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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ - CERES

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E APLICADAS - DCEA


CURSO DE MATEMÁTICA – LICENCIATURA

LETÍCIA DE AZEVÊDO MEDEIROS

UM ESTUDO SOBRE ALGUMAS DAS DIFICULDADES DOS ALUNOS DO ENSINO


MÉDIO NA APRENDIZAGEM DE CONTEÚDOS MATEMÁTICOS

Caicó, RN
Fevereiro de 2022
LETÍCIA DE AZEVÊDO MEDEIROS

UM ESTUDO SOBRE ALGUMAS DAS DIFICULDADES DOS ALUNOS DO ENSINO


MÉDIO NA APRENDIZAGEM DE CONTEÚDOS MATEMÁTICOS

Trabalho de conclusão de curso apresentado a


Licenciatura em Matemática do Departamento de
Ciências Exatas e Aplicadas, DCEA, da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
UFRN, campus de Caicó, RN.
Aprovada em: 09/02/2022

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Maria Maroni Lopes
Orientadora
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

_______________________________________________________
Prof. Dr. Francisco de Assis Bandeira
Membro Interno
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

_______________________________________________________
Prof. Esp. Jonimar Pereira de Araújo
Membro Externo
Escola Estadual Professor Antônio Aladim de Araújo - EEAA

_______________________________________________________
Prof. Dr. Adriano Thiago Lopes Bernardino
Suplente interno
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
RESUMO

A matemática é muito utilizada no nosso cotidiano, e é de grande relevância no currículo escolar,


porém, a maioria dos alunos da educação básica apresentam muitas dificuldades na disciplina,
principalmente no ensino médio. Assim sendo, este trabalho objetiva analisar algumas das causas
das dificuldades na aprendizagem matemática que alunos do ensino médio apresentam. Para
tanto, temos, entre outros questionamentos, a seguinte pergunta de pesquisa: quais as possíveis
causas das dificuldades dos alunos do ensino médio na disciplina de matemática, e, que
contribuições as práticas desenvolvidas em projetos de ensino podem trazer para auxiliar os
alunos com estas dificuldades? Os objetivos específicos que nortearam a realização de nosso
estudo tratam de compreender sob o ponto de vista do aluno como este interpreta as dificuldades
em matemática, e propõe uma intervenção prática utilizando recursos que possam auxiliar na
aprendizagem matemática dos alunos em sala de aula. Na construção dos dados foi elaborado um
questionário aplicado com 50 alunos do ensino médio da Escola Estadual em Tempo Integral
José Augusto (EETIJA) na cidade de Caicó – RN. Nas nossas conclusões compreendemos,
considerando todo o processo da pesquisa, que é preciso haver um diálogo maior entre o
professor e o aluno, uma reflexão por parte dos docentes sobre os métodos de ensino utilizados, e,
uma busca constante no sentido de melhorar o ensino da matemática e analisar o déficit em
assuntos do ensino fundamental.

Palavras-chave: Dificuldades de aprendizagem. Matemática na Educação Básica. Metodologia do


professor.
ABSTRACT
The Mathematics is widely used in our daily lives, and is of great relevance in the school
curriculum, however, most students in basic education have many difficulties in the discipline,
especially in high school. Therefore, this work aims to analyze some of the causes of difficulties
in mathematics learning that high school students present. To this end, we have, among other
questions, the following research question: what are the possible causes of the difficulties of high
school students in mathematics, and what contributions can the practices developed in teaching
projects bring to help students with these difficulties? The specific objectives that guided our
study are to understand from the student's point of view how he interprets difficulties in
mathematics, and proposes a practical intervention using resources that can help students'
mathematical learning in the classroom. In the construction of the data, a questionnaire was
applied to 50 high school students from the State School in Full Time José Augusto (EETIJA) in
the city of Caicó - RN. In our conclusions, we understand, considering the entire research
process, that there needs to be a greater dialogue between the teacher and the student, a reflection
on the part of the teachers about the teaching methods used, and a constant search to improve
teaching. mathematics and analyze the deficit in elementary school subjects.

Keywords: Learning difficulties. Mathematics in Basic Education. Teacher's methodology.


LISTA DE IMAGENS

Imagem 1: Alunos se alinhando para formar uma matriz do tipo 8x1 .......................................... 34
Imagem 2: Alunos resolvendo questões no quadro ....................................................................... 35
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Turma a qual os alunos que responderam ao questionário pertencem ......................... 24


Gráfico 2: Organização dos alunos por gênero ............................................................................. 26
Gráfico 3: Autoavaliação da aprendizagem matemática ............................................................... 28
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Quantidade de alunos em cada turma da EETIJA ......................................................... 23
Tabela 2: Distribuição de alunos por idade ................................................................................... 25
Tabela 3: Disciplina que os alunos mais gostam ........................................................................... 27
Tabela 4: Distribuição das disciplinas que os alunos mais sentem dificuldade ............................ 27
Tabela 5: Conteúdos matemáticos nos quais os alunos apresentam mais dificuldades ................ 29
Tabela 6: Causas das dificuldades apresentadas na matemática ................................................... 30
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 9
2 ARGUMENTOS TEÓRICOS: DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA DISCIPLINA
DE MATEMÁTICA E PRÁTICA DOCENTE ............................................................................. 13
2.1 Dificuldades de aprendizagem na disciplina de matemática .................................... 13
2.2 Prática docente por meio do Programa Residência Pedagógica ............................. 17
3 METODOLOGIA: DISCURSO DOS ALUNOS E INTERVENÇÃO PRÁTICA ................ 21
4 ANÁLISES DOS DADOS CONTRUÍDOS E DISCUSSÕES .......................................... 24
5 INTERVENÇÃO PRÁTICA: ........................................................................................... 33
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 37
7 REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 39
8 APÊNDICES .................................................................................................................. 41
9

1 INTRODUÇÃO

A matemática é uma disciplina de grande relevância no currículo escolar, estando presente


em todas as profissões e nas mais variadas situações do cotidiano. Apesar disso, é uma área de
conhecimento à qual os alunos não costumam demonstrar muito entusiasmo, pelo contrário,
geralmente é uma disciplina a qual os estudantes se referem como a que mais reprova, e até
mesmo temida por suas abstrações. De acordo com Carrijo e Santos (2020, p. 150) “essa ideia de
que a Matemática é difícil decorre de que os alunos não conseguem estabelecer relações entre o
que aprenderam e a sua realidade, pois diversas práticas tratam do tema de modo abstrato
tornando-o desinteressante.”
Pesquisas nacionais, no âmbito da educação e da educação matemática, apontam o
interesse das crianças em atividades lúdicas que envolvem o raciocínio matemático como: jogos;
quebra-cabeças, cálculo mental, jogos de tabuleiro, entre outros. No entanto, esses alunos ao
iniciarem o Ensino Fundamental II, momento em que acontecem diferentes mudanças na
organização escolar, como na seleção e nível de dificuldades dos conteúdos, passam a apresentar
problemas em alguns conteúdos matemáticos. As referidas dificuldades na aprendizagem
matemática parecem ser ainda maiores durante o ensino médio, momento em que os alunos já
deveriam ter desenvolvido uma boa base matemática de modo que pudessem aprender os
conteúdos mais avançados deste nível de ensino.
Antes de ingressar na faculdade, licenciatura em Matemática, a pesquisadora já fazia
algumas observações, enquanto cursava a educação básica, acerca dos problemas para aprender
matemática que parte dos seus colegas apresentavam. Primeiramente, era raro encontrar alguém
que também gostasse de matemática, e, como possuía alguma facilidade no aprendizado da
supracitada disciplina, sempre procurava auxiliar aos alunos que tinham dificuldades. Quando
estava tentando ensinar os colegas ouvia algumas reclamações relacionadas a quantidade de
regras que são utilizadas na matemática, a falta de aplicabilidade no cotidiano e que os métodos
utilizados pelos professores, basicamente, eram resumidos em exposição do conteúdo no quadro,
exemplos, listas de exercícios e aplicação de prova. Também notava que no ensino médio uma
boa parte das dúvidas na matemática se dava pelo fato de os alunos não terem aprendido
conceitos vistos no ensino fundamental que são necessários para entender os novos conteúdos.
10

Após iniciar o curso de Matemática Licenciatura, e, participar dos projetos de ensino


Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) e Programa Residência
Pedagógica (PRP), a pesquisadora continuou a observar, por meio da participação em práticas
pedagógicas desenvolvidas nos supracitados projetos, frequentemente, o que já havia percebido
ao ensinar seus antigos colegas na educação básica. Portanto, em suas aulas, tanto no PIBID
quanto no Residência Pedagógica, buscava utilizar outras metodologias, como o uso de jogos e
dos recursos das tecnologias digitais. Compreendia que o diálogo constante com os alunos
possibilitava ver o nível de aceitação destes em relação aos diferentes métodos utilizados pela
professora1, bem como, se estes estavam agregando conhecimentos ao seu aprendizado em
matemática.
A partir dessas experiências começou a pensar sobre as causas das dificuldades
apresentadas por tantos alunos na disciplina de matemática. Outro ponto importante nessa direção
foram as leituras de alguns materiais sobre a referida temática as quais embasavam suas
concepções. Entre os pesquisadores que lhe orientam estão os autores: Licia Fuzatto e Alexandre
Arias (2020), Vanilda Loureiro (2014); Mayra Monteiro e Thiago Gomes (2020); Marina
Pacheco e Greice Andreis (2018); Mercedes Silva (2006) e Fátima Carrijo e Elton Santos (2020).
De acordo com o exposto, este trabalho tem como pergunta de pesquisa o seguinte
questionamento: Quais as possíveis causas das dificuldades dos alunos do ensino médio na
disciplina de matemática, e, que contribuições as práticas desenvolvidas em projetos de ensino
podem trazer para auxiliar os alunos com estas dificuldades?

Desse modo, para responder a essa pergunta de pesquisa foram traçados os seguintes
objetivos:

Objetivo Geral
Analisar as causas das dificuldades na aprendizagem matemática que alunos do ensino
médio apresentam.

Objetivos específicos

1
Bolsista do Projeto PIBID/Bolsista residente do Programa Residência Pedagógica.
11

• Compreender sob o ponto de vista do aluno como este interpreta as dificuldades em


matemática;
• Propor uma intervenção prática utilizando recursos que possam auxiliar na
aprendizagem matemática dos alunos em sala de aula.

Sabe-se que se trata de um estudo amplo que requer tempo, e, que está se desenvolvendo
um trabalho de conclusão de curso de graduação, desse modo, optou-se por realizar um
questionário com alunos de uma escola pública da Cidade de Caicó – RN, no sentido de
compreender-se por meio de suas falas como percebem as dificuldades com os conteúdos da
disciplina de matemática. Como ressaltado por Pacheco e Andreis (2018, p. 106):

As dificuldades de aprendizagem em Matemática podem estar relacionadas a impressões


negativas oriundas das primeiras experiências do aluno com a disciplina, à falta de
incentivo no ambiente familiar, à forma de abordagem do professor, a problemas
cognitivos, a não entender os significados, à falta de estudo, entre outros fatores.

Assim sendo, a escuta dos estudantes pode trazer alguns indícios dessas dificuldades.
No que se refere a intervenção prática, se deu por meio das atividades propostas no
Programa Residência Pedagógica. Como a pesquisadora participa deste projeto de ensino, e
atualmente atua na Escola Estadual em Tempo Integral José Augusto (EETIJA), realizou-se
esta análise com os alunos que estão cursando o ensino médio na referida escola.
O estudo se justifica pelo fato de que para haver avanços no processo de ensino e
aprendizagem é preciso investigar onde estão os principais problemas e assim buscar possíveis
soluções. Assim, necessita-se conhecer as dificuldades dos alunos de modo a refletir sobre sua
atuação em sala de aula e rever seus conceitos, métodos, planejamento, erros e acertos.
Com o interesse de apresentar o texto ao leitor destaca-se que este foi organizado em
seis capítulos, descritos a seguir:
Capítulo 1: Traz uma breve introdução do texto, onde consta a pergunta de pesquisa, a
justificativa e os objetivos do estudo.
Capítulo 2: Apresenta os argumentos teóricos, fazendo uma análise da literatura
consultada sobre o assunto, além de propor a utilização de outras metodologias em sala de
aula, buscando dar novos significados a disciplina de matemática e mostrar aos alunos que
este componente curricular é comumente usado em seu cotidiano. Também retrata um pouco
sobre as experiências vivenciadas pela autora durante o PRP.
12

Capítulo 3: Discorre sobre os métodos utilizados em todo o processo da pesquisa,


principalmente na elaboração e aplicação dos questionários com os alunos do ensino médio da
EETIJA.
Capítulo 4: Traz discussões de acordo com as respostas dadas pelos alunos aos
questionários e fundamentadas pelas vivências da pesquisadora, bem como, pela literatura
consultada sobre o tema.
Capítulo 5: Relata acerca da intervenção prática realizada com os alunos do ensino
médio, bem como as percepções tidas pela pesquisadora diante desta experiência.
Capítulo 6: Conclui-se sobre o que foi visto ao longo deste estudo e propõe algumas
soluções possíveis para os problemas encontrados.
13

2 ARGUMENTOS TEÓRICOS: DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA


DISCIPLINA DE MATEMÁTICA E PRÁTICA DOCENTE

Esta seção será dividida em dois subtópicos, sendo que no primeiro busca-se tratar
sobre algumas causas dos problemas de aprendizagem em matemática apresentadas pelos
alunos do ensino médio e no segundo pretende-se retratar sobre a experiência vivenciada pela
pesquisadora durante a participação no Programa Residência Pedagógica.

2.1 Dificuldades de aprendizagem na disciplina de matemática

Tendo em vista as experiências vivenciadas pela discente em sala de aula, bem como, as
pesquisas analisadas tratando do tema em questão, serão apontados neste tópico algumas das
principais causas das dificuldades matemáticas dos alunos do ensino médio: as primeiras
experiências do aluno com a matemática, a falta de incentivo familiar, os métodos utilizados
pelo professor e o déficit nos conteúdos matemáticos do ensino fundamental.

São diversos os fatores que podem interferir no processo de ensino e aprendizagem, e


desse modo facilitar ou dificultar o entendimento dos estudantes. Para alguns pesquisadores as
crianças já ingressam na escola com o conceito pré-formado de que a matemática é difícil.
Conforme Pacheco e Andreis (2018, p. 107) “uma criança que, antes de entrar na escola, escuta
de seus familiares e amigos que a Matemática é difícil e que não gostam dela, acaba tendo seu
primeiro contato com essa disciplina de forma negativa”. Ou seja, esta criança pode internalizar
esta impressão de que pessoas próximas a ela lhe passaram e acabar criando uma certa
apreensão diante da matemática, fazendo com que isto reflita em seu interesse pela disciplina e
no seu aprendizado.

A partir disto já se nota que a família pode interferir na motivação do aluno, podendo
auxiliar positivamente no processo de ensino e aprendizagem, se for participativa na vida
estudantil, observando seus avanços e dificuldades, ou podem influenciar nas dúvidas e receios
apresentados pelo aluno. Ainda de acordo com Pacheco e Andreis (2018, p. 108):
A família tem um papel importante na vida escolar dos alunos, logo sua atuação é
extremamente necessária para obter-se um bom rendimento escolar. Assim, o papel não
é só dos educadores, pois a família também faz parte do processo de aprendizagem do
aluno, uma vez que as atitudes da família influenciam na forma como o aluno interioriza
novas concepções.
14

Depois de discutir sobre a participação da família no aprendizado do aluno, é


interessante trazer um problema que, geralmente, os professores de ensino médio se deparam e
torna-se uma preocupação constante: a falta de compreensão de conceitos matemáticos vistos no
ensino fundamental e que perduram durante o ensino médio.

Esta situação é bem comum e necessita ser analisada, as dificuldades destes alunos
acabam sendo frequentemente ignoradas, por já terem passado do nível onde as mesmas
deveriam ter sido sanadas e também porque o professor tem um programa de conteúdos a
cumprir, em um tempo não tão favorável, fazendo com que ele não possa revisar todos estes
conceitos que deveriam ter sido aprendidos durante o ensino fundamental.

Pesquisas, que foram consultadas, ressaltam algumas concepções sobre estas


dificuldades, as quais surgem ainda na etapa do Ensino fundamental I, período em que
normalmente as crianças têm apenas um professor, o qual ensina todas as disciplinas. Sabe-se,
com base em estudos, que a formação dos professores que atuam no referido nível de ensino não
prepara o professor para atuar em todas as áreas, de modo que é compreensível que estes não
dominem todas os conteúdos das disciplinas ministradas. Segundo Loureiro (2014, p. 33):
Embora careça de uma investigação rigorosa, é possível levantar uma hipótese para a
deficiência dos alunos na aprendizagem da Matemática no Ensino Fundamental: a
dificuldade ou pouca habilidade do próprio professor unidocente em trabalhar com a
Matemática acaba sendo transferida aos alunos.

Dessa forma, as dúvidas surgidas ainda neste nível de ensino vão sendo empurradas para
os próximos, e no ensino médio estas dúvidas se multiplicam, pois para aprender os conteúdos
mais avançados seria necessário possuir uma boa base matemática do ensino fundamental.
Outro ponto relevante nessa discussão se refere as questões metodológicas. Compreende-
se que as metodologias utilizadas pelo professor são capazes de estimular ou desestimular o
estudante, dependendo da forma como é planejada e aplicada. De acordo com Carrijo e Santos
(2020, p. 155):

Compreende-se que o professor se torna motivador de seus alunos, contextualizando e


problematizando o interesse deles pela Matemática, para isso pode ser criativo, criar
condições para chamar a atenção e curiosidade do aluno, usando de metodologias mais
ativas, tais como uso da tecnologia e jogos que auxiliam na aprendizagem da
Matemática.
15

Porém, é importante ressaltar que há muitos problemas externos que podem dificultar o
trabalho do professor e, consequentemente, a aprendizagem do aluno. Loureiro (2014, p. 8)
destaca que:

De uma maneira geral as condições objetivas que encontramos para realizar um trabalho
de qualidade na escola pública não são lá das mais favoráveis: salas de aula lotadas (por
vezes 40, 50 alunos), salário muito abaixo daquilo que sabemos que merecemos,
ausência de um plano de cargos e salários que dê motivação para o professor continuar
estudando e progredindo na carreira, jornada de trabalho excessiva, tempo de
planejamento abaixo do necessário, entre outros.

Dessa forma, os professores muitas vezes não se sentem motivados ou em condições de


desempenhar seu papel de maneira eficaz. A maioria necessita trabalhar em mais de uma escola
para receber um salário digno, o deixando sem tempo de buscar a formação continuada
necessária, aprender a utilizar novos recursos e inseri-los em suas aulas ou até de planejar suas
aulas como deviam.
Em razão disso o professor acaba sempre utilizando o método tradicional com ênfase
excessiva ao cálculo, e, em algumas vezes reaproveitando materiais que já foram passados em
outras turmas de mesmo nível, o que vai tornando a aula monótona e desinteressante a vista dos
alunos. Na concepção de Fuzatto e Arias (2020, p. 92) “os métodos tradicionais de ensino ainda
possuem seu valor, sem dúvida; entretanto, em determinados conteúdos, é preciso inovar para
que os alunos percebam atentamente o ápice do tema em questão.”
Portanto, apesar das adversidades desta profissão, o docente que deseja realmente
ministrar aulas significativas e motivadoras para seus alunos precisa refletir sobre como pode
aperfeiçoar suas aulas e buscar alternativas que possam agregar ao ensino. Segundo Silva (2006,
p. 90), “o professor precisa de teoria para ensinar, não é possível ficar só no senso comum, ele
precisa se atualizar e discutir os problemas do seu dia a dia profissional.”
Sendo assim, é necessário refletir constantemente sobre os métodos de ensino utilizados,
trazendo o cotidiano dos alunos e do professor para as aulas de matemática e procurar se manter
atualizado, tentando ampliar o próprio conhecimento e trazendo contribuições para a educação.
Desse modo, a utilização de metodologias ativas torna-se uma alternativa plausível para
tentar evitar o uso de apenas métodos tradicionais, bem como despertar a curiosidade dos
discentes pela matemática. É interessante também relacionar os conteúdos matemáticos, sempre
que possível, com a realidade dos alunos, pois isto pode gerar entusiasmo e vontade de aprender,
o que seria o primeiro passo para construção de novos conhecimentos.
16

Em concordância com Silva (2006, p. 89), “os alunos não são todos iguais, nem tábula
rasa a ser preenchida. Eles adquirem conhecimentos através de suas vivências e experiências
dentro e fora da escola. Isso faz com que cada um lide de maneira diferente com conteúdos e
conceitos.” Dessa forma, os alunos podem compreender os conceitos matemáticos fazendo
relações com situações presentes no seu dia a dia e conhecimentos prévios utilizados por eles
nestas situações. Conforme Carrijo e Santos (2020, p. 157) “o ensino de Matemática torna-se
importante para o aluno na medida em que este consegue estabelecer conexões entre ela e seu
cotidiano.”
Agora falando sobre o papel do professor em propiciar estas conexões, Pacheco e Andreis
(2018, p. 108) apontam que “cabe ao professor criar situações práticas em que os alunos se
motivem e criem o gosto pela Matemática. Para isso, o professor deve ser altamente criativo e
cooperador, reunindo habilidades que estimulem os alunos a pensar, propiciando sua autonomia.”
Contudo, vale destacar que é necessário ser cuidadoso ao tentar contextualizar a
matemática e criar situações práticas, pois sem as análises e planejamentos devidos pode acabar
criando contextos sem sentido algum para o aluno, o que apenas faria aumentar o desinteresse
pela disciplina. Ainda conforme Pacheco e Andreis (2018, p. 108-109):

A falta de uma visão mais concreta sobre a Matemática faz com que os professores
utilizem situações irreais de contextualização. [...] Quando a Matemática não possui
aplicações do cotidiano, sua aplicação deve ser apresentada dentro da própria
Matemática, ou a partir de sua origem e o porquê de se estudar tal assunto.

A tecnologia digital também é uma metodologia ativa de grande valor no meio


educacional, principalmente no ensino para os jovens, já que eles convivem diariamente com
recursos tecnológicos, demonstrando curiosidade quando são desenvolvidas atividades
envolvendo estes recursos. De acordo com Fuzatto e Arias (2020, p. 95):

O uso da tecnologia pode proporcionar mudanças importantes no que se diz respeito à


aprendizagem dos alunos; as aulas ficam mais interessantes, surgem mais dúvidas e o
professor consegue cativar ainda mais seus alunos, sem abandonar o ensino tradicional.
No entanto, para que as mudanças sejam possíveis, é preciso uma formação continuada
por parte dos docentes.

Entretanto, esta inserção de novas tecnologias no ensino da matemática precisa ser bem
planejada pelo professor, assim como qualquer novo recurso que se for utilizar. É necessário
aprender suas funcionalidades e refletir sobre as vantagens e desvantagens, antes e depois de sua
aplicação.
17

Considerando tudo o que foi citado é possível ver que o professor dispõe de um leque de
possibilidades para utilizar outros métodos em suas aulas, além do tradicional. Porém, é preciso
buscar uma formação continuada, estudar sobre novos recursos e estar disposto a refletir
constantemente sobre sua atuação como professor a procura de melhorar o processo de ensino e
aprendizagem de seus alunos.

2.2 Prática docente por meio do Programa Residência Pedagógica

Como já foi mencionado anteriormente, tanto o questionário que foi aplicado com alunos
do ensino médio, quanto a intervenção prática realizada, foram feitos na Escola Estadual em
Tempo Integral José Augusto (EETIJA), por meio da atuação da discente no Programa
Residência Pedagógica. Portanto, neste tópico será relatado sobre a experiência vivida durante o
projeto, bem como, as contribuições trazidas para a formação da pesquisadora e para os alunos
atendidos.
Em outubro de 2020, iniciou-se as atividades do Programa Residência Pedagógica (PRP)
no curso de Matemática Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, campus
Caicó. De antemão, deve-se ressaltar que o projeto se desenvolveu a maior parte do tempo de
forma remota, por causa da pandemia de covid-19. No entanto, este fato também se tornou
importante para a prática docente da autora, pois, foi possível observar como os professores
precisam se reinventar e fazer adaptações na medida do que está acontecendo ao nosso redor.
Somente a partir de outubro de 2021 os residentes começaram a ministrar aulas
presencialmente, obviamente, seguindo todas as orientações dos protocolos de biossegurança da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Até este momento os participantes do projeto
haviam lecionado as aulas de modo remoto2, enfrentando os vários desafios trazidos por este
sistema, desde a pouca frequência e participação dos discentes ao trabalho estressante de forma
online.
Além de ministrar aulas e participar das reuniões, os residentes assistiram várias
formações, principalmente no início do projeto, as quais trouxeram conhecimentos
imprescindíveis, principalmente sobre ferramentas tecnológicas que podem ser utilizadas de
forma educativa. É importante ressaltar que estas ferramentas não apresentam relevância somente

2
Modelo de ensino emergencial adotado em escolas e universidades brasileiras.
18

nas aulas online, pois sabe-se que a tecnologia é algo presente na vida de todos, e, que crianças e
jovens são muito adeptos destas inovações. Portanto, entende-se que já está mais do que na hora
destas tecnologias fazerem parte da educação, em específico, da educação pública, de modo que o
distanciamento das mesmas pode tornar o ensino extremamente tradicional e desatualizado. Além
disso, a inserção de tecnologias seria uma maneira do ensino estar mais próximo do cotidiano dos
estudantes.
No tocante as aulas lecionadas, no segundo módulo do projeto, a preceptora3, Maria
Deusa de Araújo, observou a falta de compreensão dos alunos em conteúdos basilares. Isto estava
afetando as aulas, pois para avançar nos conteúdos do ensino médio necessita-se ter aprendido
assuntos como: operações com números decimais, frações, potenciação, radiciação e equações
do 1º e 2º grau.
Em razão disso, a professora solicitou aos residentes que fossem ministradas aulas com
estes conteúdos no turno vespertino e cada dupla de residentes ficaria responsável pela turma a
qual já estava acompanhando. No caso da pesquisadora, foi a 1ª série “A”, atuando juntamente
com o residente Jarlyson César Silva Pereira4. Apesar de ter obtido uma baixa frequência dos
discentes, estas aulas foram extremamente interessantes para os residentes, pois eles tiveram
que lecionar em outro cenário, o sistema remoto, fazendo com que realizassem pesquisas
sobre novas estratégias de ensino que pudessem garantir o aprendizado do aluno. Além disso,
tiveram um bom retorno dos alunos que assistiram as revisões, já que a preceptora notou uma
melhora no aprendizado deles.
Ao longo destas aulas procurou-se trazer recursos que chamassem a atenção dos
alunos, por exemplo a Plataforma Kahoot e o Google Forms, e apresentou-se os conteúdos
com slides interativos, que eram disponibilizados para os alunos após as aulas, tentando fazer
com que eles interagissem, respondessem perguntas, para que assim eles conseguissem
deduzir as respostas e alcançar a compreensão.
Já no terceiro módulo5 a pesquisadora e sua dupla no projeto, Jarlyson, foram
designados a acompanhar as atividades da turma da 2ª série “B”, nesta etapa começaram a

3
Professora supervisora do Programa Residência Pedagógica que atua na Escola Estadual de Tempo Integral José
Augusto.
4
Aluno da Licenciatura em Matemática – CERES/ Caicó – RN, bolsista do Programa Residência Pedagógica.
5
Vale destacar que para o presente edital, o qual está em desenvolvimento, as atividades foram divididas em três
módulos. Sendo o primeiro de outubro de 2020 a março de 2021, o segundo de abril de 2021 a setembro de 2021, e o
terceiro de outubro de 2021 a março de 2022.
19

ministrar aulas presencialmente. Esta volta às aulas presenciais foi extremamente importante
para o desenvolvimento do projeto, visto que, até esta data haviam ministrado aulas
remotamente e sentiam falta da interação que as aulas presenciais proporcionam. Entre as
aulas presenciais ministradas destaca-se a do dia 22 de novembro de 2021, pois foi notável a
interação dos alunos e o aprendizado gerado. Esta aula trata-se da intervenção prática realizada
a qual será relatada posteriormente.

O conjunto destas experiências está formando aos poucos os profissionais que estes
discentes serão um dia e tem-se plena convicção que estes profissionais estarão sempre em
construção, pois assim é o professor, alguém que necessita se reinventar e se adaptar a novos
cenários, sempre em busca de conhecimento e de como transmitir o que aprende.

Cumpre lembrar que, além das atividades de ensino o Programa possibilita realizar
pesquisa, participar e apresentar trabalhos em eventos. O que no caso da autora aconteceu em
dois momentos: I Seminário PIBID/PRP do Nordeste e no Encontro Integrado dos Programas
de Ensino da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, além da publicação dos textos
nos anais dos dois eventos. Sendo os anais do I Seminário Pibid/PRP do Nordeste no formato
de e-book. A apresentação dos artigos: Dificuldades de aprendizagem em matemática: uma
análise por meio das vivências no programa residência pedagógica e Contribuições das aulas
de revisão: um exemplo com conteúdos matemáticos do ensino fundamental para alunos do
ensino médio possibilitou discutir com outros pesquisadores sobre as dificuldades dos
estudantes em conteúdos da disciplina de matemática, o que veio a contribuir com a escrita do
texto.
Tendo em vista o que foi citado, o Programa Residência Pedagógica prepara os
residentes para ser não somente bons profissionais da educação, mas sim professores
pesquisadores, que estarão sempre em busca de novos métodos que possam auxiliar para uma
melhor educação.
Obviamente, o fato de boa parte do projeto ter se desenvolvido remotamente trouxe
muitas adversidades, porém, sabe-se que a vida do professor nunca foi fácil. Esta é uma
profissão que exige muita dedicação e disposição para aprender e inovar, portanto, é
importante presenciar e sentir na pele desde já os vários obstáculos que estes profissionais
enfrentam: aluno sem interesse pela aula, reclamações, cobranças de resultados, falta de
preparo para situações novas, escassez de tempo, entre outros aspectos que impactam no
20

processo de ensino e de aprendizagem. Dessa forma, mesmo durante esse momento incomum,
o projeto trouxe significativas contribuições a formação docente dos participantes.
Sendo assim, os graduandos em Matemática Licenciatura, futuros professores,
precisam conhecer a quantidade de problemas que serão enfrentados, mas, saber que apesar de
tudo, ser professor é uma das profissões mais admiráveis que se pode existir, um profissional
que enfrenta inúmeras dificuldades em benefício do aprendizado de seus alunos.
21

3 METODOLOGIA: DISCURSO DOS ALUNOS E INTERVENÇÃO PRÁTICA

Esse estudo se insere nas concepções de pesquisa qualitativa, que conforme Garnica
(2004) é um meio fluído, dinâmico, que não apresenta regras e resultados pré-estabelecidos. O
autor defende que o pesquisador não é neutro ao realizar suas compreensões e conclusões. “A não
neutralidade do pesquisador que, no processo interpretativo, vale-se de suas perspectivas e filtros
vivenciais prévios dos quais não consegue se desvencilhar” (GARNICA, 2004, p.86).
Desse modo, este estudo é descritivo e explicativo. Concorda-se com Gil (2002, p. 42)
quando este define uma pesquisa explicativa:

Essas pesquisas têm como preocupação central identificar os fatores que determinam ou
que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Esse é o tipo de pesquisa que mais
aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas.

Assim, o presente estudo se caracteriza como explicativo porque pretendeu estudar os


motivos pelos quais os alunos do ensino médio apresentam tantas dificuldades na disciplina de
matemática e como bibliográfico pois foram consultados artigos, livros e dissertações de
mestrado relacionados a temática em questão para fundamentar as opiniões da pesquisadora.
Nesse sentido, a metodologia utilizada para desenvolver esta pesquisa, se deu por meio
dos questionários que foram aplicados com os alunos do ensino médio da Escola Estadual em
Tempo Integral José Augusto (EETIJA), e, da intervenção prática ao longo do ano letivo de 2021
na referida instituição de ensino.
Vale destacar que a escolha da instituição de ensino na qual foram aplicados os
questionários se deu pelo fato de a pesquisadora atuar lá como participante do Programa
Residência Pedagógica, o que facilitou a aplicação e todo o desenvolvimento do estudo.
A EETIJA é uma escola de Ensino Médio e está localizada na Rua Zeco Diniz, 194,
Bairro Penedo, na cidade de Caicó/RN, com uma área construída em torno de 15.000 m2, ou seja,
possui um amplo espaço físico, dispondo de rampas de acesso e banheiros adaptados para o
atendimento da pessoa com deficiência física ou mobilidade reduzida. Toda esta área permite que
seja criado um espaço para o desenvolvimento de ações pedagógicas, laborais, administrativas e
de gestão. A estrutura da escola dispõe de sala de cinema, biblioteca, auditório, laboratório de
informática, laboratório de biologia, laboratório de física, laboratório de química, quadra
poliesportiva e sala de recursos multifuncionais, além das muitas salas de aula, banheiros, sala da
22

direção e da vice direção, sala dos professores, secretaria, sala de depósito e coordenação
pedagógica.
Sobre os alunos atendidos pelo Programa Residência Pedagógica, nas aulas online notava-
se dificuldades em participar das aulas, a maioria não possuía internet de qualidade, o que muitas
vezes os impedia de assistir as aulas completas e com devida atenção. Outro problema é que por
eles estarem em casa não havia um local adequado para estudar, e qualquer coisa poderia causar
distração, além disso, alguns precisavam desempenhar outras atividades enquanto assistiam as
aulas, como tarefas domésticas. Considerando estes fatores, foi criado um grupo do WhatsApp,
onde os residentes se mantinham disponíveis em outros horários para que quando os alunos
tivessem tempo de olhar os materiais das aulas disponibilizados, pudessem entrar em contato para
tirar dúvidas.
É fato que a interação se tornou mais fácil com a volta as aulas presenciais, porém
observa-se que os alunos, em sua maioria, não são muito participativos em aulas de exercícios,
por exemplo, já em aulas que envolvem dinâmicas, jogos, ou outras metodologias que necessitam
da participação ativa deles, há uma maior motivação para interagir e aprender.
Agora tratando sobre os questionários aplicados com os alunos da EETIJA, deve-se
ressaltar que o questionário foi elaborado no Google Forms, que se trata de uma ferramenta onde
se pode criar formulários e enviá-los por meio de um link. Desse modo, à medida que os alunos
da EETIJA foram respondendo, a pesquisadora pôde ter acesso a suas respostas
instantaneamente. Além disso, o próprio site já gera gráficos de acordo com as respostas
fornecidas pelos discentes, o que facilita a análise dos dados.
No momento da elaboração das questões, foi decidido quais seriam de múltipla escolha e
quais seriam abertas, tendo em vista o tipo de pergunta. Infelizmente, apenas 50 dos 164 alunos
do ensino médio da escola se disponibilizaram a participar do estudo. Este processo ocorreu em
um período de três semanas, onde em duas semanas apenas dezesseis alunos haviam respondido,
por isto, foi preciso entrar em contato com os alunos individualmente para atingir os 50
questionários respondidos6.
A seguir apresenta-se uma tabela com a quantidade de alunos, por turma, atendidos na
escola:

6
Em nossa compreensão trazia uma visão melhor da percepção dos alunos sobre a temática em discussão:
dificuldades de aprendizagem em matemática.
23

Tabela 1: Quantidade de alunos em cada turma da EETIJA

Turma Quantidade de alunos


1ª série 38
2ª série “A” 28
2ª série “B” 23
3ª série “A” 25
3ª série “B” 25
3ª série Técnico 25
Total de alunos nas três séries: 1ª; 2ª e 3ª. 164

Fonte: Dados elaborados pela pesquisadora por meio do word.

Em seguida serão analisados os dados de acordo com as respostas fornecidas ao


questionário e as concepções da pesquisadora com base na fundamentação teórica consultada.
Também será tratado sobre algumas possíveis alternativas que os professores podem tentar para
amenizar estas dificuldades e auxiliar no processo de aprendizagem dos alunos. Neste sentido,
será discutido sobre outras metodologias que podem ser utilizadas no ensino da matemática, que
tão comumente é vista apenas de forma tradicional, onde o professor é o detentor do saber, o qual
ele transmite para os alunos e os mesmos apenas escutam, ao invés de serem agentes ativos em
seu próprio aprendizado.
Portanto, levando em consideração o que foi evidenciado, considera-se importante
analisar estas dificuldades matemáticas por parte dos alunos do ensino médio também de acordo
com a visão deles.
24

4 ANÁLISES DOS DADOS CONTRUÍDOS E DISCUSSÕES

Nesta seção será discutido sobre as respostas dadas pelos alunos por meio da análise dos
questionários e com base no referencial teórico que fundamenta esta pesquisa. O modelo do
questionário que foi enviado para os alunos do ensino médio da instituição já citada está
disponível no Apêndice A deste trabalho. Foi composto por 10 questões, sendo dividido da
seguinte forma: as três primeiras questões tratam dos dados de identificação dos alunos, e, as
outras sete se referem as perguntas sobre as opiniões deles em relação a matemática, o nível de
aprendizagem ou dificuldade, o motivo das dificuldades e o que eles mudariam nas aulas deste
componente curricular.
A primeira pergunta identifica a turma do ensino médio a qual o aluno pertence, tendo
respondido 15 alunos da 1ª série, 22 alunos da 2ª série e 13 alunos da 3ª série, respectivamente,
equivalente a 30%, 44% e 26% do total de estudantes que responderam ao questionário (Gráfico
1).

Gráfico 1: Turma a qual os alunos que responderam ao questionário pertencem

Fonte: Dados elaborados pela pesquisadora por meio do Google Forms.

Compreende-se, com base nos dados analisados, que o maior número de alunos
envolvidos com a pesquisa, e que se disponibilizaram a responder o questionário foram os da
segunda série em virtude da pesquisadora atuar enquanto bolsista do Programa Residência
25

Pedagógica na referida série, de modo que os alunos tem mais proximidade, participam das aulas
e se sentem confortáveis para expor suas opiniões.
A segunda questão, trata da idade dos envolvidos, assim, a pergunta foi: qual a idade dos
alunos, obtendo os seguintes dados: três deles com 15 anos; dezesseis alunos estavam com 16
anos, dezoito têm 17 anos, doze alunos possuem 18 anos e um aluno tem 19 anos. A seguir são
apresentados esses dados por meio de uma tabela.

Tabela 2: Distribuição de alunos por idade

Idade Alunos (as)


15 anos 03 alunos/as
16 anos 16 alunos/as
17 anos 18 alunos/as
18 anos 12 alunos/as
19 anos 01 aluno/a

Fonte: Dados elaborados pela pesquisadora por meio do word.

É possível observar que se tem alunos que vão desde os 15 anos até os 19 anos. Podendo
ser os mais novos que estão cursando as primeiras séries do ensino médio e os mais velhos
cursando as terceiras séries, ou seja, concluindo a educação básica. Porém, não é plausível
afirmar com certeza, tendo em vista que não foram atreladas a série a idade, são repostas
separadas.
No que se refere a terceira pergunta, esta indaga sobre o gênero dos estudantes, sendo 22
alunos do sexo masculino, 25 do sexo feminino, 2 pessoas marcaram a opção “prefiro não dizer”
e 1 pessoa não respondeu (Gráfico 2).
26

Gráfico 2: Organização dos alunos por gênero

Fonte: Dados elaborados pela pesquisadora por meio do Google Forms

A quarta pergunta se relaciona as questões educativas, a formação do/da estudante,


assim, questiona-se se este já foi reprovado em alguma disciplina e se a resposta fosse sim,
indicasse qual disciplina reprovou. Neste questionamento, 3 pessoas (6%) não responderam, 34
(68%) afirmaram nunca terem reprovado e 13 (26%) já foram reprovadas.
Dos alunos que já reprovaram, um não identificou em qual disciplina ocorreu a
reprovação. Desse modo, artes, inglês, física e português tem uma reprovação em cada área de
conhecimento. Somente em matemática quatro alunos foram reprovados. No entanto, tem-se um
aluno que foi reprovado em matemática e português, dois alunos foram reprovados em
matemática e ciências e um aluno foi reprovado em matemática e física.
A partir destas respostas, já pode-se perceber que o índice de reprovação na disciplina de
matemática é maior do que nas outras disciplinas, pois dos 12 alunos que responderam em quais
componentes curriculares haviam reprovado, oito reprovações foram em matemática (observa-se
que houveram alunos que reprovaram em mais de uma disciplina). Além disso, física e química,
que também são da área de exatas, aparecem como segunda e terceira disciplina com maior
índice de reprovação.
A quinta questão é sobre a disciplina que os alunos mais gostam, obtendo o seguinte
resultado: física; filosofia; química e português possuem um voto cada uma; artes tem 2 votos;
27

matemática e espanhol tiveram três alunos que ressaltaram gostar mais dessas disciplinas; inglês
ficou com 4 votos, história e educação física obtiveram 10 votos; geografia apareceu com 6
votos; 8 alunos escolheram biologia e sociologia não teve nenhum voto (Tabela 3).

Tabela 3: Disciplina que os alunos mais gostam

Disciplina Número de votos


Português 01
Matemática 03
Biologia 08
História 10
Geografia 06
Física 01
Química 01
Arte 02
Educação Física 10
Inglês 04
Espanhol 03
Filosofia 01
Sociologia Nenhum aluno

Fonte: Dados elaborados pela pesquisadora por meio do word

A sexta pergunta questiona sobre qual disciplina os alunos sentem mais dificuldade na
escola. Como pode ser visto na tabela a seguir, 26 alunos responderam que sentem mais
dificuldade em matemática, 10 em física, 8 em química, 5 em português e 1 em espanhol.

Tabela 4: Distribuição das disciplinas que os alunos mais sentem dificuldade

Disciplina Número de alunos que afirmam ter mais dificuldade


Matemática 26 alunos
Física 10 alunos
Química 08 alunos
Português 05 alunos
Espanhol 01 aluno

Fonte: Dados elaborados pela pesquisadora por meio do word.


28

É notável a quantidade de alunos que consideram sentir mais dificuldade na disciplina de


matemática, mais da metade das respostas afirma isso. Novamente, química e física são as duas
outras áreas de conhecimento nas quais os alunos apontam sentirem mais dificuldade. Dados
como esses, infelizmente, reforçam o estereótipo de que poucos conseguem entender a
matemática, bem como, outras disciplinas que envolvem cálculos. Em vista disso, é preciso
estudar os motivos pelos quais os alunos consideram essa disciplina tão difícil.
Na busca por respostas a pergunta de pesquisa, e com base em nos objetivos dou estudo,
optou-se por elaborar uma questão sobre o processo de avaliação. Assim, a sétima questão trata
de como os alunos compreendem o processo de ensino-aprendizagem em matemática, buscou-se
por meio da questão entender como o aluno interpreta a sua aprendizagem, ou seja, como ele se
autoavalia. Assim sendo, vale destacar que 26 alunos (52%) apontaram sentir um pouco de
dificuldade na disciplina, 19 (38%) disseram ter muita dificuldade, apenas 5 (10%) marcaram a
opção de possuir facilidade em matemática e nenhum aluno diz ter muita facilidade nesta área de
conhecimento (Gráfico 3).

Gráfico 3: Autoavaliação da aprendizagem matemática

Fonte: Dados elaborados pela pesquisadora por meio do Google Forms

Em concordância com Carrijo e Santos (2020, p. 158):

A concepção de que a Matemática é uma disciplina desagradável é consequência, de um


ensino descontextualizado, inflexível e imutável, em que os alunos não são convidados a
29

apresentar suas estratégias, a pesquisar ou expor ideias. O aluno é, muitas vezes, um


mero expectador e não um sujeito participante, sendo a maior preocupação dos
professores cumprir o programa.

Compreende-se por meio das falas dos alunos participantes do estudo e das pesquisas
consultadas que parte das dificuldades na disciplina de matemática está atrelado as questões
metodológicas.
A oitava pergunta questiona em quais conteúdos matemáticos os alunos sentem mais
dificuldade, tendo quatro opções para marcar: Números e operações (conjuntos, operações,
porcentagem, juros, análise combinatória, equações, Progressão Aritmética, Progressão
Geométrica, chances e possibilidades.); Geometria, grandezas e medidas; Estatística e
probabilidade e Álgebra e funções. Vale ressaltar que os alunos podiam marcar mais de uma
opção (Veja a Tabela 5).

Tabela 5: Conteúdos matemáticos nos quais os alunos apresentam mais dificuldades

Conteúdos Matemáticos Número de votos


Números e operações 34
Geometria, grandezas e medidas 26
Estatística e probabilidade 20
Álgebra e funções 26

Fonte: Dados elaborados pela pesquisadora por meio do word

Como pode se ver na tabela a primeira opção teve 34 votos, a segunda ficou com 26
votos, a terceira com 20 votos e a última obteve 26 votos. É importante destacar que apenas 18
alunos escolheram somente 1 opção, ou seja, a maioria marcou mais de uma alternativa,
inclusive 11 alunos marcaram todas as opções.
Estas respostas refletem o quanto os alunos do ensino médio sentem dificuldades nos
conteúdos matemáticos, mesmo que muitos sejam vistos ainda no ensino fundamental, anos
finais. Estas dúvidas e até um certo receio da matemática continua persistindo, e aumentando,
conforme o nível de ensino avança. De acordo com Silva (2006, p. 104):

Analisar os erros cometidos pelo aluno pode contribuir para a reconstrução de conceitos
mal estruturados, não se deve utilizar o erro como elemento responsável pelo saber
matemático do aluno. É preciso analisá-lo e usá-lo como ponte para esta reconstrução.
Usá-lo como uma estratégia de ensino, e não como um quantificador do conhecimento.
30

A penúltima questão é sobre a opinião dos alunos sobre as causas das dificuldades
apresentadas na disciplina de matemática. Segundo Carrijo e Santos (2020, p. 155-156)
“conhecer essas dificuldades possibilitará aos professores de matemática, condições de melhor
analisar o desempenho de seus alunos a fim de propor alternativas para melhor conduzir o
trabalho pedagógico com eles.”
Durante a elaboração do questionário foram colocadas 5 alternativas: a disciplina é
muito difícil; há muitas fórmulas e regras; falta de compreensão nos conteúdos do ensino
fundamental; pouco entendimento nos enunciados dos problemas matemáticos e falta de
relação dos conteúdos matemáticos com o cotidiano dos alunos. Além disso, havia a opção
“Outros”, onde os alunos poderiam acrescentar outros motivos pelos quais eles acreditam
haver tantas dificuldades nesta disciplina e, como na questão anterior, também poderiam
marcar mais de uma opção. As respostas podem ser vistas na tabela a seguir:

Tabela 6: Causas das dificuldades apresentadas na matemática

Causas Número de votos Porcentagem


A disciplina é muito difícil 17 34,7%
Há muitas fórmulas e regras 30 61,2%
Falta de compreensão nos conteúdos do ensino fundamental 21 42,9%
Pouco entendimento nos enunciados dos problemas matemáticos 24 49%
Falta de relação dos conteúdos matemáticos com o cotidiano dos alunos 16 32,7%

Fonte: Dados elaborados pela pesquisadora por meio do word.

Foram obtidas 49 respostas, apenas 10 alunos marcaram somente 1 opção, ou seja, a


maioria marcou mais de uma alternativa como na questão 8. Quatro alunos também marcaram a
opção “Outros”, um não identificou qual seria esse outro motivo e os outros três discentes
acrescentaram opiniões relacionadas a metodologia utilizada em sala de aula.
Note que a terceira opção, obteve o maior número de votos, ou seja, a maioria dos
alunos considera que uma das principais causas pelas quais tantas dificuldades são apresentadas
nos conteúdos matemáticos é a presença de tantas fórmulas e regras. Conforme Silva (2006, p.
96), “regras sem significado levam a erros e contribuem para uma formação Matemática sem
sentido e sem aplicabilidade. E esse erro é prejudicial a todo o desenvolvimento do aluno e do
pensamento matemático que está sendo formado”.
31

Portanto, é necessário incluir durante as aulas, explicações sobre as fórmulas utilizadas.


Pode-se utilizar a história da matemática, a qual trata-se de uma das tendências metodológicas da
Educação Matemática, explicitando o contexto em que foram estudados e desenvolvidos cada
conceito e fórmula, e, também, mostrar como isso contribuiu para avanços tecnológicos ou
melhorar a vida humana. A partir disso as fórmulas e regras matemáticas poderão passar a fazer
mais sentido para os alunos.
A décima e última pergunta questiona aos alunos o que eles mudariam nas aulas de
matemática que poderia melhorar a aprendizagem. Foram obtidas 34 respostas:
a) cinco alunos disseram que não mudariam nada;
b) um aluno respondeu que não saberia o que mudar;
c) outro aluno apontou que muitas vezes as dúvidas dos alunos acontecem devido à falta de
atenção deles;
d) um aluno citou o tempo e os conteúdos que foram perdidos durante a pandemia;
e) outro aluno afirmou que não importa o que mude na disciplina, ele sempre terá
dificuldade;
f) dois alunos argumentaram que cada um tem facilidade ou dificuldade em uma
determinada área e o restante das respostas estão relacionadas com a metodologia
utilizada em sala de aula.
Veja que tanto nas respostas da questão 9 como na questão 10, a metodologia do
professor é apontada como um dos motivos que dificulta a disciplina e que necessita melhorar
para facilitar a aprendizagem dos alunos.
Observa-se que nesta última questão os alunos apontaram vários problemas referentes as
dificuldades em matemática. Entre estes a necessidade de promover aulas mais práticas e
dinâmicas, saindo do tradicional. A exemplo, apontam a utilização de jogos como forma de
ensino e estabelecer um diálogo que possa melhorar a relação entre professor e aluno.
Já com relação a apresentação dos conteúdos matemáticos, os discentes sugerem uma
maior organização, sugestões de vídeo aulas para eles revisarem em casa, e que a explicação do
professor seja simples e apresente preocupação se todos realmente entenderam. Ainda houve
algumas opiniões sobre os exercícios e atividades que são passadas diariamente na disciplina,
como o uso de mais questões de lógica, revisões, facilitar o enunciado das questões, menos
atividades para casa e mais trabalhos em grupo para que eles possam transmitir os
32

conhecimentos uns com os outros, e, ainda incentivar o aluno a resolver questões no quadro
com o auxílio do professor.
Com base no que foi sugerido, o próximo tópico será destinado a falar sobre uma
intervenção prática feita pela pesquisadora envolvendo outras metodologias de ensino durante
a aula que podem ser utilizadas em busca de melhorar o aprendizado dos alunos e fazê-los
compreender verdadeiramente a importância e aplicabilidade matemática.
33

5 INTERVENÇÃO PRÁTICA:

Como já foi citado anteriormente, a pesquisadora participa do Programa Residência


Pedagógica, atuando na Escola Estadual em Tempo Integral José Augusto (EETIJA). A turma do
ensino médio na qual estava desenvolvendo suas funções era a 2ª série B e atuava juntamente
com o residente Jarlyson, estudante da Licenciatura em Matemática. Levando em consideração
todas as sugestões dadas pelos alunos, através das respostas ao questionário, foi preparada uma
atividade sobre matrizes, conteúdo que estava sendo visto pelos estudantes matriculados na turma
supracitada.
Esta atividade foi aplicada no dia 22 de novembro de 2021 e buscou englobar o máximo
de estratégias sugeridas pelos alunos, por isso foi feita como uma revisão, com 6 questões e cada
questão envolvia metodologias diferentes. O modelo desta revisão consta no Apêndice B deste
trabalho. A seguir será falado sobre o método utilizado em cada pergunta, bem como, a forma
como os alunos interagiram diante da metodologia utilizada.
A primeira questão se tratava de uma dinâmica onde os alunos deveriam imaginar que
cada um deles era um elemento de uma matriz e, assim deviam se alinhar dependendo do modo
que a residente pediria. Dessa forma foi possível introduzir conceitos como os vários tipos de
matrizes e a quantidade de linhas e colunas de uma matriz através de uma dinâmica onde os
alunos participaram de modo efetivo.
Entende-se que o modo como foi proposta a atividade possa ter facilitado a compreensão
das definições e melhorado a percepção do significado dos índices na localização dos elementos
de uma matriz, o que muitas vezes lhes parecem tão abstratos. Segundo Silva (2006, p. 176),
“talvez muitos dos erros que os alunos cometem devem-se aos conceitos sem significado,
descontextualizados. São dadas regras para somar, multiplicar, dividir e muitos exercícios para
“fixar a aprendizagem”.”
Uma das solicitações feitas foi que os alunos formassem uma matriz coluna com oito
linhas, assim eles tiveram que fazer uma fila com 8 alunos, alinhados um atrás do outro. A
Imagem 1 mostra o momento em que eles estavam se organizando:
34

Imagem 1: Alunos se alinhando para formar uma matriz do tipo 8x1

Fonte: Dados produzidos pela pesquisadora.

Na segunda questão continuou-se com a dinâmica, porém envolvendo a definição de


matriz nula e identidade perguntando-lhes quais seriam os valores de cada elemento se eles
estivessem formando estes tipos de matrizes. Tanto na primeira questão quanto na segunda eles
mostraram que estavam dominando os conceitos e as dúvidas que surgiram foram explicadas com
o auxílio dos residentes, mantendo-se sempre o diálogo entre os colegas.
Na terceira questão foi pedido que formassem matrizes iguais: duas matrizes com mesmo
tipo e elementos correspondentes iguais. Para isso, o conceito foi trabalhado da seguinte forma:
após a formação de matrizes de mesmo tipo, no caso 2x2, ou seja, 2 linhas e 2 colunas,
questionou-se, hipoteticamente, a um dos alunos representantes da “matriz A”, qual número ele
seria e depois aos alunos representantes da “matriz B”, quem seria o elemento correspondente de
mesmo valor. Ou seja, se o aluno da “matriz A” que estava na primeira linha e segunda coluna
escolhesse o número 3, necessariamente o aluno que estava na primeira linha e segunda coluna da
“matriz B”, também seria 3.
Agora, a quarta e quinta questão envolviam trabalho em grupo, a sala foi dividida em dois
grupos, um com 4 pessoas e o outro com 5 pessoas. O grupo de 5 pessoas ficou responsável por
35

responder à questão 4 no quadro com o auxílio do residente Jarlyson e o grupo de 4 pessoas


respondeu à questão 5 acompanhados pela pesquisadora. A questão 4 envolvia adição de matrizes
e matriz oposta, enquanto a questão 5 era sobre subtração de matrizes e multiplicação de uma
matriz por uma constante. A figura a seguir mostra os alunos resolvendo as questões no quadro e
o colega residente auxiliando um dos grupos:

Imagem 2: Alunos resolvendo questões no quadro

Fonte: Dados produzidos pela pesquisadora

Ambos os grupos foram bem-sucedidos nas resoluções, inclusive alguns alunos ficaram
tão entusiasmados com a metodologia que resolveram até mais do que foi pedido, fazendo
também outras operações com matrizes.
Para finalizar, havia uma questão que mostrava a aplicabilidade do conteúdo no dia a dia e
foi construída uma tabela de notas no quadro com a participação dos alunos. Depois disso
utilizou-se estas notas para construir uma matriz.
36

Também foi encaminhada uma videoaula sobre todos os conceitos utilizados na atividade
de revisão para que os alunos pudessem assistir e estudar em outros horários, reforçando o que foi
aprendido. O link desta videoaula consta nas referências bibliográficas.
Por meio dessa experiência pode-se notar que é possível utilizar outras metodologias na
disciplina de matemática e gerar aprendizado de forma eficaz. Percebe-se que os alunos se
sentiram instigados em participar da atividade e conseguiram compreender o conteúdo em
questão de uma forma mais divertida e atrativa. Dessa forma, a intervenção realizada se encaixa
nas concepções das metodologias ativas. Monteiro e Gomes (2020, p. 16) apontam que estas
metodologias “trazem para o ambiente escolar uma maior interatividade entre os alunos, melhora
a comunicação deles com o professor, este deixa de ser o centro da aula e passa a mediar o
conhecimento.”
Vale destacar que esta atividade foi desenvolvida no primeiro horário do turno vespertino e
no segundo horário a professora preceptora, Maria Deusa, ensinou multiplicação de matrizes e
aplicou uma atividade do livro com os alunos. Foi notável a diferença de participação entre as
duas atividades, já que boa parte da turma pareceu desestimulada em responder a atividade do
livro, enquanto na dinâmica estavam bem participativos.
Outro fator constatado foi as dificuldades em conteúdo do ensino fundamental ao tentarem
responder as questões. Embora tendo entendido o processo necessário para multiplicar matrizes,
os alunos se confundiam em conceitos básicos como: multiplicação por 0 e regra de sinais. Isto
mostra que muitas vezes os alunos tendem a errar mesmo quando aprenderam o processo para
responder questões sobre determinado conteúdo, justamente por não dominar assuntos vistos
anteriormente.
Sendo assim, as duas aulas foram de extrema importância para confirmar o que está sendo
discutido neste trabalho. O professor necessita rever sua metodologia de ensino, estar em
constante formação, buscando atualizações sobre a educação matemática e precisa-se analisar
estes problemas apresentados pelos alunos do ensino médio em assuntos do ensino fundamental,
pois isto pode prejudicar imensamente a aprendizagem.
37

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando todos os fatores e opiniões expostas, pode-se ver que a metodologia


utilizada pelos professores em sala de aula pode afetar positivamente ou negativamente o
aprendizado do aluno. Segundo Silva (2006, p. 77), “a aprendizagem está associada com a
vontade, com o querer, com o buscar, e com a necessidade de esforço, sendo também necessária
toda uma infraestrutura que dê condições para que isto ocorra.”
Portanto, faz parte do papel do professor buscar meios que possam despertar no aluno a
vontade de aprender matemática. Aqueles profissionais que continuam insistindo continuamente
apenas no método tradicional, com aulas expositivas e inúmeras listas de exercícios, sendo o
professor um transmissor do saber e o aluno um mero receptor, estão desatualizados. Conforme
Carrijo e Santos (2020, p. 161):

O que deve ser abandonado no ensino da matemática é a ênfase em dominar regras e


fórmulas. O aluno deve ser instigado a valorizar também o método indutivo; a análise
dos exercícios e problemas; a discussão das hipóteses para a resolução; o estudar
matemática pensando, não só aplicando regras e fórmulas.

É necessário dialogar mais com os alunos, deixá-los fazerem suas próprias observações
diante das aulas, relacionar situações matemáticas com o próprio cotidiano, isto faz com que os
alunos tenham uma nova visão diante da disciplina. De acordo com Silva (2006, p. 92):

A aprendizagem significativa, independente do tipo de aprendizagem que se utiliza em


sala de aula, é o objetivo de uma grande parte dos professores. Para tanto, os professores
precisam de aprimoramento, de formação continuada e de metodologias que possam
auxiliar no alcance desse objetivo. Desta forma, as mudanças podem ser implantadas,
trazendo como consequência um ensino melhor.

No entanto, é interessante lembrar que o professor não é o único responsável pelo


interesse dos alunos pelo componente curricular, além de outros fatores externos, os estudantes
também necessitam estar dispostos a estudar, participar ativamente das aulas, procurar entender e
tirar suas dúvidas.
Além disso, o docente muitas vezes nem disponibiliza de um tempo hábil para procurar
uma formação continuada, necessária para aprender sobre novas metodologias. A maioria destes
profissionais não consegue manter uma vida digna trabalhando em apenas uma escola, ficando
sobrecarregado e desestimulado. Sendo assim, o ideal seria que o professor tivesse acesso a
melhores condições de trabalho, um salário aceitável, boa infraestrutura nas escolas onde eles
38

exercem suas funções e tempo para poderem buscar novos métodos de ensino e preparar suas
aulas de forma eficiente.
Outro problema já citado e bastante comum são as dificuldades dos alunos do ensino
médio em conteúdos do ensino fundamental. Dessa forma, seria relevante analisar como o ensino
da matemática está ocorrendo neste nível de ensino mais baixo, para haver tantas dúvidas por
parte dos alunos que chegam ao ensino médio, muitos apresentando problemas de aprendizagem
em assuntos dos anos iniciais do ensino fundamental.
Neste caso, aponta-se a necessidade dos professores unidocentes, responsáveis por
ministrar todas as disciplinas para os alunos de 1º ano a 5º ano do ensino fundamental, estarem
mais bem preparados, já que fornecer um professor para cada disciplina neste nível de ensino
aumentaria bastante os gastos com a educação. Loureiro (2008, p. 53) sugere que “sejam
realizadas formações nas quais os unidocentes recebam treinamento de professores especialistas
de Matemática sobre novos recursos e metodologias de ensino para o trabalho no Ensino
Fundamental.”
Sendo assim, levando em consideração a fundamentação teórica deste estudo, as
experiências em sala de aula da pesquisadora e as opiniões dadas pelos alunos através do
questionário, tem-se que é de suma importância haver um maior diálogo entre o professor e o
aluno, analisar os erros e acertos de ambos para assim tentar melhorar o processo de ensino e
aprendizagem matemática. Também é imprescindível analisar o déficit em assuntos do ensino
fundamental, pois isto se torna uma das fontes de problemas apresentados pelos alunos do ensino
médio com a matemática.
39

7 REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Estado da Educação, da Cultura, do Esporte


e do Lazer do Rio Grande do Norte. Plano Político Pedagógico, Caicó, RN, 2019.

CARRIJO, Fátima Araújo; SANTOS, Elton Castro Rodrigues dos. Refletindo acerca das
dificuldades de aprendizagem em matemática. Revista Scientific Magazine, Ano: XIX, nº 125,
p. 149-165, São Paulo, 2020. Acesso em 13 de janeiro de 2022.

DICASDEMAT Sandro Curió. Aprenda Matriz Rápido I Matrizes. Youtube, 04 jun. 2019.
Disponível em: <Aprenda Matriz Rápido I Matrizes - YouTube>. Acesso em 19 de novembro de
2021.

FIORENTINI, D. A pesquisa e as práticas de formação de professores de matemática em


face das Políticas Públicas no Brasil. Boletim de Educação Matemática, v. 21, n. 29, p. 43-70,
2008.

FUZATTO, Licia; ARIAS, Alexandre Peres. A importância da tecnologia para fins educativos
matemáticos no Ensino Médio. Caderno Intersaberes, v. 9, n. 22, 2020. Disponível em: <A
importância da tecnologia para fins educativos matemáticos no Ensino Médio | Caderno
Intersaberes (cadernosuninter.com)>. Acesso em 18 de julho de 2021.

GARNICA, A. V. M. História Oral e educação Matemática. In: BORBA, M. C.; ARAÚJO, J.


L. (Org.) Pesquisa Qualitativa em Educação Matemática. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

GIL, Antonio Carlos et al. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.
Acesso em 03 de setembro de 2021.

LOUREIRO, Vanilda. Dificuldades na aprendizagem da matemática: um estudo com alunos


do ensino médio. 2014. 59 f. Dissertação (Mestrado em Matemática) – Centro de Ciências
Exatas, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2014. Disponível em:
<UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (ufes.br)>. Acesso em 10 de julho de
2021.

MONTEIRO, Mayra Alves; GOMES, Thiago Simão. As contribuições das tecnologias


educacionais no aprendizado das habilidades matemáticas defasadas no ensino
fundamental II. In: SOUZA, Liliane Pereira de. Pesquisas em Educação. 1ª ed. Mato Grosso
do Sul: Inovar, 2020, p. 10-17. Disponível em: < Livro PESQUISAS EM EDUCAÇÃO-51.pdf
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PACHECO, Marina Buzin; ANDREIS, Greice da Silva Lorenzzetti. Causas das dificuldades de
aprendizagem em Matemática: percepção de professores e estudantes do 3º ano do Ensino
Médio. Revista Principia, João Pessoa, v. 38, p. 105-119, 2018. Disponível em: <Revista
Principia - Divulgação Científica e Tecnológica do IFPB>. Acesso em 13 de julho de 2021.
40

SILVA, Mercedes Matte da. Dificuldades de alunos do ensino médio em questões de


matemática do ensino fundamental. Porto Alegre, 2006. Dissertação de Mestrado. Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Disponível em:
<https://repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/3073/1/000347527-Texto%2BCompleto-
0.pdf>. Acesso em 10 de outubro de 2021.
41

8 APÊNDICES

APÊNDICE A – MODELO DE QUESTIONÁRIO DISTRIBUÍDO


AOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

Questionário sobre as dificuldades matemáticas dos alunos do ensino médio


Querido aluno, este questionário traz algumas perguntas sobre suas opiniões e preferências em
relação às disciplinas escolares. Ao preencher este questionário você me ajudará a realizar um
trabalho que preciso desenvolver para encerrar meu curso de Matemática Licenciatura.
Desde já agradeço a sua colaboração.
Atenciosamente, Letícia.

1. Em qual turma você está?

1ª série do ensino médio


2ª série do ensino médio
3ª série do ensino médio

2. Qual sua idade?

3. Qual o seu sexo?


Feminino
Masculino
Prefiro não dizer
Outro:

4. Você já foi reprovado em alguma disciplina durante sua vida estudantil? Se sim, em qual?

5. Qual disciplina você mais gosta?

Português
42

Matemática
Inglês
Física
História
Geografia
Química
Biologia
Filosofia
Educação Física
Sociologia
Arte
Espanhol

6. Em qual disciplina você mais sente dificuldade?

Português
Matemática
Inglês
Física
História
Geografia
Química
Biologia
Filosofia
Educação Física
Sociologia
Arte
Espanhol

7. Em relação a disciplina de matemática, como você avalia sua aprendizagem?

Tenho muita dificuldade


43

Tenho um pouco de dificuldade


Tenho facilidade na d i s c i p l i n a
Tenho muita facilidade na disciplina

8. Em quais conteúdos matemáticos você têm mais dificuldade? Observação: Você pode escolher
mais de uma opção.

Números e operações (conjuntos, operações, porcentagem, juros, análise combinatória,


equações, Progressão Aritmética, Progressão Geométrica, chances e possibilidades, etc.)
Geometria, grandezas e medidas
Estatística e probabilidade
Álgebra e funções

9. Porque você acha que muitos alunos apresentam dificuldades no aprendizado dos conteúdos
trabalhados na disciplina de Matemática? Observação: Você pode escolher mais de uma opção.

A disciplina é muito difícil


Há muitas fórmulas e regras
Falta de compreensão nos conteúdos do ensino fundamental
Pouco entendimento nos enunciados dos problemas matemáticos
Falta de relação dos conteúdos matemáticos com o cotidiano dos alunos

10. O que você mudaria nas aulas de matemática para facilitar a aprendizagem? (Pode ser tanto na
questão das metodologias utilizadas pelos professores, como nos métodos de avaliação)
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APÊNDICE B – MODELO DE ATIVIDADE DE REVISÃO DE MATRIZES


APLICADA COM OS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

1. De acordo com os conhecimentos adquiridos sobre matrizes, suponha que cada um


de vocês seja um elemento de uma matriz e se posicionem de modo que formem:
a) Uma matriz do tipo 3x3.
b) Uma matriz do tipo 2x4.
c) Uma matriz do tipo 3x2.
d) Uma matriz linha com 7 colunas.
e) Uma matriz coluna com 8 linhas.
f) Uma matriz quadrada.
2. Suponha que vocês estejam formando uma matriz nula, quais os valores dos seus
elementos? E se fosse uma matriz identidade?
3. Escolham os alunos para formar duas matrizes iguais e observem os valores
correspondentes de cada elemento.
4. Determine a matriz C, resultado da soma das matrizes seguintes:

E após isso, determine a matriz oposta de C.


5. Efetue a subtração das seguintes matrizes:

Quando obter a matriz resultante multiplique-a por 3.


6. As matrizes surgiram da necessidade de resolver problemas, que envolviam
mensuração de terras, agricultura, impostos e etc., os quais resultavam em sistemas
de equações de 1º grau. Hoje em dia, as matrizes têm uma importância muito
significativa no campo das aplicações em matemática, especialmente na álgebra
linear e computação gráfica. Também são muito utilizadas em nosso cotidiano, por
exemplo, na organização de dados, como uma tabela de notas, calendário, ficha de
aposta de loteria e até a tela do computador é formada por pixels gerado por uma
matriz.
45

Agora vamos construir uma tabela de notas e depois organizar os dados em uma
matriz.

Alunos Português Matemática Biologia História Geografia


A
B
C
D
E

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