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Direção Graziela Pereira Gonçalves

Robert Cunha
Professora de Ciências Naturais e de Biologia da Se-
Coordenação cretaria de Educação do DF. Licenciada em Ciências
Paulo Ricardo Menezes Biológicas pela Universidade Católica de Brasília.
Especialista em Letramento e Práticas Interdiscipli-
Revisão técnica nares nos Anos Finais pela Universidade de Brasília
Paulo Ricardo Menezes (UnB). Especialista em Educação Ambiental pelo
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SE-
Revisão de texto NAC/DF.
Vânia Meira
Editoração Eletrônica
Carlos Garcia
Sérgio Viana C. Júnior
Wescley Ferreira
Capa
Wescley Ferreira
Impressão e acabamento
Coronário Editora Gráfica Ltda.

Procuramos, com empenho, identificar e indicar os créditos


de textos e de imagens utilizados nesta obra, com base no
que permite a Lei nº 9.610/98.
Caso haja eventuais irregularidades concernentes aos as-
pectos supracitados, colocamo-nos à disposição para ava-
liar situações e fazermos as devidas correções.
Imagens e textos publicitários e de propaganda presentes
nesta obra possuem apenas objetivos didáticos e não têm
como propósito incentivar o consumo.

©Todos os direitos reservados à Editora Enovus

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G635p

GONÇALVES, Graziela Pereira.


Ponto de partida: biologia 9º ano / Graziela Pereira Gonçalves. –
Brasília: Enovus Editora, 2014.
206p.; 30 cm.

ISBN 978-85-66563-55-9.

ENOVUS EDITORA 1. Biologia I. Título.


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Apresentação

Bem-vindo à Biologia!

Com esta coleção e com o auxílio do(a) seu (sua) professor(a), esperamos que você pesquise,
investigue, estude, conheça e por fim aprenda mais sobre o nosso meio ambiente, o nosso planeta
Terra e os seres vivos que o habitam.
Neste livro o conhecimento e a aprendizagem estarão interligados, e esperamos que você consi-
ga perceber-se como parte integrante de todo esse sistema.
Que este livro o(a) entusiasme na investigação desse maravilhoso mundo chamado VIDA, pois só
conseguimos preservar, conservar aquilo que realmente conhecemos e valorizamos como primor-
dial para nossa sobrevivência.
Este livro lhe trará muitas respostas, mas, certamente, será um instrumento para instigar mais
perguntas, traçar novas estratégias, posicionar-se diante de situações-problemas da atualidade, de
maneira crítica e reflexiva, buscando assim mudanças de atitudes tanto individuais quanto coleti-
vas.
Acreditamos em você! Bons estudos e uma excelente APRENDIZAGEM!

A autora
1 Características dos seres 8
Capítulo
Características dos seres vivos 9
Composição química 9
Organização celular 12
Teoria celular 13
Metabolismo 13
Movimento 9
Nutrição 9
Crescimento 12
Reprodução 13
Hereditariedade 12
Adaptação 13
Evolução 13

2 Água e Sais minerais 20
Capítulo
Água - Molécula da vida 21
Propriedades da água 23
Água e reações químicas 26
Sais minerais 28
Atividade física e perda de sais minerais 28

3 Carboidratos 8
Capítulo
Carboidratos ou glicídios 9
Monossacarídeos 9
Dissacarídeos 12
Polissacarídeos 13
Índice glicêmico 13

4 Lipídios 20
Capítulo
Lipídios 21
Glicerídeos 23
Cerídeos 26
Fosfolipídios 28
Esteroides 28
Carotenoides 28

5 Proteínas e Vitaminas 20
Capítulo
Proteínas 21
Vitaminas 23

6 Ácidos nucleicos 20
Capítulo
Estrutura química 21
DNA - Ácido Desoxirribonucleico 23
RNA - Ácido Ribonucleico 23
Mutações 23

7 Citologia e Organelas celulares 20


Capítulo
Parede celular 21
Membrana plasmática 23
Citoplasma 23
Núcleo 23

8 Divisão celular 20
Capítulo
Tipos de cromossomos 21
Mitose 21
Meiose 21

9 Genética 20
Capítulo
1ª Lei de Mendel 21
2ª Lei de Mendel 23
Polialelia ou Alelos múltiplos 23
Fator Rh - Rhesus 23
Projeto Genoma Humano e Proteoma Humano 23

10 Evolução 20
Capítulo
Origem da vida 21
Evidências evolutivas 23
Teorias da evolução biológica 23

11 Biotecnologia 20
Capítulo
DNA Recombinante 21
Organismos Geneticamente Modificados - OGM ou Transgênicos 23
Clonagem 23
Células-tronco 23
Radiação 23

12 Desenvolvimento sustentável 20
Capítulo
Desenvolvimento sustentável 21
Preservação da biodiversidade 23
Unidades de conservação 23
Consumo e sustentabilidade 23
A Terra pede socorro 23
1 Características dos seres vivos
Quando falamos em seres vivos, imaginamos algumas características que possam, de maneira clara
e objetiva, classificar os organismos como "vivos". Entretanto, o conceito de vida, ou de quais carac-
terísticas definam um ser vivo, ainda é complexo e, até hoje, provoca divergências entre cientistas,
filósofos e teólogos.
O que é um ser vivo? Que características ele deve possuir para assim ser chamado? Quando a vida
começa? Quando a vida termina? Que processos são considerados para caracterizarmos um ser vivo?
Fica mais fácil responder a essas perguntas quando comparamos a matéria viva com a matéria que
não possui vida (abiótica) e quando entendemos os processos químicos e metabólicos que estão pre-
sentes nas diferentes formas de vida, ou ainda quando observamos e compreendemos as estruturas
comuns e diferentes nos seres vivos que habitam a nossa biosfera.
Mesmo que um consenso sobre o que é o fenômeno da vida dificilmente seja encontrado, neste ca-
pítulo iremos estudar as características que os seres vivos possuem para que assim sejam classificados.
Na natureza há diferentes átomos, que podem formar inúmeras combinações e diferentes molé-
culas. Nos seres vivos, alguns átomos estão presentes em maior quantidade, como o carbono (C), o
hidrogênio (H), o oxigênio (O), o nitrogênio (N), e, em menor proporção, mas não menos importantes,
o fósforo (P) e o enxofre (S). Há, ainda, outros átomos constituintes da matéria viva, mas falaremos
apenas a respeito dos que foram mencionados.
Características dos seres vivos 7
Ao estudar a matéria, analisamos algumas propriedades, tais como: massa, ex-
tensão, impenetrabilidade, divisibilidade, porosidade e compressibilidade. Mas, na
Biologia, quando verificamos as características da matéria viva, estudamos outras ca-
racterísticas, entre elas: a composição química, a organização celular, o metabolismo
celular, a reprodução, a hereditariedade, a adaptação e a evolução dos seres vivos.

2 Composição química
Tudo o que há no planeta Terra possui átomos em sua composição. Dos mais de 100
elementos químicos existentes, apenas seis deles, que já foram citados – C, H, O, N, P,
S – estão em grande concentração e formam a maior parte da estrutura dos seres vivos.
Há diferentes arranjos entres esses átomos na formação das principais moléculas que
compõem um ser vivo, desde o nível celular até a constituição do organismo.
Os seres vivos possuem, em sua composição química, moléculas inorgânicas,
substâncias que os organismos vivos não são capazes de sintetizar, como a água e
os sais minerais. Portanto, precisam obter essas moléculas por meio da alimentação O
ou até mesmo pelo habitat em que vivem. Cerca de 75% do corpo de um ser vivo é
constituído por água, que também pode ser encontrada em maior quantidade, por H H
exemplo, nos tecidos dos vegetais, em que até 90% da composição é formada por
água, e até 1% da matéria viva possui sais minerais. Outros seres vivos que possuem Molécula de água – H2O inorgânica
muita água em sua composição são as águas-vivas e as caravelas, que possuem 98%
de água em sua constituição química.
No corpo dos seres vivos, a água – molécula formada por dois átomos de hidrogê-
nio (H2) e um átomo de oxigênio (O) – apresenta-se em maior quantidade nos tecidos
e é considerada uma molécula crucial para o estabelecimento da vida, uma vez que
todas as reações químicas vitais para os organismos ocorrem em meio aquoso. A pro-
porção de água e de sais minerais poderá variar de acordo com o tamanho, o peso, o
tempo de vida e até mesmo com o tipo de nutrição que um ser vivo apresente.
Na composição dos seres vivos, há também as moléculas orgânicas, entre as quais
os carboidratos, os lipídios, as proteínas e os ácidos nucleicos. Todas essas molécu-
las possuem, em sua composição, uma cadeia principal de carbonos; e apresentam
também o hidrogênio e o oxigênio como componentes principais. Essas moléculas
orgânicas compõem mais de 90% do peso seco de um ser vivo. Separando a propor-
ção de água e de sais minerais (componentes inorgânicos) de um ser vivo, resta 1%,
correspondente a glicídios, mais conhecidos como carboidratos; 2% a 3% correspon- Carbono Hidrogênio Oxigênio

dentes aos lipídios; 10% a 15% referentes às proteínas; e, finalizando, 1% da matéria


Glicose - molécula orgânica – C6H12O6.
viva é formada pelos ácidos nucleicos, sendo o DNA (ácido desoxirribonucleico) o
mais conhecido.
Nos próximos capítulos, iremos aprofundar um pouco mais nossos estudos so-
bre as moléculas inorgânicas e as moléculas orgânicas que compõem os seres vivos,
bem como analisar suas funções, características, importância química e biológica,
entre outras curiosidades e informações.

3 Organização celular
A célula é a unidade fundamental de um ser vivo, ou seja, a menor parte da maté-
ria viva é formada por células. De acordo com a complexidade e o tamanho, os seres
vivos podem apresentar uma única célula ou até bilhões delas, por isso podem ser
classificados em seres unicelulares ou pluricelulares.

8 Capítulo 1
O termo célula foi usado pela primeira vez por Robert Hooke, cientista inglês, no sé-
culo XVII, quando, ao utilizar um microscópio rudimentar construído por ele, percebeu
que alguns tecidos vegetais apresentavam compartimentos, que ele então chamou de
cella. Anos depois, já no século XIX, os cientistas Matthias Schleiden, botânico alemão,
e o zoólogo Theodor Schwann reforçaram a descoberta de Hooke e confirmaram que
tanto os vegetais quanto os animais apresentavam esse compartimento, e — a partir
desse fato — o termo célula passou a ser usado como unidade básica da matéria viva.
Microscópio criado por Hooke
4 Teoria Celular (1670)

Atualmente a Teoria Celular afirma que:


• Todos os seres vivos são formados por uma ou mais células;
• As reações químicas e processos metabólicos ocorrem dentro dessas estruturas celulares;
• Todas as células se originaram de outras células preexistentes;
• As células possuem, em sua composição química, as informações genéticas, que são transmitidas para as
próximas gerações por meio da reprodução.

Estruturas básicas de todas as células

As células apresentam, no mínimo, três estruturas básicas: a membrana plasmática (membrana celular ou plas-
malema), responsável por proteger e possibilitar sua separação do meio externo, e que possui a propriedade da
permeabilidade seletiva, de modo a possibilitar a passagem de substâncias para dentro e para fora da célula
(entrada e saída), de acordo com sua necessidade metabólica. Há também o citoplasma ou hialoplasma, que
contém uma variedade de moléculas e organelas celulares, e o núcleo, que contém o material genético, sendo
responsável por todas as informações hereditárias e pelo controle do metabolismo celular.

Padrão básico da membrana plasmática –


Modelo do mosaico fluido

De acordo com a organização celular do material genético, as células foram classificadas em procarióticas e
eucarióticas.
Células procarióticas

São células cujo o material genético se encontra espalhado pelo citoplasma, isso porque essas células não pos-
suem uma membrana nuclear, chamada de carioteca. Entretanto, esse tipo de célula não é desprovido de núcleo.
Apenas apresenta o núcleo disperso ao longo do citoplasma.

Características dos seres vivos 9


Essas células também possuem ribossomos, organelas responsáveis pela síntese de proteínas, moléculas fun-
damentais na estrutura corporal de um ser vivo. Seres que apresentam esse tipo de célula também possuem uma
parede celular externa à membrana plasmática. Essa estrutura é produzida pela própria célula e possui importan-
te função protetora.
Como representantes de seres vivos que apresentam esse tipo de célula, temos os DOMÍNIOS BACTERIA E AR-
CHAEA, cujos seres vivos mais conhecidos são as bactérias.
Células eucarióticas

São células que apresentam carioteca ou membrana nuclear que delimita o material genético, separando-o do
citoplasma. O termo carioteca deriva da palavra Karyon, que significa núcleo, e o termo eu, que significa verdadei-
ro. Portanto, essas células apresentam um núcleo verdadeiro. São mais complexas e apresentam organelas que
desempenham diferentes funções para o bom funcionamento do metabolismo e, como já foi mencionado, têm
sua atividade controlada pelo material genético.
Dentro dos grupos das células eucarióticas, a presença ou a ausência de algumas organelas poderá diferenciá-
-las e separá-las de outros grupos celulares, por exemplo, as células animais e as células vegetais que apresentam
algumas organelas exclusivas.
Nas células eucarióticas vegetais, há organelas como os vacúolos, que são estruturas grandes e que armaze-
nam materiais de reserva, tais como: água, sais minerais e outras substâncias nutritivas para a célula.
Outra organela muito importante presente em células eucarióticas vegetais é o cloroplasto, que sintetiza a clo-
rofila, pigmento indispensável para a realização da fotossíntese, importante reação química em que os vegetais
produzem sua própria fonte de energia, a glicose.

Célula vegetal Célula animal

A quantidade de cloroplastos em uma célula vegetal pode variar para cada re-
gião ou órgão da planta. Sua quantidade é muito maior na face superior das fo-
lhas, onde há maior incidência de luz, do que em sua face inferior.
A realização da fotossíntese é possível, pois nos cloroplastos a clorofila absorve
os comprimentos de onda azul, violeta e vermelho e reflete a luz verde, por isso
sua aparência é de cor verde. Portanto, esse pigmento é um importante receptor
de energia luminosa. Na figura ao lado, há uma exemplificação dessa absorção
luminosa.
Nas células vegetais, também existe a parede celular, estrutura externa à mem-
brana plasmática, que confere proteção e defesa contra a ação de micro-organis- Absorção, na folha, de luz azul, violeta
mos. Além disso, a parede celular contribui para o transporte de substâncias para e vermelha e reflexão de luz verde

10 Capítulo 1
o interior da célula, bem como para a saída de substâncias para o meio externo. O principal componente dessa
estrutura é a celulose, uma macromolécula orgânica, formada por inúmeras moléculas de glicose, que estudare-
mos mais detalhadamente no capítulo 3. No entanto, deve-se lembrar que organismos como os fungos apresen-
tam parede celular constituída de quitina.
Nas células eucarióticas animais, há os centríolos, que contribuem para o movimento do citoesqueleto e par-
ticipam da divisão celular. Ao contrário das células vegetais, as células animais não apresentam cloroplastos nem
parede celular. Entretanto, assim como as células eucarióticas vegetais, as células eucarióticas animais apresen-
tam ribossomos, complexo golgiense, lisossomos, retículo endoplasmático granuloso e não-granuloso, peroxis-
somos e mitocôndrias. Nos capítulos 7 e 8, vamos aprofundar as funções de todas essas organelas.
As mitocôndrias são organelas importantes nos processos metabólicos celulares dos vegetais, dos animais e
de outros seres vivos que possuem essas organelas no interior de suas células. Isso porque essas organelas parti-
cipam diretamente do processo de respiração celular, reação química que envolve a liberação de energia a partir
das moléculas de glicose.

5 Metabolismo
Todos os seres vivos precisam de energia para realizar suas atividades, desde as mais simples, como dormir, até
as mais dispendiosas, como correr, pedalar, malhar etc. O metabolismo poderia ser resumido como o conjunto
das reações químicas que ocorrem nos seres vivos e são fundamentais para a produção e a geração de energia.
O metabolismo é dividido em duas importantes etapas: o anabolismo e o catabolismo.
Anabolismo

Nas reações anabólicas, há a produção de moléculas mais complexas a partir de moléculas mais simples, e, por
consequência, sempre há produção de energia. Um bom exemplo desse tipo de reação é a fotossíntese realizada
pelas plantas.

6CO2 + 12H2O
LUZ C6H12O6 + 6O2 + 6H2O
clorofila

Para que ocorra a fotossíntese, é necessária a luz solar e o pigmento


CO2
clorofila. Esse pigmento absorve a energia luminosa e, dentro do cloro-
plasto, essa energia será convertida em energia química com o auxílio Energia solar
das moléculas de gás carbônico e de água.
O2
Quando analisamos a reação química acima, observamos que os re-
agentes são moléculas relativamente simples, se comparados a um dos
principais produtos da fotossíntese, a molécula de glicose (C6H12O6),
um composto orgânico de grande valor energético para a planta e
para outros seres vivos que dela se alimentam.
No caso das plantas, essa glicose produzida é, em parte, utilizada
para o metabolismo celular, sendo a outra parte armazenada como sa- Glicose
carose ou amido, com a função de manter reserva energética. As molé-
culas de água que são liberadas na reação de fotossíntese participam
principalmente do processo de transpiração da planta. Já as moléculas H2O + Sais minerais
de oxigênio são fundamentais para os seres aeróbios, que realizam a
respiração na presença de oxigênio (O2) para obter a energia.
Algumas bactérias são consideradas autótrofas quimiossintetizantes, pois conseguem realizar a quimiossín-
tese, outro tipo de reação anabólica. Nesse caso, tais microrganismos sintetizam matéria orgânica a partir da
oxidação de compostos inorgânicos sem a presença de luz solar, por exemplo: amônia, sais de ferro, sulfeto de
hidrogênio. Além das substâncias inorgânicas, são utilizado água e gás carbônico.

Características dos seres vivos 11


Essas bactérias são encontradas no solo, em fontes hidrotermais nos fundos dos oceanos e até em depósitos
de petróleo, em condições extremas de temperatura e pressão.
Catabolismo

O catabolismo é a reação contrária ao anabolismo. Nesse caso, as moléculas complexas são degradadas em
moléculas mais simples. Um exemplo desse tipo de metabolismo é a reação da respiração celular.
A respiração celular ocorre dentro das mitocôndrias. Nessa reação ocorre a quebra da molécula de glicose em
moléculas mais simples, como o gás carbônico e a água.
C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O + ENERGIA
A energia produzida na respiração será usada pelos seres vivos para a biossíntese de novas substâncias, por
exemplo, o glicogênio, uma importante macromolécula de reserva energética encontrada nos animais. Outra
parte dessa energia poderá ser usada na realização de movimentos corporais, como nos músculos estriados
cardíacos e estriados esqueléticos. Pode também ser utilizada no transporte de substâncias, como nas hemácias
ou glóbulos vermelhos, que transportam gases respiratórios, como o gás oxigênio, pela corrente sanguínea ou,
ainda, poderá ser transformada em energia térmica, produzindo calor.

O que entra O que sai

Oxigênio Gás carbônico


(ar) (expiração)

Energia para
manter nosso corpo
em ação
Glicose
(alimento)
Água

A respiração ocorre ininterruptamente, portanto o processo de nutrição é fundamental ao longo do dia para
que o organismo, autótrofo ou heterótrofo, obtenha as moléculas orgânicas fundamentais para a produção de
energia necessária a fim de realizar todas as atividades diárias de menor ou maior consumo energético. Grande
parte da energia produzida será utilizada por todas as células e organelas para executarem diferentes funções,
como a reposição e a regeneração de células e de tecidos, entre outras.
O importante dessas vias anabólicas e catabólicas de metabolismo é que ambas dependem da presença ou da
formação de moléculas orgânicas, as quais serão degradas ou sintetizadas. Nos seres autótrofos, que produzem
sua própria matéria orgânica, é necessária a presença de moléculas inorgânicas para a produção de moléculas
orgânicas. Já nos seres heterótrofos, que não produzem seu próprio alimento, é fundamental a presença das
moléculas orgânicas; caso contrário, o metabolismo não acontece, e o indivíduo morre.

6 Movimento
Essa característica é mais fácil de ser percebida em animais, quando andam, correm, nadam e dançam. Muitos
desses movimentos são de ação voluntária, como a ação promovida pelos músculos esqueléticos, que revestem
os ossos e participam da locomoção.
Outro exemplo é a ação promovida pela musculatura cardíaca, responsável pelos movimentos de contração
(sístole) e relaxamento (diástole) do coração que, consequentemente, promovem um fluxo contínuo de sangue
para todos os tecidos corporais. Mesmo sendo uma ação involuntária, esses movimentos ocorrem durante 24
horas por dia.

12 Capítulo 1
No caso dos músculos lisos, de ação involuntária, que compõem órgãos viscerais, como os intestinos e o esôfa-
go, os movimentos não são de fácil percepção, mas ocorrem, principalmente, quando o alimento é deglutido, e o
bolo alimentar é empurrado por meio do que chamamos movimentos peristálticos, que conduzem essa “massa”
ao longo do Sistema Digestório.
No caso das plantas, essa característica é bem mais complexa de ser percebida porque, nesses seres vivos, os
movimentos são lentos e dependem muito do ambiente em que estão. Um movimento muito comum nas plan-
tas é o fototropismo. Ao se colocar uma planta em um local cuja luz é difusa, o movimento é quase imperceptí-
vel, mas quando incidimos a luz em um único ponto, depois de vários dias, será possível perceber que as folhas
da planta se inclinarão para o lado onde haverá luz.

Fototropismo: movimento de inclinação das plantas em direção à luz.

7 Nutrição
Alguns seres vivos são capazes de produzir substância orgânica (alimento), que será convertida em energia
para o corpo. Como já foi estudado, as plantas fazem parte desse grupo, sendo classificadas como seres autótro-
fos. O termo autótrofo vem do grego trofé (nutrição e alimentação) e auto (por si próprio). Portanto, são organis-
mos que apresentam nutrição própria. Além dos vegetais típicos, as algas também entram nessa classificação.
Já os seres que não produzem o alimento são classificados como seres heterótrofos e necessitam de outras
fontes de alimentos. Nas cadeias ou teias alimentares, são representados pelos consumidores (carnívoros, onívo-
ros, herbívoros e insetívoros) e pelos decompositores, como os fungos.

Seres autótrófos Seres heterótrofos

Características dos seres vivos 13


Curiosidades

A lesma-do-mar Elysia chlorotica é um molusco que vive em águas marinhas e consegue realizar
fotossíntese devido à ingestão de algas. Esse fenômeno é possível porque essa espécie consegue
conservar os cloroplastos (organela vegetal onde se encontra o pigmento clorofila) ativos adquiridos
a partir da alimentação das algas e inserir os genes delas em seu próprio código genético.
Entre as características desse animal, destacam-se a sua coloração verde-esmeralda, com algumas
manchas avermelhadas e/ou esbranquiçadas. Para consumir a alga Vaucheria litorea, o molusco tem
o auxílio de sua rádula (estrutura em formato de serra que raspa os alimentos) para conseguir furá-la
e absorver os seus nutrientes.
Após a ingestão, apenas os cloroplastos são mantidos nos vacúolos, que continuam ativos e ca-
pazes de realizar fotossíntese, fornecendo carboidratos e lipídios para a nutrição do molusco. Esse
processo é possível devido à existência de um gene da alga presente no DNA (ácido desoxirribonu-
cleico) da lesma, que consegue fazer reparos nos cloroplastos e mantê-los ativos. Esse gene é passa-
do para as próximas gerações de lesmas-do-mar, que terão apenas de continuar se alimentando das
algas para a realização processo.
<http://diariodebiologia.com/2015/09/fusao-entre-animal-e-vegetal-lesma-do-mar-incorpora-genes-de-alga-e-conse-
gue-fazer-fotossintese/> - Acesso em: 21 mai. 2017.

8 Crescimento
Nos seres vivos, essa característica é representada pelo aumento do volume corporal Mitose
ou pelo aumento do número de células. Para que ocorra esse crescimento, é necessária a
incorporação de nutrientes e outras substâncias que participarão do processo metabólico.
Em alguns seres vivos, esse crescimento é percebido por meio da divisão celular do tipo
mitose. Esse processo é comum em seres pluricelulares, em que uma célula, após a divisão
celular, é capaz de formar duas novas células. Isso é possível porque o material genético
é duplicado antes de sofrer a divisão. Portanto, as células formadas são réplicas da célula
que lhes deu origem. Além de permitir o crescimento, a mitose auxilia na regeneração de
tecidos; por exemplo, quando ocorre algum ferimento no nosso corpo, depois de algum
tempo, um novo tecido será formado, porque novas células foram produzidas por meio de
uma divisão mitótica.
No capítulo 8 vamos aprofundar e compreender todas as etapas envolvidas na divisão
mitótica. Conheceremos também o outro tipo de divisão celular: a meiose, responsável
pela formação dos gametas.
Processo de divisão mitótica

14 Capítulo 1
9 Reprodução
Esse mecanismo permite a perpetuação das espécies, sendo fundamen-
tal para o processo evolutivo. É caracterizado pela formação de novos des-
cendentes, iguais ou parecidos entre si. A semelhança dependerá do tipo de
reprodução envolvida, podendo ser a reprodução assexuada ou sexuada.
Reprodução assexuada

Neste tipo de reprodução, há a formação de descendentes idênticos à cé-


lula-mãe. O material genético é duplicado por mitose, então duas novas cé-
lulas recebem o mesmo material genético. Esse tipo de reprodução é muito
comum nas plantas e, por isso, pode até ser chamado de reprodução vegeta-
tiva. Entretanto, esse processo também é comum nos seres unicelulares e em
alguns animais invertebrados.
Alguns protozoários de água doce utilizam esse recurso reprodutivo para Reprodução assexuada por fissão - planárias
promover muitos descendentes, principalmente quando o ambiente é propí- (Regeneração)
cio. Há alguns animais invertebrados, como os platelmintos, que se reprodu-
zem assexuadamente por brotamento ou por fissão transversal.
Já as bactérias, seres procariontes, reproduzem-se por bipartição. Nesse
caso, a célula bacteriana aumenta o volume, seus cromossomos são duplica-
dos e, de forma gradativa, vão se separando e formando duas células-filhas
bacterianas idênticas.
A vantagem desse tipo de reprodução é o grande número de descenden-
tes, formados em pouco tempo sem que haja grande variabilidade genética,
como ocorre na reprodução sexuada.
Reprodução sexuada

Os seres pluricelulares crescem e têm alguns tecidos regenerados por


mitose, mas a produção de novos descendentes ocorre, num primeiro mo-
mento, com a formação dos gametas – células especializadas na reprodu-
ção. Essas células são formadas por meio de uma divisão celular conhecida
como meiose. Nesse processo, cada um dos gametas possui metade do ma- As flores são estruturas especializadas na
terial genético dos seres parentais. reprodução de algumas plantas. Em sua
estrutura, há órgãos reprodutores mascu-
Nas plantas angiospermas, o gameta feminino é chamado de oosfera, e o linos e femininos.
gameta masculino é conhecido como grão de pólen. Nos animais, os game-
tas masculinos são chamados de espermatozoides, e os gametas femininos
são os ovócitos secundários.
Na espécie humana, cada um dos gametas possui 23 cromossomos no nú-
cleo e, a partir da fecundação, união dos gametas, forma-se uma célula com
46 cromossomos. Nesse caso, há uma fusão dos materiais genéticos. O indi-
víduo descendente apresentará semelhanças quando comparado aos paren-
tais. A grande vantagem da reprodução sexuada é a variabilidade energética.
Dessa forma, a probabilidade de aparecerem novas características é maior,
contribuindo, a médio ou a longo prazo, para o processo evolutivo.
Para que ocorra a reprodução sexuada, é necessária a ocorrência da fe-
cundação. O tipo de fecundação depende de fatores como o local em que
ocorre o encontro dos gametas (no interior do aparelho reprodutor ou no
meio ambiente), bem como da proveniência dos gametas envolvidos (ori-
ginados a partir de indivíduos de sexos separados ou do mesmo indivíduo).
Processo de fecundação em organismos
animais

Características dos seres vivos 15


Portanto, quanto a esses critérios, a fecundação poderá ser interna ou exter-
na, cruzada ou autofecundação.
Fecundação interna

Esse tipo de fecundação é caracterizado pelo encontro dos gametas no


interior de um dos seres genitores, normalmente o feminino; porém, há
exemplos na natureza em que isso ocorre no indivíduo masculino como,
por exemplo, em determinadas espécies de cavalos-marinhos. Mesmo que
os machos não apresentem útero, no corpo desses animais há uma cavida-
de adaptada para o desenvolvimento do filhote. Normalmente, a gestação Os cavalos marinhos machos é que ficam
nesses peixes dura, aproximadamente, dois meses. grávidos.

Na fecundação interna, a quantidade de gametas produzidos é menor


quando comparada à fecundação externa. Entretanto, a chance de sucesso
reprodutivo é maior, já que a perda de gametas é muito menor do que em
ambientes externos. Além disso, há órgãos especializados na reprodução.
Portanto, o embrião fica protegido das influências ou alterações ambientais.
A fecundação interna é típica dos mamíferos, embora não seja exclusiva
deles. Na espécie humana, os homens possuem os testículos, órgãos espe-
cializados na produção dos espermatozoides, e as mulheres possuem os
ovários, que armazenam e liberam os ovócitos. As mulheres possuem o sis-
tema reprodutor totalmente adaptado para a fecundação, que ocorre nas
tubas uterinas. Alguns dias após a fecundação, o embrião se fixa na parede
interna do útero, processo chamado de nidação. Nove meses após a fecun-
dação, finaliza-se o período de gestação.
Fecundação na espécie humana
Fecundação externa

A fecundação externa é caracterizada pelo encontro dos gametas no am-


biente externo. Os exemplos mais conhecidos acontecem em ambientes
aquáticos. Os anfíbios e alguns peixes, por estratégia reprodutiva e para ga-
rantir o sucesso na fecundação, produzem um elevado número de gametas;
isso aumenta a possibilidade da fusão entre eles. Ainda assim, muitos se
perdem no meio externo. Alguns invertebrados, entre eles vermes e mo-
luscos, possuem esse tipo de fecundação. Mesmo que haja contato entre o
macho e a fêmea, é comum a liberação dos gametas no meio externo.
Fecundação cruzada

Esse tipo de fecundação é caracterizado pelo fato de os gametas serem


produzidos em indivíduos de sexos separados, isto é, há um macho e uma Cópula de anfíbios - fecundação externa
fêmea. No caso dos seres humanos, a fecundação é classificada em cruzada
e interna. Essa fecundação tem caráter importante no processo evolutivo,
tendo em vista que há uma mistura de material genético, o que chamamos
de variabilidade genética.
Em plantas como as angiospermas, é comum a ocorrência de fecundação
cruzada. Nesse caso, os grãos de pólen são levados pelo vento, pela água,
ou por animais polinizadores até uma flor de outra planta, onde encontrará
a estrutura feminina.
Ao contrário do que se poderia pensar, mesmo em espécies hermafrodi-
tas, é comum a fecundação cruzada e não a autofecundação, pois, muitas
vezes, o amadurecimento dos gametas ocorre em períodos diferentes. Com
a troca de gametas entre dois indivíduos hermafroditas por meio da fecun-
dação cruzada, há maior variabilidade genética. Polinização feita por insetos

16 Capítulo 1
Autofecundação

Esse fenômeno é comum em plantas e em alguns invertebrados. Contu-


do, mesmo que o indivíduo possua os dois sexos, é mais frequente a ocor-
rência da fecundação cruzada, já que esse tipo de fecundação, como já foi
dito, promove uma variabilidade genética.
Muitos invertebrados possuem os dois sexos, e é raro que ocorra a au-
tofecundação. Esse fenômeno ocorre, principalmente, quando o ambiente
está promovendo uma condição em que indivíduos da mesma espécie estão
em menor número, e o encontro para o acasalamento não é possível. Há
espécies em que o sexo predominante oscila: o indivíduo nasce com deter-
minado sexo, e isso é alterado por influência de fatores ambientais, como o
isolamento reprodutivo. É raro o caso de hermafroditismo simultâneo.
Taenia solium
Nos vermes platelmintos, como a Taenia solium e a Taenia saginata, é nor-
mal o hermafroditismo. No interior de cada proglótide, há estruturas repro-
dutoras masculina e feminina completas.

10 Hereditariedade
Não há como explicar hereditariedade sem fazer referência à molécula de DNA (sigla em
inglês) ou ADN – ácido desoxirribonucleico. Essa molécula é conhecida como a base química
da hereditariedade, uma vez que “carrega” todas as informações genéticas de um indivíduo. O
DNA foi descoberto, no início da década de 1950, por dois jovens cientistas, James Watson e Francis
Crick, que analisaram vários estudos e resultados de experimentos feitos por outros cientistas.
Mas, antes dessa descoberta, um monge chamado Gregor Mendel realizou vários experimentos com
plantas nos anos de 1856 a 1866. Suas descobertas mostram que os seres parentais carregam caracte-
rísticas que são transmitidas após a reprodução, e que, a cada geração, essas características podem ser
recombinadas, demonstrando a grande variedade em uma mesma espécie. A expressão gene surgiu pos-
teriormente a esses experimentos. No capítulo 09 vamos conhecer e compreender os experimentos de
Mendel e suas conclusões no campo da Genética
Mesmo depois de tantos anos, muitas dúvidas ainda cercam essa molécula, uma vez que há milhares de
genes que contêm variadas informações, e traduzi-las completamente ainda não foi possível.
Todos os seres vivos possuem hereditariedade, portanto carregam, em suas células, esses genes
com as heranças dos seres parentais e, indiretamente, de seus ancestrais. A partir do processo
reprodutivo, essas informações são perpetuadas ao longo das gerações; é o que conhecemos
como herança genética. A cada processo reprodutivo, novas características podem surgir,
principalmente se o indivíduo é resultado de uma reprodução sexuada.

11 Adaptação
Enquanto o DNA explica as características genéticas e, por consequência, os mecanismos da hereditarie-
dade, a adaptação explica quais características o indivíduo possui em relação ao meio ambiente e que for-
necem condições para que ele ali se reproduza e transmita os seus genes aos descendentes. É um conceito
difícil e complexo, mas foi muito bem estudado por Charles Darwin, em meados do século XIX, e relatado em
seu livro "A Origem das Espécies".
Após várias observações e comparações entre diferentes seres vivos e o ambiente em que viviam, Darwin
usou a expressão seleção natural para explicar que o meio ambiente é um fator selecionador de adaptações.
Por meio desse processo, os indivíduos melhor adaptados têm maiores chances de sobreviver e, consequen-
temente, maiores chances de transmitir suas características aos descendentes.

Características dos seres vivos 17


12 Evolução
A evolução biológica ganhou destaque a partir dos trabalhos de Charles Darwin, cientista inglês que, em 1831,
embarcou no navio Beagle, a convite do capitão Robert FitzRoy, para o acompanhá-lo em uma viagem ao redor
do mundo, prevista para durar cinco anos. O capitão tinha como objetivo tes-
tar uma nova geração de relógios de precisão e também mapear a costa da
América do Sul. Durante a viagem, Darwin estudou, principalmente no arqui-
pélago de Galápagos (ilhas banhadas pelo Oceano Pacífico, no território do
Equador), o mecanismo da seleção natural e sua contribuição para o apareci-
mento e novas características.
Darwin, ao longo dos seus estudos, comparou a anatomia e a morfologia
dos seres vivos, a geografia e geologia da região, além de comparar diversas
espécies com fósseis, analisou semelhanças e diferenças entre os indivíduos
que dividiam o mesmo espaço e conseguiu demonstrar de que maneira o
meio ambiente influenciava na seleção das características que os indivíduos
apresentavam.
Charles Darwin afirmava que algumas características eram selecionadas
pelo ambiente em que o indivíduo e seus ancestrais viviam. Além disso, essas
adaptações seriam repassadas aos descendentes pelo processo reprodutivo, conferindo-lhes maiores chances
de sobrevivência e perpetuação da espécie.
Após anos de estudos, Darwin concluiu que a evolução não é meramente um melhoramento das característi-
cas de um ser vivo, as quais estão sendo repassadas ao longo das gerações.
No capítulo 10, você compreenderá melhor o mecanismo da Evolução.

Saiba+

18 Capítulo 1
Nosso planeta Terra apresenta uma enorme biodiversidade, habitamos um planeta que possui caracte-
rísticas ímpares quando comparado com outros planetas do Sistema Solar. Para facilitar o estudo e nossa
compreensão, é necessário organizar todas as estruturas que compõem essa biodiversidade, nos aspectos
microscópicos e macroscópicos. Então, com o auxílio da imagem, vamos relembrar e aprender sobre os ní-
veis de organização dos seres vivos, desde os átomos até as diferentes interações com outros seres vivos
(fatores bióticos) e as interações com os fatores abióticos presentes na Terra.
Os ÁTOMOS são estruturas extremamente pequenas, consideradas a menor parte da matéria (bruta ou
viva). Já as MOLÉCULAS, como a água, são formadas pela união de átomos, nesse caso 2 átomos de Hidro-
gênio e 1 átomo de Oxigênio (H2O). Cada ORGANELA é formada por moléculas, no exemplo a organela
apresentada é o núcleo celular; entre as moléculas que constituem essa organela, fundamental para o fun-
cionamento do metabolismo celular, temos, por exemplo: os ácidos nucleicos (DNA e RNA) e carboidratos
(desoxirribose e ribose). As CÉLULAS são formadas por organelas, que contribuem para o funcionamento
celular, entre as principais organelas celulares, podemos citar: núcleo, citoplasma, ribossomos, mitocôndrias,
retículo endoplasmático, membrana plasmática, lisossomos, complexo golgiense etc.
No exemplo apresentado, as células osteócitos formam o TECIDO, nesse caso o tecido ósseo, por sua vez o
tecido ósseo e o tecido cartilaginoso realizam funções integradas que formam o osso, que é um ÓRGÃO. E os
ossos e as cartilagens, entre outras estruturas (tendões e ligamentos) formam o SISTEMA Esquelético, como
no exemplo do felino puma. Contudo, para que o corpo desse ORGANISMO seja formado, são necessários
vários sistemas que trabalham de forma integrada e em sintonia, entre eles: Sistema Nervoso, Digestório,
Excretório, Reprodutor e o próprio Esquelético demonstrado no esquema.
Agora, quando agrupamos organismos da mesma espécie, no exemplo a espécie Puma concolor em deter-
minado habitat, podemos considerar que está sendo formada uma POPULAÇÃO, mas os pumas não vivem
sós, ao agruparmos diferentes populações que dividem o mesmo ambiente, formamos uma COMUNIDADE
biológica, no exemplo: coelhos, cactos, outras plantas e águias.
Ao analisarmos essa comunidade biológica e os fatores abióticos (ar, temperatura, água, Sol) temos a for-
mação de um novo nível de organização, o ECOSSISTEMA. São exemplos Cerrado, Floresta Amazônica, Ca-
atinga, Mata Atlântica, Pantanal, Pampas, entre outros. Para finalizar e completar os níveis de organização,
temos a BIOSFERA, nosso planeta Terra, com todos os ecossistemas existentes e que garantem essa grande
biodiversidade.
Portanto, se considerarmos os níveis de organização na ordem crescente de complexidade, podemos dis-
por da seguinte maneira:

ÁTOMOS → MOLÉCULAS → ORGANELAS → CÉLULAS → TECIDOS → ÓRGÃOS → SISTEMAS →


ORGANISMOS → POPULAÇÕES → COMUNIDADES → ECOSSISTEMAS → BIOSFERA

• Biologia Ilustrada - Níveis de Organização - https://youtu.be/y8bbCSUc5Yw


• Canal Com Ciência - Mapa mental - Características dos seres vivos - https://youtu.
be/7OaisHK16rA

Características dos seres vivos 19


1. A matéria que forma os seres vivos é constituída forma de comê-lo acabam visitando um dentista ou
por átomos que se organizam formando moléculas. um médico para retirar todos os espinhos que ficam
Com base nessa afirmação e em conhecimentos presos no interior da boca.
correlatos, responda ao que se pede. www.cerratinga.org.br - adaptado

a) Quais são os elementos químicos mais comuns Considerando os níveis de organização, retire do
presentes na matéria viva? texto exemplos ou expressões que indiquem:
b) Quais são as moléculas orgânicas constituintes
a) Organismo:
dos seres vivos?
b) Órgão:
2. Diferencie substâncias orgânicas de substâncias c) Ecossistema:
inorgânicas. d) População:
e) Espécie:
3. Complete a tabela abaixo com as palavras
ausente e presente. 5. (FATEC – com adaptações) Em relação à Floresta
Amazônica, são feitas três afirmativas:
Célula Célula
animal vegetal I. Na Floresta Amazônica, o solo é pouco profundo
I. Parede Celular e formado principalmente por camadas de argila
e de areia.
II. Membrana Plasmática
II. A fertilidade do solo da Floresta Amazônica de-
III. Cloroplasto pende da queda de folhas, ramos e frutos que,
IV. Mitocôndrias com o tempo e pela decomposição, realizada pe-
V. Centríolos las bactérias e fungos, formam o húmus.
III. A Floresta funciona como uma bomba d’água,
portanto ela capta água dos solos e da umidade
4. Leia o trecho abaixo para responder aos itens que vinda do Oceano e devolve para a atmosfera em
a ele se relacionam.
forma de vapor, a partir da evapotranspiração.
Parte do vapor transforma-se em chuvas, que
caem na própria floresta, outra parte é transpor-
tada pela atmosfera, por isso a expressão rios vo-
adores.
Considerando o que foi estudado neste capítulo,
retire, das afirmações I, II e III, exemplos de:

a) Ecossistema:
O pequi (Caryocar brasiliense) é uma planta comum b) Fatores abióticos:
no Cerrado brasileiro, muito conhecido pelos goia- c) Fatores bióticos:
nos, e possui um sabor peculiar. Seu fruto, por fora, d) Molécula:
possui casca verde, semelhante à cor do abacate, e) Órgão:
mas — ao abrir — sua polpa é de cor bem amare- f) Organismo:
la. Não é recomendado morder, e sim roer a polpa,
uma vez que seu interior está repleto de espinhos 6. (UFU) O trecho do poema de Caetano Veloso,
extremamente diminutos, o que confirma a origem citado a seguir, faz referência a um dos principais
do nome, em tupi, pyqui – casca espinhenta. processos metabólicos que acontecem nos vegetais.
O pequi é muito usado na culinária, principalmente Leia-o atentamente e responda aos itens a seguir.
no famoso arroz com pequi, sendo também encon-
trado como óleo ou polpa utilizada em conservas. "Luz do Sol
As pessoas que experimentam o pequi pela primei- Que a folha traga e traduz
ra vez e não são devidamente orientadas sobre a Em verde novo
Em folha, em graça, em vida, em força, em luz ..."

20 Capítulo 1
a) A que processo metabólico o poema está se evolutivo, qual a importância desse tipo fecundação
referindo? A etapa do metabolismo é anabolismo realizado pelas minhocas.
ou catabolismo? Justifique sua resposta.
b) Em que tecido e em que organela específicos esse
processo acontece?
c) Quais são os reagentes desse processo
metabólico?
d) O que é produzido no final desse processo
metabólico?
7. Explique a importância da respiração celular para
os seres vivos. Em sua explicação, cite a organela
responsável por essa reação química.
8. Um estudante escreveu o seguinte: “As bactérias
não têm núcleo nem DNA”. 14. A professora de Ciências organizou com seus
a) Essa afirmação é verdadeira? Justifique estudantes um pequeno experimento usando
b) Considerando os níveis de organização dos mudas de tomate. Os alunos plantaram as mudas e
seres vivos, indique a que nível pertencem, deixaram o recipiente, em uma mesa lateral da sala
respectivamente: bactéria, DNA e núcleo. de aula, próxima à janela. Após alguns dias os alunos
observaram que as plantinhas estavam viradas para
9. Diferencie reprodução sexuada de reprodução a direção da janela, conforme a foto.
assexuada.
10. Explique o que significa autofecundação e
fecundação cruzada.
11. Caracterize fecundação interna e fecundação
externa. Cite dois exemplos de seres vivos que
realizam cada um desses tipos de fecundação.
12. Na série, do filme "Guerra nas Estrelas", os Jedi
utilizam sabres de luz, que têm a propriedade
de cortar aquilo que tocam. Considerando as
características das planárias, explique no que
consiste o humor representado na tirinha. A professora fez algumas perguntas, e agora é sua
vez de responder:

a) Por que as mudas estavam viradas para a direção


da janela? Explique de maneira completa.
b) Quais outros fatores e substâncias são fundamen-
tais para o crescimento e desenvolvimento das
mudas de tomate?
c) Crie e planeje outro experimento para comprovar
o que você respondeu no item a. Liste as etapas
do seu experimento.
13. As minhocas possuem importante papel
ecológico, uma vez que auxiliam na permeabilidade
do solo, abrindo canais subterrâneos e permitindo
um melhor escoamento da água. Quanto ao
aspecto reprodutivo, esses anelídeos são bem
interessantes, pois — apesar de serem hermafroditas
— não se autofecundam, possuem adaptações
para a fecundação cruzada. Explique, sob o aspecto

Características dos seres vivos 21


15. Dá-se o nome de organismo autótrofo àquele vez, se torna essencial para a sobrevivência humana.
que A importância do conhecimento biológico pode ser
percebida desde a base do que compõe o planeta
a) é capaz de sintetizar seus próprios alimentos a
Terra. Hoje, a Biologia está presente no nosso dia a
partir da respiração.
dia e possui uma influência direta em tudo que está
b) não realiza a fotossíntese.
relacionado aos seres vivos, desde os mecanismos
c) depende de outro organismo vivo para obtenção
que regulam as atividades vitais até as relações que
de alimento.
estabelecem entre si e com o ambiente em que vi-
d) é capaz de utilizar substâncias em decomposição
vem. Estudar Biologia consiste em adquirir conhe-
para a sua alimentação.
cimentos de como o mundo se organiza, desde os
e) é capaz de sintetizar matéria orgânica a partir da
níveis mais simples até os mais complexos. E assim,
fotossíntese / quimiossíntese.
prever e mensurar os fenômenos que podem me-
16. (PUC/RS) A chamada “estrutura procariótica” lhorar a existência na Terra, e, consequentemente,
apresentada pelas bactérias nos indica que estes se- garantir a manutenção dos sistemas biológicos de
res vivos são forma sustentável.
PANIAGO, G.L. Descubra a importância da Biologia. <https://
a) destituídos de membrana plasmática. www.portaleducacao.com.br>. Acesso em: 12 mar. 2021.
b) formadores de minúsculos esporos.
c) dotados de organelas membranosas. O texto faz referência à hierarquia de complexidade
d) constituídos por parasitas obrigatórios. da organização biológica, cuja sequência correta é a
e) desprovidos de membrana nuclear. seguinte:
a) célula - tecido - órgão - sistema - organismo -
17. Sobre as semelhanças biológicas entre uma bac- população - comunidade - ecossistema - biosfera.
téria, uma borboleta, uma rosa e um lobo-guará, po-
b) célula - órgão - tecido - organismo - sistema -
demos afirmar, EXCETO:
comunidade - população - biosfera - ecossistema.
a) Todos esses organismos são constituídos de c) tecido - célula - órgão - organismo - sistema -
células. população - comunidade ecossistema - biosfera.
b) Todos esses organismos possuem genes armaze- d) tecido - célula - órgão - organismo - sistema -
nados em moléculas de DNA. comunidade - população - biosfera - ecossistema.
c) Todos os organismos citados têm capacidade e) célula - tecido - órgão - organismo - sistema -
para sintetizar proteínas. comunidade - população - biosfera - ecossistema.
d) Todos os organismos citados contêm células com
variedade de organelas e DNA delimitado por 20. A membrana plasmática, apesar de invisível ao
membranas. microscópio óptico, está presente
a) em todas as células, seja ela procariótica ou
18. De acordo com a teoria celular, apesar das dife- eucariótica.
renças em nível macroscópico, todos os seres vivos
b) somente nas células animais.
são semelhantes em sua constituição fundamental,
c) apenas nas células dos eucariontes.
uma vez que
d) apenas nas células dos procariontes.
a) são formados por células. e) no interior das células eucarióticas, envolvendo o
b) formam gametas. material genético.
c) são capazes de se reproduzir sexualmente.
d) contêm moléculas orgânicas. 21. As células animais diferem das células vegetais
e) têm capacidade de regeneração. porque estas contêm várias estruturas e organelas
características. Na lista abaixo, marque a estrutura
19. (UEMA) Biologia é a ciência que estuda os seres comum às células animais e vegetais.
vivos e explica os fenômenos ligados à vida e à sua
a) Vacúolo do suco celular.
origem. É de extrema importância para entender o
b) Parede celular.
funcionamento do nosso ecossistema, que, por sua
c) Cloroplastos.

22 Capítulo 1
d) Membrana plasmática. sença de carioteca em suas células, portanto se-
e) Centríolo. riam classificados como seres eucarióticos.
(4) Os organismos encontrados na lua de Saturno
O texto abaixo serve de suporte para as questões
possuem características dos organismos terres-
22 e 23.
tres com células procarióticas.
Suponha que uma das sondas lançadas ao 23. (UFP) Com base no texto, nas características ge-
espaço pelo homem encontrou, em uma lua de rais e nos níveis de organização detectados, os orga-
Saturno, condições de vida similares às condições nismos da lua de Saturno:
encontradas na Terra.
I. podem ser considerados procariontes multicelu-
A sonda recolheu vários indivíduos semelhantes, lares;
que foram mantidos em condições adequadas II. compõem necessariamente uma população da
e observados vivos, enquanto outros foram biosfera da lua de Saturno;
sacrificados para que suas estruturas fossem III. exibem reprodução do tipo sexuada;
estudadas. Observou-se que os indivíduos tinham IV. não possuem qualquer estrutura que atue com
o corpo composto por substâncias orgânicas, que função semelhante àquela dos órgãos que com-
eram formados por unidades similares às células dos põem os organismos da Terra.
organismos terrestres e que havia uma região da
célula limitada por envoltório, dentro da qual foram Está (ão) correta (s) apenas:
encontradas estruturas com a mesma organização a) I e II.
e função do DNA (ácido desoxirribonucleico) dos b) II e III.
organismos terrestres. c) IV.
Esses indivíduos eram capazes de se locomover d) III.
por contração e extensão de seus corpos. Tais e) II e IV.
mecanismos eram realizados por estruturas 24. Embora a continuidade da vida na Terra dependa
formadas por células especializadas em produzir substancialmente de todo o elenco de características
outros indivíduos por meio de um processo que que definem os sistemas viventes, duas dessas carac-
envolvia transferência do material similar ao DNA. terísticas assumem maior importância para a preser-
Por fim, constatou-se que eles tinham composição vação e perpetuação da vida no planeta. São elas:
química próxima à composição dos organismos vivos
da Terra: os elementos químicos mais abundantes a) Composição química complexa e estado coloidal.
eram oxigênio, hidrogênio, carbono e nitrogênio e b) Elevado grau de organização e execução das
os elementos-traço (metais pesados) incluíam cloro, funções vitais.
cobre, potássio, silício, magnésio, alumínio, ferro e c) Manutenção da homeostase e alto nível de
iodo. individualidade.
d) Consumo de energia e renovação contínua da
22. (UFPB) Com base no texto, analise as afirmativas matéria.
a seguir e assinale com C as certas e com E as erradas. e) Capacidade de reprodução e hereditariedade.
(1) O grupo de elementos químicos mais abundantes 25. (UNIR) Recentemente descobriu-se que a lesma-
nos organismos encontrados na lua de Saturno do-mar Elysia chlorotica, um molusco desprovido de
difere daquele dos organismos da Terra porque concha, utiliza como estratégia de proteção uma
não inclui sódio e potássio, presentes no grupo coloração verde-esmeralda que a confunde com al-
de elementos químicos mais abundantes nos or- gas. Essa estratégia de disfarce contra predadores é
ganismos terrestres. adquirida de forma singular: através da realização da
(2) O grupo de elementos químicos mais abundan- fotossíntese, como um organismo autótrofo.
tes nos organismos encontrados na lua de Sa-
Sobre as condições necessárias para a realização do
turno difere daquele dos organismos da Terra
processo fotossintético, julgue os itens.
porque não inclui fósforo e enxofre, presentes no
grupo de elementos químicos mais abundantes (1) Presença de cloroplasto intracelular.
nos organismos terrestres. (2) Elevada concentração de sal no meio.
(3) Os organismos encontrados na lua de Saturno (3) Baixa concentração de oxigênio na água.
compartilham com os animais terrestres a pre- (4) Capacidade de absorver energia solar.

Características dos seres vivos 23


26. Observe as figuras a seguir, que representam lular, os organismos podem obter energia de diferentes
uma célula animal e uma célula vegetal. Analise e jul- formas. Correlacione corretamente cada conceito com
gue as afirmações feitas a partir delas. a respectiva descrição.
CÉLULA I CÉLULA II I. É um conjunto de vias catabólicas, pelos quais os
Parede celular
organismos obtêm energia a partir da oxidação
de uma molécula orgânica. A glicose é o substrato
mais comum. Os organismos oxidam a glicose na
presença de oxigênio de acordo com a seguinte
reação: C6H12O6 + 6 O2 → 6 CO2 + 6 H2O.
II. Nesse processo os organismos são capazes de uti-
lizar a energia radiante para converter as molécu-
las simples de gás e água em moléculas orgânicas
(1) A célula vegetal é a indicada pela célula I; e a célula complexas, como a glicose, que pode ser utilizada
animal, pela célula II. por plantas e animais como fonte de energia, e
(2) A parede celular, presente na célula I, torna a for- moléculas estruturais. Segue sua reação: 6 CO2 +
ma da célula mais geométrica. 12 H2O → C6H12O6 + 6 O2 + 6 H2O.
(3) O triângulo está indicando cloroplasto – organe- III. Bactérias que vivem no solo podem sintetizar
la importante na respiração celular da planta. substâncias orgânicas a partir do CO2, H2O e ou-
(4) A célula animal, célula II, é a única que apresenta tras substâncias inorgânicas, na ausência de luz.
mitocôndrias. a) I. Fotossíntese; II. Quimiossíntese; III. Respiração.
(5) Ambas as células são de seres procariontes. b) I. Respiração; II. Fotossíntese; III. Quimiossíntese.
27. Fotossíntese e respiração são metabolismos es- c) I. Fotossíntese; II. Respiração; III. Quimiossíntese.
senciais para os seres vivos. Relativamente a esses d) I. Quimiossíntese; II. Respiração; III. Fotossíntese.
metabolismos, é correto afirmar que e) I. Respiração; II. Quimiossíntese; III. Respiração.

a) os vegetais clorofilados utilizam a luz, O2 e H2O


para a formação de glicose.
b) os seres heterotróficos utilizam O2 e H2O para a
formação de glicose.
c) os vegetais clorofilados utilizam a luz, CO2 e H2O
para a formação de compostos orgânicos.
d) os seres heterotróficos utilizam CO2 e H2O para a
produção de energia.
e) a fotossíntese é realizada apenas pelos seres
clorofilados; e a respiração, apenas pelos seres
aclorofilados.
28. (VUNESP - com adaptações) Sobre os níveis de
organização da matéria que constitui os seres vivos,
é correto afirmar que
a) as organelas são as menores unidades vivas dos
seres vivos.
b) os tecidos são agrupamentos de células que
desempenham uma função em comum.
c) as populações comportam organismos de
espécies diferentes em um mesmo local.
d) as comunidades são compostas por fatores
bióticos e abióticos.
e) os ecossistemas são ambientes isolados e que
não se inter-relacionam.
29. (IDCAP) Segundo os conceitos do metabolismo ce-

24 Capítulo 1
1 Água - Molécula da vida
A água é uma molécula formada por apenas dois átomos de Hi-
drogênio (H) e um átomo de Oxigênio (O), mas de imenso valor, O
versatilidade e de propriedades e características muito interessan-
tes e bem particulares. Pode ser encontrada no nosso planeta em H H
três estados físicos: sólido, líquido e gasoso. Neste capítulo, estuda-
remos algumas propriedades dessa molécula. Molécula de água
Cerca de 96% da água do Planeta é líquida e salgada, cerca de 2%
é doce e congelada nas calotas polares e geleiras; só nos outros 2%, é líquida e doce. Mas, mesmo com
essa porcentagem reduzida de água doce, a água sempre se renova, principalmente por conta do ciclo
hidrológico, relacionado com as mudanças de temperatura e pressão do ambiente.
No ciclo hidrológico, parte da água que se condensa, depois se precipita em forma de chuvas e in-
filtra-se nos solos; outra compõe os oceanos, rios, lagos e mais uma vez se evapora e forma as nuvens,
compostas de inúmeras moléculas de água em estado líquido. Ainda há uma pequena porção de água
que será devolvida pela transpiração e respiração das plantas e dos animais.
O esquema representa, de maneira simplificada, o ciclo hidrológico da água.

Água e sais minerais 25


Ciclo da água
Condensação

Chuva Formação
Evaporação de nuvens
Evaporação na queda
Enxu da vegetação
rrad Transpiração
a
Evaporação Evaporação
dos rios e lagos do solo
Águ
a grav Evaporação
itati Infiltração
va dos oceanos
Água retida no solo Nascentes
Lençol freático
Rio
Rocha impermeável Oceanos

Ciclo da água

Saiba+
Cuidando da água para não acabar essa água em tanques que, após cheios, devem
Ao longo deste capítulo, estudamos que a água é, de ser tampados para evitar a proliferação do
fato, uma molécula de suma importância para os seres mosquito Aedes aegypti;
vivos e para o planeta Terra. Estamos vivenciando • Saber ler o hidrômetro é muito simples e pode
períodos de estiagem cada vez mais longos e, diante ajudar detectar problemas como vazamentos.
deste quadro, precisamos fazer a nossa parte. Então Feche todas as torneiras da casa, verifique o
reflita e tente responder, sinceramente, à pergunta: hidrômetro, se estiver funcionando (ponteiros
O que você tem feito para economizar água? girando) é indicativo de perda de água.
Algumas atitudes simples contribuem para uma
economia significativa. Vejamos algumas:
• Use na escola garrafinha de água; além de
evitar perda de água no bebedouro, ainda
pode hidratar-se durante as aulas;
• Ao escovar dentes, feche a torneira; essa
atitude economiza cerca de 16 litros de água a
cada escovação; Com base no texto, faça o que se pede.
• Evite tomar banhos longos. Uma pessoa Um banho com chuveiro elétrico, por 15 minutos,
gasta cerca de 3 a 6 litros de água por minuto com o registro meio aberto, gasta 60 litros de água
enquanto o chuveiro está aberto, portanto em casa e 159 litros em apartamento. Considerando
nada de 20 minutos no banho; você estaria o número de pessoas que moram na sua residência,
consumindo 120 litros de água, enquanto, no incluindo você, calcule:
banho de 5 minutos, você gastaria cerca de 30 a) Quantos litros de água são consumidos por dia,
litros de água; em 1 banho de 15 minutos?
• Reaproveite a água da máquina e/ou tanquinho b) Quantos litros de água são consumidos por toda
para lavar carros e/ou garagem. Nada de a família em 30 dias?
torneira, use baldes, vassouras e rodos; c) Considere que sua família mora em casa e todos
• Enquanto ensaboa as louças, feche a torneira; se conscientizaram a reduzir o tempo do banho
• Molhe as plantas com regador e, de preferência, de 15 para 5 minutos e ainda fechar a torneira ao
ao amanhecer ou entardecer. Em momentos ensaboar o corpo. Nessas condições, em 5 minutos,
quentes do dia, as plantas fecham os estômatos há o consumo de 30L de água. Quantos litros, nesse
e param de transpirar, portanto boa parte da caso, seriam consumidos de água por dia?
água usada na rega não será reaproveitada d) E, na mesma situação da letra c, quantos litros
pela planta e, nesse caso, a água irá evaporar. seriam consumidos ao final de 30 dias?
• Reaproveitar a água das chuvas, armazenando

26 Capítulo 2
2 Propriedades da água
Agora vamos compreender algumas propriedades da água e ca-
racterísticas bem particulares dessa molécula.
Calor específico
Uma explicação para a temperatura da Terra ser estável está no
fato de esse planeta ter uma imensa quantidade de água no estado
líquido e essa molécula possuir um alto calor específico. Na ver-
dade, a água é o líquido de maior calor específico encontrado no
planeta. E o que é isso? Calor específico é definido como a quanti-
dade de calor necessária para aumentar em 1 °C a temperatura de
1 g de uma certa substância. O que isso representa na prática? Não
é fácil variar a temperatura da água, ela precisa trocar uma grande
quantidade de calor para aquecer ou esfriar.
Percebemos essa característica quando, por exemplo, esque-
cemos uma colher de metal dentro de uma panela com a chama
acesa. Consequentemente, por ser um metal, haverá uma rápida
condução do calor ao longo da colher. Entretanto, se quisermos
resfriá-la, basta colocá-la em contato com a água, que irá resfriar
rapidamente, ou seja, a água irá absorver o calor. Porém, esse calor
absorvido provocaria pouca, ou quase nenhuma, variação de tem-
peratura na água.
Transpiração é uma maneira de reduzir a temperatu-
Por que suamos? Qual a importância da transpiração em nosso ra corporal.
corpo? Depois de entendermos o que é o calor específico da água,
fica fácil responder a essas perguntas. Esse alto calor específico
confere à água a propriedade de agir ou atuar como reguladora
e protetora térmica. Já sabemos que, no corpo dos seres vivos, há
uma grande quantidade de água, portanto essas inúmeras molécu-
las irão auxiliar no equilíbrio corporal, evitando grandes oscilações
de temperatura. Por exemplo, quando uma pessoa está com febre,
o corpo começa a transpirar. Essa regulação é importante para re-
Ligação
duzir a temperatura corporal que está acima de 37 ºC. O mesmo covalente
ocorre quando nos exercitamos ou estamos em grande exposição
ao calor. Iremos aprender, nos próximos capítulos, que nosso corpo
precisa manter uma temperatura ideal para que as enzimas – pro-
teínas especiais de catálise – possam auxiliar no funcionamento do
metabolismo corporal.
Polaridade
Quando os dois átomos de hidrogênio e o de oxigênio se com-
binam para formar água, há um compartilhamento dos elétrons
entre os átomos que compõem a molécula. Ligações de hidrogênio
Nesse tipo de ligação, conhecida como covalente, cada átomo
contribui com um elétron; os dois pares de elétrons compartilha-
dos que constituem a ligação são mantidos juntos.
Essas ligações covalentes são muito fortes, por isso a grande es-
tabilidade da molécula da água. O átomo de oxigênio é mais ele-
tronegativo que o de hidrogênio, nesse caso os elétrons envolvidos
nessa ligação atraem o núcleo do hidrogênio, e é essa característica
que garante a polaridade da molécula da água.

Água e sais minerais 27


Eletronegatividade: propriedade dos elementos químicos que indica a tendência que cada um tem de
atrair os elétrons em uma ligação química.

A molécula da água é polar, sendo o polo negativo o do oxigênio, e os polos po-


H H sitivos são dos dois hidrogênios. Nesse caso essas diferenças de polaridade tam-
O bém permitem a formação das ligações de hidrogênio entre as moléculas da água.
Isso é também comum entre hidrogênio e nitrogênio.

H Cada molécula de água poderá produzir ligações de hidrogênio com até qua-
+ - tro outras moléculas de água, pois, em cada extremidade dessas moléculas, há
OH OH +
- - elétrons livres. Na figura ao lado, as linhas pontilhadas representam as ligações
H H+ O H de hidrogênio que se estabelecem entre as partes dos átomos de cargas opostas.
OH H As ligações de hidrogênio são mais fracas do que as ligações covalentes que
Ligações de hidrogênio formam a água, mas essas ligações explicam muitas propriedades, bem como sua
importância biológica para os seres vivos. Algumas moléculas presentes nos seres
vivos formam ligações de hidrogênio entre si. Por exemplo, entre o DNA e o RNA, entre aminoácidos que formam
as proteínas, entre glicoses que formam o amido, além de outras macromoléculas que iremos estudar nos próxi-
mos capítulos desta unidade.

Curiosidades

H
H H
H H
O O
O H O
H H H H
O O H H
H O O H
H H
H O O
H H H
H H H H
H O
O O O
H
H H H H H O H
H
O H H O
O
O O
H H
H H H

Sólido Líquido Gasoso


Representação das moléculas de água nos estados físicos sólido, líquido e gasoso

A água pode ser encontrada nos três estados físicos: sólido, líquido e gasoso. Esses estados ocorrem de
acordo com as diferenças de temperatura e pressão, que permitem ou não maior agitação entre as moléculas.
Nesses três estados físicos, há ligações de hidrogênio envolvidas em maior ou menor quantidade. Quanto
maior o número de ligações de hidrogênio entre as moléculas, maior será a coesão entre elas. Portanto, no
estado sólido há muito mais ligações de hidrogênio quando comparado ao estado líquido e ao estado gasoso.
Conforme há o aumento de temperatura, amplia-se a agitação entre as moléculas. Esses movimentos provo-
cam o rompimento das ligações de hidrogênio e reduzem a força de coesão; e consequentemente, ocorrerá a
alteração do estado físico.

28 Capítulo 2
Calor latente

Nosso planeta possui muitas peculiaridades. Uma delas está no fato de

Diminuição de temperatura e pressão constante

Aumento de temperatura e pressão constante


que, aqui, a água é encontrada nos três estados físicos: sólido, líquido e ga-
soso. Dependendo da temperatura e da pressão de determinado local, é
Sólido
possível perceber essa característica da água, bem como suas mudanças de
estado físico. Essa propriedade está relacionada com a quantidade de calor

Ressublimação
que um corpo precisa trocar para mudar de estado físico. Fusão

Sublimação
Para que a água líquida se torne sólida, é necessário perder calor, assim
Líquido
Condensação
como, para que a água derreta, é preciso que ganhe calor. Cada substân- Liquefação
cia apresenta um calor latente específico para que mude de estado físico.
No caso da água, é necessário ganhar ou perder 80 calorias para cada 1 Vaporização

grama de água, que deverá passar por uma mudança de estado físico. Gasoso
Além disso, como já aprendemos, essas alterações de temperatura e pres-
são permitem maior ou menor agitação entre as moléculas e promovem Mudanças de estado físico da água
maior ou menor força de coesão entre elas, auxiliando assim a mudança
de estado físico.
Solubilidade

A água é considerada um importante solvente, e essa característica se


dá devido a sua polaridade, uma vez que na Química se diz que: “seme-
lhante dissolve semelhante”. Dessa forma, moléculas polares possuem afi-
nidade com outras moléculas também polares ou com substâncias que
possuem regiões polares e que, portanto, são capazes de ser dissolvidas
pela água.
De acordo com a solubilidade em água, as substâncias podem ser classi-
ficadas como hidrofílicas ou hidrofóbicas.
a) Hidrofílicas
São substâncias caracterizadas como polares ou que possuem regiões
polares, portanto atraem as moléculas de água e assim serão dissolvidas
por ela.
Exemplo: sal, glicose, sacarose.
b) Hidrofóbicas
São substâncias que não apresentam regiões polares, portanto não atra-
em a molécula de água. Nesse caso são consideradas substâncias apolares,
uma vez que não possuem afinidade química com essa molécula, então
não são capazes de se unir quando em contato com água.
Algumas proteínas, lipídios e vitaminas possuem regiões hidrofílicas e hi-
drofóbicas; portanto podem ou não se dissolver, o que dependerá do con-
tato dessas regiões com as moléculas de água. Outro exemplo interessante
corresponde às membranas plasmáticas das células, que são formadas por
fosfolipídios e que apresentam uma região hidrofílica e outra região hidro- Água e óleo
fóbica.

Água e sais minerais 29


Regiões
hidrofóbicas

Regiões
hidrofílicas
Esquema de membrana plasmática indicando regiões hidrofóbicas e hidrofílicas
Tensão superficial

Essa propriedade é devida às inúmeras ligações de hidrogênio presentes entre as moléculas de água no estado
líquido. Quando percebemos um inseto caminhando sobre a água, estamos visualizando a tensão superficial. A
película que se forma entre as moléculas da superfície é possível, porque há várias ligações de hidrogênio entre
as moléculas ao lado e abaixo, formando uma membrana levemente elástica. Mas, para que essa película se for-
me, é importante uma pequena ou quase inexistente agitação entre as moléculas para que não se rompam as
ligações de hidrogênio e se mantenha a força de coesão entre elas.
Na foto abaixo é possível perceber que as moléculas de se água acumulam, formando uma gota. Ela só irá cair
no momento que a película elástica, formada pela tensão superficial, se romper.

Tensão superficial Tensão superficial

Utilize o leitor de QR code do seu celular para assistir ao ví-


deo da prática "Tensão Superficial da Água", e responda
às questões a seguir.

1. Quantas gotas o grupo conseguiu colocar na moeda antes de extravasar?


2. O que é a tensão superficial da água?
3. Esquematize a fórmula estrutural da molécula de água.
4. Por que o detergente causou rápidas alterações nas manchas de corantes alimentícios no leite inte-
gral?
5. Por que o resultado observado na parte 2 (leite integral) da prática foi diferente do observado na
parte 3 (leite desnatado)?

30 Capítulo 2
Capilaridade

Quando observamos árvores enormes, como da imagem ao lado, podemos nos


perguntar: como a água chega às folhas que estão a metros de altura, se na Terra a
gravidade atrai os corpos para baixo?
Essa pergunta pode ser respondida com a teoria da tensão-coesão ou teoria da
tensão-adesão-coesão, que explica a propriedade conhecida como capilaridade
da água e das soluções aquosas.
Quando uma planta transpira pelos estômatos – estruturas presentes nas fo-
lhas – ou utiliza água para as reações metabólicas, suas células perdem algumas
moléculas desse líquido, e os espaços intercelulares ficam vazios. Por conta dessa
perda, há um acúmulo de solutos. Essa diferença de concentração faz com que a
membrana plasmática da célula puxe a água das células vizinhas.
Esse fenômeno ocorre em várias células da planta e de forma contínua, princi-
palmente se as temperaturas externas forem elevadas. Nesse caso, essa diferen-
ça de concentração promoverá o movimento das soluções aquosas por todas as
partes da planta. Como as moléculas de água apresentam uma grande força de
coesão, essas moléculas, juntas, irão “caminhando” por todos os tecidos das plan-
tas, preenchendo os espaços vazios. Ainda assim, há um fator importante a ser
considerado: a água percorre longas distâncias pois suas moléculas possuem uma
Capilaridade
grande capacidade de aderência às superfícies porosas, e essa adesão facilita o
movimento ascendente da água, mesmo contra a ação da gravidade.

Saiba+
Estômatos
Os estômatos são estruturas pequenas nas células-guarda localizadas na epiderme das folhas dos vegetais
e atuam diretamente na troca de gases que participam da fotossíntese.
Também participam da transpiração, cerca de 90% da água perdida pela transpiração ocorre pela abertura
dessas estruturas.
Observe o esquema: os estômatos tendem a ficar abertos favorecendo a entrada do CO2 (gás carbônico),
fundamental para a fotossíntese, durante o dia, entretanto essa abertura promove também a saída de água.

Fechamento dos
estômatos

Os estômatos estão nas superfícies das


folhas das plantas tanto na parte
Abertura dos
superior quanto na inferior.
estômatos

Quando a perda de água está excessiva ou há pouca disponibilidade de água, os estômatos se fecham. E,
com esse fechamento, reduz-se a entrada CO2 e, consequentemente, há redução da fotossíntese. Esse fecha-
mento ocorre devido à flacidez das células-guarda.
Quando as células-guarda estão túrgidas, os estômatos se abrem, e as células voltam a absorver o gás
carbônico e liberar água (H2O) e gás oxigênio (O2).

Água e sais minerais 31


3 Água e reações químicas
Como já vimos, a água é uma substância de suma importância para o meio ambiente e para os seres vivos. Essa
molécula participa como reagente ou produto de diversas reações metabólicas. Comprovadamente, a maioria
das reações químicas que ocorrem no corpo dos seres vivos acontece em meio aquoso.
As reações em que a água participa como reagente ou como produto são classificadas em reações de hidrólise
ou de síntese por desidratação. Independentemente dos tipos de reação, é fundamental salientar que a água não
participa como catalisadora, ou seja, ela não acelera as reações químicas, e sim auxilia na quebra ou na formação
de moléculas importantes para o metabolismo dos seres vivos.
a) Reações de hidrólise
Nesse tipo de reação, a água atua como reagente, portanto a molécula entra na reação com o objetivo de que-
brar outras moléculas maiores. O próprio significado da palavra hidrólise explica: hidro: água e lise: quebra – de-
gradação. Dessa forma, a água degrada moléculas para que, ao final da reação, novos produtos sejam formados.
Na natureza há vários exemplos que demonstram esse tipo de reação.
Exemplo:
SACAROSE + ÁGUA GLICOSE + FRUTOSE
C12H22O11 + H2O C6H12O6 + C6H12O6
Nas reações de hidrólise, as moléculas formadas serão utilizadas como fonte de energia primária para o me-
tabolismo. O exemplo acima representa a quebra do açúcar sacarose a partir da reação de hidrólise, formando
dois produtos, a glicose e a frutose, moléculas que serão usadas como nutrientes energéticos para as células,
principalmente no processo de respiração celular.
As reações desse tipo são exemplos de catabolismo, uma vez que a água auxilia na degradação de moléculas
mais complexas em moléculas mais simples ou de menor peso molecular. Nosso corpo faz isso em vários mo-
mentos, quando hidrolisamos o amido, o glicogênio e outras importantes moléculas orgânicas.
b) Reações de síntese por desidratação
Ao contrário das reações de hidrólise, nas reações de síntese por desidratação, a água será um dos produtos
formados. Na verdade, a expressão "desidratação" é bem empregada, pois para formar uma molécula maior a
partir de duas moléculas mais simples, a água é removida. Várias moléculas orgânicas são sintetizadas a partir
desse tipo de reação, que é um exemplo de anabolismo. Nesse caso, há um gasto energético para produzir essas
macromoléculas, inversamente ao que ocorre nas reações de hidrólise.
GLICOSE + FRUTOSE SACAROSE + ÁGUA
C6H12O6 + C6H12O6 C12H22O11 + H2O

4 Sais minerais
Os sais minerais são elementos químicos presentes na natureza, embora nós não sejamos capazes de sintetizá-
-los ou produzi-los em nosso corpo. Portanto, precisamos ingeri-los para que o corpo seja capaz de absorvê-los.
Por esse motivo, justifica-se a importância de mantermos uma dieta balanceada e equilibrada. Uma vez ingeri-
dos, esses minerais estarão dissolvidos na água, por serem substâncias hidrofílicas, serão transportados para o
meio intracelular, participarão da composição de alguns fluidos corporais sob a forma de íons, elementos quími-
cos eletricamente carregados, e exercerão várias propriedades funcionais e estruturais no organismo.
Os minerais podem ser classificados de acordo com sua importância e proporção encontrada no organismo.
São classificados em macrominerais (minerais principais) e microminerais (elementos-traço).
Vamos conhecer os principais minerais, entre eles os macrominerais: cálcio, fósforo, magnésio, enxofre, sódio,
potássio e cloro, e também alguns elementos-traço, tais como: ferro, iodo, zinco, manganês e flúor.

32 Capítulo 2
Esses minerais possuem diferentes funções e auxiliam no desempenho do metabolismo, no controle hídrico,
na composição de tecidos corporais e de moléculas, por exemplo: hormônios e fosfolípidos; além de auxiliar no
transporte de substâncias.
Contudo, seu consumo deve ser controlado, pois tanto o excesso quanto a falta desses minerais podem pro-
vocar danos à saúde.
Embora sejam encontrados sob valores percentuais muito baixos em nosso organismo, a carência de sais mi-
nerais poderá gerar deficiências fisiológicas significativas, ao passo que sua presença no organismo, em quanti-
dades adequadas, promove a regulação na fisiologia dos diversos sistemas corporais.

Minerais Fontes Funções Disfunções / Deficiências


Formação dos ossos, dentes; Retardo do crescimento,
Leite e derivados,
Cálcio contração muscular; coagulação diminuição da massa óssea,
vegetais escuros e feijão.
sanguínea; transmissão nervosa. lesão renal.
Composição das enzimas (prote-
Grãos integrais e folhas
Magnésio ínas especiais) e componentes Distúrbios neurológicos.
verdes.
estruturais das células.
Leite e derivados, carne
Fósforo Formação dos ossos e dentes. Fraqueza
vermelha, grãos integrais
Componente das cartilagens, Mau crescimento e lesão
Enxofre Aminoácidos, carnes.
tendões e proteínas. hepática (fígado).
Sal, carne vermelha
Balanço hídrico; função nervosa;
defumada, picles, sopas, Cãibras musculares, redução do
Sódio contração muscular, transmissão
refrigerante e alimentos apetite, hipertensão arterial.
dos impulsos nervosos.
processados.
Carnes vermelhas, leite, Balanço hídrico e função Fraqueza muscular, paralisia,
Potássio
frutas e verduras. nervosa. parada cardíaca
Na água, sal, carne Cãibras musculares, redução
vermelha defumada, Composição e equilíbrio do do apetite, crescimento
Cloro
picles, sopas e alimentos suco gástrico. inadequado, hipertensão
processados. arterial.
Componente de enzimas e da Anemia, fraqueza, baixa
Carnes vermelhas, ovos,
Ferro hemoglobina e transporte de imunidade, lesão hepática e
legumes e folhas verdes.
oxigênio. insuficiência cardíaca.
Peixe e frutos do mar, Composição do hormônio da
Iodo Bócio
laticínios, sal iodado e pães. tireoide.
Cáries dentárias, manchas nos
Flúor Água, chá e frutos do mar. Manutenção dos dentes.
dentes e problemas intestinais.
Carnes vermelhas, frutos Composição das enzimas e Falha no crescimento, dermatite,
Zinco
do mar e grãos integrais. antioxidante. baixa imunidade, náuseas.

Castanhas, grãos Ossos e cartilagens anormais,


Manganês integrais, vegetais, frutas Componente das enzimas. lesão no Sistema Nervoso
e chá. Central.

Formação de ossos e dentes;


Frutos do mar, cereais Doença de Keshan
associado ao metabolismo
Selênio integrais, leite e derivados (cardiomiopatia - arritmia e
de gordura e medicamentos.
e ovo. insuficiência cardíaca).
Antioxidante.

Água e sais minerais 33


Alimentos fonte de sais minerais

5 Atividade física e perda de sais minerais


Vimos que a água e o seu alto calor específico protegem o corpo das
grandes oscilações de temperatura, a partir da transpiração. Entretanto
em uma atividade física, ocorre a perda de líquidos e de importantes
sais minerais (eletrólitos), entre eles: sódio, potássio, magnésio e cloro. A
quantidade de perda desses eletrólitos varia de pessoa para pessoa, e é
menor naquelas que têm melhor condicionamento físico.
Em situações normais, o organismo mobiliza mecanismos para aumen-
tar a frequência cardíaca, reduzindo os impactos da perda de sais a partir
da transpiração. Porém, esse aumento, nos batimentos cardíacos, pode
não ser suficiente, e o desempenho durante a atividade física ficará com-
prometido.
Por isso, a hidratação moderada, ao longo de toda a atividade, deve
ser feita e, em alguns casos, pode ser até ingerida bebidas isotônicas para
auxiliar. Em geral, estas bebidas têm uma concentração de eletrólitos se-
melhante ao sangue. Entretanto, por conterem sais e açú­cares, essas be-
bidas somente devem ser ingeridas por diabéticos, hipertensos, doentes
renais, gestantes ou lactantes somente com orientação médica.

• Estados Líquido - Sólido e Gasoso - Khan Academy - https://youtu.be/o4bXSA7vrd8


• Tempo de Ciência: Água - Introdução e Estrutura - https://youtu.be/qh1ebh9A2F8
• Tempo de Ciência: Propriedades da Água - https://youtu.be/25p_poxGE28
• Descomplica: Sais Minerais - https://youtu.be/Mvzhvl2_Nvo

34 Capítulo 2
1. Complete as frases preenchendo cada espaço 4. Analise a tirinha do personagem Armandinho:
com um dos termos a seguir:

solução aquosa molécula átomo


ligações covalentes ligações de hidrogênio

(1) _________________ é o nome que se dá às partí-


culas que formam qualquer tipo de matéria. Fonte: <https://tirasarmandinho.tumblr.com>.
(2) Átomos que compartilham elétrons simultanea- Acesso em: 12 mar. 2021.
mente a partir das das _________________ para Considerando, o ciclo da água e o questionamento
para formar moléculas. de Armandinho, responda:
(3) A mistura homogênea composta de água e
Qual a relação entre a falta de água e os desmata-
de uma ou mais substâncias é denominada
mentos?
_________________.
(4) Forte atração que se estabelece entre o hidro- 5. (UNESP) Os médicos de uma cidade do interior
gênio e outros elementos denomina-se das do Estado de São Paulo, ao avaliarem a situação
_________________ para. da saúde de seus habitantes, detectaram altos
(5) A das _________________ para pode ser forma- índices de anemia, de bócio, de cárie dentária, de
da por dois ou mais átomos unidos por ligações osteoporose e de hemorragias constantes através
químicas. de sangramentos nasais. Verificaram a ocorrência de
carência de alguns íons minerais e, para suprir tais
2. Leia o trecho abaixo. deficiências, apresentaram as propostas seguintes.
“O amido que comemos, em pães e outras massas, Proposta I - distribuir leite e derivados.
como o macarrão, deve ser hidrolisado antes de ser Proposta II - adicionar flúor à água que abastece a
usado como fonte de energia”. cidade.
Com relação a esse assunto, responda ao questiona- Proposta III - adicionar iodo ao sal consumido na
mento abaixo. cidade, nos termos da legislação vigente.
Proposta IV - incentivar os habitantes a utilizar
O que significa o termo hidrolisado? Explique sua
panelas de ferro na preparação dos alimentos.
resposta.
Proposta V - incrementar o consumo de frutas e
3. verduras.
Diante dessas propostas, responda:
a) Qual delas traria maior benefício à população, no
combate à anemia? Justifique.
b) Qual proposta que, pelo seu principal compo-
nente iônico, poderia reduzir, também, os altos
É possível que você, ao ir ao supermercado, procure índices de cáries dentárias, de osteoporose e de
por aipo e não encontre; mas, aqui no Brasil, esse hemorragias? Por quê?
vegetal é conhecido como salsão. No 2º quadrinho, 6. Quanto mais massa muscular uma pessoa tiver,
o gato Garfield demonstra indignação, mas isso mais acelerado será o seu metabolismo. O músculo
não deveria ser o caso, pois já é cientificamente requer mais energia para funcionar do que o tecido
comprovado que o salsão é rico em potássio. Quais adiposo. Enquanto 450 gramas de gordura corporal
argumentos você poderia citar para convencer queimam 2 calorias por dia, a mesma quantidade de
Garfield? músculos gasta 35 calorias diárias.
Fonte: <https://alfacenaoengorda.wordpress.com/tag/ Revista Veja, ano 40, n.27, p. 80, jul. 2007.
humor/>. Acesso em: 12 mar. 2021.

Água e sais minerais 35


Quais seriam os minerais mais importantes para os
músculos? Justifique sua resposta. Folha

7. (UNESP) Em abril de 2007, astrônomos suíços, por- Z


tugueses e franceses descobriram um planeta seme- Vapor
lhante à Terra fora do Sistema Solar, o Gliese 581c. A de água
descoberta desse planeta representa um salto da ci-
ência na busca pela vida extraterrestre, visto que os
cientistas acreditam que há água líquida em sua su- Y
perfície, onde as temperaturas variam entre 0 °C e 40
°C. Tais condições são muito propícias à existência de
vida.
Por que a água na forma líquida e temperaturas en- X
Raiz Água
tre 0 °C e 40 °C são propícias para a existência da vida
tal como a conhecemos?
a) O esquema representa a propriedade de
8. (UFU - adaptada) A água é a substância que se capilaridade da água. A partir desse tema,
encontra em maior quantidade no interior da célula. explique como a teoria da tensão e coesão é capaz
Isto se justifica pelas importantes funções que exerce de promover o movimento da água por todas as
nos processos metabólicos. Sobre o tema, responda células da planta até o topo das árvores mesmo
aos itens abaixo. contra a ação da gravidade.
b) Qual a relação entre os estômatos e o equilíbrio
a) Qual a participação da água na regulação térmica hídrico da planta?
de animais homeotérmicos?
b) Por que as pessoas desidratadas correm risco de 11. (UFMG – com adaptações) Um homem, subme-
morte? tido a aquecimento prévio de 45 °C, ingere gelo pica-
c) Em caso de diarreia crônica (persistente) uma do em intervalos regulares. Os gráficos relacionam a
das indicações para reduzir o risco à saúde é temperatura da pele, a temperatura interna e a sudo-
a ingestão de bebidas isotônicas. Explique a rese nesse homem, nas condições citadas. Conside-
importância dessas bebidas e em que situações rando os gráficos, o experimento e as propriedades
elas são contraindicadas. da água, responda aos itens a seguir.
9. (UNICAMP) A cidade ideal seria aquela em que cada Gelo Gelo Gelo
37,6
habitante pudesse dispor, pelo menos, de 12 m2 de 37,4
37,2
área verde (dados da OMS). Curitiba supera essa meta 37,0
Temperatura
da pele
com cerca de 55 m2 por habitante. A política ambien- 36,8
tal da prefeitura dessa cidade prioriza a construção de
37,6
parques, bosques e praças que, além de proporcionar 37,4 Temperatura
áreas de lazer, desempenham funções como amenizar 37,2 interna
37,0
o clima, melhorar a qualidade do ar e equilibrar o ciclo 36,8
hídrico, minimizando a ocorrência de enchentes.
200
a) Explique como as plantas das áreas verdes 150 Sudorese
100
participam do ciclo hídrico, indicando as 50
estruturas vegetais envolvidas nesse processo e 10 20 30 40 50 60 70 80
Minutos após o início do experimento
as funções por elas exercidas.
b) Qual seria o destino da água da chuva não
utilizada pelas plantas no ciclo hídrico? a) Quando o homem ingeriu gelo picado, o que
aconteceu com a sudorese: aumentou ou
10. (UFSM – com adaptações) A questão a seguir se diminuiu? Por que isso ocorreu?
refere ao esquema que representa os processos en- b) Relacione a temperatura interna do corpo, com a
volvidos no equilíbrio hídrico das plantas. sudorese e o calor específico da água.
12. (UFRJ – com adaptações) É muito comum que
mulheres apresentem um quadro de anemia durante

36 Capítulo 2
a gravidez. As mulheres anêmicas queixam-se de nas membranas de nossas células, aumentando as
cansaço constante, além de uma acentuada “falta chances de o vírus parasitar nossas células. Como a
de ar”. Essa condição, em geral, pode ser tratada por principal forma de contágio é pelas vias respiratórias,
meio da ingestão de sais de ferro ou de uma dieta é fundamental o uso de máscaras faciais; mas outra
rica em ferro. Explique de que forma a dose extra de prevenção muito importante é a prática da higiene,
ferro alivia os sintomas de falta de ar. lavando as mãos com água e sabão, ou usando álcool
a 70%.

13. Considerando o tema água, analise a charge


para responder os itens.
Considere o texto acima, a propriedade de solubili-
dade da água e que o sabão tem, na sua composição
substâncias hidrofílicas e hidrofóbicas. Explique, em
um parágrafo dissertativo, por que a higiene com
água e sabão é eficiente contra o coronavírus.

Fonte: Edgar Vasquez – Blogaleria - <http://evblogaleria.blo-


gspot.com.br/2012/04/charges-tiras.html>. Acesso em: 7 abr.
2017.

a) Sobre o ciclo da água, apresentado nesta unidade,


a formação das nuvens representa qual estado
físico da água? Qual a mudança de estado físico
quando se inicia a precipitação da chuva?
b) Mesmo sabendo que, em caso de chuva, a “água
cai do céu”, explique o contexto da charge.
c) Caso a água da mangueira estivesse caindo na
grama, representada na imagem, quais seriam
as próximas etapas do ciclo da água, até que as
moléculas da água formem uma nova nuvem?
14. O coronavírus Sars-CoV2 e suas variantes
causam problemas respiratórios graves, provocando
a doença COVID19. Observando a imagem, percebe-
-se que esse vírus contém RNA (material genético)
e é envolvido por um “envelope” composto por
proteínas (glicoproteínas) e lipídios. Uma das
proteínas nesse envelope é a proteína Spike (proteína
S). É esta proteína que se adere com muita eficiência

Água e sais minerais 37


15. (UNIFESP) Um ser humano adulto tem de 40% a 18. Um produto comercial chamado Scotch Gard é
60% de sua massa corpórea constituída por água. A utilizado, sob a forma de spray, em superfícies como
maior parte dessa água encontra-se localizada as de estofados e tecidos, para torná-las à prova
d’água. O princípio de atuação do Scotch Gard é que
a) no meio intracelular.
ele torna a superfície
b) no líquido linfático.
c) nas secreções glandulares e intestinais.
d) na saliva.
e) no plasma sanguíneo.
16. (ENEM - adaptada) A figura ilustra o movimento
da seiva xilêmica em uma planta.
estômato

a) hidrofílica, impedindo que a água seja absorvida


vapor de água por ela.
b) hidrofóbica, impedindo que a água seja absorvida
vaso
xilêmico
por ela.
c) hidrofílica, permitindo que a água seja absorvida
por ela.
água do solo
d) hidrofóbica, permitindo que a água seja absorvida
xilema
por ela.
Mesmo que essa planta viesse a sofrer ação contínua e) hidrofóbica, permitindo que a gordura seja
do vento e sua copa crescesse voltada para baixo, absorvida por ela.
essa seiva seguiria naturalmente seu percurso. 19. (UFU) Na composição celular, são encontrados
O que garante o transporte dessa seiva é a vários elementos, entre os quais, os sais minerais. Por
serem fundamentais ao adequado funcionamento
a) gravidade.
de diversas células e órgãos, esses sais aparecem em
b) respiração.
diferentes regiões do corpo humano e em diversos
c) fotossíntese.
alimentos. Faça a correlação entre os sais minerais
d) transpiração.
apresentados na COLUNA A com as informações des-
17. (ENEM) A falta de água doce no Planeta será, critas na COLUNA B.
possivelmente, um dos mais graves problemas des-
te século. Prevê-se que, nos próximos vinte anos, a Coluna A Coluna B
quantidade de água doce disponível para cada habi- a) A sua maior reserva está nos ossos; é
tante será drasticamente reduzida. Por meio de seus importante na contração muscular e
diferentes usos e consumos, as atividades humanas 1. Ferro na cascata de coagulação saguínea; é
interferem no ciclo da água, alterando encontrado em folhas verdes e na cas-
ca do ovo.
a) a quantidade total, mas não a qualidade da água
disponível no Planeta. b) É um dos complementos da
2. Potássio hemoglobina; é encontrado no fígado
b) a qualidade da água e sua quantidade disponível
e nas carnes.
para o consumo das populações.
c) a qualidade da água disponível, apenas no c) Faz parte do esqueleto de vários ani-
subsolo terrestre. mais, do processo de transferência de
d) apenas a disponibilidade de água superficial 3. Iodo energia no interior da célula e da molé-
existente nos rios e lagos. cula de ácidos nucleicos; é encontrado
em carnes, feijão, ervilha e peixes.
e) o regime de chuvas, mas não a quantidade de
água disponível no Planeta.

38 Capítulo 2
22. (ENEM - adaptado) O Sol participa do ciclo da
d) Atua na transmissão de impulsos
4. Cácio nervosos; é encontrado em frutas,
água, pois, além de aquecer a superfície da Terra dan-
verduras e cereais. do origem aos ventos, provoca a evaporação da água
dos rios, lagos e mares. O vapor da água, ao se resfriar,
e) É um importante componente de um condensa-se em minúsculas gotinhas, que se agrupam
hormônio, cuja carência pode levar à formando as nuvens, neblinas ou névoas úmidas. As
5. Fósforo
obesidade; é encontrado em frutos do nuvens podem ser levadas pelos ventos de uma região
mar e peixes.
para outra. Com a condensação e, em seguida, a chuva,
Assinale a opção que apresenta a correlação correta. a água volta à superfície da Terra, caindo sobre o solo,
rios, lagos e mares. Parte dessa água evapora retornan-
a) 1-b; 2-d; 3-e; 4-a; 5-c. do à atmosfera, outra parte escoa superficialmente ou
b) 1-b; 2-d; 3-e; 4-c; 5-a. infiltra-se no solo, indo alimentar rios e lagos. Esse pro-
c) 1-d; 2-b; 3-e; 4-c; 5-a. cesso é chamado de ciclo da água.
d) 1-a; 2-d; 3-c; 4-b; 5-e. Com base no exposto, julgue como C (certo) Ou E
20. Algumas crianças chinesas da região de Keshan (errado) as seguintes afirmativas:
são predispostas a uma doença cardíaca conhecida (1) A evaporação é maior nos continentes, uma vez
como doença de Keshan, que é causada pela falta de que o aquecimento ali é maior do que nos ocea-
um importante sal mineral. Essa doença resulta em nos.
um inchaço do coração e mata metade das pessoas (2) A vegetação participa do ciclo hidrológico por
que a contraem. O sal mineral que deve ser incluído meio da transpiração.
na dieta dos chineses e que evitaria a doença de Ke- (3) O ciclo hidrológico condiciona processos que
shan é o ocorrem na litosfera, na atmosfera e na biosfera.
a) iodo. (4) A energia gravitacional movimenta a água den-
b) manganês. tro do seu ciclo.
c) selênio. (5) O ciclo hidrológico é passível de sofrer interferên-
d) zinco. cia humana, podendo apresentar desequilíbrios.

21. (UFSC) Faça a soma dos itens corretos. 23. (PUC/RJ) A água, por ter um alto calor específico,
é um elemento importante para a regulação da tem-
A água é a substância mais abundante na constitui- peratura corporal em todos os chamados animais
ção dos mamíferos. É encontrada nos compartimen- de sangue quente. A quantidade de água necessária
tos extracelulares (líquido intersticial), intracelulares para a manutenção da estabilidade da temperatura
(no citoplasma) e transcelulares (dentro de órgãos corporal varia, basicamente, em função de dois pro-
como a bexiga e o estômago). Sobre a água e sua cessos: a sudorese e a produção de urina. Assinale
presença nos mamíferos, assinale as alternativas cor- a opção que aponta corretamente como funciona
retas e depois faça a soma dos itens a elas corres- esse controle. Quando há
pondentes.
a) aumento da temperatura ambiente, o indivíduo
(01) A quantidade em que é encontrada nos organis- produz menor quantidade de suor e menor
mos é invariável de espécie para espécie. quantidade de urina.
(02) Com o passar dos anos, existe uma tendência b) aumento da temperatura ambiente, o indivíduo
de aumentar seu percentual em um determina- produz maior quantidade de suor e maior
do tecido. quantidade de urina.
(04) É importante fator de regulação térmica dos c) diminuição da temperatura ambiente, o
organismos. indivíduo produz menor quantidade de suor e
(08) Em tecidos metabolicamente ativos é inexis- maior quantidade de urina.
tente. d) diminuição da temperatura ambiente, o
(16) Participa da constituição dos fluidos orgânicos indivíduo produz maior quantidade de suor e
que transportam substâncias dissolvidas por menor quantidade de urina.
todo o corpo. e) diminuição da temperatura ambiente, o
(32) Constitui meio dispersante para facilitar a reali- indivíduo produz maior quantidade de suor e
zação das reações químicas. maior quantidade de urina.
Soma:

Água e sais minerais 39


24. (G1-CFTCE) Os sais minerais, mesmo que reque- (1) Quando estão fechados, os estômatos evitam a
ridos em pequenas quantidades, são substâncias perda de água por transpiração, mas também im-
imprescindíveis ao funcionamento do metabolismo pedem a entrada de CO2.
celular. Em relação a esses compostos, é CORRETO (2) As células-guarda regulam a transpiração e o
afirmar que tamanho da abertura (poro estomático), para
atender a demanda fotossintética de aquisição
a) são, em sua maioria, insolúveis em água.
de O2, enquanto minimizam a perda de CO2.
b) não apresentam cargas elétricas, pois não se
(3) Em condições de deficiência hídrica, em um dia
ionizam.
ensolarado, os estômatos tenderão a permane-
c) contribuem para o controle hídrico do meio intra
cer fechados, evitando a desidratação da planta.
e extracelular.
(4) A abertura ou o fechamento dos estômatos de-
d) não participam das reações enzimáticas.
pendem do grau de turgor (turgescência) das
e) são os principais componentes dos ácidos
células-guarda.
nucleicos.
27. FGV (adaptada) - Durante uma atividade para
25. (IFTM) Considere um segmento do rótulo de um o estudo da fotossíntese e da respiração vegetal, os
produto alimentício, mostrado a seguir.
alunos analisaram o seguinte gráfico, obtido a partir
INFORMAÇÃO NUTRICIONAL - Porção 26 g (2 colheres de sopa) de condições ideais de temperatura, luminosidade
etc.
QUANTIDADE POR PORÇÃO % VD (*)
Valor Energético 129 kcal = 542 kJ 6
Carboidratos 9,6 g 3
Proteínas 6,7 g 9
Gorduras totais 7,1 g 13
Gorduras saturadas 4,4 g 20
Gorduras trans 0 **
Fibra alimentar 0 0
Sódio 91 mg 4
Vitamina A 180 mcgRE 30
Vitamina C 14 mg 30
Vitamina D 1,5 mcg 30
Algumas das interpretações do gráfico, feitas pelos
alunos, foram transcritas a seguir. Analise-as e
Ferro 4,2 mg 30
assinale C para a afirmativa certa e E para errada.
Cálcio 239 mg 24
% Valores diários com base em uma dieta de 2000 kcal ou 8400 kJ. Seus valores diários (1) A concentração de dióxido de carbono começa a
podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades energéticas.
** Não estabelecído. crescer por volta das 18h porque é o período em
que a planta começa a respirar, liberando esse gás
A substância inorgânica que, segundo o rótulo para a atmosfera.
acima, ocorre em maior concentração em porção de (2) Os estômatos das plantas fecham-se durante a
26 g e sua respectiva função no organismo são: noite, interrompendo as trocas gasosas e impe-
a) Sódio, controle da acidez do meio interno dindo a absorção de dióxido de carbono, que se
sanguíneo. mantém elevada.
b) Ferro, funcionamento das células nervosas. (3) A concentração mínima de CO2 observada du-
c) Cálcio, participa de reações de coagulação do rante o dia, deve-se à intensa atividade fotossin-
sangue e da contração muscular. tética, processo que absorve CO2.
d) Vitamina A, participa de reações químicas vitais
às células.
e) Carboidratos, fornecimento de energia liberada
durante a respiração ou fermentação celular.
26. (UECE - adaptada) Considerando as células-
guarda e o movimento dos estômatos, escreva C
para certo ou E para errado, nos itens a seguir:

40 Capítulo 2
1 Carboidratos ou glicídios
Se alguém lhe perguntar qual a sua comida favorita, é bem provável que em sua resposta haja
um carboidrato listado. Esse nutriente é popularmente conhecido como açúcar, e o consumimos
em diferentes refeições e das mais variadas formas, tais como: doces, bolos, mel, massas, chocolates,
sucos, no trivial arroz com feijão e batatas e nos vegetais, frutas, verduras e legumes. Mas o termo
açúcar não é muito adequado, uma vez que nem todos os alimentos com carboidratos possuem
sabor adocicado.
Essas moléculas orgânicas também podem ser chamadas de glicídios ou hidratos de carbono
e possuem átomos de carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O), de acordo com a fórmula geral
Cn(H2O)n. O termo hidrato de carbono é devido à proporção de H e O, na mesma proporção da água,
que participa como reagente ou produto para sintetizar ou hidrolisar essas moléculas.
O glicídio mais conhecido é a glicose, que é de fundamental importância no metabolismo ener-
gético de todas as células tanto de animais e vegetais quanto nos demais seres vivos; isso porque a
glicose é fonte primária para produção de energia.
Como já estudamos, as plantas são capazes de produzir glicose a partir da fotossíntese, e os seres
vivos aclorofilados, portanto heterótrofos, obtêm esse composto orgânico ingerindo alimentos que
o contenham em sua composição. Após a digestão química dos carboidratos, a glicose será liberada

Carboidratos 41
e requerida pelo processo de respiração celular realizado pelas inúmeras mitocôndrias presentes nas diferentes
células do corpo. Por consequência, haverá energia para o metabolismo celular.
Além da função energética, os carboidratos possuem a função de reserva de energia, sendo o amido, nas
plantas, e o glicogênio, nos animais. Além dessas funções, há também carboidratos que desempenham função
estrutural; alguns exemplos são a celulose, presente nas células vegetais, as pentoses – ribose e desoxirribose –
presentes, respectivamente, nos ácidos nucleicos RNA e DNA, e a quitina, que forma o exoesqueleto de alguns
crustáceos e as carapaças de alguns insetos.
Os carboidratos são classificados em monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos, mas também podem
ser separados quanto ao seu índice glicêmico (IG) em carboidratos simples e complexos. Neste capítulo vamos
compreender essas classificações.

2 Monossacarídeos
Os monossacarídeos são considerados os monômeros dos glicídios, isso porque são as unidades fundamen-
tais que compõem esses compostos orgânicos. São popularmente chamados de açúcares simples, possuem em
geral sabor doce e têm como principal exemplo a glicose, mas há também a frutose, a galactose, a ribose, o gli-
ceraldeído, entre outros.
Esse grupo de carboidratos possui a terminação ose, e suas moléculas são formadas por três a sete átomos
de carbono, sempre na proporção dos seus átomos de 1 : 2 : 1; portanto, 1 átomo de carbono, para 2 átomos de
hidrogênio e 1 átomo de oxigênio. Devido à proporção entre o hidrogênio (H) e o oxigênio (O), os glicídios são
chamados de hidratos de carbono, isto é, carbono hidratado. Os monossacarídeos são considerados substâncias
hidrofílicas, ou seja, dissolvem-se em água e possuem rápida absorção pelas células, e são usadas como energia
para o metabolismo.
Considerando a fórmula geral Cn(H2O)n, teremos a seguinte classificação para os monossacarídeos:

Nº de carbonos Fórmula Nome


3 C3H6O3 Triose
4 C4H8O4 Tetrose
5 C5H10O5 Pentose
6 C6H12O6 Hexose
7 C7H14O7 Heptose
Alguns monossacarídeos apresentam a mesma fórmula química, como é o caso da glicose e da frutose C6H12O6,
entretanto o arranjo entre seus átomos tem diferentes configurações.
A frutose é a hexose de sabor mais doce e presente nas frutas, porém a mais conhecida das hexoses é a glicose.

A manga é uma fruta rica em fibras,


além disso, bem adocicada possui cer-
ca de 16g frutose por fruta.

42 Capítulo 3
3 Dissacarídeos
Essas moléculas são formadas pela união de dois monossacarídeos a partir das reações de síntese por desidra-
tação. Um dos monossacarídeos perderá o átomo H, e o outro perderá uma hidroxila (OH). A ligação entre o hi-
drogênio (H) e a hidroxila (OH) dos monossacarídeos envolvidos é chamada de ligação glicosídica; portanto, para
formar um dissacarídeo, é necessária essa ligação, que terá como consequência a formação de uma molécula de
água, que, como já foi citado, será um dos produtos da reação de síntese por desidratação.
O esquema a seguir representa a reação de síntese da lactose, presente no leite dos animais, bem como a
ligação glicosídica:
Ligação Glicosídica

6 6 6 6
CH 2 OH CH 2 OH CH 2 OH CH 2 OH
5 O 5 O 5 O 5 O
HO OH H H HO H H
H H H H
4
OH H
1
+ 4
OH H
1 4
OH H
1 O 4
OH H
1

H H HO OH H H OH
3 2 3 2 3 2 3 2

H OH H OH H OH H OH
Galactose Glicose Lactose
(monossacarídeo) (monossacarídeo) (dissacarídeo)

GLICOSE + GALACTOSE LACTOSE + ÁGUA


Um dissacarídeo muito comum é a sacarose, formada a partir dos monossacarídeos glicose e frutose, encon-
trada na cana-de-açúcar e também na beterraba.
A seguir, está representada a reação de síntese por desidratação da sacarose, realizada pelas plantas:
GLICOSE + FRUTOSE SACAROSE + ÁGUA
C6H12O6 + C6H12O6 C12H22O11 + H2O
A partir da sacarose, é produzido o açúcar comum, também chama-
do de açúcar cristal, que, após industrialização, apresenta cor branca.
Esse mesmo açúcar, depois de triturado, dá origem ao açúcar refinado
e o de confeiteiro (mais fino). Esse processo de purificação do açúcar
reduz cerca de 90% dos sais minerais.
Há também uma opção mais natural, com menos aditivos químicos,
que é o açúcar mascavo, cuja cor é mais escura (marrom/caramelo) e
possui sabor parecido com a rapadura e o melado de cana. Como não
passa pelo processo de refinamento, este tipo de açúcar conserva os
valores nutricionais, portanto é a versão mais saudável do dissacarídeo
– sacarose. Açúcares: mascavo e cristal

Outro dissacarídeo é a maltose, muito comum em cereais como, por exemplo, a cevada e o malte, usada na
fabricação da cerveja a partir do processo de fermentação. A cerveja preta é uma bebida que possui uma quan-
tidade maior de malte, quando comparada a outras cervejas, portanto há maior concentração da maltose na sua
composição. A maltose é formada pela união de duas moléculas de glicose, conforme reação abaixo.
GLICOSE + GLICOSE MALTOSE + ÁGUA
Uma vez que ingerimos esses dissacarídeos, será necessária a hidrólise para que haja sua transformação em
carboidratos simples ou monômeros. Assim, dois monômeros serão liberados na corrente sanguínea. Por conse-
quência, as células utilizarão essas moléculas mais simples para o pleno funcionamento do metabolismo.

Carboidratos 43
4 Polissacarídeos
São considerados polímeros naturais, macromoléculas formadas por vários monômeros. A principal fun-
ção dos polissacarídeos é a reserva energética, sendo o glicogênio nos animais e o amido nos vegetais.
Ainda nos vegetais, há dois polissacarídeos, não menos importantes, mas de função estrutural: a celulose
e a pectina. Há também a quitina, um polissacarídeo, também de função estrutural presente nas carapaças
e exoesqueletos de insetos, crustáceos e nas paredes celulares de alguns fungos.
Os cinco polissacarídeos citados são exemplos de carboidratos de longas cadeias com muitas moléculas
de glicose; são polímeros naturais formados a partir das reações de síntese por desidratação entre os monô-
meros que as constituem por meio das ligações glicosídicas. Entretanto, o arranjo entre esses monômeros
pode conferir a essas macromoléculas estruturas com maior rigidez, como é o exemplo da celulose e da
quitina. Vamos estudar cada um dos cinco polissacarídeos, tendo em vista a importância biológica destas
moléculas para os seres vivos.
Amido

Polissacarídeo de reserva energética encontrado nos vegetais, esse


polímero é formado pela amilose e pela amilopectina, ambas as molécu-
las formadas por diversas glicoses (monômero).
O amido, nas plantas, será utilizado quando o metabolismo necessitar
de glicose, principalmente no processo de respiração celular, no qual a
glicose atua como um dos reagentes. Entretanto, para ter glicose dispo-
nível, o amido será hidrolisado e seus monômeros serão liberados.
Uma das características desse polímero, e de fácil identificação, é a co-
loração branca ou amarelada. Os vegetais armazenam grande quantida-
de de amido nas raízes e nos caules, sendo exemplos disso a mandioca
e as batatas, que são tubérculos – caules modificados que ficam no solo.
O amido pode ser hidrolisado; portanto, após sua digestão química, Batata inglesa - fonte de amido
muitas moléculas de glicose serão liberadas e poderão ser utilizadas pelo
metabolismo celular, tanto nas plantas quanto nos seres heterótrofos que se alimentam desse nutriente.
Curiosamente, nos seres humanos, o amido é o único carboidrato que inicia sua digestão química na
boca; isso porque na saliva há a enzima amilase salivar ou ptialina, que participa da “quebra” inicial do ami-
do, mas a hidrólise completa ocorrerá no intestino delgado, com a participação da enzima amilase pancre-
ática, produzida pelo pâncreas. Vamos compreender melhor a ação das enzimas no capítulo de proteínas.
Glicogênio

Polissacarídeo de reserva energética nos animais, é formado por muitas glicoses e pode ser produzido
no fígado – glicogênio hepático – e nos músculos – glicogênio muscular. A maior parte desse polímero é
armazenada no fígado, pela ação do hormônio – insulina – produzido pelo pâncreas, que informa quimica-
mente às células hepáticas e musculares que há excesso de glicose circulante, portanto esse excesso deve
ser armazenado sob a forma de glicogênio, ou seja, a insulina é liberada em condições de hiperglicemia
com o objetivo de diminuir a glicemia sanguínea.

44 Capítulo 3
Observe o esquema a seguir para melhor compreender a ação dos hormônios insulina e glucagon no
controle da glicose circulante no corpo.

Insulina

Síntese por desidratação das glicoses - A insulina estimula a


Fígado armazena o glicogênio absorção de glicose
pelas células

Glicose
Pâncreas
Glicogênio

Fígado
Aumento da glicose
circulante no sangue
Células
(após refeições)

mais de glicose no sang


Níveis nor ue

Hidrólise do glicogênio Diminuição dos


liberação da glicose Glicose níveis de glicose no
Glicose Vaso sangue
sanguíneo
Glicogênio
Fígado Pâncreas

Glicogênio

Esses hormônios têm ação antagônica – a produção de um inibe a ação e e a produção do outro – e são
fundamentais no uso ou no armazenamento de glicose, hidrolisando ou sintetizando o glicogênio.
Contudo, quando há necessidade de glicose, o fígado irá liberar para a corrente sanguínea a glicose, obti-
da por hidrólise do glicogênio, que será utilizada pelas células de diferentes órgãos. Esse controle é auxilia-
do pela ação de outro hormônio – o glucagon – também produzido pelo pâncreas e liberado em condições
de hipoglicemia com o objetivo de aumentar a glicemia sanguínea.
Nessas condições, o hormônio glucagon informará, quimicamente, às células musculares que o glicogê-
nio deverá ser quebrado, e moléculas de glicose serão mobilizadas. Entretanto, essa glicose irá suprir apenas
as fibras musculares para as contrações, sendo de uso rápido e pontual, termo usado na fisiologia como
glicogenólise.

Carboidratos 45
Saiba+
DIABETES MELLITUS
Mais conhecida como diabetes, possui o termo mellitus palavra de origem latina que significa mel ou ado-
cicado. Há dois tipos, mais conhecidos de diabetes:
Tipo 1 - Nesse caso é uma doença autoimune, em que o próprio organismo destrói as células beta do
pâncreas, responsáveis pela produção da insulina. Com a destruição dessas células, a pessoa torna-se insuli-
nodependente, precisando, portanto, de injeções diárias de insulina para que o organismo consiga controlar
os níveis de glicose circulante no sangue.
Tipo 2 - Esse tipo está mais associado ao sedentarismo, à obesidade e, em alguns casos, pode ocorrer
por predisposição genética. Nesse caso a pessoa até produz insulina, entretanto o corpo apresenta uma
resistência ao hormônio, assim as células receptoras não funcionam corretamente; por consequência, há um
acúmulo de glicose na corrente sanguínea (hiperglicemia).
A diabetes tipo 2 é mais silenciosa, o que torna o diagnóstico mais tardio, por isso é mais comum em
pessoas acima de 40 anos. Os sintomas mais comuns são sede excessiva, visão turva, muita fome, vontade
de urinar frequentemente, além da dificuldade na cicatrização de feridas. O tratamento é com medicação
para auxiliar no controle da glicose no sangue; em casos mais crônicos, faz-se necessário o uso contínuo de
insulina por via intramuscular ou intravenosa.

Pâncreas Insulina Destruição das células Insulina Redução da produção Insulina


Receptor beta Insulina Receptor de insulina Resistência
Glicose de insulina de insulina Glicose a insulina

Absorção
de glicose
Pessoa saudável nas células Diabetes tipo 1 Diabetes tipo 2

Em 2019, a Federação Internacional do Diabetes (sigla em inglês IDF) divulgou, no Dia Mundial do Diabe-
tes, 14 de novembro, dados sobre a prevalência da doença no mundo:
• Em 2019, são 38 milhões a mais de adultos com diabetes do que em 2017;
• 22 milhões a mais de adultos em risco de desenvolver diabetes do que em 2017;
• Há 20 milhões de adultos a mais do que em 2017 que ainda não foram diagnosticados;
• Em 2019, a IDF estima 463 milhões de pessoas com diabetes (entre 20 e 79 anos);
• 10% do gasto global com saúde são com o diabetes;
• 1.110.100 crianças e adolescentes têm diabetes tipo 1.
Os números são estarrecedores, e a situação é tão preocupante que em 2021, a OMS lançou o novo pacto
global contra o diabetes, que tem o objetivo de impulsionar os esforços para prevenir a doença e levar o
tratamento a todas as pessoas que precisam.
(Dados da pesquisa da IDF - disponível em: <https://www.sbemsp.org.br>. Acessado em: 12 jul. 2021)

Celulose

Polímero de função estrutural nas células vegetais, possui características bem específicas, que conferem a esse
polissacarídeo um arranjo molecular mais complexo; assim sendo, poucos seres vivos conseguem digeri-lo.
Mesmo sendo formada por milhares de moléculas de glicose, como o amido e o glicogênio, a celulose não
pode ser usada como fonte de energia para os seres humanos; apenas alguns micro-organismos, como bactérias,
protozoários e alguns fungos, são capazes de digerir por completo esse polissacarídeo, retirar as inúmeras molé-
culas de glicose e usá-las como fonte de energia.

46 Capítulo 3
No reino animal, alguns insetos, como as traças dos livros, conseguem
digerir a celulose. No caso dos animais ruminantes, a digestão da celu-
lose só ocorre porque, no Sistema Digestório desses animais, há uma
simbiose com bactérias que são capazes de quebrar esse polímero, li-
berando glicoses que serão usadas pelo metabolismo celular do animal.
Contudo, para os seres heterótrofos, uma dieta com vegetais é muito
importante como fonte de fibras. A celulose é uma fibra do tipo insolúvel,
portanto não se dissolve em presença de água, o que confere algumas
vantagens, entre elas: facilitam a formação das fezes, auxiliam o funcio-
namento do intestino estimulando os movimentos peristálticos, além de
retirar o excesso de lipídios. Dietas ricas em celulose também proporcio-
nam mais saciedade, reduzem a fome e auxiliam no controle da glicemia.
E como podemos consumir essas fibras?
Os alimentos ricos em fibras insolúveis incluem as leguminosas: prin-
cipalmente o feijão, ervilha, lentilha e grão de bico; os cereais integrais:
o trigo, aveia e os farelos de trigo, arroz, aveia, linhaça; as verduras, legu-
mes, vegetais folhosos e as frutas. Vale lembrar que a maior quantidade Importantes fontes de fibras insolúveis e solúveis
de celulose estará na casca, portanto sempre que possível aproveite a
casca destes alimentos.
Pectina

A pectina é um outro importante polissacarídeo de origem vegetal,


possui função estrutural das paredes celulares; mas, ao contrário da ce-
lulose, que é uma fibra insolúvel, a pectina é uma fibra solúvel em água.
Esse polissacarídeo, ao ser ingerido e em contato com a água, forma
uma espécie de gel. Essa característica confere algumas vantagens: hi-
dratação das fezes, o que facilita sua eliminação; além disso, essa consis-
tência viscosa auxilia no controle da gordura, evitando que esse lipídio
seja absorvido pelo intestino e circule em excesso na corrente sanguí-
nea, atua como probiótico servindo de alimento para as bactérias bené- Pectina - usada como agente espessante e em
ficas presentes no trato intestinal (lactobacilos e bifidobactérias) e, como grande concentração na maçã
a celulose, colabora na saciedade e no controle da glicemia.
Na indústria, a pectina é usada como espessante para geleias, sorvetes,
sucos e doces. As frutas mais ricas em pectina são maçã, laranja, tangerina,
limão e pêssego, enquanto os vegetais com maior quantidade desse po-
lissacarídeo são: cenoura, ervilha, batata, tomate e beterraba.
Quitina

Como a celulose e a pectina, a quitina é também um polímero for-


mado por muitas glicoses. Possui função estrutural, constituindo o exo-
esqueleto de alguns artrópodes (insetos, crustáceos e aracnídeos) e a
parede celular de alguns fungos.
Muitas indústrias tentam usar a quitina em substituição ao plástico, já
que esse polímero é biodegradável, promovendo um produto ecologi-
camente viável. A indústria farmacêutica usa esse polissacarídeo com a
mesma função da celulose – fonte de fibras.
Nesse caso, utilizam os resíduos das cascas de camarões, siris, lagos- Crustáceos: apresentam exoesqueleto de quitina.
tas e caranguejos para retirar a quitina e produzirem a quitosana, um
subproduto rico em fibras, insolúvel em água e vendido, na maioria dos
casos, em cápsulas.

Carboidratos 47
5 Índice Glicêmico
O Índice Glicêmico (IG) foi criado nos anos de 1980, por pesquisadores da Universidade de Toronto, Canadá,
para ajudar pessoas diabéticas a controlarem e identificarem os alimentos que poderiam ser ingeridos sem riscos
à saúde, ou aqueles que deveriam ser evitados para não agravar o diabetes. Esse índice é numerado de 1 a 100 e
tem como referência para cálculo e comparação o pão branco, rico em amido, um polissacarídeo, como já estu-
damos, formado por inúmeras moléculas de glicose.
Considerando o IG, os carboidratos são agrupados em:
a) Carboidratos simples
Carboidratos de alto índice glicêmico, que são de reconhecimento rápido pelas células, porque o nível de gli-
cose circulante no sangue aumenta, quase de imediato. Os alimentos com essa classificação são os que contêm,
na sua composição, monossacarídeos – frutose, glicose – e dissacarídeos – sacarose, principalmente.
Açúcar, doces, batatas, mandioca, pão branco e massas em geral, que possuam amido em sua composição, têm
elevado índice glicêmico, por isso devem ser consumidos com moderação, principalmente por pessoas sedentárias
ou diabéticas. Ainda que o amido seja um polímero natural, alimentos com grandes quantidades desse nutriente
requerem um consumo mais consciente, porque nosso corpo produz as enzimas que auxiliam na hidrólise dessa
macromolécula, e inúmeras glicoses serão liberadas na corrente sanguínea com a ingestão de amido.
Os carboidratos simples são recomendados a atletas que praticam atividades físicas de curta duração, que
necessitam de glicose de maneira rápida, e, como já foi citado, devem ser evitados por diabéticos e sedentários.
b) Carboidratos complexos
Carboidratos de baixo índice glicêmico são assim classificados porque a digestão ocorre de maneira lenta e,
consequentemente, a elevação da glicemia também será lenta e gradual. Alimentos com essa característica são
indicados para pessoas que necessitam controlar o excesso de glicose no sangue, portanto os diabéticos devem
consumir esses carboidratos.
São classificados nesse grupo os produtos integrais com grande quantidade de fibras (aveia, chia, centeio,
granola, trigo, linhaça). Além de indicados aos diabéticos, são também importantes para pessoas que querem
controlar o peso ou atletas que praticam esportes de longa duração como maratonas.
Como já aprendemos, as pessoas diabéticas devem evitar alimentos com alto índice glicêmico, também classi-
ficados como carboidratos simples. Um alimento muito conhecido e adorado por crianças, adolescentes e adul-
tos é o chocolate, rico em açúcares e gorduras, portanto não pode ser consumido por diabéticos.
Então, já que a pessoa diabética não deve exagerar no chocolate, qual seria a alternativa alimentar para subs-
tituir esse doce tão saboroso? Uma boa e interessante substituição é a alfarroba. A alfarroba é o fruto, em forma
de vagem, da alfarrobeira, planta encontrada na região costeira do Mediterrâneo, e possui sabor muito similar ao
cacau, mas com baixo teor de gorduras. Os açúcares presentes nas sementes são de baixo índice glicêmico, além
de possuírem boa quantidade de fibras.

Alfarroba – fruto em forma de vagem

O fruto é usado na forma seca e em pó, e é substituto do cacau, tem sabor levemente adocicado, é rico em vi-
tamina B1 e A, fibras naturais, e sais minerais como cálcio e magnésio, não possui glúten e agentes estimulantes,
comuns no cacau, como a cafeína e teobromina.

48 Capítulo 3
Na tabela abaixo, podemos comparar os valores nutricionais do cacau e da alfarroba. Apesar de observarmos
uma certa quantidade de açúcares, a alfarroba é uma boa aliada dos diabéticos pela grande presença de fibras,
como a pectina, auxiliando tanto no funcionamento do intestino quanto na redução dos picos de glicose na
corrente sanguínea. Além disso, colabora com a sensação de saciedade e na qualidade do sono, pois não há esti-
mulantes que são comuns nos chocolates.

2 colheres de sopa (20 g) Cacau em pó Alfarroba em pó


Valor energético (kcal) 180 80
Carboidratos 5,6 g 17,8 g
Proteínas 5g 0g
Gorduras 2,2 g 0g
Fibras 0 1,2 g
Sódio (mg) 12 mg 0 mg
Fonte: Fonte: <http://www.quintalemporiocafe.com.br/2019/12/12/alfarroba-x-cacau-trocar-vale-a-pena/>. Acesso em: 10 jan. 2022.

Carboidratos 49
Integrando com a Química
Fermentação
Esse processo é comum em condições anaeróbicas, ou seja, sem a presença do gás oxigênio (O2). Os dois
principais tipos de fermentação são a fermentação alcoólica e a fermentação lática.
A fermentação alcoólica é comum nos fermentos, e os produtos formados são etanol (álcool), água (H2O) e
gás carbônico (CO2). Esse processo é muito utilizado na fabricação de pães, massas, vinhos, iogurtes e cerve-
jas. Quando o fermento é utilizado em massas, é possível perceber o crescimento justamente porque um dos
produtos dessa reação é gás carbônico.
Já a fermentação lática é comum nas bactérias, fungos e células animais. Nessa reação, os produtos for-
mados são: lactato ou ácido lático e água. Nos seres humanos, um dos sintomas em que é possível perceber
a fermentação lática ocorre quando sentimos dores, principalmente durante uma atividade física de muito
esforço. Essas dores são resultado da liberação de ácido lático no músculo.
A produção desse ácido é comum quando há um exercício físico intenso. Nessa condição, podem faltar
moléculas de oxigênio para produzirem energia com a glicose circulante. Na ausência de oxigênio circulante,
nas fibras musculares, e com a necessidade de obter energia, o corpo passa a acumular o ácido lático em con-
centrações maiores, provocando dores, que podem permanecer por algum tempo, cessando apenas quando
o organismo reabsorver ou eliminar todo o ácido lático circulante.
As câimbras podem surgir devido à fadiga muscular; esses espasmos, porém, são comuns quando há um
desequilíbrio de sais minerais que são importantes para os músculos, tais como: o potássio, o sódio e o cloro.

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da prática "Bioenergética", e responda às questões a seguir.

1. O que ocorreu com o volume da massa do pão na primeira atividade? Qual é a relação do fungo
Saccharomyces cerevisae com essas alterações?
2. Por que, na 1ª atividade, não foi necessário acrescentar glicose à massa de pão para que o fungo a
utilizasse como fonte de energia?
3. Qual é a explicação biológica para as alterações ocorridas na 2ª atividade ao se utilizar a solução de barita?
4. O fungo Saccharomyces cerevisiae (fermento de padaria) é um organismo anaeróbio facultativo.
Quando cresce na ausência de oxigênio, consome muito mais glicose do que quando cresce na presença
de oxigênio.
a) Por que existe essa diferença no consumo de glicose?
b) Mesmo deixando a massa do pão descansar ao ar, ainda assim, ela crescerá. Nesse caso, qual é
a diferença entre o metabolismo energético das células que ficam na superfície da massa e o
metabolismo energético das células que ficam em seu interior?

• Khan Academy - Macromoléculas Carboidratos - https://youtu.be/x6pmOtxOqTo


• Reação de Síntese por desidratação - https://youtu.be/Z5_WqEk_vnY
• Hidrólise - https://youtu.be/vG7AUMZ0u-o

50 Capítulo 3
1. Descreva as principais funções desempenhadas essa indicação? Justifique sua resposta.
pelos glicídios nos seres vivos. e) Relacione a ingestão de fibras com o controle ou
prevenção ao diabetes e contra a obesidade.
2. Glicose, frutose e galactose têm fórmula geral
C6H12O6, mas são açúcares diferentes. Em que 9. (UFLAVRAS – com adaptações) O esquema
consiste tal diferença? representa um processo bioquímico utilizado
3. Para um carboidrato ser classificado em na fabricação de pães, vinhos, cervejas e outros
monossacarídeo, ele precisa apresentar algumas produtos de grande importância para o ser humano.
características. Cite-as. Glicose e ausência de oxigênio
4. Qual deve ser a fórmula química do oligossacarídeo
formado pela união de duas moléculas do monossacarí- Álcool Ácido lático
deo C5H10O5? Justifique sua resposta, relacionando o tipo
de reação e as ligações químicas envolvidas. a) Que processo bioquímico está representado no
esquema?
5. Observe as fórmulas moleculares de dois glicídios, b) Em células musculares, é possível a ocorrência
representadas a seguir. desse processo bioquímico? Explique.
C7H14O7 C6H10O5
10. (UDESC – com adaptações) "Originária da Índia, a
a) O que permite caracterizar essas duas moléculas banana é uma das frutas há mais tempo consumidas
como glicídios? pelo homem (...) Rica em açúcares e vitamina C, foi
b) Qual deles é um monossacarídeo clássico? chamada 'o alimento dos sábios'. A banana também
Justifique. favorece a secreção dos neurotransmissores, sendo um
6. Explique duas possíveis situações em que o alimento completo e de baixa caloria (...) A banana é
glucagon poderá ser liberado pelo pâncreas. um excelente 'combustível' para os esportistas. Isso se
deve ao fato de essa fonte natural de energia (...) conter,
7. O consumo de integrais também interfere nos em proporções ideais, diversos carboidratos (...)."
picos de glicose, poupando o pâncreas de trabalhos TUDO - O Livro do conhecimento, encarte da revista Isto É.
extras. Esse efeito já está mais do que demonstrado,
Com base nessas informações, responda aos itens.
mas sempre pipocam mais e mais trabalhos
científicos sobre essa vantagem. a) Os carboidratos podem se apresentar, na banana,
Revista Saúde! É vital, Ed. Abril, p. 19, jul. 2008. sob a forma de glicose, frutose e amido. Em relação
a essas substâncias, qual delas é aproveitada
Considerando o trecho da reportagem sobre o de forma mais imediata e qual é aproveitada de
consumo de cereais, explique a relação entre esse forma mais tardia? Justifique sua resposta.
tipo de dieta, o índice glicêmico e a classificação dos b) Algumas sobremesas que usam banana também
carboidratos. utilizam a casca dessa fruta. Qual a vantagem do
8. Considerando os temas abordados neste capítulo, consumo da casca?
responda: 11. Leia a tirinha:
a) Explique a relação entre a insulina e o controle da
glicemia.
b) Qual a diferença entre a diabetes tipo 1 e a tipo 2?
c) Como uma pessoa pode evitar ou controlar a
diabetes tipo 2?
d) Uma pessoa diagnosticada com diabetes procu- Fonte: http://mentirinhas.com.br/mhdm-40/
rou um nutrólogo para ajustar sua alimentação e
orientá-la sobre quais seriam os melhores alimen- Considerando o que você aprendeu sobre os
tos a serem consumidos. Um dos alimentos indi- carboidratos responda, corretamente, à pergunta
cados pelo médico nutrólogo foi a alfarroba em feita no 1º quadrinho da tirinha.
substituição ao chocolate. Por que o médico fez

Carboidratos 51
12. De acordo com o Manual de Rotulagem dos PRODUTO B - Ingredientes: farinha de trigo integral,
Alimentos, criado pela ANVISA (Agência Nacional farinha de trigo fortificada com ferro e ácido fólico,
de Vigilância Sanitária), o rótulo do alimento é uma açúcar mascavo, melado de cana, óleos vegetais
forma de comunicação entre os produtores e os (milho e ou girassol e ou algodão), pectina, amido,
consumidores. Uma das informações que sempre deve flocos de limão, estabilizante natural, emulsificante
estar presente nos rótulos é a lista de ingredientes. natural lecitina de soja e aromas. CONTÉM GLÚTEN.
Essa lista deve estar em ordem decrescente, isto é, a) Qual dos produtos é menos indicado a uma pessoa
o primeiro ingrediente é aquele que está em maior diabética? Justifique sua resposta.
quantidade no produto; e o último, em menor b) No produto B há pectina. Qual a importância
quantidade. biológica dessa substância? E em geral, qual
(Manual disponível no site: <http://www.anvisa.gov.br/ o objetivo do uso, da pectina, pela indústria
alimentos/rotulos/manual_consumidor.pdf>) . Acesso em: 12
mar. 2021.
alimentícia?
c) Uma pessoa que possui intolerância à lactose deve
Considerando essa norma, analise as duas listas de
consumir qual dos produtos? Justifique.
ingredientes abaixo, para responder aos itens que se
d) Quanto ao índice glicêmico e à classificação
seguem.
estudada neste capítulo, qual dos produtos possui
PRODUTO A - Farinha de trigo enriquecida com ferro mais carboidratos complexos? Explique sua
e ácido fólico, açúcar, gordura vegetal, óleo vegetal, escolha.
cacau, amido, sal, fermentos químicos bicarbonato de e) No produto A, está presente o açúcar comum; já
amônio, bicarbonato de sódio e fosfato monocálcico, no produto B, o açúcar mascavo. Qual é a principal
corante caramelo III, emulsificantes lecitina de soja, diferença entre eles, considerando que os dois são
ácidos graxos e aromatizante. CONTÉM GLÚTEN. oriundos da mesma matéria-prima: a cana-de-
Contém traços de amêndoa e leite. açúcar?

13. (UEA) A tabela lista três glicídios e seus compo- em monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarí-
nentes. deos, de acordo com o tamanho da molécula.
Polissacarídeos são polímeros de glicose constituídos
Glicídio Componentes fundamentalmente por átomos de carbono,
maltose glicose + glicose hidrogênio e oxigênio que desempenham diversas
sacarose glicose + frutose funções essenciais ao bom funcionamento do
organismo. Os polissacarídeos mais conhecidos são
lactose glicose + galactose
o glicogênio, a celulose, o amido e a quitina.
Sobre os glicídios da tabela, é correto afirmar que As funções atribuídas a essas moléculas são,
a) a maltose é um monossacarídeo resultante da respectivamente:
digestão do amido. a) estrutural, reserva, estrutural, reserva.
b) a sacarose é um dissacarídeo encontrado em b) reserva, reserva, estrutural, estrutural.
abundância na cana-de-açúcar. c) reserva, estrutural, reserva, estrutural.
c) a lactose é um polissacarídeo que não pode ser d) estrutural, estrutural, reserva, reserva.
digerido pelo ser humano. e) reserva, estrutural, estrutural, reserva.
d) a maltose, a sacarose e a lactose são classificadas
como polissacarídeos. 15. Os animais empregam, como principal fonte de
e) os três glicídios são dissacarídeos encontrados energia e como polissacarídeos de reserva, respecti-
nos vegetais. vamente:

14. (UEMA) Os glicídios são as principais fontes de a) glicose e amido.


energia diária para seres humanos e são classificados b) glicogênio e gorduras.
c) glicose e gorduras.

52 Capítulo 3
d) glicose e glicogênio. 19. (UFABC – com adaptações) Leia a tirinha:
e) gorduras e glicogênio.
16. (FUNDATEC - adaptada) A queima da glicose
libera uma quantidade certa de energia e consome
oxigênio. O resultado dessa operação produz calor,
água e gás carbônico, segundo a equação:
C6H12O6 + 6 O2 → 6 CO2 + 6 H2O + calor (energia)
Essa combustão da glicose é, porém, um processo
violento que leva o calorímetro rapidamente a altas
temperaturas, por exemplo. Se isso ocorresse dentro
de uma célula, ela se queimaria instantaneamente.
Percebe-se, portanto, que, para retirar a energia
dos nutrientes, a célula desenvolveu um sistema
que os oxida lentamente, dentro das mitocôndrias,
liberando energia gradualmente, e produzindo água
e CO2. Qual o nome do processo descrito? <http://www.escoladeanimais.com/search/label/Diabetes>.
Acesso em: 12 mar. 2021.
a) Glicólise anaeróbia.
b) Fosforilação oxidativa. Enquanto o futuro não chega, diabéticos controlam a
c) Respiração celular. glicemia através de injeções diárias de insulina ou mesmo
d) Fermentação. através de controle alimentar associado a práticas
esportivas. Sobre os hormônios pancreáticos que atuam
17. (UFT) Em um processo biotecnológico de fermen- na glicemia, foram feitas as seguintes afirmações:
tação, são exemplos de substrato, produto e condição
ambiental nessa reação, RESPECTIVAMENTE: I. O pâncreas produz a insulina e outro carboidrato, o
glucagon, que possui ação antagônica.
a) glicose, etanol, aeróbica. II. A insulina liga-se a receptores presentes na mem-
b) etanol, glicose, anaeróbica. brana das células, permitindo que a glicose atra-
c) piruvato, ácido láctico, anaeróbica. vesse a membrana.
d) glicose, ácido láctico, anaeróbica. III. O glucagon tem efeito inverso ao da insulina, au-
18. (UFRS) Os carboidratos, moléculas constituídas, mentando a glicemia, pois atua estimulando a
em geral, por átomos de carbono, hidrogênio e oxigê- transformação do glicogênio em glicose.
nio, podem ser divididos em três grupos: monossaca- IV. A insulina tem uma função enzimática, já que per-
rídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos. tence ao grupo das proteínas, e o glucagon pro-
A coluna I, a seguir, apresenta três grupos de carboi- move a entrada de glicogênio nos hepatócitos.
dratos; e a II, alguns exemplos desses carboidratos. De acordo com as informações contidas na tirinha e
Associe adequadamente a segunda coluna à primeira. nas afirmações, pode-se esperar que esteja correto
apenas o que se afirma em
COLUNA I COLUNA II
1. Monossacarídeo ( ) sacarose a) I e II.
2. Oligossacarídeo ( ) amido b) II e III.
3. Polissacarídeo ( ) galactose c) III e IV.
( ) desoxirribose d) I e III.
( ) quitina e) II, III e IV.
( ) maltose
20. (FUVEST) Uma das causas de dor e sensação de
A sequência correta de preenchimento dos queimação nos músculos, decorrentes de esforço fí-
parênteses, de cima para baixo, é sico intenso, é a presença de muito ácido lático nas
a) 2 - 3 - 1 - 1 - 3 - 2. células musculares. Isso ocorre quando essas células
b) 3 - 1 - 3 - 2 - 2 - 1. a) realizam intensa respiração celular, com produção
c) 1 - 2 - 2 - 3 - 1 - 3. de ácido lático.
d) 2 - 1 - 2 - 2 - 3 - 1. b) recebem suprimento insuficiente de gás oxigênio
e) 1 - 3 - 1 - 3 - 2 - 2. e realizam fermentação.

Carboidratos 53
c) realizam intensa respiração celular produzindo e) o gráfico I mostra a concentração de insulina
excesso de ATP. no sangue: após a refeição, o pâncreas produz
d) recebem estímulos nervosos sucessivos e insulina, que estimula as células do organismo a
acumulam neurotransmissores. absorverem glicose para uso na respiração.
e) utilizam o açúcar lactose como fonte de energia.
22. (FATEC) Numa comunidade terrestre, ocorrem os
21. (FGV) O controle hormonal da concentração de fenômenos I e II, esquematizados. Analisando-se o
glicose no sangue é um bom tema para que os alu- esquema, deve-se afirmar que
nos exercitem a interpretação de gráficos. Por exem- COMPOSTOS
plo, o professor pode usar esse recurso para eviden- O2 ORGÂNICOS
O2
ciar o papel antagônico dos hormônios que atuam I II
nesse processo.
H2O H2O
CO2

a) somente as plantas participam de I e de II.


b) somente os animais participam de I e de II.
c) os animais e as plantas participam tanto de I
quanto de II.
d) os animais só participam de II.
e) as plantas só participam de I.
23. (UNESP) O destino de uma molécula de celulose
presente nas fibras encontradas na alface ingerida
por uma pessoa, numa refeição, é
a) entrar nas células e ser "queimada" nas
mitocôndrias, liberando energia para o organismo.
b) ser "desmontada" no tubo digestório, fornecendo
energia para as células.
c) servir de matéria-prima para a síntese da glicose.
d) entrar nas células e ser utilizada pelos ribossomos
na síntese de proteínas.
e) ser eliminada pelas fezes, sem sofrer alteração no
tubo digestório.
24. Leia a tirinha e julgue as afirmações quanto a se-
Os alunos, após a correta interpretação dos gráficos, rem certas (C) ou erradas (E).
concluíram que
a) o gráfico I mostra o lançamento de adrenalina no
sangue: durante o jejum prolongado, a elevada
concentração de adrenalina manteve reduzida a
glicemia.
b) o gráfico II mostra a concentração de insulina
no sangue: durante o jejum, o nível de insulina Fonte: https://tirinhasdogarfield.blogspot.com.br/2010/
sanguínea mantém-se alto para que a glicemia
também fique elevada. (1) O glicídio presente no donuts é do tipo sacarose,
c) o gráfico I mostra a concentração de glucagon, portanto um dissacarídeo de alto índice glicêmico.
que aumenta após a refeição: o glucagon tem (2) Garfield, ao comer os donuts, consumirá amido
o papel de estimular a conversão de glicose em (presente na farinha de trigo); esse carboidrato é
glicogênio no pâncreas. classificado em dissacarídeo.
d) o gráfico II mostra a variação de glucagon no (3) A atitude de John, no 1º quadrinho, de ir correr, é
sangue: antes da refeição o nível de glucagon um excelente recurso para reduzir o acúmulo de
estava alto para estimular a formação de glicose no sangue; essa prática auxilia na preven-
glicogênio no fígado, reduzindo a glicemia. ção da diabetes, principalmente a diabetes tipo 2.

54 Capítulo 3
(4) Ao consumir o donuts, a taxa de glicemia no san- a) falta de atividade física, somada a uma alimenta-
gue aumentará; em situações normais de saúde, ção nutricionalmente desequilibrada, constituem
o pâncreas passa a produzir insulina, que será li- fatores relacionados ao aparecimento de doenças
berada na corrente sanguínea; assim, as células crônicas entre os adolescentes.
são informadas desse excesso e iniciam a absor- b) diminuição do consumo de alimentos fontes
ção da glicose. de carboidratos, combinada com um maior
(5) A hidrólise do amido, presente na massa do do- consumo de alimentos ricos em proteínas,
nuts, ocorre apenas no intestino delgado com a contribuíram para o aumento da obesidade entre
participação da amilase pancreática. os adolescentes.
(6) O chocolate usado na cobertura do donuts pode- c) maior participação dos alimentos industrializados
rá ser substituído por alfarroba; com essa substi- e gordurosos na dieta da população adolescente
tuição, o produto conterá maior concentração de tem tornado escasso o consumo de sais e
lactose e açúcar. açúcares, o que prejudica o equilíbrio metabólico.
d) ocorrência de casos de hipertensão e diabetes
25. (ENEM) ADOLESCENTES: MAIS ALTOS, GORDOS entre os adolescentes advém das condições de
E PREGUIÇOSOS alimentação, enquanto, na população adulta, os
A oferta de produtos industrializados e a falta de fatores hereditários são preponderantes.
tempo têm sua parcela de responsabilidade no e) prática regular de atividade física é um importante
aumento da silhueta dos jovens. “Os nossos hábitos fator de controle da diabetes entre a população
alimentares, de modo geral, mudaram muito”, adolescente, por provocar um constante aumento
observa Vivian Ellinger, presidente da Sociedade da pressão arterial.
Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM),
no Rio de Janeiro. Pesquisas mostram que, aqui no
Brasil, estamos exagerando no sal e no açúcar, além
de tomar pouco leite e comer menos frutas e feijão.
Outro pecado, velho conhecido de quem exibe
excesso de gordura por causa da gula, surge como
marca da nova geração: a preguiça, “Cem por
cento das meninas que participam do Programa
não praticava nenhum esporte”, revela a psicóloga
Cristina Freire, que monitora o desenvolvimento
emocional das voluntárias.
Você provavelmente já sabe quais são as
consequências de uma rotina sedentária e cheia
de gordura. “E não é novidade que os obesos têm
uma sobrevida menor”, acredita Claudia Cozer,
endocrinologista da Associação Brasileira para o
Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Mas,
se há cinco anos os estudos projetavam um futuro
sombrio para os jovens, no cenário atual as doenças
que viriam na velhice já são parte da rotina deles. “Os
adolescentes já estão sofrendo com hipertensão e
diabetes”, exemplifica Claudia.
DESGUALDO, P. Revista Saúde. Disponível em: <http://saude.
abril.com.br>. Acesso em: 31 mar. 2017(adaptado).

Sobre a relação entre os hábitos da população ado-


lescente e as suas condições de saúde, as informa-
ções apresentadas no texto indicam que a

Carboidratos 55
1 Lipídios
Os lipídios são moléculas orgânicas que possuem diferentes estruturas e funções. Ao contrário dos
carboidratos, os lipídios não são constituídos por monômeros; cada molécula poderá apresentar uma
estrutura química particular, portanto não é possível haver formação de polímeros.
São substâncias de natureza hidrofóbica e não se dissolvem em água (são apolares), mas podem ser
dissolvidas por outras substâncias apolares, como clorofórmio, álcool, acetona, éter, entre outros. São
classificadas em glicerídeos, cerídeos, fosfolipídios e esteroides.

2 Glicerídeos
Conhecidos popularmente como óleos e gorduras, os glicerídeos ou triglicerídeos são formados
por três cadeias de ácidos graxos e glicerol, e podem ser de três tipos: saturadas, insaturadas e trans.
No caso das gorduras saturadas e insaturadas, essa variação ocorre principalmente pela ausência ou
presença de dupla ligação entre os ácidos graxos, conferindo uma natureza sólida ou líquida em tem-
peratura ambiente.
A figura a seguir auxilia na percepção das estruturas moleculares de cada um dos três tipos de gor-
duras ou glicerídeos. A diferença entre essas moléculas está nas ligações simples ou duplas entre os
átomos de carbono dos ácidos graxos; essas ligações possibilitam que as estruturas fiquem líquidas
ou sólidas em temperatura ambiente.
56 Capítulo 4
Ácido graxo saturado
H H H H
H H H O
Somente ligações simples C C C C
entre os carbonos de suas
C C C C OH
cadeias H H H H
H H H

Ácido graxo insaturado CIS


H H H H
Dupla ligação (insaturação) H H H
C C O
Hidrogênio do mesmo lado C C
C C C C OH
H H H
H H

Hidrogenação
H
Ácido graxo insaturado TRANS adição de hidrogênios
H
H H H
Dupla ligação (insaturação)
H H H O
Hidrogênio de lados opostos C C C C
C C C C OH
H H H
H H

A principal função dos glicerídeos é servir de reserva energética. No entanto, também podem exercer uma
função estrutural na composição do tecido adiposo, além de funcionar como isolante e protetor térmico, devido
à camada de gordura que se acumula no corpo dos seres vivos, protegendo-os das baixas temperaturas. Além
dessas importantes funções, as gorduras são bem empregadas na culinária, já que esses glicerídeos realçam o sa-
bor dos alimentos, melhoram a maciez e a textura da carne e de outros alimentos; em alguns casos, prolongam o
prazo de validade, a exemplo da gordura trans, muito usada em alimentos industrializados. Na sequência vamos
compreender as características dessas gorduras.
Gordura saturada

Presente principalmente nos alimentos de origem animal (carnes, ovos e laticínios),


essa gordura é sólida em temperatura ambiente. No reino vegetal, é possível encontrar
raras exceções de plantas que produzem essa gordura, como, por exemplo, coco e dendê.
A natureza sólida desse triglicerídeo é decorrente das ligações simples entre os átomos
de carbono (C – C) do ácido graxo. Esse tipo de gordura é de fácil identificação, tendo em
vista que, em temperatura ambiente, possui coloração esbranquiçada. Deve ser consumi-
da com moderação, já que aumenta o colesterol ruim e os riscos de doenças cardiovascu-
lares. Ainda neste capítulo, estudaremos mais sobre o colesterol.
Gordura insaturada Carne: fonte de gordura satu-
rada

Principalmente de origem vegetal, encontrada nas sementes e frutos. Contudo, como ocorre com as saturadas,
há um grupo de animais que apresenta esse tipo de gordura, são eles: os peixes de águas frias, como o salmão, a
sardinha e o arenque.
As concentrações desses glicerídeos insaturados são maiores nas sementes e nos fru-
tos justamente por essas estruturas exigirem muita energia para o desenvolvimento do
embrião e crescimento do organismo. Essas gorduras, em temperatura ambiente, são
encontradas em estado líquido devido à presença de dupla ligação entre os átomos de
carbono do ácido graxo (C = C). São as gorduras mais saudáveis e classificadas em mo-
noinsaturadas e poli-insaturadas.
As gorduras monoinsaturadas, quando colocadas em baixas temperaturas, solidificam- Da esquerda para a direita, óle-
se. São encontradas em nozes, canola, azeite de oliva, gergelim, milho, soja, girassol e os vegetais de girassol, linhaça,
azeitona e abóbora: fontes de
abacate, e nas sementes em geral. Nas plantas, esses óleos são importantes fontes de
gordura insaturada
reserva energética para o embrião que irá se desenvolver.

Lipídios 57
As gorduras poli-insaturadas – ômega 3 e ômega 6 – podem permanecer
líquidas quando em temperaturas mais baixas. São encontradas nos peixes:
salmão, sardinha e arenque; também nas nozes e na linhaça. Pesquisas já
comprovaram que o ômega 3 é um importante anti-inflamatório, contribui no
combate à osteoporose e ainda previne contra o câncer do intestino.
A utilização desses óleos monoinsaturados e poli-insaturados, no lugar das
gorduras saturadas e trans, é interessante, pois colabora para o controle do co-
lesterol bom e para a redução do colesterol ruim. Mas, como qualquer gordu-
ra, deve ser consumida com moderação, já que fornece a mesma quantidade Salmão, rico em gorduras poli-insaturadas
de calorias que os outros glicerídeos saturados e trans.
Gordura trans

As gorduras trans são glicerídeos derivados dos óleos vegetais que passa-
ram pelo processo de hidrogenação, portanto, do estado líquido, foram con-
vertidos ao estado sólido ou pastoso. Mesmo sendo de origem vegetal, essa
gordura possui características típicas das gorduras saturadas. É empregada
pelas indústrias alimentícias com objetivos bem específicos e comercialmente
viáveis: aumentar a crocância, prolongar o prazo de validade e alterar a textura
do alimento. São itens bem interessantes para as indústrias; mas, para a saúde
de quem as consome, não apresenta as vantagens na mesma proporção.
Na realidade, a gordura trans é a pior das gorduras. É comum em: biscoitos Margarina, rica em gordura trans
recheados, margarinas, sorvetes, massas ou pães que utilizam margarina ou
gordura hidrogenada na receita. Esse glicerídeo deve ter seu consumo diário
controlado, já que proporcionalmente possui maior capacidade de aumentar
o colesterol ruim e a taxa geral de triglicérides circulante no sangue.
A indicação pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 1% das calorias
diárias, portanto, em média, 2 gramas por dia. No Brasil, a Anvisa (Agência de
Vigilância Sanitária) obriga a inclusão da quantidade de gordura trans nos ró-
tulos dos alimentos embalados (Resoluções nº 359 e 360, de dezembro/2003).
A ingestão dessa gordura, na maioria das vezes, é muito superior ao reco-
mendado. Atualmente as crianças e os adolescentes são os que mais sofrem
os efeitos desse perigoso glicerídeo, visto que nessa idade há um consumo
exagerado de produtos industrializados: salgadinhos de pacotes, biscoitos
recheados, produtos empanados, sorvetes, macarrões do tipo "instantâneos",
batatas fritas, pipocas de micro-ondas, entre outros alimentos que possuem a
gordura hidrogenada na sua composição. Biscoito recheado, rico em gordura trans

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da prática "Lipídios - Análise do leite", e responda às questões
a seguir.

1. Represente, esquematicamente, o resultado obtido em cada tubo de ensaio.


2. Quais das amostras apresentaram maior quantidade de gordura?
3. Quais são as funções dos lipídios para a homeostase do corpo humano?
4. Explique de que maneira a centrífuga é responsável pela aceleração da separação da gordura do
leite.

58 Capítulo 4
3 Cerídeos
Os cerídeos são lipídios simples formados por uma molécula de glicerol (álcool)
associada a uma ou mais moléculas de ácidos graxos, produzidos tanto pelas plan-
tas quanto pelos animais e popularmente conhecidos como ceras.
Nas plantas, essas ceras são importantes na estrutura das paredes celulares, con-
tribuindo para a impermeabilização e protegendo, principalmente, as folhas quan-
to à perda excessiva de água (transpiração).
A base da construção das colmeias das abelhas é formada por cerídeos, outro
exemplo da presença desse lipídio é a cera nas orelhas, que são produzidas para
proteger da ação de micro-organismos, das vibrações das ondas sonoras e, princi-
palmente, para a impermeabilização à entrada de água.
Esses lipídios, por sua natureza hidrofóbica, são altamente repelentes à água e
comercialmente são muito usados em produtos como ceras de carro e móveis, im-
permeabilizando e conferindo brilho à superfície dos veículos e das madeiras. Essa
característica dos cerídeos é percebida, principalmente, nas aves aquáticas; bem
próxima a cauda desses animais, há uma glândula, chamada uropigeana ou uropí-
gea, que produz uma secreção oleosa protegendo as penas contra o encharcamen-
to e até mesmo a ação de micro-organismos.

4 Fosfolipídios
São moléculas orgânicas com estruturas semelhantes aos glicerídeos por possuírem glicerol e duas cadeias de
ácidos graxos, mas a principal diferença em relação aos triglicerídeos está na terceira cadeia de ácido graxo, que
é substituída pelo grupo fosfato. Devido à presença do grupo fosfato, esses lipídios possuem uma região hidro-
fílica – grupo fosfato (polar) e outra região hidrofóbica – cadeias de ácidos graxos (apolar) e são classificados em
lipídios compostos. Proporcionalmente, é o lipídio em maior quantidade nos organismos.
Os fosfolipídios compõem as membranas plasmáticas das células, portanto possuem função estrutural e con-
tribuem para a impermeabilização das membranas celulares. Nessas estruturas há uma bicamada, em que as
regiões hidrofílicas ficam direcionadas para os meios extracelular e intracelular, e as regiões hidrofóbicas se apre-
sentam internas, não havendo contato direto com a água, conforme a figura a seguir.
Essa bicamada lipídica de fosfolipídios confere a característica fluida da membrana, juntamente com os de-
mais componentes presentes nessa estrutura celular. Vamos compreender melhor a complexidade das membra-
nas celulares no capítulo 7.
Glicoproteína

Glicolipídio

Fosfolipídio

Bicamada Região polar


lipídica
Região apolar

Proteína

Modelo da membrana plasmática

Lipídios 59
5 Esteroides
Os esteroides são classificados em lipídios complexos, pois os arranjos moleculares são bem diferentes quan-
do comparados aos glicerídeos, cerídeos e fosfolipídios. São compostos por quatro anéis carbônicos (cadeias
fechadas), diferentemente dos outros lipídios que apresentam cadeias abertas. Os principais esteroides são o
colesterol e os hormônios sexuais masculinos (testosterona) e femininos (estrogênio e progesterona).
Colesterol

Molécula que pode ser sintetizada pelo fígado dos animais e pode ser obtida
na alimentação. Ao contrário dos lipídios já estudados neste capítulo, o colesterol
não é, normalmente, produzido pelos vegetais. Portanto, a fonte externa desse
lipídio está em alimentos de origem animal: carne, leite, ovo, manteiga, queijo,
presunto, bacon etc. Em temperatura ambiente, o colesterol é esbranquiçado e
sólido.
Cerca de 70% a 80% do colesterol é produzido no fígado (colesterol endógeno)
e de 20% a 30% é obtido na alimentação (colesterol exógeno). Essa taxa pode
variar pela idade, sexo, sedentarismo. Mas a maioria dos problemas e das altas ta-
xas de colesterol está nos hábitos alimentares: muitas pessoas ingerem alimentos
que possuem muito colesterol e gorduras; dessa maneira, a porcentagem varia,
e com ela o risco de doenças cardiovasculares, derrames cerebrais e obesidade.
Vale salientar que o colesterol não é apenas o vilão, essa molécula é componente Os embutidos, como bacon, sala-
estrutural das membranas plasmáticas dos animais, precursora de alguns hormô- mes e presuntos, contêm bastan-
nios, da vitamina D e da bílis. te colesterol. O consumo deve ser
evitado.
Quando se ouve falar de colesterol, é comum a expressão "colesterol bom"
e "colesterol ruim". Isso é uma maneira de facilitar a compreensão, porque, no
nosso corpo, há proteínas que se associam ao colesterol e às gorduras, contri-
buindo para o transporte dessas moléculas para todos os tecidos corporais, e
são classificadas em lipoproteínas.
As duas mais importantes e conhecidas moléculas são as LDL e as HDL, si-
glas em inglês para Low Density Lipoprotein – Lipoproteína de Baixa Densidade
(LDL) e High Density Lipoprotein – Lipoproteína de Alta Densidade (HDL). Ainda
há as VLDL (Lipoproteínas de Muito Baixa Densidade) e as IDL (Lipoproteínas de
Densidade Intermediária), que transportam quantidades mínimas de colesterol
e gordura.
a) LDL – Lipoproteína de baixa densidade – “Colesterol ruim”
Essas lipoproteínas transportam colesterol e gorduras do fígado para os tecidos corporais, para serem usados
como reserva energética ou estrutural; mas, quando há excesso, tendem a depositar gordura e colesterol nas
artérias, causando entupimento dessas estruturas – problema conhecido como aterosclerose. Alimentos ricos
em gorduras saturadas e trans aumentam consideravelmente as taxas de colesterol ruim. Associado ao sedenta-
rismo e ao fumo, o risco é ainda maior.

Alimentação rica em
gordura e colesterol

LDL Tecidos Aterosclerose

60 Capítulo 4
b) HDL – Lipoproteína de alta densidade – “Colesterol bom”
Essas lipoproteínas transportam menor quantidade de gordura e colesterol, entretanto conseguem “limpar a
sujeira” deixada pelo LDL, conduzindo o excesso remanescente dos tecidos para o fígado, e nesse órgão o coles-
terol será eliminado e ou reciclado. Por esse motivo, o HDL é chamado de colesterol bom.
Pessoas que evitam consumir produtos industrializados, carnes vermelhas e frituras, e que possuem uma dieta
balanceada terão maior concentração da lipoproteína HDL e, consequentemente, o risco de doenças cardiovas-
culares será reduzido. Quando associado à atividade física, as taxas de HDL aumentam ainda mais, e as concen-
trações de LDL reduzem. Pesquisas comprovam que o HDL possui ação anti-inflamatória nas artérias, contribuin-
do para a prevenção da aterosclerose.
Relembrando o que foi estudado, no capítulo de carboidratos, alimentação rica em fibras também ajuda no
controle do colesterol, uma vez que elas carregam as pequenas moléculas de gordura e colesterol para o bolo
fecal, que pode ser eliminado naturalmente pelo corpo.

Curiosidades
Arteriosclerose X Aterosclerose
À medida que envelhecemos, nossas artérias perdem um pouco da elasti-
cidade e endurecem. Isso pode provocar uma doença progressiva conhecida
como arteriosclerose, termo médico para o endurecimento (esclerose) das ar-
térias. Com os vasos sanguíneos endurecidos, é possível a sua obstrução por
placas de gordura e colesterol, o que caracteriza a aterosclerose (athero - pa-
lavra grega para mingau, que descreve a aparência pastosa e espessa dos de-
pósitos).
Pouco se sabe sobre as causas da arteriosclerose. Entretanto, a maioria dos
especialistas concorda que uma predisposição genética e uma série de fatores
relacionados ao estilo de vida aceleram esse processo. Entre esses fatores, in- Fluxo sanguíneo normal e com acú-
mulo de gordura e colesterol – ate-
cluem-se a alimentação rica em colesterol e gordura, o fumo, o estresse exces- rosclerose
sivo e o sedentarismo.
Reader’s Digest, Alimentos Saudáveis Alimentos Perigosos, p. 65-66, 2006. (adaptado).

Hormônios sexuais – testosterona, estrogênio e progesterona

A maioria dos hormônios tem natureza proteica, mas os hormônios esteroides sexuais são produzidos a partir
do colesterol e secretados pelos testículos e ovários e em menor quantidade pelas glândulas adrenais, também
chamadas de suprarrenais. Nos homens, a testosterona é um esteroide anabolizante androgênico, porque pro-
move o crescimento de tecido muscular e é responsável pelos caracteres sexuais secundários masculinos, tais
como: crescimento corporal e dos pelos, engrossamento da voz e desenvolvimento do aparelho reprodutor.
Tanto homens quanto mulheres produzem testosterona, mas nas mulheres a concentração e a produção são
menores; a testosterona pode ser produzida pelos ovários e pelas suprarrenais.
Nas mulheres, a progesterona prepara o corpo feminino, principalmente o útero, para a gravidez, além de esti-
mular o crescimento das glândulas mamárias; já o estrogênio é responsável pelos caracteres sexuais secundários
femininos e pelo acúmulo de gordura em algumas regiões do corpo (quadril).
Qualquer distúrbio referente ao colesterol poderá acarretar problemas nos três hormônios sexuais, entretan-
to o maior problema está na produção dos esteroides anabolizantes sintéticos com a finalidade de aumentar a
massa muscular. Esses hormônios sintéticos foram criados com a finalidade de ajudar pacientes que desenvol-
viam atrofia muscular devido a longos períodos sem movimentos ou com movimentos limitados em leitos de
hospitais; mas, com o passar do tempo, o uso foi popularizado para promover o crescimento da massa muscular
– estética. As consequências para os usuários desses hormônios são sérias, entre elas: alopecia (queda de cabe-
los), problemas no fígado, aumento das acnes; no caso das mulheres, ainda pode provocar alterações no ciclo
menstrual. O uso contínuo ou em doses elevadas pode até levar ao óbito.

Lipídios 61
6 Carotenoides
São lipídios "coloridos" encontrados em vegetais que apresentam cores amare-
la, laranja e vermelha, porque formam os pigmentos dessas plantas e auxiliam na
fotossíntese. Esses pigmentos não realizam a fotossíntese em si, mas capturam a
energia luminosa que será transferida para o pigmento clorofila.
Os carotenoides são importantes moléculas antioxidantes, uma vez que protegem
o corpo dos radicais livres, fortalecem o sistema imunológico e previnem doenças car-
díacas e degenerativas. Alimentos que contêm betacaroteno contribuem para a for-
mação da vitamina A, importante para o fortalecimento dos ossos e para a visão.
Esses pigmentos não são sintetizados pelos seres humanos, por isso a importância de uma alimentação varia-
da dando preferência a produtos in natura, porque alguns processos industriais reduzem a concentração desses
compostos orgânicos nos alimentos.
Pesquisas já demonstraram que alguns carotenoides como o licopeno, encontrado no tomate, diminuem con-
sideravelmente o risco de aterosclerose, devido à redução na oxidação do “colesterol ruim” - LDL (essa molécula,
quando oxidada, tende a se acumular as artérias do coração).

Curiosidades
NOVIDADES SOBRE NOVA NORMA DE ROTULA- b) Modelos com ALTO teor de DOIS nutrientes:
GEM DOS ALIMENTOS
A Diretoria Colegiada da Anvisa aprovou por una-
nimidade, dia 07/10/2020, a nova norma sobre rotu-
lagem nutricional de alimentos embalados. A medida
melhora a clareza e a legibilidade das informações c) Modelos com ALTO teor de TRÊS nutrientes:
nutricionais presentes no rótulo dos alimentos e visa
auxiliar o consumidor a realizar escolhas alimentares
mais conscientes.
A novidade estabelece mudanças na tabela de
informação nutricional e nas alegações nutricionais,
bem como inova ao adotar a rotulagem nutricional
Tabela de Informação Nutricional: passa a ter ape-
frontal. Entenda o ponto a ponto:
nas letras pretas e fundo branco. O objetivo é afastar
Considerada a maior inovação da norma, a rotula- a possibilidade de uso de contrates que atrapalhem
gem nutricional frontal é um símbolo informativo na na legibilidade das informações.
parte da frente do produto. A ideia é esclarecer o con-
Outra alteração será nas informações disponibiliza-
sumidor, de forma clara e simples, sobre o alto conte-
das na tabela. Passará a ser obrigatória a identificação
údo de nutrientes que têm relevância para a saúde.
de açúcares totais e adicionais, a declaração do valor
Para tal, foi desenvolvido um design de lupa para energético e nutricional por 100 g ou 100 ml, para
identificar o alto teor de três nutrientes: açúcares ajudar na comparação de produtos, e o número de
adicionados, gorduras saturadas e sódio. O símbolo porções por embalagem.
deverá ser aplicado na frente do produto, na parte Fontes - <https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias
superior, por ser uma área facilmente capturada pelo -anvisa/2020/aprovada-norma-sobre-rotulagem-nutricional> -
nosso olhar. Confira os modelos: adaptado e acessado em: 18 jul. 2021;
<https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/instrucao-normativa
a) Modelos com ALTO teor de UM nutriente: -in-n-75-de-8-de-outubro-de-2020-282071143>. Acessado em:
18 jul. 2021.

62 Capítulo 4
Saiba+
Donças hepáticas Doenças hepáticas

Fígado saudável Fígado com gordura Fibrose Cirrose

Hepatócitos Excesso de gordura O tecido conjuntivo (branco) Formação de nódulos


saudáveis acumulado substitui o tecido normal e fibroses

O esquema representa o fígado humano e as principais doenças hepáticas, o termo em destaque está
relacionado com o nome das suas células, os hepatócitos, que compõem o tecido conjuntivo hepático, que
forma o maior órgão interno do corpo humano.
Você já estudou sobre o fígado, mas vale relembrar que esse órgão, em condições normais e saudáveis,
atua como um verdadeiro laboratório. Sua versatilidade metabólica é impressionante e apresenta dezenas
de funções, entre elas:
• Síntese de colesterol, cerca de 70% do colesterol do corpo humano;
• Síntese de glicogênio em condições de hiperglicemia e hidrólise do glicogênio em condições de hi-
poglicemia;
• Emulsificador de gorduras – o fígado produz a bile (água, bicarbonato de sódio, ácidos biliares), que
pode ser comparada a um detergente que emulsiona a gordura, ajudando na quebra e eliminação;
• Atua na desintoxicação do sangue, eliminando o excesso de substâncias químicas (medicamentos) e
tóxicas (álcool, por exemplo);
• O fígado possui células de defesa, conhecidas como células de Kupffer, que eliminam germes e glóbu-
los vermelhos (hemácias) envelhecidos ou mortos e, que, portanto, não são mais capazes de transpor-
tar o oxigênio para as demais células do corpo.
Conhecendo um pouco dessas funções, fica mais fácil a compreensão de algumas doenças hepáticas, que
estão relacionadas, principalmente com os hábitos de vida, mas também podem ter fator genético.
A esteatose hepática, popularmente chamada de “fígado gordo ou gorduroso”, é caracterizada pelo acú-
mulo de gordura e colesterol no interior dos hepatócitos. Geralmente essa doença é causada por alguns fato-
res, associados ou não, entre eles: sedentarismo, consumo de bebida alcóolica, má alimentação, obesidade,
diabetes e pressão alta.
Já a fibrose hepática é provocada por uma resposta do fígado a infecções, geralmente provocadas por
hepatites, principalmente as virais, ou por ingestão de bebida alcóolica e, em alguns casos, por excesso ou
uso prolongado de medicamentos (hepatite medicamentosa).
Os hepatócitos eliminam o excesso de substâncias tóxicas que circulam no nosso corpo, entretanto o ex-
cesso dessas podem sobrecarregar o fígado e causar lesões; consequentemente, o processo de cicatrização
desses danos provoca uma alteração nos tecidos acumulando mais colágeno e causando assim a fibrose. De
acordo com a gravidade, pode provocar a cirrose hepática; ao atingir esse estágio, a situação é tão complexa
que o tratamento definitivo seria via transplante do órgão.
É fundamental seguir alguns cuidados e hábitos para não desenvolver nenhuma dessas doenças, entre
eles: alimentação equilibrada com consumo de fibras, carotenoides e alimentos como menor teor de gordu-
ra e colesterol, realizar atividades físicas regulares, ou seja, manter um estilo de vida mais saudável, além de
tomar as vacinas existentes contra as hepatites.

Lipídios 63
• Estrutura das membranas celulares: Khan Academy - https://youtu.be/hvDGj_
-6c2c
• Lipídios (Componentes Orgânicos) - Canal Prof. Guilherme Goulart - https://youtu.
be/9P0eo4LUWHw

1. Em muitas revistas e jornais, é possível ler 4. Contra alimentos que engordam a solução da Di-
reportagens que classificam todos os lipídios como namarca foi aumentar os impostos.
gorduras; entretanto, neste capítulo, você estudou
Se não vai por bem, então que doa no bolso dos
que não se pode generalizá-los. Explique por quê.
comilões... Diante da epidemia de obesidade que
2. (UNICAMP) Os lipídios têm papel importante na campeia por aí, a Dinamarca se tornou o 1º país do
estocagem de energia, estrutura de membranas mundo a introduzir uma sobretaxa para alimentos
celulares, visão, controle hormonal, entre outros. que sabidamente engordam.
São exemplos de lipídios: fosfolipídios, esteroides A partir do ano de 2012, produtos como mantei-
e carotenoides. ga, leite, queijo, pizza, carne, óleo, azeite e alimentos
a) Como o organismo humano obtém os carotenoi- processados passam a pagar mais impostos se con-
des? Que relação têm com a visão? tiverem mais de 2,3% de gordura saturada.
b) A quais funções citadas no texto os esteroides Com isso, no país escandinavo, um pacote de
estão relacionados? Cite um esteroide importante 250g de manteiga sofrerá um aumento de mais de
para cada uma dessas funções. 14%, enquanto o litro do azeite de oliva custará 7%
c) Cite um local de estocagem de lipídios em a mais. A medida vem causando controvérsia tanto
animais e um em vegetais. entre consumidores — que terão de gastar mais na
sua compra de supermercado — quanto entre por-
3. Analise a tirinha e responda: ta-vozes da indústria. A Federação Dinamarquesa
de Alimentos e Bebidas disse que a decisão levará
muitos cidadãos a simplesmente cruzar a fronteira e
fazer suas compras na Alemanha. A população de lá
é tão “sem-vergonha” que, às vésperas do aumento,
fez compras para estocar grandes quantidades de
produtos como manteiga, queijo e azeite.
Fonte: <https://tirasarmandinho.tumblr.com>.
Fonte: <http://www.materiaincognita.com.br/contra-alimentos-que
Acesso em: 12 mar. 2021. -engordam-a-solucao-foi-aumentar-impostos/> - Acesso em: 22 abr.
2017 (adaptado).
a) Considerando o que aprendemos neste capítulo,
a mãe do garoto Armadinho está correta Sobre o tema, responda aos itens que se seguem:
ao questioná-lo. Qual a principal gordura
encontrada no recheio das bolachas? Quais os a) Explique a diferença entre gordura saturada e
riscos, em caso do consumo exagerado, dessa insaturada. Em seguida retire do texto exemplos
gordura à saúde de Armandinho? de alimentos que contêm esses tipos de gordura.
b) O morango é uma fruta que possui carotenoides. b) Os alimentos processados. como biscoitos
Justifique a fala da mãe do Armandinho, no 2º recheados, sorvetes, massas prontas congeladas
quadrinho, quanto a este tipo de lipídio presente apresentam uma gordura muito utilizada pelas
nas frutas e verduras de cores vermelhas, laranjas indústrias para aumentar o prazo de validade,
por exemplo. Qual é essa gordura? Quais riscos
e amarelas.
podem trazer a saúde da pessoa que a ingere?

64 Capítulo 4
c) Leia: A população de lá é tão “sem-vergonha” liga às fibras vegetais ingeridas na alimentação e é
que, às vésperas do aumento, fez compras para eliminada pelas fezes. Recomenda-se uma dieta rica
estocar grandes quantidades de produtos como em fibras para pessoas com altos níveis de colesterol
manteiga, queijo e azeite. Considerando o que no sangue.
você aprendeu, neste capítulo, sobre os lipídios
a) Onde a bile é produzida e onde ela é reabsorvida
e os riscos à saúde, quando consumidos em
em nosso organismo?
excesso, explique como pode ser interpretada a
b) Considerando o órgão identificado na letra a. Cite
expressão “sem vergonha” nesse caso. mais duas funções importantes desse órgão para
5. (UFC – adaptada) Os esteroides são lipídios bem o corpo humano.
diferentes dos glicerídeos e das ceras, apresentando 9. A manteiga é o produto derivado do leite, obtido
uma estrutura composta por quatro anéis de átomos por meio do batimento do creme de leite (nata), rico
de carbono interligados. O colesterol é um dos em gorduras saturadas e colesterol. A margarina
esteroides mais conhecidos, devido à sua associação é obtida por meio da hidrogenação de óleos
com as doenças cardiovasculares. No entanto, esse vegetais (ricos em gorduras insaturadas), e, durante
composto é muito importante para o homem, uma esse processo, a gordura insaturada se transforma
vez que desempenha uma série de funções. Acerca em gordura trans. A seguir segue a informação
desse composto, cite: nutricional desses dois produtos.
a) duas principais funções do colesterol. Porção de 13 g
b) duas origens do colesterol sanguíneo. Manteiga Margarina
(1 colher de sopa)

6. As aves aquáticas estão entre as vítimas quando há Carboidratos 0g 0g


o derramamento de óleo nos oceanos ou rios. Muitas Proteínas 0g 0g
não conseguem voar, nem mergulhar sem afundar, Gorduras totais 10,7 g 8,77 g
e, consequentemente, morrem afogadas. Nas penas Gorduras saturadas 6,4 g 1,94 g
dessas aves, em condições normais, há uma camada Gorduras trans 0,43 g 1,3 g
de óleo que a ave espalha com o bico após cutucar Colesterol 26,1 mg 0g
a glândula uropigiana. Que importância tem esse
Fibra alimentar 0g 0g
lipídio para as aves aquáticas?
Sódio 75,2 mg 116 mg
**VD – valor diário.
Sobre os lipídios presentes nesses dois alimentos e as
informações nutricionais acima, responda: qual ali-
mento você indicaria para uma pessoa que tem pro-
pensão à obesidade e às doenças cardiovasculares?
Apresente argumentos plausíveis para sua indicação.

HDL
10. Analise a tabela a seguir, que apresenta o
7. Observe a ilustração sobre as lipoproteínas resultado das taxas de LDL, HDL e colesterol total de
conhecidas como HDL e LDL e responda: um adulto de 45 anos, do sexo masculino. Ao analisar
o resultado do exame, o adulto em questão ficou
tranquilo, pois o colesterol total estava de acordo

HDL sal

LDL com os valores de referência.


Considerando o exame e o que já foi estudado sobre
as lipoproteínas, responda:
a) Explique a diferença entre elas e, na sua resposta, Referência Resultado do

LDL
Colesterol
indique qual é conhecida como "colesterol ruim (mg/dL) exame
sal

ou bom". LDL < 100 160


b) Qual a relação entre o consumo de vegetais in HDL > 40 29
natura e o controle do colesterol? Explique. TOTAL (LDL, HDL,
< 200 180
VLDL)
8. (UNIFESP) Parte da bile produzida pelo nosso
organismo não é reabsorvida na digestão. Ela se

Lipídios 65
a) O homem pode ficar tranquilo com esses resultados? Explique sua resposta.
b) Que possíveis problemas de saúde o adulto em questão poderá apresentar?
c) O que você indicaria para aumentar as taxas de HDL? E para diminuir as taxas de LDL?

PATO PRETO
Meus leitores continuam Lembre-se, de Muitas vitaminas,
perguntando o que é ter uma vegetais, frutas...
uma dieta saudável. alimentação
balanceada.

E cuidado com açúcar Mas antes de tudo,


Não se esqueça dos minerais,
e gordura!
nozes e ameixas secas. SEM AVES!

11. Considerando o que estudamos até aqui e as recomendações do Pato. Responda:


a) As nozes indicadas pelo Pato são ricas em gorduras insaturadas. Explique as vantagens de incluir essas
sementes na dieta.
b) No 5º quadrinho, o personagem faz um alerta. Considerando as gorduras apresentadas neste capítulo,
explique as principais diferenças entre elas.
12. No 6º quadrinho, o Pato foi enfático: SEM AVES! Considerando os lipídios e proporções apresentados na
tabela responda:
Informações Nutricionais
(porção com 100 gramas)
Calorias Gordura Colesterol Proteínas Ferro
Espécie
(Kcal) (%) (mg) (mg) (mg)
Avestruz 101 1,8 36 19,0 3,2
Boi 211 9,3 86 29,9 3,0
Frango 190 7,4 89 28,9 1,2
Peru 170 5,0 76 29,3 1,8
Porco 212 9,7 86 29,3 1,1
Vitelo 196 6,6 118 31,9 1,2

Fontes: Texas A&M University, USDA - Agricultural Handbook. Universidade de São Paulo.

a) Será que a indicação do Pato está correta? Qual seria a melhor opção para uma dieta saudável? Justifique
sua escolha.
b) Considerando a nova norma da ANVISA e comparando os valores de glicerídeos e esteroides apresentados
na tabela, qual modelo e informação seria importante apresentar na rotulagem da porção de Vitelo? Faça
um desenho considerando a nova regra de rotulagem frontal.

66 Capítulo 4
13. Os animais de clima frio empregam a gordura é muito importante para o homem, uma vez que de-
armazenada sob a pele como sempenha uma série de funções. Em relação ao coles-
terol, julgue cada item como certo ou errado.
a) fonte de água e isolante térmico.
b) reserva de sais minerais e isolante térmico. a) O organismo utiliza o colesterol para produzir
c) reserva de energia e isolante térmico. classes de hormônios, sendo precursor dos
d) reserva de energia e proteção mecânica. hormônios sexuais masculino (testosterona) e
feminino (estrógeno).
14. (UNESP) Há algum tempo, foi lançado no mer- b) Na espécie humana, o excesso de colesterol
cado um novo produto alimentício voltado para o aumenta a eficiência da passagem do sangue
consumidor vegetariano: uma bebida sabor iogurte no interior dos vasos sanguíneos, acarretando a
feita à base de leite de soja. À época, os comerciais arteriosclerose.
informavam tratar-se do primeiro iogurte totalmen- c) O colesterol é o material inicial para a formação
te isento de produtos de origem animal. Sobre esse de sais biliares, que contribuem para a digestão
produto, pode-se dizer que é isento de das gorduras da dieta.
a) colesterol e carboidratos. d) As membranas plasmáticas são formadas por
b) lactose e colesterol. lipídios, carboidratos e proteínas. O colesterol
c) proteínas e colesterol. participa da composição química das membranas
d) proteínas e lactose. das células animais, ele é importante para a
e) lactose e carboidratos. integridade das membranas e representa até 25%
de seu conteúdo.
15. (VUNESP) Os ácidos biliares são constituídos por e) O colesterol é absorvido de alimentos como o
moléculas com porções hidrofílicas e hidrofóbicas. leite e gorduras animais, além de ser sintetizado
Em razão dessas características, esses ácidos, que, pelo fígado.
nos seres humanos, são produzidos pelo
18. (UFG) Leia as informações a seguir.
a) fígado, atuam na emulsificação de triglicerídeos. A ingestão de gordura trans promove um aumento
b) fígado, atuam na emulsificação de açúcares. mais significativo na razão: lipoproteína de baixa
c) fígado, atuam na hidrólise de proteínas. densidade/lipoproteína de alta densidade (LDL/
d) pâncreas, atuam na emulsificação de triglicerídeos. HDL), do que a ingestão de gordura saturada.
e) pâncreas, atuam na hidrólise de açúcares.
Informação nutricional
16. (URCA) Em relação às reservas de energia dos
Porção de 30 g (2 biscoitos)
mamíferos, destacam-se as gorduras e, em seguida,
Quantidade por porção
um tipo de açúcar, como o glicogênio. No entanto, o
glicogênio, apresenta uma vantagem para o organis- Carboidratos 19 g
mo quando comparado às gorduras. Devido princi- Gorduras totais 7,3 g
palmente ao fato de Gordura saturada 3,4 g

a) produzir mais energia. Gordura trans 0,5 g


b) solubilizar-se em água. AUED-PIMENTEL, S. et al. Revista do Instituto Adolfo Lutz, 62
c) sofrer hidrólise. (2):131-137, 2003. (Adaptado).
d) ser compactado e mais bem armazenado. Para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária,
e) ser de difícil absorção um alimento só pode ser considerado "zero trans"
17. (URCA - adaptada) Os esteroides são lipídios bem quando contiver quantidade menor ou igual a 0,2 g
diferentes dos glicerídeos, com uma estrutura com- desse nutriente, não sendo recomendado consumir
posta por quatro anéis de átomos de carbono inter- mais que 2,0 g de gordura trans por dia.
ligados. O colesterol é um dos esteroides mais popu- O quadro representa um rótulo de um biscoito co-
lares, principalmente devido à sua associação com as mercialmente vendido, que atende às especificações
doenças cardiovasculares. Entretanto esse composto do porcentual de gorduras trans, exigidas pela nova
legislação brasileira.

Lipídios 67
As informações apresentadas permitem concluir 21. Analise o diálogo e o tema abordado; julgue as
que o consumo diário excessivo do biscoito poderia afirmações quanto a serem certas (C) ou erradas (E).
provocar alteração de
a) triglicerídeos, reduzindo sua concentração plas-
mática.
b) carboidratos, diminuindo sua síntese no tecido
adiposo.
c) LDL – colesterol, aumentando sua concentração
plasmática.
d) HDL – colesterol, elevando sua concentração
plasmática.
e) colesterol, reduzindo sua concentração plasmáti-
ca.
19. (UFRN) O uso de óleos vegetais na preparação
de alimentos é recomendado para ajudar a manter Fonte: <www.ivoviuauva.com.br/colesterol/>. Acesso em 22
baixo o nível de colesterol no sangue. Isso ocorre abr. 2017.
porque esses óleos
(1) Considerando apenas o tema colesterol, a explica-
a) têm pouca quantidade de glicerol. ção do homem está correta, uma vez que os ve-
b) são pouco absorvidos no intestino. getais não produzem colesterol.
c) são pobres em ácidos graxos saturados. (2) O milho não possui colesterol, esse vegetal pode
d) têm baixa solubilidade no líquido extracelular. ser usado para produzir óleos de cozinha, que
são exemplos de gorduras saturadas,
20. De acordo com a tirinha e considerando o tema
(3) As indústrias usam nos salgadinhos, conhecidos
lipídios, assinale a alternativa correta.
por chips, a gordura trans, que confere novas ca-
racterísticas aos produtos, entre elas: crocância e
aumento no prazo de validade.
(4) Os personagens aparentam estar com sobrepe-
so, o que podemos concluir que nessas condi-
ções há grande risco de saúde, por exemplo, a
aterosclerose e diabetes.
(5) Sobre a fala “quem cria colesterol não é o milho, é
Fonte: <http://mentirinhas.com.br/mentirinhas-187>. Acesso você”, pode-se afirmar que está correta, uma vez
em: 22 abr. 2017.
que o órgão que produz o colesterol é o pâncre-
a) A carne de porco apresenta baixa concentração as.
de gordura saturada e colesterol, por esse motivo (6) Sobre a fala “quem cria colesterol não é o milho,
seu consumo deve ser estimulado. é você”, pode-se afirmar que está correta, pois a
b) O MC Bacon pode ter sonhos maiores, mas principal fonte de colesterol endógeno é produ-
seu corpo contém quantidade considerável zida no fígado e, em menor proporção, obtemos
de colesterol e gordura saturada, que em na ingestão de alimentos, colesterol exógeno, de
temperatura ambiente são esbranquiçadas. origem animal.
c) A feijoada possui o mineral ferro, principalmente
pelo ingrediente feijão, portanto seu consumo 22. (PUC/PR) Doenças cardiovasculares causam
deve ser estimulado; além disso, a carne de porco quase 30% das mortes no País.
é considerada uma carne saudável, uma vez que As doenças cardiovasculares são responsáveis por
não possui colesterol na sua composição. 29,4% de todas as mortes registradas no País em
d) O bacon nada mais é que a barriga do porco, um ano. Isso significa que mais de 308 mil pessoas
formada por tecido adiposo, que acumulou em faleceram principalmente de infarto e acidente
suas células inúmeras moléculas de glicerídeos vascular cerebral (AVC). As doenças cardiovasculares
do tipo monoinsaturado. são aquelas que afetam o coração e as artérias, como
os já citados infarto e acidente vascular cerebral,

68 Capítulo 4
além de arritmias cardíacas, isquemias ou anginas. A poproteínas produzidas no fígado, principalmente
principal característica das doenças cardiovasculares as VLDL (lipoproteínas de baixíssima densidade), as
é a presença da aterosclerose, acúmulo de placas LDL (lipoproteínas de baixa densidade) e as HDL (li-
de gorduras nas artérias ao longo dos anos, o que poproteínas de alta densidade). As LDL e as VLDL le-
impede a passagem do sangue. vam colesterol para as células e facilitam a deposição
Fonte: <http://www.brasil.gov.br/saude/2011/09/ de gordura nos vasos, e as HDL fazem o inverso, ou
doencascardiovasculares-causam-quase-30-das-mortes-no- seja, promovem a retirada do excesso de colesterol,
pais>. Acesso em: 4 mai. 2016. inclusive o das placas arteriais. Por isso, denomina-se
Entre as principais causas da aterosclerose, destacam- HDL o colesterol bom e VLDL e LDL o colesterol ruim.
se fatores genéticos, obesidade, sedentarismo, O colesterol derivado de gorduras saturadas e o deri-
tabagismo, hipertensão e colesterol alto. Se for vado de gordura trans favorecem a produção de LDL,
considerado isoladamente o fator colesterol, conclui- ao passo que as gorduras insaturadas, presentes, por
se que exemplo, em azeite, peixes e amêndoas, promovem
a produção de HDL.
a) uma redução de HDL e um aumento de LDL
reduzem o risco de infarto. Correio Braziliense, p. 24, 13 mai. 2012, p. 24 (com adaptações).
b) atividade física e ingestão de gorduras de Tendo o texto como referência, julgue os itens, em
origem vegetal aumentam a quantidade de LDL C para certo e E para errado.
reduzindo o risco de infarto.
(1) As gorduras saturadas são caracterizadas por se-
c) alimentação equilibrada e atividade física
rem líquidas em temperatura ambiente e aumen-
reduzem o HDL e aumentam o risco de infarto.
tarem o colesterol ruim.
d) proporção de HDL e LDL não tem relação direta
(2) A conversão de gorduras trans em gorduras sa-
com a alimentação, pois são moléculas de origem
turadas pode ocorrer a partir de uma reação de
endógena.
hidrogenação.
e) uma redução de HDL e um aumento de LDL
(3) O fígado tem função de glândula endócrina, vis-
aumentam o risco de infarto.
to que produz lipoproteínas e as lança para a cor-
23. (PUC/MG) Os lipídios compreendem um grupo rente sanguínea.
quimicamente variado de moléculas orgânicas ti- (4) Em células animais, o colesterol é parte integran-
picamente hidrofóbicas. Diferentes lipídios podem te da camada fosfolipídica das membranas plas-
cumprir funções específicas em animais e vegetais. máticas.
Assinale a alternativa INCORRETA. (5) A deficiência de colesterol no organismo altera a
transmissão de impulsos nervosos.
a) Os carotenoides são pigmentos acessórios
(6) As gorduras monoinsaturadas provocam o au-
capazes de captar energia solar.
mento das lipoproteínas LDL e VLDL.
b) Os esteroides podem desempenhar papéis regula-
tórios, como, por exemplo, os hormônios sexuais. 25. (CPS) Encontro em lanchonetes ou no intervalo
c) Os triglicerídeos podem atuar como isolantes das aulas é uma das atividades de lazer de crianças
térmicos ou reserva energética em animais. e de adolescentes, e a comida preferida é o lanche
d) O colesterol é uma das principais fontes de à base de hambúrguer com maionese e ketchup, ba-
energia para o fígado. tata frita, salgadinhos, refrigerantes, entre outros.
Porém, esses alimentos vêm sofrendo condenação
24. (UnB – adaptada) Muito se ouve falar do coleste-
pelos médicos e nutricionistas, em especial por con-
rol bom e ruim, mas pouco se explica sobre seu real
terem componentes não recomendados, que são
significado. O colesterol — molécula presente em to-
considerados "vilões" para a saúde dessa população
das as células dos organismos animais — é essencial
jovem como, por exemplo, as gorduras trans e o ex-
para a formação das membranas das células, a sín-
cesso de sódio.
tese de hormônios, como testosterona, estrogênio,
cortisol e outros, a digestão de alimentos gorduro- Entre os componentes da gordura presentes nesses
sos, a formação da mielina e a metabolização de al- alimentos, o que oferece maior risco à saúde humana
gumas vitaminas. Por ser uma molécula gordurosa, o é aquele que contém os ácidos graxos saturados e
colesterol não se dissolve no sangue. Portanto, para gorduras trans. Segundo especialistas no assunto,
viajar pela corrente sanguínea e alcançar os tecidos, as gorduras são necessárias ao corpo, pois fornecem
o colesterol precisa de transportadores, que são li- energia e ácidos graxos essenciais ao organismo,

Lipídios 69
porém a trans é considerada pior que a gordura saturada, pois está associada ao aumento do nível do
colesterol LDL (indesejável) e à diminuição do HDL (desejável). A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária) determinou que, a partir de 1º de agosto de 2006, as empresas devem especificar nos rótulos o
teor de gordura trans de seus produtos.
É válido afirmar que a finalidade dessa determinação é
a) esclarecer ou alertar sobre a quantidade de gorduras saturadas e de gordura trans.
b) eliminar a adição de gorduras ou de ácidos graxos nos alimentos industrializados.
c) substituir as gorduras ditas trans por gorduras saturadas desejáveis ao organismo humano.
d) estimular o consumo de outros alimentos, em especial à base de carboidratos.
e) alertar sobre a necessidade dos ácidos graxos essenciais ao organismo.
26. IF-PE (adaptada) Analise os rótulos para responder à questão.

Os rótulos dos alimentos trazem informações fundamentais que nos ajudam a escolher uma alimentação
adequada às nossas necessidades nutricionais, assim como nos auxiliam a evitar problemas de saúde. A esse
respeito, analise os seguintes casos:
• João tem apresentado altos índices de colesterol no sangue;
• Maria sofre de hipertensão;
• José tem elevados níveis de glicose no sangue.
Observando os rótulos dos alimentos 1, 2 e 3, assinale a alternativa que mostra quais alimentos devem ser
evitados por João, Maria e José, respectivamente.
a) 2, 3 e 1.
b) 1, 2 e 3.
c) 3, 2 e 1.
d) 2, 1 e 3.
e) 3, 1 e 2.

70 Capítulo 4
As proteínas, assim como os carboidratos, são polímeros naturais formados por monômeros, que,
nesse caso, são os aminoácidos. Das moléculas orgânicas presentes no corpo humano, as proteínas
são as que representam a maior proporção, uma vez que cerca de 70% a 80% do peso seco de um
indivíduo é formado por esses polímeros.
As proteínas compõem as membranas plasmáticas das células, os músculos, a pele, os cabelos, as
unhas, o sangue e alguns hormônios. Essas moléculas exercem diversas funções, entre elas: estru-
tural, transporte, defesa, hormonal, reserva energética, nutricional e enzimática.
As principais fontes de proteínas são de origem animal: carnes em geral, ovos, leite e seus deriva-
dos. Contudo, há como se obter esses polímeros em alimentos de origem vegetal, destaca-se então
as leguminosas: feijão, grão-de-bico, ervilhas, lentilhas, soja.
Antes de compreendermos as funções dessas importantes moléculas, vamos estudar as estrutu-
ras e os tipos de aminoácidos que as compõem. Como já foi dito, esses polímeros são formados pela
combinação entre aminoácidos, perfazendo um total de 20, e que são classificados da seguinte
maneira:
a) Aminoácidos não-essenciais: moléculas que o corpo pode produzir, sendo 11 no total. A ca-
pacidade de produzir essas moléculas é comandada geneticamente pelo DNA – material genético
que possui as informações necessárias para que os ribossomos produzam esses compostos e, por
consequência, as proteínas.

Proteínas e vitaminas 71
b) Aminoácidos essenciais: são moléculas adquiridas pela alimentação, portanto não podem ser produzidas
pelo corpo humano. São nove aminoácidos desse tipo.
Quando há a ingestão de proteínas, algumas dessas moléculas “sofrem” hidrólise, e, por consequência, vários
aminoácidos serão liberados na corrente sanguínea; ao comando do DNA, novas proteínas serão sintetizadas
de acordo com as necessidades corporais, ou então os aminoácidos serão usados diretamente, conforme suas
funções no metabolismo celular.

1 Proteínas
Todos os aminoácidos que formam os peptídeos ou proteínas possuem uma estrutura molecular básica repre-
sentada no esquema. Essas moléculas são compostas por um átomo de carbono – C, ligado a um grupo carboxí-
lico ou ácido carboxílico (carboxila) – COOH, um átomo de hidrogênio – H, um grupo amina – NH2 e um radical.
Nesse caso o radical é a parte variável dos aminoácidos, portanto há 20 radicais diferentes, um para cada tipo de
aminoácido (essencial e não essencial).
Há inúmeras proteínas diferentes no corpo dos seres vivos, mas curiosamente essa grande diversidade de
proteínas se dá pela combinação entre os vinte aminoácidos existentes, e ainda pode haver inúmeras repetições
e combinações possíveis entre os tipos e a quantidade desses monômeros.
Observe as moléculas, à direita, que são exemplos de três aminoácidos essenciais: histidina, metionina e tre-
onina. Para cada uma delas, os radicais (R) são diferentes. No exemplo, estão representados pela cor vermelha.

Grupo Amina Hidrogênio


H O
H

N C C
H
Treonina O
Histidina Metionina Radical R Grupo carboxílico

Histidina e Metionina: importantes aminoácidos na reparação dos tecidos cor-


porais.
Treonina: atua no Sistema Nervoso, auxiliando na transmissão dos impulsos elé-
tricos.

A união entre aminoácidos ocorre a partir das ligações peptídicas que envolvem a hidroxila – OH do grupo
carboxila de um aminoácido com um hidrogênio – H do grupo amina de outro aminoácido, formando, portanto,
uma molécula de água – H2O. Dessa maneira, para a formação das proteínas, ocorrem reações de síntese por
desidratação. Abaixo há a representação dessa ligação peptídica:
Aminoácido 1 Aminoácido 2
H H

H H
O H O
H

N C C SAI N C C
H H
O O
R R
Desidratação
H

Ligação peptídica
H H O
H
H
N C C
H
O
+ O
N C C R H

H O Água
R

As moléculas proteicas são estruturas complexas com funções bem definidas e são formadas a partir das rea-
ções de síntese por desidratação e das ligações peptídicas entre esses os aminoácidos.

72 Capítulo 5
Curiosidades
Um, dois, feijão com arroz
Como em um casamento feliz, a química aqui é perfeita. Mais do que uma sa-
borosa parceria, o encontro do arroz com o feijão assegura invejável arranjo de
nutrientes. O que falta em um, o outro fornece, e assim se completam. Os grãos
de arroz contêm metionina, e os feijões, a lisina. São aminoácidos que, quando
estão juntos, são muito mais eficientes na reparação de tecidos do organismo
inteiro. Tal performance é rara de ver entre os vegetais. “Geralmente são alimen-
tos de origem animal, como as carnes, que apresentam esse perfil proteico”, diz a
cientista de alimentos Priscila Zaczuk Bassinello, da Embrapa Arroz e Feijão, que
fica em Santo Antônio do Descoberto-GO. A dica é botar no prato uma concha
de feijão para meia escumadeira de arroz.
A dupla arroz e feijão ainda é preferência nacional, mas houve queda no con-
sumo. Muitos alegam a falta de tempo para cozinhar. Uma saída prática e que
não provoca a perda de nutrientes é o congelamento. Outro motivo para a dimi-
nuição da presença de arroz e do feijão à mesa é o medo de engordar. “O melhor
caso é evitar o excesso de óleo durante o preparo”, diz a nutricionista e professo-
ra Maria Cecília Corsi. Abusar de temperos, como a cebolinha, o alho e a pimen-
ta, deixa tudo mais aromático e colabora para a redução de gordura e sal. Aliás,
estudos mostram que, na cozinha brasileira, as pitadas de sódio vão além da conta no cozimento de ambos.
Revista Saúde! É vital, p. 14-15, jan. 2008 (adaptado).

Classificação das proteínas

Número de aminoácidos (AA)


Quanto à quantidade de aminoácidos, há duas classificações:
a) Oligopeptídeos: moléculas formadas por até 10 aminoácidos; podem ser divididas em dipeptídeos, tripep-
tídos, tetrapeptídeos, e assim por diante.
b) Polipeptídeos: moléculas compostas por mais de 10 aminoácidos. As proteínas possuem alto peso mole-
cular se comparadas principalmente com a água e os carboidratos, a maioria possui milhares de aminoácidos.
Composição

Além dessa classificação, quanto aos tipos de aminoácidos que compõem as


proteínas, ainda há outra classificação quanto à composição, e pode ser expli-
cada não apenas quanto ao tipo de aminoácido, mas pelo fato de haver apenas
aminoácidos na estrutura.
Há casos em que proteínas são formadas por todos os nove aminoácidos es-
senciais. Quando isso ocorre, chamamos a proteína de completa ou de alto valor
biológico. Alimentos como carne, leite, ovo, peixe e queijo apresentam esse tipo Ovo: rico em ovoalbumina
de proteína. As proteínas incompletas ou de baixo valor biológico não apresen-
tam todos os aminoácidos essenciais e são geralmente de origem vegetal.
a) Simples: moléculas formadas exclusivamente por aminoácidos. Exemplo: ovoalbumina.
b) Conjugadas: formadas por aminoácidos e por outros componentes químicos orgânicos ou inorgânicos, no-
meados de grupos prostéticos, os quais prostéticos quando orgânicos, podem ser compostos por carboidratos
(glicoproteínas), por lipídios (lipoproteínas) e por ácidos nucleicos (nucleoproteínas). Também há grupos prosté-
ticos inorgânicos, por exemplo, a hemoglobina, em que o íon ferro se liga aos aminoácidos.

Proteínas e vitaminas 73
Solubilidade

Quanto ao aspecto de solubilidade, são divididas em fibrosas e globulares:


a) Fibrosas: são proteínas insolúveis em água, mas podem ser dissolvidas em alguns compostos orgânicos
(ácido acético, ácido cítrico, éter). Formadas por longas cadeias polipeptídicas, de maneira paralela, geralmente
são as proteínas de função estrutural, por exemplo: queratina nos cabelos e unhas; colágeno, presente na pele, e
miosina nos músculos e o glúten, encontrado em vegetais como o trigo. Nesse caso, a proteína glúten é formada
a partir da manipulação da massa.
b) Globulares: proteínas de alta solubilidade em água, ou solúveis em soluções alcalinas, neutras, ácidas e
fracamente ácidas; a maioria das proteínas de importância biológica está nesse grupo. Exemplos: enzimas, ovo-
albumina, hemoglobina e anticorpos.
Estrutura

a) Primária: formada por uma sequência linear resultante de inúmeras ligações peptídicas entre os amino-
ácidos. É a estrutura de arranjo mais simples, mas nem por isso menos importante. Todas as demais variações
estruturais são oriundas da estrutura primária.
b) Secundária: essa estrutura ocorre quando inúmeros aminoácidos e suas interações químicas promovem
um arranjo molecular em forma de hélice. Essas estruturas se mantêm unidas por diversas ligações de hidrogê-
nio. Geralmente as proteínas fibrosas podem apresentar esse tipo de estrutura.
c) Terciária: estrutura mais complexa, na qual as cadeias polipeptídicas enrolam entre si. Esse modelo é típico
das proteínas globulares, como as enzimas e as proteínas presentes nas membranas. A figura abaixo representa a
estrutura da lisozima, proteína das lágrimas, que protege os olhos de infecções causadas, por exemplo, por vírus
e bactérias.
Nas estruturas terciárias, não há apenas ligações peptídicas e ligações de hidrogênio, também podem ocorrer
atrações químicas (interações hidrofóbicas) que conferem a essa estrutura um aspecto tridimensional.
d) Quaternária: esse tipo de estrutura proteica ocorre quando uma mesma proteína apresenta duas ou mais
cadeias polipeptídicas. Alguns exemplos de proteínas com este arranjo molecular: a hemoglobina, a insulina e a
quimotripsina (enzima digestória). São proteínas de estruturas e funções mais complexas.

Estrutura Secundária

Aminoácido Ligações de
hidrogênio

Estrutura Primária Estrutura Estrutura


Terciária Quaternária
Estrutura 3D

Ligações peptídicas
Ligações de
Van der Waals

74 Capítulo 5
Saiba+
O que é glúten?
Muitas pessoas confundem glúten com carboidrato, mas na verdade o glúten é uma proteína insolúvel
presente na semente de muitos cereais como: o trigo, cevada e malte, e que é associada às moléculas de
amido.
Essa macromolécula é formada por duas proteínas menores, chamadas gliadina e glutenina, que confe-
rem elasticidade às massas de pães, pizzas e bolos.
Ao se manipular a massa, uma rede de proteínas é criada, o que ajuda na retenção do gás carbônico, pro-
duto da fermentação, que confere elasticidade à massa, deixando-a mais macia (fofinha). Há uma recente
“moda” de estimular a alimentação com restrição ao glúten, mas alguns especialistas alertam que o glúten
traz benefícios à saúde, entres eles: o estímulo à absorção de vitaminas e sais minerais, além de auxiliar no
controle da glicemia (glicose circulante no sangue) e dos glicerídeos (lipídios). Todos esses fatores contri-
buem para o bom funcionamento do sistema imunológico.
Vale ressaltar que ainda não há uma comprovação científica de que retirar o glúten da alimentação auxilie
na saúde, por isso toda dieta restritiva tem que ser acompanhada e orientada por um médico nutrólogo e/
ou nutricionista.
Pessoas com doença celíaca ou que possuam leve intolerância ao glúten, por não conseguirem digerir
essa proteína, apresentam dificuldade na absorção dos nutrientes no intestino delgado (pessoas celíacas
possuem poucas microvilosidades no intestino, as paredes internas são mais lisas); portanto, nestes casos é
recomendada a substituição da farinha de trigo por farinhas de outros alimentos, tais como: arroz integral,
chia, linhaça, mandioca, milho e fécula de batata. Caso uma pessoa celíaca não tenha esse cuidado com a
dieta, poderá apresentar quadro de diarreia, perda de peso, náuseas e vômitos.
DOENÇA CELÍACA

Vilosidades afetadas
Vilosidade por doença celíaca
normal

Ilustração comparando as microvilosidades em intestino nor-


mal (esquerda) e intestino de pessoa celíaca (direita)

Funções

Esses polímeros naturais possuem importantes funções biológicas, muitas de-


las associadas com os seus tipos estruturais, solubilidade e composição.
a) Estrutural: proteínas desse tipo compõem a maior parte do peso seco de
um organismo, estão presentes nas membranas plasmáticas, no sangue, nos
-
músculos, na pele e em outras partes do corpo. Proteínas com essas funções
apresentam, principalmente, estrutura primária ou secundária.

Queratina Cabelos e unhas


Colágeno Pele e cartilagens 63
Albumina Plasma sanguíneo
Miosina Músculos

Proteínas e vitaminas 75
b) Reserva energética: quando há uma grande necessidade de energia e já houve o consumo dos carboi-
dratos e lipídios que possuem essa função, as próximas moléculas a serem requeridas como fonte de energia,
pelo metabolismo celular, serão as proteínas. Utilizar esses compostos como fonte de reserva energética por
um curto período não é de todo ruim, mas não é nada interessante o uso dessas moléculas por longos perío-
dos, isso compromete a saúde do indivíduo.
Pessoas em desnutrição grave ou com distúrbios alimentares, como anorexia, podem perder uma gran-
de quantidade de massa muscular, entre outras proteínas, e consequentemente poderão apresentar vários
problemas de saúde, entre eles: baixa imunidade, emagrecimento rápido e dificuldade de crescimento. Nas
adolescentes pode haver comprometimento do ciclo menstrual.
c) Nutricional: diversas proteínas podem nutrir o corpo dos seres vivos, fornecendo condições para que o
indivíduo se desenvolva com saúde. Alguns alimentos fornecem essas moléculas para o corpo, ou até mesmo
ao sofrerem hidrólise, após a digestão química.
d) Transportadora: quando estudamos o colesterol, aprendemos que existem algumas proteínas que se
associam aos lipídios, auxiliando no transporte de gordura e colesterol para diferentes partes do corpo. São
as lipoproteínas LDL, HDL e VLDL bons exemplos de proteínas transportadoras. Há também a hemoglobina,
que transporta o oxigênio para as células do corpo. Já nas membranas plasmáticas das células, há proteínas
transportadoras específicas, que contribuem para a permeabilidade seletiva.
e) Defesa: as proteínas de defesa são popularmente conhecidas como
anticorpos, que são compostos orgânicos formados por imunoglobulinas.
Os anticorpos são proteínas de estrutura quaternária. Esses polímeros são
importantes para a imunidade do organismo na defesa contra antígenos
(bactérias, vírus, fungos) e até mesmo inativando toxinas e contribuindo
para as respostas a alergias.
O interessante dessas imunoglobulinas é que elas possuem alta espe-
cificidade e memória imunológica. E o que seria isso? Quando o corpo é
"atacado" por antígenos, essas proteínas são produzidas de maneira especí-
fica para cada tipo de antígeno, e isso ocorre por reconhecimento químico.
Além disso, em outro momento, quando houver um novo contato com o Ilustração em 3D, representando anticor-
mesmo antígeno, o corpo já terá anticorpos que o reconhecerão e inibirão pos atacando o Zika vírus
um novo “ataque”.
Essa memória imunológica se torna mais complicada quando o antígeno é um vírus. Nesses casos, os para-
sitas possuem uma grande capacidade de mutação, dificultando a memória imunológica, por isso a produção
de medicamentos que promovam a cura de doenças viróticas é mais complexa.
f) Hormonal ou reguladora: os hormônios são substâncias que atuam e colaboram na regulação do me-
tabolismo e são secretados por diferentes glândulas do corpo humano. Alguns hormônios são proteínas
especializadas que atuam sobre determinado órgão ou sistema, informando as células da necessidade de
consumir ou eliminar determinadas substâncias que estão em circulação pelo corpo. Alguns exemplos de
hormônios de natureza proteica são: insulina e glucagon, sintetizados no pâncreas; triiodotironina (T3) e ti-
roxina (T4), produzidos nas tireoides; o HC - hormônio do crescimento, produzido na hipófise e a adrenalina,
produzida nas glândulas suprarrenais.
g) Enzimática: as enzimas são proteínas especiais capazes de agir como catalisadores biológicos, acele-
rando as reações metabólicas; por consequência, reduzem o gasto energético e promovem a eficiência do
metabolismo. Algumas enzimas são de fácil identificação, geralmente há semelhança entre o nome do subs-
trato no qual elas atuam, acrescido do sufixo ase, por exemplo: amilase salivar e amilase pancreática atuam no
amido; lipase gástrica atuam nos lipídios; fosfatase no fosfato; lactase na lactose; maltase na maltose; sacarase
na sacarose.
Entretanto, há outras enzimas que não apresentam essa nomenclatura, por exemplos, algumas enzimas
que atuam no substrato proteínas são a pepsina, a tripsina, a quimotripsina e a erepsina.

76 Capítulo 5
Saiba+
SORO X VACINA
A vacina é um tipo de imunização ativa artificial. Após o
contato com a vacina, o sistema imunológico cria os anticor-
pos específicos, bem como a memória imunológica. Essa me-
mória permanece por um determinado período; sua ação é
de prevenção a longo prazo e, também, para não desenvolver
casos graves da doença quando houver o contato com o pa-
tógeno.
Atualmente, há diferentes tecnologias usadas para a produ-
ção de vacinas:
• Vacinas com antígenos inativados/mortos ou com antí-
genos atenuados/enfraquecidos; Vacina: imunização ativa artificial
• Vacinas de vetor viral: utilizam outro vírus que é geneti-
camente modificado para produzir proteínas virais e provocar uma resposta imunológica. Exemplo:
vacinas com o adenovírus (vírus causador da gripe comum);
• Vacinas baseadas em proteínas: utilizam uma proteína do antígeno ou uma parte desta molécula para
estimular a resposta imunológica;
• Vacinas genéticas (RNA ou DNA): são vacinas que possuem RNA ou DNA geneticamente modificado
do antígeno para gerar uma proteína, geralmente encontradas no antígeno e que estimulam a res-
posta do sistema imune.
Atualmente, há um grande domínio das técnicas de produção, o que torna o custo menor, e um número
maior de vacinas que imunizam o corpo contra vários antígenos, entre elas: HPV (Papiloma Vírus Huma-
no), gripe, febre amarela, poliomielite, tuberculose, tétano, sarampo, coqueluche, hepatite B, H1N1 (gripe),
caxumba, rubéola e a COVID19.
Já o soro é um tipo de imunização passiva artificial, indicada principalmente quando a pessoa acaba de
ter contato com o antígeno ou toxina e não possui os anticorpos ou imunoglobulinas específicas para com-
batê-lo. Dessa maneira, o soro contém os anticorpos para que, em curto prazo, possa prevenir a doença ou
infecção. Podem ser de origem humana ou animal. Um exemplo bem conhecido é o soro antiofídico, usado
após picadas de cobras. Esses soros são produzidos a partir de imunoglobulinas de cavalo e devem ser apli-
cados conforme o contato com o veneno da cobra, escorpião ou outro animal peçonhento. Uma das desvan-
tagens do soro é que pode provocar reações alérgicas; além disso, os custos de produção são mais elevados,
e poucos laboratórios estão aptos a produzir determinados tipos de soros. A transferência de anticorpos da
mãe para o filho via placenta também é um exemplo de imunização passiva, entretanto é do tipo natural.

Proteínas e vitaminas 77
Enzimas

As enzimas são proteínas globulares de alta especificidade, uma vez que


reconhecem quimicamente os substratos em que atuam. Por essa caracterís-
tica, diz-se que elas atuam no modelo conhecido chave-fechadura (figura).
Ao reconhecer o substrato na qual atuam e havendo o encaixe, a reação de
hidrólise será acelerada, contribuindo para a eficiência metabólica e a libera-
ção de energia.
Quando ocorre o reconhecimento da enzima com o seu substrato, o local
do encaixe na enzima é chamado de sítio ativo. Caso a enzima ou o substrato
não sejam os corretos, não haverá o reconhecimento químico, impossibilitan-
do a ativação metabólica.
Algumas pessoas apresentam uma deficiência na produção de algumas
enzimas, por exemplo, a intolerância à lactose, carboidrato presente no lei-
Modelo chave - fechadura
te. Pessoas com essa intolerância não são capazes de digerir completamente
esse nutriente por não produzirem a enzima lactase. Nesse caso, quando há a ingestão desse nutriente, a pessoa
poderá apresentar sintomas de alergia, já que o nutriente não é digerido, ou sua digestão ocorre de maneira
muito lenta, e então há o acúmulo no organismo.

Outra maneira de demonstrar o funcionamento enzimático é usando gráficos. O gráfico a seguir representa a
velocidade de reação química em função da concentração de substrato (moléculas a serem decompostas), e a
curva representa a ativação enzimática.
Velocidade de reação (v)

v1

0 s1
Concentração de substrato [s]

Uma vez que a enzima reconhece o substrato, a velocidade da reação começa a aumentar, contudo não au-
menta indefinidamente, há uma concentração ideal de substrato para que ela atinja o seu máximo, e mesmo que
aumente a concentração, a velocidade se estabiliza.
Além do fator substrato, as enzimas possuem temperaturas e graus de acidez ideais (pH) para que ocorra a ati-
vação, portanto cada enzima possui uma temperatura e um pH específicos para que funcione com maior eficiên-
cia. Em alguns casos, se esses fatores não estiverem ideais, a enzima perderá suas funções, e, consequentemente,
o funcionamento metabólico estará comprometido.

78 Capítulo 5
Velocidade de reação
Ptialina
Pepsina
Tripsina

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Enzimas digestivas e pH ideal de funcionamento

No organismo humano, as enzimas funcionam melhor no intervalo de temperatura entre 36 °C e 37 ºC, que é
a temperatura corporal normal. Quando há um aumento gradativo dessa temperatura, a eficiência em acelerar
as reações começa a ser reduzida devido à desnaturação da proteína de ação enzimática, tornando-a inativa. Em
relação ao pH, os valores variam – há enzimas que possuem pH ideal entre 1,5 e 2,5 (ácido), um exemplo é a pep-
sina no estômago; outras atuam melhor em pH neutro ou pH alcalino (acima de 7,5 – 8,0), exemplos: a ptialina e
a tripsina.
Desnaturação proteica

A desnaturação proteica é a modificação da estrutura da proteína por vários fatores, entre eles: aquecimento,
contato com produtos ácidos, agentes químicos, agitação e radiação. Necessariamente não acontece a hidrólise
da proteína, há apenas a alteração estrutural. Geralmente as mudanças mais comuns são: alteração da solubili-
dade, coloração e sabor da proteína. No caso das enzimas, a desnaturação provoca a inativação dessa molécula,
que perde sua função de catalisadora biológica.
Quando a pessoa está com febre, é nítida a sensação de cansaço, moleza e debilitação do metabolismo. Esses
sintomas acontecem, em parte, pois, em altas temperaturas, as enzimas começam a perder suas funções e o
metabolismo inicia um processo de desaceleração. Por isso, é muito importante ter atenção redobrada quando a
febre persiste por longos períodos.
Na cozinha e no seu dia a dia, é possível constatar vários exemplos de desnaturação proteica. As figuras re-
presentam a desnaturação da proteína do ovo, a ovoalbumina, devido ao aquecimento. A proteína, que antes
apresentava solubilidade em água e era líquida e translúcida, com a desnaturação apresentou mudanças na co-
loração, sabor e solubilidade. Outro exemplo de desnaturação também da ovoalbumina ocorre por agitação das
moléculas ao obter as “claras em neve” usadas em massas de bolo, suspiro e suflês e em outras receitas.

Na desnaturação ocorre o desenrolamento das cadeias polipeptídicas. Os arranjos moleculares das estruturas
secundárias, terciárias e quaternárias possuem inúmeras ligações covalentes, ligações de hidrogênio, interações
hidrofóbicas e, quando há agitação, aquecimento e contatos com substâncias químicas, essas ligações se rom-
pem. Nesse caso é um processo irreversível.

Proteínas e vitaminas 79
Curiosidades
Vegetarianismo e o consumo de leguminosas
Várias pessoas optam por não consumir proteínas de origem animal, por ra-
zões religiosas (hinduísmo), por saúde, por questões éticas e até mesmo pelo
gosto pessoal. Dentro do grupo de pessoas que optam pelo vegetarianismo,
temos as seguintes classificações:
Vegano: não consome carne, aves, peixe, derivados do leite ou ovos, e al-
guns grupos também excluem o mel. A religião hinduísta opta por esse tipo de
dieta alimentar, porque os fiéis alegam que os alimentos de origem animal são
obtidos a partir do sofrimento (morte) do animal.
Semivegetariano: tem em geral alimentação vegetariana, mas raramente
opta por consumir carne.
Lacto-ovo-vegetariano: inclui leite e derivados, é liberado o consumo de ovos, mas evitam-se carnes bran-
cas e vermelhas.
Lactovegetariano: inclui leite e derivados na dieta e evita o consumo de carnes.
O consumo de vegetais (frutas, verduras, legumes e folhagens) é muito importante; entretanto, no caso dos
vegetarianos rigorosos, pode haver a necessidade de uma complementação de nutrientes, entre eles: vitami-
na D, B12, cálcio, ferro e zinco. Esses nutrientes são encontrados no leite e derivados e nas carnes em geral. No
caso da vitamina B12, que não é encontrada em vegetais, é recomendado procurar orientação médica para
adequar suplementos vitamínicos e de sais minerais.
Os vegetarianos devem consumir alguns alimentos que são importantes para a saúde e desenvolvimento
do corpo. Por conta dessa necessidade, há a indicação do consumo de leguminosas (grão-de-bico, milho, soja,
feijão e lentilha), porque, nas raízes dessas plantas, há bactérias que ajudam a fixar o nitrogênio, composto
químico fundamental para a formação de aminoácidos e proteínas, e no qual não é possível a assimilação na
respiração, e sim por fontes alimentares.

2 Vitaminas
As vitaminas são moléculas orgânicas importantes para os seres vivos. A maioria delas é sintetizada pelas
plantas, algumas são sintetizadas pela microbiota intestinal presente no intestino e apenas um tipo pode ser
sintetizado pela pele na presença de luz solar (vitamina D).
Para absorver as vitaminas, é fundamental uma dieta variada de frutas, legumes, verduras, carnes e alimentos
derivados do leite. É possível encontrar suplementos vitamínicos em cápsulas, vendidos em farmácias e lojas de
produtos naturais, mas a melhor maneira ainda é a absorção a partir dos alimentos.
O que já se sabe é que esses compostos são necessários em quantidades relativamente pequenas se compa-
radas com as demais moléculas orgânicas, mas fundamentais em doses diferentes de acordo com a idade, peso
e sexo da pessoa, isso porque essas moléculas atuam como cofatores enzimáticos, contribuindo para o funciona-
mento das enzimas, proteínas especiais que aceleram as reações químicas do metabolismo.
As vitaminas são classificadas, quanto à solubilidade, em hidrossolúveis e lipossolúveis.
Vitaminas hidrossolúveis

As hidrossolúveis são as que se dissolvem em água e são compostas pelas vitaminas do complexo B e pela
vitamina C. As vitaminas do complexo B são encontradas principalmente nos vegetais verdes escuros, nos grãos
integrais e carnes em geral (carnes magras, peixes de água fria), no leite e na maioria das leguminosas. No caso
da vitamina B12, a obtenção desse composto ocorre, principalmente, pela ingestão de alimentos de origem ani-
80 Capítulo 5
mal. Já a vitamina C é comum nos vegetais frescos, principalmente nas frutas cítricas (laranja, limão, tangerina,
abacaxi e acerola).
Para melhor absorção das vitaminas, recomenda-se evitar o cozimento de alguns alimentos, uma vez que
essas vitaminas se dissolvem em água e, consequentemente, boa parte desses nutrientes serão eliminados. No
caso dos sucos, o consumo deve ser imediato, evitando a oxidação dessas moléculas e a perda das suas funções.
A tabela a seguir relaciona as principais funções das vitaminas hidrossolúveis, que atuam em diferentes órgãos
e sistemas do corpo humano, colaborando para o funcionamento correto do metabolismo.

Vitamina Nome Funções no corpo humano


Contribui para o bom funcionamento dos Sistemas Nervoso e Circulatório; auxilia
B1 Tiamina na formação do sangue e no metabolismo de carboidratos (convertendo o açúcar
em energia); consequentemente reduz a sensação de fadiga.
Ligada à formação de células vermelhas do sangue e anticorpos, participa do
B2 Riboflavina
processo respiratório e do metabolismo celular.
Aumenta a circulação sanguínea, contribui para a redução das taxas de
B3 Niacina triglicerídeos e do colesterol; auxilia o funcionamento dos Sistemas Nervoso e
imunológico.
Ajuda na formação de células vermelhas do sangue e na desintoxicação química;
B5 Ácido pantotênico contribui para construção de anticorpos; reduz colesterol e triglicerídeos; auxilia
no funcionamento do Sistema Endócrino.
Auxilia na manutenção do Sistema Nervoso Central e no Sistema Imunológico;
B6 Piridoxina
contribui para a prevenção da aterosclerose.
Auxilia no crescimento celular, na produção de ácidos graxos e na redução de
B7 Biotina
açúcar no sangue; baixa a intolerância à insulina em diabéticos.
Manutenção dos Sistemas Imunológico, Circulatório e Nervoso previne a
B9 Ácido fólico aterosclerose. Recomendado para mulheres que desejam engravidar, atuando de
forma preventiva, evitando problemas no Sistema Nervoso do bebê.
Auxilia na síntese de células vermelhas do sangue; manutenção do Sistema
B12 Cobalamina
Nervoso; ajuda no crescimento e desenvolvimento; previne a anemia perniciosa.
Indispensável para a síntese do colágeno; ajuda na manutenção das funções
glandulares e do crescimento; manutenção dos tecidos; melhora o funcionamento
C Ácido ascórbico
do Sistema Imunológico e combate as infecções; previne hemorragias e
sangramentos nas gengivas.

Saiba+
Todas as vitaminas do complexo B estão associadas à regulação do metabolismo de importantes neuro-
transmissores, como a dopamina e a serotonina, esta última tem relação com humor, ansiedade, sono, ritmo
cardíaco e com o controle da temperatura corporal.
Neurotransmissores
São compostos químicos também chamados de mensageiros químicos,
que, produzidos pelo organismo, estimulam as sinapses, que são as regiões de
transmissão dos impulsos nervosos.
Os neurotransmissores geralmente são hormônios (proteínas) produzidos
por diferentes órgãos do corpo humano. A dopamina, por exemplo, é produzi-
da pelo hipotálamo (região do encéfalo) e está associada ao controle motor do Células nervosas e em destaque a
corpo, além da sensação de bem-estar. sinapse, onde ocorre a transmis-
são dos impulsos nervosos

Proteínas e vitaminas 81
Vitaminas lipossolúveis

As vitaminas lipossolúveis se dissolvem nas gorduras e, em alguns casos, no colesterol. Além disso, esses lipí-
dios auxiliam na absorção das vitaminas pelo intestino delgado. Da mesma maneira que as vitaminas hidrosso-
lúveis, as fontes alimentares dessas moléculas orgânicas são variadas: vegetais de folhas verde-escuras, nozes e
alguns grãos integrais, peixes de água fria (salmão, atum), ovos (principalmente a gema), leite e derivados.
A vitamina E é produzida pelas plantas, mas podemos adquirir uma pequena porção consumindo a gema do
ovo. Já a vitamina A é quase exclusiva das carnes animais, do leite e seus derivados; uma excelente fonte dessa
vitamina está presente no leite materno; um vegetal com boa concentração de vitamina A é a cenoura. Muitos
alimentos são fontes de vitamina D, entre eles: salmão, sardinha, leite, gema do ovo, derivados do leite e bife de
fígado. Essa molécula pode ser sintetizada pelos seres humanos quando expostos ao Sol. No caso da vitamina K,
as principais fontes alimentares são os vegetais verde-escuros, fígado e alguns cereais, como canola e soja. Essa
vitamina, além de ser sintetizada pelos vegetais, pode ser produzida pelas bactérias presentes no intestino.

Vitamina Nome Funções no corpo humano


Importante antioxidante que protege células contra radicais livres. Alimentos
ricos em betacaroteno (lipídios carotenoides) são precursores da vitamina A e
A Retinol
juntos colaboram para a prevenção das doenças oculares (catarata e degeneração
macular).
Sua produção é estimulada com a ajuda dos raios solares e do colesterol; promove
a absorção do cálcio. Importante na produção de insulina e contribui para o
D Calciferol Sistema Imunológico, e pesquisas relacionam a boa quantidade de vitamina
D com o melhor funcionamento dos neurotransmissores que auxiliam nos
movimentos musculares.
Filoquinona,
Contribui para a coagulação sanguínea, evitando hemorragias, e para a formação
K Menaquinona
dos ossos junto com o sal mineral cálcio.
Menadiona
Excelente antioxidante, contribuindo para a eliminação dos radicais livres,
portanto ajuda na prevenção do câncer e das doenças cardiovasculares; e protege
E Tocopherol
os Sistemas Reprodutor e Neurológico. Pesquisadores testam dosagens dessa
vitamina no tratamento do Mal de Alzheimer (doença neurológica).

• Vacinas - Khan Academy - https://youtu.be/MSA7ItalCQk


• Visão geral das proteínas - Khan Academy - https://youtu.be/MSA7ItalCQk

82 Capítulo 5
1. Leia a tirinha e responda: a) No 1º quadrinho, lê-se: “tijolinhos que formam
os meus músculos!”. Explique como esses
monômeros formam as proteínas (polímeros).
Como se dá essa união?
b) A que tipo de aminoácidos o leão se refere no
2º quadrinho: os não-essenciais ou essenciais?
Justifique sua escolha.
Fonte: <https://tirasarmandinho.tumblr.com/ c) Considerando o 3º quadrinho, se o leão realmen-
post/140234606429/tirinha-original>. Acesso em: 20 mai. 2017. te se alimentar do antílope, que grupo de vita-
a) Os alimentos descritos no 1º quadrinho são ricos minas ele irá adquirir? Liste algumas das funções
em proteínas. Quanto à solubilidade, classifique biológicas dessas vitaminas.
as proteínas desses alimentos em fibrosas ou d) Pesquise na internet, quais os principais
globulares. Justifique sua resposta. “tijolinhos” encontrados nas carnes e que
b) Que tipos de alimentos os veganos podem comprovam o interesse do leão na sua presa.
substituir para obter as proteínas necessárias ao Escolha ao menos dois e apresente a importância
corpo? biológica.
c) Suponha que a personagem Fê, 3º quadrinho, 4. Leia as funções e (ou) características abaixo e in-
tenha intolerância à lactose, um dos distúrbios dique a que vitamina se referem.
mais comuns do Sistema Digestório. A
incapacidade do organismo em digerir essa a) Atua na coagulação do sangue, prevenindo
molécula provoca dores abdominais, náuseas hemorragias.
e diarreias. Qual o fator responsável pela b) Também chamada de ácido ascórbico, previne o
incapacidade de digerir a lactose e qual órgão escorbuto e melhora a imunidade.
do Sistema Digestório a lactose é degradada em c) O excesso de radiação ultravioleta pode causar
uma pessoa saudável? câncer de pele, contudo essas radiações são
necessárias para que o corpo a sintetize.
2. (UFU) Uma criança foi levada ao médico devido d) A carência dessa vitamina causa a xeroftalmia,
ao desenvolvimento físico deficiente em relação a caracterizada pelo olho seco; devido à pouca
seus colegas da mesma idade. Depois de examiná-la produção de lágrima, a visibilidade se torna
e analisar alguns exames, o médico indicou banhos reduzida, principalmente em períodos noturnos.
de Sol e a utilização de óleo de peixe em sua alimen- e) Alimentos vermelhos, amarelos e laranja são
tação. Com base nessas informações, responda: ricos em betacaroteno, carotenoide precursor da
a) Para qual patologia, que tenha por característica vitamina.
o desenvolvimento físico deficiente, tomar Sol f ) Também conhecida como tocoferol, é excelente
auxilia no tratamento? antioxidante, eliminando os radicais livres.
b) Qual vitamina está carente no organismo dessa g) Estimula a produção e a disponibilidade de
criança? energia, uma vez que participa do processo de
c) Essa vitamina é lipossolúvel ou hidrossolúvel? respiração celular; além disso, contribui para
d) Por que lhe foi indicado tomar Sol? a produção de novas hemácias ou glóbulos
vermelhos.
3. Analise a tirinha a seguir e responda aos itens a
seguir: 5. (MACKENZIE – adaptada) A respeito da molécula
dada pela fórmula geral a seguir, que representa um
aminoácido, responda:

Proteínas e vitaminas 83
7. Leia a tirinha a seguir e responda:
H
O
R C C
OH
N
H H

a) Reescreva a molécula acima no seu caderno e


faça um círculo para representar o grupo amina.
b) Faça um retângulo para representar o grupo
carboxila.
c) Que parte de um aminoácido determina sua
identidade?
d) Represente, no seu caderno, como ocorre a
ligação peptídica entre dois aminoácidos. Fonte: <http://depositodocalvin.blogspot.com.br/2009/01/cal-
vin-haroldo-tirinha-537.html>. Acesso em: 12 mar. 2021.
6. O glúten é uma proteína presente em vegetais
a) Calvin não gostou da opção vegetariana ofereci-
como trigo, cevada, malte ou centeio, e é muito
da por sua mãe. Cite e explique ao menos duas
usada na fabricação de pães e massas em geral. Ao
vantagens e duas desvantagens desse tipo de
manipulamos a massa, conseguimos perceber a pre-
dieta.
sença dessa proteína, observe a foto. Sobre o tema e
b) Cite e explique alguns riscos que uma pessoa
conhecimentos correlatos, responda:
poderá apresentar se adotar a dieta estabelecida
por Calvin – ser “sobremesariano”.
8. O ovo cozido é uma fonte importante de lipídios
e proteínas. Os principais lipídios são o colesterol e a
gordura saturada. No caso das proteínas, a principal
é a ovoalbumina, que, após o aquecimento, coagula
devido ao processo de desnaturação. O que aconte-
ce quando uma proteína é desnaturada?
9. (UFV – adaptada) O gráfico a seguir representa a
atividade enzimática de uma determinada reação
em função da temperatura.

a) Quais proteínas formam o glúten? Elas são do tipo


Atividade da enzima

fibrosa ou globular? Justifique.


na reação

b) Por que o glúten é tão importante para a indústria


alimentícia?
c) Pessoas celíacas não podem consumir glúten.
Explique essa afirmação. 0 10 20 30 40 50 60
Temperatura ºC
d) O glúten não é vilão como algumas pessoas
pensam. Qual importância biológica dessa a) Explique como funciona essa atividade
proteína? enzimática.
b) O que acontece com a enzima entre 50 ºC e 60 ºC?
10. (UFRJ – adaptada) O gato siamês é um animal
de rara beleza, pois a pelagem de seu corpo é clara
com extremidades – orelhas, focinho, pés e cauda –
pretas. A presença do pigmento que dá a cor negra

84 Capítulo 5
a essas extremidades é o resultado da atividade de Segundo dados da Organização Mundial de Saú-
uma enzima, a tirosinase, que fica inativada acima de - OMS (em consulta no site da organização no dia
de 34 °C, tornado a pele mais clara em regiões mais 18/07/2021):
quentes do corpo; a temperatura ideal dessa enzima Globalmente, a partir das 19h21min de 16/07/2021,
se dá em torno de 25 ºC. A temperatura corporal, em houve 188.655.968 casos confirmados de COVID-19,
média, dos gatos, oscila entre 37,5 ºC a 39,5 ºC. Com incluindo 4.067.517 mortes, notificados à OMS. Des-
base nessas informações, construa um gráfico da ve- sas mortes, 540 mil ocorreram no Brasil.
locidade da reação em função das temperaturas da Em 15 de julho de 2021, um total de 3.402.275.866
tirosinase, presentes no metabolismo desses gatos. doses de vacina foram administradas em todo o
mundo.
Fonte: Organização Pan-Americana de Saúde - OMS nas Améri-
cas - <https://www.paho.org/pt/brasil>. Acesso em: 18 jul. 2021.

Diante de tantas mortes e dos casos graves da do-


ença, desde 2020, vários pesquisadores do mundo
todo debruçaram-se para estudar e desenvolver, o
mais rápido possível, vacinas para as populações. Até
o período acima, citado no texto, quatro vacinas fo-
ram autorizadas pela ANVISA - Agência de Vigilância
Sanitária, para administração no Brasil:
I. CoronaVac (parceria com Butantan e Sinovac):
produzida com vírus inativado;
II. AstraZeneca (parceria com a universidade de Ox-
11. A fenilcetonúria é uma doença que resulta de ford e no Brasil é produzida pela Fiocruz): utiliza a
um defeito na enzima fenilalanina hidroxilase, que técnica de vetor viral - adenovírus - proteína Spi-
participa do catabolismo do aminoácido fenilalani- ke;
na. A falta de hidroxilase produz o acúmulo de feni- III. Pfizer (Laboratório BioNTech): tecnologia de RNA
lalanina, que forma ácido fenilpirúvico. Quando em mensageiro;
excesso, o ácido fenilpirúvico provoca retardamen- IV. Janssen (parceria Johnson & Johnson e laborató-
to mental severo. Por outro lado, o portador desse rio Janssen): por enquanto apenas essa vacina é
defeito enzimático pode ter uma vida normal des- de administração em dose única e tem a mesma
de que o defeito seja diagnosticado imediatamente técnica da AstraZeneca, no caso, vetor viral.
após o nascimento, e que sua dieta seja controlada.
A fenilcetonúria é tão comum que, mesmo nas latas Considerando o tema e a importância da vacinação,
de refrigerantes dietéticos, existe o aviso: responda:
"Este produto contém fenilcetonúricos!" a) Como as vacinas são classificadas quanto ao tipo
Qual o principal cuidado a tomar com a dieta alimen- de imunização?
tar de um portador desse defeito enzimático? Por quê? b) E como as vacinas atuam na prevenção de
doenças, como a COVID19?
12. Leia o texto abaixo para responder. c) Em maio de 2021, a ANVISA autorizou o Instituto
Butantan a testar, em humanos, o soro anticovid,
desenvolvido a partir do plasma sanguíneo de
cavalos. Em que situações o soro poderá ser
indicado?
d) E como os soros, como o da anticovid, são
classificados quanto ao tipo de imunização?

O vírus SARS Cov2 e suas variantes causaram e ain-


da causam muitas mortes, e deixam todo o mundo
em estado de alerta devido à pandemia da COVID19.

Proteínas e vitaminas 85
13. Considerando os valores nutricionais destes dois
alimentos, julgue os itens a seguir
100
em C para certos e 100

E para errados. 80 80

enzimática (%)

enzimática (%)
Atividade

Atividade
60 60

40 40

20 20

0 0
25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0
Temperatura (ºC) pH
Figura 1 Figura 2

Com base nas informações apresentadas, está


correto afirmar que, para se obter a máxima eficiência
da ação da enzima no processo industrial citado no
texto, seria necessário manter o banho aquoso de
desengomagem a
a) 50 °C e pH ácido, sendo que a enzima age
especificamente sobre as proteínas.
Fonte: <https://i2.wp.com/www.humorpolitico.com.br/wp- b) 50 °C e pH ácido, sendo que a enzima age
content/ uploads/2013/03/Alimentos-mais-baratos-por-Brum.
jpg?resize=580%2C400>. Acesso em: 21 mai. 2017. especificamente sobre os polissacarídeos.
c) 50 °C e pH básico, sendo que a enzima age
(1) O feijão é rico no aminoácido lisina; e o arroz, no especificamente sobre os polissacarídeos.
aminoácido metionina. d) 70 °C e pH ácido, sendo que a enzima age
(2) Pela ilustração é possível interpretar que as re- especificamente sobre os polissacarídeos.
feições brasileiras com arroz e feijão podem ter e) 70 °C e pH básico, sendo que a enzima age
queda no consumo devido aos altos preços co- especificamente sobre os polissacarídeos
mercializados nos mercados.
(3) As proteínas presentes no arroz e no feijão são 15. (UFSC) Proteínas são moléculas essenciais à vida,
polímeros naturais formados por monômeros atuando como enzimas, hormônios, anticorpos,
conhecido como monossacarídeos. antibióticos e agentes antitumorais, além de estarem
presentes nos cabelos, na lã, na seda, em unhas,
14. (FATEC) Na indústria têxtil, é uma prática comum carapaças, chifres e penas dos seres vivos.
a aplicação de goma aos tecidos no início da produ-
ção, para torná-los mais resistentes. Esse produto, Em relação às proteínas, julgue os itens.
entretanto, precisa ser removido, posteriormente, (1) São biopolímeros constituídos de aminoácidos,
no processo de desengomagem. Nesse processo, os quais são unidos entre si por meio de ligações
os produtos têxteis são mergulhados em um banho peptídicas.
aquoso com uma enzima do grupo das amilases. Os (2) A produção dessas moléculas se dá sem gasto de
gráficos das figuras 1 e 2 representam a eficiência energia pelos organismos, já que os aminoácidos
da atividade dessa enzima em diferentes valores de provêm da alimentação.
temperatura e pH. (3) Todas as proteínas possuem peso molecular
idêntico, característica especial dessas molécu-
las.
100 100

80 80
(4) A insulina, que foi o primeiro hormônio a ter sua
enzimática (%)

enzimática (%)

sequência de aminoácidos conhecida, é produzi-


Atividade

Atividade

60 60

40 40 da por células especializadas do pâncreas.


20 20 (5) Apesar da diversidade na constituição e estru-
0
25 30 35 40 45 50 55 60 65 70
0
4,0 5,0
turação de seus aminoácidos, essas moléculas
6,0 7,0 8,0 9,0 10,0
Temperatura (ºC) apresentam,
pH no seu conjunto, a mesma velocida-
Figura 1
deFigura
de2 degradação no meio ambiente.
(6) A grande variabilidade biológica dessas molé-
culas permite sua utilização para fins de identifi-

86 Capítulo 5
cação pessoal, da mesma forma e com a mesma 18. (ENEM – adaptada) Quando o corpo humano é
precisão que os exames de DNA. invadido por elementos estranhos, o Sistema Imuno-
lógico reage. No entanto, muitas vezes o ataque é tão
16. (UNIMONTES) As proteínas são diferentes em
rápido, que pode levar a pessoa à morte. A vacinação
vários aspectos. Muitas diferenças funcionais são
permite ao organismo preparar sua defesa com ante-
devidas às diferenças estruturais. Sobre as proteínas,
cedência. Mas, se existe suspeita de mal já instalado, é
analise o exposto nas afirmativas I, II e III.
recomendável o uso do soro, que combate de imedia-
I. Garantem suporte, forma e proteção externa aos to os elementos estranhos, enquanto o Sistema Imu-
vertebrados. nológico se mobiliza para entrar em ação.
II. Atuam como enzimas e exercem funções regula- Considerando essas informações, o soro específico
doras. deve ser usado quando
III. Podem atuar como transportadoras de oxigênio.
a) um idoso deseja se proteger contra gripe.
Acerca do assunto abordado, é CORRETO afirmar: b) uma criança for picada por cobra peçonhenta.
a) De maneira geral, as funções apresentadas em I c) um bebê deve ser imunizado contra poliomielite.
e II são desempenhadas por proteínas fibrosas e d) uma cidade quer prevenir uma epidemia de
por proteínas globulares, respectivamente. sarampo.
b) As funções apresentadas em I e III são e) uma pessoa vai viajar para região onde existe
desempenhadas pelas proteínas globulares, febre amarela.
desconsiderando as exceções.
19. (UFLAVRAS, com alterações) Os organismos vivos
c) As funções apresentadas em I e III são, respectiva-
possuem a capacidade de sintetizar milhares de mo-
mente, desempenhadas pela quitina e hemoglo-
léculas de diferentes tipos em precisas proporções,
bina.
a fim de manter o protoplasma funcional. Essas rea-
d) As funções apresentadas em I, II e III podem ser
ções de síntese e degradação de biomoléculas, que
desempenhadas por qualquer tipo de proteína
compõem o metabolismo celular, são catalisadas por
(fibrosas ou globulares), o que interfere na seleção
um grupo de moléculas denominadas de ENZIMAS.
de uma ou outra é o peso molecular. Esses importantes catalisadores biológicos podem
17. (UNESP) No tubo 1, existe uma solução conten- possuir algumas das seguintes características. Julgue
do células de fígado de boi. Em 2, há uma solução de os itens.
células extraídas de folhas de bananeira. Você deseja (1) Enzimas são a maior e mais especializada classe de
eliminar completamente todos os constituintes dos lipídios.
envoltórios celulares presentes em ambos os tubos. (2) Enzimas possuem grande especificidade para
Para isso, dispõe de três enzimas digestivas diferen- seus substratos e frequentemente não atuam
tes: sobre moléculas com pequena diferença em sua
configuração.
(3) Enzimas aceleram as reações químicas, sem ser
C: digere carboidratos modificadas durante o processo.
1 2 em geral. (4) Substratos são substâncias sobre as quais as enzi-
L: digere lipídios. mas agem, convertendo-os em um ou mais pro-
Células de Células de folhas P: digere proteínas. dutos.
fígado de boi de bananeira
20. (CEPERJ - Adaptado) Diversas embalagens de ali-
Para atingir seu objetivo gastando o menor número mentos apresentam os dizeres "Contém glúten”. Tal
possível de enzimas, você deve adicionar a 1 e 2, aviso é importante, pois muitos indivíduos são alér-
respectivamente: gicos a esse composto nutricional. O glúten pertence
a) 1 = C; 2 = P. ao grupo de nutrientes classificado como
b) 1 = L; 2 = C. a) carboidratos.
c) 1 = C e P; 2 = C e L. b) proteínas.
d) 1 = C e P; 2 = C, L e P. c) lipídios.
e) 1 = L e P; 2 = C, L e P. d) sais minerais.
e) vitaminas.

Proteínas e vitaminas 87
21. (UFPE) Considerando alguns processos biológi- (1) Mantendo-se constante a concentração de uma
cos representados nos gráficos, analise as proposi- enzima, à medida que se eleva a concentração de
ções a seguir em C (certas) ou E (erradas). seu substrato, a velocidade da reação deverá obe-
1) decer à curva mostrada em (1).
(2) O crescimento de uma colônia de bactérias em
meio adequado (condições ideais) pode ser ilus-
catalisada por enzima
Velocidade da reação
Rápida

trado pela curva mostrada em (2).


(3) Sabendo-se que cada enzima tem um pH ótimo,
em que sua atividade é máxima, pode-se deduzir
que a atividade ilustrada em (3) refere-se à enzi-
Lenta
ma pepsina humana.
Diluído Concentrado (4) A curva mostrada em (4) ilustra a resposta enzi-
Concentração do substrato mática em função do pH.

2) 22. (UEL) As vitaminas são usualmente classificadas


em dois grupos com base em sua solubilidade, o que,
para alguns graus, determina sua estabilidade, ocor-
Número de indivíduos

rência em alimentos, distribuição nos fluídos corpóre-


na população

os e sua capacidade de armazenamento nos tecidos.


MAHAN, L. K; ESCOTT-STUMP, S. Alimentos, nutrição e dietote-
rapia. 9. ed. São Paulo: Roca, 1998. p. 78.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o


Tempo tema, assinale a opção correta.
a) A vitamina E é lipossolúvel, age como um
3) antioxidante, protege as hemácias da hemólise,
atua na reprodução animal e na manutenção do
tecido epitelial.
Velocidade
da reação

b) A vitamina A é hidrossolúvel, auxilia na produção


de protrombina – um composto necessário
para a coagulação do sangue – e apresenta
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
baixa toxicidade quando consumida em grande
pH quantidade.
c) A vitamina D é hidrossolúvel, auxilia no
4) crescimento normal, melhora a visão noturna,
auxilia o desenvolvimento ósseo e influencia a
formação normal dos dentes.
d) A vitamina B6 é lipossolúvel, auxilia na resposta
Concentração

imunológica, na cicatrização de feridas e nas


obtida

reações alérgicas, além de estar envolvida na


glicólise, na síntese de gordura e na respiração
tecidual.
Intensidade e) A vitamina C é lipossolúvel, auxilia na resposta
do estímulo imunológica, na cicatrização de feridas e nas
5) reações alérgicas, na síntese e na quebra de
aminoácidos e na síntese de ácidos graxos
insaturados.
Velocidade
de difusão

23. (UFRGS) O número de pessoas que se recusam a


vacinar seus filhos, influenciadas principalmente por
informações não científicas veiculadas nas redes so-
Gradiente de ciais, tem crescido significativamente. Considere as
concentração seguintes afirmações sobre as vacinas:

88 Capítulo 5
I. A volta de doenças que já haviam sido controladas no país está relacionada à resistência às vacinas, desen-
volvida pelos organismos patogênicos.
II. A base do funcionamento das vacinas é a produção de células de memória, que facilitarão a proteção con-
tra o patógeno, em contatos futuros.
III. As vacinas consistem em anticorpos isolados de microrganismos causadores de doenças ou mesmo de
microrganismos vivos.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
24. (UDESC) A transmissão de impulsos nervosos normalmente se dá por meio de sinapses químicas, as quais
se caracterizam pela ausência de contato físico entre os neurônios. A transmissão do impulso nervoso é pos-
sível devido à liberação de substâncias denominadas neurotransmissores.
Assinale a alternativa que indica duas dessas substâncias.
a) Adrenalina e Lignina
b) Mioglobina e Noradrenalina
c) Hemocianina e Hemoglobina
d) Dopamina e Serotonina
e) Noradrenalina e Miosina
25. (UFG) Nos dias atuais, a obesidade é considerada um dos mais perturbadores distúrbios nutricionais. No
Brasil, muitas das comidas típicas são altamente calóricas, como, por exemplo, uma suculenta feijoada ou uma
picanha assada. Apesar de muito saborosas, essas comidas não devem constar com frequência da dieta de
muitos indivíduos.
Com relação à dieta, julgue os itens.
(1) Uma completa ausência de gordura é desaconselhável porque impede a absorção das vitaminas K, D, A e E
no intestino delgado.
(2) Os alimentos ricos em fibras, como o farelo de trigo e a aveia, aumentam a velocidade do trânsito intesti-
nal, pois absorvem água, evitando normalmente a prisão de ventre.
(3) Os sais minerais e a água são nutrientes cuja função principal é fornecer aminoácidos às células para a
síntese de proteínas e reparação de tecido lesado.
(4) Como as vitaminas são alimentos energéticos, sua falta leva à diminuição da produção de carboidratos e
fosfolipídios.
26. (UFRGS) Observe a tira abaixo.

Se o filho do Radicci se tornar vegetariano do tipo que não utiliza produtos derivados de animais, ficará impos-
sibilitado de obter, em sua dieta, a vitamina
a) B12, que atua na formação de células vermelhas do sangue.
b) B12, que é encontrada nos pigmentos visuais.
c) D, que auxilia na formação do tecido conjuntivo.
d) E, que é responsável pela absorção de cálcio.
e) E, que participa da formação de nucleotídeos.

Proteínas e vitaminas 89
1 Estrutura química
Os ácidos nucleicos são compostos orgânicos que integram e formam o material genético dos seres
vivos. São polímeros naturais formados por longas cadeias de nucleotídeos, que, nesse caso, são os
monômeros dessas moléculas. Apresentam importância substancial no funcionamento do metabo-
lismo, porque nessas estruturas há as informações necessárias para a formação das proteínas, que
possuem diferentes funções, como já foi estudado nesta unidade. Os ácidos nucleicos são bem co-
nhecidos por suas siglas, DNA e RNA, cujos nomes são ácido desoxirribonucleico e ácido ribonucleico,
respectivamente.
Cada nucleotídeo é formado por um grupo fosfato, uma
pentose (monossacarídeo – C5H10O5) e uma base nitrogena-
da, conforme demonstrado no esquema a seguir:
Da mesma maneira que os carboidratos (polissacarídeos)
e as proteínas (polipeptídeos), as cadeias de polinucleotíde-
os são formadas por inúmeras reações de síntese por desi-
dratação, liberando, a cada reação, uma molécula de água.
Essa união ocorre entre o grupo fosfato de um nucleotídeo
e a pentose de outro nucleotídeo, e assim sucessivamente,

90 Capítulo 6
até formar uma longa cadeia de polinucleotídeos. Para serem hidrolisados, necessitam da água como um dos
reagentes promovendo a degradação dos polinucleotídeos em inúmeros monômeros – os nucleotídeos.
O DNA é formado por duas cadeias de polinucleotídeos em forma de hélice, e unidas entre si por ligações de
hidrogênio a partir das bases nitrogenadas, estrutura conhecida como dupla-hélice. Já o RNA é formado por uma
cadeia simples de polinucleotídeos.
Os monômeros do DNA e do RNA possuem características semelhantes e outras exclusivas, que os diferenciam:

Nucleotídeos DNA – Ácido desoxirribonucleico RNA – Ácido ribonucleico


Grupo fosfato Fosfato Fosfato
Pentose (açúcar) Desoxirribose Ribose
Adenina Adenina
Timina Uracila
Bases nitrogenadas*
Citosina Citosina
Guanina Guanina
* As bases nitrogenadas adenina e guanina são classificadas em bases purinas, possuem estruturas de alto peso molecular e são mais
complexas; já as bases nitrogenadas timina, uracila e citosina são classificadas em bases pirimidinas e são moléculas menores.

Mesmo havendo semelhanças entre os seus nucleotídeos, os ácidos nucleicos, DNA e RNA apresentam fun-
ções diferentes:
O ácido desoxirribonucleico possui a mensagem genética, codificada nos genes. Esses genes são obtidos pe-
los seres vivos a partir do processo reprodutivo; no caso dos seres humanos, uma parte é oriunda do pai e a outra,
da mãe.
O ácido ribonucleico é responsável por traduzir essas informações genéticas e sintetizar as proteínas necessá-
rias para o organismo, conforme sua necessidade.

Citosina Citosina

Pares de bases
Guanina Guanina

Cadeia ligada
entre fosfato e
a pentose
Adenina Adenina

Timina Uracila

Substitui a timina no RNA

Bases Bases
nitrogenadas Ácido Desoxirribonucleico Ácido Ribonucleico nitrogenadas

Dentro das células, onde estão esses ácidos nucleicos? Nas células eucarióticas, o DNA está localizado no nú-
cleo e forma os cromossomos, que nada mais são que a cadeia de polinucleotídeos bem condensada. Entretanto,
nas células procarióticas, o material genético fica em uma região chamada de nucleoide, e, como já estudamos,
essas células não apresentam carioteca. Além desses locais, é possível encontrar DNA nas mitocôndrias (organe-
las especializadas na produção de energia) e nos cloroplastos (organelas exclusivas de seres fotossintetizantes).

Ácidos nucleicos 91
Por exemplo, nos seres humanos, a maioria das células é formada por 46 cro-
mossomos, portanto cada uma possui 46 moléculas de DNA condensadas com
inúmeros nucleotídeos. Contudo, as células reprodutivas, ou gametas, pos-
suem 23 cromossomos e, consequentemente, 23 moléculas de DNA.
E o RNA? Esse é encontrado em diferentes regiões e organelas celulares. Nas
células eucarióticas, o RNA é encontrado no núcleo e no citoplasma; entretanto,
nas células procarióticas, ele está no citoplasma. Esse ácido nucleico forma os
ribossomos e o retículo endoplasmático granuloso. Sua função é basicamente
executada no citoplasma, mas comandada a partir do DNA.

2 DNA - Ácido Desoxirribonucleico


Como já foi mencionado, o DNA carrega as informações necessárias para a
produção de novas moléculas, bem como seu desenvolvimento e funciona-
mento metabólico. Essa molécula orgânica é formada por duas cadeias enro- A T
ladas de polinucleotídeos, desenvolvendo uma estrutura espacial em forma de
dupla hélice. Essas duas fitas são unidas pelas bases nitrogenadas, sempre de
uma mesma maneira: C G
Adenina (A) se liga à timina (T) por duas ligações de hidrogênio, portanto
será representada da seguinte maneira A = T. T A
Citosina (C) se liga à guanina (G) por três ligações de hidrogênio, portanto
C G. G C
A figura representa um pequeno trecho de uma molécula de DNA em que
estão ressaltadas as ligações de hidrogênio entre as bases nitrogenadas. C G
Essa sequência de bases nitrogenadas são códigos genéticos que serão tra-
duzidos. A cada três sequências de bases nitrogenadas, há a combinação para
os aminoácidos, e o RNA terá a informação para colocar em prática a síntese de
A T
proteínas.
É importante salientar que o DNA não produz os aminoácidos nem as proteí-
G C
nas, mas carrega todas as informações para que o RNA execute tal ação.
DNA de fita dupla polinucleotídica e
A replicação nada mais é que a duplicação do DNA, um fenômeno que per- antiparalela
mite a autoduplicação das informações. E o que é isso? Como o DNA possui duas
cadeias de polinucleotídeos, diz-se que a sua replicação é semiconservativa, por-
que cada uma das fitas serve de molde para a formação de outra cadeia com-
plementar de DNA, assim sempre haverá parte da informação preservada. As
ligações de hidrogênio se rompem e, ao se desdobrar, cada uma das fitas será
copiada, considerando o mesmo modelo de pareamento: A = T e C G.
Essa propriedade é fundamental para a mitose, responsável pelo crescimen-
to celular. Esse processo de divisão celular, compreenderemos melhor no capí-
tulo 8.
Fita complemento
e replicação

Fita molde

Replicação semiconservativa da
molécula de DNA

92 Capítulo 6
Curiosidades
Gêmeos
Os gêmeos monozigóticos ou univitelinos apresentam o mesmo ge-
noma, ou seja, possuem o mesmo DNA, porque são formados a partir de
um único zigoto: um único ovócito (gameta feminino) foi fecundado por
um espermatozoide (gameta masculino). Logo após a primeira divisão
celular, formaram-se duas células idênticas, com as mesmas cadeias de
polinucleotídeos, originando dois indivíduos também idênticos. Contu-
do, essas pessoas podem apresentar diferenças físicas e psíquicas, que
surgem conforme o ambiente em que vivem e pelas experiências de cada
um, como cicatrizes, pintas, entre outros.
Já os gêmeos dizigóticos ou fraternos são irmãos que nasceram na mesma gestação, mas foram formados
cada um por uma fecundação diferente, portanto dois ovócitos foram fecundados por dois espermatozoides;
não possuem o mesmo DNA, mas apresentam semelhanças genéticas, já que possuem os mesmos pais. En-
tretanto, podem surgir gêmeos fraternos de pais diferentes, isso é comum em casos de fertilização in vitro.

3 RNA - Ácido Ribonucleico


O RNA, por si só, não consegue realizar suas funções sem que antes receba e sejam traduzidos os códigos que
estão presentes no DNA. Para isso é necessário usar uma das fitas da dupla hélice como molde, até que ocorra a
síntese de proteínas a partir das moléculas de aminoácidos.
Para entender todo o processo do DNA até chegar às proteínas, é importante compreender os três tipos de
moléculas de RNA (todas elas formadas a partir de uma fita molde de DNA) existentes no interior celular, bem
como suas funções:
a) RNA mensageiro – mRNA:
Esse RNA é obtido por meio da transcrição do código genético a partir de uma das fitas moldes da cadeia
de polinucleotídeo do DNA. Portanto, para que ocorra a transcrição das informações, é necessário que ocorra o
emparelhamento de uma das fitas do DNA com o RNA.
Todo esse processo ocorre com a ação da enzima RNA polimerase, como apresentado no esquema a seguir:
Essas enzimas catalisam a síntese do RNA, que é formado a partir da síntese dos nucleotídeos complementares.

b) RNA transportador – tRNA:


Uma vez transcrita a informação pelo mRNA, o próximo processo é a tradução das sequências de nucleotí-
deos, que serão traduzidas em aminoácidos, monômeros das proteínas. O tRNA, constituído por anticódons, irá
justamente transportar os aminoácidos para levar aos ribossomos, local em que ocorre a síntese das proteínas.

Ácidos nucleicos 93
Como já estudamos, há 20 tipos de aminoácidos que formarão uma proteína. Para cada trinca de nucleotídeos,
há o código para um aminoácido, entretanto há diferentes combinações entre essas trincas de nucleotídeos, que
são chamados de códons. Quando há a tradução desses códons, a sequência transportada pelo tRNA é chamada
de anticódons.

c) RNA ribossômico – rRNA:


Replicação
Nos ribossomos, haverá a produção final das proteínas que serão uti-
lizadas pelo organismo. Essas organelas são compostas por proteínas e
rRNA. DNA
A cada trinca que vai sendo traduzida, novas ligações peptídicas são Transcrição
feitas entre os aminoácidos, e assim novas proteínas são construídas.

RNA Proteínas
Tradução
Dogma central da Biologia

Saiba+
Você sabia que RNA pode atuar como enzima?
No capítulo sobre proteínas, aprendemos que há um grupo muito especial de moléculas que atuam como
catalisadores das reações químicas, que ocorrem no interior das células, de maneira muito específica: as
ENZIMAS.
Saiba que há RNAs que atuam no interior dos ribossomos com função catalisadora e são denominados
RIBOZIMAS. Portanto, no interior das células, temos dois catalisadores biológicos, um deles formado por
proteínas e outro tipo formado por RNA.
Essas ribozimas são muito importantes e, recentemente, pesquisadores da Universidade de Brasília - DF
estudam um método de diagnóstico rápido para COVID19, baseado na ação desses catalisadores quando
em contato com o vírus SARS-Cov2, saindo o resultado do teste mais rápido do que o PCR, aceleraria o diag-
nóstico e as ações de isolamento, reduzindo os riscos de proliferação do vírus e permitindo o atendimento o
mais precoce possível das pessoas acometidas pela doença.
Ainda há um longo caminho a percorrer, mas esse estudo poderá auxiliar o diagnóstico rápido de outras
doenças virais.
Texto: Própria autora e material de apoio - Repositório UNB - COVID19 - UnB em ação - Disponível em: <http://repositorioco-
vid19.unb.br/repositorio-projetos/metodo-de-diagnostico-para-sars-cov-2-baseado-em-ribozimas-e-dna-beacon>. Acesso em: 23
jul. 2021.

94 Capítulo 6
4 Mutações
Os ácidos nucleicos são extremamente importantes, já que carregam os códigos que serão traduzidos em pro-
teínas de funções diversas, mas a de destaque é a função estrutural. E o que ocorre quando alguma sequência de
nucleotídeos é alterada? Haveria alguma consequência?
Quando essas alterações ocorrem nos genes ou até mesmo nos segmentos ou nos números de cromossomos,
são denominadas mutações gênica e cromossômica, respectivamente, e as consequências são variadas. As mu-
tações podem ocorrer naturalmente ou podem ser provocadas por radiação, contato com produtos tóxicos ou
microrganismos que afetam o DNA; algumas são herdáveis, ou seja, são transmitidas aos descendentes (muta-
ções que ocorrem em células germinativas).
Os cânceres são exemplos de mutações, que provocam alterações muitas vezes irreversíveis no metabolismo
celular, e as células iniciam a divisão celular com essa mudança. Essas alterações podem incluir alguns nucleotíde-
os ou a supressão destes e podem tanto alterar os aminoácidos quanto inibir o funcionamento de uma proteína.
As mutações cromossômicas são decorrentes de erros ocorridos por não disjunções cromossômicas durante
as divisões celulares. As mais comuns síndromes cromossômicas são:
Síndrome de Down – Trissomia do 21 – há um cromossomo a mais no par 21, portanto acometem mulheres e
homens. Apresentam deficiência intelectual (baixa ou severa), baixa estatura, fissuras na língua. No dia 21 de março,
comemora-se o dia nacional de combate ao preconceito contra as pessoas portadoras da síndrome de Down.

Ácidos nucleicos 95
Síndrome de Klinefelter – acomete indivíduos do sexo masculino que apresentam um cromossomo sexual (X)
a mais. Indivíduos com deficiência intelectual, estatura elevada, esterilidade.

Síndrome de Turner – acomete indivíduos do sexo feminino, os quais apresentam ausência de um cromosso-
mo sexual X; possuem órgãos sexuais pouco desenvolvidos, esterilidade, baixa estatura e deficiência intelectual.

As mutações muitas vezes nos levam a pensar apenas em doenças, deformidades, síndromes e problemas
metabólicos; todavia essas alterações no código genético também promovem o surgimento de novas caracte-
rísticas, o que é importantíssimo no aspecto evolutivo, uma vez que aumentam a variabilidade genética.

• Replicação do DNA - Transcrição e Tradução - Khan Academy: https://youtu.be/


U1hnrmyxk1M

96 Capítulo 6
1. (G2 – adaptada) Observe o esquema adiante e a) Como foi possível ao médico confirmar a
responda: “paternidade terceirizada”? Explique sua
resposta.
1 b) De que materiais biológicos o exame de DNA
pode ser feito?
3 2 4. Os gêmeos são irmãos gerados na mesma
gestação. Analise o esquema a seguir a respeito dos
diferentes tipos de gêmeos representados pelas
a) Quais são as moléculas representadas pelos letras A e B. Identifique que tipos de gêmeos estão
números 1, 2 e 3, respectivamente, sabendo- representados e caracterize-os.
se que se trata da unidade estrutural do ácido A B

ribonucleico (RNA)?
b) Qual é o nome dessa unidade estrutural?
2. (UNICAMP – adaptada) Em 25 de abril de 1953, Ovo

um estudo de uma única página na revista inglesa


Nature intitulado "A estrutura molecular dos ácidos
nucleicos", quase ignorado de início, revolucionou
para sempre todas as ciências da vida, sejam elas Zigoto

do homem, rato, planta ou bactéria. James Watson


e Francis Crick descobriram a estrutura do DNA, que Saco amniótico

permitiu posteriormente decifrar o código genético


determinante para a síntese proteica.
a) Watson e Crick demonstraram que a estrutura Placenta compartilhada Placentas separadas

do DNA se assemelha a uma escada retorcida.


Explique a que correspondem os "corrimãos" e 5. PUC - RS - (Adaptada) A figura esquemática a
os "degraus" dessa escada. seguir resume o processo de expressão gênica
b) Que relação existe entre DNA, RNA e síntese em uma célula eucariótica. Considerando que o
proteica? número I representa um segmento de DNA e que o
V representa a formação das estruturas secundária e
c) Como podemos diferenciar duas proteínas?
terciária da proteína, explique o que representam os
3. (UEG) A figura a seguir refere-se à hereditariedade: números II, III e IV.

<http://dukechargista.com.br/wp-content/uploads/2015/04/
ChargeTempo17-04-15.jpg>. Acesso em: 12 mar. 2021.

Considerando a charge e o tema DNA, responda:

Ácidos nucleicos 97
6. A sequência de nucleotídeos GCG GAT GCG AAG A iniciativa começou com uma busca que retornou
TCA forma um segmento de DNA. Sabe-se que essa termos incorretos e ultrapassados.
molécula possui uma estrutura em dupla hélice. Milhares de pessoas aderiram à campanha de Vitória.
Escreva a fita complementar que forma a dupla Com o burburinho na internet, a informação chegou
hélice. ao Hospital Israelita Albert Einstein, que é parceiro
do Google em conteúdos sobre saúde. Por fim, veio
7. (G2 – adaptada) Uma molécula de RNA
o resultado do esforço e o material foi revisado.
mensageiro apresenta a seguinte sequência de
bases nitrogenadas: Vitória, mais conhecida como Viti, atualmente com
22 anos e, com a ajuda da irmã, mantém um perfil
UUU GUG CCC AAU
onde mostra seu dia a dia e procura desmistificar a
Escreva a sequência de bases do segmento da síndrome de Down e falar de inclusão com leveza e
molécula de DNA que deu origem a esse RNA. bom humor. Pelo perfil, ela comemorou a conquista:
8. O DNA é uma molécula composta por duas "Em abril desse ano, fiz um REELS em que apontava
fitas com inúmeros nucleotídeos, essas fitas se alguns erros na definição e características da
emparelham a partir das bases nitrogenadas, sendo síndrome de Down que havia encontrado na página
A=T e C G. Considerando que uma amostra de principal da Google, que, entre outras coisas, falava
DNA de uma borboleta tenha apresentado 21,5% de que a T21 era uma doença! Alguns meses depois,
nucleotídeos com bases nitrogenadas guanina, quais lançamos a campanha #atualizagoogle que contou
serão as proporções esperadas das demais bases que com mais de 100 publicações vídeos de pessoas
compõem a molécula dessa borboleta? de todo o Brasil compartilhando conhecimento e
fortalecendo uns aos outros nessa missão. Ficamos
9. Considerando o tema e o que aprendemos até muito felizes com a repercussão. Hoje, podemos
aqui, escreva um parágrafo explicando o humor da celebrar! A Google mudou sua referência de definição
charge e as respectivas funções “dos personagens’ da T21 e adicionou informações que ajudam na luta
envolvidos no diálogo. contra desinformação e o capacitismo", escreveu.
Fonte: amoebasisters.com - acessado em 03/10/21

Fonte: <https://www.otempo.com.br/brasil/google-muda-
definicao-sobre-sindrome-de-down-aposcampanha-de-
10. Leia a reportagem abaixo publicada, na internet, brasileira-1.2548006>. Acesso em: 10 dez. 2021.
em 28/09/2021: a) Explique, considerando o que aprendemos neste
GOOGLE MUDA DEFINIÇÃO SOBRE SÍNDROME DE capítulo e os seus conhecimentos acerca do tema:
DOWN APÓS CAMPANHA DE BRASILEIRA Qual é a condição genética a que se refere o texto
e que caracteriza a síndrome de Down? E o que
Quem faz uma pesquisa no Google sobre a síndrome significa o T21 citado na reportagem?
de Down já não recebe mais como resposta o termo b) Pesquise sobre o tema capacitismo e, junto com
doença. Agora, o resultado é condição genética. seus colegas, monte um cartaz ou folder com
Essa alteração é comemorada pela influenciadora frases, textos e imagens que conscientizem a
brasiliense Vitória Mesquita, que estimulou importância de não sermos pessoas com atitudes
uma campanha nas redes sociais com a hashtag capacitistas.
#atualizagoogle pela mudança. c) Diferencie as síndromes de Turner e de Klinefelter.

98 Capítulo 6
11. (CFTCE) O DNA e o RNA são biopolímeros 1. Um nucleotídeo é formado por um grupo fosfato
constituídos de unidades menores denominadas (I), uma molécula do açúcar desoxirribose (II) e
nucleotídeos. Essas unidades são compostas de um uma molécula de base nitrogenada.
grupo fosfato, um açúcar e uma base nitrogenada. 2. Um nucleotídeo com Timina (T) em uma cadeia
Os açúcares presentes no DNA e no RNA são, pareia com um nucleotídeo com Adenina (A) em
respectivamente: outra cadeia.
3. Um nucleotídeo com Guanina (G) em uma cadeia
a) glucose e ribose.
pareia com um nucleotídeo com Citosina (C) em
b) desoxirribose e ribose.
outra cadeia.
c) ribose e desoxirribose.
4. Ligações de hidrogênio se estabelecem entre
d) desoxirribose e glucose.
as bases nitrogenadas T e A e entre as bases
e) glicose e rafinose.
nitrogenadas C e G.
12. (PUC/PR) Os ácidos nucleicos são moléculas Está (ão) correta(s):
formadas pelo encadeamento de muitas unidades
chamadas nucleotídeos. Cada nucleotídeo é a) 1 apenas.
formado por uma base nitrogenada, uma pentose e b) 2 e 3 apenas.
um radical fosfato. c) 1, 2 e 3 apenas.
d) 2, 3 e 4 apenas.
Em relação às substâncias químicas que formam os
e) 1, 2, 3 e 4.
nucleotídeos, considere as assertivas:
I. Existem cinco tipos principais de bases nitrogena- 14. (UFRS) Cinco amostras com ácidos nucleicos
das: adenina (A), guanina (G), citosina (C), timina foram analisadas quimicamente e apresentaram os
(T) e uracila (U). seguintes resultados:
II. A adenina e a guanina são bases complementa- I. amostra 1: ribose;
res por apresentarem, entre si, duas ligações de II. amostra 2: timina;
hidrogênio. III. amostra 3: dupla hélice;
III. O açúcar presente nos ácidos nucleicos pode ser a IV. amostra 4: uracila;
ribose ou a desoxirribose. V. amostra 5: 20% de guanina e 30% de citosina.
IV. O RNA aparece associado à proteína nos cromos-
Entre essas amostras, quais se referem a DNA?
somos, possuindo filamento de nucleotídeos du-
plo. a) Apenas I e II.
b) Apenas I e III.
Assinale a opção correta.
c) Apenas II e III.
a) Apenas I está correta. d) Apenas II e IV.
b) Apenas II e IV estão corretas. e) Apenas II e V.
c) Apenas I e III estão corretas.
d) Todas estão corretas. 15. (AMEOSC) As polimerases do RNA são enzimas
e) Todas estão incorretas. que catalisam a síntese de RNA tendo como molde
uma fita de DNA. Esse processo é denominado
13. (UFPE) Considerando que, na figura a seguir,
a) transporte.
tem-se uma representação plana de um segmento
b) transposição.
da molécula de DNA, analise as proposições a seguir.
c) iniciação.
I d) transcrição.
T A
II II
16. (UFSM) Analise as afirmativas:
I I. As proteínas e os ácidos nucleicos são formados
I
por aminoácidos.
G C II. DNA e RNA são os ácidos nucleicos encontrados
II II
I tanto em células eucariontes quanto procariontes.

Ácidos nucleicos 99
III. A informação contida no DNA pode ser copiada 19. (PUC/RIO) Existem algumas pessoas chamadas
em uma fita de RNA, através do processo denomi- especiais porque possuem uma série de característi-
nado transcrição. cas diferentes da maioria da população. Entre essas,
IV. A informação presente no RNA pode ser transfor- estão aquelas que possuem a "Síndrome de Down".
mada em uma sequência de aminoácidos, através Em relação a essa síndrome, podemos afirmar que
do processo denominado tradução.
a) é uma anomalia genética, causada pela presença
Está (ão) correta(s) de 3 cromossomos 21 e transmitida sempre pela
a) apenas I. mãe.
b) apenas I e II. b) é uma anomalia congênita, causada pela presença
c) apenas II e III. de 3 cromossomos 21 e transmitida sempre pela
d) apenas I, III e IV. mãe.
e) apenas II, III e IV. c) é uma anomalia genética, causada pela presença
de 3 cromossomos 21 e transmitida por qualquer
17. (FATEC) O metabolismo celular depende de uma um dos pais.
série de reações químicas controladas por enzimas, d) é uma anomalia congênita, causada pela ausência
isto é, proteínas que atuam como catalisadores de um cromossomo sexual X ou Y.
e que podem sofrer mutações genéticas, sendo e) é uma anomalia genética, causada pela
modificadas ou eliminadas. translocação de um dos cromossomos 21 para
Assinale a alternativa correta, levando em conta os um 22.
ácidos nucleicos, a ocorrência de mutações e as con- 20. (COPESE) Analise as afirmativas a seguir em
sequentes mudanças do ciclo de vida da célula. relação aos tipos de RNAs e suas funções.
a) O DNA é constituído por códons, que determinam I. O mRNA contém a sequência codificante da pro-
a sequência de bases do RNA mensageiro, teína e os elementos de reconhecimento para a
necessária à formação dos anticódons, iniciação e a terminação da tradução.
responsáveis pela produção das proteínas. II. Os nucleotídeos do RNA mensageiro podem ser
b) No caso de uma mutação acarretar a transforma- de quatro tipos quanto às bases nitrogenadas,
ção de um códon em outro relacionado ao mes- que são A, G, C e T.
mo aminoácido, não haverá alteração na molécu- III. Os RNAs transportadores são responsáveis pelo
la proteica formada, nem no metabolismo celular. transporte dos nucleotídeos até seus respectivos
c) A mutação altera a sequência de aminoácidos códons no RNA ribossômico.
do DNA, acarretando alterações na sequência de IV. Os ribossomos são estruturas constituídas por
bases do RNA mensageiro e, consequentemente, RNA, conhecidos como RNAs ribossômicos, e por
na produção das proteínas. várias proteínas ribossômicas.
d) As mutações atuam diretamente sobre as V. Os tRNAs, cada qual unido ao respectivo aminoá-
proteínas, provocando a desnaturação dessas cido, unem-se à subunidade maior do ribossomo
moléculas e, consequentemente, a inativação em locais específicos.
delas.
e) Quando algumas proteínas são alteradas por Assinale a alternativa CORRETA.
mutações, suas funções no metabolismo celular a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
passam a ser realizadas pelos aminoácidos. b) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas.
c) Apenas as afirmativas I, IV e V estão corretas.
18. (UFSCar) Em nosso intestino delgado, as
d) Apenas as afirmativas II e V estão corretas.
moléculas de DNA (ácido desoxirribonucleico)
presentes no alimento são digeridas e originam 21. (FUNDEP) A síntese de proteínas é um dos
a) apenas aminoácidos. processos mais importantes do organismo. Uma
b) fosfato, glicídio e bases nitrogenadas. das principais etapas da síntese de proteínas é
c) glicídio, bases nitrogenadas e aminoácidos. a transcrição. Analise o esquema a seguir, que
d) RNA transportador, RNA mensageiro e RNA representa as bases nitrogenadas de um trecho de
ribossômico. DNA: AGG CTA CCC AAA GCA TTA AGA
e) átomos livres de carbono, nitrogênio, oxigênio, Assinale a alternativa que apresenta o resultado do
hidrogênio e fósforo. processo de transcrição desse trecho de DNA.

100 Capítulo 6
a) TCC GAT GGG TTT CGT AAT TCT
b) UAA ACU AAA UUU AAU GGU UAU
c) UCC GAU GGG UUU CGU AAU UCU
d) CTT AGC AAA TTT CTG GGC GCG
22. (AOCP) O DNA e o RNA são constituídos por moléculas menores, os nucleotídeos, que são formados
por três tipos de substâncias químicas: o fosfato, a pentose e a base nitrogenada. Sabemos que, no DNA, a
pentose é uma desoxirribose, enquanto no RNA é uma ribose. Em relação às bases nitrogenadas, há diferenças
e semelhanças entre DNA e RNA. No DNA, por conta da fita geralmente dupla, existem relações entre essas
bases.
Sobre esse assunto, assinale a alternativa correta:
a) Em uma fita dupla de DNA, se existe 15% de Adenina, haverá 15% de Uracila.
b) Em uma fita dupla de DNA, se existe 20% de Guanina, haverá 20% de Adenina.
c) Em uma fita dupla de DNA, se existe 15% de Citosina, haverá 35% de Timina.
d) Em uma fita dupla de DNA, se existe 10% de Timina, haverá 20% de Guanina.
23. (IESES) Todas as células são compostas por membrana plasmática, citoplasma e núcleo, sendo este último
ausente em células procariontes, uma vez que o seu material genético se encontra disperso no citoplasma
celular. A célula é considerada a menor unidade funcional e estrutural do ser humano, e ela é formada a partir
da preexistência de outra célula.
Analise as proposições a seguir sobre algumas características das células:
I. Todas as células armazenam sua informação hereditária no mesmo código químico linear, denominado de
DNA, composto por nucleotídeos, formado a partir da ligação química entre um açúcar-fosfato e uma base
nitrogenada.
II. As células transcrevem partes de sua informação hereditária numa forma intermediária, denominada de
RNA. Geralmente esta estrutura é uma fita simples, elaborada a partir de uma fita de DNA pelo processo
denominado de transcrição.
III. A informação contida na molécula de mRNA é lida em grupos de três nucleotídeos por vez, sendo cada trin-
ca desta denominada de códon. Anticódons, por sua vez, são uma sequência complementar aos códons
que contém também três nucleotídeos e são transportados por tRNAs.
IV. A molécula de DNA é demasiadamente extensa. Sequências específicas servem como pontuação, definin-
do onde a informação começa e termina, e segmentos individuais de DNA são transcritos em moléculas de
tRNA, codificando diferentes genes.
V. Cada sequência completa de DNA é denominada de gene, e sua codificação determina produtos celulares,
como proteínas, por exemplo. Segmentos de DNA são denominados genomas, ou seja, toda informação
genética contida no genoma prediz a natureza proteica celular, quando e onde elas devem ser produzidas.
Diante do exposto, pode-se inferir que
a) II, III e IV estão incorretas.
b) I, III e IV estão incorretas.
c) I, II e III estão corretas.
d) II, IV e V estão corretas.

Ácidos nucleicos 101


Na unidade 1 relembramos e aprofundamos as aprendizagens em relação às principais característi-
cas dos seres vivos e as moléculas que os compõem e são fundamentais para a sobrevivência, desde
as moléculas inorgânicas (água e sais minerais) até as orgânicas (carboidratos, lipídios, proteínas e
ácidos nucleicos).
Neste momento analisaremos como essas moléculas integram as células eucarióticas e procarióti-
cas para a sua própria estrutura celular, assim como para o funcionamento do metabolismo. Portanto,
aprenderemos sobre o ramo da Biologia Celular ou Citologia.

Citologia deriva do grego, no qual kytos significa célula e logos, estudo. A origem do estudo das
células está intrinsicamente ligada à invenção do microscópio e principalmente ao inglês Robert
Hooke (1635-1703), que, em 1663, usando o microscópio, fez a primeira observação de células,
termo por ele criado, em pedaços de cortiça, contribuindo para o que temos hoje: a Teoria Celular.

No século XX, na década de 30, foi criado o primeiro microscópio eletrônico e, a partir de então, a
compreensão detalhada das estruturas celulares tornou-se fundamental para o conhecimento que te-
mos hoje. A criação desse aparelho foi tão importante que o seu criador, o físico alemão, Ernest Ruska,
ganhou o Prêmio Nobel de Física, décadas depois, em 1986.

102 Capítulo 7
Núcleo
Retículo
Membrana celular endoplasmático Mitocôndria
rugoso Nucléolo Vesícula secretora

No capítulo 01 listamos os principais pontos da Teoria Celular. Vamos relembrar? Citoplasma

• Todos os seres vivos são formados por uma ou mais células;


• As reações químicas e os processos metabólicos ocorrem dentro dessas estruturas celulares;
Ribossomo
Retículo

• Todas as células se originaram de outras células preexistentes; endoplasmático


liso Aparelho de Golgi

• As células possuem, em sua composição química, as informações genéticas, que são transmitidas
Célula eucarióticapara as
próximas gerações por meio da reprodução.

Como todos os seres vivos são compostos de células, vale recordar que há
dois grandes grupos de células: as procarióticas e as eucarióticas.
Célula procariótica
Região nucleoide

a) Células procarióticas: apresentam o material genético DNA espalhado


Cápsula Cromossomo (DNA)

Membrana celular

pelo citoplasma, em uma região chamada nucleoide, uma vez que não há
Membrana plasmática

carioteca (membrana nuclear) para envolver o DNA. Como já estudamos, os


representantes de seres vivos que apresentam esse tipo de célula são os do Fímbrias

domínio Bacteria e Archaea. Plasmídeo


Citoplasma Pilo
Ribossomo

b) Células eucarióticas: são células que apresentam carioteca, separando Flagelo

o material genético do citoplasma; são bem mais complexas e apresentam


Núcleo

várias organelas que desempenham importantes e diferentes funções para Membrana celular
Retículo
endoplasmático
rugoso Nucléolo
Mitocôndria
Vesícula secretora

o funcionamento do metabolismo celular. Os seres vivos que possuem esse Citoplasma

tipo de célula são os do domínio Eukarya (protistas, fungos, animais e vege-


tais).
Neste grupo de células, a presença ou ausência de algumas organelas po- Retículo
endoplasmático
Ribossomo

derá diferenciá-las, uma vez que algumas organelas são exclusivas, como, liso Aparelho de Golgi

por exemplo, os centríolos, que só estão presentes em células animais, e os Célula eucariótica
cloroplastos, exclusivos das células vegetais.

Saiba+
Célula procariótica
Região nucleoide

Cápsula Cromossomo (DNA)

Membrana celular
Membrana plasmática

E os vírus? Possuem célula? São seres vivos?


Os vírus ainda causam controvérsia entre alguns
Fímbrias

Tipos de vírus
Plasmídeo
Citoplasma Pilo

cientistas quanto à sua classificação, mas a maioria da Ribossomo

comunidade científica classifica-os em Parasitas In- Cabeça


Flagelo
DNA

tracelulares Obrigatórios.
RNA

Capsídeo DNA Envelope RNA


Capsídeo
Há vírus de diferentes formas: hélices, poliédricos, Bainha
da cauda

esféricos e de estruturas mais complexas, mas todos


possuem uma estrutura mínima com material genéti-
co (ácido nucleico) e uma cápsula formada por prote-
Glicoproteínas

Capsídeo Glicoproteínas

ínas (chamada de capsídeo). Como não apresentam Fibra da cauda

células, podemos classificá-los como acelulares. Helicoidal


Tabaco
Poliédrico
Adenovírus
Esférico
Vírus da gripe
Complexo
Bacteriófago
Vírus do mosaico
Quando parasitam células, passam a ter a capacida-
de de se reproduzir e evoluir, uma vez que assumem o metabolismo celular da célula hospedeira.
O termo vírus é usado quando esses seres parasitam células eucariontes, e, quando se instalam em seres
procariontes, principalmente as bactérias, o termo utilizado é bacteriófago. Nas plantas e, principalmente
nos animais, os vírus causam várias doenças. Nos seres humanos, podemos citar algumas doenças viróticas:
AIDS (vírus HIV), COVID19 (coronavírus, Sars-Cov2), gripe (vírus influenza), febre amarela e dengue (arboví-
rus).

Citologia e Organelas celulares 103


Neste capítulo vamos aprofundar cada uma das estruturas que compõem as células, desde os envoltórios ce-
lulares que separam as células do meio externo e o estudo das organelas que compõem o citoplasma, até suas
funções biológicas.

1 Parede celular

Presente nas células procarióticas, nas células eucarióticas dos vegetais, em alguns protistas e nos fungos. A
composição dessas estruturas é de celulose (carboidrato - polissacarídeo) nas células vegetais, e, no caso dos
fungos, as paredes celulares são compostas de quitina (carboidrato - polissacarídeo).

Célula vegetal

Fibras
celulósicas

Cadeias de celulose Macrofibras

Microfibras

Nas bactérias essas estruturas são formadas pela associação de aminoácidos e carboidratos, conhecida como
peptídeoglicano.
A presença dessa estrutura, além de configurar rigidez, auxilia na proteção e na defesa contra micro-organis-
mos, além de contribuir para o transporte de substâncias para o interior da célula.

2 Membrana plasmática
Estrutura básica de todas as células dos seres vivos, independentemente de serem seres procariontes ou euca-
riontes. Também pode ser chamada de membrana celular ou plasmalema, é responsável por proteger e separar
o citoplasma do meio externo, e possui uma propriedade extremamente importante: permeabilidade seletiva,
portanto tem a capacidade de selecionar o que deve ser transportado para o meio intracelular e o que deve ser
lançado para o meio extracelular.
Cabeça hidrofílica

Fosfolipídios Meio extra celular


Cauda hidrofílica

Glicolipídios Cadeia de carboidratos Proteína globular Glicoproteína

Apolar

Bicamada
fosfolipídica

Proteína alfa-hélice
Proteína integral
Colesterol Proteína periférica hidrofóbica
(transmembrana)
Canal proteico
(proteína transportadora) Dentro da membrana celular
(citoplasma)

A estrutura da membrana plasmática é do tipo lipoproteica (lipídios e proteínas) e é conhecida como modelo
mosaico fluido, porque apresenta na sua composição duas camadas de fosfolipídios e proteínas.
Lembrando que os fosfolipídios são lipídios compostos, pois apresentam uma região hidrofóbica (apolares) e
hidrofílica (polar - afinidade com a água). As ligações entre as partes hidrofóbicas dos fosfolipídios influenciam na
fluidez da membrana. Há na membrana outros tipos de lipídios, como o colesterol e glicolipídios.
104 Capítulo 7
Além disso, há na membrana diferentes tipos de proteínas, que podem variar de acordo com o tipo de célula e
sua função. Mas, basicamente, as proteínas presentes nas membranas auxiliam no transporte de substâncias, na
comunicação entre as células e na ação enzimática.
As proteínas podem ser classificadas em integrais ou transmembranas, que são aquelas que atravessam
completamente a bicamada lipídica. E há as proteínas periféricas, cujo nome já deixa clara a sua característica
de não atravessar a bicamada da membrana.

Mecanismos de passagem de substâncias através das membranas


A movimentação de moléculas, entre outras substâncias e até mesmo micro-organismos para dentro e fora da
célula, depende de alguns fatores físicos e químicos, e toda essa troca é de suma importância para o metabolis-
mo celular.
Antes de aprofundarmos em cada um dos mecanismos de transporte, vamos recordar sobre as soluções e suas
classificações de acordo com quantidade de soluto e solvente presente. As soluções são classificadas em hipotô-
nica, isotônica e hipertônica. Ao analisar o esquema a seguir, ficará mais claro a diferença entre elas:

Agora vamos nos aprofundar nos diferentes mecanismos de transporte que ocorrem via membrana:
a) Transporte passivo: Não há gasto de energia, e o transporte através da membrana tende a igualar a con-
centração no interior da célula com o meio extracelular, portanto a favor do gradiente de concentração. Pode ser
por osmose, por difusão simples e por difusão facilitada;
b) Transporte ativo: Há gasto de energia, uma vez que o transporte ocorre contra o gradiente de concentra-
ção. Um exemplo é a bomba de sódio e potássio;
c) Mediados por vesículas: Nesse caso há o transporte de micro-organismos ou partículas para o interior ou
para o meio extracelular a partir da formação de vesículas nas membranas plasmáticas. São classificados em
endocitose e exocitose.

Difusão Simples e Osmose


Tanto a difusão quanto a osmose são exemplos de transportes passivos, portanto sem gasto de energia, e as
diferenças básica são o que está sendo transportado na membrana plasmática e o fluxo do soluto e do solvente.
Na difusão o que é transportado é o soluto de onde ele está mais concentrado para onde está menos concen-
trado, com o objetivo de igualar a concentração (e ocorre a favor do gradiente de concentração). Esse processo
não depende de uma proteína transportadora e pode ser observado tanto nas células quanto em diferentes
situações do nosso cotidiano. Vejamos:

Citologia e Organelas celulares 105


Quando o cloro é colocado na água da piscina, após um certo tempo, esse soluto é dissolvido, e a concentração
dele se iguala por todo o volume de água. No nosso corpo também podemos perceber a difusão; alguns exemplos
são: a difusão entre as moléculas gasosas O2 e CO2 no sangue e que ocorre nos alvéolos pulmonares com a partici-
pação direta das hemácias (glóbulos vermelhos); a eliminação de excretas, como a ureia, também ocorre por difusão
no Sistema Urinário.
No caso da osmose, ocorre o movimento do solvente (água na maioria dos casos) no sentido de baixa concen-
tração, hipotônica, para alta concentração, hipertônica, com o objetivo de igualar a concentração, isotônica, em
ambos os lados da membrana semipermeável; também é um transporte sem gasto de energia. Acontece em
diversas situações nas células vegetais, animais e até no nosso cotidiano. Por exemplo, quando salgamos uma
carne ou colocamos sal em uma salada (vinagrete), logo percebemos que líquidos são liberados, justamente na
tentativa de igualar as concentrações do soluto dentro e fora das células.
Portanto a osmorregulação é o controle das concentrações de sais nos tecidos ou células vivas a fim de manter
as condições adequadas à atividade metabólica.
Observe o esquema, que representa as possíveis maneiras desse controle hídrico no interior das células:
Equilíbrio hídrico da célula

Solução Solução Solução


hipotônica isotônica hipertônica

Fora Interior Fora Interior Fora Interior


Concentração mais baixa A concentração entre soluto e A concentração de soluto é maior no
de soluto no meio intracelular. solvente é igual. meio intracelular.

A água move-se para dentro da A concentração em geral é igual, e a célula A água move-se para fora da célula,
célula, assim a célula se expande. permanece com a estrutura constante. que fica plasmolisada.

Resumidamente, a Difusão e a Osmose estão sendo diferenciadas na imagem a seguir:

Comparação entre Difusão e Osmose

Difusão Osmose

Membrana semi-impermeável

Soluto se move no sentido de alta O solvente (água) se move no sentido


concentração para o de baixa de baixa concentração para o de
concentração. alta concentração.

Difusão facilitada
Também é um tipo de transporte passivo, mas nesse caso o transporte de soluto ocorre com a participação
de proteínas transportadoras (carreadoras), do meio de maior concentração para o de menor concentração. Esse
transporte geralmente ocorre com moléculas de maior peso molecular, como glicose e aminoácidos.

106 Capítulo 7
Ação das proteínas carreadoras na difusão facilitada

Bomba de sódio e potássio


É um exemplo de transporte ativo, em que há gasto de energia. Nesse caso precisamos falar de uma molécula
fundamental que participa de diversas reações metabólicas do nosso corpo a ATP - sigla para Adenosina trifosfa-
to. Essa molécula é como um armazém de energia e é produzida nas mitocôndrias, organelas que ainda vamos
aprofundar nosso conhecimento neste capítulo.
E qual a relação entre essa molécula ATP e a bomba de sódio e potássio? Balanço iônico da membrana plasmática

Por ser um transporte ativo, o movimento ocorre contra o gradiente de Fluido extracelular

concentração, portanto há necessidade de energia para que as proteínas


carreadoras realizem essa troca entre os íons Sódio (Na) e Potássio (K);
como a concentração de sódio é maior no meio extracelular quando com-
parado com a concentração de potássio, para que ocorra o equilíbrio é ne-
cessário o bombeamento, portanto, essas proteínas precisam de energia
para realizar este processo.
Precisamos ainda relembrar o capítulo em que aprendemos a importân-
cia de alguns sais minerais. E o sódio e potássio são íons (sais) fundamen- Citoplasma
tais para as atividades musculares, na transmissão dos impulsos nervosos
Íons maiores
e o balanço hídrico entre as células, portanto são íons primordiais para o
Bomba de Sódio e Potássio
funcionamento dos Sistemas Muscular e Nervoso.

Endocitose e exocitose
É um transporte ativo (com gasto de energia) de macromoléculas, partículas e até, em alguns casos, de mi-
cro-organismos e ocorre via membrana plasmática com a formação de vesículas principalmente. São de maior
tamanho, dessa forma não seria possível serem transportados por difusão.
Quando a partícula ou outras substâncias são englobadas para dentro do citoplasma, chamamos o processo
de endocitose; quando há o movimento oposto, de lançar para fora da célula, classificamos como exocitose.

Membrana plasmática Membrana plasmática

Vesícula Vesícula

Citoplasma Citoplasma

Endocitose Exocitose

Citologia e Organelas celulares 107


A endocitose pode ser dividida em três tipos: fagocitose, pinocitose e mediada por receptores (proteínas trans-
membranas). Observe o esquema para compreender os tipos de endocitose:
Endocitose

Fagocitose Pinocitose Mediada por receptor


Pseudópodes
Partícula sólida

Citoplasma Citoplasma Citoplasma


Revestimento vesícula

Vesícula

Revestimento proteico

A principal diferença entre fagocitose e pinocitose está no tamanho das partículas englobadas. Na fagocitose
há o englobamento de partículas sólidas maiores, enquanto na pinocitose o transporte é de partículas líquidas
ou sólidas menores. Quando se trata da endocitose mediada por receptor, ela ocorre com o auxílio das proteínas
presentes na membrana plasmática. Em todos os casos, a membrana expande-se e engloba a partícula para o
meio intracelular, portanto para o citoplasma.

Curiosidades
Quais são as maiores células que existem?
A maior célula do corpo humano é ovócito – gameta feminino – e pode chegar até a 0,1 mm, o que é
enorme quando comparamos com outras
Estruturacélulas, e pode ser visível a olho nu.
do ovo feminino

Zona pelúcida

Nucléolo
Núcleo

Citoplasma

Membrana
plasmática

Mas há dois exemplos de células que são visíveis a olho nu, com maior facilidade, entre elas:
Algas verdes unicelulares do gênero Acetabularia, que medem de 0,5 cm a 10 cm.
Ainda há uma célula maior do que a das algas, que é a gema do ovo de avestruz (considerando a gema não
fertilizada). Observe a foto: a gema é tão grande que, quando comparamos com a mão de uma mulher adulta
ao lado da panela, parecem quase do mesmo tamanho.

Nesse caso, em termos de volume, é a maior célula. Só para se ter uma ideia, um ovo de avestruz pode pe-
sar em média 1,5 kg, e quase 2/3 desse peso seriam apenas a gema. Seria necessário juntar cerca de 25 ovos
de galinha para alcançar todo esse volume.

108 Capítulo 7
3 Citoplasma
A partir de agora vamos adentrar o citoplasma e estudar as organelas que o compõem, juntamente com outras
substâncias. O citoplasma tem aspecto gelatinoso e fluido, devido ao fato de, na sua composição, haver grande
quantidade de água. Além dessa importante molécula inorgânica, há outras moléculas orgânicas e inorgânicas.
Algumas organelas são comuns a todas as células de diferentes seres vivos, e outras são exclusivas. Vamos
conhecer um pouco das seguintes organelas: mitocôndrias, cloroplastos, complexo golgiense, retículo endo-
plasmático, peroxissomos, lisossomos, vacúolos e centríolos, além do núcleo, que contém o material genético.
A imagem a seguir demonstra as organelas que estão presentes nas células eucariontes, no caso das plantas (à
esquerda) e animais (à direita), as funções estão apresentadas de maneira resumida, mas ainda neste capítulo
vamos compreender com mais detalhes os respectivos papéis biológicos.

Mitocôndrias

Já falamos sobre essas organelas. No capítulo 01, conhecemos um pouco mais sobre a respiração celular, rea-
ção química que ocorre no interior das mitocôndrias e produz energia, em forma de ATP (Adenosina trifosfato).
As mitocôndrias possuem dupla membrana com fosfolipídios, o que lembra bastante a membrana plasmática.
A membrana interna das mitocôndrias forma dobras, que são chama-
das de cristas mitocondriais e contêm enzimas que participam direta- Membrana
mente da respiração aeróbica; curiosamente essas organelas apresen- interna

tam DNA próprio (DNA mitocondrial) e ribossomos, logo são capazes DNA
mitocondrial
de se autoduplicar. São organelas exclusivas das células eucariontes. Cristas

A energia produzida na respiração será usada pelos seres vivos para Matriz
Membrana
a biossíntese de novas substâncias, ou como fonte de energia para o externa
transporte de substâncias, como nos glóbulos vermelhos, que trans- Ribossomos
portam gases respiratórios (O2 e CO2), além de produzir calor para os
seres vivos homeotérmicos.
A quantidade dessa organela, no interior das células, pode variar de acordo com a disponibilidade de ener-
gia necessária por determinado tecido. Por exemplo, é muito maior o número de mitocôndrias em células que
compõem os tecidos musculares; porque nessas células o dispêndio de energia é muito maior para realizar os
movimentos dos músculos esqueléticos e do músculo cardíaco, tecido que forma o órgão coração, por exemplo.

Citologia e Organelas celulares 109


Resumidamente, a equação da respiração aeróbica é esta:

C6H12O6 + 6 O2 6 CO2 + H2O + ATP (Energia + Calor)

Reagentes Produtos

O processo começa no citoplasma com auxílio de diferentes enzimas que auxiliam a quebra da glicose, em
um processo chamado de glicólise. Assim, com menor peso molecular, ao entrar nas mitocôndrias, o processo
catabólico continua, a glicose passa por hidrólises e vai sendo oxidada, e boa parte da energia dessa molécula
será usada para produzir as moléculas de ATP. Essas reações acontecem nas próximas etapas - ciclo de Krebs, que
ocorre na matriz mitocondrial, e depois a cadeia respiratória, também chamada de fosforilação oxidativa, que
ocorre na membrana interna; assim as moléculas de energia (ATP) vão se acumulando, além dos outros produtos
gerados. As ATPs geradas, ao final, são capazes de armazenar energia, e, à medida que o metabolismo precisa,
novas hidrólises acontecem, e a energia é liberada para as células.

Cloroplastos ou plastídeos

São organelas exclusivas das células vegetais e possuem papel de extrema importância, uma vez que, no in-
terior dessas estruturas, ocorre a fotossíntese. Essas organelas, também chamadas de plastídios, possuem uma
forma um pouco arredondada, discoide. Assim como as mitocôndrias, possuem dupla membrana lipoproteica.
A membrana mais interna forma algumas lamelas que se agrupam
em estruturas menores, chamadas tilacoides, e é no interior desses que Cloroplasto
ocorre a conversão da luz em ATP (energia). Isso ocorre porque nessas
estruturas fica a clorofila, pigmento capaz de absorver a energia lumi- Lamela

nosa e converter em energia química no interior dos cloroplastos. Lem- Tilacoide

brando o que aprendemos no capítulo 1, a quantidade de cloroplastos Granum

pode variar em diferentes órgãos das plantas; nesse caso haverá mais
clorofila e cloroplastos na parte superior da folha, onde há maior inci- Estroma

dência de luz. O pigmento clorofila absorve os comprimentos de onda Membrana interna


Ribossomo
Cloroplasto
DNA
Espaço intermembranar
azul, violeta e vermelho e reflete o verde, por isso a aparência é verde.
Grão de amido Plastoglóbulo
Membrana externa

Além de água, há enzimas, DNA e ribossomos na região conhecida como estroma, e é nesse fluido que ocorre
a produção da glicose, um dos produtos da fotossíntese. Resumidamente, essa reação anabólica é:

6 CO2 + 6 H2O C6H12O6 + 6 O2 + ATP (Energia + Calor)

Reagentes Produtos
Há uma relação direta e indireta entre as mitocôndrias e os cloroplastos, mesmo que estes últimos
sejam exclusivos das plantas. Os produtos gerados na fotossíntese são fundamentais para as próprias
plantas, bem como para os seres heterótrofos. E o inverso se confirma, os produtos gerados na respi-
ração celular, gás carbônico e oxigênio, são fundamentais para os seres autótrofos produzirem energia
para o metabolismo celular.

Luz Fotossíntese
solar

Cloroplastos

Respiração celular Energia


Mitocôndrias química
(ATP)
Processo da fotossíntese (cloroplasto) e respiração (mitocôndria)

110 Capítulo 7
Saiba+
Teoria da Endossimbiose

As mitocôndrias e os cloroplastos são organelas revestidas por membranas lipoproteicas e apresentam a


capacidade de sintetizar suas próprias proteínas e de se replicarem, porque em seu interior há DNA, RNA e
ribossomos.
Essas características foram fundamentais para formulação da Teoria da Endossimbiose (endo = interior;
sin = simultaneamente; biosis = que vive). Em 1981, Lynn Margulis (1938-2011) bióloga americana e foi pro-
fessora da Universidade de Massachusetts, à época relatou que as mitocôndrias e os cloroplastos tiveram sua
origem – ancestralidade – nas bactérias (proteobactéria aeróbica e bactéria fotossintetizante), que entraram
em células eucarióticas há milhares de anos e, ao longo do processo evolutivo, diferenciaram-se nessas orga-
nelas. O esquema mostra, de maneira simplificada, como teria ocorrido essa endossimbiose.
A comparação entre as moléculas de DNA encontradas nessas organelas em diferentes espécies facilita a
descoberta de ancestralidades comuns e até a descoberta de espécies que possam ter sido catalogadas em
determinados grupos taxonômicos de forma equivocada ou redirecionadas para o correto grupo taxonô­
mico, principalmente o DNA mitocondrial, uma vez que as mitocôndrias estão presentes em todos os seres
vivos eucariontes.

Ribossomos

Essas organelas não são membranosas e podem ser encontradas em


células procarióticas e eucarióticas, são formadas a partir das informa-
ções e comando do DNA e atuam diretamente na síntese de proteínas
(polipeptídeos).
No capítulo de ácidos nucleicos, aprendemos que os RNA ribossômi-
cos possuem a informação para produzir os ribossomos. A partir daí, no
interior dessa organela, atuam o RNA mensageiro e o RNA transportador,
que participam diretamente dos processos de tradução e formação das
proteínas.
Importante lembrar que essa organela pode ser encontrada no cito-
plasma e no interior de outras organelas, entre elas: retículo endoplasmá-
tico granuloso, cloroplastos e mitocôndrias.

Citologia e Organelas celulares 111


Retículo endoplasmático
Essa organela é exclusiva das células eucarióticas e, proporcionalmente,
de maior concentração no citoplasma; origina-se a partir do núcleo celu-
RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO
lar, e suas membranas prolongam-se dando origem a outra importante
organela, o complexo golgiense. Há dois tipos de retículos endoplasmá-
ticos: Retículo endoplasmático
liso
Célula

Retículo endoplasmático

• Granuloso (REG): como podemos observar no esquema, o retícu-


granuloso Cisternas
Membrana nuclear
Núcleo

lo endoplasmático está intimamente relacionado com a membrana Poros nucleares

nuclear, formado por várias dobras membranosas e é classificado


em granuloso pela presença de ribossomos. Esse retículo também
dá origem ao retículo endoplasmático liso. As principais funções são
a síntese de macromoléculas, principalmente as proteínas, devido à
presença dos ribossomos. Ribossomos

• Liso (REL): o retículo endoplasmático liso tem função na síntese de


lipídios, entre eles os fosfolipídios; entretanto, dependendo do tipo
de células, podem apresentar funções específicas, por exemplo, quando presente nas células dos testículos
e ovários, auxiliam diretamente na síntese dos hormônios esteroides. Lembrando que esses hormônios
necessitam de um lipídio muito importante: o colesterol.

Complexo Golgiense ou Complexo de Golgi

Sua origem é a partir do retículo endoplasmático granuloso e é exclu- Vesícula


transportadora

siva das células eucarióticas. Essa organela atua, em geral, no empacota-


mento (englobamento), transporte e na secreção de substâncias; essa últi-
ma função associada ao fato e essa organela produzir vesículas chamadas
lisossomos. Analisando o esquema, podemos perceber que o Complexo Membrana
Golgiense é formado por vesículas e dobras achatadas, e cada dobra rece- celular

be o nome de dictiossomo, possuindo diferentes enzimas nas superfícies. Vesícula


secretora
Secreção
de proteínas

Dependendo do tipo de célula, essa organela poderá apresentar ou-


tras funções; nas células vegetais auxiliam na produção de polissacarídeos
que compõem a parede celular, como, por exemplo, a pectina.
Nas células dos espermatozoides, gametas masculinos, o complexo
golgiense é responsável pela origem do acrossomo, localizado na cabeça
dessa célula reprodutora. Acrossomo Centríolos Mitocôndrias
Núcleo
Lisossomos
Filamento
Os lisossomos são organelas originárias do complexo golgiense, princi-
palmente das regiões mais periféricas, portanto são encontradas apenas
em células eucarióticas. Atuam diretamente na digestão de substâncias
e agentes patogênicos, possuem no seu interior enzimas que aceleram
essas reações catabólicas.
As moléculas que entram nas células, via membrana plasmática, circulam Membrana
no citoplasma. Ao entrarem nos lisossomos, serão digeridas em partículas
Enzimas
menores que serão usadas diretamente pela célula, no caso participan-
do do processo de endocitose. A variedade de enzimas nessas organelas
permite que executem algumas outras funções importantes, como, por
exemplo, eliminar microrganismos e digerir fragmentos de membranas.
Proteínas
transportadoras
Os lisossomos estão presentes em todas os tipos de células, mas estão
em quantidade maior nas células de defesa - glóbulos brancos, também
chamados de leucócitos. Os leucócitos podem ser classificados em gra-
nulócitos (neutrófilos, basófilos e eosinófilos), monócitos e os linfócitos.
112 Capítulo 7
GLÓBULOS BRANCOS - CÉLULAS DE DEFESA

Granulócitos Agranulócitos
Neutrófilos Eosinófilos Monócitos
Realizam fagocitose.

Fagocitam bactérias e Controlam mecanismos


outros patógenos. associados a situações alérgicas. Linfócitos
Secretam anticorpos.

Basófilos
Contêm e liberam histamina
Liberação de histamina
(ação anticoagulante) e heparina
pelos basófilos
(ação nas alergias).

Quando entram pela membrana plasmática, via fagocitose ou pinocitose, esses agentes nocivos (patogênicos)
ou até mesmo substâncias tóxicas são capturados pelas células de defesa, essas células criam projeções citoplas-
máticas que envelopam a partícula ou o microrganismo; esses “envelopes” podem ser chamados de fagossomos
ou pinossomos. Daí em diante, os lisossomos entram em ação, unindo-se a esses fagossomos ou pinossomos e
iniciam o processo de degradação da partícula ou agente patogênico, e, na sequência, ocorre a exocitose dos
detritos.
Observe que o esquema demonstra desde a ingestão de uma bactéria, por fagocitose, até as etapas para que
ocorra a exocitose.

Lisossomo

Receptores

Detritos
solúveis
Bactéria Digestão/
Fagossomo destruição da bactéria

Fagocitose Exocitose
Célula de defesa fagocitando uma bactéria

Peroxissomos
Bicamada lipídica

Organelas presentes nas células animais e vegetais, revestido por mem-


Enzimas
brana lipopotroteica, têm formato de uma vesícula, como os lisossomos.
Contêm enzimas que atuam na conversão dos lipídios em sacarose, au- Núcleo cristalino

xiliam na quebra da água oxigenada (peróxido de hidrogênio - H2O2),


substância tóxica, sendo esta um dos subprodutos da respiração celular, Proteínas transportadoras

e auxiliam o fígado na produção da bile (ácidos biliares).

Citologia e Organelas celulares 113


Vacúolos
Organelas presente em seres eucariontes unicelulares e nas células ve- Vacúolo

getais. O vacúolo, os cloroplastos e a parede celular, são as três estruturas


que as células animais não possuem. Nas células eucarióticas vegetais, os
vacúolos são estruturas grandes e que armazenam água, sais minerais e Túrgido (Normal) Flácido Plasmolisada

outras substâncias nutritivas para a célula, mas podem apresentar outras Concentração de soluto
funções, como o controle do pH e até a defesa contra microrganismos. A na célula

concentração das substâncias armazenadas no vacúolo celular pode va-


riar quanto à espécie de planta, órgãos e aspectos fisiológicos que resul-
tam dos processos de adaptação às variáveis ambientais.
Essa organela participa diretamente da osmorregulação nas células ve-
getais. Observe o esquema mostrando a participação do vacúolo de suco
celular de acordo com a concentração de soluto (sais) e solvente (água) Solução hipertônica
Intracelular > Extracelular
Solução isotônica
Intracelular = Extracelular
Solução hipotônica
Intracelular < Extracelular
nas células.
Alguns protozoários e algas unicelulares apresentam vacúolos contráteis ou pulsáteis, relacionados à osmor-
regulação. Além de apresentarem vacúolo digestório, no qual o alimento, por endocitose, é capturado para o
meio intracelular, no caso das algas, como a euglena, as substâncias, como água e gás carbônico, entram no meio
intracelular e são direcionados aos cloroplastos, para a realização da fotossíntese.

Ameba Paramécio Euglena


Cílios
Estigma
Macronúcleo
Pseudópodes
Flagelo Reservatório
Vacúolo alimentar Poro anal
Vacúolo digestório

Ectoplasma Membrana celular


Micronúcleo Cloroplastos
Esôfago Nucléolo
Núcleo
Vacúolo contrátil
Núcleo
Vacúolo contrátil
Citoplasma
Película

Vacúolo contrátil

Centríolos
São organelas encontradas nas células animais e nas células vegetais apenas
Centríolo
dos grupos inferiores (briófitas - musgos e pteridófitas). Não há centríolos nas
células dos fungos nem células das plantas que possuem sementes - grupos
superiores (gimnospermas e angiospermas).
Os centríolos são formados por dois cilindros com vários microtúbulos protei-
cos, que participam diretamente do processo de divisão celular e, em algumas Microtúbulos
células, dão origem aos cílios ou aos flagelos.

4 Núcleo
Presente em todas as células eucarióticas, o núcleo é a região no qual se localiza o material genético (ácidos
nucleicos). No caso dos seres procariontes, há material genético, porém não está delimitado pela membrana
nuclear.

114 Capítulo 7
As principais estruturas do núcleo são:
• carioteca ou membrana nuclear: reveste todo o material ge-
nético e outros componentes;
• cromatina: filamentos de DNA associados a proteínas que, ao
se condensarem, formam os cromossomos; podem variar de
número de acordo com a espécie;
• nucléolo: formado por RNA e localizado no interior do núcleo,
é responsável por produzir os ribossomos;
• nucleoplasma: solução aquosa com muitas proteínas que
preenchem o espaço entre o nucléolo e a carioteca.
No próximo capítulo, vamos aprofundar a divisão celular e conhe-
cer a função de algumas dessas estruturas com mais detalhes, assim
como compreender o seu papel na hereditariedade.

Integrando com a Física


Será que conseguimos medir tudo na Natureza? A resposta é não. Medimos aquilo que conseguimos
comparar a padrões pré-estabelecidos de acordo com a conveniência de cada situação. Você já conhece o
Sistema Internacional de Unidades (SI) e ele é sempre uma boa escolha do ponto de vista da universalida-
de, principalmente quando estamos no campo da Ciência. A questão aqui é a dimensão da situação real...
Quando falamos de distâncias entre planetas, por exemplo, utilizar o metro sig-
nifica trabalhar com números gigantescos! Quando falamos de uma célula, de uma
molécula ou de um micro-organismo, por outro lado, os valores são pequenini-
nhos. Será que a melhor opção é utilizar o metro como unidade de medida? Se
buscamos a universalidade necessária na Ciência, sim. É aí que surgem os múlti-
plos e submúltiplos das unidades, como o quilômetro e o milímetro, por exemplo.
Os múltiplos e submúltiplos de unidades são tão importantes que, muitas vezes,
parecem ser uma unidade absoluta. O quilômetro ou o milímetro, citados no parágrafo anterior, parecem
não guardar relação com o metro, “soam” como unidades diferentes, não é? Mas não são. São metro mes-
mo, só que multiplicados por potências de dez adequadas. Por serem muito utilizados, é interessante que
conheçamos alguns dos prefixos que transformam as unidades em seus múltiplos e submúltiplos. Os mais
importantes são escalonados em divisões ou multiplicações por 10 da seguinte maneira:
Prefixo Valor Potência de dez Símbolo
Tera 1000 000 000 000 10 12
T
Giga 1000 000 000 10 9
G
Mega 1000 000 10 6
M
Quilo 1000 10 3
K
Deci 0,1 10 -1
D
Centi 0,01 10 -2
c
Mili 0,001 10 -3
m
Micro 0,000001 10 -6
µ
Nano 0,000000001 10 -9
n
Pico 0,000000000001 10-12 p

Citologia e Organelas celulares 115


Assim, se desejamos nos referir a 1000 m de distância, por exemplo, podemos simplesmente dizer 1km; se
queremos falar sobre o tamanho do coronavírus, por outro lado, podemos dizer que é cerca de 20nm (apesar,
infelizmente, do estrago gigantesco que ele pode causar).
Note que alguns dos símbolos da tabela são grafados com letras maiúsculas e outros com letras minúsculas.
Há até um deles representado por uma letra grega, o mu (µ). Preste muita atenção nisso porque um erro que
parece bobo pode te levar de 1000000 (M) a 0,001(m)! Outra coisa: em nosso cotidiano, é mais fácil encontrar
os prefixos sendo grafados mais de forma errada do que certa... Observe as placas nos restaurantes self-service.
Na maioria deles, a comida é vendida por Kg e não por kg. Há ainda aqueles que dizem que a balança está
graduada em KG. Nas placas em rodovias, a distância aparece medida em KM ou Km? Difícil é encontrar um
km por aí. Observe!
Texto: Christine Lourenço

Agora observe a imagem a seguir, com tamanhos e medidas relativos entre algumas partículas, células e
microorganismos.
Molécula de água Célula biológica Ovo de sapo

Adenovírus

Anticorpo
Átomo
Bactéria

Cromossomo Paramécio

Microscópio eletrônico Lupa


Cristalografia de raio-x Microscopio óptico

Considerando o tema e a imagem, responda:


1. Quantas vezes menor é 1 nanômetro quando comparamos com 1 micrômetro?
2. Se considerarmos que os poros das membranas plasmáticas têm em média 0,8 a 1,0 nanômetro e a escala
acima, o que seria possível entrar por essa abertura minúscula?
3. Seria possível visualizar um cromossomo usando lupa? E o DNA, seria possível visualizar essa molécula
usando um microscópio óptico?

• Mitocôndrias - Khan Academy: https://youtu.be/mxVlRiDx4uA


• Organelas em células eucarióticas - Khan Academy: https://youtu.be/1GK67U-_ylw
• Vírus Sars CoV2 - Causador da doença COVID 19 - Canal Me Gusta Bio: https://
youtu.be/TCiFPnV470Y

116 Capítulo 7
1. Recordando a Teoria Celular e o que aprendemos 7. Analise a figura que representa uma célula
sobre as células e os vírus, que características vegetal:
podemos listar que incluem os vírus na classificação A
de Parasita Intracelular Obrigatório e não de seres B
vivos? C

2. Observe e analise as duas células a seguir. Agora E


identifique as células 1 e 2, se são procarióticas ou D
eucarióticas, em seguida liste as estruturas que são
comuns a essas células.
F

1 2 G

a) Identifique as estruturas indicadas pelas letras de


A a G.
b) Um estudante do 9°ano escreveu: “A estrutura
identificada por A é rica em lipídios e proteínas e
possui permeabilidade seletiva”. O estudante está
certo? Justifique sua resposta.
c) Qual das estruturas indicadas participa
3. Escreva as reações químicas que representam ativamente da produção de ATP e que está
a fotossíntese e a respiração aeróbica e cite as
presente em células animais e vegetais?
organelas responsáveis por esses processos no
d) A estrutura D apresenta maior quantidade de
interior das células.
qual substância? E qual a importância dessa
4. Qual o principal pigmento envolvido na estrutura para as células vegetais?
fotossíntese? Por que as folhas são verdes? e) Escreva as principais funções da organela E.
f ) Qual a principal molécula orgânica que compõe
5. (FUVEST) Considere três tipos de células do corpo a estrutura A?
de um homem adulto: células epidérmicas, células g) Qual molécula orgânica é produzida pela
do tecido adiposo e espermatozoides. organela C?
a) Em qual dessas células se espera encontrar maior
consumo de energia? Que tipo de organela
citoplasmática essa célula terá em número maior PATO PRETO
do que as demais? Desejamos a
você um feliz
Interessante,
meu aniversário Uma planta! Como
é só em agosto. será que cuido
b) Qual das três células provavelmente eliminará Aniversário!
Amigo.
dela?

mais gás carbônico?


6. (UFES) A hipótese de que as mitocôndrias
teriam surgido a partir de bactérias que, em algum
momento do processo evolutivo, associaram-se a
Preciso
uma célula eucariótica, tem alguma sustentação descobrir Planta exótica e rara,
...PATOS?
alimenta-se de aves
científica. Cite três argumentos que fundamentam aquáticas, como...
essa hipótese.

Citologia e Organelas celulares 117


8. As plantas carnívoras possuem glândulas 10. (CECIERJ/adaptada) A permeabilidade seletiva
especializadas na produção de enzimas digestórias, da membrana plasmática está relacionada à sua
e essas enzimas auxiliam nas reações químicas. Os estrutura química, basicamente formada por uma
produtos gerados, após a digestão do material, serão bicamada constituída de lipídios e proteínas. Em
reabsorvidos pelas células das plantas via citoplasma função disso, são necessários diferentes mecanismos
para então serem usados pelo metabolismo da de entrada de compostos químicos nas células,
planta. Considerando a história em quadrinhos e as envolvendo proteínas transportadoras, entre outros
informações acima, responda ao que se pede. processos. Sobre o tema responda:
a) Qual organela terá em predominância nessas Solução Solução Solução
Isotônica Hipotônica Hipertônica
glândulas digestórias, que são capazes de
produzir enzimas?
b) Quais organelas são exclusivas da planta carnívora
(célula vegetal) e não se apresentam nas células
do pato? Cite-as explicando as funções de cada
uma delas.
c) E agora, quais organelas são exclusivas das
células do pato (célula animal)? Faça como o item
anterior: cite-as e explique as funções.
d) Há um humor na tirinha em relação às plantas a) O esquema representa a bomba de sódio e
carnívoras comerem patos. Pesquise, na internet, potássio. Nesse caso é um transporte passivo ou
para descobrir se o pato deve mesmo ficar ativo? Há ação de proteínas transportadoras?
receoso com esse exótico presente. Justifique sua Responda às perguntas em um parágrafo
resposta. explicativo.
b) Há outros tipos de transportes que ocorrem via
9. A representação a seguir demonstra uma célula
membrana plasmática, e, em alguns deles, não há
vegetal, em três condições diferentes, quando
gasto de energia. Cite-os e explique a diferença
analisamos as concentrações de soluto e solvente.
entre eles. Ao responder não se esqueça de
Considerando o que aprendemos, responda:
exemplificar.
11. Analise a tabela para responder aos itens a
seguir:

Organela Função / Características


Produção de energia - Síntese de
A
ATP
Cloroplasto B
Participam diretamente da divi-
C são celular, localizados aos pares
a) Uma célula vegetal túrgida terá o aspecto na célula animal.
representado pela letra C, nesse caso a célula está
Origina-se a partir do núcleo, e
em meio isotônico, hipertônico ou hipotônico?
suas membranas prolongam-se
Justifique sua resposta. D
dando origem a outra organela: o
b) Quando temperamos com sal uma salada com
complexo golgiense.
tomate, cebola e pimentão picados, percebemos,
depois de um tempo, que as células perdem água. Complexo
E
Que processo ocorre nessa situação? E nesse caso Golgiense
qual das imagens, A, B ou C, representaria esse a) Identifique as organelas A - C - D.
processo? Explique. b) Explique a função ou as funções do cloroplasto e
c) Qual ou quais as funções do vacúolo? do complexo golgiense para completar a tabela
d) Qual estrutura presente nas células vegetais corretamente.
impede que essas células se rompam?

118 Capítulo 7
c) Considerando a identificação correta da organela c) Como surge a estrutura 2? E qual a sua principal
A, e com o auxílio da ilustração, faça um parágrafo função?
explicativo, considerando a importância e d) Em uma das imagens apresentadas pelo
função primordial dessa organela para o nosso professor, é possível visualizar o núcleo e nucléolo
metabolismo. com mais detalhes. Imagine que agora você
O que entra O que sai seja ao professor dessa aula de Citologia: Como
você explicaria as funções dessas estruturas aos
Oxigênio
(ar)
Gás carbônico estudantes?
(expiração)
13. Analise o esquema a seguir, que demonstra
um neutrófilo em ação e ainda considere o que
Energia para aprendemos neste capítulo sobre os processos:
manter nosso corpo
em ação endocitose, exocitose e sobre a organela lisossomo.
Glicose A partir disso, produza um pequeno texto explicando
(alimento)
Água como a bactéria será eliminada do corpo.
Neutrófilo

12. (UNIFACIG/ adaptada) Em uma aula de Citologia,


o professor de Biologia utilizou figuras em Power-
Point para explicar, de forma mais clara, o retículo Bactéria

endoplasmático.
Núcleo

Ribossomo Bactéria Núcleo Fagossomo

Neutrófilo

1 Bactéria

Bactéria Núcleo Fagossomo Lisossomo

2
a) A partir dessas imagens, os alunos observaram
os canais membranosos ramificados e achatados
onde estão aderidos os ribossomos em sua
superfície e outra estrutura que não apresenta
ribossomos, respectivamente representados por
1 e 2. Identifique os tipos de retículos estudados
na aula de Citologia.
b) Quais as principais funções da organela 1?

Citologia e Organelas celulares 119


14. A respeito da atuação da água no meio intrace- a) Cloroplasto
lular, analise as frases a seguir: b) Peroxissomo
c) Ribossomo
I. Ela atua como solvente da maioria das substân-
d) Mitocôndria
cias.
e) Retículo endoplasmático
II. Atua na manutenção do equilíbrio osmótico.
III. Constitui meio dispersante. 17. (PUC/RS) O citoplasma celular é composto por
IV. Participa das reações de hidrólise. organelas dispersas numa solução aquosa denomi-
V. Pode ser liberada em reações de síntese. nada citosol. A água, portanto, tem um papel funda-
São funções verdadeiras da água: mental na célula. Das funções que a água desempe-
nha no citosol, qual NÃO está correta?
a) apenas I, II e III.
b) apenas III, IV e V. a) Participa no equilíbrio osmótico.
c) apenas I, III e IV. b) Catalisa reações químicas.
d) I, II, III, IV e V. c) Atua como solvente universal.
d) Participa de reações de hidrólise.
15. VUNESP - A figura indica alguns dos componen- e) Participa no transporte de moléculas.
tes de uma célula vegetal. A célula vegetal se dife-
rencia da 18. (UNICAMP) Em 1967, a bióloga Lynn Margulis
apresentou a Teoria da Endossimbiose, segundo a
qual micro-organismos procariontes originaram or-
ganelas celulares. De acordo com essa teoria, a bac-
téria (1) podia utilizar os fótons que chegavam do Sol
e o gás carbônico da atmosfera para produzir carboi-
dratos e liberar oxigênio. Já a bactéria (2) podia ge-
rar energia com o uso de oxigênio. Posteriormente,
uma célula foi capaz de englobar as bactérias (1) e
(2), sem digeri-las. Essa revolução biológica permitiu
a origem de seres eucariontes e multicelulares. Assi-
nale a alternativa correta quanto à teoria da endos-
simbiose.
a) (1) representa um procarionte fotossintetizante,
a) célula bacteriana pela presença de membrana e (2) representa um procarionte anaeróbio. Os
plasmática e de DNA. procariontes forneciam energia à célula que os
b) célula animal pela presença de mitocôndrias e do englobou, e a célula hospedeira fornecia água e
núcleo. oxigênio.
c) célula bacteriana pela presença de parede celular b) (1) representa um procarionte fermentador,
e de ribossomos. e (2) representa um procarionte aeróbio. Os
d) célula animal pela presença do complexo procariontes forneciam enzimas à célula que os
golgiense e do retículo endoplasmático. englobou, e a célula hospedeira fornecia proteção.
e) célula animal pela presença de parede celular e c) (1) representa um procarionte fotossintetizante,
de cloroplastos. e (2) representa um procarionte aeróbio. Os
procariontes forneciam energia à célula que os
16. (URCA) A principal característica de uma célula englobou, e a célula hospedeira fornecia proteção.
procarionte é a ausência de um núcleo delimitado. d) (1) representa um procarionte fermentador, e
Nessas células, observa-se apenas um local (nucleoi- (2) representa um procarionte anaeróbio. Os
de) contendo DNA circular (DNA cromossômico) não procariontes forneciam enzimas à célula que os
associado a proteínas histonas. Que organela é com- englobou, e a célula hospedeira fornecia água e
partilhada entre células procarióticas e eucarióticas? oxigênio.

120 Capítulo 7
19. (URCA) O acrossomo é um grande grânulo secre- d) isotônica, ou seja, com a mesma concentração
tório que rodeia e recobre a borda anterior da cabe- do plasma sanguíneo para manter o equilíbrio
ça dos espermatozoides, possui enzimas necessárias osmótico.
para fazer com que o espermatozoide penetre ou se
22. (IFPR) A silicose é uma doença pulmonar causa-
fusione com a membrana plasmática do óvulo para
da pela inalação de pó de sílica, que já foi comum em
realizar a fecundação, a denominada reação acros-
trabalhadores de pedreiras e minas, cujos pulmões
sômica. Qual organela é responsável pela origem do
perdem aos poucos sua capacidade respiratória.
acrossomo no espermatozoide?
Aparentemente, as partículas de sílica provocam a
a) Mitocôndria destruição das membranas de organelas citoplas-
b) Retículo endoplasmático rugoso máticas, que contêm enzimas, liberando-as no cito-
c) Retículo endoplasmático liso plasma. Essas enzimas liberadas destroem a própria
d) Lisossomos célula e as células vizinhas, ocorrendo na região a
e) Complexo de Golgi formação de um material fibroso, reduzindo assim a
capacidade respiratória do pulmão. As organelas ci-
20. (VUNESP) Pesquisadores caracterizaram uma toplasmáticas em questão são:
nova família de toxinas antibacterianas presente em
bactérias como a Salmonella enterica. Nesta espécie, a) Mitocôndrias.
a proteína tóxica é usada para matar outras bactérias b) Cloroplastos.
da microbiota intestinal e facilitar a colonização do c) Lisossomos.
intestino de hospedeiros infectados. A proteína tóxi- d) Centríolos.
ca ataca precursores de formação da parede celular
23. (PUC) A Figura a seguir ilustra a Teoria da En-
bacteriana. Dessa forma, a bactéria-alvo que é intoxi-
dossimbiose. Tal teoria explica a evolução de uma
cada continua crescendo, porém sua parede celular
organela, presente em todas as células eucarióticas,
fica bastante enfraquecida.
denominada
(André Julião. https://agencia.fapesp.br, 14 set, 2020. Adaptado.)

Uma maneira de neutralizar a ação da Salmonella


enterica e de uma bactéria-alvo intoxicada por ela
seria mantê-las, respectivamente, em soluções
a) hipotônica e hipertônica.
b) hipertônica e hipotônica.
c) isotônica e hipotônica.
d) hipertônica e isotônica.
e) hipotônica e isotônica.
21. (UEMG) Para uma pessoa que apresenta sinto-
mas de desidratação, a medida correta é a aplicação
de soro - uma solução aquosa com concentração de
NaCl (cloreto de sódio). Para tanto, essa solução de-
verá ser
a) hipertônica, ou seja, um pouco acima da
concentração do plasma sanguíneo para
restabelecer o equilíbrio osmótico. a) lisossomo.
b) hipotônica ao máximo, ou seja, com uma b) mitocôndria.
concentração bem inferior à concentração c) retículo endoplasmático.
do plasma sanguíneo para restabelecer mais d) complexo de Golgi.
rapidamente o equilíbrio osmótico. e) vacúolo.
c) hipotônica, ou seja, um pouco abaixo da
concentração do plasma sanguíneo para repor 24. (FAG) - O uso de vinagre e sal de cozinha em uma
a quantidade de água perdida e manter a salada de alface, além de conferir mais sabor, serve
concentração de sal. também para eliminar microrganismos causadores
de doenças, como as amebas, por exemplo. O incon-

Citologia e Organelas celulares 121


veniente do uso desse tempero é que, depois de al- 26. (URCA) Qual das alternativas abaixo descreve
gum tempo, as folhas murcham e perdem parte de corretamente um dos processos de transporte atra-
sua textura. Esses fenômenos ocorrem porque vés da membrana plasmática?
a) as amebas morrem ao perderem água a) Sabe-se que uma célula humana é capaz de
rapidamente por osmose. Já as células da alface englobar, por dia, quantidades de líquidos
possuem um envoltório que mantém sua forma superiores a várias vezes seu próprio volume,
mesmo quando perdem água por osmose e, por algo equivalente a uma pessoa de 70 kg beber
isso, murcham mais lentamente. 200 litros de líquido por dia. Compreende-se do
b) tanto as amebas quanto as células da alface exposto, ser este, um processo denominado de
não possuem barreiras para a perda de água Pinocitose.
por difusão simples. Ocorre que, no caso da b) Compreende-se a Fagocitose como um processo
alface, trata-se de um tecido, e não de um único pelo qual células glandulares secretam seus
organismo, portanto a desidratação é notada produtos.
mais tardiamente. c) Quando o corpo humano é invadido por bactérias,
c) as amebas morrem ao perderem água por osmose, a primeira defesa corporal ocorre por Exocitose.
um processo mais rápido. Em contrapartida, d) A manutenção das diferenças de concentração
as células da alface perdem água por difusão dos íons K+ e Na+ (e de outros íons) dentro e fora
facilitada, um processo mais lento e, por isso, da célula é fundamental para o funcionamento
percebido mais tardiamente. celular. Neste sentido, pode-se denominar este
d) o vinagre, por ser ácido, destrói a membrana processo como Osmose.
plasmática das amebas, provocando sua morte. e) Nesse momento, poros de passagem de íons
No caso da alface, o envoltório das células não é nas membranas das células nervosas estão
afetado pelo vinagre, mas perde água por difusão continuamente se abrindo e se fechando,
simples, provocada pela presença do sal. permitindo captar estímulos do ambiente e
e) nas amebas, a bomba de sódio atua fortemente transmiti-los ao cérebro, onde são interpretados.
capturando esse íon presente no sal, provocando Essa ação caracteriza-se como uma Difusão
a entrada excessiva de água e causando a morte Facilitada.
desses organismos. As células da alface não
possuem tal bomba e murcham por perda de 27. (UECE) As organelas presentes em células euca-
água por osmose. rióticas que contêm enzimas oxidases, responsáveis
por decompor aminoácidos e lipídios; e enzima cata-
25. (ENEM) Uma cozinheira colocou sal a mais no lase, responsável por livrar a célula de resíduos tóxi-
feijão que estava cozinhando. Para solucionar o pro- cos, são denominadas de
blema, ela acrescentou batatas cruas e sem tempero
a) ribossomos.
dentro da panela. Quando terminou de cozinhá-lo,
b) peroxissomos.
as batatas estavam salgadas, porque absorveram
c) centrossomos.
parte do caldo com excesso de sal. Finalmente, ela
d) retículos endoplasmáticos.
adicionou água para completar o caldo do feijão. O
sal foi absorvido pelas batatas por 28. (IF Sul) Um aluno, após estudar, em uma aula de
a) osmose, por envolver apenas o transporte do Biologia, sobre os tipos de transporte passivo que
solvente. podem ocorrer através de uma membrana, decidiu
b) fagocitose, porque o sal transportado é uma realizar um experimento a fim de verificar de forma
substância sólida. prática a osmose. Abaixo estão descritos todos os
c) exocitose, uma vez que o sal foi transportado da passos realizados pelo aluno, na ordem em que ocor-
água para a batata. reram, para concluir o experimento:
d) Pinocitose, porque o sal estava diluído na água 1º Passo: Um ovo de galinha foi exposto a vinagre
quando foi transportado. por 48 horas para a completa retirada da casca de
e) Difusão, porque o transporte ocorreu a favor do carbonato de cálcio que o recobre;
gradiente de concentração. 2º Passo: O ovo, sem casca e cru, foi mergulhado
rapidamente em água mineral para a retirada de
qualquer vestígio da casca;

122 Capítulo 7
3º Passo: O ovo, sem casca e cru, foi totalmente humano, na tentativa de realizar o tratamento de
encoberto por uma solução supersaturada de açúcar reposição a pacientes com deficiência dessa proteí-
por um período de 24 horas; na. O isolamento da molécula será feito do meio de
4º Passo: O aluno verificou o resultado do cultivo onde o fungo cresce. Cinco linhagens foram
experimento. avaliadas para a determinação de qual é a mais ade-
quada para a produção de somatotropina, em fun-
Com base nos seus conhecimentos sobre transporte ção das organelas presentes.
através de membrana, assinale a alternativa que indica A linhagem que deve ser selecionada para a produção
o resultado do experimento e a conclusão do aluno. do hormônio é a:
a) O ovo de galinha ficou túrgido devido ao ganho
de água, resultado que permitiu que o aluno Linhagem
concluísse que, no transporte denominado de
Organela 1 2 3 4 5
osmose, a água se movimenta de uma solução
Lisossomo ++ ++++ + +++++ ++
muito concentrada para uma solução pouco
concentrada. Mitocôndria +++ +++ +++++ ++ +++
b) O ovo de galinha ficou plasmolisado devido ao Peroxissomo + + +++ + ++
ganho de água, resultado que permitiu que o Complexo
+++++ ++ ++ +++ ++
aluno concluísse que, no transporte denominado de Golgi
de osmose, a água se movimenta de uma solução Retículo
pouco concentrada para uma solução muito endoplas- ++ +++ + +++++ +++
concentrada. matico liso
c) O ovo de galinha ficou túrgido devido à perda Retículo en-
de água, resultado que permitiu que o aluno doplasmati- +++++ ++ + ++ +++
concluísse que, no transporte denominado de co rugoso
osmose, a água se movimenta de uma solução
Composição de organelas em cinco linhagens de leveduras.
muito concentrada para uma solução pouco A escala varia de + (pequena quantidade) a +++++ (grande
concentrada. quantidade).
d) O ovo de galinha ficou plasmolisado devido à
a) 1.
perda de água, resultado que permitiu que o
b) 2.
aluno concluísse que, no transporte denominado
c) 3.
de osmose, a água se movimenta de uma solução
d) 4.
pouco concentrada para uma solução muito
e) 5.
concentrada.
29. (ENCCEJA) Em um experimento, comparando 31. (VUNESP) Alguns sais minerais se deslocam, a
favor do gradiente de concentração, do solo para o
quatro plantas aquáticas da mesma espécie, um pes-
quisador mergulhou cada planta em um aquário pre- interior das células da raiz de uma planta, por meio
__________________. Isso promove um aumento na
enchido com água. Feito isso, ele expôs cada aquário
concentração intracelular, favorecendo a entrada de
a uma intensidade diferente de luz e observou que,
água nas células da raiz por ______________.
das quatro plantas, a que estava no aquário sob a
maior intensidade luminosa liberou maior quantida- As lacunas do texto devem ser preenchidas,
de de bolhas. O fenômeno comum nas plantas, que respectivamente, por:
explica os resultados observados no experimento ci-
a) do transporte ativo – difusão simples.
tado, é a
b) da difusão simples – osmose.
a) formação de gases pela evaporação da água. c) da osmose – bombeamento iônico.
b) liberação de gás carbônico pela respiração. d) do bombeamento iônico – difusão facilitada.
c) eliminação de oxigênio pela fotossíntese. e) do transporte passivo – transporte ativo.
d) produção de gases pela fermentação.
30. (UFPR) Uma empresa de biotecnologia está de-
senvolvendo linhagens de leveduras para a produ-
ção de hormônio do crescimento (somatotropina)

Citologia e Organelas celulares 123


No capítulo anterior, estudamos as organelas celulares e suas funções no metabolismo celular.
Agora vamos aprofundar na estrutura que podemos considerar como o “comandante” da célula, o
núcleo, e os processos de divisão celular.
Já sabemos que o núcleo é onde se localiza os ácidos nucleicos - DNA e RNA - polímeros naturais
formados por nucleotídeos (monômeros destas moléculas), que nas células eucarióticas esse mate-
rial genético está delimitado pela carioteca e no seu interior há a cromatina e o nucléolo. Lembrando
que as células procarióticas, mesmo não havendo a carioteca, possui material genético disperso
pelo citoplasma.
Como as células se reproduzem? Como crescemos? Quando nos machucamos, como os tecidos se
regeneram? Quantas células formam o nosso corpo? Como os embriões são formados? Por que so-
mos diferentes? Como surgem tantas característica diferentes na mesma espécie? As respostas para
essas e outras perguntas que possam surgir estão em dois processos muitos importantes: mitose e
meiose.
Mas, antes de compreender a mitose e meiose, vamos conhecer e aprender alguns termos e con-
ceitos básicos, que serão importantes para este capítulo e os próximos.

124 Capítulo 8
No interior do núcleo, há a cromatina, formada pelas cadeias de DNA (ácido desoxirribonucleico), além das
proteínas especiais chamadas histonas, que auxiliam na compactação e na descompactação do DNA. Não fique
surpreso, mas temos cerca de 2 metros de DNA em cada célula do corpo humano, e são essas proteínas que
auxiliam na condensação para que tudo fique no interior do núcleo. Esses filamentos enovelados formam os
cromossomos, que participam ativamente dos processos de divisão celular.
Usualmente as cromatinas são classificadas em dois tipos: eucromatina e heterocromatina; e essa denomina-
ção tem a ver com o grau de condensação, sendo que eucromatina é menos condensada e participa ativamente
da codificação genética, nos processos de tradução e transcrição; já a heterocromatina é bem condensada e
praticamente inativa no interior do núcleo, cerca de 10% da cromatina é formada por heterocromatina e os 90%
restantes, de eucromatina.
Cromossomo
Telômero
Centrômero
Célula humana
Histonas
Mitocôndria
Núcleo
Retículo endoplasmático
Cromátide
Complexo golgiense
Telômero

Cílios
Membrana plasmática
DNA (dupla hélice)

Adenina
Guanina
Nucleotídeos
Citosina
Timina

Na imagem está em destaque um cromossomo, que, como já citamos, é formado pelo DNA e apresenta vários
genes. O número de cromossomos pode variar entre as espécies; por exemplo, no ser humano há 46 cromosso-
mos, já nos cachorros há 76 cromossomos, nos gatos domésticos há 78 cromossomos, a mosca das frutas (drosó-
fila) possui 8, e o arroz tem no seu núcleo 24 cromossomos.
O gene nada mais é que a unidade física e funcional da hereditariedade, capaz de transmitir as informações
genéticas de uma geração a outra. Cada gene é um segmento da molécula de DNA, que contém a instrução ge-
nética e com a participação do RNA (ácido ribonucleico) e dos ribossomos, que sintetizam proteínas específicas.
O lugar ou posição que o gene ocupa ao longo dos cromossomos, chamamos de locus gênico.

1 Tipos de cromossomos
Os cromossomos são classificados de acordo com o posicionamento do centrômero. Os centrômeros são
constrições que dividem o cromossomo em 2 braços, que são chamados de cromátides e terão participação ati-
va no processo de divisão celular. Quando duas cromátides são de um mesmo cromossomo, podemos chamá-las
de cromátides irmãs. Há ainda uma parte do cromossomo chamada de telômero, que fica na extremidade dos
cromossomos, protegendo-os de possíveis degradações.
a) Metacêntrico: o centrômero está no centro do cromos-
somo.
b) Submetacêntrico: o centrômero não está no meio, e as Centrômero
Braço curto

cromátides possuem tamanhos diferentes. Braço


longo
c) Acrocêntrico: o centrômero está próximo a uma das ex-
tremidades, formando um braço maior e um bem menor.
Metacêntrico Submetacêntrico Acrocêntrico Telocêntrico
d) Telocêntrico: o centrômero está bem na extremidade.

Divisão celular 125


Curiosidades
Cromossomos homólogos
Cromossomos homólogos

São cromossomos que herdamos de nossos pais e mães e


que se unem aos pares pelo centrômero. Eles possuem mes-
ma forma, tamanho, posição do centrômero e além dos mes-
Mesma Replicação
mos loci gênicos (loci, plural de locus). forma

São encontrados em células diploides, assim chamadas por


Mesmo
terem cromossomos aos pares - 2n, sendo n= número de cro- locus gênico

mossomos.
Cromossomos homólogos Cromátides Cromátides
irmãs irmãs

Cariótipo
O conjunto de todos os cromossomos forma o cariótipo, e, como já citamos, o número de cromosso-
mos pode variar bastante entre as espécies.

Cromossomo

Homem

Mulher

No ser humano, como podemos observar, há 23 pares de cromossomos, sendo 22 pares de cromos-
somos homólogos e autossômicos, que não participam da definição do sexo biológico, e 1 par de cro-
mossomos sexuais. Nesse caso, se for homem, terá os cromossomos XY; se for mulher, o par de cromos-
somos será XX.

• Homem: 22 pares de autossomos + 1 par sexual XY


• Mulher: 22 pares de autossomos + 1 par sexual XX
Aprendemos um pouco sobre alguns cariótipos no capítulo 06 (Ácidos Nucleicos), e nele foram apre-
sentados alguns exemplos de cariótipos, com alterações no número de cromossomos que causam mu-
tações e até diferentes síndromes, entre elas a síndrome de Down, também chamada de trissomia do
21, a síndrome de Klinefelter, que ocorre em homens com um cromossomo sexual a mais (XXY), e a
síndrome de Turner, caracterizada pela ausência de um cromossomo sexual X (X0).
As mutações cromossômicas podem ser causadas pela alteração no número de cromossomos, mas há

126 Capítulo 8
também casos em que as mutações decorrem de alterações nas estruturas dos cromossomos. E neste
caso podem ser classificadas em quatro tipos: inversão, translocação, deleção e duplicação. Observe a
imagem, que demonstra cada um desses casos:
Deleção Duplicação Inversão Translocação

Deleção
Parte do cromossomo é perdida, portanto parte do material genético é eliminado.
Duplicação
Parte do cromossomo se duplica, a parte duplicada se desloca para a cromátide irmã.
Inversão
Parte do cromossomo se quebra e, ao se juntar novamente, tem a posição de genes invertida.
Translocação
Uma parte do segmento de um cromossomo é trocado com cromossomos não homólogos.

O cariótipo a seguir demonstra um exemplo de mutação conhecida como Cromossomo Filadélfia, no


qual ocorre a translocação entre os cromossomos 9 e 22. Nesse caso, por não ser nos cromossomos se-
xuais, pode acometer mulheres e homens e é considerada uma mutação gênica, na qual o cromossomo
9 transfere um gene para o cromossomo 22, e na sequência o cromossomo 22 também transfere o gene
para o cromossomo 9.

Cariótipo do cromossomo Filadélfia (mulher ou homem)

A consequência dessa translocação é a Leucemia Mieloide Crônica, sigla LMC; esse câncer tem ação
lenta e ocorre ao longo da vida, nas células da medula óssea, causando uma produção exagerada de
glóbulos brancos. Inicialmente as pessoas acometidas com a LMC costumam ser assintomáticos (sem
sintomas), depois surgem sintomas como fraqueza, anorexia, perda de peso, febre, sudorese noturna,
com o avanço da doença podem ocorrer sangramentos e tais pessoas serem acometidas com outros
tipos de cânceres.

Divisão celular 127


Formação do câncer

Célula normal Célula cancerosa


Duplicação Câncer

Os cânceres têm relação direta com as mutações e a divisão celular. Algumas células podem apresentar alte-
rações no DNA, e a célula passa a receber instruções que causam, na divisão celular, a formação de réplicas de
“células defeituosas”, e, por sucessivas mitoses, causam o acúmulo de células cancerosas, o que leva a uma futura
formação do tumor. Aqui citamos um exemplo de células cancerosas na medula óssea, mas há inúmeros tipos de
câncer que acometem diferentes tecidos e órgãos.
Vamos lembrar que nem todas as mutações causam problemas de saúde, algumas podem apenas aumentar
a variabilidade genética em uma espécie com o aparecimento de novas características. Você vai aprender mais
nos próximos capítulos de Genética e evolução. Agora vamos compreender o mecanismo da divisão celular com
mais detalhes.

Divisão celular
O processo de divisão celular é fundamental na reprodução e no desenvolvimento dos seres vivos. A mitose
proporciona a formação de células-filhas idênticas à célula-mãe, como o mesmo número de cromossomos. Já
a meiose tem papel fundamental na formação dos gametas, células especializadas na reprodução, carregando,
dentro do núcleo, parte do material genético do ser parental. Vamos agora compreender as etapas e fenômenos
que ocorrem em cada uma delas.

2 Mitose
Esse tipo de divisão celular ocorre nas células somáticas, que não possuem função reprodutiva, portanto a
maioria das células do corpo de um indivíduo está diretamente envolvida nos processos de crescimento, regene-
ração de tecidos e no desenvolvimento do corpo. No núcleo dessas células, os cromossomos estão aos pares - 2n,
assim tais células podem ser chamadas de células diploides.
Alguns seres vivos unicelulares utilizam a mitose como reprodução, nesse caso assexuada;
alguns exemplos são as amebas por bipartição e as esponjas (poríferos), animais invertebra-
dos, que realizam a mitose e se reproduzem por brotamento.
Para se ter a ideia da importância da mitose, basta lembrar que todos nós surgimos de um
zigoto, e que, após sucessivas mitoses, ainda no período gestacional, o embrião multiplica o
número de células; ao atingirmos a fase adulta, podemos alcançar e até ultrapassar 10 trilhões
de células com tamanhos, formatos, funções bem diversificadas e que ainda assim trabalham
de maneira integrada.
Desenvolvimento do embrião humano

Zigoto 2° estágio celular 4° estágio celular 16° estágio celular


(óvulo fertilizado) (24 horas) (48 horas) (72 horas)

128 Capítulo 8
Saiba+
Ciclo celular
Antes de conhecer os detalhes da mitose, é importante o entendimento de que a célula não está sempre se
dividindo. Na verdade boa parte do ciclo celular não é a divisão celular em si, a maior parte do ciclo de uma
célula está no processo chamado INTERFASE.
Observe o gráfico para compreender melhor:
G2 (2º intervalo) M (Mitose)

ento celular
scim
e Citocinese
Cr

M
ito
se
R e p li c a ç

r
S (Síntese do DNA)

celu la
ão

to
G1 (1º intervalo)
do

en
NA

im
c
D

es
Cr

G1 (1º intervalo): Primeira fase da interfase, período de intensa atividade metabólica, no qual as células
crescem e acumulam nutrientes, principalmente proteínas, e há produção do DNA.
S - Síntese do DNA: Nessa fase ocorre a duplicação do DNA em cada cromossomo, o resultado desse pro-
cesso são as cromátides irmãs, que estão unidas pelos centrômeros, formando os cromossomos homólogos.
G2 (2º intervalo): Agora que o DNA está duplicado inicia-se a fase final para o dar início à mitose em si.
Nessa etapa há grande produção de ATP, e o metabolismo celular sintetiza proteínas para iniciar a mitose.
Dependendo do tipo de célula, após a mitose, as células filhas voltam ao ciclo celular e continuam sua divi-
são celular; um exemplo são as células do embrião, que vão se dividindo e promovendo o desenvolvimento
do indivíduo. Outras células podem ter um ciclo mais lento e muitas vezes podem até permanecer em longos
períodos de repouso, sem se dividir, a exemplo dos neurônios. Quando a célula está em estado de repouso,
pode-se dizer que está na fase G0, que neste caso não foi representada na figura.

Uma vez que o material genético está duplicado, inicia-se a MITOSE. As etapas para a formação de duas célu-
las-filhas (2n) a partir de uma única célula (2n) são: prófase, metáfase, anáfase e telófase.
Vamos estudar cada uma delas, mas antes vamos relembrar a participação de uma organela assunto que já
aprendemos, no capítulo anterior: os centríolos – eles participam ativamente da divisão celular e também pos-
suem a capacidade de se autoduplicarem.
Centríolo
Os microtúbulos que os compõem formam o fuso acromático, que auxilia na or-
ganização dos cromossomos e na forma da célula, e são compostos por fibras e pro-
teínas. As proteínas dos microtúbulos auxiliam no posicionamento das organelas
durante a divisão celular e podem inclusive auxiliar na formação dos cílios e flagelos
Microtúbulos
em seres unicelulares.

Divisão celular 129


Prófase Prófase
Essa etapa é primeira e a mais longa da mitose, nela ocorre a condensação do Prófase

DNA, que foi duplicado na interfase. Esse nível de condensação das cromátides é Centríolos
possível de ser visualizado em microscópio óptico. A membrana nuclear (cariote-
ca) começa a formar aberturas (vesículas), e, até o final da prófase, ela desaparece.
Os centríolos, que já estão duplicados, formam o fuso acromático, também cha- Membrana
nuclear
mado de fuso mitótico e começam a migrar para polos opostos da célula.
Cromossomos

Curiosidades
Prometáfase
Alguns autores consideram que há outra etapa antes da metáfase, que seria a
Cinetócoro
prometáfase: marcada pelo desaparecimento da carioteca e a partir daí os cromos- microtúbulos

somos estão soltos no citoplasma. Microtúbulos


polares

Não vamos considerar essa divisão, mas vale a pena compreender esse tipo de Centríolos
classificação, como a prófase é a etapa mais longa da mitose, alguns autores a di-
videm em duas fases.

Metáfase
Metáfase
Essa etapa inicia-se após o desaparecimento da carioteca, as fibras proteicas
formadas pelos centríolos, no fuso mitótico, atraem e ligam-se aos cromosso-
mos, que nessa fase estão na região equatorial da célula. Aqui as cromátides
apresentam o maior grau de condensação.
Anáfase
Nessa etapa os centrômeros dos cromossomos são duplicados, curiosamente
esta fase é a mais curta da mitose. As cromátides irmãs se separam e iniciam a
Placa metafásica
migração para as extremidades da célula, com auxílio das fibras, que compõem
o fuso mitótico. Essas fibras começam a se encurtar, e é possível perceber o alon-
Anáfase
gamento da célula preparando-se para a próxima etapa. Cromátides irmãs

Telófase
Chegando à última fase, os cromossomos iniciam a descondensação, e for-
mam o emaranhado cromatina e voltam a produzir RNA. As organelas iniciam
sua reorganização, e a membrana nuclear e o nucléolo voltam a ser formados.
O fuso acromático desaparece e finaliza-se essa etapa com a formação de 2
Membrana plasmática Clivagem Citoplasma
células-filhas, com igual quantidade de cromossomos.
O citoplasma divide-se, pelo processo conhecido como citocinese, e a as cé-
lulas são totalmente separadas e individualizadas.
Telófase
Nucléolo

Finalizamos aqui a mitose, apresentando todas as etapas e ações que ocorrem


em uma célula animal. Mas antes de continuarmos, precisamos parar e questio-
nar: Como ocorre a citocinese nas células vegetais, já que elas não possuem centrí-
olos?

Membrana nuclear Clivagem Centrômero

130 Capítulo 8
Nesse caso a citocinese ocorre graças ao complexo golgiense, que produz vesículas ricas em pectina (polissa-
carídeo) e que vão se acumulando na região mediana da célula; esse acúmulo de vesículas é chamado de frag-
moplasto, que auxiliará na formação das lamelas médias. Esse acúmulo, principalmente, de pectina e celulose de
dentro para fora da célula formará tanto a lamela média quanto a parede celular das células-filhas, e concluindo
a citocinese.

Saiba+
Cientistas descobrem nova organela celular que poderá auxiliar a prevenir o câncer
Uma equipe de cientistas da Faculdade de Medicina da Uni-
versidade de Virgínia (UVA), nos EUA, anunciou, em 2019, ter
descoberto uma nova função para uma organela recém-des-
coberta nas células humanas. As organelas são estruturas que
têm o formato de compartimentos marcados por membranas
e funções específicas. Segundo os pesquisadores, esta nova
organela surge apenas em certos momentos, e tem a função
de ajudar a prevenir a ocorrência de câncer ao assegurar que
o material genético seja separado corretamente durante a
divisão celular. O estudo foi publicado na revista Nature Cell
Biology.
Os pesquisadores relacionaram problemas nesta organela com um subconjunto de tumores de câncer de
mama nos quais ocorre grande número de erros durante a separação de cromossomos. Surpreendentemen-
te, eles descobriram que suas análises oferecem uma nova maneira de classificar tumores de pacientes e de
escolher as melhores terapias para eles. A equipe espera que as descobertas permitam aos médicos perso-
nalizar melhor os tratamentos para beneficiar pacientes — poupando até 40% das pacientes com câncer de
mama de um tratamento invasivo que não será eficaz, por exemplo.
“Uma porcentagem de mulheres tratadas com quimioterapia para o câncer de mama não responde ao
tratamento. Elas sentem dor e os cabelos caem. Se o tratamento não está de fato curando a doença, é algo
trágico”, diz o pesquisador P. Todd Stukenberg, do Departamento de Bioquímica e Genética Molecular da
UVA e do Centro de Câncer da mesma Universidade. “Um dos nossos objetivos é desenvolver novos testes
para determinar se um paciente responderá a um tratamento quimioterápico, para que eles possam encon-
trar um tratamento eficaz imediatamente”.
A organela que desaparece
A organela que Stukenberg e sua equipe descobriram é essencial, mas efêmera. Ela se forma somente
quando necessário, a fim de garantir que os cromossomos sejam separados corretamente, e desaparece
quando seu trabalho é concluído. Essa é uma razão pela qual os cientistas não a descobriram antes. Outro
motivo é sua natureza estranha: Stukenberg compara-a com uma gota de líquido que se condensa dentro
de outro líquido. “Quando vi isso no microscópico, fiquei impressionado”, diz ele.

Divisão celular 131


Essas gotículas agem como tigelas de mistura, reunindo certos ingredientes celulares para permitir que
reações bioquímicas ocorram em um local específico. “O que é surpreendente é que as células têm essa nova
organela e certas coisas são atraídas para ela, enquanto outras são excluídas”, diz Stukenberg. “As células
enriquecem as coisas dentro da gota e, de repente, novas reações bioquímicas aparecem apenas naquele
local. É algo incrível.”
É tentador pensar nessa gota como óleo na água, mas, na verdade, ela é o oposto disso. O óleo é hidrofó-
bico — ou seja, repele a água. Essa nova organela, no entanto, é mais sofisticada. “É mais parecida com um
gel, onde os componentes celulares ainda podem entrar e sair, mas contém locais de ligação que concen-
tram um pequeno conjunto de conteúdos das células”, explica Stukenberg. “Nossos dados sugerem que essa
concentração de proteínas é realmente importante. Dentro desta gota, podemos obter reações bioquímicas
complexas que eu não consigo reconstituir em um tubo de ensaio, mesmo tentando há anos. Esse é o ‘molho
secreto’ que faltava.”
Melhores tratamentos contra o câncer
Além de nos ajudar a entender a mitose — processo em que as células se dividem —, a nova descoberta
também dá mais informações sobre o câncer e como ele ocorre. A principal função da organela é corrigir
erros em pequenos “microtúbulos” que separam os cromossomos quando as células estão se dividindo. Isso
garante que cada célula termine com o material genético correto. No câncer, porém, esse processo é defeitu-
oso, o que pode levar as células cancerígenas a se tornarem mais agressivas.
A equipe também desenvolveu testes para medir a quantidade de erros de segregação cromossômica em
tumores, e espera que isso permita que os médicos escolham o tratamento mais adequado para pacientes
com câncer. Além de estudar o câncer de mama, ele planeja examinar o papel da estranha organela no cân-
cer colorretal.
Fonte: <https://newslab.com.br/cientistas-descobrem-nova-organela-celular-que-podera-auxiliar-a-prevenir-o-cancer> Acesso
em: 13 ago. 2021. Adaptado.

Apoptose x Necrose
Aprendemos que, a partir da mitose, nossas células dividem-se, possibilitando a formação e a regeneração dos
tecidos, órgãos, sistemas, além do crescimento do corpo ou até mesmo a formação de novos organismos, como
o caso de alguns seres unicelulares. Mas, completando o ciclo de vida, tudo que nasce, cresce, desenvolve, um
momento morre. E isso acontece com nossas células: diariamente várias células do nosso corpo morrem. Há duas
maneiras de uma célula “morrer”:
Apoptose: Nesse processo é como se a célula regulasse sua autodestruição, a célula continua sintetizando
proteínas, e o metabolismo está funcionando, portanto há consumo de energia. Durante a apoptose, a mem-
brana plasmática cria bolhas, iniciando uma retração celular e o surgimento dos “corpos apoptóticos” que serão
fagocitados.
A apoptose ocorre em situações, tais como: renovação celular removendo as células velhas ou com mutação
(que podem até causar o câncer), destruição de células infectadas por vírus (resposta imunológica) e, na fase
embrioná­ria, na formação dos dedos das mãos e dos pés, os quais por apoptose tiveram seus tecidos “modela-
dos”.
Essa autodestruição é um dos principais fatores que promovem o equilíbrio no corpo; todo esse processo não
causa nenhuma ação inflamatória. Portanto, as apoptoses podem ser em resposta a necessidades fisiológicas do
corpo ou por efeitos patológicos, em resposta imune.
Um exemplo fisiológico e natural ocorre nos sapos, durante a metamorfose, os girinos perdem a cauda por
apoptose das células que a compõem, em um processo programado que faz parte do ciclo de vida do animal.

132 Capítulo 8
Necrose: em oposição à apoptose, neste não há gasto de energia, devido a uma lesão (por exemplo, machu-
cado ou contato com substâncias tóxicas), ocorre a parada do metabolismo celular, alterando o funcionamento
inclusive da membrana plasmática.
Inicia-se um processo de “inchaço celular”, provocado pelo acúmulo de líquido, as organelas e inclusive o nú-
cleo são destruídos progressivamente. Esse inchaço causa o rompimento da membrana plasmática, todas as
células vizinhas sofrerão uma reação inflamatória devido à liberação dos restos celulares na região afetada; esse
processo pode avançar e destruir todo o tecido.
A célula divide-se em vários corpos
Formação de bolhas apópticos, que serão fagocitados.
(protuberâncias) Sem inflamação.

APOPTOSE

Célular
normal

NECROSE

Aumento celular Ruptura da membrana plasmática.


Destruição da célula e do núcleo.
Há inflamação.

3 Meiose
Esse tipo de divisão celular ocorre para formar os gametas, células reprodutivas ou Meiose
germinativas, no caso dos seres humanos: os espermatozoides e os óvulos (ovócitos).
Diferentemente da mitose, ao final da meiose formam-se quatro células-filhas com a
metade do número de cromossomos, portanto células haploides (n), sendo n = número
de cromossomos.
Após a formação dos gametas, dentro do núcleo, conserva-se parte do material gené-
tico do ser parental e, ao ocorrer a fecundação, a partir da reprodução sexual, o zigoto
(embrião) será formado, uma célula diploide (2n). É por isso que a reprodução sexua-
da promove maior variabilidade genética. Nesse momento vamos aprender um pouco
mais sobre essa importante divisão celular, que ocorre em duas etapas: a Meiose I e a
Meiose II.
Meiose I
A meiose I é uma divisão do tipo reducional, ou seja, formam-se duas células haploides
(n) a partir de uma célula-mãe diploide (2n) se reduzindo assim a metade dos cromossomos:

Divisão celular 133


Prófase I
Nessa fase ocorrem importantes processos, a começar pela condensação dos cromos-
somos. Assim os cromossomos, já duplicados, emparelham-se com seu par homólogo, Prófase I
e inicia-se o crossing over, apesar do nome em inglês, e a partir desse fenômeno, é que
há o aumento da variabilidade genética. Mas o que é esse crossing over? Para facilitar
vamos observar a figura a seguir. Em azul está representado o cromossomo homólogo
do pai e, em amarelo o cromossomo homólogo da mãe; na sequência uma parte de
cada uma das cromátides irmãs tem um pedaço do cromossomo permutado. Quando
ocorre essa troca, há a formação de uma nova sequência de genes, o que podemos
chamar de recombinação gênica. Esses pontos de cruzamento das duas cromátides
são conhecidos como quiasmas.
Um exemplo prático é percebido em famílias com irmãos de gestação diferente e em
tempos distintos, os filhos com os mesmos pais apresentam características semelhan-
tes aos pais, mas são diferentes entre si.
Duplicação dos cromossomos Cromossomos
paternos recombinantes

Prófase II

Duplicação dos cromossomos Cromossomos homólogos Cromossomos sem


maternos troca de parte do material a recombinação
genético (crossing over)

O crossing over não é um tipo de translocação, pois a troca de pedaços ocorre no mes-
mo par de cromossomos homólogos. E na translocação a troca de pedaços ocorre entre
pares de cromossomos diferentes, causando problemas sindrômicos ou o surgimento
de cânceres, como já aprendemos neste capítulo.
Prófase
Dando continuidade à prófase I, após o fenômeno crossing over,I inicia-se a formação Metáfase I
do fuso acromático para futura migração dos cromossomos para os polos da célula. Ao
final desta fase, ocorre a completa separação dos cromossomos homólogos, e a mem-
brana nuclear e o nucléolo desaparecem.
Metáfase I
Na metáfase I, os cromossomos estão posicionados na região equatorial da célula,
onde antes estava localizado o núcleo; é perceptível o nível de condensação das cro-
mátides.
Prófase I Metáfase I Anáfase I
Anáfase I
Com o auxílio das fibras do fuso, as cromátides dos cromossomos homólogos sepa-
ram-se e são puxadas para o polo da célula. Observe no esquema que, diferentemente
da mitose, nesta etapa os centrômeros dos cromossomosPrófase
continuam
II mantendo as cro- Metáfase II
mátides irmãs unidas.
Telófase I

rófase I Nessa fase cada extremidade da célula


Metáfase I apresenta um conjunto de cromossomos,
Anáfase I que Telófase I
iniciam a sua descondensação; o nucléolo e a carioteca reaparecem, finaliza-se o pro-
cesso com a citocinese, o citoplasma se divide, e por fim duas células-filhas, agora ha-
ploides (n), são formadas.
Prófase II Metáfase II Anáfase II

134 Capítulo 8
Prófase I Metáfase I
Meiose II
Agora se inicia a outra etapa, que não é mais reducional. A meiose II é considerada
uma etapa equacional, os eventos que ocorrem aqui são semelhantes à mitose, uma
vez que há a separação das cromátides. Vamos compreender cada uma das fases: Prófase II

Prófase II
Nessa fase os centríolos duplicam-se, os cromossomos voltam a se condensar. Ao
final, a carioteca e oPrófase
nucléoloI voltam a desaparecer, e inicia-se
Metáfase I
a formação do fuso Anáfase I
com a participação das fibras proteicas. Os cromossomos ficam “dispersos” no cito-
plasma.
Metáfase II
Prófase II Metáfase II
Nessa fase a participação dos centríolos, já duplicados, é fundamental; todos as
cromátides estão “organizadas” na região equatorial da célula, onde antes ficava o
núcleo. As fibras mantêm essa organização.

I Anáfase II Metáfase I Anáfase I Telófase I


Com a ação das fibras do fuso, ocorre a separação dos centrômeros, assim as cro-
mátides irmãs são puxadas, separam-se e iniciam sua migração para as extremida-
des da célula.
Prófase II Metáfase II Anáfase II
Telófase II
As fibras desaparecem, os centríolos estão posicionados na extremidade junta-
mente com os cromossomos. A carioteca e o nucléolo voltam a ser formados e or-
ganizados; e inicia-se a citocinese, com a divisão do citoplasma. Ao final dessa fase,
quatro células-filhas haploides (n) são formadas e divididas. Aqui os cromossomos
voltam a se descondensar.
O esquema a seguir resume todas as etapas da meiose. É importante lembrar que
II essa divisão ocorreMetáfase
em outrosIIseres vivos, por exemplo: nos vegetais,
Anáfase II as células-fi- Telófase II
lhas são chamadas de esporófito(n) e gametófito (n); nos fungos essas células ha-
ploides são chamadas de esporos, e nos animais os gametas haploides são chama-
dos de espermatozoide e óvulo/ovócito.

MEIOSE

Meiose I

Prófase I Metáfase I Anáfase I Telófase I

Meiose II

Prófase II Metáfase II Anáfase II Telófase II Célula irmã

Divisão celular 135


Diferença entre mitose e meiose

Mitose Meiose

Replicação Replicação

Divisão celular

Divisão celular

2N célula-filha

Mitose Mitose
Ocorre em células somáticas. Ocorre em células reprodutivas / germinativas.
Duas células-filhas são geradas com o mesmo nú-
Quatro células-filhas são geradas com a metade
mero de cromossomos (2n) da célula-mãe (2n) - cé-
número de cromossomos (n) -células haploides.
lulas diploides.
Ocorre uma divisão celular. Dividida em duas meiose I e meiose II.
Fenômeno do crossing over - maior variabilidade
genética.

Saiba+
Você já ouviu falar em gametogênese?
Espermatogênese Oogênese

A gametogênese é o processo de formação dos gametas, e no ser humano há dois tipos:


a) Espermatogênese: gametogênese masculina, que ocorre nos testículos, produzindo os espermatozoi-
des. O inicio se dá na puberdade e prossegue por toda a vida.

136 Capítulo 8
b) Oogênese ou Ovogênese: gametogênese feminina, ocorre nos ovários, que produzem os ovócitos / óvu-
lo; diferentemente dos homens, nas mulheres a produção dos gametas inicia um pouco antes do nascimen-
to, cessa um período, e na puberdade volta o processo com a maturação dos ovócitos. E volta a ser interrom-
pida por volta dos 50 anos de idade (em média) com a menopausa.
Nesses dois processos, ocorre tanto a mitose – com o aumento do número de células – quanto a meiose
que finalizará o processo gerando células-filhas (gametas) com metade do número de cromossomos. Por-
tanto, haverá uma fase de crescimento, depois multiplicação e na sequência maturação. Lembrando que a
produção dos gametas masculinos (n) e dos gametas femininos (n) é fundamental para a perpetuação da
espécie e do aumento da variabilidade genética, a partir do processo de fecundação, no qual o embrião for-
mado (2n) terá parte do material genético do pai e outra parte da mãe.
Agora, curiosamente, alguns seres vivos conseguem se reproduzir com ou sem a fecundação, em um tipo
particular de reprodução chamado de partenogênese. Alguns animais invertebrados (abelhas, formigas,
vespas, vermes, pulgões) e vertebrados (alguns peixes, anfíbios - salamandra - e répteis - lagartos) são capa-
zes de realizar a partenogênese. Vale reforçar que esta não é a única forma de reprodução, mas é uma estra-
tégia de alguns seres vivos conseguirem se reproduzir quando, por exemplo, ocorrem condições ambientais
adversas.
E como isso ocorre? Observe o esquema a seguir, que mostra a partenogênese nas abelhas. A abelha rainha
poderá ter seus ovos fertilizados por um macho e dará origem às fêmeas operárias, que são estéreis, ou até
mesmo a outra fêmea, que será uma futura rainha na colmeia, uma vez que as larvas se alimentam da geleia
real.
Por partenogênese os machos são formados, nesse caso os indivíduos apresentam apenas o material gené-
tico da abelha rainha. Assim, a reprodução é do tipo assexuada, na qual o óvulo se duplica, gera um embrião
sem a fecundação, e terá apenas o material genético da rainha, formando machos haploides.
Macho Rainha
(n) (2n)

Meiose

Espermatozoide Óvulos
haploide diploides
Partenogênese Zangão macho
Mitose (n)

Óvulo fertilizado
Fêmea se alimenta da
Fêmea diploide (2n)
geleia real Rainha
(2n)

Fêmea operária
estéril (2n)

• Khan Academy - Câncer: https://youtu.be/THbke1lRiEY


• Khan Academy - Interfase - ciclo celular: https://youtu.be/THbke1lRiEY
• Descomplica - Quer que desenhe? Mitose e Meiose: https://youtu.be/p4qTpxtJS4o

Divisão celular 137


1. Um professor de Biologia desenhou no quadro
a figura abaixo, para seus estudantes do 9º ano.
Considerando o tema e o desenho feito pelo
professor, responda aos itens a seguir:
I
II
III
IV

V
VI

a) A representação I indica quais células


reprodutoras?
b) Qual fenômeno está implícito na representação
número I?
c) Qual divisão celular representa as numerações II
a) O que é um cromossomo?
a VI? Explique a importância dessa divisão.
b) Por que o professor desenhou as histonas
enroladas no filamento de cromatina? Justifique 4. A ilustração representa o ciclo celular; na maior
sua resposta citando o que são as histonas e qual parte desse ciclo, a célula está em interfase, e só
relação elas têm com a cromatina. depois, ao final do ciclo, ocorre a mitose. A interfase
c) O que é gene? está dividida em fases, representadas pelas letras
d) Quantos cromossomos há nos gametas da G1, S e G2. Sobre o tema e com o auxílio da imagem,
espécie humana? responda aos itens:
2. Observe o esquema, que representa diferentes
tipos de cromossomos - identificados pelas letras
A, B, C e D. Classifique cada um deles e explique a
diferença.
A B

C D

a) Explique, de maneira sucinta, cada uma dessas


fases.
b) As células-filhas representadas após a mitose - M
serão células haploides ou diploides? Justifique
sua resposta.
3. (UFMG – adaptada) Observe o esquema em que c) O que é citocinese?
as representações estão numeradas de I a VI e, em
d) Considerando a resposta do item c, use a letra
seguida, responda aos itens.
C para representar a Citocinese. Na ilustração,
onde você incluiria a letra C?

138 Capítulo 8
5. A ilustração a seguir representa etapas da mitose,
entretanto estão fora de ordem.

a) Identifique cada uma das etapas A- B -C D.


b) Coloque-as na ordem em ocorrem.
c) Em que fase ocorre maior condensação dos
cromossomos?
d) As imagens ilustram os centríolos formados por
microtúbulos. Explique a participação dessas
estruturas no processo de divisão mitótica. Fonte: <https://twitter.com/PiadasNerds>. Acesso em: 14 ago.
2021.
6. (FPS - adaptada) O esquema abaixo ilustra as
etapas do processo de divisão celular. Existem
7. A tirinha acima faz referência, de forma divertida
dois tipos de divisão celular: mitose e meiose.
e até poética, às diferentes fases da meiose.
Considerando que a etapa 1 representa um par de
Considerando o tema e o diálogo, responda:
cromossomos homólogos, analise as etapas ou
fenômenos que ocorrem em 2 - 3 - 4 - 5. Construa um a) Os quadrinhos representam a Meiose I ou
pequeno texto citando o que ocorre em cada uma Meiose II? Que fenômeno lhe permitiu escolher a
das etapas/fenômenos enumerados. resposta?
b) Do 4º para o 5º quadrinho, há indicação de um
fenômeno de grande importância biológica.
Identifique-o e explique o porquê dessa
importância.
c) O que são quiasmas?
d) Que fato ou ação ocorrida no 5º quadrinho, lhe
indicaria a mudança de fase na divisão celular
representada?
e) Se você fosse dar continuidade à tirinha, qual
seria a próxima etapa?
f ) Ao finalizar a divisão celular representada na
tirinha, as células serão haploides ou diploides?
De acordo com sua resposta, ao final seria uma
meiose reducional ou equacional? Justifique.
8. Considerando o tema CÂNCER, responda:
No texto, você deverá usar as palavras e/ou termos a) Qual a relação entre o câncer e a divisão celular?
que se encontram no retângulo a seguir; não esqueça b) Explique a diferença entre as alterações
de diferenciar a mitose e a meiose. cromossômicas do tipo translocação e deleção.
c) Como o processo de apoptose influencia na não
CÉLULAS-FILHAS - CROMÁTIDES - CROMOSSOMOS evolução de um câncer?
- CÉLULAS HAPLOIDES - DUPLICAÇÃO - SEPARAÇÃO d) De acordo com o texto complementar sobre a
- CÉLULAS DIPLOIDES descoberta de uma nova organela, como esta
organela atuaria na prevenção do câncer de mama?
e) Qual outra informação apresentada no texto,
sobre essa nova descoberta, você achou
interessante?

Divisão celular 139


9. (URCA) Cromossomos são filamentos espiralados
de cromatina, existentes, no suco nuclear de todas as
células humanas, o qual é composto por DNA e pro-
teínas, sendo observável durante a divisão celular. Em
células normais, são encontrados 46 cromossomos,
que se organizam em 23 pares homólogos. O estudo
da morfologia dos cromossomos é realizado por fixa-
ção e coloração básica, durante a metáfase da divisão
celular, onde os filamentos se apresentam mais com-
pactos e condensados, o que facilita sua visualização
por microscopia óptica e sua classificação. Observe os
tipos de cromossomos na figura abaixo e assinale a al­ a) meiose em 6; mitose em 5 e 7.
ternativa que apresenta a classificação correta. b) meiose em 5, 6 e 7.
c) mitose em 6; meiose em 5 e 7.
d) mitose em 5; meiose em 6 e 7.
e) mitose em 5 e 6; meiose em 7.
11. (IFSUL - MG) O núcleo eucariótico contém nucle-
oplasma, nucléolo e cromatina delimitados pela ca-
rioteca. A cromatina é associada a proteínas e cons-
titui parte do material genético das células. O núcleo
é responsável pelo metabolismo e pela divisão da
a) I - telocêntrico; II - sub-metacêntrico; III - acrocêntrico; célula. O ciclo celular é o conjunto de processos que
IV - metacêntrico. ocorrem numa célula viva entre duas divisões celu-
b) I - acrocêntrico; II - sub-metacêntrico; III - metacêntrico; lares. Ele consiste na interfase e na mitose. A mitose
IV - telocêntrico. propriamente dita compreende a divisão do núcleo
c) I - metacêntrico; II - sub-metacêntrico; III - telocêntrico; e a citocinese – divisão do citoplasma. Quanto aos
IV - acrocêntrico. componentes do núcleo e dos processos de divisão
d) I - sub-metacêntrico; II - acrocêntrico; III - telocêntrico; mitótica e meiótica e aspectos deles decorrentes, as-
IV - metacêntrico. sinale a alternativa correta.
e) I - metacêntrico; II - sub-metacêntrico; III - acrocêntrico;
IV - telocêntrico. a) Tanto na mitose quanto na meiose, as células-
filhas são geneticamente iguais à célula-mãe.
10. (IF - PE) As FIGURAS 5, 6 e 7 mostram diferen- b) A mitose é uma divisão celular que originará
tes situações nas quais ocorre a divisão celular nos quatro células com o número de cromossomos
organismos vivos. Com relação aos tipos de divisão reduzido pela metade.
celular que ocorrem nos processos ilustrados pelas c) Num óvulo da espécie humana, oriundo da
figuras 5, 6 e 7, é correto afirmar que ocorre meiose, existem 22 cromossomos autossomos
mais o cromossomo sexual X.
d) Os cromossomos homólogos pareados
encontram-se no equador de uma célula em
divisão. Isso caracteriza a metáfase mitótica.
12. (UFT - adaptada) Com relação à reprodução, o
genitor ou genitores transmitem aos descendentes
informações sobre as características da espécie. As-
sim, a transmissão das informações codificadas de
geração para geração constitui a hereditariedade.
Geralmente todas as informações para o funciona-
mento das células eucarióticas, bem como do orga-

140 Capítulo 8
nismo, estão inscritas nos cromossomos. Quanto aos (5) A meiose é uma divisão que ocorre, principal-
cromossomos, leia o texto a seguir: mente, em tecidos epiteliais com a finalidade de
repor as células mortas.
O número de cromossomos varia entre as espé-
cies. Por exemplo, na espécie humana, há 24 tipos 15. (FUNDATEC) Como um processo, a mitose é ex-
de cromossomos (22 + 2 tipos sexuais X ou Y), sen- tremamente semelhante, exceto em pequenos deta-
do a maior parte denominada ___________. Nas lhes, em vegetais e animais, desde as formas menos
células corporais, denominadas células somáticas, especializadas até as mais altamente evoluídas. A
existem ___ cromossomos no núcleo; já o game- mitose é um processo suavemente contínuo e é divi-
ta, óvulo ou espermatozoide, possui _________. dida, arbitrariamente, em diversos estágios ou fases.
Assinale a alternativa que completa CORRETAMENTE Assinale a alternativa correta que descreve as carac-
o texto acima. terísticas da fase chamada de Prófase.
a) autossomos; 24; 02 cromossomos. a) Os centrômeros dos cromossomos longitudinal-
b) homólogos; 46; 23 cromossomos. mente duplos ocupam o plano do equador do
c) homólogos; 23; 02 cromossomos. aparelho mitótico, embora os braços dos cromos-
d) autossomos; 46; 23 cromossomos. somos possam estender-se em qualquer direção.
b) Os cromossomos se encurtam e se espessam for-
13. (UEL) A Síndrome de Down, que afeta um em
mando estruturas alongadas, longitudinalmente
cada mil recém-nascidos, não é uma doença, mas a
duplas, reconhecíveis individualmente dispostos
mais comum das alterações cromossômicas. Trata-se
ao acaso no núcleo.
de uma condição genética que vem acompanhada
c) Ocorre a chegada dos cromossomos filhos nos
de algumas peculiaridades, para as quais os pais de-
polos do fuso, marcando o início dessa fase, que
vem estar atentos desde o nascimento da criança. A
é finalizada com a reorganização dos dois novos
pessoa com síndrome de Down faz parte do univer-
núcleos e sua entrada no estágio G1.
so da diversidade humana e tem muito a contribuir
d) Ocorre a separação das cromátides irmãs da
com desenvolvimento de uma sociedade inclusiva.
metáfase e sua passagem com os cromossomos
Assinale a alternativa que representa, corretamente,
filhos para os polos do fuso.
um cariótipo de portador da Síndrome de Down.
e) Ocorre a formação de vesículas no plano médio
a) 45, X. do aparelho mitótico e a coalescência dessas
b) 46, XX. vesículas a fim de formar uma placa celular que
c) 47, XXY. posteriormente se transformará em lamela média.
d) 47, XY +21.
e) 47, XY +18 16. (UPE) Observe a charge a seguir:
14. (UDESC- adaptada) Embora as divisões celula-
res mitose e meiose sejam realizadas com objetivos
diferentes em alguns aspectos, ambas apresentam
semelhanças. Analise as proposições em relação à in-
formação, e assinale C para certo e E errado.
(1) Em ambas ocorre a duplicação do DNA antes de se
iniciar o processo da divisão celular.
(2) Tanto a meiose quanto a mitose se caracterizam
pela redução no número de cromossomos.
(3) A meiose se caracteriza por duas divisões celula-
res, e o número de cromossomos presentes, no Fonte: imagens Google.
início da divisão, não fica reduzido nas células Sobre o ciclo celular e os eventos que o caracterizam,
originadas ao final do processo. assinale a alternativa CORRETA.
(4) Uma diferença importante entre elas é que na
a) A cromatina (1) irá se condensar, marcando o
mitose ocorre a separação dos cromossomos ho-
início da metáfase, quando os cromossomos (2)
mólogos, enquanto na meiose se separam ape-
se tornam longos e grossos.
nas as cromátides.
b) A cromatina (1) está representada em seu grau
máximo de condensação nos cromossomos (2).

Divisão celular 141


c) A figura (1) está na fase de prófase, enquanto a (2) A duplicação do DNA ocorre durante a fase S da
figura (2) está na interfase. interfase.
d) Na interfase, os filamentos cromossômicos (2) (3) O período G1 é o intervalo entre o término da du-
permanecem condensados dentro do núcleo. plicação do DNA e a próxima mitose.
e) O cromossomo (2) é do tipo telocêntrico. (4) O período G2 é o intervalo de tempo que ocorre
desde o fim da mitose até o início da duplicação
17. A ilustração representa uma etapa da divisão ce- do DNA.
lular de uma célula vegetal. A alternativa que repre-
senta a divisão e a fase representada na imagem é: 21. (UCPEL) Geralmente, uma célula eucariótica não
pode simplesmente se dividir em duas, porque ape-
nas uma de suas células descendentes receberia o
núcleo e, consequentemente, o DNA. Assim, o cito-
plasma de uma célula divide-se apenas depois que
seu DNA é dividido em mais de um núcleo, através
da mitose ou meiose. Analise a lista de funções:

I. Em todos os eucariotos pluricelulares, é base para


a) Meiose II - Metáfase II. o aumento no tamanho do corpo durante o cres-
b) Mitose - Anáfase. cimento.
c) Meiose II - Anáfase II. II. Em organismos eucariotos pluricelulares, é res-
d) Mitose - Metáfase. ponsável pela reposição de células mortas ou
desgastadas.
18. Durante um dos processos de divisão celular, o
III. Em eucariotos unicelulares e pluricelulares, é a
pareamento de cromossomos homólogos possibilita
base da reprodução sexuada, pois é responsável
a ocorrência de eventos cuja repercussão se traduz em
pelos processos pelos quais gametas e esporos
a) aparecimento das fibras do áster na região do sexuais se formam.
centrossomo. IV. Em organismos unicelulares e muitos pluricelula-
b) ligação de pares de cromossomos não homólogos res, é responsável também pelo processo de re-
a uma fibra do fuso. produção assexuada.
c) segregação de cromátides irmãs ao final da
São características do mecanismo de mitose, apenas:
divisão celular.
d) aumento da variabilidade genética nas a) I e III.
populações. b) I e II.
c) III e IV.
19. (AMEOSC) Com relação ao processo de gameto- d) II, III e IV.
gênese, na primeira meiose, durante a prófase: e) I, II e IV.
a) Os cromossomos arranjam-se ao equador da célula.
b) Um dos cromossomos de cada par de cromosso-
22. (FUNDEP - adaptada) - Nos seres humanos, to-
dos os dias, várias células morrem e são repostas por
mos homólogos migra para um dos polos opos-
divisões celulares das células restantes no tecido. Po-
tos da célula.
de-se considerar que existem duas formas de morte
c) Há a citocinese.
celular: a necrose e a apoptose. Analise as afirmativas
d) Há a condensação da cromatina em cromossomos,
a seguir sobre esses dois processos e marque C para
o desaparecimento do nucléolo, a desintegração
certo ou E para errado:
do envoltório nuclear, o pareamento dos
cromossomos homólogos e a recombinação (1) A cauda dos girinos desaparece ao longo da me-
genética, resultando na troca de material genético tamorfose em função de diversas apoptoses que
entre os cromossomos pareados. ocorreram nessa estrutura, permitindo a continui-
dade do processo de desenvolvimento do indiví-
20. (UECE) Em relação à divisão celular, escreva C duo.
para certo ou E para errado no que se afirma a seguir: (2) A necrose pode ser induzida por venenos, como o
(1) A síntese do DNA é semiconservativa, pois cada da Loxoxeles sp (aranha marrom).
dupla hélice tem uma cadeia antiga e uma cadeia (3) Na necrose, ocorre a fragmentação do núcleo, po-
nova. rém não ocorre extravasamento de material celular.

142 Capítulo 8
(4) As apoptoses ocorrem em função de falhas de e)
formação de algumas proteínas celulares, e sua
ocorrência pode evitar a formação de tumores no
organismo.
23. (PUC - RJ) A maior parte dos animais e plantas se
reproduzem sexuadamente, mas, em algumas espé-
cies desses dois grupos, os óvulos também podem-
se desenvolver sem que ocorra a fecundação. Essa
forma de reprodução é denominada: 25. (URCA) Considere as associações abaixo sobre as
a) Gametogênese fases da meiose e suas características:
b) Esporogênese Fases Características
c) Espermatogênese
Cada cromossomo de um par de ho-
d) Pedogênese
mólogos, constituído por duas cro-
e) Partenogênese I. Anáfase I
mátides unidas pelo centrômero, é
24. (FUVEST) Considere dois genes (A e B) locali- puxado para um dos polos da célula.
zados em cromossomos diferentes e os respectivos Os cromossomos se condensam, o
genes alelos (A, a, B, b). Uma representação possível que acarreta o desaparecimento dos
desses genes durante a mitose, imediatamente an- nucléolos; o fuso mitótico começa a
II. Prófase I
se formar, e o envelope nuclear se
tes da metáfase, é:
desfaz, dispensando os componen-
a) tes nucleares no citoplasma.
Os cromossomos se desconden-
sam, e novos envelopes nucleares
III. Telófase II reorganizam-se ao redor de cada
conjunto cromossômico separado,
reconstituindo dos novos núcleos.
Liberação dos cromossomos alta-
b) mente condensados no citoplasma.
IV. Metáfase II A constituição dupla dos cromosso-
mos torna-se visível, graças ao seu
alto grau de condensação.
O fuso mitótico se desfaz, os enve-
lopes nucleares se reorganizam, e
os nucléolos reaparecem. Surgem
V. Telófase I assim dois novos núcleos, cada um
c) deles com metade do número de
cromossomos presentes no núcleo
original.
Cada cromossomo duplicado se
prende a microtúbulos provenien-
VI. Metáfase I tes de apenas um dos polos, en-
quanto seu homólogo se prende a
microtúbulos do polo oposto.
d)
Assinale a alternativa cujas associações estão todas
corretas.
a) II, V, VI.
b) II, IV VI.
c) II, III, VI.
d) I, III, V.
e) I, V, VI.

Divisão celular 143


Chegamos até aqui e para algumas perguntas já temos respostas: De
onde viemos? Do que somos formados? Como crescemos? Como as célu-
las funcionam? Que moléculas fazem parte do corpo dos seres vivos? Que
substâncias são fundamentais para nossa sobrevivência?
Agora vamos pensar: Como somos tão diferentes de outros seres vivos?
Por que os irmãos são tão parecidos entre si? Como plantas e outros seres
vivos geram descendentes distintos? Que estruturas são responsáveis por
tantas diferenças e até mesmo semelhanças?
No século XIX, algumas dessas perguntas, ou talvez todas, instigaram,
Gregor Mendel (1822 - 1884) a buscar por respostas. Mendel foi um monge Representação da ervilha
que viveu muitos anos no Monastério Agostiano de Brunn (antigo Império Pisum sativum
Austro-Húngaro, atual República Tcheca).
Ainda jovem, ele estudou Física, Matemática, Química e Botânica. Porém, foi paralelamente aos
estudos de teologia que Mendel realizou inúmeros experimentos com plantas; o jovem religioso
escolheu realizar os experimentos com ervilhas da espécie Pisum sativum.
Agora você deve estar se perguntando: Por que Mendel escolheu usar essa variedade de ervilha?
A escolha foi acertada, em razão de algumas características, entre elas, o fato de nessas espécies

144 Capítulo 9
os órgãos reprodutores serem protegidos pelas pétalas, mesmo quando as ervilhas estão maduras, e as flores
geralmente promoverem a autopolinização.
É possível que, em alguns experimentos, outras variáveis de polinização tenham interferido, ou até mesmo
confundido Mendel; entretanto, o jovem botânico realizou os experimentos com uma presteza e cuidados tão
impressionantes, que naquela época não havia como contestar seus resultados e suas teorias.
Além dos cuidados listados acima, Mendel escolheu variedades com características muito bem definidas, para
não se confundir na interpretação e na análise dos resultados. Foram realizados cruzamentos com a geração
“pura” e com os descendentes. Depois de cruzados, os indivíduos resultantes foram contados, e, a partir daí, as
hipóteses puderam ser matematicamente comprovadas e testadas. A tabela apresenta as características/varie-
dades testadas por Mendel, bem como suas relações de dominância. Esse tipo de planta apresenta um ciclo de
vida curto. Assim, Mendel não precisava esperar muito tempo para ver os resultados de seus cruzamentos feitos
com as ervilhas. Além disso, trata-se de um material biológico de baixo custo.
Observe, abaixo, as sete características observadas por Mendel nas ervilhas.
CRUZAMENTO PARA AS SETE CARACTERÍSTICAS EM ERVILHAS

Característica Traço Traço


dominante recessivo

Cor da flor
Roxa Branca

Cor e forma Verde Amarela


da semente

Lisa Rugosa

Cor e forma Verde Amarela


da vagem

Inflada Constrita

Axial Terminal
Posição da flor
e altura do pé

Alta Anã/baixa

1 1a Lei de Mendel
Mendel observou que, após o cruzamento de uma geração parental (geração P) de linhagem pura, porém
com variáveis diferentes para uma mesma característica, geravam-se descendentes (geração F1) que apresenta-
vam apenas uma dessas variáveis.
Contudo, quando Mendel repetia a técnica, mas agora usando a autopolinização das plantas da geração F1,
os resultados referentes aos descendentes encontrados na geração F2 eram impressionantes. Por exemplo, ao
cruzar, em uma geração parental (geração P), uma planta que produzia sementes lisas com outras plantas que
produziam sementes rugosas, todas as plantas descendentes desse cruzamento (geração F1) produziam semen-
tes lisas. Ao cruzar as plantas da geração F1 entre si, os descendentes (geração F2) apresentavam-se na proporção
3:1, ou seja, três plantas que produziam sementes lisas para cada planta que produzia sementes rugosas.

Genética 145
Mendel realizou os testes com todas as variedades usando as mesmas técnicas, e os resultados e as proporções
nas gerações F1 e F2 se repetiam. Após os experimentos, concluiu-se que:
Geração P rr RR
X

Gametas
r R

Geração F Rr
Os fatores são determinados aos pares, sendo que cada um
dos fatores é proveniente de um dos parentais (ser que dá ori-
gem a descendentes). Rr Rr

Geração F R r
R
RR Rr
r
Rr rr

Hoje sabemos que esses fatores a que Mendel se referia são “receitas”, que estão presentes no nosso material
genético (genes), que foram recebidos dos nossos pais a partir da fecundação entre os gametas masculino e
feminino, oriundos do processo de meiose. Variações de um mesmo gene denominam-se alelos; no exemplo
apresentado na figura, os genes para o formato das sementes estão no mesmo local nos cromossomos.
Para padronizar, os alelos são representados por letras, sendo as letras maiúsculas geralmente representativas
dos “fatores” dominantes; e as letras minúsculas, dos "fatores" recessivos. Portanto, considerando o “fator” textura
da semente, as sementes lisas eram indicadas pela letra R; e as sementes rugosas, pela letra r. Como esses alelos
vêm aos pares, cada planta teria duas letras para representar determinada característica genética.
As plantas com sementes lisas apresentavam o genótipo RR, e as plantas
rugosas apresentavam genótipo rr; nesse caso, foram classificadas como
homozigotas. Contudo, quando Mendel analisou os resultados dos des-
cendentes da geração F2, oriundos da autopolinização de uma planta da
geração F1, os resultados se tornaram diferentes, uma vez que apareciam
três sementes lisas para uma rugosa. Mendel concluiu que os fatores ocor-
riam em heterozigose. Dessa maneira, plantas lisas poderiam também ser
representadas pelas letras Rr. Com isso, podemos concluir que a planta re-
cebeu o alelo dominante e o alelo recessivo, porém a característica expressa
é lisa.
Mendel foi tão criterioso nos seus experimentos, que – além de realizar os cruzamentos acima exemplificados
– também realizou o retrocruzamento para confirmar sua hipótese. Considerando o exemplo das sementes lisas
e rugosas, Mendel realizou o cruzamento de dois homozigotos RR x rr, para ter a certeza de que todos os descen-
dentes eram heterozigotos, portanto, Rr. Na sequência, ele não realizou a autopolinização, mas optou por cruzar
esses descendentes com uma linhagem pura homozigota recessiva, no caso rr. E, após todos os cruzamentos
realizados, as proporções foram sempre as mesmas 2 lisas, 2 rugosas, portanto 1:1.

146 Capítulo 9
Os resultados do retrocruzamento foram:

Retrocruzamento Homozigoto
Heterozigoto r r
Rr Rr
R
Lisa Lisa
rr rr
r
Rugosa Rugosa

Quadro de Punnett: Desenvolvido pelo geneticista Reginald Punnett (1875 - 1967), é uma tabela ou um
diagrama, no qual colocamos as letras que representam os genes alelos dos seres parentais (pai e mãe -
primeira linha e primeira coluna); e assim, ao juntar as possíveis combinações, pode-se calcular as probabi-
lidades dos gametas formados desse cruzamento. Observe a tabela acima com um dos retrocruzamentos
realizados por Mendel.

Relembrando os conceitos aplicados em genética


Alguns termos serão citados neste capítulo e nos exercícios, vamos relembrá-los para na sequência darmos
continuidade.
1 - Gene: unidade física e funcional da hereditariedade, que transmite informações genéticas de uma geração
a outra. Segmento da molécula de DNA que contém uma instrução gênica que, normalmente, é responsável pela
síntese de uma proteína específica.
2 - Alelos: condicionam variações de uma característica determinada por um gene.
Exemplo: O gene R condiciona a forma da vagem da ervilha em Lisa (R) ou Rugosa (r)

Gene R { Alelo R = Vagem lisa


Alelo r = Vagem rugosa

3 - Cromossomos: moléculas de DNA que apresentam vários genes. O número de cromossomos varia de es-
pécie para espécie.
Exemplos: Homem → 46 cromossomos; Ervilha → 14 cromossomos; Cavalo → 64 cromossomos; Macaco →
48 cromossomos
4 - Cromossomos homólogos: encontrados em células diploides, emparelham-se devido à semelhança quan-
to a: tamanho, forma, posição do centrômero e por apresentarem os mesmos loci gênicos.
5 - Locus Gênico: lugar ou posição que um gene ocupa ao longo de cromossomos homólogos. O plural de
locus gênico é Locus gênicos.
6 - Genótipo: conjunto de genes que um indivíduo possui; não é visível (não pode ser observado) e é repre-
sentado por letras: BB, aa, Dd.
7 - Fenótipo: corresponde a uma interação genótipo + meio ambiente, podendo ser expresso como uma
característica física ou fisiológica.
8 - Homozigose: seres diploides apresentam, normalmente, dois alelos de cada gene. Cada alelo desse gene
se localiza em um cromossomo homólogo. O indivíduo homozigoto apresenta os dois alelos de um gene iguais,
sejam eles dominantes ou recessivos.
Exemplo: AA, bb, ZZ, tt, IA IA.
9 - Heterozigose: o indivíduo heterozigoto apresenta os dois alelos de um gene diferente.
Exemplo: Aa, Bb, Zz, Tt, IAIB

Genética 147
Fenótipo Genótipo

Roxo
(Homozigoto)

Roxo (Heterozigoto)

Roxo
(Heterozigoto)

Branco
(Homozigoto)

Razão Razão

10 - Dominância: características que se expressam nas condições de homozigose e de heterozigose.


Exemplo: indivíduos PP ou Pp para o fator cor da rosa, são roxas.
Observação: A dominância não dá a certeza de que a característica se expressa em maior número.
11 - Recessividade: características que só se expressam em condição de homozigose (quando os alelos estão
em dose dupla). É normalmente caracterizada pela não codificação de uma proteína.
Exemplo: indivíduos pp para o fator cor da rosa, são brancas.
Observação: A recessividade não dá a certeza de que a característica se expressa em menor número.
12 - Dominância completa: quando a presença do alelo dominante inibe completamente a expressividade
do alelo recessivo.
Exemplo: indivíduos PP ou Pp para o fator cor da rosa, apresentam o mesmo fenótipo - cor roxa, mesmo em
condições de heterozigose.

148 Capítulo 9
Curiosidades
Heredogramas ou árvore genealógica
Para analisar a genealogia de um indivíduo ou da família, é comum representarmos o sexo, os casamentos,
os irmãos, casos de morte e de características transmitidas de geração em geração, entre outros casos. As
representações mais comuns são:

1 2 3 4
I

1 2 3 4 5 6 7 8 9
II

1 2 3 4 5 6 7 8
III
1 2 3
IV

Legenda:

Portadores do Caráter Sexo desconhecido


OU

OU Não Portadores do Caráter (normais) Irmãos

(Sexo masculino) Gêmeos bivitelinos


OU

(Sexo feminino) Gêmeos univitelinos


OU

Cruzamento (casamento) Falecidos

Cruzamento consanguíneo

Cada geração geralmente é representada por números romanos I, II, III.


Dentro de cada geração, os indivíduos da família são representados por algarismos arábicos, da esquerda
para a direita.
Exercícios Propostos (Faça em seu caderno)
1. Sobre o Heredograma, responda:
a) Qual o tipo de herança desse caráter?
b) Indique todos os possíveis genótipos dos indivíduos esquematizados.
c) PIII-7 (Aa):?
d) Supondo que o casal II – 7x8 tenha outro filho, qual a probabilidade de que ele seja normal?
e) P IV-3 ( aa)?
f) Supondo que o indivíduo IV-3 seja recessivo e que seus pais tenham três outros filhos, determine a
probabilidade de que, entre esses últimos filhos, dois sejam normais e que o outro seja portador do caráter.
2. Um casal heterozigoto para uma herança autossômica dominante teve cinco filhos. Determine a probabi-
lidade de que apenas três desses filhos manifestem o mesmo fenótipo de seus pais.

Genética 149
2 2a Lei de Mendel
Depois de realizar os experimentos com uma única variedade, Mendel resolveu analisar fatores em conjunto;
por exemplo, foram cruzadas ervilhas de sementes lisas e de cores amarelas com as de sementes rugosas de
cores verdes; e, mesmo escolhendo um número maior de variedades, os resultados obtidos não contrariaram o
que ele já havia descoberto.
Mesmo analisando fatores distintos, porém muito bem definidos, como na 1ª Lei, os fatores, que hoje sabe-
mos ser os genes, se comportaram da mesma maneira: segregaram-se independentemente. Portanto, sementes
verdes aparecem também rugosas e lisas, como as amarelas, que também surgiram lisas e rugosas. Após esses
cruzamentos, Mendel formulou, seguramente, a 2ª Lei de Mendel ou Lei da Segregação Independente:

Fatores (genes) segregam-se durante a formação dos gametas; portanto, cada gameta só possui ou recebe
um fator para determinada característica, independentemente dos alelos de outros genes.

Vamos analisar o cruzamento citado. Para facilitar o entendimento, os fenótipos e os genótipos envolvidos
são: semente amarela (VV ou Vv), semente verde (vv), semente lisa (RR ou Rr) e semente rugosa (rr). Na geração
parental, Mendel cruzou plantas homozigotas dominantes – VVRR (amarelas lisas) e recessivas – vvrr (verde ru-
gosas), para ambas as características, e obteve 100% de descendentes na geração F1: VvRr, amarelas e lisas todas
heterozigotas.
Mendel cruzou os descendentes da geração F1 e, de acordo com o Princípio da Segregação, as opções possí-
veis de gametas formados para o cruzamento F2 foram: VR, Vr, vR, vr. Assim sendo, os 16 genótipos desse cruza-
mento seguiram as proporções apresentadas abaixo:
Proporções genotípicas e fenotípicas para F1 e F2
Geração VVRR vvrr
parental (P)

VR vr

V Amarela
Geração F1 VvRr Hipótese da v Verde
segregação
independente Lisa
Rugosa

Geração F2 Esperma VR Amarela lisa


VR Vr vR vr Vr Amarela rugosa
VVRR VVRr VvRR VvRr vR Verde lisa
vr Verde rugosa
VR
VVRr VVrr VvRr Vvrr
Vr
Ovos

VvRR VvRr vvRR VVRr

vR

VvRr Vvrr VVRr VVrr


vr

Razão fenotípica

9 V_R_ : 3 V_rr : 3 vvR_: 1 vvrr


9 amarelas lisas
3 amarelas rugosas
3 verdes lisas
1 verde rugosa

150 Capítulo 9
Portanto, Mendel conseguiu comprovar, com inúmeros testes, que os alelos para cor e textura das sementes
são repassados aos descendentes de forma independente; é o que ele chamou de Segregação Independente.
Considerando os conceitos e descobertas pós Mendel, como o DNA e os cromossomos, podemos reescrever a
2ª Lei de Mendel da maneira como segue: Dois pares de genes alelos, situados em diferentes pares de cro-
mossomos homólogos, segregam-se de forma independente na formação dos gametas.
Colocando em prática

Gametas
Um indivíduo poderá apresentar diferentes tipos de gametas. O resultado depende do número de pares de
genes envolvidos nos experimentos. Se um indivíduo apresentar o genótipo MmNn, ele poderá apresentar 4
diferentes tipos de gametas, sendo:
- 25% MN - 25% Mn - 25% mN - 25% mn
Portanto, todos estão na mesma proporção. Diante disso, para descobrir o número de gametas formados, bas-
ta usar a fórmula 2n, sendo n o número de pares de genes em heterozigose.
No exemplo acima há 2 pares de genes heterozigotos, portanto n = 2.
22 = 4 possíveis genótipos.
Número de descendentes
Analisando o experimento das ervilhas, testado inúmeras vezes por Mendel, vamos agora aprender a calcular
quantos descendentes de cada fenótipo os indivíduos poderão apresentar em determinada geração F2. Suponha
que o número de descendentes após o cruzamento de ervilhas amarelas lisas, todas heterozigotas, tenha sido de
336 descendentes.
Quantos descendentes apresentarão os fenótipos para sementes: amarelas lisas, amarelas rugosas, verdes lisas
e verdes rugosas?
Após os cruzamentos entre VvRr x VvRr, as proporções encontradas foram 9 V_R_: 3 V_rr: 3 vvR_: 1 vvrr

9 3024
16 x 336 = 16 = 189 amarelas lisas
3 1008
16 x 336 = 16 = 63 amarelas rugosas
3 1008
16 x 336 = 16 = 63 verdes lisas
1 336
16 x 336 = 16 = 21 verdes rugosas

Integrando com a Matemá�ca


Ao longo de vários experimentos realizados por Mendel, o conhecimento
de matemática e principalmente sobre probabilidade e razão foram funda-
mentais na comprovação das suas pesquisas e que hoje são a 1ª e 2ª Leis de
Mendel.
Para realizar estes cálculos na Genética, é preciso relembrar as regras e
propriedades matemáticas da probabilidade.
O que é probabilidade?
É o estudo das chances de determinado evento ocorrer, e assim usar regras matemáticas para quantificar
esses eventos. Ela é calculada a partir de uma divisão simples.
Vamos usar os dados como exemplos. Qual a probabilidade (P) de, ao jogarmos um dado, cair o número 5?

Genética 151
O quantitativo do evento desejado (nesse caso o evento: cair 5), indicaremos pela letra E, e o conjunto de
todos os resultados possíveis de um experimento aleatório, indicaremos por S (espaço amostral), neste caso
seria o número 6 (pois há 6 possíveis resultados em um dado - 1,2,3,4,5 ou 6).
E 1
P (E) = S no exemplo: P (5) = 6
1
Portanto, a probabilidade de, ao jogarmos um dado, cair a face voltada para o número 5, é de 6 , 1 em 6.
Agora vamos exemplificar a probabilidade aplicada a genética:
Um casal com genótipo Aa, no qual o gene A condiciona produção de
melanina em homozigose ou heterozigose e o gene a, quando em recessi­
vidade, não há produção do pigmento da melanina, portanto os indivíduos
apresentam o fenótipo albino. Qual a probabilidade desse caso ter descen-
dentes (filhos) albinos?
1
P (aa) = 4 ou seja: 25%
Regra do E: A probabilidade de dois ou mais eventos independentes
ocorrerem simultaneamente é igual ao produto (multiplicação) das proba-
bilidades de ocorrem separadamente.
Exemplo: Qual a probabilidade deste casal, com os genótipos Aa, ter fi-
lhos com genótipo aa, portanto fenótipo albino e ainda ser do sexo femi-
nino?
Nesse caso multiplicamos as duas probabilidades para cada um dos
eventos pedidos, ser albino e do sexo feminino.
P(aa) e P (feminino)
1 1 1
P (aa) 4 x P (feminino) 2 = 8 ou seja: 12, 5%
Regra do OU: A probabilidade de dois ou mais eventos mutuamente exclusivos a soma (adição) das pro-
babilidades de ocorrerem separadamente.
Exemplo: Qual a probabilidade deste casal, com os genótipos Aa, ter filhos com genótipo homozigoto
dominante ou heterozigoto?
1 2
P (AA) = 4 P (Aa) = 4
P (AA) ou P (Aa)
1 + 2 = 3
4 4 4 ou seja: 75%

3 Polialelia ou Alelos múltiplos


Aprendemos que os cromossomos são formados por moléculas de DNA e
que trechos dessas moléculas formam diferentes genes que expressam tam-
bém inúmeras características. Porém, certos genes podem sofrer mutações ao
longo do tempo, originando uma série de múltiplos alelos que controlam o
mesmo caráter; esse fenômeno é denominado polialelia.
Na prática, isso quer dizer que dois ou mais alelos encontram-se no mesmo
locus no cromossomo; portanto, alguns alelos terão dominância sobre outros.
Um exemplo clássico de polialelia é a coloração dos pelos em coelhos:

152 Capítulo 9
Gene C determina a cor dos pelos castanho-acinzentados, também chamada de selvagem ou aguti;
Gene cch determina a cor cinza-prateada, chinchila;
Gene ch determina a cor branca com extremidades escuras, himalaio;
Gene c determina a cor branca, albino.
Nesse caso, a relação de dominância será C > cch > ch > c.
Dessa forma, e considerando as relações de dominância, existem os diferentes genótipos possíveis para cada
um dos fenótipos dos coelhos:

Genótipo
Fenótipo
Homozigoto Heterozigoto
Aguti ou Selvagem CC Ccch - Cch - Cc
Chinchila c c
ch ch
cch ch - cch c
Himalaio chch chc
Albino cc -

Outro caso de polialelia é o sistema ABO na população humana, que determina os tipos sanguíneos, sangue
tipo A, B, AB e O e apresenta os seguintes alelos IA, IB e i, que, quando pareados, podem apresentar diferentes
genótipos.

Genótipo
Fenótipo
Homozigoto Heterozigoto
A IA IA IA i
B IB IB IB i
AB - IA IB
O ii -

As hemácias, também conhecidas como glóbulos vermelhos ou eritrócitos, podem apresentar ou não deter-
minadas proteínas na superfície de suas membranas, e é essa característica que irá determinar o tipo sanguíneo.
Portanto, o sangue tipo A apresenta o aglutinogênio A e o tipo B, o aglutinogênio B. O sangue AB apresenta na
superfície os dois aglutinogênios A e B; já o sangue O não possui aglutinogênio (aglutinogênio - tipo de glicopro-
teína presente na membrana plasmática das hemácias).
Entretanto, não é só isso que caracteriza o tipo sanguíneo. Além dos aglutinogênios presentes nos glóbulos
vermelhos, o plasma sanguíneo apresenta duas outras proteínas, as aglutininas anti-A e anti-B, que são anti-
corpos, os quais, quando em contato com os aglutinogênios de determinados tipos sanguíneos, podem causar
complicações na circulação e até mesmo a morte do indivíduo.
Não se deve confundir coagulação com aglutinação do sangue. A primeira ocorre com ação direta das plaque-
tas, que produzem uma rede de proteínas – fibrinas – as quais coagulam o sangue e inibem a hemorragia; con-
tudo, na aglutinação, há a reação entre antígeno e anticorpo, que impede a circulação do sangue. No caso dos
tipos sanguíneos, os antígenos (aglutinogênios) encontram-se nos glóbulos vermelhos ou hemácias, enquanto
os anticorpos naturais (aglutininas) se encontram no plasma.

Genética 153
É muito importante conhecer os grupos sanguíneos do receptor e do doador para verificar a compatibilidade,
caso seja necessária uma transfusão de sangue.
Observando a imagem de cada tipo sanguíneo, podemos concluir que:

Sistema ABO - Grupo sanguíneos


Sangue A Sangue B Sangue AB Sangue O

Glóbulos
vermelhos

Aglutininas
(anticorpos
no plasma)
Anti-B Anti-A Nenhum Anti-A e Anti-B

Aglutinogênio
(antígenos
nas hemácias)
Aglutinina A Aglutinina B Aglutinina A e B Nenhum

1) Pessoas sangue Tipo A - podem doar apenas para pessoas que também são AB e podem receber sangue de
pessoas A ou O.
2) Pessoas sangue Tipo B - podem doar para pessoas com sangue do tipo B ou AB e só podem receber sangue
de pessoas B ou O.
3) Pessoas sangue Tipo AB - podem doar apenas para pessoas do mesmo tipo sanguíneo - AB, e recebem
sangue de qualquer um dos quatro tipos sanguíneos. Por isso esse tipo sanguíneo é classificado como "receptor
universal".
4) Pessoas sangue Tipo O - podem doar para pessoas de qualquer tipo sanguíneo (A, B, AB e O), por esta ca-
racterística é classificado como "doador universal", entretanto só podem receber de pessoas com sangue tipo O.
Observação: Apesar das possibilidades descritas e resumidas no esquema, as transfusões sanguíneas, priori-
tariamente, devem ocorrer entre doadores e receptores que apresentem tipos sanguíneos idênticos.
O esquema a seguir com setas resume bem as possíveis transfusões sanguíneas:

AB

A B

Esquema representando as possíveis transfusões


de sangue

154 Capítulo 9
Curiosidades
Karl Landsteiner (1868 – 1943)
Imunologista e patologista austríaco nascido em Viena, naturalizado
americano. Foi premiado, em 1930, com o Prêmio Nobel de Fisiologia ou
Medicina, pela classificação dos grupos sanguíneos, o que ele chamou de
sistema ABO, e posteriormente descobriu o fator Rh (positivo e negativo).
Landsteiner dedicou-se a comprovar que havia diferenças no sangue
dos diversos indivíduos. Ele colheu amostras de sangue de diversas pesso-
as, isolou os glóbulos vermelhos e fez diferentes combinações entre plas-
ma e hemácias, tendo como resultado a aglutinação dos glóbulos, que, em
alguns casos, formavam grânulos, e em outros não.
O cientista explicou, então, por que algumas pessoas morriam depois de
transfusões de sangue e outras não. É recordado também por ter sido um
dos proponentes do termo “anticorpo”, para as substâncias responsáveis
pela aglutinação do sangue. Suas descobertas desenvolveram a rotina mé-
dica e os critérios para transfusão de sangue que são usados até hoje nos
hospitais e hemocentros.
Fonte – adaptada: <http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/KarlLand.html e Foto copiada do site: http://www.nobel.se/>. Acesso
em: 21 fev. 2021.

4 Fator Rh – Rhesus
Esse fator Rh foi descoberto pelo imunologista e patologista Karl Lands-
teiner, em 1940, após análise do sangue de um macaco chamado Rhesus.
Além dos aglutinogênios e aglutininas do sistema ABO, o cientista também
descobriu outro fator que provocava problemas na transfusão sanguínea:
neste caso o antígeno (fator Rh) reage com o anticorpo (anti-Rh). A sigla Rh
foi utilizada considerando o nome do macaco no qual o sangue foi testado.
Landsteiner determinou que os indivíduos que apresentavam o fator Rh
eram classificados como Rh+ (positivo), e os que não apresentavam o fator
foram então determinados como Rh– (negativo). Os anticorpos (anti-Rh) só
são produzidos quando em contato com sangue Rh–, porque esse anticor-
po não está presente naturalmente no sangue.

Fator Rh Antígeno B
Positivo presente ausente
Anti-Rh*
Negativo ausente
* caso receba hemácias com Rh+

Portanto, somente indivíduos Rh– podem produzir o anticorpo quando recebem sangue Rh+, passando a ter
no plasma um anticorpo que naturalmente não possuía.
Possíveis transfusões
sanguíneas
Rh+ Rh+

Rh– Rh–

Genética 155
Observação: Uma vez que tenha ocorrido a sensibilização (produção de anticorpos anti-Rh), um indivíduo
Rh– não poderá mais receber sangue de um doador Rh+. Caso isso ocorra, poderá resultar na morte do receptor
devido a uma reação de choque anafilático.
Quanto ao genótipo, o alelo para Rh+ é dominante sobre o alelo para Rh–, sendo os de fator positivo dois casos
possíveis RR ou Rr e os de negativo, apenas rr. Para analisar as probabilidades de nascimento de indivíduos com
fator positivo e negativo, usamos o mesmo procedimento estudado na 1ª Lei de Mendel.

Fator Rh Genótipo Fenótipo Dominância


Positivo RR ou Rr Rh+ dominante
Negativo rr Rh- recessivo

(soro anti-A) (soro anti-B) (soro anti-Rh)

(+) = aglutinação ABO/hemólise Rh


( - ) = Não aglutinação ABO/ Não hemólise Rh

+
(+) (-) (+) = A
_
(-) (+) (-)=B
(-) (-) (+) = O +
_
(+) (+) ( - ) = AB
_
(+) (-) (-)=A
(-) (+) (+) = B +
_
(-) (-) (-)=O
+
(+) (+) (+) = AB

Observação: Reações no sistema ABO geram aglutinação (formação de grumos). Reações no sistema Rh ge-
ram hemólise (quebra de hemácias).

EXEMPLO DE AMOSTRA DE COMPATIBILIDADE


PARA TRANSFUSÃO SANGUÍNEA
HEMÓLISE

Plasma do Glóbulos vermelhos


receptor do doador

Glóbulos vermelhos Esferócitos (glóbulos vermelhos Ruptura dos glóbulos vermelhos


normais (eritrócitos) em forma de esfera) (eritrópitos) liberação de conteúdo
Sangue compatível Aglutinação dos glóbulos vermelhos no plasma sanguíneo.
Sangue não compatível

156 Capítulo 9
Saiba+
Doença Hemolítica do Recém-Nascido (DHRN) ou Eritroblastose Fetal
Essa doença só ocorre quando a mãe é Rh– e, em algum momento de sua vida, teve “mistura” com sangue
Rh+ e produziu anticorpos anti-Rh (sensibilização). Normalmente isso ocorre por uma transfusão sanguínea
errada ou no caso de a mãe ter o primeiro filho, ele ser Rh+ e suas hemácias passarem para a circulação ma-
terna na hora do parto, ou em casos de aborto espontâneo e outro tipo de sangramento durante a gestação.
Quando é diagnosticada a Doença Hemolítica do Recém-Nascido (DHRN), o
bebê deve receber uma transfusão de sangue, substituindo o sangue Rh+ por Rh–
(exsanguinotransfusão) para não haver destruição das hemácias da criança. Mas,
quando a mãe não sabe que teve contato com sangue Rh+ e produziu anticorpos
durante a gestação, é comum ocorrerem casos de criança natimorta, ou presença
de alguma deficiência intelectual ou auditiva e até mesmo paralisia cerebral.
Outro problema comum, nessa doença, é que a destruição das hemácias, rea-
lizada pelo fígado, provoca aumento considerado da bilirrubina no plasma san-
guíneo. Essa substância é amarelada e deve ser eliminada na urina; quando não
ocorre essa eliminação, é comum crianças desenvolverem a icterícia de maneira
acentuada.
Nesses casos, a equipe médica pode realizar a fotossensibilização do re-
cém-nascido com luz fluorescente, que altera a estrutura da molécula da bi-
lirrubina, e assim esses produtos serão eliminados pelos rins via urina.
Incluindo todos os cuidados acima com o bebê, também é possível apli-
car um soro contendo imunoglobina G na mãe, logo após se descobrir que
o sangue materno teve contato com o do filho Rh+. Neste caso, a injeção é
aplicada para evitar que o organismo materno produza anticorpos. Contu-
do, o tratamento só funciona antes que ocorra a produção dos anticorpos
já que, uma vez produzidos, não há como eliminá-los; por isso a necessida- Recém-nascido com icterícia sob a luz
de de um diagnóstico rápido e preciso. fluorescente
A DHRN também é chamada de eritroblastose fetal; porque, para resolver a anemia, o organismo passa a
produzir mais hemácias imaturas, os eritroblastos, que circulam no sangue do feto, daí o nome eritroblastose.

Eritroblastose Fetal PAI MÃE FILHO


Genótipo RR ou Rr rr Rr
Fenótipo Rh+ Rh- Rh+

5 Projeto Genoma Humano e Proteoma Humano


Desde a descoberta da molécula de DNA, em 1953, há uma repercussão
e um grande interesse pelos genes que formam os seres vivos, principal-
mente os seres humanos. Nos anos 1990, foi criado o Projeto Genoma
Humano (PGH), um consórcio público-privado formado por cientistas
e pesquisadores de diferentes países. O objetivo principal do projeto foi
mapear a sequência do DNA, que possui cerca de três bilhões de pares de
bases nitrogenadas, além de identificar e localizar todos os genes huma-
nos. O prazo de conclusão do projeto foi estimado em 15 anos, mas em
2003 foi divulgado o sequenciamento do genoma.

Genética 157
Conhecer os genes é um grande passo para o entendimento do que é vida? Quais genes são responsáveis pela
formação de determinados tecidos? Quais genes controlam o metabolismo celular? Como os genes interagem
uns com os outros na determinação das características que os seres vivos apresentam?
Entretanto, o mais interessante e importante de todo esse conhecimento é o objetivo terapêutico, descobrir os
genes ou suas mutações que causam, doenças como o câncer, a fibrose cística e outras anomalias genéticas, além
de entender melhor como ocorre o processo de ativação ou inativação gênica, de modo a evitar a manifestação
de doenças deletérias ou letais.
Uma das maiores vantagens do desenvolvimento do PGH foi a disponibilidade de novos testes genéticos que
forneceram e fornecem um diagnóstico mais preciso sobre determinadas doenças e a prevenção de doenças que
são passadas de geração a geração, e que, portanto, podem ser diagnosticadas antes mesmo de aparecerem os
primeiros sintomas.
E uma das grandes polêmicas das descobertas do PGH está no registro de patentes. De quem é a descoberta do
sequenciamento dos genes? Existirá um dono para a descoberta de determinada mutação genética? Se alguém
possuir essa mutação, deverá pagar ao laboratório para “curar” o seu genoma? É muito polêmico, e envolve ques-
tões de bioética, além de muito dinheiro. Os grandes laboratórios precisam de estímulos para financiar essas
pesquisas, e alguns podem querer investir e patentear.
Agora imagine um casal que opte por ter filhos a partir da fertilização in vitro, considerando o interesse de que
o embrião seja saudável. Hoje já é possível identificar, antes da implantação no útero, qual o melhor embrião,
ou seja, qual possui melhor carga genética sem que haja maiores riscos de mutações. Agora vamos pensar um
pouco além: Como isso influenciaria no processo evolutivo? Essa atitude é uma seleção artificial? Estaríamos
criando um ser humano perfeito? Estaríamos brincando de Deus? São perguntas com respostas polêmicas e que
geram questionamentos controversos, além de envolverem aspectos éticos, jurídicos, religiosos, científicos e
econômicos.
A maior conclusão do Projeto Genoma Humano foi explicar que a complexidade do ser humano não está no
número de genes que nossa espécie possui, e sim na codificação de diferentes proteínas; por isso, diante das
conclusões do PGH, surgiu o Projeto Proteoma Humano (PPH).
Proteoma é o conjunto formado por proteínas que se expressam a partir de um determinado genoma (con-
junto de genes). Já estudamos, na Unidade 1, que os monômeros das proteínas são os aminoácidos; e que a
sequência destas moléculas forma a identidade e a função da proteína; e que há várias combinações possíveis
entre todos os aminoácidos essenciais e não essenciais.
O PPH tem como objetivo anotar todo o sequenciamento dos milhares de
proteínas e dos aminoácidos que as constituem e que estão codificados em
alguns genes dos cromossomos humanos. Cerca de 2% do genoma humano
codifica instruções para a síntese de proteínas. É um objetivo grandioso e de
proporções inimagináveis; não é à toa que vários pesquisadores do mundo
inteiro participam do projeto, que iniciou no ano de 2010. Cada grupo de
cientistas, inclusive brasileiros, é responsável por um cromossomo e tenta
sequenciar todas as combinações possíveis de proteína, e outro grupo de
pesquisadores está focado na parte das doenças. Análise do sequenciamento dos genes

No final do ano de 2020, na famosa revista britânica “Nature” (uma das mais conceituadas na área científica),
houve a publicação de um rascunho de 90,4% do Proteoma Humano. Por enquanto a Organização do PPH relata
que pouco menos de 2.000 proteínas ainda não foram identificadas. Ainda há muito a se descobrir, mas o avanço
do PPH é muito importante.

158 Capítulo 9
Curiosidades
Como é feito o exame de DNA?
Muito provavelmente, você já ouviu falar em exame de DNA. Trata-se de
um exame médico que tem como objetivo tirar dúvidas acerca da paterni-
dade ou maternidade de alguém, identificar suspeitos de crimes e deter-
minar a origem de algumas doenças. Os resultados são precisos, o que faz
desse método o mais eficaz atualmente.
Passo a passo básico desse exame:
• O DNA é a nossa herança genética, herdada em 50% pela mãe e em 50% pelo pai. O DNA difere apenas
em 1% de pessoa para pessoa, mas pegando em polimórficos (trechos bem específicos que variam de acordo
com os sujeitos), é possível chegar a resultados conclusivos quanto à paternidade e maternidade do filho em
questão.
• O exame de DNA é feito pegando qualquer célula existente no organismo, desde que esta possua um
núcleo. É mais frequente usar-se o sangue ou a saliva, pois estas são as amostras que apresentam maior por-
centagem de sucesso na análise, mas também se pode usar fios de cabelo com a raiz incluída, sêmen e pele.
• Após o recolhimento das amostras, estas são "ampliadas", de forma a aumentar a quantidade de DNA
presente nelas. Procede-se à análise de 13 a 19 trechos de DNA - os polimórficos - muito específicos de cada
pessoa.
• O que determina a informação presente no código genético é a or-
dem, ou sequência, em que aparecem os nucleotídeos, que são "bloqui-
nhos" que formam as longas cadeias de DNA. Eles são formados por açú-
car, fosfato e bases nitrogenadas de quatro tipos: A (adenina), C (citosina),
G (guanina) e T (timina).
• Concentrando-se na sequência de nucleotídeos, os cientistas procu-
ram descobrir quantas vezes ela se repete em cada polimórfico (gene), e
comparam-na com a sequência presente no DNA do pai e da mãe.
• O resultado é interpretado por um equipamento a laser, que produz uma imagem computadorizada com
tracinhos. Para se determinarem os genitores do filho, os tracinhos dele devem sempre corresponder aos da
mãe ou aos do pai.
• Para que não haja dúvidas quanto aos resultados, eles são traduzidos por escrito, de forma acessível e
objetiva, concluindo a quem pertence a paternidade do filho em questão.
Fonte: <https://saude.umcomo.com.br/artigo/como-e-feito-o-exame-de-dna-13348.html>. Acesso em: 25 mai. 2017 (adaptado).

Polimorfismo: é a existência de dois ou mais fenótipos alternativos comuns, em uma população natural. Um
gene ou uma característica é dita como sendo polimórfica se houver uma ou mais formas do gene ou caracte-
rística em uma população, e cada variante comum de um gene polimórfico é chamado alelo.

• Mendel e a Ervilha - Os Seis Experimentos que Mudaram o Mundo - Disponível em:


<https://youtu.be/tRFN7lSmhFg>
• Canal Bioonerd - Sistema ABO e Rh Eritroblastose Fetal - Disponível em: <https://
youtu.be/4d1xLi2ZzDI>

Genética 159
1. Considerando os experimentos realizados por planta: A, dominante, determina a cor púrpura, e a,
Gregor Mendel, escreva as principais conclusões recessivo, determina a cor amarela. A tabela abaixo
que contribuíram para o seu sucesso. apresenta resultados de vários cruzamentos feitos
com diversas linhagens dessa planta:
2. Numere, no heredograma abaixo, as gerações I, II,
III e IV e os respectivos indivíduos: Cruzamento Resultado
I x aa 100% púrpura
Normais II x aa 50% púrpura; 50% amarelo
Afetados III x aa 100% amarelo
IV x Aa 75% púrpura; 25% amarelo
Faça os cruzamentos para descobrir os genótipos e
fenótipos que correspondem aos números I, II, III e
IV.
a) Quantos homens estão representados nessa 6. Nas cobaias, o gene B, para pelagem preta,
genealogia? é dominante sobre b, que condiciona pelagem
b) Quantas mulheres estão representadas? branca. Duas cobaias pretas heterozigotas são
c) Quantos indivíduos estão aí representados? cruzadas. Calcule:
d) Quantos afetados?
a) a proporção genotípica;
e) Indique (pelos respectivos números) que casais
b) a proporção fenotípica.
possuem maior número de descendentes
f ) Faça uma seta indicando o indivíduo III-6 7. (UNICAMP) Em experimento feito no início do
g) Considerando as regras abordadas no capítulo, século, dois pesquisadores retiraram os ovários de
que correção deveria ser feita? uma cobaia albina e implantaram-lhe um ovário
obtido de uma cobaia preta. Mais tarde, o animal foi
3. Quais os objetivos do Projeto Genoma Humano e
cruzado com um macho albino e deu origem a uma
do Projeto Proteoma Humano?
prole toda preta.
4. (UNESP-adaptada) A mamona Ricinus communis a) Sabendo-se que o albinismo é característica
produz inflorescências contendo somente flores recessiva, como você explica esse resultado?
pistiladas (flores femininas), quando o genótipo é b) Indique os genótipos da fêmea preta e da prole.
recessivo; e inflorescências mistas (flores femininas e c) Se fosse possível implantar os pelos da fêmea
flores masculinas), quando o genótipo é homozigoto preta na fêmea albina, em vez de transplantar o
dominante ou heterozigoto. ovário, o resultado seria o mesmo? Justifique.
8. (UFRN) Considerando a 2ª Lei de Mendel e o
cruzamento entre os indivíduos que apresentam os
genótipos AaBb x AaBb:
a) Determine quais são os gametas que poderão
ser formados nos indivíduos AaBb.
b) Demonstre a proporção genotípica desse
cruzamento.
Com base nas informações sobre a mamona,
9. Suponhamos que, numa planta, a cor branca do
determine que inflorescências serão produzidas nos
fruto seja condicionada por um alelo dominante
descendentes dos seguintes cruzamentos: NN x Nn
B; e a cor amarela, pelo alelo b. A forma discoide é
e Nn x Nn
condicionada por um alelo dominante E; e a forma
5. (FUVEST/SP - adaptada) Dois alelos atuam esférica, pelo alelo e. Cruzando-se uma planta BbEe
na determinação da cor das sementes de uma com outra BBee:

160 Capítulo 9
a) Qual a probabilidade de aparecimento de conhecimentos sobre a herança do sistema ABO e na
exemplares BbEE e BbEe? análise do heredograma, responda ao que se pede.
b) Escreva o fenótipo de cada planta citada.
a) O casal formado pelos indivíduos 1 e 2 poderá ter
10. (UEMG - adaptada) - O albinismo é causado por filhos do tipo sanguíneo AB?
um gene autossômico recessivo. A probabilidade de b) Qual a probabilidade de o casal formado pelos
o primeiro filho de uma mulher albina casada com indivíduos 7 e 8 ter filhos do tipo sanguíneo A?
um homem normal, heterozigoto, ser albino e do c) Qual a probabilidade de o indivíduo 10 ser do
sexo feminino é de? Apresente o Quadro de Punnet. tipo sanguíneo O?
d) Quais os possíveis tipos sanguíneos que o
11. Considere as informações a seguir. indivíduo 9 poderá apresentar?
A incompatibilidade entre os grupos sanguíneos e) Quais indivíduos dessa família são considerados
humanos deve-se a reações imunológicas entre doadores universais?
anticorpos presentes no plasma sanguíneo f ) Quais indivíduos dessa família são considerados
(aglutininas) e glicoproteínas presentes nas receptores universais?
superfícies das hemácias (aglutinogênios). Assim, o g) A mulher indicada no heredograma pelo número
sistema ABO apresenta dois tipos de aglutinogênios 8 poderá receber sangue de sua mãe, caso
denominados A e B e dois tipos de aglutininas, necessite de uma transfusão? Justifique sua
anti-A e anti-B. resposta.
Analise o quadro que segue.
13. Analise a imagem. Escreva um parágrafo
Grupos dissertativo explicando em que condições a
Aglutinogênios Aglutininas
sanguíneos Eritrobastose fetal ou Doença Hemolítica do récem
A I III -nascido (DHRN) ocorre.
B II IV 1ª gestação
AB AB Ausente
O Ausente V
Com base no exposto anteriormente, faça o que se
pede.
a) Substitua as indicações em algarismos romanos
de maneira que a tabela apresente as informações
corretas.
b) Qual o tipo sanguíneo de um indivíduo que pode
receber sangue dos tipos: A, B e O, em qualquer
quantidade?
c) É comum, nas redes sociais e em jornais, 2ª gestação
campanhas para doação de sangue. Por que, para
hemocentros e hospitais, é importante receber,
principalmente sangue do tipo O?
12. (UNICENTRO-adaptada) Considere as informa-
ções do heredograma.
1 AB O2 3 O B 4

5 O B 6 7 A O8 9

10

A análise do heredograma permite verificar a


herança do sistema ABO de grupos sanguíneos
em três gerações de uma família. Com base nos

Genética 161
14. Analise a charge e imagine que, num futuro próximo, o genoma humano estaria armazenado em cartões
com chip. Relacione-a com os temas polêmicos das descobertas do Projeto Genoma Humano (PGH).

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/galeria/ images/30genoma.jpg>. Acesso em: 12 mai 2021.

15. (FMTM – adaptada) Dois homens, P-I e P-II, disputam a paternidade de uma criança C, filha da mulher M.
Diante disso, foi pedido o exame de DNA dos envolvidos.

P-I P-II M C
22
21
20
19
Número de pares de base por fragmento

18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1

O resultado do teste revelou os seguintes padrões, representados na figura. Analise e responda:


a) Qual homem tem maior probabilidade de ser o pai da criança C? Justifique sua resposta.
b) As faixas de números 3, 9, 10, 14, e 17 correspondem ao DNA que a criança recebeu da mãe. Considerando
o resultado do exame, quais faixas indicariam o DNA recebido, pela criança, do pai verdadeiro?

162 Capítulo 9
16. (UFSCAR) Relativamente à primeira Lei de Men- c) cruzamento de qualquer indivíduo de F2 com
del, só não é correto dizer que qualquer indivíduo de F1.
d) cruzamento entre um heterozigoto de F1 e o
a) o gameta recebe apenas um dos alelos de cada
indivíduo recessivo da geração P.
caráter, sendo, portanto, sempre puro.
e) cruzamento de dois indivíduos de F2.
b) entre outros nomes, esta lei recebe o nome de Lei
da Pureza dos Gametas. 20. (FUVEST) Em cães labradores, dois genes, cada
c) os alelos são segregados e passam aos gametas um com dois alelos (B/b e E/e), condicionam as três
em proporções fixas e definidas. pelagens típicas da raça: preta, marrom e dourada.
d) cada gameta é puro, isto é, só contém um alelo de A pelagem dourada é condicionada pela presença
cada par de genes. do alelo recessivo e em homozigose no genótipo. Os
e) cada caráter é determinado por um par de alelos, cães portadores de pelo menos um alelo dominan-
que se une na formação dos gametas. te E serão pretos, se tiverem pelo menos um alelo
dominante B; ou marrons, se forem homozigóticos
17. (Rio Largo) Leia as afirmativas a seguir: bb. O cruzamento de um macho dourado com uma
I. Quando os genes alelos são diferentes, estes são fêmea marrom produziu descendentes pretos, mar-
denominados homozigotos, sendo considerados rons e dourados. O genótipo do macho é
esféricos para um caráter e são representados por
a) Ee BB.
duas letras diferentes, por exemplo, Aa.
b) Ee Bb.
II. O genótipo são as características determina-
c) ee bb.
das pelo fenótipo, manifestadas pelo indivíduo,
d) ee BB.
como, por exemplo, o tipo sanguíneo.
e) ee Bb.
III. O gene recessivo só se expressa com os alelos em
homozigose (aa). 21. (UNICAMP) A doença de Huntington, que é pro-
Marque a alternativa CORRETA: gressiva e degenerativa do Sistema Nervoso Central,
compromete significativamente a capacidade moto-
a) Nenhuma afirmativa está correta. ra e cognitiva.
b) Está correta a afirmativa I, apenas.
c) Está correta a afirmativa II, apenas.
d) Está correta a afirmativa III, apenas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
18. (CESESP-PE) O gene para albinismo somente se ex-
pressa quando o cromossomo está em par, e situa-se
no mesmo locus de cromossomos que possuem cargas
genéticas semelhantes, sendo a cor de pele, o caráter
normal, transmitida por um gene que se expressa, mes-
mo em dose simples. De acordo com as palavras grifa-
das, assinale o conceito correto, respectivamente. O heredograma acima representa o padrão de he-
a) Homólogos, alelos, recessivos, dominantes. rança entre os indivíduos, sendo os indivíduos doen-
b) Alelos, recessivos, alelos, homólogos. tes representados em preto, e os indivíduos não do-
c) Recessivos, dominantes, alelos, homólogos. entes, em branco. Homens são representados pelos
d) Recessivos, alelos, dominantes, homólogos. quadrados e mulheres, pelos círculos.
e) Recessivos, alelos, homólogos, dominantes. Considerando as informações apresentadas, é corre-
to afirmar que a doença de Huntington
19. (UFPR) Um retrocruzamento sempre significa
a) é herdada de forma autossômica dominante.
a) cruzamento entre dois heterozigotos obtidos em F1. b) é herdada de forma autossômica recessiva.
b) cruzamento entre um heterozigoto obtido em F1 c) apresenta herança ligada ao cromossomo X.
e o indivíduo dominante da geração P. d) apresenta herança ligada ao cromossomo Y.

Genética 163
22. (VUNESP) Os heredogramas são representações c) Nos jovens, o comportamento é determinado
gráficas que ilustram a transmissão das característi- pelo genótipo; já nos pais deles; é pelo fenótipo.
cas hereditárias. Considerando que o heredograma a d) Os conflitos familiares tendem a determinar
seguir ilustra um caso de transmissão de uma carac- genótipos, alterando o fenótipo das próximas
terística condicionada por apenas um par de alelos gerações.
autossômicos, é correto afirmar que os indivíduos e) O meio ambiente contribui igualmente para
o fenótipo e para o genótipo de uma pessoa,
quanto às condutas.
24. (UFJF - adaptada) A determinação de paterni-
dade pelo DNA foi introduzida no Brasil trinta anos
atrás, em 1988, com a contribuição do Núcleo de
Genética Médica de Minas Gerais. Desde então o
procedimento alavancou uma verdadeira revolução
judicial e social, agilizando a solução de milhares de
casos de determinação de paternidade e permitindo
a solução de problemas de paternidade na esfera ex-
trajudicial, no seio das famílias.
(PENA, Sérgio. Considerações bioéticas sobre a determinação
a) 2 e 8 são dominantes. da paternidade pelo DNA. Minas faz ciência, edição especial
b) 1 e 3 são homozigotos. Bioética, nov. 2018.)
c) 5, 6 e 7 são recessivos. Marque C para certo ou E para errado, sobre caracte-
d) 2 e 8 são heterozigotos. rísticas hereditárias e testes genômicos:
e) 3 e 4 são heterozigotos.
a) O teste de paternidade é possível a partir de
23. (UNIVESP) O desenvolvimento da moral em jo- análises comparativas entre o DNA nuclear da
vens está correlacionado com o comportamento pa- mãe, do filho e do suposto pai.
rental, mas o papel das influências genéticas nessa b) O teste de paternidade compara os alelos do filho
relação ainda não havia sido examinado. aos do suposto pai, sendo que, para a confirmação
Estudando 720 jovens divididos em quatro catego- da paternidade, todos os alelos do filho devem
rias (que incluíam irmãos gêmeos e não gêmeos), corresponder aos do suposto pai.
examinamos o quanto alguns aspectos morais estão c) O teste de maternidade é 100% confiável, já que
relacionados com os níveis de conflito no convívio o DNA mitocondrial do ser humano é herdado
entre os jovens e os pais deles. Os resultados indicam apenas do genitor feminino.
que, em convívios mais conflituosos, o caráter virtu- d) O teste de paternidade pressupõe que a
oso dos jovens se deve principalmente a influências constituição genética do filho é gerada a partir de
hereditárias. Em contraste, em convívios mais har- metade dos cromossomos da mãe e metade dos
moniosos, o senso de responsabilidade dos jovens cromossomos do pai.
se deve principalmente a influências ambientais. Es- e) A determinação da paternidade constitui uma
sas descobertas ressaltam a influência hereditária na aplicação prática das informações sobre a
formação da moral, que anteriormente era assumida variabilidade genética humana obtidas através
como apenas influenciada pelo ambiente, enfatizan- do Projeto Genoma Humano.
do a complexidade dos mecanismos envolvidos no
desenvolvimento do caráter dos seres humanos. 25. (UEMG) José, que pertence ao grupo sanguíneo
Disponível em: <http://tinyurl.com/y5vc46uy> Acesso em: 25 “A”, precisa de uma transfusão de sangue devido a
jun. 2019 (adaptado). uma hemorragia decorrente de uma cirurgia cardíaca.
Os doadores disponíveis são sua mãe, que pertence
Considerando as informações apresentadas no texto,
ao grupo “AB”, seu pai, pertencente ao grupo “O” e seu
assinale a alternativa correta.
tio, que é do grupo “B”. José poderá receber sangue
a) O genótipo é mais importante que o fenótipo na
a) apenas de seu tio.
determinação das propriedades pessoais.
b) apenas de seu pai.
b) A formação moral nos jovens é uma manifestação
c) de sua mãe e de seu pai.
fenotípica que tem influência genotípica.
d) de seu tio e de sua mãe.

164 Capítulo 9
26. (EBSERH - CESPE) - Considerando os dados da
tabela, que representa as reações sorológicas ao se
incubarem diferentes tipos sanguíneo com os soros
anti-A; anti-B; anti-A e anti-B e anti-Rh, julgue os itens
que se seguem em C para certo ou E para errado.

?
(1) João e Roberta apresentam a mesma probabilida-
de de serem portadores do alelo para o albinismo.
(2) A probabilidade de João ser portador do alelo
para o albinismo é de 50%.
(3) A probabilidade de o avô e de a avó paternos de
Roberta serem homozigotos dominantes é de
25%.
(4) Se o casal tiver um filho albino, a probabilidade
de o segundo filho ser albino será de 1/4.
(5) Se o casal tiver um filho albino, a probabilidade
a) O indivíduo 2 pode receber sangue de doadores de o segundo filho ser homozigoto é a mesma
dos tipos sanguíneos B e O, uma vez que ele de ele ser heterozigoto.
expressa aglutininas do tipo anti-A. 28. (MACK) Assinale a alternativa correta a respeito
b) O indivíduo 1 apresenta anticorpos anti-B em do heredograma abaixo.
suas hemácias.
c) O indivíduo 3 pertence ao grupo AB, uma vez Normal
que suas hemácias expressam os antígenos A e B. Albino e canhoto
1 2 3 4
d) O indivíduo 4 é considerado receptor universal,
Albina
uma vez que suas hemácias não apresentam os
aglutinogênios A e B. 5 6 7 8 Canhota
e) O indivíduo 6 pertence ao grupo Rh negativo
e, se for mulher em idade fértil, deverá tomar a) O indivíduo 1 pode ser homozigoto para o
medidas especiais para evitar desenvolver a albinismo.
eritroblastose fetal quando engravidar de um b) O casal 1 x 2 tem 50% de probabilidade de ter
homem Rh positivo. uma criança destra e normal para o albinismo.
c) Um dos pais do indivíduo 4 é obrigatoriamente
27. (UEM – adaptada) João e Roberta se casaram. canhoto.
Ambos são normais e têm casos de albinismo na fa-
d) Todos os filhos do casal 6 x 7 serão albinos.
mília. Como planejam ter filhos, resolveram procurar
e) Os indivíduos 1 e 8 têm obrigatoriamente o
um geneticista para tirarem suas dúvidas. João infor-
mesmo genótipo
mou que sua mãe era homozigota dominante e seu
pai era normal, porém seu avô paterno era albino. 29. (UEFS) O esquema ilustra experimentos, hoje
Roberta informou que seus pais eram normais, po- considerados clássicos, do monge Gregor Mendel,
rém ela tem uma irmã albina. utilizando características herdáveis da ervilha-de-
Considerando essas informações e o fato de que o cheiro. A partir da análise do experimento e do co-
albinismo tipo 1, na espécie humana, é condiciona- nhecimento a respeito da genética mendeliana, po-
do por um par de alelos recessivos, julgue os itens. de-se afirmar que

Genética 165
Ao cogitar a hipótese de o ator ter filhos com uma
P
Semente lisa
X Semente rugosa
mulher acondroplásica, um estudante fez as seguin-
tes proposições:
e amarela e verde
RRVV rrvv I. 75% de seus descendentes serão anões, e 25%
serão normais.
Gametas RV rv Gametas II. O alelo D se comportará como um alelo letal re-
cessivo na determinação da sobrevivência de
seus descendentes.
F Semente lisa
e amarela III. A probabilidade do casal acondroplásico ter uma
RrVv menina normal em relação a essa condição pato-
lógica é de 1/6.
a) indivíduos da F1 em processo de autofecundação IV. A proporção fenotípica esperada para seus des-
devem produzir uma geração F2 com uma cendentes não difere daquela esperada, segun-
proporção fenotípica de 9:3:3:1. do as Leis de Mendel.
b) a utilização, por parte de Mendel, de uma análise V. A proporção fenotípica esperada para seus des-
estatística dos resultados obtidos favoreceu uma cendentes é de 2:1.
compreensão mais rápida dos seus trabalhos
pela comunidade científica da época. Estão corretas as afirmações
c) cada caráter analisado é determinado por um par a) I e IV.
de fatores que se unem na formação dos gametas b) III e V.
e se segregam na fecundação. c) II, III e V.
d) a análise em Genética de duas ou mais caracterís- d) I, II e IV.
ticas, simultaneamente, é possível devido ao fato e) II, III, IV e V.
de que, em todas as heranças, cada gene age de
forma independente de outros genes não alelos. 31. (EINSTEIN /VUNESP) Acromatopsia é uma doen-
e) o cruzamento da geração parental representada ça autossômica recessiva rara, determinada por um
permitiu a produção de uma F1 com 100% de par de alelos. Pessoas com essa doença pouco dis-
indivíduos dominantes homozigotos. tinguem cores ou não as distinguem, podendo en-
xergar uma só cor. No heredograma, o avô de Renan
30. (UNICENTRO) Na série de TV Game of Thrones, e Bárbara apresenta a acromatopsia. A probabilida-
o ator Peter Dinklage, que faz o personagem Tyrion de de Renan e Bárbara gerarem um menino com a
Lannister, apresenta um tipo de nanismo denomi- acromatopsia será de
nado acondroplasia, uma anormalidade genética
causada por um gene autossômico e dominante
D. Indivíduos com esse tipo de nanismo possuem
membros e tronco com tamanho desproporcional e
outras características próprias do crescimento insu-
ficiente dos ossos longos. A doença é letal quando
o gene causador dessa anomalia ocorre em homo-
zigose.

a) 1/16.
b) 1/8.
c) 1/32.
d) 1/64.
e) 1/4.

166 Capítulo 9
1 Origem da Vida
Há muitos séculos, acreditava-se que a origem da vida se deu a partir das ações de um criador,
um ser superior e/ou supremo, divino teria gerado todas as coisas e formas de vida, as quais seriam
imutáveis, o que conhecemos por Criacionismo. E essa linha de pensamento continua sendo defen-
dida por muitas pessoas; contudo, não se pode dizer que essa seja uma teoria científica, já que não é
passível de ser refutada (negada; não é possível providenciar argumentos que neguem essa teoria).
Além do Criacionismo, durante centenas de anos muitos pesquisadores defendiam que a vida na
Terra teria surgido a partir da matéria bruta por geração espontânea, também conhecida por Teo-
ria da Abiogênese. Mas hoje já sabemos que a geração espontânea não se comprova, mas durante
séculos muitas indagações e dúvidas prevaleceram.
Graças a vários pensadores e suas pesquisas, surgiu uma teoria muito mais assertiva: Teoria da
Biogênese, a qual relata que a vida poderia surgir apenas a partir de outra preexistente. E o grande
responsável por derrubar em definitivo a geração espontânea e comprovar a biogênese foi o cientis-
ta francês Louis Pasteur (1822-1895) com seus experimentos para desvendar o porquê de os vinhos
azedarem.

Evolução 167
No seu experimento, observe a imagem, o cientista conseguiu comprovar que a vida não vinha da matéria
bruta e sim do processo de reprodução dos micróbios dentro de caldos nutritivos, e que esses microrganismos
contaminavam os caldos devido ao contato com o ar que “os carregava para dentro dos recipientes”.
Criador da técnica da pasteurização, que é usada até hoje
pela indústria alimentícia, esse método de conservação consiste
em um tratamento térmico em que os produtos são aquecidos a
determinada temperatura, os microrganismos são eliminados e, O caldo nutritivo é
derramado em uma jarra
O gargalo da garrafa é
esticado e curvado O caldo nutritivo é fervido e

na sequência, são resfriados subitamente e envasados em condi-


esterelizado

ções herméticas (sem entrada de ar).


Mesmo com a derrubada de uma vez por todas da geração
espontânea, ainda assim restavam dúvidas: Como surgiram en- Se o gargalo for rompido, depois de um
O caldo nutritivo da garrafa "pescoço de cisne"
permaneceu livre de microorganismos

tão as primeiras formas de vida há bilhões de anos atrás? E de tempo aparecerão microorganismos no caldo

onde vem tanta diversidade entre os seres vivos? Por que alguns
seres vivos desaparecem? Como surgem novas espécies? Como
os seres vivos evoluem?
Não podemos esquecer que Mendel conseguiu comprovar muito sobre a diversidade de características entre
as espécies, nos inúmeros cruzamentos e experimentos com as plantas, como aprendemos no capítulo anterior,
porém ainda havia muitas perguntas a serem respondidas. Afinal são essas perguntas que estigam os pesquisa-
dores e cientistas.

Saiba+
No início do século XX, dois pesquisadores – um bioquímico russo, Aleksandr Oparin (1894-1980) e outro,
biólogo e geneticista inglês, J. B. S. Haldane (1892-1964) – aprofundaram o estudo sobre a Evolução Quími-
ca. Esses pesquisadores acreditavam que as primeiras formas de vida no planeta Terra surgiram a partir dos
compostos químicos presentes na atmosfera primitiva da Terra, além das condições extremas que o Planeta
tinha à época (tempestades, erupções vulcânicas e chuvas intensas). Provavelmente esses compostos se re-
organizaram de tal maneira que as primeiras moléculas orgânicas foram formadas, inicialmente nos oceanos.
Em meados do século XX, o químico Stanley Miller (1930-2007) testou a hipótese de Oparin-Haldane com
um experimento em laboratório que simulava as condições da atmosfera primitiva do nosso planeta e com-
provou a Teoria da Evolução Química.
Observe o esquema e a “máquina toda de vidro”, criada por Miller, sob a
supervisão do seu professor, também químico, Harold Urey (1893-1981). No
seu experimento, foram colocados os compostos (água - H2O, hidrogênio -
H2, metano - NH4 e amônia- NH3). Em um primeiro balão /reservatório, a água
foi aquecida e, ao evaporar, era direcionada para um segundo reservatório
com os demais compostos; ainda neste balão, havia eletrodos que simula-
vam os relâmpagos (descargas elétricas) das inúmeras e longas tempestades
que ocorreram no nosso planeta, além de feixes de luz, que simulavam os
raios ultravioleta do Sol.
Em seguida e em outra parte do experimento, muito bem elaborado, havia um condensador que, ao libe-
rar gotículas de água, simulava as chuvas, e, consequentemente, o gradativo resfriamento da Terra também
era simulado.
O experimento durou alguns dias, em ambiente controlado. Ao final, no último reservatório, o “caldo for-
mado” continha aminoácidos (monômeros das proteínas). Assim a Teoria foi confirmaram testes, mesmo
depois de décadas, outros pesquisadores testaram, e os resultados foram sempre os mesmos.

168 Capítulo 10
2 Evidências evolutivas
Muitas evidências comprovaram que as primeiras formas de vida surgiram, no planeta Terra, há pelo menos
3,5 bilhões de anos; muitos desses vestígios são de natureza física e bioquímica e continuam sendo usados, por
pesquisadores e cientistas, para ampararem suas teorias ou complementarem teorias já existentes.
Atualmente a Teoria da Evolução Química é a mais aceita, mas agora vamos compreender a evolução biológica
dos seres vivos e das inúmeras espécies que há no nosso planeta e as evidências que a comprovam.
Fósseis

Os fósseis são evidências que comprovam que houve vida há milhões de anos e são importantes para atestar
e verificar a ancestralidade comum dos seres já extintos com espécies que habitam, atualmente, nosso planeta.
Também é possível, por meio do estudo desses fósseis, compreender fatores como o modo de vida (nicho ecoló-
gico) ou, por exemplo, o tipo de alimentação, bem como entender as possíveis causas dos processos de extinção
de determinadas espécies, como os dinossauros.

Ossos de dinossauros

Naturalmente, temos a tendência de imaginar que só são considerados fósseis restos de animais e plantas;
mas isso não é verdade. Ferramentas, louças, outros utensílios pegadas e desenhos também são considerados
importantes vestígios que ajudam na explicação da adaptação das espécies a diferentes ambientes.
A formação dos fósseis se dá, principalmente, pela sobreposição de sedimentos que vão compactando a ma-
téria orgânica e registrando o “desenho” do corpo nas inúmeras camadas de sedimentos; também é possível
encontrar fósseis muito bem conservados em regiões geladas do Planeta. Além dessas, há seres vivos que ficam
conservados por milhares de anos em seivas de plantas, como âmbar. Há ainda o caso dos desenhos; esses vestí-
gios ficaram gravados em paredões rochosos.

Âmbar (resina fossilizada de vegetais) Pinturas rupestres pré-históricas do sítio


polido com insetos no interior arqueológico de Tassili N’Ajjer, na Argélia
(continente africano)

Evidências anatômicas e embriológicas

Órgãos homólogos
São estruturas corporais que apresentam semelhança quanto à origem embrionária, mas não necessariamente
executam as mesmas funções. Nesse caso, acredita-se que os animais que apresentam essa característica tenham
passado pelo processo de divergência evolutiva, pois possuem diferentes hábitos de vida, principalmente pela
colonização em diferentes ambientes, contudo seus órgãos não executam funções similares.

Evolução 169
Um exemplo são as asas dos morcegos, quando comparadas às nadadeiras dos golfinhos; ambos são mamífe-
ros, mas os órgãos possuem diferentes funções; um destina-se ao voo, e o outro, à natação. As asas dos morcegos,
os braços dos seres humanos e as patas dos cavalos também são exemplos de órgãos homólogos.

Úmero

Rádio

Ulna

Carpo
Metacarpo
Falange

Órgãos análogos
São estruturas corporais que apresentam semelhança quanto à função, mas não apresentam a mesma origem
embrionária, portanto não dividem ancestralidade comum. Nesse caso, os seres que apresentam essa caracterís-
tica passaram pelo processo de convergência evolutiva, com capacidades funcionais semelhantes por apresen-
tarem modo de vida também semelhante.
As imagens a seguir exemplificam as asas de alguns insetos, que são animais invertebrados, quando compara-
dos com as asas dos morcegos ou com as asas das aves (animais vertebrados).
Nesta comparação, tais órgãos serão classificados como análogos: apresentam a mesma função - voo, mas não
há mesma origem embrionária.

Braço superior
Antebraço
Pulso
Metacarpo
Dedos

Coelho
Raposa
Órgãos vestigiais Herbívoro não
ruminante Carnívoro

São estruturas que atualmente não possuem função,


mas que, em algum momento da evolução, apresentaram
alguma função no corpo do indivíduo. Um exemplo clássi- Esôfago
co é o apêndice (cecos) nos animais vertebrados carnívo- Estômago
ros, o qual é, atualmente, pouco desenvolvido. Já no caso
dos cecos de animais vertebrados herbívoros, que con-
somem muita celulose, o que temos é que apresentam
uma estrutura relativamente maior, indicando que ainda Ceco

há função na digestão, principalmente de carboidratos e Intestino

algumas proteínas. Ânus

Apêndices de roedores são mais desenvolvidos que animais carnívo-


ros, mas a presença nos dois seres vivos indica ancestralidade comum.

170 Capítulo 10
Contudo, essa classificação de órgãos vestigiais varia muito, uma vez que antes não se conhecia muito bem a
função de estruturas que hoje classificamos como órgãos vestigiais. Por exemplo, as amígdalas antes eram clas-
sificadas como órgãos vestigiais, porém, após estudos, percebeu-se que essas estruturas são muito importantes
para o Sistema Imunológico e ainda executam essas funções nos seres vivos que as possuem.
Embriologia comparada
Quanto mais aparentadas são as espécies, mais similares são os estágios de seu desenvolvimento embrioná-
rio. A análise e a comparação da anatomia dos embriões são consideradas importantes evidências evolutivas.

Peixe Anfíbio Répteis Aves Mamíferos

-
Estágios do desenvolvimento embrionário inicial dos vertebrados. Ori-
gem evolutiva comum, componentes embrionárias semelhantes.

3 Teorias da Evolução Biológica


Todas essas evidências – fósseis, comparações anatômicas e embriológicas – foram usadas como argumentos
para fundamentar as Teorias da Evolução dos Seres Vivos, antes mesmo da descoberta do material genético. Va-
mos conhecer e compreender mais sobre essas teorias e seus principais defensores.
Lamarckismo

O naturalista francês Jean Baptiste Lamarck (1744-1829) foi um dos primei-


ros cientistas a formular uma hipótese referente à evolução dos seres vivos;
ele afirmava que os indivíduos podiam mudar e se adaptar ao ambiente lo-
cal. Uma explicação, bem conhecida para a capacidade dessa adaptação, diz
respeito às variedades existentes quanto ao comprimento do pescoço das
girafas.
De acordo com Lamarck, os ancestrais das girafas deviam ter sido de pesco-
ços curtos, e essa estrutura foi se tornando mais longa, devido à necessidade Segundo Lamarck, o esforço para alcan-
de alcançar folhas de árvores mais elevadas. Por meio da reprodução, esta çar alimento teria aumentado o tama-
característica de “pescoço comprido” seria repassada aos descendentes. nho do pescoço.

A essa teoria, Lamarck nomeou de Lei do Uso e Desuso; nesse caso, o esforço de buscar alimentos fez com que
os pescoços aumentassem de tamanho ao longo da vida do animal, essa característica, que era repassada à prole,
foi o que Lamarck classificou como herança dos caracteres adquiridos. Dessa maneira, o princípio da evolução
das espécies, segundo Lamarck, estava baseado em quatro pontos fundamentais:

1) Geração espontânea;
2) Lei do Uso e Desuso ou Transformismo: o uso de estruturas e órgãos do corpo do indivíduo faz com que eles
se desenvolvam, e o desuso os atrofia;
3) Lei da Transmissão dos Caracteres Adquiridos: as alterações, pelo uso e desuso, são transmitidas aos des-
cendentes;
4) Complexidade e progresso.

Evolução 171
Contudo, alguns cientistas, à época, desafiaram Lamarck a mostrar evidências que comprovassem sua expli-
cação para a evolução dos seres vivos. Hoje sabemos do equívoco da Lei do Uso Desuso e da Transmissão dos
Caracteres Adquiridos, uma vez que vários fósseis encontrados comprovaram que essas mudanças não ocorre-
ram pelo uso ou desuso, tendo em vista que, se assim fosse, os vestígios mais antigos seriam muito mais simples
e os atuais teriam uma maior complexidade nas suas anatomias. Há evidências, entretanto, de fósseis antigos
com estruturas muito mais complexas quando comparados com os indivíduos atuais e que não necessariamente
continuaram no processo evolutivo.
A ideia de que os seres vivos surgiram da matéria inanimada (bruta) era aceita por Lamarck e por outros pen-
sadores contemporâneos a ele. Hoje se sabe que a evolução biológica não é sinônimo de progresso. No entanto,
Lamarck acreditava que, após a geração espontânea, seres simples se tornariam cada vez mais complexos, e que
as linhagens "evoluíram" em direção ao progresso.

Curiosidades
Lamarck não estava totalmente errado!
Não podemos desconsiderar as colocações e considerações de Lamarck, porque o naturalista e seus estudos
foram importantes para que Charles Darwin formulasse suas hipóteses, anos depois. É importante ressaltar, entre-
tanto, que Lamarck começou seus estudos bem antes de Darwin, e que o relato do pescoço das girafas não foi a
sua maior contribuição no campo das ciências e da evolução.
Charles Darwin, no início do seu livro A Origem das Espécies, escreveu sobre os trabalhos de Lamarck:
Lamarck foi o primeiro naturalista cujas conclusões sobre o assunto despertaram grande atenção. Considerado céle-
bre no assunto, publicou suas opiniões pela primeira vez em 1801; posteriormente, desenvolveu-se ainda mais em 1809,
na sua Philosophie Zoologique e, em 1815, na introdução da sua Historie Naturelle des Animaux sans Vertèbres. Nesses
trabalhos, Lamarck defende a tese de que todas as espécies – a humana inclusive – originam-se de outras. Deve-se a ele,
em primeiro lugar, o trabalho de ter despertado a atenção da humanidade para a probabilidade de que as modifica-
ções, tanto inorgânicas quanto orgânicas, fossem o resultado de leis e não de intervenções milagrosas.
Fonte: Darwin, C. A origem das espécies. Tradução de Eduardo Fonseca. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.

Darwinismo

A evolução biológica ganhou destaque com Charles Darwin (1809-1882), cien-


tista inglês que, em 1831, embarcou no navio Beagle, a convite do capitão Ro-
bert FitzRoy, para acompanhá-lo em uma viagem ao redor do mundo, prevista
para durar cinco anos. O capitão tinha como objetivo testar uma nova geração
de relógios de precisão e mapear a costa da América do Sul. Durante a viagem,
Darwin estudou, principalmente no arquipélago de Galápagos, ilhas banhadas
pelo Oceano Pacífico, território do Equador, o mecanismo da seleção natural e
sua contribuição para o aparecimento de novas características nos seres vivos.
Darwin, ao longo dos seus estudos, comparou a anatomia e a morfologia dos
seres vivos, a geografia e geologia da região; além de comparar diversas espécies
com fósseis, analisou semelhanças e diferenças entre os indivíduos que dividiam
o mesmo espaço, e conseguiu demonstrar de que maneira o meio ambiente
influenciava na seleção das características que os indivíduos apresentavam.
Além disso, Darwin forneceu dados de diferentes análises morfológicas de várias espécies de seres vivos, que
comprovaram que todos os seres vivos descendem de um ancestral comum, e que as modificações das espécies
se acumulam com o tempo. Por essa ocasião, poucas pessoas levaram a sério, até mesmo porque apenas quase
100 anos após o lançamento do livro "A Origem das Espécies" (1859) é que se pôde comprovar que há uma mo-
lécula hereditária, o DNA (ácido desoxirribonucleico), que transmite características ao longo das gerações.

172 Capítulo 10
Charles Darwin afirmava que algumas características eram selecionadas pelo ambiente em que o indivíduo e
seus ancestrais viviam. Além disso, essas adaptações seriam repassadas aos descendentes, pelo processo repro-
dutivo, conferindo-lhes maiores chances de sobrevivência e perpetuação da espécie. Após anos de estudos, Da-
rwin concluiu que a evolução não é meramente um melhoramento das características de um ser vivo, as quais es-
tão sendo repassadas ao longo das gerações. Considerando o exemplo do pescoço das girafas, Darwin ponderou
que o princípio fundamental seria o da seleção natural; logo, o meio ambiente selecionou a variedade “pescoço
comprido”, já que os indivíduos que apresentavam essa variedade garantiam alimentos, portanto sobreviviam
em maior quantidade, se comparados aos indivíduos com pescoço mais curto.
Assim, ao longo das gerações, um número maior de girafas com a característica para “pescoço comprido” so-
brevivia, consequentemente, essa variedade era transmitida aos descendentes.

Segundo Darwin, há uma variedade no tamanho dos pescoços, a mais bem adaptada ao
ambiente sobrevive e é selecionada.

Concluindo as propostas, pesquisas e tratados, após anos de estudos, Charles Darwin propôs dois princípios
básicos, que confirmam a sua Teoria da Evolução Biológica.

Ancestralidade comum: os seres vivos possuem uma ancestralidade comum, comprovada pelas inúmeras
evidências anatômicas e fisiológicas, fato que confirma a influência do ambiente na origem de novas espécies.
Seleção natural: uma característica estrutural ou fisiológica presente nos indivíduos, a qual propicia maior
chance de sobrevivência no ambiente e pode ser, então, selecionada e transmitida para as gerações futuras.

Saiba+
Seleção Artificial x Seleção Natural
Por incrível que pareça, Darwin começou suas argumentações bem antes da viagem no navio Beagle às
Ilhas Galápagos. O naturalista ficou intrigado com as inúmeras variedades de pombos na Inglaterra, obtidos
a partir de cruzamentos realizados pelos criadores dessas aves.
Entre os pombos, havia uma variedade quanto à quantidade e à forma das penas, em diferentes partes do
corpo, e diversidade na coloração das plumagens, entre outros. Contudo, essas características ocorriam em
poucas gerações, mas na mesma espécie, simplesmente pela influência humana; é o que hoje conhecemos
como raça.
De acordo com Darwin, no livro "A Origem das Espécies", O homem seleciona apenas para sua própria
vantagem; a Natureza, para a sobrevivência de cada ser sobre o qual ela age.
Portanto, essa seleção artificial de variedades e ou características não tem o mesmo princípio da seleção
natural, já que a natureza pode agir numa escala temporal muito superior à dos criadores humanos. Assim,
diante essa curiosidade e analisando os diversos fósseis, Darwin alicerçou sua teoria.
Um exemplo atual, no qual podemos perceber a ação da seleção natural e de quanto Darwin estava cor-
reto, é o fenômeno das superbactérias, que surgem principalmente nos hospitais, e que se tornaram um
problema de saúde pública no mundo.

Evolução 173
O uso indiscriminado de antibióticos é o principal fator que contribui para o surgimento das superbacté-
rias, mas outros fatores também podem colaborar, entre eles: uso antibióticos mais potentes para infecções
relativamente brandas, a má higienização dos funcionários em um hospital ou das dependências hospitala-
res, principalmente as UTIs, e inclusive a “cultura da automedicação”.
Os antibióticos atuam, principalmente, destruindo as paredes celulares bacterianas e na membrana plas-
mática, o que provoca a morte do micro-organimos patogênico. Outros tipos de antibióticos agem direta-
mente no material genético, inibindo a síntese de proteínas de RNA e assim impossibilitando a reprodução e
a consequente multiplicação desses seres vivos.
A partir do uso descontrolado desses medicamentos e por meio da seleção natural, com o tempo, algumas
bactérias mais resistentes sobrevivem, reproduzem-se e dão origem a novas bactérias. Geralmente essa resis-
tência surge por mutações ou troca de material genético entre outras bactérias, ao longo das reproduções,
que são relativamente rápidas, o que variabilidade genética entre elas.

Bactérias resistentes e
não resistentes Adicionar antibióticos
Mata a tensão não resistente

Resistência a antibióticos

Resistente
Multiplicação de variedade
Não resistente resistente

Com o passar do tempo e das sucessivas reproduções, a característica “mais resistente a antibióticos” vai
sendo selecionada e transmitida para as novas gerações de bactérias.
Outro exemplo da seleção natural, que ainda causa muita preocupação, está nas variantes do coronaví-
rus SARS-CoV2, responsável pela Pandemia da COVID19.
As vacinas e os medicamentos utilizados no tratamento da COVID19 exercem uma pressão sobre os vírus,
contudo a falta de medicamentos mais eficazes, que reduzam a replicação do vírus, lentidão no processo de
imunização e as aglomerações constantes têm contribuído para a seleção e a propagação de novas variantes
mais infecciosas, como o caso da variante delta.
Enquanto não se vacinar a população como um todo (não há um tratamento mais eficaz para as pessoas
contaminadas), os riscos ainda serão enormes. Cada vez que as aglomerações ocorrem e os cuidados com a
higiene são reduzidos, os vírus conseguem parasitar novas células, mais replicações ocorrem, e maiores são
as chances de novas mutações.
Portanto, é fundamental desacelerar e reduzir a propagação do coronavírus, além de manter os cuidados,
entre eles: evitar aglomerações, cumprir sempre que possível o distanciamento social, fazer o uso correto e
constante de máscaras, trocar as máscaras quando úmidas, aumentar a higienização das mãos e dos objetos
usando água e sabão e/ou álcool a 70%, além de higienizar constantemente os locais com maior concentra-
ção de pessoas - hospitais, postos de saúde, escolas, shoppings, transportes públicos, estações rodoviárias e
metroviárias, aeroportos, banheiros públicos.
1. Que mecanismo biológico ocorreu para que essas bactérias passassem a ser classificadas como super-
bactérias?
2. Como podemos reduzir ou até mesmo inibir a formação superbactérias?
3. E no caso do coronavírus, como podemos reduzir as mutações que criam novas variantes?
4. Realize uma pesquisa, no seu estado, sobre como está a imunização para a COVID 19. Já há vacinas para
crianças menores de 12 anos?
5. Pesquise outro exemplo, diferente do apresentado no texto, de seleção artificial.

174 Capítulo 10
Curiosidades
Especiação
De acordo com o biólogo Ernst Mayr (1904-2005), os indivíduos podem ser considerados da mesma espé-
cie quando são potencialmente capazes de se reproduzir se isolados reprodutivamente de outros indivíduos
de populações semelhantes e, ainda, ao se cruzarem, geram indivíduos também capazes de gerar novos
descendestes, sendo, portanto, férteis.

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Arquipélago de Galápagos, território do Equador, ilhas banhadas pelo Oceano Pa-
cífico

Quando Darwin começou sua coleta de diferentes animais nas Ilhas Galápagos, ainda não imaginava o
processo da especiação; ele só foi perceber esse fenômeno tempos depois, e sua descoberta se deu graças a
uma coleta de diferentes pássaros que possuíam bicos bem diversificados. Darwin, no início, registrou-os em
suas anotações como indivíduos de espécies diferentes, principalmente pelo aspecto físico das aves. Certos
pássaros apresentavam, por exemplo, bicos maiores e bons para esmagar sementes relativamente grandes, já
outros apresentavam bicos em forma de alicates, para segurar sementes menores. Algum tempo depois, com
o auxílio de ornitólogos, ficou claro que eram todos tentilhões com diferentes adaptações, os quais haviam
colonizado ilhas diferentes do arquipélago. Como Darwin explicou a especiação dos tentilhões?
Alguns tentilhões colonizaram algumas ilhas, e, com o passar do tempo, seus descendentes teriam se
transformado em diferentes espécies, todas adaptadas ao ambiente. Alguns, procedentes dessas gerações,
separaram-se e colonizaram outras ilhas do arquipélago, dando origem a novas linhagens, e, ao longo do
tempo, novas espécies foram formadas, também adaptadas às diferentes regiões, bem como ao suprimento
de alimento disponível em cada um dos locais. Tentilhões de Darwin
Radiação adaptativa
Após algum tempo de pesquisa, Darwin concluiu que todas as espé-
cies surgiram a partir de um ancestral comum; portanto, em um processo
longo e demorado, várias e diferentes espécies foram surgindo em decor- Bico ferramenta (galhos)

rência desse processo, que ele chamou de especiação. Não é à toa que
o principal livro deste pesquisador foi intitulado “A Origem das Espécies”.
Folhas
Nesse livro, Darwin explicou os mecanismos e as etapas necessários para o Frutos

surgimento de novas espécies, que são: Sementes

Isolamento geográfico Insetos Larvas

No caso do isolamento geográfico, são comuns barreiras físicas (rio, ilhas, montanhas), que impedem o en-
contro dos indivíduos; ou isolamento, quando populações se separam pelo processo migratório, e, ao longo
do tempo, os sucessivos cruzamentos dessas populações isoladas promovem a perpetuação de indivíduos
com adaptações para determinado ambiente, sob ação da seleção natural.
Após determinado tempo, se essas populações voltarem a se encontrar, duas situações podem ocorrer:
ou as populações continuam seus cruzamentos e aumentam a variabilidade da espécie, ou não há mais

Evolução 175
cruzamentos, o que definiria que novas espécies surgiram devido ao isolamento geográfico. Esse tipo de
especiação ocorrida pelo isolamento geográfico é classificado como irradiação (ou radiação) adaptativa.
Isolamento reprodutivo
Em algumas situações, as espécies não estão isoladas geograficamente, mas há impossibilidade de cruza-
mento, ou, quando ocorre o cruzamento, os gametas não fecundam, e o zigoto não é formado. Em outros
casos, pode ocorrer a fecundação e o consecutivo desenvolvimento de indivíduos híbridos. No entanto, esses
indivíduos serão estéreis.
Em algumas populações, os indivíduos não obtêm sucesso reprodutivo, pois os órgãos de cópula não são
compatíveis, o que torna impossível a formação de novos descendentes; em outros casos, os períodos férteis
ocorrem em momentos diferentes. Normalmente, o isolamento reprodutivo é precedido de um isolamento
geográfico, mas o inverso não é obrigatório.
Esses dois mecanismos, associados às pressões seletivas do ambiente, promovem o surgimento de novas
espécies. O processo de especiação é comprovado ao longo dos anos pela análise dos órgãos homólogos e
análogos, que são evidências evolutivas e que elucidam a existência ou não de uma ancestralidade comum.

Neodarwinismo ou Teoria Sintética da Evolução

A evolução biológica, proposta por Charles Darwin, foi fundamentada bioquimicamente, no século XX, pelos
neodarwinistas. Darwin, ao longo dos seus estudos, não pôde esclarecer dois grandes enigmas:
Como se dá a transmissão das características de uma geração parental aos seus descendentes?
De que maneira ocorre a biodiversidade entre os indivíduos, ainda que pertencentes a uma mesma espécie?
No entanto, por meio da associação do princípio da seleção natural de Darwin às propostas básicas dos meca-
nismos de hereditariedade fundamentadas na genética clássica mendeliana e nas informações sobre mutação
e recombinação genética, esses questionamentos são facilmente explicados pela Teoria Sintética da Evolução.
Quanto ao primeiro grande enigma, Mendel contribuiu para a sua compreensão: os processos da transmissão
das características que são repassadas à prole vão aos pares e são oriundas dos gametas de origem materna e pa-
terna; além disso, alguns desses fatores serão dominantes em relação a outros que são considerados recessivos.
Os neodarwinistas complementaram os estudos de Mendel com a descoberta dos genes que formam a molécula
da hereditariedade: o DNA (ácido desoxirribonucleico).
O segundo enigma foi desvendado, também, a partir das pesquisas sobre o DNA (molécula cuja estrutura foi
descoberta, em 1953, por dois jovens cientistas, James Watson e Francis Crick). Os neodarwinistas, a partir do
conhecimento e do funcionamento desta molécula, conseguiram confirmar os mecanismos que participam dire-
tamente do processo de evolução e da origem das espécies e que contribuem para a variabilidade genética dos
indivíduos, que são: a mutação gênica e a recombinação gênica.
Além do estudo da Genética, os defensores da Teoria Sintética da Evolução também se embasaram nas com-
parações, anatômica e bioquímica, dos fósseis com espécies atuais, fortalecendo, ainda mais, a Teoria da Seleção
Natural, proposta por Darwin.

176 Capítulo 10
Origem da diversidade MUTAÇÃO VARIABILIDADE RECOMBINAÇÃO

1) Mutação Gênica:
As mutações são alterações que ocorrem em alguns genes, causando
mudanças na sequência dos nucleotídeos que formam a molécula do DNA.
São essas alterações que promovem o surgimento de novas características,
portanto promovem o aumento na variabilidade genética.
2) Recombinação Gênica:
A recombinação ocorre a partir da reprodução sexuada, em que genes são mistu-
rados, proporcionando uma nova combinação a cada descendente gerado, processo
SELEÇÃO
muito bem testado e comprovado por Mendel com a segregação independente dos NATURAL

cromossomos, o que mais tarde foi chamado de crossing over na formação dos game-
tas masculinos e femininos na divisão celular meiose I (prófase I). ADAPTAÇÃO

O esquema apresenta os fatores que participam direta-


mente no processo evolutivo (mutação, variabilidade e
recombinação). Esses fatores promovem uma diversida-
de de características que serão selecionadas pelo meio
ambiente, uma vez que apresentam a adaptação, que
confere sobrevivência.

Curiosidades
Mimetismo x Camuflagem
Alguns animais apresentam adaptações que foram repassadas à prole ao longo do processo evolutivo;
essas adaptações conferiram uma chance maior de sobrevivência, já que, em certos casos, por exemplo, a
presa pode se proteger mais facilmente do predador. Em determinadas situações, o predador pode atacar
uma presa sem que seja facilmente percebido.
Mimetismo
Ocorre quando duas espécies distintas possuem a mesma característica física, que pode confundir o pre-
dador; ambas as espécies ou apenas uma pode levar vantagem na “luta pela sobrevivência". Esses animais,
que apresentam cores vistosas, muitas vezes não são atacados por predadores, que entendem essas cores de
advertência como sinal de que não devam ser consumidas.
Pode-se citar como exemplo o caso da cobra coral verdadeira, que é peçonhenta, e o da cobra coral falsa,
que não possui peçonha. Você seria capaz de olhar, rapidamente, e identificar qual é a verdadeira e qual seria
a falsa?

A cobra da esquerda é da espécie Oxyrhopus guibei, e a da direita é Micrurus corallinus,


a cobra coral verdadeira.

Evolução 177
Outro exemplo comum de mimetismo é o de algumas borboletas; a borboleta da esquerda é conhecida
como borboleta monarca e a da direita como borboleta vice-rei. As duas são de espécies distintas, mas sua
aparência física impressiona e confunde o predador. A borboleta monarca é impalatável (tem sabor ruim).
A experiência de um pássaro predador com uma borboleta monarca o levará a evitar o ataque à borboleta
vice-rei.

Camuflagem
Na camuflagem, as estruturas do animal se confundem com as do meio ambiente, e não há imitação de
outra espécie. As imagens a seguir representam dois bons exemplos: o bicho-pau, cuja aparência se confun-
de com gravetos e troncos de árvores e arbustos; e a impressionante camuflagem do gafanhoto-folha, que
realmente parece uma folha, a camuflagem desse inseto apresenta até manchas como as folhas possuem.
Dessa maneira, esses animais e outros "mestres da camuflagem" aumentam sua chance de sobrevivência e a
maior probabilidade de se reproduzirem e repassarem essas características para a prole.

Bicho-pau e Gafanhoto-folha

Finalizando as Teorias da Evolução Biológica, fica mais fácil a compreensão sobre origem das espécies, da bio-
diversidade presente no nosso planeta Terra e como ocorreu e ainda ocorre o processo de especiação e evolução.
Muitas vezes observamos e resumimos a história evolutiva das espécies a partir das árvores filogenéticas ou
cladogramas.
A filogenia nada mais é que a história genealógica de uma determinada espécie e de seus possíveis paren-
tes, descendentes e ancestrais. Essa área da ciência baseia-se em estudos anatômicos (morfológicos), comporta-
mentais (nutrição, reprodução, hábitat, entre outros) e análise das moléculas (principalmente comparação entre
DNAs e proteínas).
Essas árvores filogenéticas ou cladogramas são representações gráficas que parecem com árvores, e indicam
as relações evolutivas entre os seres vivos. São divididas em raiz, nós e ramos:
• Raiz – indica o ancestral comum, mais antigo;
• Nós – representam ancestrais comuns de duas espécies e o momento em que este ancestral deu origem,
possivelmente, a novas linhagens de descendentes, a partir da especiação;
• Ramos – são linhas que unem os nós considerando a ancestralidade e os descendentes e podem indicar
eventos como isolamento geográfico.
As árvores filogenéticas devem ser lidas da parte mais estreita até o sentido das ramificações, indicando a
história mais antiga - ancestral comum - e, de acordo com as ramificações até chegar às extremidades, que repre-
sentam os táxons da história mais recente. Pode ser desenhada de lado, de ponta a cabeça, não necessariamente
“em pé” como se fosse uma árvore em si.

178 Capítulo 10
PROCARIONTES EUCARIONTES
Ancestrais comuns
humanos chimpanzés

BACTÉRIA ARCHAEA PROTISTA PLANTAS FUNGI ANIMAIS

Outro

Milhões de anos atrás


BACTÉRIA ARCHAEA EUKARIA

Tornar-se extinto

ANCESTRAL COMUM

Chimpanzé Arcaica

• Evolução Biológica - Canal Cientificando - <https://youtu.be/QtmELMQ2Ru8>


• Origem da Vida - Evolução Quimica - Canal Descomplica - <https://youtu.be/
VASPBcNFCzs>
• Evidências Evolutivas - Canal Descomplica - <https://youtu.be/4WO-A_GaA1o>
• Especiação - Canal CEEJA - Ilha da Queimada Grande (SP) - <https://youtu.be/
CDaO1rJC_wM>

Evolução 179
1. (UNESP) Aquecimento já provoca mudança em 4. (UFPB) Sabendo que os fósseis constituem uma
gene animal. Algumas espécies animais estão se das principais evidências da evolução biológica,
modificando geneticamente para se adaptar às
a) explique o que são fósseis.
rápidas mudanças climáticas no espaço de apenas
b) cite uma informação importante para o
algumas gerações, afirmam cientistas.
entendimento da evolução, que pode ser obtida
(“Folha de S.Paulo”, 9 jun. 2006.) através do estudo dos fósseis.
O texto pressupõe uma interpretação darwinista ou 5. Um trecho de um trabalho científico diz o seguinte:
lamarckista do processo evolutivo? Justifique. “Quando o antibiótico foi adicionado à cultura
de bactérias, apenas algumas sobreviveram. As
2. (UFPB - adaptada) O quadro, a seguir, apresenta
sobreviventes se reproduziram, e sua descendência
duas colunas: a primeira contém frases incompletas
era resistente ao antibiótico”.
relativas à Teoria Moderna da Evolução, e a
segunda apresenta duas opções de complemento a) Como Lamarck teria interpretado esse trecho?
para cada frase. Complete-as e reescreva-as de b) E Darwin?
maneira correta.
6. (UFRN) Dois grandes cientistas contribuíram
1ª Coluna 2ª Coluna decisivamente para a compreensão do processo
1. limitação da diversida- de formação das espécies. No final do século XVIII,
Uma importante conse- Jean-Baptiste de Lamarck propôs uma explicação
de biológica.
I quência do fenômeno para o processo de formação dos seres vivos. Em
2. criação de novas va-
de mutação é a…
riantes de seres vivos 1859, Charles Darwin lançou a sua Teoria da Seleção
3. mutação gênica e pela Natural, que, uma vez aceita pela comunidade
A variabilidade genética
II recombinação gênica. cientifica, acabou por descartar a proposta de
é gerada pela…
4. seleção natural Lamarck. Posteriormente, a teoria de Darwin foi
A força responsável modificada, dando origem à Teoria Sintética da
5. recombinação gênica.
III pelo processo evolutivo Evolução.
6. seleção natural.
é a…
a) Explique por que o trabalho de Lamarck
contribuiu positivamente para se compreender a
a) Frase I
formação dos seres vivos.
b) Frase II
b) Explique por que a teoria de Lamarck foi
c) Frase III
descartada a partir dos trabalhos de Darwin.
3. (UFTM - adaptada) O desenho ilustra, em c) Explique por que a Teoria Sintética da Evolução
suas extremidades, chimpanzé e ser humano, avança mais na explicação da formação dos seres
ambos mamíferos primatas. Ele busca representar vivos que a teoria de Darwin.
a evolução humana a partir da mudança de
características morfológicas ao longo do tempo.
7. (UNICAMP - adaptada) Várias evidências científicas
comprovam que as aves são descendentes diretas
Porém, tal representação é considerada incorreta,
de espécies de dinossauros, que sobreviveram
considerando as atuais premissas sobre evolução
ao evento de extinção em massa, o qual assolou
biológica e seus mecanismos. Explique por que o
o Planeta há 65 milhões de anos. O achado mais
desenho é considerado incorreto pelo atual ponto
recente, um dinossauro emplumado chamado
de vista evolutivo.
Epidexipteryx hui, foi apresentado na revista
“Nature”. Alguns dinossauros menores adquiriram
a capacidade de voar, e foram eles, provavelmente,
que sobreviveram ao cataclismo e deram origem às
aves modernas.
(Adaptado de Herton Escobar, Curiosidades e Maravilhas
Científicas do Mundo em que Vivemos)

180 Capítulo 10
A capacidade de voar ocorre não só em aves, mas explica Hudson Pinheiro. "Conseguimos encontrar e
também em mamíferos, como os morcegos, e em estudar a distribuição de espécies que só tem ali na
insetos. Os pesquisadores explicam que as asas Cadeia Vitória-Trindade, que chamamos de espécies
podem ser órgãos homólogos, em alguns casos, e endêmicas. Estamos descrevendo esse ambiente
órgãos análogos, em outros. Indique em quais dos que nós chamamos de Colinas Coralinas, que abriga
animais citados as asas são órgãos homólogos e em uma grande diversidade de espécies em alto mar.”
quais são órgãos análogos. Em que diferem esses
(Adaptado de https://g1.globo.com/es/espirito-santo/
dois tipos de órgãos? noticia/2019/09/25/pesquisadores-do-es-estudam-a-evolucao-
da-vida-marinha-em-expedicao-na-ilha-de-trindade.ghtml)
8. Sabe-se que queimadas naturais são comuns
em regiões de Cerrado. Algumas árvores desse A região da Cadeia Vitória-Trindade apresenta
bioma apresentam sementes que precisam do fogo endemismo. Estas espécies surgiram, principalmente,
para germinarem. Admirado com essa situação, através do processo de Irradiação ou Radiação
um repórter relatou o fato da seguinte maneira: Adaptativa. Explique o que é irradiação adaptativa
“Podemos concluir que as plantas desenvolveram e qual a relação com o processo de especiação e
sementes que necessitam do fogo para germinarem, evolução dos peixes na Cadeia Vitória-Trindade.
para serem capazes de viver na região de Cerrado”.
11. Analise esta figura, em que está representada
a) A partir das informações acima e de outros uma população de camundongos brancos e
conhecimentos sobre evolução, cite a teoria cinzas e uma raposa. Considerando que as raposas
evolutiva utilizada pelo repórter ao fazer a são mamíferos basicamente carnívoros e que se
afirmativa. alimentam, principalmente, de pequenos roedores,
b) Justifique sua resposta ao item anterior. coelhos, peixes, ovos e insetos, explique o mecanismo
da seleção natural nas populações de camundongo.
9. (VUNESP - adaptada) A figura apresenta a árvo-
re filogenética de dois fósseis de crânios de animais
Tempo Tempo
extintos em que ambos os animais possuíam dentes
de sabre. Por meio da figura, é possível concluir que
a origem do dente de sabre nessas duas espécies se
refere a uma convergência evolutiva (adaptativa). Ex-
plique o que é convergência evolutiva.

12. Detectada pela primeira vez na Índia, em


outubro de 2020, a mutação do vírus SARS-CoV-2
(causador da Covid-19), conhecida como Variante
Delta (B.1 617.2, antes também chamada de variante
indiana), já foi registrada em mais de 130 países,
conforme divulgado pela Organização Mundial da
10. (IBADE - adaptada) Um grupo de pesquisadores Saúde - OMS, em 30/07/2021. Ela é considerada uma
da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e variante de preocupação por ser mais transmissível
da Universidade de Vila Velha (UVV) visitou a Ilha de do que as anteriores (Alfa, Beta e Gama), o que a faz
Trindade, a 1.160 km de distância da costa do estado mais contagiosa do que a cepa original.
do Espírito Santo, para estudar o desenvolvimento Fonte: <http://www.iff.fiocruz.br/index.php/8-noticias/782-
da vida marinha do arquipélago. A expedição variante-delta>. Acesso em: 5 set. 2021.
durou 14 dias, e novos ambientes submersos foram
descobertos pelos profissionais. O trabalho feito
pelos pesquisadores estuda a evolução das espécies
de peixes que vivem na Cadeia Vitória-Trindade. São
animais que só existem nos montes submarinos
e nas ilhas do litoral do Espírito Santo, conforme

Evolução 181
a) Por que esse fenômeno pode ser considerado um
exemplo de seleção natural?
Variante
Alfa b) Como a mudança ocorrida na população seria
(infecta de 4 a 5 pessoas)
explicada pela teoria de Lamarck?
15. Explique, de acordo com a Teoria Sintética da Evo-
lução, as adaptações mencionadas nos trechos a seguir.

Variante
a) Durante o longo inverno da região ártica, a
Delta
(infecta 8 pessoas)
plumagem de certas aves e a pelagem de certos
mamíferos tornam-se brancas, voltando a adquirir
coloração escura no início da primavera.
Considerando o tema e o que você aprendeu sobre o b) Algumas espécies de anfíbios e de insetos
processo da evolução, responda aos itens: apresentam cores e desenhos marcantes que, ao
invés de escondê-las, as destacam do ambiente e
a) Qual a relação entre a seleção natural e o chamam a atenção de possíveis predadores.
surgimento de novas variantes do vírus SARS-
CoV-2? Justifique sua resposta de acordo com a
Teoria Sintética da Evolução.
b) Por que a variante delta foi classificada como
variante de preocupação pela OMS?
c) Que medidas sanitárias e comportamentais
podem auxiliar no controle de novas variantes?
d) Relembrando o que aprendemos sobre vacina,
anticorpos e imunidade, explique como as vacinas
auxiliam no controle da doença e até mesmo na 16. (UFMG adaptada) Observe esta representação
redução de novas variantes do coronavírus, por de parte de uma árvore evolutiva. O estudante do 9º
exemplo. ano, Benjamim, ao observar o cladograma, escreveu:

13. Qual é a diferença entre mimetismo e


camuflagem? Cite exemplos de animais que podem
se camuflar e outros que sejam miméticos.
14. (UNICAMP - adaptada) O melanismo industrial
tem sido frequentemente citado como exemplo de
seleção natural. Esse fenômeno foi observado em
Manchester, na Inglaterra, onde, com a industrialização
iniciada em 1850, o ar carregado de fuligem e
outros poluentes provocaram o desaparecimento
dos liquens de cor esbranquiçada, que viviam no
tronco das árvores. Antes da industrialização, esses
liquens permitiam a camuflagem de mariposas
da espécie Biston betularia de cor clara, que eram “A especiação dos lagartos foi anterior à do tritão e
predominantes. Com o desaparecimento dos liquens que a enguia, o tritão, o lagarto e a cobra possuem
e escurecimento dos troncos pela fuligem, as formas ancestral comum”. Considerando o tema, Benjamim
escuras das mariposas passaram a predominar. está correto nas suas interpretações? Justifique sua
resposta em um parágrafo argumentativo.

182 Capítulo 10
17. (CESMAC) No Brasil, diferente de outros países a) homólogas, resultantes de um processo de
ocidentais, a teoria evolutiva tem sido posta em che- divergência adaptativa.
que por grupos religiosos que apontam a ausência b) homólogas, resultantes de um processo de
de provas do surgimento dos seres vivos no Planeta, convergência adaptativa.
segundo defendeu Darwin em seu famoso livro “A c) análogas, resultantes de um processo de
Origem das Espécies”. Considerando esse tema, são divergência adaptativa.
evidências da evolução: d) análogas, resultantes de um processo de
convergência adaptativa.
(1) vestígios fósseis de seres vivos que ficaram preser-
e) vestigiais, resultantes de terem sido herdadas de
vados em rochas e outros materiais, indicando a
um ancestral comum, a partir do qual a cauda se
existência de organismos, no passado, diferentes
modificou.
dos atuais.
(2) características homólogas entre espécies, como 19. (UEG) A ilustração a seguir apresenta estruturas
a asa do morcego e o membro anterior humano, corporais de espécies diferentes, com a mesma ori-
que, apesar de terem funções diferentes, apre- gem embrionária e que podem ou não desempenhar
sentam a mesma origem evolutiva, indicando a mesma função. Essas estruturas foram submetidas
que tais espécies são relacionadas do ponto de à evolução divergente devido aos modos de vida dis-
vista filogenético. tintos.
(3) órgãos vestigiais, como o apêndice vermiforme,
que apresenta tamanho reduzido e ausência de
função no homem, mas é maior e funcional em
diferentes espécies de mamíferos, indicando an-
cestralidade comum.
(4) a comparação de genomas de algumas espécies
de macacos e do homem, apontando mais de
98% de similaridade, o que demonstra parentes-
co evolutivo próximo entre si.
Estão corretas:
Disponível em: <https://www.educabras.com/media/emtu-
a) 1, 2 e 3 apenas.
do_img/upload/_img/20141216_113441.gif>. Acesso em: 14
b) 2 e 3 apenas. mai. 2018
c) 2, 3 e 4 apenas.
A denominação correta dessas evidências evolutivas é:
d) 3 e 4 apenas.
e) 1, 2, 3 e 4. a) estrutura homóloga.
b) estrutura análoga.
18. (UNESP - adaptada) No filme "Avatar", de James c) órgãos vestigiais.
Cameron (20th Century Fox, 2009), os nativos de Pan- d) registro molecular.
dora, chamados Na’Vi, são indivíduos com 3 metros e) registro fóssil.
de altura, pele azulada, feições felinas e cauda que
lhes facilita o deslocamento por entre os galhos das 20. (IF-BA) No passado, durante muito tempo, acre-
árvores. Muito embora se trate de uma obra de fic- ditou-se na Teoria da Geração Espontânea para o sur-
ção, na aula de Biologia, os Na’Vi foram lembrados. gimento da vida. Com a queda dessa teoria, surgiu a
Se esses indivíduos fossem uma espécie real, sem pa- dúvida de como os seres vivos surgiram na Terra pela
rentesco próximo com as espécies da Terra, e consi- primeira vez. Uma das teorias aceitas atualmente é a
derando que teriam evoluído em um ambiente com Teoria da Evolução Química ou Molecular, segundo a
pressões seletivas semelhantes às da Terra, a cauda qual:
dos Na’Vi, em relação à cauda dos macacos, seria um a) a vida surgiu como resultado de um processo de
exemplo representativo de estruturas evolução química, em que compostos inorgânicos
se combinaram originando moléculas orgânicas sim-
ples, depois complexas, até originar os seres vivos.

Evolução 183
b) a vida na Terra se originou de seres vivos ou po, foram selecionadas por serem mais adaptadas
substâncias precursoras de vida provenientes de ao ambiente em que os organismos se encontram.
outros locais do cosmo.
c) a vida surgiu pela evolução natural de vírus 23. (ENCCEJA) Qual a explicação dada por Darwin ao
presentes desde o início do processo de formação questionamento dos animais?
do planeta Terra no Big-Bang.
d) os primeiros organismos vivos originaram-se
da combinação do nitrogênio gasoso, presente
em alta concentração na atmosfera, com a sílica,
presente no solo.
e) a vida surgiu da relação simbiótica entre dois seres
primitivos que compartilhavam características
comuns entre si, como a ausência de parede
celular e envoltório nuclear.
21. (UFJF) Uma espécie animal (A), produtora de subs-
tâncias tóxicas, possui cores vivas, de advertência, que
facilitam o seu reconhecimento como perigosa para o
predador. Por outro lado, uma outra espécie (B), que a) Uma entidade sobrenatural criou as espécies da
não é tóxica, também apresenta essas cores, sendo, forma como são atualmente.
assim, favorecida pela seleção natural, já que os pre- b) O cruzamento entre espécies diferentes deu
dadores também a evitam. Assinale a alternativa que origem a características novas ao longo do tempo.
define o modelo de adaptação da espécie B: c) As diferentes espécies tiveram origem no espaço e
chegaram à Terra da forma como são atualmente.
a) Inquilinismo. d) Variações aleatórias mais bem adaptadas ao
b) Competição. ambiente são passadas a novas gerações e
c) Mimetismo. modificam as espécies ao longo do tempo.
d) Parasitismo.
e) Camuflagem. 24. (IF - SP) Observe as imagens A e B sob a perspecti-
va darwinista do processo evolutivo:
22. (ENEM) Alguns anfíbios e répteis são adaptados
à vida subterrânea. Nessa situação, apresentam al-
gumas características corporais como, por exemplo,
ausência de patas, corpo anelado que facilita o des-
locamento no subsolo e, em alguns casos, ausências
de olhos.
Suponha que um biólogo tentasse explicar a origem
das adaptações mencionadas no texto utilizando
conceitos da teoria evolutiva de Lamarck. Ao adotar
esse ponto de vista, ele diria que
a) as características citadas no texto foram originadas
pela seleção natural.
b) a ausência de olhos teria sido causada pela falta
de uso destes, segundo a Lei do Uso e Desuso.
c) o corpo anelado é uma característica fortemente
adaptativa, mas seria transmitida apenas à
primeira geração de descendentes.
d) as patas teriam sido perdidas pela falta de uso e,
em seguida, essa característica foi incorporada
ao patrimônio genético e então transmitida aos
descendentes.
e) as características citadas no texto foram adquiridas
por meio de mutações e depois, ao longo do tem-

184 Capítulo 10
a) A é uma simplificação adequada de B, já que
a evolução por seleção natural é um processo
gradual e direcional.
b) B é um esquema incorreto, uma vez que não
posiciona Homo sapiens como a espécie mais
recente na escala evolutiva.
c) A está incorreta, e B está parcialmente correta, pois
traz a evolução dos hominídeos fora da sequência
atualmente reconhecida pela Ciência. (Disponível em: <https://www.humorcomciencia.com/wp-
d) A é uma simplificação equivocada de B, já que as content/uploads/2014/03/tirinha-de-girafa.pgn> Acesso em: 18
espécies ilustradas não originam umas às outras, mar. 2021)
mas compartilham ancestrais comuns. A peculiaridade do pescoço da girafa está no grande
25. (IFS - MG) A ILHA DO LITORAL DE SÃO PAULO COM tamanho e na capacidade que possui em forragear
A SEGUNDA MAIOR CONCENTRAÇÃO DE COBRAS DO vegetações em locais altos, inatingíveis por outros
PLANETA vertebrados herbívoros ruminantes. Essa característica,
explicada segundo a Teoria Lamarckista, seria:
A ilha da Queimada Grande, conhecida como ilha
das cobras, é habitada quase que exclusivamente a) Cruzamentos sucessivos de variantes de girafas
por uma espécie de cobra, a jararaca-ilhoa (Bothrops determinaram a característica de pescoço longo,
insularis). Segundo o pesquisador e especialista em conforme vemos na atualidade.
animais peçonhentos, Vidal Haddad Júnior, o isola- b) O pescoço da girafa adquiriu tal tamanho devido
mento e as condições geográficas da ilha lentamen- a sucessivas mutações ao acaso, mantendo-se na
te modificaram as características das cobras em rela- população por pressão do ambiente.
ção às jararacas continentais, criando a espécie. "Sua c) O pescoço da girafa foi aos poucos aumentando
cauda adquiriu capacidade preênsil (de se agarrar a o tamanho devido ao uso cada vez mais contínuo
algo) e a dentição ganhou um aspecto mais curvo, em elevar-se para partes mais altas das árvores.
para prender as aves mais facilmente e não ao soltar d) As espécies de girafas com o pescoço de maior
enquanto o veneno age". "Para subir em árvores, sua tamanho foram selecionadas devido às vantagens
pele se tornou mais elástica do que a de suas paren- adquiridas e transmitidas aos descendentes,
tes do continente", explica Otávio Marques, pesqui- mantendo-se na população.
sador e diretor do Laboratório de Ecologia e Evolu- 27. (CEDERJ) No capítulo 3 de "A Origem das Espé-
ção do Instituto Butantan. cies", Darwin disse que linhagens de animais com
Evanildo da Silveira BBC Brasil (adaptado). Disponível em:<ht- mais espécies também devem conter mais 'varie-
tp://www.bbc.com/portuguese/geral-43115867>. Acesso em: dades', o que hoje chamaríamos de subespécies. A
24 fev. 2018. pesquisadora Laura van Holstein, da Universidade de
A forma como o texto apresenta as modificações Cambridge, no Reino Unido, esclarece que investi-
ocorridas no animal aplica-se à teoria gações recentes comprovam que as subespécies de-
sempenham um papel crítico na dinâmica evolutiva
a) Lamarckista. a longo prazo e na evolução futura das espécies.
b) Darwinista.
Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Biologia/
c) Criacionismo. noticia/2020/03/cientista-comprova-teoria-das-subespecies-deda-
d) Teoria Sintética da Evolução. rwin-pela-primeira-vez.html> Acesso em: 25 abr. 2020. Adaptado.

26. (FAGOC) Leia a tirinha a seguir. Atualmente, subespécies podem ser definidas como
a) populações da mesma espécie que acabam
desenvolvendo diferenças genéticas, embora o
cruzamento entre elas ainda possa ocorrer, levando
ao desenvolvimento de descendentes férteis.
b) duas populações de espécies diferentes, que
possuem ancestralidade comum, mas que vivem
geograficamente isoladas, se tornando cada vez
mais distintas pelo acúmulo seletivo de mutações.

Evolução 185
c) populações de espécies diferentes que Assinale a alternativa que justifica corretamente a re-
compartilham o mesmo hábitat, porém que sistência das bactérias a antibióticos, de acordo com
apresentam barreira reprodutiva em função as teorias evolutivas de Darwin e/ou Lamarck.
de isolamento temporal, etológico, mecânico,
a) De acordo com a Lei do Uso e do Desuso, proposta
gamético ou ecológico.
por Lamarck, o uso de antibióticos seleciona as
d) duas populações da mesma espécie, entre as
bactérias mais resistentes, eliminando as menos
quais o cruzamento resulta em inviabilidade ou
aptas e deixando, apenas, as bactérias que já são
esterilidade do híbrido, em função do isolamento
naturalmente resistentes.
reprodutivo.
b) De acordo com a Teoria da Seleção Natural,
28. Uma região infestada por mosquitos foi tratada proposta por Charles Darwin, o uso de antibióticos
com inseticida durante quatro meses consecutivos. seleciona as bactérias mais resistentes, eliminando
Diariamente eram feitas contagens da população as menos aptas e deixando, apenas, aquelas que
desses insetos, para determinar o efeito das aplica- já são naturalmente resistentes.
ções. O resultado consta do gráfico a seguir. c) Segundo a Teoria da Seleção Natural, de Darwin, e
Segundo a Teoria Sintética da Evolução, esses resul- a Lei do Uso e do Desuso, de Lamarck, as bactérias
tados se devem ao fato de o inseticida desenvolveriam a resistência à medida que
fossem entrando em contato com os antibióticos.
Período de d) De acordo com as teorias evolucionistas de
6 aplicação do
inseticida Lamarck e de Darwin, todos os caracteres
N de mosquitos/hectares

5
evolutivos adquiridos seriam passados aos
4
(milhões)

descendentes.
3 e) Segundo Darwin, o uso de antibióticos deixaria as
2 bactérias mais resistentes, pois elas desenvolve-
1
riam características que as fortalecessem.
0
0 30 60 90 120 150 180 30. (UFPR) O arquipélago de Galápagos é formado
por dezenas de ilhas vulcânicas e rochedos. O an-
a) ter sofrido alteração química e perdido o seu cestral comum dos tentilhões de Darwin chegou às
efeito. Ilhas Galápagos há cerca de dois milhões de anos. Ao
b) ter levado os insetos a adquirir resistência. longo do tempo, esses tentilhões evoluíram para 15
c) ter selecionado os insetos geneticamente espécies distintas, diferindo no tamanho do corpo,
resistentes a ele. no formato do bico, no canto e no comportamento
d) ser inadequado para a região, não ser biodegra- alimentar. Com base no texto, é correto afirmar que
dável e ter-se acumulado nos insetos. os tentilhões de Darwin são um exemplo de
29. (IF - PE) a) irradiação adaptativa, pois as 15 espécies atuais
RESISTÊNCIA DAS BACTÉRIAS AOS ANTIBIÓTICOS foram criadas por mutações que surgiram
Os antibióticos são compostos químicos de origem para garantir sua sobrevivência em diferentes
natural ou sintética (medicamentos), que atuam na ambientes.
falência de agentes patogênicos ao ser humano, ou b) convergência evolutiva, pois as 15 espécies
também resultam na inibição do desenvolvimento diferentes vivem em ambientes semelhantes e
destes, agindo seletivamente na população de mi- desenvolveram as mesmas adaptações como
cro-organismos, como, por exemplo, das bactérias. resultado da seleção natural.
Contudo, algumas espécies podem manifestar resis- c) irradiação adaptativa, pois um grande aumento
tência aos antimicrobianos, ocorrendo normalmen- da taxa de mutações na espécie ancestral originou
te através de mutações que proporcionam a síntese as 15 espécies atuais.
de enzimas capazes de conferir a inativação de tais d) convergência evolutiva, pois as 15 espécies atuais
substâncias. são descendentes de um ancestral comum e
MORAES, Paula Louredo. Resistência das bactérias aos antibióti- ocupam diferentes ambientes ou nichos.
cos. Brasil Escola. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com. e) irradiação adaptativa, pois as novas espécies, que
br/biologia/resistencia-das-bacterias-aos-antibioticos.htm>.
ocupam diferentes ambientes ou nichos, foram
Acesso em: 12 mai. 2018 (adaptado).
originadas a partir de um ancestral comum.

186 Capítulo 10
A biotecnologia é uma técnica que usa agentes biológicos nos estudos científicos para fabricar pro-
dutos, como medicamentos, alimentos, vacinas, hormônios, além de compreender os mecanismos ge-
néticos das doenças, a fim de encontrar e desvendar uma possível cura. De acordo com a Convenção
da Biodiversidade, em 1992, da ONU (Organização das Nações Unidas), foi assim determinado o con-
ceito de biotecnologia: “qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos
vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica”.
É uma técnica multidisciplinar, envolve áreas da Biologia, Química, Agronomia, Veterinária, Nutrição,
Engenharia Genética, Engenharia de Alimentos, Ecologia, Medicina, Farmácia entre outras.
Quando estudamos os ácidos nucleicos e aprofundamos um pouco na Genética, percebemos e
compreendemos a importância das moléculas DNA, RNA os respectivos processos de transcrição e
tradução, bem como sua ação na diversidade biológica, na transmissão de características e no meta-
bolismo celular como um todo.
Há séculos a curiosidade sobre essas moléculas movimenta cientistas e pesquisadores de todo o
mundo, as descobertas do Projeto Genoma Humano e o Proteoma Humano são exemplos da impor-
tância da biotecnologia nas nossas vidas.
Neste capítulo conheceremos um pouco da aplicabilidade em relação às terapias gênicas, entre elas:
células-tronco, clonagens reprodutivas e terapêuticas, DNA Recombinante, além da tecnologia para
obtenção de organismos geneticamente modificados, também conhecidos como transgênicos.
Biotecnologia 187
Como já percebemos a biotecnologia é uma área muito ampla e em constante transformação, afinal assim
é a Ciência, alguns produtos derivados dessa tecnologia já são conhecidos por nós e alguns fazem parte do
nosso cotidiano, entre eles:
• Produção de vacinas, um exemplo bem atual foi e é a pandemia da COVID19, em que cientistas do
mundo todo e grandes laboratórios mobilizaram-se e, em tempo recorde, produziram diferentes vaci-
nas para prevenir a doença e reduzir as mortes e hospitalizações (lembre-se de que no capítulo sobre
proteínas listamos os tipos de vacinas);
• Tratamento do câncer com vacinas gênicas que melhoram o sistema imune, um exemplo é a técnica
de anticorpos monoclonais, que atuam em um antígeno específico, usando camundongos. Essa técni-
ca auxilia não apenas no tratamento do câncer, mas em doenças autoimunes (lúpus, artrite, psoríase,
entre outras). O avanço dessa pesquisa é fundamental, pois os tratamentos convencionais, radioterapia
e quimioterapia, acabam por destruir células saudáveis, além das células tumorais; e, com o uso dos an-
ticorpos monoclonais, há um reconhecimento em “atingir” apenas as células do tumor. Lembrando que
os anticorpos, ao se ligarem ao antígeno, desencadeiam a destruição, ou o inativam, ou informam aos
leucócitos para que realizem a fagocitose desse agente patogênico. Observe o esquema, que demons-
tra, de maneira simplificada, a produção de anticorpos monoclonais.

Produção de anticorpos
monoclonais

Célula com tumor


Antígeno injetado

Célula hibridoma

Célula de plasma

Anticorpos monoclonais

Em camundongos o antígeno (células do tumor ou gene que o causa) é injetado. O siste-


ma imune é estimulado com a produção das células de defesa e anticorpos.
Essas células de defesa - linfócitos - são fundidas às células com tumor e formam as hi-
bridomas (conjunto de células que passam a produzir os anticorpos monoclonais que
atuarão diretamente no tumor específico). Nessa técnica usa-se também a clonagem das
hibridomas para obtenção de mais anticorpos monoclonais.

• Teste do pezinho: é o mais conhecido por nós e é possível identificar algumas doenças, a partir da reti-
rada de gotas de sangue do pezinho do recém-nascido. Em 2020, foi sancionada uma lei que amplia o
teste de 6 para 14 doenças a serem analisadas, gratuitamente, pelo Sistema Único de Saúde - SUS.

188 Capítulo 11
Algumas doenças identificadas nesse teste são: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, síndromes
falciformes, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita, deficiência de biotinidase (enzima), doenças re-
lacionadas ao excesso de fenilalanina; patologias relacionadas à hemoglobina; toxoplasmose congênita,
nível elevado de galactose no sangue; aminoacidopatias; distúrbio do ciclo de ureia e de betaoxidação de
ácidos graxos, entre outras doenças;
• Produção de medicamentos ou substâncias que auxiliam no tratamento de doenças: um exemplo é
a produção de insulina e do hormônio do crescimento, ambos usando a técnica da transgenia, com
o auxílio de bactérias transgênicas;
• Aconselhamento genético: realizado com análise do cariótipo do casal que pode ter dificuldade
para engravidar, ou que sofreram abortos espontâneos. Além dessa análise, há a investigação e
montagem do heredograma com a história genética da família para verificar a probabilidades de
doenças genéticas e orientar o casal para uma nova gestação;
• Teste da Bochechinha: um teste novo, no qual a saliva, da parte interna da bochecha do recém-
nascido é coletada para análise do DNA ou de fragmentos de DNA. Nessa análise se pode investigar
doenças genéticas raras. Por enquanto é um complemento do teste do pezinho e é recomendado
em caso de suspeitas, sintomas de alguma doença não identificada nos demais testes.
• Desenvolvimento de biocombustíveis originados da cana-de-açúcar e da beterraba, principalmen-
te, para produzir o etanol, o biodiesel para substituir o uso do petróleo (combustível fóssil e muito
poluente) usando as plantas mamona, milho, dendê, entre outras;
• Recuperação de espécies extintas ou em risco de extinção: analisando a variabilidade genética dos
indivíduos para verificar novas espécies, comportamentos reprodutivos de uma população e pro-
mover fertilizações in vitro; essa área é chamada de genética de conservação.
• Na agricultura a biotecnologia continua em plena expansão, principalmente na produção de ali-
mentos geneticamente modificados (transgênicos), essa expansão apresenta objetivos bem claros:
aumentar a produtividade dos alimentos, reduzir os custos e o uso de agrotóxicos com a produção
de plantas mais resistentes às pragas. Mas o tema gera polêmicas, como veremos mais à frente,
ainda neste capítulo.

1 DNA Recombinante
Quando há a manipulação de genes, a tecnologia usada é a do DNA Recombinante, que possui várias
aplicações: é a base da transgenia ou organismos geneticamente modificados (OGM), usada na produção
de hormônios, vacinas sintéticas e na produção de enzimas (proteínas especiais).
Para ter seu funcionamento, na prática, necessita do uso das enzimas de restrição. E o que é
isso? Essas enzimas são usadas para “cortar” trechos de DNA de interesse e isolá-los. Uma vez isolado
esse trecho de interesse, será inserido no DNA da bactéria – plasmídeo; nesse caso, as mesmas enzi-
mas de restrição serão usadas para cortar o DNA bacteriano e, consequentemente, o gene de interesse
será inserido nesse plasmídeo bacteriano.
Com o auxílio de enzimas de restrição, o genoma bacteriano que foi alterado geneticamente será
multiplicado, a partir da reprodução assexuada das bactérias, que farão clones. Esses clones formados,
uma vez que foram geneticamente modificados, poderão produzir moléculas de interesse, como, por
exemplo, os hormônios do crescimento e a insulina. Observe o esquema e as etapas dessa tecnologia:

Biotecnologia 189
Célula com gene
Plasmídeo de interesse
DNA portador do
gene é isolado com
o plasmídeo
Bactéria bacteriano.

Corte do plasmídeo bacteriano pelas


enzimas de restrição.

O DNA recombinante
é obtido a partir da
adesão do gene
de interesse
O DNA recombinante é transferido
ao DNA do
para a célula bacteriana.
plasmídeo,
com auxílio da
enzima ligase.

Bactérias, por reprodução assexuada,


multiplicam-se e se proliferam com as
proteínas de interesse.

2 Organismos Geneticamente Modificados - OGM ou Transgênicos


A partir da técnica do DNA Recombinante na qual os Organismos Geneticamente Modificados são gerados, os
genes exógenos (de outras espécies) são introduzidos nos alimentos, que passam a ser classificados em transgê-
nicos. Há diferentes objetivos para a expansão dos transgênicos pelo mundo, entre eles:
• resistência a herbicidas, inseticidas e agrotóxicos;
• produção de alimentos com maior quantidade de nutrientes, ou de um
nutriente específico que pode produzir proteínas de interesse.
• redução nos custos de produção;
• aumento da produtividade.
Entretanto, são diversas as polêmicas geradas, e há perguntas sobre o tema
ainda sem respostas ou com muitas dúvidas e inseguranças: os genes inseridos
podem apresentar problemas a longo prazo? E a perda da biodiversidade? O uso de agrotóxicos diminuirá com
o uso dos OGMs?
Um problema grave e que já acontece é a contaminação genética, porque as culturas de produtos naturais
podem ser contaminadas por polinização cruzada, já que lavouras dos dois tipos podem estar próximas e pro-
mover a mistura de genes, independentemente da manipulação em laboratório. Outro tipo é a contaminação
mecânica, quando máquinas agrícolas são utilizadas nas lavouras transgênicas e nas naturais, e as sementes
podem se misturar.
Ainda há a questão da transparência das informações e das pesquisas para os consumidores de produtos
transgênicos, que devem ser informados sobre os possíveis riscos à saúde e ao ambiente. Além disso, há outro
tema polêmico sobre as patentes desses produtos transgênicos e o risco de um monopó-
lio de alimentos.
No Brasil, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) criou a Portaria nº 2.658/03, que
determina que, na rotulagem de alimentos e ingredientes alimentares destinados ao con-
sumo humano ou animal que contenham ou sejam produzidos a partir de organismos
geneticamente modificados, com presença acima do limite de 1% do produto, deve, obri-
gatoriamente, constar o símbolo que identifica o produto como transgênico (figura).

190 Capítulo 11
Essa portaria ainda continua em vigor; porém, em abril de 2015, foi aprovado o Projeto de Lei (PL)
4.148/2008, na Câmara dos Deputados, o qual acaba com a exigência do símbolo da transgenia nos
rótulos dos produtos. Segundo o projeto, só será obrigatória a apresentação do símbolo se, após aná-
lise específica, for comprovada a presença de OGMs superior a 1% da composição final. Porém, no
mesmo ano, a Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) rejeitou
esse projeto.
Contudo, como todo produto para consumo humano, deverá apresentar a lista de ingredientes.
Caso o fabricante opte por colocar, na embalagem, a expressão "produto livre de transgênicos", pre-
cisará antes comprovar, por análise específica e técnica, a ausência dos OGMs; o que acabaria invia-
bilizando na prática, uma vez que essas análises são caras; consequentemente, o valor poderia ser
repassado ao consumidor final, reduzindo a competitividade no mercado.
Ainda na produção de alimentos transgênicos, alguns laboratórios de biotecnologia utilizam uma
técnica, que poderia ser um exemplo, de transgenia natural, realizada pela bactéria Agrobacterium
tumefaciens, que é um microrganismo capaz de transferir genes naturalmente e, ao fazer essa transfe-
rência, causa vários tumores nas plantas infectadas, tumores conhecidos como galhas da coroa.

Tumor causado pela bactéria Agrobacterium


tumefaciens

Na Engenharia Genética vegetal, os cientistas aproveitam essa característica da bactéria, retiram o


gene responsável pelo tumor e substituem-no pelo gene de interesse (técnica do DNA Recombinante)
e, em vez de as células se reproduzirem causando tumores, irão se duplicar com os genes de interesse,
como: resistência a herbicidas, bactérias, vírus e outras pragas; neste caso a técnica utilizada se restrin-
ge a tecidos vegetais.
Ainda há possibilidade de obter OGMs por outras técnicas, entre elas:
• biobalística: consiste no uso de micropartículas de tungstênio ou ouro revestidas com o DNA
de interesse em um tecido alvo, nesse caso é usado um acelerador de partículas, no interior de
uma câmara a vácuo;
• eletroporação: criação ou indução de poros nas membranas celulares, com uso de pulsos elétri-
cos, nesses poros são introduzidos o gene de interesse;
• microinjeção: uso de tubos extremamente finos (mícrons) usados para introduzir o DNA de in-
teresse nas células, usada em animais e em plantas; nessa técnica cada célula tem que ser ma-
nipulada individualmente, é uma técnica mais elaborada.

Biotecnologia 191
Curiosidades
Transgenia no Brasil
O Brasil está em 2º lugar na produção de alimentos transgênicos, sendo os principais alimentos comercia-
lizados, na ordem crescente de hectares plantados: soja, milho, algodão e cana-de-açúcar. O maior produtor
mundial de transgênicos são os Estados Unidos da América (EUA). Em relatório divulgado, no final de 2020,
pelo Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações de Agrobiotecnologia (ISAAA), foram 52.8 milhões
de hectares cultivados no Brasil. Os Estados Unidos permaneceram em primeiro lugar (71.5 milhões de hec-
tares), e depois do Brasil vieram a Argentina (24 milhões de hectares), o Canadá (12.5 milhões de hectares) e
a Índia (11.9 milhões de hectares).
Sempre haverá polêmicas acerca do tema alimentos transgênicos, até pela complexidade das tecnologias
na manipulação dos materiais genéticos entre espécies diferentes. O exemplo a seguir demonstra a necessi-
dade de contínua pesquisa a curto, médio e longo prazos, a necessidade de fiscalização e monitoramentos
constantes dos órgãos técnicos.
Uma pesquisa, que inicialmente pareceu promissora, nos faz refletir e questionar a introdução dos “seres
transgênicos”: O mosquito Aedes do bem.
O mosquito transgênico, mais conhecido como mosquito “Aedes aegypti
do bem” foi criado pela empresa britânica OXITEC, e foi cadastrado sob o
número OX513A. Nesse caso os mosquitos machos foram modificados ge-
neticamente, promovendo o desajuste do seu metabolismo celular. Quando
esses mosquitos cruzam com as fêmeas Aedes aegypti, os descendentes não
se desenvolvem, pois irão apresentar o mesmo desajuste metabólico repas-
sado pelos mosquitos machos.
Portanto, as larvas oriundas dessa cópula morrem, em sua grande maio-
ria, e não chegam à fase adulta; rompe-se o ciclo de reprodução, e reduz-se
consideravelmente a população de mosquitos adultos; a longo prazo, ocor-
re a redução dos casos de doenças transmitidas por esses vetores, entre elas:
dengue, zika e chikungunya.
No Brasil, os mosquitos em questão foram aprovados pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
(CNTBio), e a soltura dos insetos iniciou-se, na fase de testes, na cidade de Jacobina - BA, nos anos de 2012 e
2013, e em 2015 e 2016, no estado de SP, na cidade de Piracicaba. Inicialmente os resultados demonstraram
ser promissores no controle biológico do Aedes, e, segundo dados da empresa, a redução da população de
mosquitos chegou a 92% na cidade de Piracicaba.
Em 2018 e 2019, outros pesquisadores questionaram a eficácia do “mosquito do bem” geneticamente mo-
dificado, uma vez que o objetivo era de que as larvas morressem antes de chegar à fase a adulta, e testes na
Bahia, na cidade de Jacobina, demostraram que isso não estava ocorrendo. Alguns pesquisadores relataram
que, na verdade, há uma nova prole de “super mosquitos”, que continuam com a capacidade de transmitir os
vírus causadores da doença e parecem ser mais resistentes.
Ainda há muito o que analisar sobre esses mosquitos, o que fortalece a importância dos contínuos estu-
dos, da fiscalização e do monitoramento genético e ecológico para verificar se os mosquitos podem realmen-
te ser considerados do “bem” ou ser virarão do “mal”.
Fontes complementares - dados: <https://croplifebrasil.org/publicacoes/relatorio-do-servico-internacional-para-aquisicao-de
-aplicacoes-de-agrobiotecnologia-isaaa/#>. Acesso em: 12 set. 2021.
<https://revistapesquisa.fapesp.br/polemica-no-ar-de-jacobina/21>. Acesso em: 12 set. 2021.

192 Capítulo 11
3 Clonagem
A clonagem tem como objetivo a reprodução de indivíduos geneticamente idênticos para fins reprodutivos
ou terapêuticos. O primeiro objetivo é bem polêmico e “esbarra” em questionamentos religiosos, biológicos e
bioéticos, já que tem como resultado a formação de organismos completos e com o mesmo DNA. Contudo, a se-
gunda técnica de clonagem tem como objetivo a terapia gênica, com o intuito de formar tecidos e órgãos com o
mesmo genoma para que o tecido ou órgão lesionado seja substituído (transplantado) por estruturas saudáveis.
Vamos compreender melhor essas duas técnicas:
Clonagem reprodutiva

Na natureza já existem exemplos de clones naturais, que são os gêmeos univitelinos ou idênticos, em que um
único “ovócito” é fecundado por um espermatozoide, e nas primeiras divisões celulares dois indivíduos genetica-
mente idênticos são formados. No entanto, quando falamos em biotecnologia associada à clonagem reproduti-
va, estamos considerando a formação de novos seres vivos a partir da manipulação em laboratório. Nesse caso,
não há o fenômeno da fecundação.
No ano de 1997, o primeiro clone de um mamífero feito em laboratório foi a ovelha Dolly. Depois de mais de
uma década, novos clones já foram formados em diferentes laboratórios do mundo. No Brasil, em 2001, a vaca
Vitória foi resultado de um embrião clonado em laboratório, produzido pela Embrapa (Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária).
Alguns pesquisadores estão usando essa técnica para clonar espécies ameaçadas de extinção. Em 2012, o
Zoológico de Brasília iniciou o projeto, em parceria com a EMBRAPA, com espécie selvagens, entre elas o lobo-
guará, mico-leão-preto e onça pintada, e já há vários materiais congelados. O objetivo não é soltar esses futuros
clones na natureza, mas sim em cativeiro, no próprio zoológico; a longo prazo, os pesquisadores esperam que
esses animais consigam reproduzir-se no zoológico, sem a necessidade de novas clonagens. Em 2018, cientistas
chineses anunciaram o nascimento dos primeiros macacos clonados usando a mesma técnica da ovelha Dolly; os
macacos Zhong Zhong e Hua Hua, se destacam por serem os primeiros primatas clonados.
Para produzir um clone em laboratório, alguns passos devem ser seguidos, o esquema de maneira simbólica
demonstra as etapas, mas é claro que não está autorizada a clonagem de seres humanos.
I. Retirar o núcleo de um ovócito de uma doadora;
II. Do indivíduo a ser clonado, retirar o núcleo de uma célula que possui todos os cromossomos (se fosse da es-
pécie humana – 46 cromossomos);
III. Introduzir esse núcleo no ovócito enucleado (fusão);
IV. Após sucessivas divisões celulares, o embrião formado seria introduzido no útero de uma “barriga de aluguel”;
V. Esperar o tempo de gestação até o nascimento do clone. Esse indivíduo formado terá o mesmo genoma do
doador do material genético.
Útero

Ovócito sem núcleo

Fusão

Núcleo da célula Embrião com


somática retirada células totipotentes
do doador

Indivíduo a ser clonado Clone humano

Biotecnologia 193
Clonagem terapêutica

A clonagem para fins terapêuticos não tem o objetivo de formar um indivíduo completo, mas sim produzir
embriões em laboratório e deles retirar as células-tronco, que poderiam ser usadas na cura de doenças ou na
reposição de tecidos ou órgãos lesionados. A grande vantagem dessa técnica é que não haveria risco de rejeição,
já que o material genético seria o mesmo do paciente doente.
Nesse caso, a técnica apresenta alguns passos diferentes da clonagem reprodutiva. O esquema a seguir facilita
a compreensão da clonagem com fins terapêuticos:
I. Retirar o núcleo do ovócito de uma doadora;
II. Do indivíduo a ser clonado, retirar o núcleo de uma célula que possui todos os cromossomos (sendo da espé-
cie humana – 46 cromossomos);
III. Introduzir esse núcleo no ovócito enucleado (fusão);
IV. Após as primeiras divisões celulares, o embrião formado poderá fornecer células-tronco totipotentes e tam-
bém pluripotentes (de acordo com o estágio embrionário);
V. Após a obtenção das células-tronco e das diferenciações celulares, os tecidos ou órgãos formados serão trans-
plantados na pessoa que doou o material genético, sem risco de haver rejeição, já que se trata do mesmo
genoma.
Clonagem terapêutica

Ovócito enucleado
Núcleo

Célula adulta
+ Embrião
4 células

Blastócito

Transplante Células-tronco
Diferenciação
em novo tipo celular

Entretanto, para algumas doenças, essa técnica não se apresenta tão interessante. Se a doença for genética, o
embrião clonado apresentará o mesmo problema, mas seria eficiente para casos de pessoas que sofreram aciden-
tes. A polêmica maior dessa técnica é que o embrião clone formado será destruído para obter as células-tronco.

4 Células-tronco
A terapia com células-tronco possui objetivos fundamentais para a saúde das pessoas, entre eles: a regenera-
ção de tecidos lesionados, a cura de doenças e a produção de medicamentos. Essas células têm características
bastante interessantes, já que são capazes de se diferenciarem em diversos tecidos, bem como a autorrenovação,
ou seja, são capazes de se replicarem e formar novas células-tronco.
Células-tronco embrionárias

O próprio nome já deixa clara sua origem, são células obtidas a partir dos embriões nos estágios iniciais de
divisão celular. A polêmica sobre essas células é que, para que elas sejam utilizadas, o embrião não mais poderá
se desenvolver. Entretanto, vários países já regulamentaram que o uso dessas células tem de ser a partir de em-
briões que seriam descartados. Esse descarte já acontece, portanto seria uma maneira de não “desperdiçar” esses
embriões, eliminando-os como lixo biológico.

194 Capítulo 11
Quando um casal realiza tratamento para engravidar e opta pela fertilização in vitro, muitos embriões são for-
mados em laboratório, e, quando esses embriões estão aptos a serem implantados no útero, os médicos optam
por uma quantidade de segurança, contudo os embriões restantes, que não foram utilizados para fins reprodu-
tivos, permanecem congelados, em nitrogênio líquido e em baixíssimas temperaturas, em bancos de embriões.
Nesse caso, se o casal não demonstrar interesse pelos embriões congelados depois de certo tempo, esses embri-
ões serão descartados.
O que os pesquisadores defendem é que, em vez de serem descartados, Zigoto
(1ª divisão)
esses embriões sejam fonte de células-tronco embrionárias, que são as células 4 células
com a maior capacidade de diferenciação celular, classificadas em totipoten-
tes. Após a fecundação, o zigoto formado inicia seu processo de divisão celular
(mitose). Nos primeiros estágios, as células se dividem em duas, depois em
quatro, em seguida em oito células e assim por diante.
Fertilização
Quando estão no estágio de oito células, todas elas são consideradas cé- Desenvolvimento
embrionário
lulas-tronco totipotentes. O que isso significa? Nessa fase, essas células, caso
sejam implantadas em um útero, poderão formar um ser completo, com to- Mórula
(3/4 dias)
dos os 216 tecidos existentes no corpo humano, além dos anexos embrio-
nários e até a placenta. Por isso, o interesse na terapia com esses tipos de
células. Uma vez introduzidas em algum tecido, essas células reconhecem
Embrião
o tecido lesionado, refazem novas células sadias e regeneram o tecido sem Blastocisto
(5/6 dias)
que haja a manifestação da lesão.
Vale ressaltar que, quando o embrião se encontra na fase de blastocisto, não há mais células-tronco totipo-
tentes. Nesse estágio o embrião já apresenta diferenciação celular, e as células-tronco são classificadas em plu-
ripotentes; por exemplo, algumas células darão origem ao coração, ao Sistema Nervoso, entre outros sistemas e
órgãos.

Origem embrionária dos folhetos germinativos (mesoderma, ectoderma e en-


doderma) e os principais tecidos e órgãos humanos originários da diferenciação
celular das células-tronco

As pesquisas e o uso de células-tronco são importantes na cura de várias doenças, mas continuam sendo um
tema polêmico, principalmente no âmbito das células-tronco embrionárias, uma vez que, para obter essas célu-
las, os embriões precisam ser destruídos, como já foi citado.

Biotecnologia 195
Saiba+
E no Brasil?
No ano de 2005, foi sancionada a Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105 de 24/03/2005), que autoriza o uso
de embriões nas pesquisas com células-tronco no Brasil. O artigo 5º descreve as condições para o uso desse
material biológico nas pesquisas:
Art. 5o É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco embrionárias obtidas de
embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, atendi-
das as seguintes condições:
I – sejam embriões inviáveis; ou
II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já con-
gelados na data da publicação desta Lei, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da data de
congelamento.
§ 1o Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores.
§ 2o Instituições de pesquisa e serviços de saúde que realizem pesquisa ou terapia com células-tronco
embrionárias humanas deverão submeter seus projetos à apreciação e aprovação dos respectivos comitês
de ética em pesquisa.
§ 3o É vedada a comercialização do material biológico a que se refere este artigo, e sua prática implica em
crime tipificado.
Quando comparamos a legislação de outros países, percebemos que o Brasil ainda está muito atrasado,
uma vez que as restrições da Lei de Biossegurança acabam inviabilizando pesquisas; por mais que a tendên-
cia de nossas leis seja de seguir os padrões internacionais, o trâmite é lento e burocrático.
Por exemplo, em alguns países da Europa, permite-se a clonagem terapêutica com os embriões exce-
dentes, o que não ocorre no Brasil. Nossa legislação é muito recente e ainda há muito o que se pesquisar e
permitir para que pesquisadores continuem seus projetos e estudos; em países como Espanha, os estudos
com essas células iniciaram no final da década de 80 na Dinamarca iniciou-se na década de 90.

Células-tronco adultas

Quando o embrião está na fase de blastocisto, cerca de 5 dias após a fecundação, e há mais de 16 células em
processo de divisão celular, a partir dessa fase as células são consideradas multipotentes, e, de acordo com o
desenvolvimento do embrião, serão consideradas oligopotentes e unipotentes, uma vez que possuem caracte-
rísticas de células-tronco adultas, portanto menor capacidade de diferenciação celular. Isso acontece porque as
células começam a se diferenciar, formando tecidos ainda mais específicos.
a) Multipotentes: são capazes de se transformar em vários tecidos, contudo não são capazes de se transfor-
marem em um indivíduo completo.
b) Oligopotentes: são capazes de formar poucos tecidos;
c) Unipotentes: são capazes de formar um único tipo de tecido;
As células-tronco adultas são obtidas nos cordões umbilicais, na medula óssea, na placenta, na polpa dentária
e no tecido adiposo. As que são retiradas do cordão umbilical são muito importantes, também chamadas de me-
senquimais (multipotentes) e são bastante estudadas em razão de essas células se diferenciarem em importantes
tecidos como: músculos, cartilagens, ossos e gorduras. Além disso, o sangue dentro do cordão umbilical possui
células-tronco capazes de se diferenciarem nas células hematopoiéticas (células sanguíneas).
Essas células podem contribuir para o tratamento de doenças, tais como: diabetes, insuficiência cardíaca, der-
rame, lesões (esportivas ou acidentes), cirrose hepática (fígado) e leucemia (tipo de câncer sanguíneo, especifica-
mente relacionado aos glóbulos brancos).
196 Capítulo 11
Essas células já são usadas no tratamento de pessoas transplantadas, reduzindo consideravelmente os riscos
de rejeição, também em pessoas que apresentam doenças sanguíneas, como a leucemia. Para outras doenças, o
uso dessas células está em fase de estudos e (ou) testes em animais.

d) Pluripotentes induzidas (IPS)


Outro tipo de células-tronco adultas que estão sendo muito estudadas são as pluripotentes induzidas, que
possuem a sigla IPS (Induced Pluripotent Stem cells). Tais células são criadas em laboratório, geralmente usando as
células da pele. Os cientistas descobriram que alguns genes das nossas células se comportam como se fossem
das células-tronco embrionárias (descoberta feita no ano 2007 por pesquisadores japoneses) e desde então no-
vas técnicas estão sendo estudadas para estimular essa reprogramação do DNA com esses genes.
As células adultas são infectadas por um vírus que possui genes da fase embrionária e assim o DNA da célula
passa a ser reprogramado com essa nova “capacidade de diferenciação celular”. Com essa técnica células voltam
ao estágio de células-tronco embrionárias, uma vez que alguns genes foram reativados. Observe o esquema, que
demonstra de maneira simplificada, como são formadas as IPS.

Mas qual seria a vantagem dessas células IPS?


Em laboratório, são estudadas para se modificarem em todos os tipos de tecidos, mas são extremamente
importantes no estudo das doenças genéticas, em que já foi possível a ativação de alguns genes. Tais células só
não seriam apropriadas para uso nos estudos das doenças sanguíneas, pois haveria o risco de causar câncer, já
que podem apresentar mutações capazes de inativar ou ativar genes, e isso não ocorre com as células-tronco
embrionárias.

Biotecnologia 197
Curiosidades
Células-tronco de dente de leite se mostram promissoras no tratamento do lábio leporino e outras do-
enças
Os benefícios de armazenar as células-tronco do cordão umbilical para tra-
tamentos futuros são conhecidos; e recentemente a nova técnica é armazenar
os dentes de leite.
A cirurgiã dentista Daniela Bueno, pesquisadora do Instituto de Ensino e
Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, se dedica à técnica desde
2003. O trabalho tem ajudado crianças com malformação congênita ou fissura
do lábio palatino, mais conhecida como lábio leporino. A pesquisadora con-
segue fazer ossos a partir da extração das células-tronco de dente de leite. De
acordo com ela, durante o processo de pesquisa, 16 crianças foram operadas,
das quais cinco passaram dois anos sendo acompanhadas, e as outras, um ano.
Segundo Daniela Bueno, as células do dente de leite são mais jovens em
comparação com as do cordão umbilical e outras encontradas na gordura hu-
mana.
A célula-tronco presente na polpa do dente é do tipo mesenquimal, tam- A polpa do dente é composta
bém existente no tecido adiposo e na medula óssea. “A diferença básica é a por nervos, vasos sanguíneos e
origem embrionária. No começo da gestação, quando ocorre a fecundação, há células mesenquimais multipo-
um monte de células que ficam retidas na polpa do dente de leite. É diferente tentes.
das encontradas na gordura e na medula. Essas envelhecem conosco”, expli-
cou. Outro benefício é que as células-tronco dos dentes de leite são extraídas
num processo não invasivo, diferentemente das obtidas por meio da medula.
Vantagens das células-tronco extraídas do dente de leite:
- Têm capacidade de originar vários tipos de tecidos
humanos como osso, gordura, cartilagem e músculo;
- São mais jovens em relação às células do cordão um-
bilical e da medula óssea;
- Sofreram menos influência do meio, já que são ex-
traídas de crianças;
- São obtidas por meio de processo não invasivo, di-
ferente das células da medula óssea, que precisam de
punção com agulha especial e seringa.
Como é feito o procedimento:
A criança é avaliada pelo dentista capacitado para a
Criança com lábio leporino: células-tronco são usadas para
extração. Em seguida, realiza exames de sangue e uma refazer os ossos da maxila, principalmente.
série de radiografias. No dia marcado, o profissional reti-
ra o dente, insere no material de preservação e envia para o laboratório, onde ficará congelado.
Fonte: <http://www.uai.com.br/app/noticia/saude/2016/03/21/noticias-saude,190460/celulas-tronco-de-dente-de-leite-se-mos-
tram -promissoras-no-tratamento.shtml> - Diário de Pernambuco - adaptado. Acesso em: 4 jun. 2017.

a) Qual o tipo de célula-tronco obtida nessa técnica?


b) Quais as principais vantagens no uso dessa técnica?

198 Capítulo 11
5 Radiação
É bem provável que você já tenha visto este símbolo em hospitais ou laboratórios que
realizam exames como radiografias e ressonância magnética. Esta placa indica que no
local há emissão de radiação, portanto convém ficar afastado. Mas, o que é radiação? É
basicamente um fenômeno físico que define a energia em movimento ou por meio de
partículas ou ondas eletromagnéticas de um ponto a outro. Ressalta-se que essas on-
das podem ter frequências baixas, e, em alguns casos, a frequência é tão alta que pode
ser letal. Por isso o cuidado redobrado em locais com esse tipo de sinalização.
Diferentemente de outras técnicas que abordamos aqui neste capítulo, a radiação não usa
material biológico em si, contudo a tecnologia é largamente usada na Medicina Nuclear Diagnóstica, e em alguns
casos a exposição pode alterar a estrutura da molécula do DNA e é utilizada como recurso no tratamento de vá-
rios tipos de cânceres, entre outras doenças.
Na natureza há exemplos de radiação natural, como as radiações ultravioleta do Sol; e, nos animais homeo-
térmicos, a própria emissão de calor do corpo gera ondas (radiação infravermelha). Mesmo nos casos das radia-
ções naturais, é preciso ter cautela. A exposição à radiação ultravioleta (UV-A e UV-B) do Sol pode causar queima-
duras; quando a pessoa se expõe a longos e sucessivos períodos, está em grande risco de ter um câncer de pele.

Epiderme

Derme

Por isso a importância de usar, diariamente, protetores solares e evitar as horas mais quentes e com maior in-
cidência dos raios ultravioleta do Sol, entre 10h e 16h. Observe, na ilustração, que os raios do tipo UV-A atingem
a camada mais superficial da pele, já os raios UV-B conseguem atravessar essa primeira camada e chegar até a
derme.
Há as radiações artificiais emitidas por aparelhos criados pelo homem, por exemplo: raios-X, ressonância
magnética, ondas de rádio, micro-ondas, celular etc.
Além da classificação quanto à origem, as radiações podem ser classificadas como ionizantes ou não ioni-
zantes, nesse caso a diferença entre elas leva em consideração os efeitos gerados nos átomos e nas moléculas
devido à frequência das ondas.

Biotecnologia 199
a) Radiação não ionizante: possui baixos níveis de energia (baixa frequência), portanto não são capazes de
produzir efeitos elétricos relevantes nos átomos e nas moléculas. Observe o esquema com alguns exemplos:
computadores, ondas de rádio, celulares, micro-ondas, controle remoto (infravermelho) e luz visível que usamos
em casa;
b) Radiação ionizante: a quantidade de energia é grande o suficiente para provocar a “ionização” de átomos
e moléculas, ou seja, é capaz de remover elétrons, tornando a matéria ou corpo eletricamente carregado. São
radiações de altíssima frequência. Exemplos: raios- X e raios-Υ (gama), partículas alfas (α) e betas (β).

2 prótons e 2 nêutrons
Raios
alfa
Ionização

Elétrons de alta energia


Raios
beta
Ionização

Raios Radiação EM de alta energia


gama

Raios-X Ionização

Raios
nêutrons Ionização

Água ou
Papel Alumíno fino Chumbo grosso concreto
Capacidade de penetração: Para os raios alfa Para os raios beta Para os raios gama Para os raios
eX nêutrons

Frequência: quantidade de vezes que o movimento se repete, na unidade de tempo. No Sistema Internacional,
a frequência é medida por hertz (Hz), que equivale a 1 segundo. Portanto, se as ondas eletromagnéticas do rá-
dio vibram na frequência 104 Hz, significa dizer que essa onda oscila 10.000 vezes por segundo.

Radiação e Saúde

As radiações ionizantes podem ser aplicadas na Medicina Nuclear, contudo vale reforçar que nessas ondas
quanto maior a frequência, maior a vibração das moléculas, os danos são diretamente proporcionais e ainda
possuem efeito acumulativo sobre o corpo. Por isso, devem ser manipuladas e aplicadas por especialistas com
materiais de segurança e em locais protegidos, geralmente com paredes revestidas por placas espessas de chum-
bo ou roupas especiais também com chumbo na composição.

Realização de exame por tomografia computadorizada

200 Capítulo 11
A radiação pode ser usada em diversas áreas da saúde, a principal é na Medicina Diagnóstica, a partir de exa-
mes do uso da imagem: radiografia, tomografia computadorizada, ultrassom, ressonância magnética. Também
há a cintilografia, que é um exame de imagem diferente dos anteriores, pois o paciente receberá, por via oral
ou venosa, substâncias radioativas (doses bem pequenas) que auxiliarão na formação das imagens para melhor
diagnóstico; também pode ser usado no tratamento de doenças.
A radiação também é empregada:
• na esterilização de instrumentais cirúrgicos e de alimentos industrializados;
• na datação de fósseis pelo método do Carbono 14;
• no tratamento de cânceres, com a técnica da radioterapia;
• em cirurgias a laser (Medicina ou na Odontologia);
• em Fisioterapia e Odontologia auxiliando na cicatrização de uma lesão, por exemplo.
Como vimos a radiação e suas tecnologias vêm auxiliando a Medicina, mas ainda assim devemos ter cuidado
com a exposição às radiações porque a exposição, em grande quantidade ou por tempo prolongado, mesmo em
mínimas proporções, causa problemas de saúde desde sintomas leves como náuseas, vômitos e, em casos mais
graves, podem provocar cânceres e mutações genéticas passíveis de serem transmitidas a outras gerações, a par-
tir da reproduções. Profissionais de saúde que trabalham diretamente com radiologia precisam ter muito cuida-
do com os níveis de exposição. Em casos de desastres nucleares, por vazamento de radiação em usinas nucleares,
por exemplo, podem causar óbitos e sequelas irreversíveis por gerações, uma vez que alteram a molécula DNA.

Saiba+
Desastres Nucleares
Na Ucrânia, em Chernobyl, no ano de 1986, ocorreu o maior desas-
tre nuclear da história: um dos reatores da Usina apresentou problemas,
após testes de segurança e acabou explodindo. A radiação liberada por
nuvens radioativas carregava toneladas de Urânio-235, além de outros
Usina Nuclear de Chernobyl - Ucrânia
produtos da fissão nuclear, como grafite, Iodo-131, Césio-137 e Estrôn-
cio-90 e levou à óbitos centenas de pessoas.
Após o acidente a cidade de Prypiat (cerca de 50 mil habi-
tantes à época) foi evacuada. transformada em zona de ex-
clusão e considerada uma cidade “fantasma”, uma vez que há
enormes riscos de contaminação pela radiação ainda presen-
te. A cidade era habitada, quase que exclusivamente, por tra-
balhadores da usina nuclear e seus familiares.
No dia do acidente e por alguns anos, muitos habitantes
morreram, principalmente os trabalhadores da usina e as
crianças da cidade. As pessoas que sobreviveram foram con-
taminadas, e ainda há diversas mutações genéticas que cau-
sam principalmente cânceres. Além das pessoas, os animais, o
solo, os rios e as plantas foram contaminados. As autoridades
locais ainda precisam monitorar sistematicamente e sempre
Vista da cidade “fantasma” Prypiat (Ucrânia) vizinha à criam estruturas (concreto principalmente) que possam redu-
Chernobyl zir o risco de radioatividade na região. Em 2010, a usina foi to-
talmente desativada.

Biotecnologia 201
Aqui no Brasil, em Goiânia- GO, em 13/09/1987, ocorreu o acidente nuclear com o elemento radioati-
vo Césio-137 e foi um acidente muito chocante, pois não foi causado por um vazamento ou problemas
em usina nuclear, como no caso de Chernobyl.
A tragédia foi causada por um aparelho radioterápico abandonado e encontrado por catadores de
recicláveis, que levaram o equipamento para vender em um ferro velho. O dono do ferro velho, Sr. Devair
Ferreira e seus trabalhadores, desmontaram e iniciaram direta ou indiretamente a liberação da radiação
do Césio-137, que estava em uma pequena cápsula (no seu interior havia um pó azul brilhante, colora-
ção visível somente à noite). Sem imaginar que aquilo faria tão mal, Sr. Devair levou para sua residência,
pois achou a pequena cápsula “muito bonita” e levou um pouco para sua sobrinha, que acabou brincan-
do com o pó e o ingerindo, ao colocar à mão contaminada à boca.
A criança sem saber era uma fonte “ambulante” de radiação e foi a primeira a falecer poucos dias após
a exposição ao Césio-137. Ao todo 11 pessoas morreram, mais de 600 foram contaminadas e estima-se
que a exposição à radiação atingiu 100 mil pessoas. Os locais foram isolados, concretados e todo o ma-
terial com contaminação foram levados e soterrados, em outro local, que continua sendo monitorado.
Mais recentemente, em 2011, no Japão na cidade
Fukushima, após um terremoto seguido de um tsunâ-
mi, a usina nuclear da região teve três dos seis reato-
res danificados, e uma explosão de hidrogênio expôs
os reatores nucleares. O governo agiu rapidamente
e, mesmo diante do caos causado pelos terremotos e
tsunâmi, a cidade foi evacuada, e todas as demais, há
20km da usina, tornaram-se regiões de exclusão que
mudaram a vida de milhares de pessoas. Depois de al-
guns, anos a usina começou a ser desmontada, mas o
trabalho pode levar de 30 a 40 anos para ser concluído.
Fontes de apoio: : https://www.inca.gov.br/exposicao-no-
trabalho-e-no-ambiente/radiacoes/radiacoes-nao-ionizantes ;
https://www.saude.go.gov.br/cesio137goiania; https://novaescola.
Fukushima após terremoto e a tsunâmi. org.br/conteudo/261/entenda-o-acidente-nuclear-em-fukushima-
no-japao . Acesso em: 15 mar. 2021.

• Biotecnologia - Edição genética e o futuro da biotecnologia - Canal Biologia


Total: <https://youtu.be/sSX5mmYi2n0>
• Células-tronco embrionárias - Canal Khan Academy: <https://youtu.be/
gjSXupv4f2w>
• Documentário (OGM) - O mundo segundo a Monsanto - Legendado: <https://
youtu.be/y6leaqoN6Ys>
• Anticorpos monoclonais - Construção de um medicamento: Canal Pesquisa
Fapesp: <https://youtu.be/fowuEc-BodQ>

202 Capítulo 11
1. (UFU – adaptada) Na tecnologia do DNA Recombi- 3. (VUNESP-adaptada) Uma empresa de biotecno-
nante, são utilizadas enzimas bacterianas que têm a logia desenvolveu novas variedades de um arroz
propriedade de cortar a molécula de DNA em pontos capaz de crescer com menos fertilizantes e com o
específicos, o que permite, por exemplo, que genes mesmo rendimento, graças à presença maciça, em
humanos que codificam proteínas de interesse médi- suas raízes, de uma versão do gene chamado alani-
co ou comercial sejam extraídos, clonados em bacté- na aminotransferase, proveniente de uma cevada.
rias ou vírus, e depois sejam transferidos para animais
de laboratório, que passam a produzir sistematica-
mente tais proteínas.
Com relação ao assunto, responda aos itens:
a) Qual é o nome genérico que se dá a essas
enzimas?
b) O que confere a especificidade a essas enzimas?
c) Como são chamados os organismos que recebem
CEVADA ARROZ

e incorporam genes de outra espécie? Fonte: <https://arcadiabio.com/2018/05/08/arcadia-


biosciences-traitsincrease-rice-yields-by-double-digits/>.
2. Leia a tirinha e responda aos itens: Acesso em: 22 jan. 2021 (adaptada).

Analisando o que aprendemos, identifique a técnica


utilizada para essa nova variedade de arroz. Na sua
resposta construa um pequeno texto para explicar.
4. Ao consultar o site http://br.oxitec.com/projetos/,
Felipe, um estudante do 9º ano, estava pesquisando
o tema para um seminário que iria apresentar na
escola juntamente com seus colegas de sala. Durante
a consulta, alguns dados foram observados, veja:
• Em Eldorado, região de Piracicaba - SP, os casos
de dengue reduziram em 91%, após a cidade
receber o "Aedes do bem".
• No bairro Pedra Branca, em Jacobina - BA, o
tratamento com o "Aedes do bem" reduziu em
92% a população do Aedes Aegypti selvagem.
Considerando o tema, responda:
a) Como a população de outras regiões do Brasil,
Fonte: <https://tirasarmandinho.tumblr.com/
post/117986234179/tirinha-original>. Acesso em: 12 jan. 2021. que não receberam os mosquitos "Aedes do
bem", podem auxiliar na redução dos casos de
a) O que o Projeto de Lei nº 34/2015 prevê sobre os
dengue, Zika, Chikungunya?
avisos dos produtos transgênicos?
b) O estudante, durante a apresentação do seu
b) Considerando a polêmica acerca dos
trabalho, comentou que o tratamento com o
transgênicos, escreva sua opinião sobre este
"Aedes do bem" obteve sucesso, pois várias
projeto de lei. Você concorda ou não? Justifique.
fêmeas geneticamente modificadas foram soltas
c) Cite as vantagens e as desvantagens dos
nas regiões. Você concorda com o estudante?
organismos geneticamente modificados.
Explique.
c) Após leitura e pesquisa de reportagens atuais
sobre os "Aedes do bem", o estudante constatou
que o projeto pode estar em risco. O que pode
estar acontecendo? Para auxiliar, faça como o
estudante: pesquise, para embasar sua resposta.

Biotecnologia 203
5. (UERJ) Células-tronco podem tratar lesões 9. (UNICAMP – adaptada) No início de 1998,
cerebrais pesquisadores anunciaram o nascimento da ovelha
Empresa usa unidade estrutural de embriões para Dolly, considerada o primeiro clone de mamífero
recuperar vítimas de derrame. A técnica combina o gerado artificialmente. Um dos objetivos dessa
uso de células-tronco de embriões e terapia genética. pesquisa é a melhoria da pecuária, através da
formação de rebanhos homogêneos. Clones, no
O Globo, 8 ago. 2000 (adaptado).
entanto, ocorrem naturalmente no cotidiano, lembra
Explique a vantagem da utilização, no procedimento o geneticista Ademar Freire Maia em um artigo do
descrito, de células-tronco em vez de células já Boletim Germinis, do Conselho Federal de Biologia,
diferenciadas. de maio/junho de 1997.
6. Os anticorpos são proteínas produzidas pelos a) Qual seria a desvantagem biológica de um
linfócitos B (células de defesa), atuam de maneira rebanho de clones?
específica para cada antígeno (agente patogênico) b) Dê um exemplo de clone que ocorre naturalmente.
e ainda auxiliam as células de defesa a produzirem Justifique.
memória imunológica. Explique a importância da
biotecnologia e da pesquisa dos anticorpos mono- 10. (UFF – adaptada) As células-tronco humanas
clonais para pacientes com diagnóstico de câncer. podem ser obtidas e colocadas em meios de
cultura adequados para se diferenciarem em células
7. (UNICAMP - adaptada) A necrose pancreática in- formadoras de tecidos especializados.
fecciosa (NPi) é uma doença viral que causa elevada Ciência e Vida. O Globo, 10 jul. 2001 (adaptado).
mortalidade em salmões de água doce e água salga- Cientistas acreditam que, dentro de alguns anos,
da. Em 2007, descobriu-se que a resistência à doença poderão produzir células suficientes para tratar
era hereditária, e as empresas de criação começaram pacientes com doenças graves no coração, no fígado
a implementar a seleção familiar. Em 2008, estudos ou nos pulmões. Sobre o tema, responda:
genéticos identificaram um único locus no cromos-
somo 26 que poderia explicar de 80 a 100% da va- a) Qual a fase, durante a formação do embrião, em
riação na resistência ao vírus da NPi. Desde 2009, a que se pode obter o maior número de células-
resistência à NPi do salmão pode ser avaliada por -tronco totipotentes? Justifique sua resposta.
marcadores do alelo de resistência. O número de b) Cientistas estão produzindo, em laboratório,
mortes dos salmões em decorrência dos surtos de células-tronco do tipo IPS. Explique essa sigla e a
NPi diminuiu significativamente de 2009 a 2015. O importância dessas células.
potencial da produção de peixes para alimentar uma
11. A charge demonstra de forma criativa a
crescente população global pode ser aumentado
importância das pesquisas com células-tronco
por avanços na Genética e na biotecnologia.
oriundas de embriões.
(R. D. Houston e outros. Nature Reviews Genetics, Londres, v. 21,
p. 381-409, abr. 2020.)

Considerando as informações apresentadas no texto


e seus conhecimentos correlatos, responda: A dimi-
nuição na mortalidade dos salmões se deu pelo uso
da técnica da transgenia, do melhoramento genético
ou pela seleção natural? Justifique sua escolha.
8. (UFRJ) Em uma experiência de reprodução com
uma espécie de mamífero, adotou-se o seguinte
procedimento: fundiu-se uma célula do indivíduo 1
com um óvulo, previamente anucleado, do indivíduo
Fonte: <http://cienciaemtirinhas.blogspot.com/2008/12/
2. A célula assim formada foi implantada no útero do deficincia-x-clula-tronco.html>. Acesso em: 22 fev. 2021.
indivíduo 3, desenvolveu-se, e deu origem a um novo ser.
Esse novo ser é geneticamente idêntico ao indivíduo Diante desse tema e com o auxílio da imagem,
1, ao 2 ou ao 3? Justifique sua resposta. explique a importância das células-tronco para as
pessoas que apresentam alguma deficiência motora
e/ou neurológica.

204 Capítulo 11
12. Considerando o desenho a seguir, qual a idênticos. [...]
classificação da célula-tronco em questão:

Disponível em: <https://ciencia.estadao.com.br/noticias/


geral,cientistas-chineses-clonam-macacos-com-tecnica-
Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/>. Acesso em: 13 abr.
daovelha-dolly,70002163694>. Acesso em: 21 out. 2018.
2021. Fonte imagem: <http://www.china.org.cn/china/2018-11/28/
content_74217024.htm>. Acesso em: 15 set. 2021.
a) Quanto à origem;
b) Quanto à capacidade de diferenciação celular. Considerando a biotecnologia da clonagem,
c) Considerando as respostas dos itens a e b, responda aos itens:
responda: essas células-tronco são as mais
a) Em Zhong Zhong e Hua Hua, o material genético
versáteis? Justifique sua resposta.
nuclear é originado de quais células? Qual a
13. (FCC - adaptada) Uma equipe de biomédicos importância da divulgação e da pesquisa com
elaborou um projeto de pesquisa com células primatas? O que isso poderá influenciar a nós,
presentes no sangue do cordão umbilical de seres humanos?
recém-nascidos, devido à sua potencialidade de b) Caso Zhong Zhong nasça com uma doença
originar outros tipos celulares, havendo interesse genética causada por um gene autossômico
na sua utilização para fins terapêuticos. As células recessivo, pode-se afirmar que Hua Hua nascerá
dessa pesquisa são células-tronco de que tipo: como a mesma doença? Justifique sua resposta.
embrionárias ou adultas? E quanto a diferenciação
15. Escreva um parágrafo dissertativo diferenciando
celular, como podem ser classificadas? Justifique
as radiações ionizantes e não ionizantes. Na sua
suas repostas construindo um parágrafo dissertativo.
explicação, cite exemplos, os riscos e os benefícios
da radiação na saúde.

14. (IBADE-adaptada) Cientistas chineses clonam


macacos com técnica da ovelha Dolly
[...] Para fazer a clonagem, os cientistas transferiram
células de fibroblastos (tipo de célula do tecido
conjuntivo) de fetos de macacos para um óvulo
de uma macaca cujo núcleo foi extraído. O óvulo
resultante foi implantado em duas macacas adultas.
Zhong Zhong e Hua Hua são clones dos mesmos
fibroblastos de fetos. Como foram utilizadas "barrigas
de aluguel" diferentes, um dos macaquinhos nasceu
15 dias depois do outro, embora sejam clones

Biotecnologia 205
16. (CPCON-PB) Em 2010, cientistas publicaram, na (4) A bactéria Agrobacterium tumefaciens tem a ca-
revista Science, um artigo que descreve a criação de pacidade de transferir plasmídeo recombinante,
uma bactéria com DNA sintético. O genoma, sinte- com determinado gene de interesse previamente
tizado a partir de instruções de computador, tem inserido, a células vegetais. A planta, agora trans-
apenas um cromossomo com 1,08 milhão de pares gênica, poderá produzir o produto de interesse.
de bases da bactéria Mycoplasma mycoides. O DNA (5) Mesmo com genótipos idênticos, dois clones não
sintético foi transplantado para uma célula recipien- precisam ter, necessariamente, o mesmo fenóti-
te (sem material genético) de outra bactéria, criando po, em função da complexa interação entre ge-
uma célula de M. mycoides, totalmente controlada nótipo e meio ambiente.
pelo cromossomo sintético. A bactéria criada apre-
18. (URCA) Durante um experimento de manipula-
sentou as características fenotípicas esperadas para
ção genética, observou-se que um determinado mi-
a espécie e foi capaz de se autorreplicar continua-
cro-organismo (bactéria) possuía um gene que con-
mente.
feria resistência a determinada praga, específica de
Fonte: GIBSON, D. G. et al. Creation of a bacterial cell controlled uma espécie de milho. A partir dessa observação, foi
by a chemically synthesized genome. Science. vol. 329, 2010. pp
feito um isolamento do DNA bacteriano, seguido por
52–56.
duplicação e extração do gene de interesse: tal gene
Essa nova técnica da Biotecnologia suscita:
foi inserido nas células do tecido do milho e levado
I. novas questões éticas relacionadas à definição da para cultivo. Levando em consideração o aspecto
vida e de como ela funciona; biotecnológico, como o milho pode ser classificado?
II. limitações em relação à criação de vida artificial,
a) Híbrido.
uma vez que a bactéria receptora permaneceu
b) Clone.
com seu próprio citoplasma;
c) Transgênico.
III. possibilidade de criação de novos microrganis-
d) Mutante.
mos com genoma artificial que possam sintetizar
e) Adaptado.
proteínas de interesse econômico.
É CORRETO o que se afirma em: 19. (UFT)Sobre a Engenharia Genética, analise as
afirmativas abaixo:
a) I e II apenas.
b) III apenas. I. O DNA Recombinante é feito pela separação de
c) I, II e III. um fragmento de DNA de interesse de um doador
d) I e III apenas. e sua ligação em um vetor, que é uma molécula
e) II e III apenas. de DNA pequena de replicação rápida.
II. Na tecnologia do DNA Recombinante, plasmíde-
17. IF SUL (adaptada) - Com relação a técnicas da os (bacterianos e de leveduras) e bacteriófagos
Biologia Molecular, analise as sentenças a seguir e são exemplos de vetores.
marque C para Certo ou E para Errado. III. A tecnologia do DNA Recombinante pode ser uti-
lizada para a produção de fármacos, como insuli-
(1) Enzimas de restrição são utilizadas, em laboratório,
na, hormônio de crescimento e vacinas.
para reduzir a ploidia de uma célula pela metade.
(2) A terapia gênica tem por intuito substituir o alelo Com base nas afirmativas, assinale a alternativa COR-
que causa o problema de saúde à pessoa por um RETA.
alelo normal. Um vírus modificado poderá ser uti-
a) Todas as afirmativas estão corretas.
lizado como vetor, pois introduz o alelo normal a
b) Apenas a afirmativa II está correta.
determinadas células do paciente.
c) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
(3) A clonagem humana, tanto a reprodutiva quan-
d) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
to a terapêutica, está imune a polêmicas éticas e
religiosas. De acordo com a legislação brasileira, 20. (UFOP) Pesquisadores da Universidade da Ge-
está autorizada, desde que não haja fins lucrati- órgia, em Atenas (Grécia), inseriram dois genes bac-
vos envolvidos. terianos na Arabidopsis thaliana, uma espécie de

206 Capítulo 11
agrião, e criaram uma planta que não tolera solos 22. (CESPE) Com relação a clonagem e transgênicos,
contaminados. assinale a opção correta.
(Texto adaptado de publicação na Nature Biotechnology) a) As enzimas de restrição clivam o fragmento
Com relação ao texto, é correto afirmar que específico do DNA isolando o gene de interesse.
b) Para a clonagem de fragmentos de DNA, deve-se
a) os pesquisadores fizeram um melhoramento
utilizar plasmídeos de células eucariontes.
genético, e, além da qualidade desejada,
c) Deve-se evitar o uso de DNA de vírus na produção
qualidades indesejáveis não foram transferidas
de alimentos transgênicos.
porque, invariavelmente, a planta resultante é
d) Os vetores são incapazes de se multiplicar,
forçada a trabalhar com a informação genética
independentemente da célula que lhes deu
herdada.
origem.
b) os pesquisadores criaram essa planta por
e) A inserção de uma planta transgênica em
cruzamento natural, onde o próprio ar ou os
determinada área ambiental traz como principal
insetos realizam a troca do pólen contido nas
vantagem o controle populacional das espécies
flores das plantas.
nativas.
c) os pesquisadores fizeram um cruzamento entre
duas plantas para obter uma terceira, com 23. (IBADE) Um organismo transgênico se origina
características desejadas para a resistência ao quando:
arsênio.
a) através da manipulação genética, genes
d) os pesquisadores fizeram uma transformação ge-
de uma espécie são modificados, de modo
nética e, como não houve cruzamento entre duas
que manifestem na própria espécie novas
plantas, apenas o gene de interesse foi transferi-
características.
do, resultando em uma planta transgênica.
b) ocorre o cruzamento artificial entre duas
21. (PUC/MG) A charge a seguir foi produzida num diferentes espécies, originando um híbrido
momento em que no Brasil se discutem as possíveis que possui características desejáveis das duas
vantagens e desvantagens da liberação do plantio e espécies envolvidas no cruzamento.
comercialização de plantas transgênicas. c) os genes de uma espécie são introduzidos em
EXPERIMENTA!
outra espécie, de modo que a espécie receptora
EXPERIMENTA! dos genes manifeste características da primeira
Acho melhor espécie.
deixar o homem
experimentar
primeiro
d) se retira todo o genoma de um indivíduo
substituindo por novo genoma de outro
indivíduo, permitindo a manifestação de novos
genes no indivíduo com o novo genoma.
TRANSGÊNICO e) uma mutação de genes autossômicos origina
um novo genoma, que irá manifestar novas
características, vantajosas ou não, no indivíduo
Jornal da "Ciência", ed. 515, 10 out. 2003.
mutante.
Analisando-se a charge e, de acordo com os atuais
conhecimentos biológicos, é CORRETO afirmar que 24. (FCC-AP) Sobre as células-tronco, é correto afir-
mar:
a) o que não faz mal para o homem não fará mal
para os insetos. a) No laboratório, as células-tronco são incapazes de
b) as plantas transgênicas são perigosas para a se multiplicarem, permanecem em estado latente
saúde animal. com tempo de vida limitado, por isso devem ser
c) o que não é bom para os insetos pode não ser constantemente extraídas dos tecidos.
bom para os homens. b) Células-tronco embrionárias pluripotentes
d) se os insetos experimentarem, o homem poderá podem dar origem a todos os tipos de tecidos
experimentar, pois a ingestão da planta não lhe do organismo, incluindo anexos embrionários
fará mal. e placenta, podendo originar um indivíduo
completo.

Biotecnologia 207
c) Quando uma célula-tronco se divide, IV. Concepção de um organismo a partir da fusão de
imediatamente, cada célula-filha irá se diferenciar um ovócito não fecundado, do qual se retirou o
em um tipo celular específico e irá desempenhar núcleo celular, com o núcleo de uma célula somá-
funções especializadas. tica retirada de um animal que se deseja copiar.
d) Células-tronco estão em grande número nos V. Uma muda de violeta formada a partir de uma
tecidos juntamente com as células diferenciadas única folha que tenha sido destacada de outra
e possuem uma morfologia definível, o que as planta e plantada em solo úmido e bem adubado.
torna fáceis de serem identificadas. Tomando-se como referência a definição genética
e) Para serem cultivadas, as células-tronco de clone e considerando as situações descritas, po-
embrionárias são extraídas de uma massa demos dizer que são processos de clonagem:
interna de células indiferenciadas do estágio
de blastocisto, e podem ser mantidas a) I, apenas.
indefinidamente como células-tronco em cultura. b) I e II, apenas.
c) I, IV e V, apenas.
25. (FADESP) A pesquisa sobre células-tronco tem d) I, II, III e IV, apenas.
sido foco de atenção há mais de uma década, con- e) I, II, III, IV e V.
forme surgem novos desenvolvimentos na área de
terapia celular, abrindo a possibilidade de interven- 27. (UERJ) Células adultas removidas de tecidos nor-
ções direcionadas para doenças ligadas à destruição mais de uma pessoa podem ser infectadas com certos
celular e tecidual progressiva, embora haja enorme tipos de retrovírus ou com adenovírus geneticamente
preocupação ética associada à sua utilização em hu- modificados, a fim de produzir as denominadas célu-
manos. Os diversos tipos de células-tronco podem las-tronco induzidas. Essa manipulação é feita com a
ser categorizados de acordo com sua potência celu- introdução, no genoma viral, de cerca de quatro genes
lar. As células-tronco são chamadas de retirados de células embrionárias humanas, tornando
a célula adulta indiferenciada. O uso terapêutico de
a) totipotentes embrionárias, quando originadas células-tronco induzidas – IPS, no entanto, ainda sofre
do tecido embrionário, sendo capazes de se restrições. Observe a tabela a seguir.
diferenciar em qualquer tecido do organismo,
preservadas as condições adequadas do Consequências do uso de células-tronco em geral
microambiente original. 1. Regeneração de 2. Regeneração de poucos
b) multipotentes adultas, quando extraídas de qualquer tecido tecidos
tecidos maduros, ainda assim sendo capazes de
3. Indução impossível de 4. Indução possível de
se diferenciar de forma autônoma em qualquer
outras doenças outras doenças
tecido do corpo, garantidas as condições ideais
do microambiente original. 5. Compatibilidade
6. Rejeição imunológica
imunológica
c) totipotentes, quando extraídas de tecidos
maduros, com capacidade autônoma de originar Células-tronco induzidas – IPS, originárias de um pa-
um animal adulto completo, produzindo tanto ciente, se usadas nele próprio, apresentariam as con-
tecidos embrionários quanto extraembrionários. sequências identificadas pelos números:
d) pluripotentes embrionárias, quando extraídas
a) 1, 3 e 6.
do sangue do cordão umbilical, sendo capazes
b) 1, 4 e 5.
de originar somente células de linhagem
c) 2, 3 e 5.
hematopoiética.
d) 2, 4 e 6.
26. (UNESP) Considere as cinco situações seguintes:
28. (ENEM) Leia a entrevista concedida a Dráuzio Va-
I. Formação de vários embriões a partir de um úni- rella pela geneticista Mayana Zatz a respeito da utili-
co zigoto. zação das células-tronco no tratamento de doenças:
II. O gameta feminino de certos animais se desen- Dráuzio: - O que são células-tronco?
volve formando um novo indivíduo, sem ter sido Mayana Zatz: - São células que têm a capacida-
fecundado. de de diferenciar-se em diferentes tecidos humanos.
III. Ovócitos distintos são fecundados por esperma- Existem as células-tronco totipotentes ou embrioná-
tozoides também distintos, originando zigotos rias, que conseguem dar origem a qualquer um dos
igualmente distintos. 216 tecidos que formam o corpo humano; as pluri-

208 Capítulo 11
potentes, que conseguem diferenciar-se na maioria d) o núcleo do óvulo inserido em uma célula de
dos tecidos humanos, e as células-tronco multipo- orelha anucleada origina uma fêmea Labrador.
tentes, que conseguem diferenciar-se em alguns te- e) o ambiente celular do Labrador alterou a
cidos apenas. expressão genotípica do núcleo transplantado.
Dráuzio: - No momento da fecundação, quando
o espermatozoide fecunda o óvulo, começam as pri- 30. Sobre os mosquitos “Aedes aegypti do bem”, mar-
meiras divisões celulares e surgem as células totipo- que a alternativa correta.
tentes, que vão obrigatoriamente dar origem a todos a) A técnica é um controle genético e biológico,
os tecidos do corpo. Essas células permanecem no uma vez que machos dos mosquitos são soltos
indivíduo pelo resto da vida? no ambiente e, no momento da cópula, matam as
Mayana Zatz: - As totipotentes não. Elas existem fêmeas, rompendo o ciclo de reprodução.
até quando o embrião atinge 32 a 64 células. A par- b) É um controle mecânico, uma vez que os
tir daí, forma-se o blastocisto, cuja capa externa vai mosquitos machos são impedidos de copularem
formar as membranas embrionárias, a placenta. Já as com as fêmeas da mesma espécie, pelo uso de
células internas do blastocisto, que são chamadas de telas e adesivos.
totipotentes, vão diferenciar-se em todos os tecidos c) Técnica de controle biológico e genético, no caso
humanos. mosquitos transgênicos machos, ao copularem
Fonte: <http://drauziovarella.ig.com.br/entrevistas/célulastron- com as fêmeas, passam genes que impedem o
co1.asp>. Acesso em: 21 fev. 2021. desenvolvimento das larvas, rompendo o ciclo de
A respeito das células-tronco, é correto afirmar que reprodução.
d) É um controle químico com uso de inseticidas
a) as células pluripotentes são mais indicadas que as que interferem no Sistema Nervoso dos insetos,
totipotentes para o tratamento. causando inibição do funcionamento do
b) as células multipotentes geram mais tecidos que metabolismo e morte dos adultos machos e
as pluripotentes. fêmeas.
c) a especialização das células é importante na
obtenção de células totipotentes. 31. (CPCON) Radiação é a propagação de energia
d) o valor terapêutico das células totipotentes é a através do espaço ou da matéria, que pode ser cor-
sua capacidade de se diferenciar em todos os puscular ou eletromagnética. Radiações ionizantes
tecidos que constituem um ser humano. são aquelas corpusculares ou eletromagnéticas ca-
e) as pesquisas com células-tronco só podem ser pazes de ionizar átomos. Os efeitos biológicos das ra-
feitas com células totipotentes. diações ionizantes podem ser estocásticos ou deter-
minísticos. A principal diferença entre eles é que os
29. Cientistas sul-coreanos clonam pela primeira efeitos estocásticos causam a transformação celular,
vez um cachorro, utilizando uma célula obtida da enquanto os determinísticos causam a morte celular.
orelha do pai genético. Os cientistas tiraram material Fonte: BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia. Comissão
genético da célula e o colocaram em um óvulo Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
esvaziado do seu núcleo, posteriormente estimulado Radiação ionizante e a vida, 2009.
para que se dividisse e virasse um embrião dentro da Considerando esse contexto, avalie as asserções a
mãe adotiva, da raça Labrador. O animal clonado, da seguir:
raça Afgham, recebeu o nome de Snuppy, e nasceu I. A ação da radiação eletromagnética no tecido
60 dias após. tumoral é a ionização direta ou indireta dos seus
Fonte: Folha de S. Paulo, 3 ago. 2005. átomos ou moléculas com consequente destrui-
A partir do texto e do que se conhece sobre clona- ção das células malignas, porque...
gem, podemos afirmar corretamente que II. No processo de interação da radiação com a ma-
téria, ocorre transferência de energia, que pode
a) é possível obter células-tronco embrionárias provocar ionização e excitação dos átomos e
usando-se células diferenciadas de um adulto. moléculas provocando modificação (temporária
b) usando o mesmo pai genético, é possível obter ou permanente) na estrutura das moléculas, tais
um outro clone que seja fêmea. como o DNA.
c) o clone gerado terá o genótipo Afgham e o
fenótipo Labrador, e será do sexo masculino.

Biotecnologia 209
A respeito dessas asserções, assinale a opção CORRETA. como a mira para indicar a região de interesse cuja
temperatura é avaliada.
a) I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é
uma justificativa correta da I.
b) I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma
justificativa correta da I.
c) I é uma proposição verdadeira, e a II é uma
proposição falsa.
d) I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição
verdadeira.
e) I e II são proposições falsas.
32. (CPCON) Considerando que os efeitos da radia-
ção ionizante são cumulativos, ou seja, quanto maior
a dose de exposição, maior a probabilidade de ocor-
rência dos efeitos, a adoção do Sistema de Proteção
Radiológica tem como finalidade evitar os efeitos
biológicos das radiações ionizantes a partir do uso Centro de Referência para o Ensino de Física- Internet:
de recursos de proteção radiológica. <www.if.ufrgs.br/novocref/>. Acesso em: 22 mar. 2021 (com
Considerando este contexto, analise, as asserções a adaptações).
seguir e a relação entre elas. Acerca do termômetro infravermelho e sua utilização
I. O uso de vestimentas especiais (tais como aven- com laser, assinale a opção correta.
tais de chumbo, protetores de tireoide e de gô- a) O alto poder de penetração do laser vermelho
nadas, óculos plumbíferos, luvas e as mangas utilizado torna seu uso perigoso; portanto, é
protetoras) é necessário para evitar os efeitos cientificamente recomendável desativar essa
estocásticos e determinísticos das radiações ioni­ funcionalidade ao operar o equipamento.
zantes, porque... b) A verificação de temperatura feita pelo
II. as radiações ionizantes são corpusculares ou ele- termômetro infravermelho baseia-se na análise
tromagnéticas, capazes de ionizar átomos, po- da radiação infravermelha emitida pela própria
dendo então provocar alterações em moléculas, pessoa de quem se deseja aferir a temperatura.
tais como o DNA, causando assim a transforma- c) A utilização de laser azul em vez de laser vermelho
ção celular. nesse tipo de termômetro tornaria mais acurada a
medida de temperatura, porém colocaria em risco
A respeito dessas asserções, assinale a opção CORRE- a pessoa que porventura o utilizasse, em função
TA de ser uma radiação ionizante similar aos raios-X.
a) I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é d) O funcionamento dos termômetros
uma justificativa correta da I. infravermelhos baseia-se na emissão de radiação
b) I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição ionizante: parte dessa radiação é absorvida
verdadeira. pela superfície da qual se deseja conhecer a
c) I é uma proposição verdadeira, e a II é uma temperatura, e outra parte é refletida, para que o
proposição falsa. aparelho mensure a temperatura.
d) I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma
justificativa correta da I.
e) I e II são proposições falsas.
33. (CESPE-adaptada) Os lasers (amplificação da luz
por emissão estimulada de radiação) utilizados em
termômetros podem ser desligados sem prejuízo da
medição de temperatura. Isso se deve ao fato de que
a luz emitida serve apenas para indicar ao operador
do termômetro qual região da superfície do corpo
está sendo medida: o laser opera, portanto, apenas

210 Capítulo 11
1 Desenvolvimento sustentável
A expressão desenvolvimento sustentável é an-
io Ambien
tiga, mas promover ações para a sustentabilidade Me iente natura te
requer mudanças de hábitos e consumo de toda a am
b l vi
áv
m
sociedade. O desenvolvimento sustentável significa,
el
U

de maneira simplificada: crescer a economia de uma


De

região ou país garantindo a preservação do meio


sus nstruíd ural

sen nômi el
táv o
t

eco entáv
e co nte na

ambiente; dessa maneira as gerações futuras não


sus

vol
el

vim o

sofrerão problemas com a falta de recursos naturais


ten
bie

ent
c
Am

fundamentais para a sobrevivência (água, solo para


o

Desenvolvimento
sustentável
plantio e moradia e ar para respirar).
So a comunidade

Economia s

Econ

Parece utopia o desenvolvimento sustentável,


cial

Ambiente
mas é realmente necessário buscar o máximo de
ufi

social cie
o

equilíbrio possível entre o desenvolvimento da Na-


d nte
trin justo
ic

Nu a
tureza x Sociedade x Economia.

Desenvolvimento sustentável 211


No Brasil, em 1992, ocorreu a Rio 92 ou Eco 92, que foi a Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente
e desenvolvimento. Foi um momento muito importante no qual vários líderes mundiais admitiram e estabelece-
ram metas e políticas que conciliam o desenvolvimento econômico e a utilização dos recursos naturais.
A partir dessa conferência, a expressão desenvolvimento sustentável realmente tomou forma e corpo. Assim
vários compromissos foram firmados com metas para os anos subsequentes, entre eles: a convenção da biodiver-
sidade e a convenção sobre mudanças climáticas.
Todos os líderes mundiais participantes ainda assinaram a Agenda 21, um acordo entre os 179 países parti-
cipantes, que elaboraram estratégias em prol do desenvolvimento sustentável, com um slogan simples, mas de
difícil prática na solução dos problemas socioambientais: “pensar globalmente e agir localmente”.
No aspecto climático, em 1997, ocorreu a assinatura do Protocolo de Quioto (Kyoto - Japão), que foi um trata-
do complementar após a Eco-92, e no qual os países desenvolvidos deveriam diminuir o lançamento de gases
causadores do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global. Os países que assinaram o protocolo se com-
prometeram em reduzir, entre 2008 e 2012, em 5% a emissão de gases “estufa”: entre eles, o principal: dióxido de
carbono ou gás carbônico (CO2). A segunda parte do acordo previa a redução de 18% de emissão dos gases do
efeito estufa, entre os anos de 2013-2020, mas a maioria dos países não conseguiram cumprir essa meta e acordo
em si.
Diante das dificuldades em cumprir as metas, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU),
em 2015, na cidade de Nova York - EUA, criou um Guia Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável:
transformando nosso mundo. Esse documento criou uma lista de 17 ODS - Objetivos para Desenvolvimento
Sustentável, que foram divididos em 5 Ps - Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parceria, sendo eles:

1. Erradicação da pobreza;
2. Fome zero e agricultura sustentável;
3. Saúde e bem-estar;
4. Educação de qualidade;
5. Igualdade de gênero;
6. Água potável e saneamento;
7. Energia limpa e acessível;
8. Trabalho e crescimento econômico;
9. Indústria, inovação e infraestrutura;
10. Redução das desigualdades;
11. Cidades e comunidades sustentáveis;
12. Consumo e produção sustentáveis;
13. Ação na mudança climática;
14. Vida na água;
15. Vida terrestre;
16. Paz, justiça e instituições eficazes;
17. Parcerias e meios de implementação.
Esses 17 objetivos são integrados e, de maneira equilibrada, atuam nas 3 dimensões, citadas no início, sobre o
conceito de desenvolvimento sustentável: NATUREZA x SOCIEDADE x ECONOMIA.
Algumas ações promovem auxiliam no cumprimento destes 17 ODS: usar os recursos naturais de maneira
racional, evitando o desperdício de materiais, reduzindo o consumo, reciclando o lixo, reaproveitando a água das
chuvas e a água de reúso das moradias, diminuir o uso de combustíveis fósseis, utilizar técnicas de agricultura
que reduzem a devastação da vegetação nativa e que reduzem o desgaste do solo, reduzir a poluição - água, solo
e ar , reduzir o aquecimento global e promover uma qualidade de vida a toda população, além de promover o
manejo florestas, entre outros exemplos de preservação e conservação que iremos abordar neste capítulo. Mas
vale a reflexão: O que você tem feito localmente para auxiliar nos 17 ODS?
Ainda em 2015, foi assinado outro importante tratado mundial: O Acordo de Paris - COP 21­. Esse importante
acordo ocorreu durante a Conferências das Nações Unidas sobre as Mudanças Climática. Até 2016, 196 países,
incluindo o Brasil, ratificaram o acordo que tem como principal objetivo reduzir o aquecimento global. Nesse
acordo inclusive ficou estabelecido que, há cada 5 anos, os países reafirmarão o compromisso.

212 Capítulo 12
Por isso, no ano de 2021, ocorreu a COP 26 em Glasgow, na Escócia, os países que participaram do Acordo de
Paris firmaram novos compromissos para garantir a meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C.
Uma das maneiras mais eficazes é reduzir os gases do efeito estufa, principalmente o CO2, mas a contenção na
emissão de outros gases, como o metano (CH4). O primeiro é liberado principalmente a partir de atividades in-
dustriais e na queima de combustíveis fósseis; já o segundo a maior parte das emissões é de atividades humanas,
como transporte e uso do gás natural; na agricultura, criação de gado; e até dos lixões (decomposição da matéria
orgânica).
As pesquisas revelam que o planeta Terra está 1,2°C mais quente quando comparado com as temperaturas do
século XIX, e a quantidade de gás carbônico já aumentou em 50%. Se nada for feito e mudanças locais e globais
não forem tomadas, os cientistas estimam que a temperatura global pode aumentar em 4,0 °C, o que pode levar
a situações gravíssimas, entre elas:
• extinção de espécies animais e vegetais, por exemplo, incêndios florestais serão mais comuns;
• ondas de calor e eventos climáticos catastróficos;
• desertificação e inundações;
• aquecimento das águas oceânicas (destruição de corais e redução da biodiversidade marinha).

Integrando com a Física


Efeito Estufa
O efeito estufa é um fenômeno natural que permite a existência da vida na
Terra; as radiações solares emitem ondas eletromagnéticas no nosso planeta
e, ao atingirem a atmosfera, interagem com os gases; parte da radiação solar
é absorvida por esses gases gerando a radiação infravermelha, que conhe-
cemos como calor. E esse fenômeno é fundamental para existência da vida
na Terra.
De toda energia que o Sol emite, ondas eletromagnéticas ultravioleta e infravermelha, cerca de 30% dessa
radiação volta para o espaço (principalmente devido à reflexão nas superfícies mais claras, calotas polares,
nuvens e a própria água), e outra parte fica retida na atmosfera devido à presença dos gases na atmosfera
terrestre.
Vale lembrar que na atmosfera temos a camada de Ozônio, que auxilia na filtragem dessa radiação ultravio-
leta do Sol.
Os gases de efeito estufa (GEE) impedem a saída do calor, emitida pelas radiações solares. Os principais GEE
Gases de efeito estufa

são: gás carbônico (CO2), metano (CH4), gases da família dos clorofluorcarbonos (CFCs), óxido nitroso (N2O) e
ozônio (O3).
Gases de efeito estufa
cal
o
r re
ar

irra
sol

dia
ão

do
Calor refletido

iaç
Rad
Calor
re
fletid

Energia
absorvida
o

Energia
absorvida

Entretanto, a emissão desses gases tem aumentado na nossa atmosfera, provocando o aquecimento global.
E os fatores que provocam o agravamento do efeito estufa são: aumento no consumo e queima de combustí-
veis fósseis (gasolina, gás natural, diesel e querosene), queimadas, desmatamento, (reduzindo o sequestro de
CO2 para a fotossíntese), aumento dos lixões (grandes produtores do gás metano).

Desenvolvimento sustentável 213


2 Preservação da biodiversidade
Nos capítulos anteriores, você aprendeu o motivo de termos tanta biodiversidade no nosso planeta; a partir da
genética nas leis de Mendel, da atuação do ambiente na seleção natural de características e até do surgimento de
novas espécies no processo de especiação e evolução biológica.
Toda essa gama de conhecimento será e foi fundamental para a compreensão sobre biodiversidade e sua
importância. Não esqueçamos também que todas as biomoléculas são fundamentais para nossa existência no
planeta Terra, para nossa saúde e bem-estar.
Agora vamos unir todo esse conhecimento que você aprendeu e vamos compreender nosso papel, dos go-
vernos de diferentes países e de outras organizações não governamentais em busca de uma sociedade mais
equilibrada e justa em relação ao Planeta, considerando os eixos norteadores do Desenvolvimento Sustentável
e a necessidade de conter a destruição ambiental. Mas antes vamos compreender alguns conceitos importantes
quando o tema é meio ambiente e sociedade:
Preservação x Conservação

São palavras parecidas, mas não são a mesma coisa e; a confusão entre esses conceitos é mais comum do
que imaginamos. A preservação é a proteção da natureza, independentemente do interesse utilitário e do valor
econômico que a espécie ou a região possam representar, ou seja, é preservar o meio intocável. Portanto, nessa
corrente é comum a criação de santuários que não podem sofrer nenhuma interferência humana.

Já a conservação ambiental incluiu a integração do ser humano, entretanto com o uso sustentável. Portanto,
seria um conjunto de ações que buscam o uso racional e sustentável dos recursos naturais, de maneira a obter
qualidade de vida com o menor impacto possível ao meio ambiente.
Reflorestamento x Manejo

O reflorestamento é uma maneira de reduzir as áreas de desmatamento e envolve o plantio de vegetação, de


preferência nativa, ou outras plantas de crescimento rápido, também pode ser as frutíferas (preferência às nativas
da região) para atrair insetos e animais que acabam fugindo, por diferentes motivos, das áreas devastadas (quei-
madas ou ação humana em desmatamento, por exemplo). Como o próprio nome indica, é refazer uma área onde
antes havia uma floresta. Como a velocidade da degradação é muito maior que o tempo natural de reprodução
das plantas, é de suma importância que a população colabore com o reflorestamento/restauração da região.
Já o manejo florestal consiste em retirar os recursos da floresta de maneira sustentável, portanto de menor im-
pacto ambiental, respeitando o ecossistema; por exemplo: retirando árvores, de maneira controlada, ou utilizan-
do subprodutos dos recursos vegetais (sementes, frutos, folhas, cascas) utilizando a floresta para outros bens e
serviços (turismo ecológico). É muito comum, nas áreas de manejo, a retirada controlada de madeiras para venda,

214 Capítulo 12
mas, ao mesmo tempo, há plantio controlado em novas áreas, mantendo assim o ciclo reprodutivo e evitando a
devastação ou a extinção de determinada espécie.
O manejo garante a cobertura florestal, a preservação da biodiversidade e menor impacto sobre a fauna e a
flora.
Pegada Ecológica x Biocapacidade

O termo "pegada ecológica" é usado para definir como a área do Planeta necessária para produzir o que um
habitante precisa para sobreviver, portanto qual “pegada” ou “rastro” são deixados por consequência das ativida-
des humanas (comércio, agricultura, pecuária, consumo) no meio ambiente. Você já parou para pensar qual a sua
pegada ecológica? Quanto maior a pegada ecológica de uma atividade, mais danos ambientais ela promove;
ela é calculada por hectares globais (gha), portanto ela determina o impacto ambiental causado para manter os
níveis de consumo de cada indivíduo.
Já a biocapacidade avalia o quanto a natureza consegue se regenerar para “atender” as necessidades que são
dela solicitadas, considerando o que é biologicamente produtivo (solo e água) e a capacidade de resiliência de
um ecossistema para dar conta da demanda humana e do consumo.

Resiliência ambiental: O termo ficou conhecido em 1970, a partir de estudos do ecologista canadense
Crawford S. Holling, que descreveu a persistência da natureza em relação às mudanças no ecossistema — seja
por motivos naturais ou antropogênicos. Portanto, a capacidade de um ecossistema recuperar seu equilíbrio
após ter sofrido perturbação, o que inclui a biocapacidade.

3 Unidades de Conservação
Considerando que as ações locais têm efeito global, vamos conhecer um pouco sobre as Unidades de Con-
servação e, seu papel na preservação da biodiversidade e, consequentemente, a influência que elas exercem em
busca dos 17 objetivos para o desenvolvimento sustentável (ODS) e como nossa pegada ecológica pode influen-
ciar local e globalmente.
Aqui, no Brasil, nos anos 2000, a Lei n° 9.985 instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)
no qual definiu:
Unidade de Conservação (UC) como o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicio-
nais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação
e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias de proteção.

Desenvolvimento sustentável 215


A partir dessa Lei, as Unidades de Conservação foram divididas e organizadas de duas maneiras:
a) Unidades de Proteção Integral - espaços territoriais para preservar a natureza, admitem o uso indireto dos
recursos naturais, possuem regras mais restritivas. Estão nessa divisão: estações ecológicas, reservas biológicas,
parques nacionais, refúgios de vida silvestre e monumentos naturais.
b) Unidades de Uso Sustentável - são espaços territoriais que conciliam o uso sustentável de parte dos re-
cursos naturais. Estão nesse grupo: áreas de proteção ambiental, áreas de relevante interesse ecológico, florestas
nacionais, reservas extrativistas, reservas de fauna, reservas de desenvolvimento sustentável e reservas particu-
lares do patrimônio natural.
Ainda de acordo com a Lei sobre as Unidades de Conservação, todas essas áreas possuem alguns objetivos
bem específicos e importantes, entre eles: proteger as espécies ameaçadas de extinção, promover a educação
ambiental, proteger paisagens naturais, promover a utilização colocando práticas de conservação e de desenvol-
vimento sustentável, proteger e restaurar ecossistemas degradados, proporcionar meios e incentivos para ativi-
dades que englobam a pesquisa científica, estudos e monitoramentos ambientais, proteger os recursos naturais
necessários a subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando o conhecimento e culturas lo-
cais, promovendo o crescimento social e econômico aliados ao desenvolvimento sustentável.
Unidades de Conservação no Brasil

Fonte de apoio: Sistema Nacional de Informação Florestal - Disponível em:< https://snif.florestal.gov.br/pt-br/dados-complementa-


res/212-sistema-nacional-de-unidades-de-conservacao-mapas>. Acesso em: 3 out. 2021.

216 Capítulo 12
Unidades de Conservação de Proteção Integral:

a) Estação Ecológica (Esec): áreas controladas pelo governo, nas quais existem situações primitivas e nativas
de fauna e flora. É proibida a exploração comercial, e a visitação pública é bem restrita. Objetivos das estações: a
preservação dos ecossistemas e biodiversidade e a realização de pesquisa científica.

Curiosidades
Estação Ecológica Águas Emendadas (Esec-AE)

É uma das mais importantes reservas naturais do Distrito Federal, onde ocorre o fenômeno único da união
de duas grandes bacias da América Latina, a Tocantins/Araguaia e a Platina, em uma Vereda de 6 km de ex-
tensão. Essa característica faz dela um dos acidentes geográficos de maior expressão existentes no território
nacional: as águas que ali brotam correm em duas direções opostas.
A estação ecológica engloba também a Lagoa Bonita, nascente do Ribeirão Mestre D’Armas e local de rele-
vante beleza e importância ambiental. Sua área de Cerrado, praticamente intacta, abriga fauna ameaçada de
extinção, como a anta, a suçuarana, o tamanduá, o lobo-guará (foto), entre outros, sendo de grande impor-
tância para a realização de pesquisas científicas. Por se tratar de uma Unidade de Conservação de Proteção
Integral, as visitas são restritas e apenas ocorrem de forma guiada. Está localizada na Região Administrativa
de Planaltina- DF, a cerca de 50km de distância da capital, Brasília.

Vale relembrar que parte da vegetação nativa do Cerrado brasileiro está sendo substituída por grandes
monoculturas de grãos, principalmente de soja (transgênica) e, na sua maioria, para mercado externo. Além
do uso de grandes e pesadas máquinas nas lavouras, toda essa exploração vem provocando o desmata-
mento, a erosão e a desertificação do solo. É fundamental a proteção do Cerrado, porque ele é considerado
o “berço das águas” ou a “caixa d’água do Brasil” por abrigar inúmeras nascentes que são responsáveis pela
recarga hídrica de outros rios que correm o País e abastecem até rios da Argentina.
Fonte de apoio: <https://www.ibram.df.gov.br/estacao-ecologica-aguas-emendadas/>. Acesso em: 31 out. 2021.

Desenvolvimento sustentável 217


b) Parque Nacional (PN) tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande rele-
vância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de ati-
vidades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.
É também administrada pelo poder público.
Exemplos: Parque Nacional do Iguaçu (PR), Parque Nacional Chapada dos Veadeiros (GO), Parque Nacional dos
Lençóis (MA), Parque Nacional de Brasília (DF), Parque Nacional Serra da Capivara (PI), Parque Nacional Chapada
Diamantina (BA), Parque Nacional Marinho dos Abrolhos (BA).

Parque Nacional Chapada Diamantina: 152 mil hectares, pos-


sui centenas de cachoeiras, sítios arqueológicos e formações
rochosas exuberantes.

Parque Nacional Serra da Capivara (PI) - 130 mil hecta- Parque Nacional do Iguaçu (PR) - 185 mil hectares, com-
res, é considerado Patrimônio Mundial pela UNESCO com posto pelo bioma Mata Atlântica. Está na lista de Patri-
cerca de 400 sítios arqueológicos, e 40% do Bioma Ca- mônio Natural da Humanidade e uma das 7 maravilhas
atinga fica no seu interior. Considerado o maior parque do Mundo.
com pinturas rupestres do mundo.

c) Reserva Biológica (REBIO): seu objetivo principal é a preservação integral dos seres vivos e demais recursos
naturais. Não permite interferência humana direta ou modificações ambientais, com exceção de medidas de re-
cuperação do ecossistema e ações de manejo. O entorno de uma reserva biológica possui corredores ecológicos.
Exemplos: Reserva Biológica Morro dos Seis Lagos (AM), Reserva Biológica Pedra Talhada (AL), Reserva Bio-
lógica Atol das Rocas (RN), Reserva Biológica Rio Descoberto (DF), Reserva Biológica Serra Azul (MG), Reserva
Biológica das Perobas (PR).

Corredores ecológicos - De acordo com a Lei nº 9.985 de 18/07/2000, os corredores ecológicos são
porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam en-
tre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de
áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas
com extensão maior do que aquela das unidades individuais.

218 Capítulo 12
d) Monumento Natural (MONAT): Pode ser formado por
áreas particulares e tem como objetivo básico preservar sítios
naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. Tanto nas
áreas administradas pelo governo quanto por particulares, os
acessos são restritos, e deve haver correto manejo, e controle
de visitação (ecoturismo) e pesquisas científicas.
Exemplos: Monumento Natural do Rio São Francisco (AL-BA-
SE), Monumento Natural dos Pontões Capixabas (ES), Monu-
mento Natural do Arquipélago das Ilhas Cagarras (RJ).
e) Refúgio da Vida Silvestre (Revis): áreas destinadas à
proteção dos ambientes naturais necessários à existência ou Monumento Natural do Rio São Francisco: 26.720,00 hec-
à reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da tares, possui no seu interior a Usina Hidrelétrica de Xingó.
fauna residente ou migratória, à realização de pesquisa científi-
ca com visitação pública controlada. Poderá ser constituído de
áreas particulares.
Exemplos: Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Al-
catrazes (SP), Refúgio da Vida Silvestre Campos de Palmas (PR),
Revis do Vale do Amanhecer (DF), Revis de Una (BA).

Refúgio da Vida Silvestre Arquipélago de Alcatrazes (Ilha


Bela e São Sebastião - SP). O nome da reserva deve-se aos
pássaros que sempre estão nas ilhas - chamados Alcatra-
zes, que significa mergulhador.

Saiba+
Matas Ciliares - Áreas de Proteção Permanente (APP)
O nome mata ciliar é derivado do nome cílios, por ter função pa-
recida com os cílios dos nossos olhos, que limpam e lubrificam nos-
sos olhos, além de permitir que se fechem diante de uma luz muito
forte, ou de uma ameaça qualquer (cisco de poeira, por exemplo).
A mata ciliar, que é um exemplo de Área de Proteção Permanente,
protege os rios e córregos, impedindo que sujeiras sólidas, como
terra, restos de inseticidas, herbicidas, fungicidas e adubos che-
guem aos rios, às lagoas e aos córregos.
Em geral, esse importante papel das florestas não é valorizado.
Daí a necessidade de lembrarmos que o tratamento de água onde Rio Canoas (SC) e sua mata ciliar
a floresta foi bem preservada custa 100 vezes menos que nas áreas
que foram desmatadas, tais como nas bacias hidrográficas.
Nessas formações florestais, as árvores possuem raízes que podem atingir até 10 metros de profundidade.
Melhor que qualquer outra cultura, as árvores protegem o solo dos impactos da chuva, depositam restos
orgânicos (folhas, galhos, frutos e sementes) em sua superfície, protegendo-o, portanto, dos impactos da
chuva. Além disso, reciclam nutrientes e, com isso, recuperam solos degradados. Por possuir boa arquitetura
para estruturar o solo, o sistema radicular das florestas evita, ainda, desmoronamentos ou deslizes de terra
nas encostas, reduzindo consideravelmente o fenômeno conhecido como assoreamento.
Fonte: Embrapa Meio Ambiente - <https://www.embrapa.br/contando-ciencia/agua/ciliares/1355746?inheritRedirect=false ->
(adaptado). Acesso em: 5 nov. 2021.

Desenvolvimento sustentável 219


Unidades de Conservação de Uso Sustentável:

a) Área de Proteção Ambiental (APA): áreas extensas, com um certo grau de ocupação humana, composta
por um ecossistema importante para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas e têm, como
objetivos básicos, proteger a diversidade biológica e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

APA do Lago Paranoá (DF) - 16 mil hectares e, está locali-


zado em Brasília.

b) Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS): área natural utilizada por populações locais, cuja subsis-
tência se baseia no extrativismo, na agricultura e pecuária de subsistência e tem como objetivos básicos proteger
os meios de vida e a cultura dessas populações e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade.
Há necessidade de acompanhamento e de manejo sustentável dos recursos naturais, pode ser objetivo de pes-
quisas científicas.

RDS do Rio Negro (AM) - Localizada na Bacia do Rio Negro.

c) Reserva Extrativista (RESEX): espaços territoriais protegidos, cujos propósitos principais são a proteção
dos meios de vida e a cultura de populações tradicionais e o uso sustentável dos recursos naturais. O sustento
dessas populações se baseia no extrativismo e, de modo complementar, na agricultura de subsistência e na
criação de animais de pequeno porte, mas é proibida na área a prática da caça amadorística ou profissional. Há
várias no Brasil, entre elas: a Reserva Extrativista Chico Mendes (AC), RESEX Rio Xingu (PA), RESEX Acaú- Goiana
(PE), RESEX Marinha da Baía do Iguape (BA).

RESEX Marinha da Baía do Iguape (BA) - as principais ativida- RESEX Chico Mendes (AC) - Cerca de 970 mil hectares; as prin-
des da região são a pesca e a mariscagem, responsáveis pela cipais atividades são: coleta de sementes, óleos de copaíba
renda de quase 70% das famílias que vivem na reserva. e andiroba, manejo florestal comunitário, produção de mel
(abelhas nativas), látex e castanha. Outras atividades: agricul-
tura de subsistência, criação de pequenos e grandes animais,
e sistemas agroflorestais.

220 Capítulo 12
d) Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN): área particular e protegida por sua relevância, impor-
tância biológica e pela paisagem. Objetivo principal é a proteção dos recursos naturais do ecossistema (recupera-
ção ou conservação). De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis - IBAMA,
em levantamento do ano de 2020, no Brasil há 1.567 RPPNs, sendo 698 federais, que juntas somam quase 890 mil
hectares. Minas Gerais (350), Paraná (282) e Bahia (157) são os estados com mais unidades de preservação desse
tipo, seguidos por Rio de Janeiro (152), São Paulo (99) e Santa Catarina (84). O bioma com mais unidades é a Mata
Atlântica, seguido do Cerrado e da Caatinga.
e) Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE): áreas relativamente pequenas, mas com pouca ocupação,
entretanto de recursos naturais relevantes e até raros. O principal objetivo é conservar os ecossistemas naturais
de importância regional ou local.
f ) Floresta Estadual (FLOE): área com cobertura vegetal arbórea ou não, povoada por espécies predominan-
temente nativas, e tem como objetivos básicos o uso múltiplo sustentável dos recursos naturais e a pesquisa
científica.

Floresta Estadual do Araguaia - localizada no Municí- Ave saracura-três-potes (Aramides cajaneus), também
pio de São Miguel do Araguaia - GO - Destina-se a pre- conhecida por saracura-do-brejo,, sericoia, três-coco,
servar a flora e a fauna, lagos, matas ciliares, varjões, siricoia e três-potes. Em geral, é mais escutada do que
vazantes e os sítios arqueológicos. Sua utilização inclui vista. Vive no chão de áreas alagadas com vegetação
fins científicos, econômicos e sociais. densa, muito encontrada na FLOE do Araguaia, que já
foi até homenageada pela dupla sertaneja Tonico e Ti-
noco, na música "O Cantar da Saracura".

g) Reserva de Fauna (REFAU): área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres ou aquá-
ticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico susten-
tável de recursos faunísticos.

REFAU Baía de Babitonga (SC) - 160 km2 de lâmina de água;


localizada na Foz do Rio Palmital - grande biodiversidade de
peixes e refúgio de golfinhos e aves, ecossistema remanes-
cente de Mata Atlântica, manguezais e restinga.

Após conhecermos um pouco sobre o que são, as funções e os tipos de Unidades de Conservação, compre-
endemos que o manejo e a preservação desses biomas e ecossistemas são primordiais para garantia da biodi-
versidade. A criação dessas unidades de conservação auxilia no cumprimento das metas da Agenda 2030 (ODS),
entre elas: ação na mudança climática, erradicação da pobreza; educação; agricultura sustentável; água potável e
saneamento; cidades e comunidades mais sustentáveis, vida na água e vida terrestre.

Desenvolvimento sustentável 221


Saiba+
Cinco hábitos dos povos indígenas que aju­dam 3. Seus alimentos e tradições podem ajudar a
o mundo a alcançar a #FomeZero expandir e diversificar as dietas
Os povos indígenas constituem apenas 5% da O mundo atualmente depende muito de um pe-
população mundial, no entanto são, gestores vitais queno conjunto de culturas básicas. Apenas cinco –
do meio ambiente. De acordo com Organização das arroz, trigo, milho, milheto e sorgo – fornecem cerca
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação - FAO, de 50% de nossas necessidades energéticas. Repleto
28% da superfície terrestre do mundo, incluindo al- de colheitas nativas nutritivas, como quinoa e oca,
gumas das áreas florestais mais ecologicamente in- os sistemas alimentares dos povos indígenas podem
tactas e biodiversas, são gerenciadas principalmente ajudar o resto da humanidade a expandir sua restri-
por povos indígenas, famílias, pequenos proprietá- ta base alimentar para incorporar ervas, arbustos,
rios e comunidades locais. grãos, frutas, animais e peixes que podem não ser
bem conhecidos ou usados outras partes do mundo.
Florestas: A agência da ONU aponta que essas flo-
restas são cruciais para reduzir as emissões de gases
e manter a biodiversidade. Os alimentos indígenas
também são particularmente nutritivos, e seus siste-
mas alimentares associados são notavelmente resi-
lientes ao clima e bem adaptados ao meio ambiente.
Para a FAO, os modos de vida dos povos indíge-
nas e seus meios de subsistência podem ensinar ao Oca (tubérculo) famoso na culinária andina, pode ser amare-
la, roxa ou rosada; usada em saladas, purês e assada; é rica em
mundo muito sobre como preservar os recursos na-
ferro; suas folhagens contêm boas quantidades de magnésio.
turais, suprir e cultivar alimentos de maneira susten-
tável, vivendo em harmonia com a natureza. Na lista 4. Eles cultivam plantas indígenas que são mais
abaixo, a FAO apresenta cinco das muitas maneiras resistentes às mudanças climáticas
como os povos indígenas estão ajudando o mundo a Os povos indígenas geralmente cultivam um con-
combater a mudança climática: junto de espécies nativas de culturas e uma série de
1. Suas práticas agrícolas tradicionais estão variedades que são mais bem adaptadas aos con-
mais bem adaptadas a um clima em mudança textos locais e são frequentemente mais resistentes
a secas, altitude, inundações ou outras condições
Ao longo dos séculos, os povos indígenas desen-
extremas. Usadas mais amplamente na agricultura,
volveram técnicas agrícolas adaptadas a ambientes
essas plantações poderiam ajudar a construir a resili-
extremos, como as grandes altitudes dos Andes ou
ência das fazendas que agora enfrentam mudanças,
os campos secos do Quênia. Suas técnicas testadas
com climas mais extremos.
pelo tempo, como terraços para evitar a erosão do
solo ou jardins flutuantes para fazer uso de campos 5. Eles supervisionam uma grande parte da
inundados, são bem adequados para os eventos cli- biodiversidade do mundo
máticos cada vez mais extremos e mudanças de tem- Territórios indígenas tradicionais abrangem 28%
peratura provocadas pela mudança climática. da superfície terrestre do mundo, mas abrigam 80%
2. Conservam e restauram florestas e recursos da biodiversidade do Planeta. Preservar a biodiver-
naturais sidade é essencial para a segurança alimentar e nu-
tricional. O acervo genético de plantas e espécies
Nas montanhas, os sistemas de manejo da paisa-
animais é encontrado em todos os biomas terrestres,
gem dos povos indígenas preservam o solo, reduzem
assim como rios, lagos e áreas marinhas.
a erosão, conservam a água e diminuem o risco de
desastres. Nas pastagens, as comunidades pastoris in- Vivendo vidas naturalmente sustentáveis, os po-
dígenas gerenciam o gado pastando e cultivando de vos indígenas preservam esses espaços, ajudando a
forma sustentável, preservando a biodiversidade das preservar a biodiversidade de plantas e animais na
pastagens. Na Amazônia, a biodiversidade dos ecos- natureza.
sistemas melhora quando os indígenas os habitam.

222 Capítulo 12
Fonte: ONU News - Disponível em: <https://news.un.org/pt/story/2019/08/1683741>. Acesso em: 3 nov. 2021. Adaptado do
Mapa Terras Indígenas - Fonte: Funai - Ano 2017.

Volte ao mapa do Brasil com as indicações das Unidades de Conservação e compare com o mapa que mostra
as zonas com terras indígenas. Podemos perceber que muitas comunidades indígenas estão no interior das uni-
dades de conservação. Além dos índios, há as comunidades quilombolas e os ribeirinhos, que também atuam de
maneira fundamental na conservação dessas áreas.
A presença desses povos originários nesses locais contribui diretamente para a proteção da biodiversidade e
dos recursos naturais (renováveis e não renováveis). Contudo, essa rede comunitária de proteção está ameaçada
por diferentes motivos, entre eles: invasões de garimpeiros, madeireiros e grileiros; por consequência, desma-
tamento, poluição (solo, água e ar), extinção de espécies; além de esses invasores “levarem” doenças a que, até
então, essas comunidades não tinham contato.

4 Consumo e sustentabilidade
Qual o nosso papel na conservação do meio ambiente? Como nossas ações interferem localmente e global-
mente? O que podemos fazer para reduzir os impactos ambientais? Como colocar em prática o tão almejado
desenvolvimento sustentável?
As respostas para tais perguntas, inicialmente, têm a ver com uma ação de todos os seres humanos do planeta:
o consumo.
Você já parou para pensar que praticamente tudo o que consumimos tem origem em recursos naturais? Po-
dem eles serem renováveis (ar, água, solo) e não renováveis (minerais e combustíveis fósseis).
Vamos usar como exemplo uma calça jeans: para produzir essa a calça, necessita-se de corantes, água (cerca
de 2700 litros), algodão, energia elétrica. Mas não para por aí: para cortar, costurar o tecido jeans, são necessários
minérios para fabricação dos metais (máquina de costura, tesoura, agulha, zíper); e a linha para costurar? ela
vem enrolada em um tubo de plástico (derivado do petróleo). Poderíamos ficar aqui listando todos os produtos
e subprodutos necessários para produzir apenas uma calça jeans.
Diante desse simples exemplo, podemos refletir o quanto o consumo influencia na conservação do meio am-
biente e como nossas ações influenciam em impactos ambientais, que podem ter grande relevância a curto,
médio e longo prazos.

Desenvolvimento sustentável 223


Consumo sustentável

Quando criança ou em algum momento da vida, você deve ter ouvido falar em: Reciclar, Reduzir e Reutilizar
(reaproveitar) produtos que iriam para o lixo, os famosos 3 erres. Mas, na verdade devemos incluir mais dois
erres para reduzir nossa pegada ecológica: Repensar e Recusar.
O consumo sustentável envolve repensar nossas escolhas, recusar produtos que consomem muitos recursos
naturais, reduzir o consumo para produtos estritamente necessários, sempre que possível reciclar ou reutilizar os
produtos para outros fins. E essa é uma das metas da Agenda 2030 (ODS 12).

Consumir conscientemente depende de mudanças e construção de novos hábitos, por hábitos. Por exemplo:
reduzir o tempo do banho e alterar a temperatura do chuveiro do inverno para o verão, ou escolher comprar ma-
teriais de consumidores locais ou de empresas que tenham responsabilidade ambiental. Portanto, para fabricar
um produto, haveria menos impacto ambiental.
Se você separa seu lixo, reaproveita embalagens dando novas utilidades, se recusa sacolas plásticas em mer-
cado e prioriza as caixas de papelão, sacolas de pano ou sacolas biodegradáveis, se você reutiliza a água da má-
quina de lavar roupas para lavar a casa, dar descargas nos vasos sanitários, molhar plantas ou reutilizar até para
lavar outras roupas, você pode estar reduzindo o consumo de 70 a 200 litros de água.

Biodegradável: qualquer substância que pode ser degradada pela ação de um


agente biológico, na sua composição há matéria orgânica que será decomposta, princi-
palmente, por fungos e bactérias. Além do tempo mais curto para total decomposição,
um material realmente biodegradável não gera resíduos que podem poluir, contaminar
e/ou se acumular na natureza. Produtos biodegradáveis possuem um selo na embala-
gem (figura).

Já listamos alguns exemplos que fazem a diferença quando alteramos algumas rotinas em casa e nos hábitos
de consumo. Porém, há outras maneiras para podermos colocar em prática o consumo sustentável. Que tal co-
meçar hoje a pensar e agir de maneira mais sustentável e consciente?
É claro que, ao acessar um site, assistir TV, somos bombardeados com propagandas que induzem consumir
a qualquer custo, mas é preciso repensar e, antes de adquirir algo, é importante parar, refletir e fazer algumas
perguntas
1) Realmente estou precisando disso? Repense: será que não está sendo uma compra por impulso?
2) Tenho algo em casa que posso reutilizar em vez de comprar? Posso customizar a roupa? Posso usar a emba-
lagem para outro objetivo? Posso deixar de comprar e consertar o produto?
3) O que tem nesse produto, leva muitos anos para se decompor? Qual impacto o descarte e sua produção
causam no ambiente?
4) Preciso realmente jogar fora? Pense: não existe “jogar fora”, não temos um planeta só para colocar nosso lixo,
tudo fica aqui na Terra.
5) O produto que estou comprando vem de onde? Qual empresa? Essa empresa tem cuidados socioambien-
tais?

224 Capítulo 12
Portanto, planeje suas compras, reflita sobre seu conceito de consumo, divulgue práticas e hábitos que redu-
zam o consumo ou o impacto ambiental, cobre políticas públicas ambientais relevantes e, ações que estimulem
cooperativas de catadores, recicladores e pequenos empreendedores; políticas públicas de incentivo fiscal para
empreendedores e industrias sustentáveis; não compre produtos cuja origem você desconheça, conheça as em-
presas cujos produtos você mais (ela tem responsabilidade ambiental e social?); separe e reduza seu lixo, consu-
ma o que for realmente necessário, reutilize sempre que possível, contribua para o meio ambiente repense seus
hábitos. Lembre-se do “pensar globalmente e agir localmente”.

5 A Terra pede socorro


Os impactos ambientais são alterações que ocorrem no meio ambiente tanto nas propriedades físicas, quími-
cas e biológicas quanto as que foram ou são causadas pelos seres humanos.
Esses impactos podem atingir direta ou indiretamente o bioma, a saúde e o bem-estar das comunidades, as
atividades sociais e econômicas de um local, alterar a paisagem e as condições sanitárias do ambiente e alterar a
qualidade dos recursos naturais. A magnitude dos impactos ambientais altera a biocapacidade do ecossistema e
do Planeta. Agora vamos citar as principais ações que causam maior impacto ao nosso planeta:
Exploração dos recursos
Nossa sociedade consumista reflete impactos relevantes no Planeta. Um exemplo é o uso do petróleo, um
recurso natural não renovável, originado da decomposição da matéria orgânica de milhares de anos atrás, e é
muito explorado para a produção de diversos produtos: combustíveis (querosene, diesel, gasolina, gás de cozi-
nha), usado na fabricação de asfaltos, parafina, óleos lubrificantes, ou como subprodutos de outros itens como:
plástico, maquiagens, remédios, tecidos sintéticos, materiais de limpeza, fertilizantes e até chicletes.

Acidente em 2013, na Tailândia, com vazamento de 50


toneladas de petróleo devido a problemas em oleoduto.

Essa exploração pode reduzir as reservas naturais, entretanto um dos impactos drásticos são os acidentes ou
nas plataformas (alto mar) nos navios que transportam o petróleo para as indústrias e refinarias. Esses vazamen-
tos causam impacto, principalmente aos ecossistemas marinhos, às aves aquáticas, além de reduzirem a taxa de
fotossíntese; dependendo da magnitude, podem atingir as costas litorâneas e ainda provocar problemas secun-
dários.
Outros impactos relevantes e preocupantes aos recursos naturais são: biopirataria, contaminação genética
pelos transgênicos, exploração madeireira e garimpos, além de desmatamento para plantio de soja e atividade
pecuária. Essas duas últimas atividades já destroem importantes biomas brasileiros: Cerrado, Floresta Amazônica
e Pantanal.

Desenvolvimento sustentável 225


Vista aérea: território do Parque Indígena do Xingu (Floresta Ama-
zônica) e seus vizinhos - fazendas de soja

Resíduos sólidos
O consumo gera resíduos e a maneira como destinamos esses materiais influenciam no meio ambiente. Um
dos maiores problemas provenientes das atividades humanas são os lixos domésticos, industriais e de atividades
como a agropecuária.
A grande parte desses resíduos é de plástico, que leva centenas de anos para se decompor; uma parte vai parar
nos lixões e nos aterros sanitários, mas infelizmente a grande parte acaba indo parar nos rios e oceanos.

A poluição por plástico tem atingido valores tão absurdos que já estão sendo encontradas micropartículas de
plástico nos alimentos que consumimos, por exemplo, nos peixes.
Não podemos esquecer que, para produzir plástico, é necessário petróleo (combustível fóssil), um recurso
natural não renovável.
Algumas ações contribuem para redução dos resíduos sólidos, entre elas: realizar a compostagem do lixo or-
gânico, reduzir o consumo de produtos com embalagens plásticas, separar o lixo para auxiliar na reciclagem e
reutilizar embalagens em vez de “jogar fora”.
Atividade industrial

As indústrias são uma das grandes poluidoras, além de gerarem resíduos sólidos que poluem o solo e a água,
também poluem o ar, com gases do efeito estufa e gases que formam as chuvas ácidas.
Muitas indústrias lançam resíduos, sem nenhum tipo de tratamento, diretamente nos rios e córregos, o que
provoca a mortandade de peixes e crustáceos; a médio e longo prazos, ocorre a morte desses seres vivos, o que
aumenta a quantidade de matéria orgânica e provoca a eutrofização desses ambientes aquáticos.

226 Capítulo 12
Outro grande problema influencia na cadeia alimentar, os rios e solos contaminados acabam por contaminar
os animais e aqueles que os alimentam, por exemplo: uso de agrotóxicos, chorume (líquido gerado na decompo-
sição do lixo), mercúrio (garimpo), corantes e detergentes, e o microplástico, entre outros produtos.
Ainda há o fator poluição atmosférica, com a emissão de gases do efeito estufa, que tem ação determinante
sobre as mudanças climáticas e impactos correlacionados ao aumento da temperatura global.
Atividades mineradoras

As grandes mineradoras causam impactos relevantes na região nas quais são instaladas, entre eles: desmata-
mento e destruição da mata nativa; poluição dos lençóis freáticos e dos rios; contaminação por metais pesados,
que alteram o pH da água, reduzem a disponibilidade de oxigênio, alteram a transparência da água; assoreamen-
to dos rios devido à deposição de sedimentos gerados pela atividade; poluição do ar com a poeira liberada na
manipulação do solo e do uso do mercúrio.
Os impactos ainda são maiores e incalculáveis quando acontecem tragédias como recentemente no Brasil,
em 2015, no município de Mariana - (MG) e, em 2019, em Brumadinho (MG); nas duas cidades as barragens da
mineradora Vale romperam. Em Brumadinho, o desastre foi não só ambiental, mas humano: causou a morte de
270 pessoas, ainda há desaparecidos (cerca de 11); uma média de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos de
minérios foram despejados (fotos), inúmeros animais morreram tanto pela lama quanto pela contaminação do
Rio Paraopeba. A perda da biodiversidade é imensurável e levará centenas ou milhares de anos para que a natu-
reza encontre um equilíbrio.

Rio Paraopeba contaminado com os rejeitos da Rejeitos da barragem Mina Córrego do Feijão (Bru-
barragem madinho- MG) foto de 30/01/2019, 5 dias após o
rompimento

Todos os impactos listados acima causam perda na biodiversidade, mas há outras situações que provocam a
perda e a constante ameaça à biodiversidade, entre elas:
• Falta de planejamento urbano: desmatamento de matas nativas, perda de hábitats, migração e até extin-
ção de espécies para dar espaço a novas cidades;
• Crescimento populacional: quanto mais pessoas no mundo, maior a pegada ecológica, além de mais resí-
duos e lixo gerados e mais áreas destinadas à produção e alimentos;
• Espécies exóticas: a introdução de espécies exóticas em outros ambientes gera competição por alimento,

Desenvolvimento sustentável 227


acarreta desequilíbrio, colocando em risco a reprodução e sobrevivência de uma espécie nativa;
• Poluição e contaminação da água, do solo e do ar: por conta da poluição aliada à contaminação, muitas
espécies não sobrevivem (falta de alimento, hábitat, água potável, doenças derivadas da contaminação,
entre outros fatores).
Diante de tantos desafios, o lema “Pensar globalmente e agir localmente” é urgente e emergente para a ma-
nutenção e a sustentabilidade dos recursos, por isso a importância de atingir as 17 metas estabelecidas para o
desenvolvimento sustentável, aliado a pesquisas, educação ambiental, fiscalização, consciência e mudança de
hábitos de todos os atores da sociedade.

• Parque Nacional dos Lençóis Maranhense - Canal Mar Sem Fim - <https://youtu.
be/6_0Jl8LQCDk>
• Revis do Arquipélago de Alcatrazes - <https://youtu.be/9v9ddNY1nSY>
• Parque Nacional de Brasília - <https://youtu.be/4FGvY-jy74M>
• Parque Nacional de Brasília - Canal Nosso Cerrado - <https://youtu.be/DRwQTFur-
s0o>
• Rio São Francisco - Globo Repórter - <https://youtu.be/a6ZAPFWA98I>
• Parque Nacional Serra da Capivara - <http://fumdham.org.br/> (visitas virtuais)
• A história das coisas - <https://youtu.be/3c88_Z0FF4k>
• COP26 - Cientista alerta que metas dos países do G20 não são compatíveis com
Acordo de Paris - Canal ONU NEWS - <https://youtu.be/mEJaTxmzxm8>

1. Explique e cite de que maneiras as Unidades de


Conservação (UC) são separadas e classificadas.
2. Considerando as classificações das unidades de
conservação, classifique as UC a seguir:
a) Parque Nacional Marinho Ilhas dos Currais (PR):
O objetivo é proteger os ecossistemas das Ilhas
dos Currais formam um pequeno arquipélago
a 6,2 milhas da costa; é composto por três Fonte texto e imagem: https://www.icmbio.gov.br
pequenas ilhas e quatro grupos de recifes
artificiais localizados no seu entorno. A primeira b) Resex Marinha da Lagoa do Jequiá (AL):
ilha possui apenas um pico de pedra alto sem abrangendo uma área de 10 mil hectares,
vegetação, a segunda um pouco mais baixa e a parte em terrenos de manguezais e parte em
terceira, bem maior, apresenta vegetação apenas águas territoriais brasileiras. A população de
em seu cume. extrativistas, composta principalmente por
pescadores que exploram pescado e crustáceo
dos manguezais adjacentes, é próxima de 2.000
pessoas.
Fonte: https://www.icmbio.gov.br

228 Capítulo 12
(APA) da Bacia do Rio Descoberto. Apesar de
todo o esforço para proteger a bacia, a área so-
fre pressão com o uso indiscriminado de agro-
tóxicos, que causam a contaminação dos corpos
hídricos, além dos parcelamentos irregulares das
áreas rurais, que geram grandes danos à qualida-
de e à quantidade dos recursos hídricos do reser-
vatório, da bacia e sua biodiversidade.
c) Reserva Particular de Patrimônio Natural SESC Fonte: https://www.ibram.df.gov.br
Pantanal (MT): quase 108 mil hectares, maior
3. Considerando a ilustração e explique o que é pe-
RPPN do Brasil, de antigas fazendas de gado
gada ecológica.
desativadas, fez ressurgirem árvores exuberantes,
solo fértil e uma fauna bela e diversa. O perímetro
total da Reserva atinge quase 300 km. No ano
2000 foi declarada pela UNESCO como Zona-
Núcleo da Reserva da Biosfera do Pantanal.
Fonte: www.sescpantanal.com.br

4. (COTEC- adaptada) Nas cidades, as árvores de-


sempenham um papel muito importante na me-
d) Monumento Natural das Ilhas Cagarras (RJ): lhoria da qualidade de vida da população e do meio
Situada a aproximadamente 5 km da orla da ambiente. Entre os benefícios podemos citar bem-
Praia de Ipanema, na cidade do Rio de Janeiro. -estar psicológico, efeito estético, sombra para os
O Monumento é composto pelas ilhas Cagarras, pedestres e veículos, proteção contra o vento, dimi-
Palmas, Comprida e Redonda e as ilhotas Filhote nuição da poluição sonora, redução do impacto da
da Cagarras e Filhote da Redonda, bem como água de chuva e preservação da fauna silvestre.
a área marinha num raio de 10 m (dez metros)
ao redor destas ilhas e das ilhotas. A UC tem a) Qual o papel das árvores nas matas ciliares?
como finalidade preservar os remanescentes b) E como as árvores contribuem para a diminuição
do ecossistema insular do domínio da Mata do efeito estufa? E para o aquecimento global?
Atlântica, os refúgios e áreas de nidificação de 5. Localizada no coração da Zona Oeste do Rio de
aves marinhas migratórias a beleza cênica local. Janeiro, a Serra da Posse está sendo reflorestada
Fonte: https://www.icmbio.gov.br
por um grupo de moradores das redondezas, que
criaram um coletivo denominado "Nosso Bosque”.
A iniciativa, que já conseguiu recuperar 10% da
vegetação do conjunto de morros, onde antes
só havia capim-colonião, trouxe de volta várias
espécies de aves e pequenos mamíferos nativos da
Mata Atlântica.
O sonho dos membros do “Nosso Bosque” é
e) REBIO do Rio Descoberto (DF) – A Reserva Bio- transformar a Serra da Posse em uma Reserva
lógica do Rio Descoberto foi criada com o obje- Ambiental; porém, segundo eles, o poder público
tivo de contribuir para a proteção do Lago Des- ainda não está assumindo as demandas para isso.
coberto, principal manancial de abastecimento Para o professor de Geografia da PUC-Rio, Richieri
de água para o Distrito Federal. A área da Reser- Sartori, que ministra a disciplina “Restauração
va está inserida na Área de Proteção Ambiental Ecológica”, a pandemia mostrou que o contato com a

Desenvolvimento sustentável 229


natureza traz benefícios psicológicos para as pessoas, a) O que caracteriza o consumo como consciente e
além dos outros proveitos já conhecidos, como o sustentável?
equilíbrio térmico, o controle de deslizamento das b) Qual a relação entre consumo e a pegada
encostas e a melhoria da qualidade do ar. ecológica?
c) Cite ao menos três atitudes, diferentes das
Esse fragmento florestal tem uma importância
apresentadas, que podem ser tomadas no dia a
grande para as outras espécies além da humana,
dia para atingir o consumo sustentável e reduzir
pois a Serra da Posse liga duas outras reservas
a produção de resíduos.
ambientais, a da Pedra Branca e a do Mendanha. A
d) O resíduo sólido é um dos graves impactos
gente chama isso de trampolim e funciona como
ambientais no Brasil e no mundo. Segundo o
corredores ecológicos, os animais se movimentam
estudo Global e-Waste Monitor, realizado, em
de reserva em reserva, eles não percorrem um fluxo
agosto de 2019, pela Organização das Nações
contínuo até o seu destino — esclarece.
Unidas (ONU), o Brasil produz anualmente 1,5
Reportagem: <https://extra.globo.com/noticias/um-so- tonelada de e-lixo, e detém o título de 7º maior
planeta/voluntarios-se-unem-para-reflorestar-serra-da-posse-
na-zona-oeste-do-rio-25263415.html > adaptado. Acesso em: produtor de lixo eletrônico do mundo, ficando
3 abr. 2021. atrás de China, Estados Unidos, Japão, Índia,
Alemanha e Reino Unido. Agora reflita e escreva
Considerando o tema, responda: um texto relacionando as duas tirinhas, o consumo,
a) O que são corredores ecológicos? as propagandas e os resíduos eletrônicos. No
b) Qual a importância desses corredores para a seu texto tente responder ao menos estes
manutenção da biodiversidade? questionamentos: De que modo nossos hábitos
c) De que maneira a população pode e deve influenciam ou não na conservação dos recursos
contribuir para a conservação da Serra da Posse? naturais? Como as propagandas e o consumo
d) Considerando as unidades de conservação e suas estão interligados? Como a sua pegada ecológica
classificações, a Serra da Posse (RJ) se encaixaria influencia na biocapacidade do planeta Terra?
em qual das classificações? Justifique sua Elabore um pequeno texto dissertativo com suas
resposta. Caso necessário pesquise na internet considerações e respostas às perguntas.
um pouco mais sobre o local.
8. Releia o texto complementar sobre as terras
6. Volte, novamente, ao mapa que apresenta indígenas, considerando o que foi abordado e
as Unidades de Conservação no Brasil. Observe responda:
os locais onde elas estão localizadas e reflita:
considerando o bioma Cerrado, fica evidente que a) Qual o papel desses povos originários e suas
não há UC suficientes nesse bioma. Escreva um texto tradições na conservação do meio ambiente?
com suas reflexões, pesquise e justifique o que tem b) Que ameaças essas comunidades enfrentam?
provocado tanta devastação e suas consequências c) Pesquise outros povos e comunidades
locais, para outras regiões do País e para a perda da tradicionais que vivem no Brasil. Escolha ao
biodiversidade. menos duas e responda: que tipo de unidades de
conservação eles vivem? Você consegue localizar
7. Leia as tirinhas e responda: onde são essas U.C? Qual contribuição, tradição
ou manejo realizam nesses locais?

Fonte: tirasarmandinho.tumblr.com. Acesso em: 5 nov. 2021.

230 Capítulo 12
9. (UFSM) A Terra está mudando rapidamente como c) Os Estados Unidos são o país com a maior pegada
consequência de ações humanas. Com a crescente ecológica do mundo, seguido pela China e Índia.
perda e fragmentação de hábitats, mudanças no d) A reciclagem de materiais descartáveis e a
ambiente físico e no clima da Terra e o aumento da recuperação de áreas degradadas não têm
população humana, enfrentamos difíceis dilemas na impacto significativo na diminuição da pegada
gestão dos recursos do mundo. Precisamos entender ecológica de uma população.
as interconexões da biosfera se nos propusermos e) A utilização de energias renováveis, a exemplo do
a proteger espécies em extinção e melhorar a xisto betuminoso para geração de energia limpa,
qualidade da vida humana. Para essa finalidade, poderia minimizar a pegada ecológica de alguns
muitos países, sociedades científicas e outros grupos países ricos nesses recursos, como os Estados
têm adotado o conceito de desenvolvimento Unidos.
sustentável. Assinale a alternativa que indica
11. (UFPB) Unidades de Conservação de Uso
corretamente práticas adequadas para o
Sustentável têm como objetivo compatibilizar a
desenvolvimento sustentável.
conservação da natureza com o uso sustentável
a) Consumo elevado, fontes de energia renováveis e dos recursos naturais. Entre as alternativas a seguir,
inseticidas. assinale aquela que constitui um exemplo de
b) Utilização consciente dos recursos naturais, uso Unidades de Uso Sustentável.
de agrotóxicos e assoreamento.
a) Estação ecológica.
c) Evitar desperdícios e excessos, criação
b) Parque nacional.
de Unidades de Conservação e repovoamento.
c) Reserva extrativista.
d) Reciclagem, mudança ou diminuição nos padrões
d) Monumentos naturais.
de consumo e reflorestamento.
e) Reserva biológica.
e) Priorizar o consumo de produtos biodegradáveis,
utilizar produtos químicos e coleta seletiva do 12. (UFPB) As Unidades de Conservação (UC) são
lixo. áreas, com características naturais relevantes, criadas
e protegidas pelo Poder Público com objetivos de
10. (FUNDATEC) O crescimento populacional
conservação. Elas são divididas em: Unidades de
humano e a elevação nos padrões de consumo têm
Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável. Nas
ocasionado um grande desequilíbrio ambiental,
Unidades de Proteção Integral, várias atividades são
que se reflete na incapacidade de recuperação
permitidas, EXCETO
dos estoques de muitos recursos, na mesma
velocidade com que são consumidos. Nesse a) turismo ecológico.
contexto, é fundamental a consolidação de políticas b) pesquisa científica.
sustentáveis que garantam condições adequadas c) uso direto dos recursos naturais.
de sobrevivência para as futuras gerações e que d) programas de educação ambiental.
minimizem a pressão sobre o meio ambiente e sobre e) visitação.
as outras espécies que dependem do Planeta para
sobreviver, sob pena de sérias consequências para
13. (AOCP) “Promover a exploração de áreas ou o
uso de recursos planetários de forma a prejudicar o
o futuro da humanidade. Sendo assim, assinale a
menos possível o equilíbrio entre o meio ambiente e
alternativa correta em relação à pegada ecológica.
as comunidades humanas e toda a biosfera que dele
a) É um modelo que permite estimar a quantidade dependem para existir”. O enunciado se refere
do PIB necessário para sustentar uma dada
a) ao reflorestamento.
população humana, considerando seu consumo
b) ao código florestal.
de recursos naturais renováveis.
c) à pegada ecológica.
b) É um modelo que permite estimar a área
d) à sustentabilidade.
necessária (em hectares) para sustentar uma dada
e) à saúde pública.
população humana, considerando seu consumo
de recursos naturais renováveis.

Desenvolvimento sustentável 231


14. (FURB-adaptada) Conforme dados científicos, pública, exceto quando há objetivo educacional,
a perda e a degradação de hábitats causada de acordo com regulamento específico.
principalmente pela atividade humana, como o c) As Áreas de Relevante Interesse Ecológico são
desmatamento, é a causa de 60% das ameaças Unidades de Conservação de Uso Sustentável e,
a florestas e espécies florestais. As florestas mais por isso, visam compatibilizar a conservação da
afetadas correspondem às tropicais, entre elas, natureza com o uso sustentável de todos os seus
a floresta Amazônica. Para o caso da Amazônia recursos naturais.
brasileira, julgue os itens C para certo ou E para d) Um dos principais objetivos das Áreas de
errado. Relevante Interesse Ecológico é a conservação da
biodiversidade em uma área privada, gravada com
(1) O desmatamento é produzido principalmente
perpetuidade e, por isso, não é a mais indicada
para a criação de gado.
para essa área, que é de Domínio Público.
(2) A agricultura familiar está pondo em risco à bio-
e) São duas as categorias de unidades de
diversidade do País.
conservação integrantes do SNUC, as Unidades
(3) Os povos indígenas são os principais causadores
de Proteção Integral e as Unidades de Uso
do desmatamento.
Sustentável.
(4) A quantidade e a extensão das queimadas estão
diretamente relacionadas com o desmatamento. 16. (FUNCERN) O cuidado com a biodiversidade
(5) As queimadas são fundamentais para o desen- tem merecido atenção de cientistas e estudiosos em
volvimento do País. todo o mundo. A questão ambiental exige, também,
maior atenção de políticas públicas voltadas à
15. (FUNDATEC) “A proposta em torno da criação conservação das florestas. Dados comprovam
de um Parque Municipal foi debatida em reunião
que as medidas já adotadas para a preservação da
realizada na manhã de ontem na Casa de Cultura,
diversidade natural estão aquém da real necessidade
com representantes da Secretaria Municipal de
de controle da exploração das fontes naturais. Com
Turismo, Cultura e Esporte e da Secretaria Municipal
relação à biodiversidade, as ações humanas sobre o
de Agricultura e Meio Ambiente [...]. O ponto de
meio ambiente estão extinguindo espécies numa
partida do projeto é criar as condições necessárias
velocidade muito maior do que a natureza tem de
para preservar de forma responsável a área do
fazer a reposição.
Botucaraí e seu entorno, viabilizando também sua
Diante das ações humanas quanto à não preservação
exploração turística. Segundo o que foi debatido
da biodiversidade e o ambiente natural, é correto
na reunião, essa proposta se enquadra na Lei nº
afirmar:
9.985/2000 (Sistema Nacional de Unidades de
Conservação – SNUC), no Grupo das Unidades de a) O consumo e a exploração excessiva de recursos
Uso Sustentável, na categoria de área de Relevante naturais pelo homem são os problemas principais;
Interesse Ecológico”. (Fonte: Folha de Candelária). consequentemente, os ecossistemas naturais
são esgotados, contaminados e destruídos para
O trecho, extraído de uma matéria do Jornal Folha
sempre.
de Candelária, aborda a questão da criação de
b) A biodiversidade é muito importante para o
uma Unidade de Conservação na área do Morro do
progresso da natureza por inúmeros motivos, um
Botucaraí, em Candelária. No entanto, percebe-se
deles, podemos citar como exemplo, é a cadeia
uma confusão relacionada ao Sistema Nacional de
alimentar, através da qual os diferentes seres
Unidades de Conservação (SNUC). Sobre esse tema,
vivos estabelecem relação de alimentação em um
assinale o que for correto, de forma a corrigir o erro
determinado nicho ecológico.
constante.
c) A estabilidade dos ecossistemas independe,
a) Os Parques, sejam eles Municipais, Estaduais entre outros fatores, das relações complexas dos
ou Nacionais, são Unidades de Conservação habitantes.
de Proteção Integral, assim como as Estações d) O tráfico de animais silvestres gera muitas
Ecológicas, Monumentos Naturais, Refúgios de consequências na biodiversidade da flora
Vida Silvestre e Reservas Biológicas. brasileira e de todo o mundo. Há o risco de
b) Havendo interesse de explorar o aspecto turístico extinção de diversas espécies de animais,
da área, o Parque Municipal não é a melhor especialmente de aves e répteis.
opção, visto que, pela Lei, é proibida a visitação

232 Capítulo 12
17. (UFPR-adaptada) No Brasil, as unidades de 19. (CETREDE - adaptada) Sobre o tema: mudanças
conservação pertencentes ao Sistema Nacional de climáticas, analise as afirmações abaixo e julgue C
Unidades de Conservação são divididas em dois para certo ou E para errado.
grupos, com características específicas: proteção
I. Reduzir o uso de combustíveis fósseis contribui
integral e uso sustentável. A respeito do assunto,
para evitar impactos decorrentes dessas mudan-
considere as seguintes afirmativas e marque C para
ças.
certo ou E para errado.
II. A emissão de gases decorrentes da queima de
(1) O objetivo das Unidades de Proteção Integral é combustíveis fosseis constitui a principal causa
compatibilizar a conservação da natureza com o das mudanças climáticas recentes.
uso sustentável de parcela dos seus recursos na- III. A convenção-quadro das Nações Unidas reconhe-
turais. ce que a mudança do clima da Terra e seus efeitos
(2) As Reservas de Fauna, o Refúgio da Vida Silvestre negativos não são uma preocupação comum da
e as Reservas Biológicas são consideradas unida- humanidade.
des de conservação de proteção integral. IV. Um dos impactos causados nos recursos hídricos,
(3) O Monumento Natural, a Floresta Nacional e a resultante das mudanças climáticas, é o aumento
Área de Relevante Interesse Ecológico são con- de disponibilidade hídrica no Nordeste do Brasil,
siderados unidades de conservação de uso sus- e uma redução na Região Norte.
tentável.
(4) O Refúgio da Vida Silvestre, unidade de conser- 20. (VUNESP) Examine o infográfico.
vação de proteção integral, pode ser constituído
por áreas particulares desde que compatíveis
com os objetivos da unidade de conservação.
18. (UEG) Na atualidade, em meio à era do consumo,
o descarte de resíduos sólidos é alarmante, seja no
ambiente doméstico, nas indústrias e em tantos
outros locais. Neste cenário, destacam-se os
catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis,
profissionais que coletam, triam, beneficiam,
processam, transformam e comercializam esses
materiais. Por dependerem de materiais subjugados
pela sociedade como “lixo”, essas pessoas estão
sujeitas à discriminação, preconceito e baixa renda.
Verifica-se, assim, que os catadores, como indutores
de mudança de comportamento pela Educação
Ambiental
a) valorizam o resíduo sólido reutilizável e reciclável
como bem econômico, gerador de trabalho e de
renda. O infográfico apresenta orientações para a concep-
b) atuariam como agentes socioambientais se ção de
fossem capacitados no sistema de ensino a) equipamentos urbanos, que ressignificam a
institucionalizado. dicotomia entre campo e cidade no século XXI.
c) destinam materiais para os lixões, por se b) cidades inteligentes, que impõem técnicas
tratar de resíduos sólidos inúteis e sem valor ecológicas para a permanência de seus habitantes.
de commodities. c) construções sustentáveis, que visam reduzir a
d) incentivam, contraditoriamente, o consumo interferência humana no meio ambiente.
desenfreado de recursos naturais para d) bioconstruções, que apresentam como princípio
subsistência. a negação da ação antrópica no espaço natural.
e) realizam o trabalho de seleção eficaz do lixo em e) edificações ecoeficientes, que mantêm suas
substituição desobrigada dessa atribuição. funções sem demandar recursos naturais.

Desenvolvimento sustentável 233


21. UFU-MG “[...] é um fenômeno natural e possibilita a vida humana na Terra. Parte da energia solar que
chega ao Planeta é refletida diretamente de volta ao espaço ao atingir o topo da atmosfera terrestre – e
parte é absorvida pelos oceanos e pela superfície da Terra [...]. Uma parcela desse calor é irradiada de volta
ao espaço, mas é bloqueada pela presença de gases [...] que, apesar de deixarem passar a energia vinda
do Sol (emitida em comprimentos de onda menores), são opacos à radiação terrestre, emitida em maiores
comprimentos de onda. Essa diferença nos comprimentos de onda se deve às diferenças nas temperaturas
do Sol e da superfície terrestre.”
Ministério do Meio Ambiente. Disponível em <http://www.mma.gov.br/informma/item/195>. Acesso em: 25 mar. 2019.

O processo descrito acima refere-se


a) ao efeito estufa.
b) ao aquecimento global.
c) à camada de ozônio.
d) à ilha de calor.
22. (UFPR) A expansão das atividades agropecuárias e a ação de madeireiras e mineradoras têm ocasionado
a redução dos ecossistemas brasileiros há séculos, colocando uma série de espécies vegetais sob risco de
extinção. No que diz respeito a medidas que assegurem a manutenção dos ecossistemas naturais brasileiros
e de sua diversidade biológica, é imprescindível que
a) as espécies continuem vivendo nos seus ecossistemas e permaneçam como estoque genético potencial.
b) ocorra um aperfeiçoamento contínuo da legislação ambiental, adaptando-a à realidade presente.
c) as áreas de reflorestamento com espécies nativas sejam ampliadas e ecologicamente manejadas.
d) proposições mais avançadas de educação ambiental sejam estendidas para as comunidades tradicionais.
e) novas soluções tecnológicas sejam aplicadas nas áreas de preservação ambiental, para mitigar a
dependência de processos ecológicos.

234 Capítulo 12

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