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QUÍMICA EXTENSÃO 2
Coloides e suspensões
Maria da Conceição Dantas
Maria Teresa Fontinha
Marta Duarte Ramalho
Revisão científica: João Sotomayor
1 Coloides
1.1 C
lassificação das dispersões
coloidais ou coloides
· Dispersões coloidais ou coloides
· Características das dispersões coloidais
· Alguns tipos de soluções coloidais
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1 Coloides
Fase dispersa
Alguns tipos de soluções coloidais Fig. 1 Esquema de um sol.
Os coloides podem ser classificados com base nos estados físicos da
fase dispersa e da fase dispersante ou contínua.
I. Sóis: líquidos e sólidos Fase dispersa
Sol é uma dispersão coloidal em que a fase dispersa se encontra no
estado sólido. A fase dispersante pode encontrar-se ou no estado líquido
(sol líquido) ou no estado sólido (sol sólido). Fase dispersante
A uma dispersão coloidal ou coloide em que a fase dispersante é sólida Fig. 2 Esquema de uma emulsão.
e a fase dispersa é líquida dá-se o nome de gel.
II. Emulsões: sólidas e líquidas
Fase dispersa
Emulsão é uma dispersão coloidal em que a fase dispersa se encontra
Fase dispersante
no estado líquido. A fase dispersante pode encontrar-se no estado líquido
(emulsão líquida) ou no estado sólido (emulsão sólida).
III. Espumas: sólidas e líquidas Fig. 3 Esquema de uma espuma líquida.
Espuma é uma dispersão coloidal em que a fase dispersa se encontra
no estado gasoso. A fase dispersante pode encontrar-se no estado líquido
(espuma líquida) ou no estado sólido (espuma sólida).
IV. Aerossóis: sólidos e líquidos Fase dispersa
Aerossol é uma dispersão coloidal em que a fase dispersante se en
Fase dispersante
contra no estado gasoso. A fase dispersa pode encontrar-se ou no estado
sólido (aerossol sólido) ou no estado líquido (aerossol líquido). Fig. 4 Esquema de um aerossol.
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Extensão 2 Coloides e suspensões
Algumas pedras
preciosas, como
I. Sol sólido Sólido Sólido
o rubi, e algumas ligas
metálicas
II. Emulsão
Líquido Líquido Leite, maionese.
líquida
Claras em castelo,
III. Espuma
Gasoso Líquido espuma da cerveja,
líquida
espuma de barbear.
IV. Aerossol
Sólido Gasoso Fumos, poeiras.
sólido
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Classificação das dispersões coloidais em função da
interação entre a fase dispersa e a fase dispersante
Considerando a interação entre as partículas da fase dispersa e o sol
vente, os coloides podem classificar-se como:
• coloides liófilos;
• coloides liófobos.
Coloides liófilos são coloides em que existe uma forte atração entre a Coloides liófilos, liofílicos ou
fase dispersa e a fase dispersante. Este tipo de coloides tem tendência reversíveis.
O termo liófilo provém de uma palavra
para permanecer nas soluções, a que se dá o nome de soluções liofílicas. grega e resulta da junção de lyo, que
Em geral, os coloides liófilos: significa dissolver, com phylo, que
• são fáceis de preparar; significa amigo, gostar de.
Coloides liófobos são coloides em que as partículas dispersas têm Coloides liófobos, liofóbicos ou
fraca afinidade com o meio dispersante. Em geral, os coloides liófobos: irreversíveis
O termo liófobo provém de uma
• não têm tendência para se misturarem com o solvente; palavra grega e resulta da junção
• não se formam espontaneamente; de lyo, dissolver, com phobos, ter
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Classificação das dispersões coloidais em função da natureza
das partículas da fase dispersa
Considerando a natureza das partículas da fase dispersa, os coloides
podem classificar-se como:
•
coloides moleculares – coloides em que as partículas da fase dis
persa são macromoléculas, isto é, cadeias orgânicas de polímeros
de elevada massa molar, M. São exemplos de coloides moleculares
Zona hidrófila – o colagénio, o amido em água e a gelatina;
Zona hidrófoba
•
coloides iónicos – as partículas da fase dispersante são macromolé
culas nas quais existem, em determinadas posições, cargas elétricas;
O
•
coloides micelares – coloides que se formam pela associação
––––– H espontânea entre átomos ou moléculas na presença de um disper
H sante. Desta associação resultam partículas denominadas micelas.
––––
––
––––
H
O Uma micela é uma estrutura em forma de glóbulo, formada por um agre
––
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Os coloides e as suas
2 propriedades
2.1 Propriedades dos coloides
· Movimento browniano
· Efeito Tyndall
· A importância dos coloides nos ambientes naturais
e industriais
Movimento browniano
Se uma dispersão coloidal, como a suspensão de partículas de enxofre
em água, for observada através de um microscópio com elevado campo
de visão e devidamente iluminado, observam-se pontos de luz em
movimentos desordenados.
Ao movimento desordenado das pequenas partículas da fase dispersa
Fig. 6 Esquema representativo do
presentes num líquido ou num gás, a fase dispersante, dá-se o nome de movimento browniano.
movimento browniano. Este é um movimento aleatório de partículas e é
consequência das colisões entre todas as moléculas ou átomos presentes
no fluido, mesmo que este fluido não se encontre em movimento (Fig. 6).
Este fenómeno foi observado pela primeira vez pelo botânico Robert
Brown, em 1827, quando estudava grãos de pólen imersos em água. Brown
verificou que os minúsculos grãos de pólen se deslocavam em ziguezague
e que os seus movimentos eram muito irregulares e ininterruptos. Tais
observações contribuíram para a sustentação da teoria cinética das
moléculas.
Mais tarde, Einstein provou que o movimento browniano devia ser mais
Robert Brown
intenso para partículas mais pequenas e estudou, também, outros fatores (1773-1858)
que nele intervêm, como, por exemplo, a viscosidade do líquido.
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Extensão 2 Coloides e suspensões
Efeito Tyndall
Numa dispersão coloidal, as partículas dispersas são muito pequenas,
parecendo a olho nu uma solução. No entanto, uma dispersão coloidal
pode distinguir-se de uma solução pela capacidade que tem em difundir,
ou seja, “espalhar”, a luz.
Considere que faz incidir lateralmente um feixe de luz sobre dois copos
de precipitação, A e B. O copo de precipitação A contém uma solução,
enquanto o copo B contém uma dispersão coloidal. Quando o feixe de luz
atravessa a solução presente em A nada se observa, mas, ao atravessar a
dispersão coloidal no copo B, as partículas da fase dispersa ficam visíveis.
O trajeto da luz através da suspensão coloidal (copo B) pode ser visto
porque a luz é desviada pelas partículas coloidais. No copo A, a luz não é
desviada pelas moléculas do soluto na solução (Fig. 7).
A difusão da luz pelas partículas de uma dispersão coloidal é o efeito
A B
Tyndall.
Fig. 7 Observação do efeito Tyndall. O efeito Tyndall foi descoberto pelo físico irlandês John Tyndall. Numa
das suas experiências, observou o que ocorria quando um feixe de luz
atravessava um meio que continha partículas em suspensão.
Como exemplo do efeito Tyndall tem-se o facto dos feixes de luz dos
faróis dos automóveis serem perfeitamente visíveis em situação de ne
voeiro (uma dispersão coloidal), mas invisíveis quando o ar (uma solução)
se encontra limpo.
O efeito Tyndall é a base do funcionamento do ultramicroscópio.
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2 Os coloides e as suas propriedades
O ácido carbónico, H2CO3 (aq), reage com o carbonato de cálcio, CaCO3 (s),
existente no solo, de acordo com a equação química seguinte:
CaCO3 (s) + H2O () — Ca2+ (aq) + HCO3– (aq) + OH– (aq)
HCO3– (aq) + H2O () — CO32– (aq) + H3O+ (aq)
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Extensão 2 Coloides e suspensões
Em síntese:
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3 Suspensões
3.1 Características das suspensões
· O que são suspensões
· Matéria particulada
· O impacte das suspensões na saúde e no meio
ambiente
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Extensão 2 Coloides e suspensões
Matéria particulada
Chama-se matéria particulada a partículas muito finas de sólidos ou
líquidos suspensos no ar. Representa-se por PM, do inglês particulate
matter. As suas partículas têm diâmetro inferior a 2,5 μm, PM2,5, ou inferior
a 10 μm, PM10.
A matéria particulada pode ter origem natural ou antropogénica e a
composição dos materiais particulados depende da fonte poluidora.
Entre as fontes naturais encontram-se os vulcões, as poeiras e os
incêndios das florestas.
Entre as fontes antropogénicas temos a combustão incompleta dos
combustíveis fósseis nos motores de combustão de veículos motorizados,
nas centrais termoelétricas, em algumas indústrias e na construção civil,
e na remoção de árvores da floresta que libertam imensas poeiras.
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3 Suspensões
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Extensão 2 Coloides e suspensões
6. Opção (C).
5. Substitua as letras de a a l, de forma correta, de acordo com os dados
presentes no seguinte quadro.
Líquida Gasosa i j
Gasosa k l Nevoeiro
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3 Suspensões
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Extensão 2 Coloides e suspensões
ATIVIDADE LABORATORIAL
Preparação de um gel por adição de uma solução
1 saturada de acetato de cálcio a etanol
7.
Segurar o vidro de relógio com o auxílio da pinça de madeira, acender um fósforo e aproximá
-lo cuidadosamente do gel. Registar a cor da chama formada.
Nota: convém escurecer um pouco o ambiente, de modo a realçar a cor da chama.
Questões teórico-práticas
1.
O que ocorre assim que o etanol absoluto é adicionado à solução saturada de acetato de cál
cio, Ca(CH3COO)2?
2.
Que substância se forma nas paredes do vidro de relógio?
3.
Determine:
3.1
a quantidade de acetato de cálcio que existe na solução saturada desta substância.
3.2 a quantidade de álcool existente em 755 mL deste reagente.
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ATIVIDADE LABORATORIAL
Efeitos da incidência da luz visível sobre uma dispersão
2 coloidal
Reagentes: tiossulfato
Procedimento experimental de sódio penta-
-hidratado; água
1.
Colocar o copo de precipitação sobre a balança analítica e tarar a zero.
desionizada.
2. Medir rigorosamente a massa de soluto calculada anteriormente, retirando esta para
o copo, com o auxílio da espátula metálica.
3. Adicionar ao soluto um pouco de água desionizada e agitar com a vareta de vidro, de
modo a dissolver o mais possível o soluto.
4. Colocar o funil e respetivo suporte na boca do balão volumétrico e, com o auxílio da
vareta de vidro, transvasar a solução para dentro do balão volumétrico.
5. Lavar o copo de precipitação com mais um pouco de água desionizada e transvasar
de novo essa solução para dentro do balão volumétrico. Repetir este procedimento
as vezes que forem necessárias, de modo a que nenhum soluto fique no copo.
6. Rolhar e agitar o balão para proceder à homogeneização da solução.
7.
Uma vez terminada a dissolução, acrescentar água desionizada ao balão: primeiro
com o esguicho até perto do traço de referência e, em seguida, com um conta-gotas
até ao traço de referência.
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Extensão 2 Coloides e suspensões
8.
Rolhar novamente o balão e agitar, de novo, para proceder à homogeneização da
solução.
9.
Rotular devidamente o balão volumétrico, identificando: nome da solução e respetiva
fórmula química, concentração, data da preparação, nome do preparador ou do grupo.
Material: folha de 2C. Efeitos da incidência da luz visível sobre uma dispersão
cartolina preta; caixa
de Petri; retroprojetor; coloidal
vareta de vidro; copo de
precipitação de 100 mL;
Procedimento experimental
caneta de feltro preta ou 1.
Recortar uma circunferência de uma folha de cartolina preta com um diâmetro
azul; cronómetro. ligeiramente superior ao da base da caixa de Petri (ou de um copo de precipi
tação). Fazer um orifício circular no centro da circunferência.
Reagentes: solução Colocar a placa circular da cartolina sobre o retroprojetor e, sobre esta,
2.
aquosa de tiossulfato de
colocar a caixa de Petri ou o copo de precipitação que contém uma solução
sódio penta-hidratado
previamente preparada; aquosa de tiossulfato de sódio.
solução de ácido Ligar o retroprojetor e projetar sobre o ecrã (solução transparente). Registar
3.
clorídrico concentrado,
HC (aq)*. o que observa.
* Substância corrosiva 4.
Desligar o retroprojetor. Adicionar um pouco de HC concentrado à solução
e agitar com a vareta.
5.
Ligar de novo o retroprojetor e projetar sobre o ecrã.
6.
Observar e registar as mudanças de cor no ecrã.
Questões teórico-práticas
1.
Qual o objetivo desta atividade laboratorial?
2. Identifique o efeito em evidência nesta atividade laboratorial.
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3 ATIVIDADE LABORATORIAL
Preparação de uma suspensão de um sólido num líquido
Questões teórico-práticas
1.
De entre as opções de (A) a (D) selecione a que completa de forma correta a seguinte frase.
Quando se adiciona água desionizada a um pouco de areia que se encontra num copo de
precipitação e se procede, de seguida, à sua agitação com uma vareta de vidro, observar-se-á
que…
(A) a areia se dissolve totalmente na água desionizada, originando uma solução líquida.
(B) a areia não se dissolve na água desionizada, obtendo-se uma mistura heterogénea com
duas fases: uma fase sólida, constituída pela areia, e uma fase líquida, constituída por uma
solução de água com sais minerais dissolvidos.
(C) a areia não se dissolve na água desionizada, obtendo-se uma mistura heterogénea com
duas fases: uma fase sólida, constituída pela areia, e uma fase líquida de água turva, cons
tituída por sais minerais dissolvidos e outras partículas em suspensão.
(D) a areia não se dissolve na água desionizada, obtendo-se uma mistura heterogénea com
duas fases: uma fase sólida, constituída pela areia, e uma fase líquida, constituída por água
desionizada.
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