabela Periódica e o alumínio (Fig. 9).

A
Bloco Bloco
s p
Bloco
d

Bloco
f

Fig. 9 Tabela Periódica com os blocos assinalados.

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1 Metais e ligas metálicas

As ligas de engenharia podem ser subdivididas em dois tipos: as fer-


rosas e as não ferrosas.

As ligas ferrosas têm o ferro como principal elemento da liga. Os aços


são exemplos de ligas ferrosas. São as ligas metálicas mais importantes,
principalmente pelo seu baixo custo e vasta gama de propriedades mecâ-
nicas. Um aço é uma liga de ferro que contém entre 0,03% e 1,4% de car-
bono, para além de quantidades variáveis de outros elementos.
As propriedades mecânicas de um aço dependem, sobretudo, da com-
posição química do mesmo e dos tratamentos a que foi submetido.
A têmpera é o processo que consiste em aquecer o aço a uma tempe-
ratura apropriada, por um curto intervalo de tempo, e arrefecê-lo, de
seguida, rapidamente, de forma a obter as propriedades mecânicas dese-
jadas. Através deste processo é possível variar, dentro de uma gama rela-
tivamente larga, as propriedades do material final, obtendo-se, por exem-
plo, o carbono como grafite ou como cementite (Fe3C).
A tabela seguinte mostra a composição e as propriedades de vários
tipos de aços.

Composição (percentagem mássica)


Tipo
Utilização
de aço
C Mn P S Si Ni Cr Outros

Produtos laminados,
Normal 1,35 1,65 0,04 0,05 0,06 – – Cu 0,2-0,6
ferramentas
De alta Construção, turbinas
0,25 1,65 0,04 0,05 0,15-0,9 0,4-1,0 0,3-1,3 Cu 0,01-0,08
resistência a vapor
Utensílios de cozinha,
Inoxidável 0,03-1,2 1,0 0,04-0,6 0,03 1-3 1-22 4,0-27 –
lâminas de barbear

Exemplos de ligas:
• As ligas de alumínio são as ligas não ferrosas mais importantes, prin-
cipalmente devido à sua leveza, fácil deformação, resistência à corro-
são e custo relativamente baixo.
• O cobre não ligado é muito usado devido à sua elevada condutibili-
dade elétrica. O cobre ligado com o zinco dá origem a uma série de
ligas, designadas por latões, que têm resistência mecânica superior
ao cobre não ligado.
• As ligas de magnésio, titânio e lítio também são importantes em
engenharia. As ligas de magnésio são muito leves e têm aplicação
na indústria aeroespacial.
• As ligas de níquel têm elevada resistência à corrosão e à oxidação,
pelo que são usadas frequentemente na indústria química e petro-
lífera. Quando ligado com o crómio e o cobalto, o níquel constitui
a base das superligas à base de níquel necessárias para tubos em
aviões a jato e para equipamentos de produção de eletricidade.

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Extensão 7.2 Ligas metálicas, materiais cerâmicos e compósitos

Ligas com memória de forma


As ligas com memória de forma têm a capacidade de recuperar, por
simples aquecimento, a forma inicial adquirida a alta temperatura e, poste-
riormente, modificada por arrefecimento.
Um dispositivo constituído por uma liga com memória de forma “lem-
bra-se” da sua forma inicial obtida a elevada temperatura. Se sofrer qual-
quer deformação mecânica, basta aquecê-lo à temperatura inicial para
recuperar a sua forma primitiva.
Imagine-se um automóvel ideal (irrealista) cuja carroçaria, feita de uma
liga com memória de forma, tivesse sido moldada a quente. Depois de um
choque bastaria metê-lo numa estufa para ficar como novo!
As primeiras destas ligas a ser utilizadas foram as de níquel-titânio,
designadas por nitinol, que foram usadas em 1967 para a construção de
mangas de junção para aviões F14.
As ligas de níquel-titânio são biocompatíveis com os tecidos humanos
e têm uma ótima resistência à corrosão, sendo, por isso, cada vez mais
utilizadas na medicina e na indústria.
Na medicina têm múltiplas aplicações, como agrafos em fraturas, anéis
para aperto de vértebras, implantes, etc. Em ortodontia são usadas na cor-
reção da posição dos dentes.
As ligas com memória de forma têm
adquirido cada vez mais importância Na indústria são usadas em válvulas de aparelhos de ar condicionado,
tecnológica. em extintores de incêndio e em vários dispositivos elétricos que atuam
como interruptores sensíveis à temperatura.
Como exemplos de outras ligas com memória de forma temos, ainda,
as ligas de cobre-alumínio, cobre-alumínio-níquel e ouro-cádmio.
Também há ligas com efeito de memória de forma dupla. Têm a vanta-
gem de apresentar duas formas, uma a altas temperaturas e outra a baixas
temperaturas, adquiridas por simples aquecimento e arrefecimento sem
necessidade de qualquer deformação mecânica. Têm sido utilizadas em
aplicações médicas, em engenharia e na indústria de brinquedos.

Exercícios para resolver

PROFESSOR
1. Selecione a opção que completa corretamente a frase seguinte.
SOLUÇÕES Em relação à ligação metálica, pode afirmar-se que…
(A) a ligação metálica é direcional.
1. Opção (D)
(B) os elementos metálicos de transição estabelecem entre si uma li-
gação metálica fraca porque podem partilhar vários eletrões d e s.
(C) a ligação metálica ocorre entre átomos em que os eletrões de
valência estão estritamente associados a determinado núcleo.
(D) os átomos dos elementos metálicos estabelecem ligações entre
si devido à partilha dos eletrões de valência dos átomos desses
elementos.

12
1 Metais e ligas metálicas

Exercícios para resolver


PROFESSOR
2. Selecione a opção correta.
SOLUÇÕES
(A) O diamante é um mau condutor da eletricidade.
(B) Os sólidos moleculares são moles mas bons condutores térmi- 2. Opção (A)
cos e elétricos. 3. Porque são pouco reativos.
(C) As ligações mais fortes ocorrem nos cristais moleculares.
4. Sem correção.
(D) A propriedade dos metais que consiste na possibilidade de se
transformarem em lâminas designa-se por ductilidade. 5. Ouro de 24 K é ouro puro; o
ouro de 18 K é uma liga metálica
em que, num total de 24 partes,
3. Por que razão aparecem metais no estado nativo? 18 são de ouro e as restantes de
outros metais; o ouro de lei é
uma liga metálica de ouro cujos
4. Faça uma pesquisa, utilizando várias fontes informativas, sobre: quilates são determinados na
• a exploração mineira em Portugal; legislação do país.
• o impacto ambiental da exploração mineira.
6. A – 3; B – 5; C – 7; D – 6; E – 1;
Produza um texto com um resumo das informações mais importantes. F – 2; G – 7; H – 4.

5. Explique as diferenças entre os seguintes termos:


• ouro de 24 K;
• ouro de 18 K;
• ouro de lei.

6. Relacione os metais da coluna 1 com as aplicações referidas na


coluna 2.

Coluna 1 Coluna 2
A. Mercúrio 1. Catalisadores
B. Estanho 2. Tratamento de doenças cancerígenas
C. Chumbo 3. Amálgamas
D. Cobre 4. Caixilharias
E. Platina 5. Folha de Flandres
F. Cobalto 6. Cabos elétricos
G. Ferro 7. Elétrodos para baterias
H. Alumínio 8. Carris de comboios

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Extensão 7.2 Ligas metálicas, materiais cerâmicos e compósitos

2 Materiais cerâmicos

2.1 Principais componentes de um material


cerâmico. Propriedades dos materiais
cerâmicos
· Principais componentes de um material cerâmico
· Propriedades dos materiais cerâmicos
· Estruturas cristalinas

Os materiais cerâmicos, como, por exemplo, o vidro, têm grande aplicação na construção civil.

Principais componentes de um material


cerâmico
Os materiais cerâmicos são materiais inorgânicos, formados por ele-
mentos metálicos e não metálicos, ligados quimicamente entre si através
de ligações iónicas ou parcialmente iónicas com algum caráter covalente.
A maioria dos materiais cerâmicos são constituídos por óxido de alumí-
nio, A2O3, óxido de cálco, CaO, e nitreto de silício, Si3N4.

Os materiais cerâmicos dividem-se em dois grandes grupos:


• materiais cerâmicos técnicos;
• materiais cerâmicos tradicionais.

14
2 Materiais cerâmicos

Os materiais cerâmicos técnicos utilizam matérias-primas sintéticas;


são formados por compostos puros ou quase puros, como:
• alumina, ou óxido de alumina, A2O3;
• nitreto de silício, Si3N4;
• carboneto de silício, SiC;
• zircónio, ou óxido de zircónio, ZrO2.
Encontram-se neste grupo materiais como anilhas, ferramentas em que
um dos componentes é o carboneto de silício, facas, constituídas funda-
mentalmente por zircónio, parafusos e invólucros interiores em alumina Fig. 10 Aplicações de cerâmicos
em interiores de lâmpadas de iluminação (Fig. 10). técnicos.

Os materiais cerâmicos tradicionais, obtidos a partir de matérias-pri-


mas naturais, apresentam na sua constituição três componentes básicos:
• a argila (silicato de alumínio hidratado, A2O3.SiO2.H2O), ferro e mag-
nésio;
• sílica, SiO2;
• feldspato, K2O.A2O3.6 SiO2.
Encontram-se neste grupo a louça sanitária, a porcelana decorativa e Fig. 11 Aplicações de cerâmicos
os tijolos (Fig. 11). tradicionais.

Propriedades dos materiais cerâmicos


As propriedades dos materiais cerâmicos dividem-se em:
• Propriedades físicas:
– elevada temperatura de fusão;
– baixa densidade;
– supercondutividade;
– bom isolador térmico e elétrico.
• Propriedades técnicas:
– fraca resistência ao choque;
– dureza e fragilidade relativamente à tração;
– boa resistência à compressão;
– elevada elasticidade;
– resistência à corrosão;
– alta dureza e elevada resistência ao desgaste.
Consideremos, como exemplo, os compostos cerâmicos alumina, A2O3,
sílica, SiO2, e carboneto de silício, SiC.

Alumina, A2O3 Sílica, SiO2 Carboneto de silício, SiC

Caráter iónico 63% 51% 11%

Caráter covalente 37% 49% 89%

Ponto de fusão (ºC) 2050 1715 2500

15
Extensão 7.2 Ligas metálicas, materiais cerâmicos e compósitos

Estruturas cristalinas
Todas estas características resultam das ligações químicas que estes
materiais possuem e das estruturas cristalinas.
Como exemplo apresenta-se a estrutura cristalina do óxido de silício,
SiO2 (Fig. 12).

Átomo de silício

Átomo de oxigénio

Fig. 12 Estrutura cristalina do óxido de silício, SiO2.

Consoante o grau de ligações iónicas e/ou covalentes obtêm-se


diferentes estruturas cristalinas.
A microestrutura de um material cerâmico tem uma importância funda-
mental nas propriedades finais do material que se pretende produzir.
Estes materiais apresentam uma composição química muito variada e,
de acordo com a sua composição, dividem-se em três classes:
• cristalinos;
• amorfos (vidros);
• de composição mista (vitrocerâmicos).

Materiais cerâmicos cristalinos

O Nos materiais cerâmicos cristalinos incluem-se os cerâmicos à base de


Si silicatos, carbonetos, nitretos e óxidos.
Fig. 13 Exemplo de estrutura cristalina A sua estrutura é bem definida e organizada, com arranjo atómico
– SiO2. regular (Fig. 13).

Materiais cerâmicos amorfos


Os materiais cerâmicos amorfos, são materiais cujas unidades se
encon­tram organizadas de uma forma desordenada (Fig. 14).
O
Si
O vidro é um exemplo de um sólido amorfo, bem como alguns políme-
ros, como por exemplo o poliestireno.
A transição líquido-sólido num sólido amorfo, conhecida como transi-
Fig. 14 Estrutura de um material ção vítrea, é diferente da transição líquido-sólido de um sólido cristalino,
cerâmico amorfo – SiO2. conhecida como fusão.

16
2 Materiais cerâmicos

Durante a transição vítrea há muitas propriedades que variam conti-


nuamente com a temperatura. Na transição cristal-líquido, no entanto,
essas propriedades têm uma descontinuidade à temperatura de fusão.
Quando um líquido origina um cristal, geralmente a solidificação dá-se
no ponto de fusão. Um líquido que ao solidificar origina um vidro torna-se
mais viscoso à medida que a temperatura diminui, passando de um estado
pastoso, facilmente deformável (tipo borracha), para um estado vítreo
rígido e frágil num intervalo estreito de temperatura.
Aquilo a que chamamos vidro é uma família de sólidos amorfos basea-
dos na sílica (SiO2), embora haja outros tipos de vidros. A unidade funda-
mental dos vidros de sílica é um tetraedro com um átomo de silício no O Si

centro, rodeado por quatro átomos de oxigénio (Fig. 15). Fig. 15 Estrutura tetraédrica da sílica.
Os tetraedros estão ligados entre si por átomos de oxigénio numa rede
cristalina tridimensional com um elevado ponto de fusão (1710 ºC). Um
­arrefecimento lento da sílica fundida origina o quartzo cristalino (Fig. 16).

A B

Fig. 16 O quartzo, que se encontra em todo o mundo, é uma forma cristalina de sílica
(A); estrutura do quartzo cristalino (B).

Um arrefecimento rápido dá origem a um vidro (Fig. 17). Fig. 17 Estrutura do vidro de sílica.
A desordem nas ligações entre duas unidades fundamentais adjacen-
tes está na origem de muitas das propriedades do vidro.

São exemplo de materiais cerâmicos amorfos inúmeras peças de vidro


que utilizamos no nosso dia a dia, espelhos, garrafas, copos, etc., e em
laboratórios, provetas, pipetas, entre outros. Associamos também o vidro
a certas propriedades, tais como a transparência, o brilho e a fragilidade.

Materiais vitrocerâmicos
Os materiais vitrocerâmicos apresentam uma composição mista, resul-
tante da combinação de uma fase amorfa e de uma fase cristalina. Nestes
materiais a fase amorfa rodeia os pequenos cristais, conduzindo à sua
ligação.

17
Extensão 7.2 Ligas metálicas, materiais cerâmicos e compósitos

2.2 A importância de um material


cerâmico
· Aplicações de materiais cerâmicos

Aplicações de materiais cerâmicos


Desde a Antiguidade que a cerâmica está presente na vida dos povos.
Os produtos cerâmicos rodeiam-nos. Existem muitos objetos de uso
comum, tais como panelas, tachos, frigideiras, pratos decorativos, vasi-
lhas, etc., que são peças cerâmicas (Fig. 18).
Com o aparecimento de novos materiais cerâmicos e também de novas
tecnologias, as facetas cerâmicas (Fig. 19), são uma excelente opção na
medicina dentária para a reabilitação oral. As facetas cerâmicas têm, na
sua constituição, entre outros compostos, o dissilicato de lítio, Li2Si2O5.
Fig. 18 Peças em cerâmica. Também os brackets utilizados nos aparelhos fixos dentários são cerâmi-
cos e possibilitam um tratamento discreto (Fig. 20).

Fig. 19 Colocação de facetas cerâmicas. Fig. 20 Aparelho dentário com brackets.

A maior parte das indústrias utilizam materiais cerâmicos. Uma das


principais vantagens da sua utilização reside no baixo custo dos cerâmi-
cos envolvidos e no reduzido tempo de preparação dos moldes.

O vidro (material cerâmico amorfo) tem inúmeras aplicações na cons-


trução civil. Aplica-se em janelas, fachadas de prédios, hospitais, hotéis,
etc. Pesquisas mais aprofundadas proporcionaram descobertas importan-
Fig. 21 Fachada de edifício com vidro tes na aplicabilidade deste material cerâmico. É um bom refletor, resis-
insulado. tente a impactos, etc. (Fig. 21).
Os vidros com elevados teores em óxido de chumbo têm menores tem-
peraturas de fusão e elevados índices de refração, sendo usados como
vidros óticos e para fins decorativos (cristais). São facilmente gravados
e polidos.
Estes vidros também são usados como proteção de radiações de ele-
vada energia, invólucros de lâmpadas e tubos de televisão. Dos diferentes
vidros destacam-se os vidros de segurança, as vitrocerâmicas e as fibras
óticas, todos desenvolvidos nos últimos trinta anos.

18
2 Materiais cerâmicos

Dos vidros de segurança salientam-se o vidro laminado, o vidro à


prova de bala e o vidro temperado.
O vidro laminado é composto por camadas alternadas de vidro plano e
de material polimérico (plástico). É usado em situações nas quais a quebra
de um vidro vulgar daria origem a riscos de ferimentos graves. Quando é
atingido por um objeto, o vidro laminado mantém no lugar os pedaços
(quebrados), evitando a sua projeção em todas as direções. O vidro lami-
nado é usado, por exemplo, no fabrico de para-brisas para automóveis.
O vidro à prova de bala é um vidro laminado mais espesso, com cama-
das alternadas de vidro e de um material polimérico. Alguns destes vidros
podem absorver a energia de projéteis de grosso calibre, mesmo quando
disparados a curta distância. Este tipo de vidro tem sido utilizado em por-
tas de bancos e na blindagem de automóveis.
O vidro temperado é, contrariamente ao vidro laminado e ao vidro à
prova de bala, composto por uma peça única. É preparado através de
sucessivos tratamentos térmicos especiais (têmpera) e apresenta a carac-
terística de, ao quebrar, se estilhaçar, produzindo pequenos fragmentos
não cortantes. Este tipo de vidro é utilizado em proteções de duches e
portas de segurança, por exemplo.

As vitrocerâmicas são materiais constituídos por uma fase vítrea e


outra cristalina.

As fibras óticas, por sua vez, são filamentos finos e flexíveis de vidro,
com diâmetros da ordem de alguns centésimos de milímetros, que podem
“conduzir” a luz. O desenvolvimento de fibras óticas e lasers teve um
enorme impacto na sociedade moderna.
As fibras óticas aplicam-se nas telecomunicações (redes de transmissão
de dados, internet), na medicina de diagnóstico (endoscopia), na microsco-
pia, na iluminação de precisão, na deteção remota e sensores, no estudo de
fissuras em componentes estruturais (asas de avião, por exemplo), etc.

Exercícios para resolver


PROFESSOR
7. Classifique cada uma das frases seguintes como verdadeira ou falsa.
SOLUÇÕES
A. O arrefecimento rápido de um material fundido dá origem a um
sólido amorfo. 7. A – V; B – F; C – V; D – V.
B. Todo o tipo de vidro tem como base a sílica. 8. Sem correção.
C. Atualmente, nem todo o tipo de vidro é reciclável.
D. O vidro tem uma estrutura microscópica característica de um
líquido congelado.

8. Tendo em conta a importância dos vidros no nosso dia a dia, inves-


tigue:
• a história do vidro, desde a Antiguidade até aos nossos dias;
• a indústria vidreira em Portugal.

19
Extensão 7.2 Ligas metálicas, materiais cerâmicos e compósitos

3 Compósitos

3.1 O
 que são materiais compósitos.
Fases de um compósito
· Materiais compósitos
· Fases de um compósito

Em alguns desportos, como a canoagem, os materiais compósitos permitem


reduzir o peso dos equipamentos mantendo o desempenho.

Materiais compósitos
Um compósito é um material heterogéneo formado por dois ou mais
componentes distintos macroscopicamente, com propriedades mecâni-
cas e físicas diferentes.
Os componentes dos materiais compósitos podem ser metais, cerâmi-
cos ou polímeros, tendo entre si uma interface de contacto.
Na Natureza também há compósitos. É o caso da madeira, que tem
células tubulares longitudinais constituídas por camadas de fibras de celu-
lose enroladas em espiral e ligadas por lignina. No caso dos seres huma-
nos e animais existe uma proteína fibrosa, denominada colagénio (pro-
teína de elevada resistência, mas macia), que é o suporte dos compósitos
que aumentam a resistência da pele, das cartilagens, dos ossos.

20
Extensão 7.2 Ligas metálicas, materiais cerâmicos e compósitos

Os compósitos de matriz termoendurecível (termofixos) contêm polí-


meros em que ocorre um processo de reticulação: formam-se ligações
químicas entre cadeias macromoleculares, originando uma rede tridimen-
sional. As aplicações mais importantes destes materiais são quadros de
bicicletas (Fig. 24), tacos de golfe, raquetas de ténis, barcos de recreio, etc.
Dois tipos destes materiais compósitos que se destacam pelas suas
aplicações em engenharia são constituídos por fibras de vidro numa
­matriz de poliéster ou numa resina epoxídica e por fibras de carbono
Fig. 24 O quadro das bicicletas de numa matriz de resina epoxídica.
competição é feito em resina integrada
por nanopartículas, o que torna a Os compósitos de matriz termoplástica utilizam como matéria-prima
estrutura de carbono mais leve e
resistente. polímeros termoplásticos como a poliamida (PA) e o polipropileno (PP). O
reforço é normalmente constituído por fibras curtas, sendo as fibras de
vidro as mais utilizadas. Algumas aplicações de termoplásticos reforçados
com fibras curtas são:
• indústria automóvel – ventoinhas, condutas de entrada de ar, depósi-
tos, tampas de radiador, alavancas de velocidades…
• indústria elétrica e eletrónica – materiais de revestimento para com-
putadores, bobines de cassetes, caixas elétricas e fusíveis…
• máquinas e ferramentas – rotores, pás de ventoinha, rodas dentadas,
comutadores e painéis de suporte de motores elétricos…
• outras aplicações – materiais de revestimento de câmaras de filmar,
projetar e fotografar, filtros e anilhas de válvulas para tubagens, bobi-
nas para a indústria têxtil…

Compósitos de matriz metálica


Os materiais compósitos de matriz metálica, designados internacio-
nalmente por MMCs, têm sido investigados durante os últimos anos de
modo a obter uma elevada razão resistência/peso.
Estes compósitos combinam, geralmente, uma matriz metálica e um
reforço cerâmico. A maioria destes materiais tem sido desenvolvida para a
indústria aeroespacial. Alguns estão, no entanto, a ser usados noutras
aplicações, como por exemplo em motores de automóveis. São também
utilizados em cabos elétricos devido à sua elevada rigidez.

Compósitos de matriz cerâmica


Os compósitos de matriz cerâmica (CMCs) têm uma proporção consi-
derável (> 5%) de uma fase química ou fisicamente distinta dispersa numa
matriz contínua. Nestes compósitos a matriz é, por definição, um material
cerâmico, normalmente um cerâmico “avançado” ou “técnico”, ou seja,
fabricado por processos complexos a partir de matérias-primas de alta
pureza com características mecânicas, térmicas, elétricas ou de resistên-
cia química muito superiores aos materiais cerâmicos tradicionais.

22
3 Compósitos

Nestes compósitos os reforços podem ser fibras de vidro, de carbono,


de boro, de óxidos ou fibras de cerâmicos covalentes.
O objetivo principal destes compósitos é aumentar a resistência à fra-
tura dos materiais produzidos. Os CMCs são materiais leves, rígidos e
mecanicamente resistentes, ideais para aplicações nos sectores aeronáu-
tico, aeroespacial, automóvel, construção civil, desporto e produção de
energia (Fig. 25).

Fig. 25 Travão de disco de um


automóvel, feito de um material
compósito de matriz cerâmica.

Em síntese:

Compósitos são materiais heterogéneos formados por dois ou mais


componentes distintos macroscopicamente, não solúveis, tendo
entre si uma interface de contacto.
São formados pela fase contínua, a matriz, que pode ser polimérica,
metálica ou cerâmica, que confere maleabilidade ou ductilidade ao
compósito, e pelo reforço, que confere resistência ao compósito.

23
Extensão 7.2 Ligas metálicas, materiais cerâmicos e compósitos

3.2 Alguns materiais compósitos


· Vantagens de um material compósito em relação
a outros materiais
· Compósitos naturais

Vantagens de um material compósito em


relação a outros materiais
Estes materiais apresentam importantes vantagens relativamente a
outros materiais tradicionais, tais como:
• melhor tolerância a altas temperaturas;
• durabilidade e resistência a cargas cíclicas;
• maior facilidade de armazenagem;
• estabilidade estrutural e fácil moldagem;
• boa resistência à corrosão e a ataques químicos.

Uma vantagem dos materiais compósitos é o balanço entre as suas


propriedades e a sua baixa densidade, que permite que esses materiais
sejam utilizados em aplicações em que as propriedades mecânicas são
importantes.
A utilização dos materiais compósitos é cada vez maior. O desenvolvi-
mento tecnológico, o elevado desempenho mecânico e o baixo peso tor-
nam possível uma vasta aplicação destes materiais em estruturas conven-
cionais de engenharia. No entanto, o principal fator limitante ainda são os
preços elevados, que atualmente impedem que os compósitos sejam
totalmente competitivos com outros tipos de materiais.
Os avanços tecnológicos permitirão diminuir custos de matérias-pri-
mas e de processamento e serão uma garantia da utilização mais vasta
dos materiais compósitos no futuro.

Compósitos naturais
A ideia de se utilizarem fibras como reforço de materiais vem da Anti-
guidade, havendo registos da sua utilização pela civilização egípcia e
pelos índios brasileiros. Ainda hoje são feitas construções com tijolos de
terra crua (argilosa), com fibras naturais cortadas (palha) – o chamado
adobe, que é seco ao sol (Fig. 26).
Com a Revolução Industrial surgiram grandes fábricas, com fornos
Fig. 26 Tijolos de adobe. industriais, que tornaram a produção de tijolos mais rápida e barata.

24
3 Compósitos

Atualmente, nas grandes construções prescinde-se do tijolo como ele-


mento estrutural e utiliza-se o aço e betão (mistura de água, cimento e
agregados – material inerte). No entanto, o tijolo continua a ser utilizado,
nomeadamente com funções de enchimento e arquitetónicas.

Madeira
A madeira é um compósito orgânico de origem natural formado por um Lignina

arranjo complexo de celulose reforçado por uma substância polimérica –


lignina (macromolécula tridimensional amorfa) – e por outros compostos
orgânicos (Fig. 27).
Quando a madeira ainda se encontra verde é menos resistente do que
quando se encontra seca. A remoção da água das regiões menos ordena-
Fig. 27 Parede celular onde se observa
das das microfibrilas (estruturas medindo cerca de 10 a 25 nanómetros de a lignina.
diâmetro) permite que as células se tornem mais compactas, formando-se
menos pontes internas através das ligações de hidrogénio – quando a
madeira perde humidade contrai-se, tornando-se mais densa e resistente.

A madeira apresenta uma série de vantagens, como:


• pode ser obtida com facilidade;
• pode ser trabalhada com ferramentas simples e reutilizada várias
vezes;
• tem massa específica baixa e grande resistência mecânica.

E também apresenta algumas desvantagens, nomeadamente:


• fraca resistência ao fogo;
• degradação devido a fungos.

Os compósitos de fibra de vidro


Os polímeros reforçados com fibra de vidro (PRFV), vulgarmente
conhecidos por fibras de vidro, são materiais compósitos que consistem
em fibras de vidro impregnadas numa matriz polimérica.
Fabricam-se compósitos onde a matriz é de resina sintética, reforçada
com fibra de vidro (Fig. 28).

A B
Fig. 28 Manta de fibra de vidro (A) e aplicação da matriz polimérica (B).

25
Extensão 7.2 Ligas metálicas, materiais cerâmicos e compósitos

As fibras de vidro são fornecidas em cordéis ou tecidos trançados, os


quais são lançados sobre o molde e impregnados de resina.

Algumas vantagens da fibra de vidro:


• elevada resistência à tração e compressão;
• baixo custo relativamente a outras fibras;
• elevada resistência química;
• elevada resistência ao fogo;
• boas propriedades de isolamento acústico, térmico e elétrico.

Existem desvantagens, nomeadamente:


• sensibilidade à abrasão;
• sensibilidade a temperaturas elevadas, entre outras.

A fibra de vidro é um compósito produzido à escala mundial, utilizado


em recipientes para armazenamento – reservatórios de água, piscinas; em
equipamentos náuticos – boias de sinalização, cascos de embarcações e
pranchas de surf; na aviação – hélices de helicópteros e aviões e fusela-
gens; e em equipamentos – câmaras frigoríficas, caravanas e outros.

Exercícios para resolver


PROFESSOR
9. O que são materiais compósitos?
SOLUÇÕES

9. Sem correção. 10. Associe a cada tipo de material compósito da coluna 1 uma das apli-
cações da coluna 2.
10. A – 1; B – 2; C – 3.
Coluna 1 Coluna 2
11. Em ambos os casos são
misturados materiais diferentes A. Compósitos de matriz cerâmica 1. Tacos de golfe
para obter melhores
propriedades. Nas ligas B. Compósitos de matriz polimérica 2. Indústria aeronáutica
metálicas os componentes são C. Compósitos de matriz metálica 3. Indústria informática
metais. Nos compósitos há
sempre dois componentes de
natureza diferente, a matriz e o
material de reforço. 11. Indique quais as semelhanças e diferenças entre ligas metálicas
e materiais compósitos de matriz metálica.
12. Sem correção.

12. Investigue qual é o significado do termo “desenvolvimento susten-


tável” e, nesse contexto, o que se entende por materiais de base
sustentável.

26
1 ATIVIDADE LABORATORIAL
Composição de uma liga metálica

Nesta atividade propõe-se a análise da composição de uma liga: o aço.


O aço contém maioritariamente ferro, crómio e níquel; contém ainda manganês, numa percen-
tagem inferior a 1%, para aumentar a sua dureza.

Análise das ligas metálicas


A análise de uma liga é feita com base numa amostra tomada como representativa do total.
O tamanho da amostra escolhida é de fundamental importância, devido à necessidade de se
dispor de uma concentração adequada de catiões para serem identificados: uma amostra não
deve ter mais do que 0,1 g.
Para se proceder à análise de uma liga, a amostra tem de ser dissolvida num ácido para que se
obtenha uma solução que contenha catiões metálicos. São os H+ provenientes da solução ácida
que vão oxidar alguns metais, originando os respetivos catiões metálicos.
Os valores dos potenciais de redução (força oxidante) indicam claramente que os ácidos cuja
ação só depende da força oxidante do ião H+, tais como HC, H2SO4 diluído e HCO4 diluído, têm
pouco poder como solventes de metais e não atuam sobre metais como o cobre e a prata, entre
outros.
Contudo, se o anião do ácido também for fortemente oxidante, estes metais podem ser dissol-
vidos. O ácido nítrico, HNO3, encontra-se nesta situação, uma vez que o ião NO3– é fortemente
oxidante.
O ácido nítrico concentrado, a quente, é, em geral o melhor solvente para as ligas pois ataca a
maior parte dos metais, não se verificando perdas de elementos por volatilização.
Todos os metais puros, menos o ouro e a platina, são atacados pelo ácido nítrico, originando
nitratos solúveis (exceto o estanho e o antimónio, que originam óxidos brancos insolúveis – óxido
de estanho (IV), SnO2, e óxido de antimónio (IV), Sb2O4.

Vejamos as reações de oxidação-redução que ocorrem entre os metais constituintes de uma


amostra de aço (um clipe) e o ácido nítrico concentrado.
O clipe ao reagir com o ácido nítrico concentrado origina uma solução que vai conter iões Fe3+
e iões Mn2+. As equações químicas que traduzem estas reações são:
Fe (s) + 3 NO3– (aq) + 6 H+ (aq) → 3 NO2 (g) + Fe3+ (aq) + 3 H2O ()
Mn (s) + 2 NO3– (aq) + 4 H+ (aq) → 2 NO2 (g) + Mn2+ (aq) + 2 H2O ()

27
Extensão 7.2 Ligas metálicas, materiais cerâmicos e compósitos

Análise qualitativa dos catiões presentes na liga em estudo


Na análise qualitativa de uma amostra pretende identificar-se quais os catiões que fazem parte
dessa amostra. Os passos a seguir são:

seleção da amostra que vai ser analisada;

escolha da escala de análise qualitativa que se vai utilizar;
A escala de análise pode ser:
– semimicroescala – a massa2/29/12
JP12_Cal_p1a33_JP12_Cal_p1a33 da amostra varia
5:25 PM Page 14 entre 0,01 g e 0,1 g. As reações realizam-se
em tubos de ensaio e os precipitados obtidos são separados por centrifugação;
– microescala – a massa da amostra varia entre 0,001 g e 0,01 g. A análise qualitativa de
catiões pode ser1 efetuada
Unidade por análise de toque (spot test). Em microanálise, a maioria dos
Metais e ligas metálicas

testes é efetuada pela adição de uma gota de reagente a uma gota de solução problema,
sobre papel de filtro, sendo os catiões identificados pelopesquisaremos
Nesta atividade, aparecimento deFe
os iões manchas
3+ e Mn2+, colo-
no aço. Estes iões encon-
ridas características. tram-se sinalizados a encarnado no fluxograma da marcha qualitativa para a

preparação da amostra. separação de catiões que se segue.

Os métodos químicos de análise qualitativa MISTURA DE IÕES METÁLICOS


podem ser:
Adiciona-se HC (aq) diluído
– análise por via seca;
– análise por via húmida.
Nesta atividade vamos usar a análise por
Grupo I Filtrado com os
via húmida, que se baseia em reações quími-
(Ag +, Hg 2+ 2+
2 , Pb ) cloretos metálicos
cas que transformam o ião a pesquisar numa Precipitam como cloretos solúveis
nova substância com propriedades caracterís-
ticas que o permitem identificar. Adiciona-se H2S, 0,3 mol dm–3

No caso das ligas metálicas, que são consti-


Grupo II
tuídas por, pelo menos, dois metais, recorre-se Filtrado com os
(As3+, As5+, Bi3+, Cd2+, Hg2+,
a uma análise sistemática feita segundo uma sulfuretos metálicos
Cu2+, Sb3+, Sn2+, Sn4+)
solúveis em H2S
sucessão ordenada de reações. À análise sis- Precipitam como sulfuretos
temática também se costuma chamar marcha
Adiciona-se H2S, em NH4OH
sis­temática de análise.
Nesta atividade, pesquisaremos os iões Fe3+
Grupo III
e Mn2+, no aço. Estes iões encontram-se si­na­li­ (A3+, Fe3+, Mn2+, Fe2+, Ni2+, Filtrado com iões metálicos
za­dos a encarnado no fluxograma da marcha Co2+, Zn2+) que não precipitam pelo
Precipitam como sulfuretos, HC ou pelo H2S
qualitativa para a separação de catiões ao lado.
exceto o A(OH)3 e o Cr(OH)3

Adiciona-se (NH4)2CO3 ou (NH4)2HPO4

Grupo IV Grupo V
(Ba2+, Ca2+, Sr2+, Mg2+) (K+, Na+, NH4+)
Precipitam como carbonatos Filtrado da precipitação
ou fosfatos dos carbonatos

1.3 Análise quantitativa dos catiões presentes na liga


em estudo
A análise quantitativa pode ser feita por vários métodos, nomeadamente por
complexometria e por espetrofotometria. Estes métodos vão ser aplicados nas
atividades A.L. 1.4 (complexometria) e A.L. 1.5 (espetrofotometria).
28
Análise quantitativa dos catiões presentes na liga em estudo
A análise quantitativa pode ser feita por vários métodos, nomeadamente por
complexometria e por espetrofotometria.

Segurança: Devem utilizar-se luvas de borracha e óculos de proteção quando se


manuseiam os ácidos nítrico e clorídrico, pois são soluções muito corrosivas e peri-
gosas se salpicarem para os olhos.
O ácido nítrico deve ser manuseado na hotte, pois as reações em que participa
libertam vapores muito irritantes para os pulmões.

Procedimento experimental Material: Centrifugadora;


2 tubos de ensaio para
Dissolução de uma liga metálica e sua preparação para análise qualitativa, pelo centrifugar; cápsula
processo de semimicroescala pequena; vareta de vidro;
placa de aquecimento;
Reduzir a liga a aparas finas. Colocar não mais do que 0,1 g de liga a analisar
1.  4 papéis de filtro; copo
numa cápsula pequena e adicionar 2,0 mL de ácido nítrico de concentração de precipitação de
6 mol dm–3. 25 mL; funil de vidro e
respetivo suporte;
Aquecer na hotte, sem deixar ferver.
2.  6 tubos de ensaio;
suporte para tubos de
Se ocorrer uma reação, continuar o aquecimento até que a reação seja com-
3. 
ensaio; erlenmeyer de
pleta, adicionando de vez em quando solução de ácido nítrico 6 mol dm–3, de 50 ml; proveta graduada
modo que o volume de 2,0 mL se mantenha. de 10 mL; balança
analítica; esguicho;
Evaporar até à secura.
4.  2 pares de luvas de

Nota: O excesso de ácido elimina-se por este processo. No entanto, se o resí- borracha; 2 pares de
duo for fortemente aquecido formam-se produtos de decomposição insolú- óculos de segurança;
pinça; bico de Bunsen;
veis no ácido. Para evitar que isto aconteça, deve afastar-se a cápsula da tina para aquecimento
chama enquanto ainda houver algum líquido, pois o calor que aquela retém em banho-maria.
deverá ser suficiente para completar a evaporação.
Reagentes: Amostra de
Adicionar umas gotas de solução de ácido nítrico 15 mol dm–3 e evaporar como
5.  aço (clipe); água
anteriormente. desionizada; soluções de
ácido nítrico diluído,
Adicionar, em seguida, 5 a 6 gotas de solução de ácido nítrico 6 mol dm–3 e
6.  6 mol dm–3 e 15 mol dm–3;
1,0 mL de água. solução de ácido
clorídrico concentrado,
Verter para um tubo de ensaio pequeno o que se encontra na cápsula, com
7.  6 mol dm–3; solução de
mais umas gotas de solução de ácido nítrico (6 mol dm–3) e 1,0 mL de água. amónia, 6 mol dm–3;
solução de iodeto de
Aquecer em banho-maria durante uns minutos para completar a dissolução.
8.  amónio (NH4I),
1,0 mol dm–3; solução de
Se a solução ficar límpida, proceder à análise dos catiões.
9. 
ácido sulfídrico,
0,3 mol dm–3; solução de
Análise do aço peróxido de hidrogénio
a 3% e a 20 volumes;
1. Colocar 2 a 3 gotas da solução obtida em 9. num tubo de ensaio pequeno e solução concentrada de
adicionar 2 gotas de ácido clorídrico a frio; centrifugar. carbonato de amónio;
solução de ferrocianeto
2. Evaporar a solução à secura, de modo a eliminar o ácido nítrico utilizado na solu-
de potássio; bismutato
bilização da liga. de sódio.

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Extensão 7.2 Ligas metálicas, materiais cerâmicos e compósitos

Pesquisa do ferro e do manganês


1. 
Tratar o resíduo obtido, a frio, com 1 mL de solução de carbonato de amónio.
2. 
Agitar durante 1 a 2 minutos e, em seguida, filtrar ou centrifugar.
3. 
Solubilizar o precipitado com 0,5 mL de ácido nítrico diluído e 4 gotas de peróxido de hidro-
génio, a 20 volumes.
4. 
Aquecer, dividir a solução em duas porções e identificar os tubos como A e B.

Pesquisa do ferro
1. 
Ao tubo A, adicionar 1 gota de solução aquosa de ferrocianeto de potássio.
O aparecimento de um precipitado azul indica a presença de ferro.

Pesquisa do manganês
1. 
Adicionar ao tubo B 1 mL de água; ferver para decompor o peróxido de hidrogénio que ainda
possa existir em solução.
2. 
Arrefecer e adicionar 0,5 mL de solução de ácido nítrico e 10 mg de bismutato de sódio.
Agitar.
O aparecimento de uma cor vermelha-rosada indica a presença de manganês.

Elaboração de relatório
A atividade foi concebida e realizada para responder à seguinte questão:

• Como determinar, laboratorialmente, a composição qualitativa de uma liga metálica: o aço?


No final da atividade, os alunos deverão elaborar um relatório, que contemple os seguintes
pontos:

Título

Pequena introdução teórica
fundamentar, de forma simplificada, as diferenças entre a análise química que utiliza a semi-
microescala e a que utiliza a microescala; referenciar o tipo de análise utilizada; e identificar
as reações químicas envolvidas na determinação dos catiões presentes na solução-problema.

Material e reagentes utilizados
indicar as regras de segurança a adotar.

Modo de proceder;
com o objetivo de comprovar a presença dos catiões metálicos no aço, de acordo com
o procedimento experimental proposto.

Registo das observações efetuadas

Análise dos resultados obtidos / conclusões / crítica
na qual deverá ser elaborada a marcha de análise utilizada na pesquisa de catiões para o
aço e:
– uma crítica de erros;
– as fontes de erros e as condições que podem ajudar a minimizá-los.

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Questões teórico-práticas
1. 
Como se podem obter as ligas metálicas?

2. 
Quais os componentes mais comuns do aço?

3. 
Os ácidos têm, em geral, elevado poder solvente sobre os metais.
Justifique esta afirmação.

4. 
Por que razão se usa o ácido nítrico / a quente para dissolver a maior parte das ligas metálicas?

5. 
Que metais não reagem com o ácido nítrico?

6. 
Indique os diferentes tipos de escalas que se podem utilizar na análise qualitativa de catiões.

7. 
Que métodos de análise qualitativa conhece? Indique o que se utiliza nesta atividade.

8. 
O constantan é uma liga metálica, caracterizada pela sua elevada resistividade elétrica, que
se mantém constante num grande intervalo de temperatura. A sua composição é, aproxi-
madamente: 55% de cobre (Cu), 44% de níquel (Ni) e 1% de manganês (Mn). Considere uma
amostra desta liga com 0,10 g de massa.
8.1 
Que quantidade destes metais contém a amostra?
Fez-se reagir a amostra de constantan com 2,0 mL de uma solução 6,0 mol dm–3 em ácido
8.2 
nítrico.
8.2.1 
Escreva a equação química que traduz a reação entre o cobre da liga e o ácido nítrico.
8.2.2 
Que quantidade de ácido nítrico participa na reação?
8.2.3 
Identifique, na reação, o reagente limitante.
Determine a quantidade de iões Cu2+ presentes na solução resultante.
8.2.4 
8.2.5 
Calcule o volume de NO2 libertado, nas condições PTN.

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