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BIOQUÍMICA APLICADA À SAÚDE Imprimir

Christian Grassl

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seõçatona reV
CONHECENDO A DISCIPLINA
Caro aluno, o presente livro aborda o tema bioquímica e sua aplicação na saúde.
Apesar de parecer amedrontador, devido à presença do termo “química" no nome
da disciplina, você vai descobrir que os assuntos abordados são fascinantes e
muito úteis na compreensão de vários fenômenos na área da saúde. Você, futuro
profissional da saúde, vai se deparar com várias situações envolvendo
conhecimentos de bioquímica. Só para citarmos algumas delas, você terá de
compreender o mecanismo fisiopatológico e a farmacoterapia da diabetes melito,
interpretar resultados de gasometria, entender as bases da nutrição e tantas
outras coisas que vamos desvendar durante o desenvolvimento deste livro.

Iniciaremos nosso estudo com a água e suas propriedades físico-químicas e


aproveitaremos para compreender os conceitos e a importância de pH e sistemas-
tampão. Em seguida, vamos partir para as biomoléculas, começando pelas
proteínas, conhecer as estruturas, as funções e a síntese de aminoácidos e
proteínas, bem como os seus processos de digestão e absorção. Por fim, vamos
nos dedicar às enzimas e suas propriedades. Dessa forma, você compreenderá e
aplicará esses conhecimentos para a resolução de situações laborais ligadas à sua
futura atuação enquanto profissional da saúde.

A outra classe de biomoléculas é a dos carboidratos com seus conceitos gerais,


estrutura química, importância, digestão e absorção. Ainda veremos os mistérios
das vias metabólicas envolvendo a glicose e a bioenergética. No final, você será
capaz de entender, integrar e aplicar esses conhecimentos das características
funcionais e metabólicas dos carboidratos.

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Continuando com a saga das biomoléculas, apresentaremos os lipídios com os


seus conceitos gerais, propriedades, tipos, digestão e absorção. Ainda teremos as
vias metabólicas envolvendo os lipídios e um pouco mais de bioenergética. Dessa
maneira, você poderá utilizar os conhecimentos do metabolismo das biomoléculas

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para subsidiar a orientação e o manejo de pacientes nas suas futuras práticas

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profissionais na área da saúde.

Por fim, estudaremos as vitaminas lipossolúveis e hidrossolúveis, bem como os


minerais; veremos as fontes, a importância metabólica e as consequências da
carência desses micronutrientes para o organismo. Assim, você compreenderá o
papel dos micronutrientes e a sua importância na manutenção da saúde e nos
mecanismos fisiopatológicos de muitas doenças.

A graduação é apenas o início de uma longa jornada dedicada aos estudos. Por
isso, é importante você seja protagonista da conquista dos seus conhecimentos,
com dedicação e força de vontade. Então, aos estudos!

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NÃO PODE FALTAR Imprimir

ÁGUA E SISTEMAS-TAMPÃO

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Christian Grassl

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

CONVITE AO ESTUDO
Caro aluno, apresentamos a você a Unidade 1, onde abordaremos os tópicos
envolvendo água, aminoácidos, peptídeos e proteínas. Será o nosso ponto de
partida desta jornada rumo ao conhecimento de Bioquímica e a sua aplicabilidade
na área da saúde. Como você deve saber, água é um componente importante do
corpo humano. Vamos entender essa importância com o estudo das propriedades
físico-químicas e a importância biológica da água na Seção 1. Ainda nesta seção,
veremos os conceitos de pH e sistemas-tampão. A regulação do pH biológico é
fundamental na manutenção da homeostasia e têm importância clínica.

Na seção 2, vamos estudar as proteínas, uma classe especial de biomoléculas. Por


que especial? O que tem de tão importante com as proteínas? Afinal, qual é a
importância delas? Vamos responder a todas essas questões neste livro, bem

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como aprender as estruturas e funções dos aminoácidos e as unidades de


construção das proteínas. Também veremos os processos de digestão proteica, a
biossíntese de aminoácidos e as funções das proteínas (e são muitas!).

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Finalmente, na Seção 3, estudaremos um grupo especial de proteínas: as enzimas.
Podemos considerar o organismo como um laboratório com inúmeras reações

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químicas ocorrendo para a produção de energia, digestão de alimentos, divisão
celular etc. O que todas essas reações químicas têm em comum? A participação de
enzimas. Então, vamos conhecer as características e a importância biológica dessas
proteínas especiais.

A compreensão desses conceitos ampliará os horizontes de análise e de resolução


de várias situações que você poderá encontrar na sua carreira profissional, bem
como será útil para um melhor entendimento do funcionamento do organismo,
como a manutenção da homeostasia, e dos mecanismos fisiopatológicos de muitas
doenças. Além disso, o aprendizado desses conceitos permitirá que você
compreenda melhor a ação e os efeitos de medicamentos (eles atuam
principalmente nas proteínas!) e a análise de muitos exames (por exemplo, a
gasometria). Portanto, os conhecimentos adquiridos nessa disciplina serão úteis
em outras disciplinas, tais como Farmacologia, Patologia, Fisiologia, Nutrição e
muitas outras. Então, aos estudos!

PRATICAR PARA APRENDER


Caro aluno, aqui, iniciamos a Unidade 1 e o primeiro passo da nossa jornada pelo
vasto mundo da Bioquímica. Então, como primeiro passo, estudaremos as
propriedades físico-químicas da água, a reação de ionização da água, os conceitos
de ácidos e bases fracas, pH e sua importância biológica, bem como os sistemas
tampão.

Apesar de esses tópicos parecerem um pouco assustadores, pois envolvem alguns


conceitos de Química, você verá que não é nenhum “bicho-papão”. De fato, a
Bioquímica é a aplicação desses conceitos de química em sistemas biológicos,

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incluindo o organismo humano. Mas esses conhecimentos terão alguma


importância na sua vida profissional? Com certeza, sim. A Bioquímica será
essencial para a compreensão e resolução de muitas situações que você vivenciará
na área da saúde, envolvendo a ação de medicamentos, fisiopatologia, exames e

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tantas outras situações. Na sua prática profissional, você, provavelmente, entrará

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em contato com os termos gasometria, acidose, alcalose, bicarbonato de sódio e
equilíbrio ácido-base.

Nesta seção, você verá a importância da água como solvente biológico universal e
como reagente em reações químicas do organismo; além disso, verá que a água
desempenha papel importante em várias funções orgânicas; compreenderá os
conceitos de pH, sua importância biológica e o seu contexto na gasometria; bem
como verá que os assuntos abordados nesta seção são relevantes para a sua
formação profissional e para que se destaque como profissional capacitado para
compreender, analisar e resolver as situações do dia a dia de um trabalho na área
da saúde.

Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você está à frente de uma
situação comum nos hospitais, atendendo a um paciente com sepse que está
evoluindo para um choque séptico. A sepse é decorrente de um processo
infeccioso sistêmico, em que o organismo reage com uma resposta inflamatória
intensa e sistêmica, devido à ação de citocinas pró-inflamatórias, em especial a
citocina TNF (fator de necrose tumoral), liberadas principalmente pelos
macrófagos. Essas citocinas, além de reforçarem a resposta de defesa do
organismo, também apresentam efeitos sistêmicos, como febre, hipoglicemia,
coagulação intravascular disseminada e colapso cardiovascular.

Devido à redução da perfusão tecidual, o paciente apresenta hipóxia. Como


consequência da hipóxia, as células produzem grande quantidade de ácido lático
ou lactato, o que contribui para a perda da homeostase ácido-base no paciente. No

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tratamento desse paciente, são exigidos suportes inotrópico e hipertensor com


uso de fármacos vasoativos, como a dobutamina (inotrópico) e a noradrenalina
(vasoconstritor).

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Devido ao aumento dos níveis plasmáticos de ácido lático, ocorre um distúrbio
ácido-base, como pode ser visto no exame de gasometria do sangue arterial do

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-
paciente: pH = 7,27; pCO = 40 mmHg; 2
[HCO ]
3
= 18 mM (milimolar). Veja: trata-se
de um paciente, apenas, mas o caso dele envolve um complexo de fatores. Para
lidar com tudo isso, o profissional da saúde deve ter raciocínio e ação rápidos,
visando a preservar a vida.

1. Baseado no histórico do paciente e nos resultados do exame de gasometria,


qual distúrbio ácido-base está presente? Explique o seu raciocínio para chegar
à resposta.

2. Nesse caso, como a definição de Brönsted-Lowry e o pH se relacionariam com o


ácido lático?

3. Como vimos, o organismo possui sistemas-tampão, sendo o íon bicarbonato o


mais importante para a manutenção do pH sanguíneo. Na presente situação,
estamos com um paciente com distúrbio ácido-base, frente a isso, como o íon
bicarbonato agiria nessa situação?

4. A ventilação do paciente precisa estar normalizada ou isso não interfere no


equilíbrio ácido-base?

5. Sabendo que a dobutamina e noradrenalina são catecolaminas, como o


distúrbio ácido-base do paciente pode afetar os efeitos desses fármacos
vasoativos? Analise como isso pode afetar os suportes inotrópico e hipertensor
do paciente.

Você pode reparar que os conceitos abordados no livro são usados na nossa
prática profissional, como nessa situação. Na área da saúde, tendemos a seguir
protocolos e, muitas vezes, esquecemos ou não nos preocupamos com os
conceitos básicos envolvidos. Atuamos de forma automatizada com os algoritmos

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dados, mas e se algo der errado, mesmo seguindo corretamente os protocolos?


Nesse momento, entrará a sua capacidade de análise, de discussão do caso com
colegas, de tomada de decisões e responsabilidade. Em cima das questões
levantadas na situação-problema, faça a sua análise e dê uma sugestão que traga

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benefícios à evolução do paciente, bem como analise outras possíveis

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consequências do distúrbio ácido-base da questão e como isso pode interagir com
as outras complicações da sepse.

Que essa situação-problema seja apenas o ponto de partida para mais


questionamentos e para estimular a sua procura por mais conhecimento.

A superação das dificuldades nos estudos promove o crescimento e o


amadurecimento do ser humano e futuro profissional. Seja um protagonista da
sua história de conquistas acadêmicas e profissionais. Vamos aos estudos!

CONCEITO-CHAVE
Iniciamos o nosso estudo com a água. Essa substância química é o principal
componente de todos os seres vivos, apresentando papel essencial no
metabolismo e nas funções do organismo. Além disso, a vida na Terra teve início e
evoluiu na água, e à procura de vida fora da Terra, os pesquisadores miram os
planetas que podem ter essa substância. Podemos afirmar, então, que a água é
essencial para a vida como conhecemos, ou melhor, ela é a matriz da vida, como
definiu Albert Szent-Györgyi, fisiologista húngaro e prêmio Nobel da Medicina em
1937.

A água é uma substância química formada por dois átomos de hidrogênio (H) e um
átomo de oxigênio (O) ligados de forma covalente, sendo representada pela
fórmula química H 2O . Devido à sua geometria molecular (em forma de V) e à
diferença de eletronegatividades entre os átomos de hidrogênio e de oxigênio, a
água é uma molécula polar. Dessa maneira, a molécula de água possui dois polos,
o negativo (δ−) no oxigênio e o positivo (δ+) no hidrogênio, destacados na Figura
1.1.

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Figura 1.1 | Fórmula estrutural da molécula de água

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Fonte: elaborada pelo autor.

ASSIMILE

O átomo é a unidade de construção da matéria, ou seja, tudo que existe é


formado por esses “minúsculos tijolos”. O ar, as estrelas, o seu computador,
você e eu somos todos feitos de átomos, que são constituídos por unidades
menores ainda: os prótons (possuem carga positiva), os nêutrons (são
neutros) e os elétrons (possuem carga negativa). Os átomos se unem para
formar estruturas maiores, que são as moléculas, como a água. A ligação
entre os átomos é mediada pelos seus elétrons, podendo ser do tipo iônica,
quando há doação de elétrons (os átomos se transformam em íons, pois
perdem ou ganham elétrons), ou covalentes, quando há compartilhamento
de elétrons. Na ligação covalente, o compartilhamento de elétrons entre os
átomos pode ser igual ou desigual. No primeiro caso, temos a formação de
moléculas apolares, hidrofóbicas ou lipofílicas, como o óleo e os lipídios; no
segundo caso, ocorre a formação de moléculas polares ou hidrofílicas,
como a água e a glicose, e é aí que entra a ideia da eletronegatividade, que
pode ser definida como a tendência de um átomo em atrair os elétrons em
uma ligação covalente. No caso da água, o átomo de oxigênio é mais
eletronegativo que o átomo de hidrogênio, por isso, o oxigênio atrai os
elétrons da ligação covalente com o hidrogênio: o polo positivo ( δ + ) no
hidrogênio e o polo negativo ( δ − ) no oxigênio.

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As moléculas, como as da água, interagem entre si por meio das ligações


intermoleculares, que ocorrem nas moléculas polares (pontes ou ligações de
hidrogênio e interações dipolo permanente-dipolo permanente) e nas moléculas
apolares (forças de van der Waals ou de London). Entre as moléculas polares, o

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polo positivo de uma molécula interage com o polo negativo de outra molécula.

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Um exemplo é a ponte de hidrogênio que se forma entre o hidrogênio (polo
positivo) de uma molécula de água e o oxigênio (polo negativo) de outra molécula
de água. Nas moléculas apolares, não há presença de polos positivo e negativo
permanentes, porém podem ocorrer distorções momentâneas nas nuvens de
elétrons dos átomos constituintes, formando dipolos transitórios. Com isso,
surgem interações entre os polos de cargas opostas enquanto durar o dipolo
transitório. Portanto, as interações de van der Waals são momentâneas e bem
mais fracas que as interações entre as moléculas polares. Todas essas interações
intermoleculares são fracas e rompidas pelo calor e por alterações do pH do meio.

Figura 1.2 | Ligação de hidrogênio entre as moléculas de água

Fonte: elaborada pelo autor.

As interações intermoleculares explicam muitas situações, tais como a capacidade


de colar das colas, a aderência do molho de tomate ao macarrão e a habilidade das
lagartixas em andar nas paredes. Na Biologia, temos muitos exemplos da
importância das interações intermoleculares. O arcabouço da membrana
plasmática é constituído por fosfolipídios que interagem entre si por ligações de

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van der Waals, o que explica a estabilidade e a fluidez da membrana,


características essenciais para as suas funções. Outro exemplo é a tensão
superficial que ocorre quando há contato entre a água e o ar. Como as moléculas
de água são polares e as moléculas dos gases que formam o ar são apolares, não

0
há interação entre essas diferentes moléculas, elas são imiscíveis, da mesma forma

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quando tentamos misturar água e óleo. Dessa maneira, as moléculas de água que
estão na superfície interagem com mais força, por meio das ligações de
hidrogênio, com as moléculas de água vizinhas, havendo uma “compactação”
dessas moléculas de água da superfície, formando um tipo de película, um efeito
chamado de tensão superficial. Esse efeito é responsável pelo formato das gotas
da chuva e até tem função na respiração.

As ligações intermoleculares também são responsáveis pelos estados da matéria:


sólido, líquido, gasoso e plasma. Portanto, não existe uma molécula sólida ou
gasosa, mas a relação entre as moléculas determina o estado físico. Então, vamos
entender como isso funciona. No estado sólido, há uma quantidade maior de
ligações entre as moléculas, limitando os seus movimentos (menor quantidade de
energia cinética), porém, quando o sistema em estado sólido é aquecido, o calor
recebido rompe parte das ligações intermoleculares, tornando as moléculas mais
livres na sua movimentação (aumento da energia cinética das moléculas). Nesse
caso, ocorre uma mudança de estado físico, passando do sólido para o líquido, em
um processo chamado de fusão. No entanto, se o líquido for aquecido, o calor
romperá todas as ligações intermoleculares, deixando as moléculas com
movimentos totalmente livres. Esse novo estado físico é o gasoso, e o processo de
passagem do estado líquido para o gasoso é chamado de vaporização. Com a
permanência do calor, as moléculas se movimentam com maior rapidez e o
choque entre elas resulta em perdas de elétrons. Com isso, temos uma coleção de
moléculas neutras, íons e elétrons livres formando o quarto estado da matéria, o
plasma. Em outras palavras, o plasma é um gás ionizado. Curiosamente, o plasma,

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um estado físico pouco conhecido, é o mais comum do universo, correspondendo


a 90% da matéria visível. As estrelas são ótimos exemplos de matéria constituída
de plasma.

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Precisamos diferenciar dois processos importantes: a transformação física e a
transformação química (também chamada de reação química). Na transformação

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física, as moléculas continuam intactas, o que altera é a relação entre elas, isto é,
as ligações intermoleculares e a liberdade de movimentação das moléculas. Vamos
utilizar a água como exemplo: temos o gelo (forma sólida), a água (forma líquida) e
o vapor de água (forma gasosa), e todas essas formas são constituídas pela mesma
molécula, H 2O , então, o que muda? Apenas a relação entre as moléculas de água.
Já na transformação química ou reação química, as moléculas iniciais, chamadas de
reagentes, são transformadas em novas moléculas, diferentes das iniciais,
chamadas de produtos. Por exemplo: a queima da madeira é uma reação química
chamada de combustão. A madeira, constituída por moléculas orgânicas (presença
do átomo de carbono), ao reagir com o gás oxigênio ( O ), origina o gás carbônico 2

( CO ), logo, nessa reação química, temos os reagentes, carbono e gás oxigênio, e


2

o produto, que é gás carbônico.

REFLITA

Os gases oxigênio ( O ) e carbônico ( CO ) são apolares e, portanto,


2 2

difundem-se muito pouco na água presente no sangue. Todas as células do


corpo necessitam de gás oxigênio para a produção de energia, então, como
esse gás oxigênio, obtido na respiração (presente nos alvéolos pulmonares),
é levado para todas as células do corpo? E o gás carbônico produzido pelas
células do corpo de que forma alcança os alvéolos pulmonares para ser
eliminado pela respiração?

Muitas moléculas são classificadas como eletrólitos, isto é, podem formar íons.
Esse processo de ionização depende da participação da água. Por exemplo: a
molécula de ácido clorídrico (HCl), o ácido presente no suco gástrico, em meio

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aquoso, é quebrada pela ação da água (reação química chamada de hidrólise),


originando os íons H +
(íon hidrogênio ou simplesmente próton) e Cl

(íon
cloreto). Quimicamente, o correto seria H 3O
+
, o íon hidrônio, pois o H +
é
transferido para a molécula H , mas por motivos práticos, deixamos

0
2O

representada na reação química a forma H . Essa capacidade de ionização de +

seõçatona reV
muitas moléculas permite classificá-las em algumas funções químicas, como os
ácidos e as bases. Segue a reação química de ionização de HCl:

HCl → H 3 O
+
+Cl
-
ou HCl → H
+
+Cl
-

EXEMPLIFICANDO

Na área da saúde, é mais comum lermos H +


como prótons do que como
íons hidrogênio. Um exemplo é o das bombas de prótons na mucosa
gástrica, que são proteínas que transportam H
+
da célula parietal para o
lúmen gástrico, o que permite a acidificação do suco gástrico. Para inibir a
atividade dessas bombas de prótons, usamos medicamentos como o
omeprazol e o pantoprazol. Além disso, você também verá as bombas de
prótons mitocondriais neste livro, uma vez que são essenciais para a
produção de energia. Mas por que próton? O átomo de hidrogênio é
composto por apenas um próton no seu núcleo e um elétron que circula ao
redor desse núcleo. Quando esse átomo perde o seu elétron, torna-se um
íon positivo. Nessa forma iônica, só sobrou um próton na composição do
hidrogênio, por isso, tornou-se comum designar o íon hidrogênio como
próton, simplesmente.

Existem muitas definições para os ácidos e as bases. Temos a definição de


Arrhenius, que diz que os ácidos são compostos que geram os íons hidrogênio (
H
+
) em meio aquoso, e as bases como compostos que liberam os íons hidroxila (
OH
-
) em meio aquoso. Atualmente, temos conceitos mais modernos e
abrangentes de ácidos e bases. Na definição de Brönsted-Lowry, os ácidos são
doadores de prótons ( H ) e as bases são receptoras de prótons ( H ). Nessa
+ +

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definição, a força do ácido depende da quantidade de H +


doada ao meio, assim,
um ácido forte está completamente desprotonado em solução, pois doou todos os
seus H , enquanto que um ácido fraco está parcialmente desprotonado, pois
+

cedeu poucos H . Em relação às bases, a força depende da sua capacidade de


+

0
receber H . Uma base forte está totalmente protonada em solução, pois foi capaz
+

seõçatona reV
de receber todos os H disponíveis. Uma base fraca está parcialmente protonada
+

em solução, pois só conseguiu receber poucos H +.

Muitas reações químicas, como a de ionização, são reversíveis. Ou seja, a reação


química ocorre nos dois sentidos, dos reagentes para os produtos, bem como dos
produtos para os reagentes. Podemos citar a reação de ionização de um ácido
fraco: o ácido acético ( CH 3 COOH ), responsável pelo gosto e pelo cheiro do
vinagre, para exemplificar o conceito. A reação entre ácido acético e água, os
reagentes, resulta na formação dos íons H 3O
+
(ou H ) e CH+
3 COO
-
(íon
acetato), os produtos. Porém, ocorre a reação inversa; os íons H 3O
+
(ou H ) e +

CH 3 COO
-
reagem para formar o ácido acético e a água. Cada reação tem uma
velocidade associada, isto é, uma medida da formação de produtos ou consumo
de reagentes por uma unidade de tempo. Essa velocidade depende de muitos
fatores, como a concentração das moléculas, a temperatura e a presença de
catalisador (substância que acelera reação química, como as enzimas nos seres
vivos). Quando as velocidades das reações direta e inversa se tornam iguais,
podemos dizer que a reação química atingiu o equilíbrio químico. Segue a reação
de ionização do ácido acético, um exemplo de reação reversível:

CH 3 COOH+H 2 O ⇄ H 3 O
+
+CH 3 COO
-
ou
+ -
CH 3 COOH+H 2 O ⇄ H +CH 3 COO

Vimos que a água participa das reações de ionização de ácidos, mas a água sofre
ionização? Sim, apesar de ser em uma escala muito pequena, a molécula de água
sofre autoionização, resultando na formação dos íons H3 O
+
(ou simplesmente
H
+
) e OH
-
. Como essa reação é reversível, há uma constante de equilíbrio
quando as velocidades das reações direta e inversa se igualam. Como a ionização

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da água é muito pequena, a quantidade de moléculas de água praticamente


mantém-se inalterada; para cada um bilhão de moléculas de água, apenas duas se
ionizam. Por isso, em vez de usarmos a constante de equilíbrio da reação,
utilizamos outra constante, o produto iônico da água (Kw), resultado da

0
multiplicação da constante de equilíbrio (K) pela concentração molar da água.

seõçatona reV
ASSIMILE

Demonstração para determinar o produto iônico da água

Reação de autoionização da água:


+ -
H2 O ⇄ H +OH

Determinação da constante de equilíbrio da reação de autoionização da


água:
+ -
[H ]⋅[OH ]
K=
[H 2 O]

O produto K ⋅ [H 2
O] é constante e denominado produto iônico da água
(Kw):
+ -
Kw=[H ] ⋅ [OH ]

(O valor de Kw varia com a temperatura.)

Na temperatura ambiente (25ºC), o valor de Kw é 10 −14


(mol/litro)
2
e,
consequentemente, [H +
] = [OH ] = 10
- -7
mol/litro. Portanto, na água pura a
25ºC, a concentração molar de prótons, [H +
] corresponde a 10 −7
mol/litro. Se
considerarmos uma solução ácida, a concentração molar de prótons é maior que a
da água pura, assim como, em uma solução alcalina, a concentração molar de
prótons é menor que a da água pura. Por exemplo, [H ]= 10 M é de uma + -5

solução ácida, enquanto que [H ]= 10 M é de uma solução básica ou alcalina.


+ -9

Complicado? Imagina você tendo que passar o resultado de gasometria do sangue


arterial do paciente como [H ]= 4 x 10 mol/litro! + -8

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ASSIMILE

Mol é uma quantidade de matéria correspondente ao valor de 6 x 10 . Por 23

exemplo: quando falamos em 1 mol de moléculas de água, queremos dizer


6 x 10 23
moléculas de água. A concentração molar ou molaridade indica a

0
quantidade de soluto, em mols, que temos em 1 litro de solução. Se

seõçatona reV
tivermos 1 mol de moléculas de HCl em 1 litro de solução, dizemos que a
concentração é de 1 mol/litro de HCl ou, simplesmente, 1 M (molar que
corresponde ao termo mol/litro). Quando representamos íons, átomos ou
moléculas entre colchetes, significa a concentração molar. Como exemplos,
temos [ H 2O ], que é a concentração molar da água, [ H ], que é a +

concentração molar dos prótons, e [ OH ], que é a concentração molar de -

íons hidroxila.

Em 1909, Sorensen, um químico dinamarquês, criou o conceito de pH. A ideia


inicial dele era melhorar o controle de qualidade dos processos de fermentação,
como no caso da produção de cerveja. Mas a ideia foi tão boa, que acabou sendo
adotada na biologia e na área da saúde. No exemplo anterior da gasometria, em
vez de dizermos 4 x 10 M de prótons, simplesmente dizemos pH igual a 7,4!
-8

Então, vamos entender o que é o pH de Sorensen, mas antes, um importante


lembrete: a escrita do termo pH é padronizada, sendo p minúsculo e H maiúsculo,
portanto, cuidado quando for escrever ou digitar pH.

O termo pH significa potencial hidrogeniônico, e o seu valor é obtido pela fórmula


pH = - log [H +
]. O termo log significa logaritmo. A relação entre pH e [ H ] é +

inversa; se aumentarmos a [ H ], ou seja, tornarmos a solução ácida, o valor do


+

pH vai diminuir. Da mesma maneira, se reduzirmos [ H ], isto é, tornarmos a +

solução básica ou alcalina, o valor do pH aumentará. Baseado nisso, as soluções


são classificadas conforme o valor do pH em: ácidas (pH menor que 7), neutras (pH
= 7) e alcalinas (pH maior que 7). O intervalo de valores possíveis do pH é de 0 a
14.

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06/03/2024, 07:51 lddkls212_bio_apl_sau

Os valores do pH interferem na atividade das proteínas que, por sua vez, executam
as funções dos vários órgãos e tecidos do corpo. Portanto, os valores do pH
interferem na atividade de vários sistemas, tais como cardiovascular, renal e
nervoso, bem como na atividade das proteínas dentro da célula. Dessa forma, o

0
organismo precisa manter o pH dentro de uma faixa de valores compatíveis com

seõçatona reV
as suas várias funções, isto é, manter a homeostase ácido-base.

Os processos metabólicos do organismo continuamente produzem ácidos


orgânicos (como o ácido lático ou lactato) e CO (o gás carbônico reage com água 2

para formar H ); com isso, ocorre um acúmulo de prótons no sangue, tornando-o


+

mais ácido e, consequentemente, prejudicando as funções orgânicas. Para evitar


essa alteração de pH do sangue, entram em ação os sistemas-tampão biológicos, o
sistema respiratório e os rins. Os sistemas-tampão resistem às variações de pH,
mesmo que haja acréscimo de pequenas quantidades de ácido ou base na solução.
O principal sistema-tampão extracelular é o íon bicarbonato, mas também temos a
hemoglobina e a albumina que agem como sistemas-tampão para o sangue. Na
célula, o principal sistema-tampão é o íon fosfato, além das proteínas
intracelulares.

Como o íon bicarbonato tem maior importância para nós, vamos explicar como ele
atua no organismo. O excesso de ácido ( H ) reage com o íon bicarbonato ( +

) em uma reação catalisada pela enzima anidrase carbônica, formando


-
HCO 3

eH . Nessa reação química, o HCO está agindo como base, conforme a


-
CO 2 2O 3

definição de Brönsted-Lowry. O CO que está sendo formado nessa reação 2

química, por sua vez, é eliminado pela respiração. Essa reação é reversível, ou seja,
o CO pode reagir com o H para formar HCO e H , uma reação também
- +
2 2O 3

catalisada pela enzima anidrase carbônica. Portanto, a anidrase carbônica catalisa


as duas reações, direta e inversa, do sistema-tampão do íon bicarbonato. Os rins
participam da homeostase ácido-base por meio da síntese de novos íons
bicarbonato, da regulação da reabsorção de íon bicarbonato e da excreção de
prótons pelos néfrons. Segue a reação-chave da homeostase ácido-base no
organismo:
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06/03/2024, 07:51 lddkls212_bio_apl_sau

- +
HCO 3 +H ⇄ CO 2 +H 2 O

O pH do sangue arterial varia de 7,35 a 7,45, enquanto que do sangue venoso varia
de 7,30 a 7,40. O exame para determinar o pH sanguíneo é a gasometria. Esse

0
exame também oferece outros resultados, como a pressão parcial de CO 2 ou p

seõçatona reV
CO 2 (a quantidade de gás é dada pelo valor da pressão), a pressão parcial de O 2

ou pO , a saturação da hemoglobina (porcentagem dessa proteína ligada ao O )


2 2

e a concentração plasmática de íon bicarbonato ( HCO ). Quando o pH do sangue


-

arterial está abaixo de 7,35, temos uma situação de acidemia (“sangue mais ácido”)
cujo processo fisiopatológico que a provocou é chamado de acidose. Se o pH do
sangue arterial está maior que 7,45, temos alcalemia (“sangue mais alcalino”), e o
processo fisiopatológico é chamado de alcalose. As causas desses processos
fisiopatológicos podem ser respiratórias e/ou alterações na concentração
plasmática de HCO . Se a causa é respiratória, temos acidose ou alcalose
-

respiratória; se é por causa da concentração de HCO , temos acidose ou alcalose


-

metabólica. Se as duas causas estão juntas, temos acidose ou alcalose mista.

EXEMPLIFICANDO

Em relação às amostras do sangue arterial, os valores normais da


gasometria são:

pH = 7,35 a 7,45.

pO = 80 a 100 mmHg.
2

saturação da hemoglobina (satO ) = 95 a 97%. 2

pCO = 35 a 45 mmHg.
2

[CO ]
2
= 23 a 27 mM.

[ HCO ]= 22 a 26 mM.
-

BE (excesso de base) = -3,5 a +4,5 mM.

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06/03/2024, 07:51 lddkls212_bio_apl_sau

Em relação às amostras do sangue arterial, os valores normais da


gasometria são:

Quadro 1.1 | Os parâmetros da gasometria

0
Distúrbio Íon

seõçatona reV
ph pCO2 Possíveis causas
ácido-base bicarbonato

Tende a A sua
Sepse, cetoacidose
diminuir redução é
Acidose diabética, choque,
Acidemia como causa
Metabólica anemia grave, parad
compensação primária da
cardíaca
à acidemia acidemia

O seu Tende a Edema pulmonar,


aumento é aumentar insuficiência respiratór
Acidose
Acidemia causa como hipoventilação (ventilaç
Respiratória
primária da compensação mecânica), depressão
acidemia à acidemia respiratória

Tende a O seu
Hipocalemia, ingestão
aumentar aumento é
Alcalose infusão excessiva de
Alcalemia como causa
Metabólica bicarbonato de sódio
compensação primária da
desidratação/hipovolem
à alcalemia alcalemia

A sua Tende a Estimulação da


redução é diminuir respiração (ansiedade
Alcalose
Alcalemia causa como febre, infecção),
Respiratória
primária da compensação hiperventilação
alcalemia à alcalemia (ventilação mecânica

Fonte: elaborado pelo autor.

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Os efeitos da acidemia no organismo são: hipercalemia ou hiperpotassemia


(aumento do nível plasmático de íon potássio, K , o que acarreta riscos +

cardíacos), redução da atividade neuronal (risco de coma), redução da resposta


cardiovascular às catecolaminas (que resulta em vasodilatação e redução da

0
contratilidade cardíaca), resistência insulínica, redução da afinidade da

seõçatona reV
hemoglobina pelo gás oxigênio (risco de hipoxemia), vasoconstrição renal e oligúria
(risco de insuficiência renal). Já a alcalemia apresenta os seguintes riscos:
hipocalemia ou hipopotassemia (redução do nível plasmático de K , o que +

também acarreta riscos cardíacos) e aumento da atividade dos neurônios (risco de


convulsões).

Assim, encerramos esta seção dedicada ao estudo das propriedades físico-


químicas da água, pH, sistemas-tampão e a importância para os sistemas
biológicos. Revisamos, também, alguns conceitos importantes de química, e este é
o passo inicial para avançarmos no nosso estudo da Bioquímica.

FAÇA A VALER A PENA

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Questão 1
Em 1909, o químico dinamarquês Sorensen criou o conceito de pH, que acabou
sendo adotado na área da saúde, portanto, tornou-se comum dizer pH do sangue,
pH da urina, pH vaginal etc. Atualmente, dispomos de materiais e equipamentos

0
para medir o pH de qualquer solução. E essas medidas são úteis no diagnóstico

seõçatona reV
para muitas situações clínicas.

Baseando-se nos seus conhecimentos acerca do pH, assinale a alternativa correta.

a. O pH é uma medida da concentração de íons OH na solução. -

b. Com o aumento da [ H ] na solução, o valor de pH aumenta.


+

c. Em uma solução ácida, a concentração de prótons é extremamente baixa.

d. Quanto mais aumentarmos [ H ], menor será o valor de pH da solução.


+

e. As soluções alcalinas possuem altas concentrações de prótons.

Questão 2
A membrana plasmática é uma barreira lipoproteica que separa dois meios
aquosos, o meio intracelular e o meio extracelular. O principal componente lipídico
é o fosfolipídio, que é uma molécula anfipática, ou seja, possui uma porção polar e
uma porção apolar. Para a formação da membrana plasmática, os fosfolipídios
interagem entre si por meio de ligações intermoleculares e, bem como com os
meios aquosos.

Em relação aos princípios químicos que regem a estrutura da membrana


plasmática, assinale a alternativa correta.

a. A porção apolar dos fosfolipídios é composta por ácidos graxos. Esses ácidos graxos interagem com as
moléculas de água por meio de ligações de hidrogênio.

b. As porções hidrofóbicas dos fosfolipídios interagem entre si por meio das ligações de van der Waals, o
que permite a estabilidade da barreira lipídica da membrana plasmática.

c. As porções hidrofílicas dos fosfolipídios interagem com as moléculas de água dos meios intracelular e
extracelular exclusivamente por ligações de van der Waals.

d. As porções hidrofílicas dos fosfolipídios interagem entre si por meio das ligações de hidrogênio, o que
permite a estabilidade da barreira lipídica da membrana plasmática.

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e. As ligações de van der Waals entre as porções hidrofóbicas dos fosfolipídios são do tipo covalente, o que
resulta em rigidez da barreira lipídica da membrana plasmática.

Questão 3

0
Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital, foi realizado o teste de
gasometria em uma amostra de sangue arterial de um paciente internado e que se

seõçatona reV
encontra sob ventilação mecânica. O resultado do exame foi: pH = 7,52; pCO = 30 2

mmHg; pO = 93 mmHg; = 24 mM. Esse resultado indica que o paciente


-
2 HCO 3

apresenta um distúrbio do equilíbrio ácido-base e que precisa ser corrigido pela


equipe de profissionais de saúde.

Baseado nos resultados do exame de gasometria e nos seus conhecimentos sobre


os distúrbios do equilíbrio ácido-base, assinale a alternativa correta.

a. Conforme o resultado do exame, o paciente apresenta um quadro de acidose metabólica, sendo


necessário administrar bicarbonato de sódio para neutralizar a alta concentração plasmática de prótons.

b. Analisando o resultado da gasometria, a equipe diagnostica um quadro de alcalose respiratória e corrige


os parâmetros da ventilação mecânica. No caso, reduz a frequência respiratória para corrigir a pCO do 2

paciente

c. Com a hipocapnia, há aumento da concentração plasmática de prótons e redução da concentração


plasmática de íons bicarbonato, com isso, o paciente desenvolve um quadro de alcalemia.

d. Após a análise da gasometria, a equipe identificou o quadro de alcalose respiratória no paciente. A causa
desse distúrbio ácido-base é a hipoventilação do paciente, por isso, a equipe aumentou a frequência
respiratória no ventilador mecânico.

e. A interpretação da gasometria mostra que o paciente está com um quadro de acidose respiratória. Em
decorrência disso, a equipe decide usar bicarbonato de sódio para reduzir a concentração plasmática de
prótons.

REFERÊNCIAS
ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o
meio ambiente. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.

COSTANZO, L. S. Fisiologia acidobásico. In: COSTANZO, L. S. (Org.) Fisiologia. 5. ed.


Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

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06/03/2024, 07:51 lddkls212_bio_apl_sau

ÉVORA, P. R. B. et. al. Distúrbios do equilíbrio hidroeletrolítico e do equilíbrio


acidobásico – uma revisão prática. Medicina (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto, v.
32, p. 451-469, 1999.

0
KENNELLY, P. J.; RODWELL, V. W. Água e pH. In: RODWELL, V. W. et al. (Org.).
Bioquímica Ilustrada de Harper. 30. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017.

seõçatona reV
NELSON, D. L.; COX, M. M. Água. In: NELSON, D. L.; COX, M. M. (Org.). Princípios de
Bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

REECE, J. B. et al. Água e Vida. In: REECE, J. B. et al. (Org.). Biologia de Campbell. 10.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.

REECE, J. B. et al. O contexto químico da vida. In: REECE, J. B. et al. (Org.). Biologia
de Campbell. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.

SIRKER, A. A. et al. Acid-base physiology: the “traditional” and the “modern”


approaches. Anaesthesia, [S.l.], v. 57, p. 384-356, 2002.

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


ÁGUA E SISTEMAS-TAMPÃO

0
Christian Grassl

seõçatona reV

Fonte: Shutterstock.

SEM MEDO DE ERRAR


O caso apresentado na situação-problema mostra um paciente que está com
diagnóstico de sepse e evoluindo para o choque séptico. Devido à produção de
grande quantidade de citocinas pró-inflamatórias, o paciente apresenta efeitos
sistêmicos, como a vasodilatação e redução da atividade cardíaca. A consequência
é a redução da perfusão tecidual, isto é, a diminuição do fluxo de sangue para os
tecidos. Com a redução do fluxo de sangue, reduz-se o aporte de gás oxigênio para
as células e esse gás é essencial para a produção de energia nas mitocôndrias.

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Dessa maneira, é ativada uma via metabólica (reações químicas que ocorrem no
organismo) de emergência para a produção de energia na ausência (anóxia) ou
insuficiência (hipóxia) de gás oxigênio nos tecidos. Essa via metabólica é a
fermentação, e o produto final é o ácido lático ou lactato. Estudaremos com mais

0
detalhes essa via metabólica na Unidade 2.

seõçatona reV
Como o paciente está evoluindo para um colapso cardiovascular devido à intensa
vasodilatação e redução da atividade cardíaca (menor débito cardíaco), são
necessários os suportes inotrópico e hipertensor. No caso do suporte inotrópico,
está sendo ministrada no paciente a dobutamina, uma catecolamina que estimula
a contratilidade cardíaca (efeito inotrópico), enquanto que, para o suporte
hipertensor, a noradrenalina, uma catecolamina vasoconstritora para aumentar a
resistência vascular (efeito hipertensor).

Com base nessas informações acerca do paciente, além dos resultados do exame
de gasometria, podemos concluir que o paciente está com acidemia (pH 7,27,
menor que o valor mínimo normal de 7,35). Devido à hipóxia, com consequente
ativação da fermentação, temos o aumento dos níveis plasmáticos de ácido lático.
Sendo um ácido, conforme a definição de Brönsted-Lowry, o ácido lático doa
prótons para o meio. Como a relação entre a concentração molar de prótons e o
pH é inversa, o aumento da quantidade de prótons no sangue leva à redução do
valor do pH, acidificando o meio. Por isso, o quadro do paciente é de acidemia.
-
Analisando os outros parâmetros da gasometria, pCO e [HCO ], podemos ver 2 3

-
que a pCO 2 está dentro da normalidade, porém [HCO ] de 18 mM está abaixo 3

do intervalo normal de valores (22-26 mM), portanto, está havendo um consumo


dos íons bicarbonato devido à neutralização do excesso de prótons liberados pelas
moléculas de ácido lático. A partir desse dado, podemos concluir que a causa da
acidemia é a redução da concentração plasmática de íons bicarbonato, por isso, o
processo fisiopatológico, causador da acidemia, é a acidose metabólica. Então,
podemos verificar que a sepse / choque séptico é a causa da acidose metabólica
do paciente.

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A reação química entre o íon bicarbonato e o próton resulta na formação de gás


carbônico e água. Portanto, a neutralização dos prótons pelo íon bicarbonato
resulta em gás carbônico, considerado como um ácido volátil, mesmo não sendo
quimicamente um ácido (ver as definições de ácido). Essa definição de ácido volátil

0
ocorre devido ao fato do acúmulo de CO no organismo (hipercapnia), 2

seõçatona reV
consequência de hipoventilação ou parada respiratória, reagir com a água para
formar íon bicarbonato e prótons (lembre-se de que a reação química do sistema-
tampão do bicarbonato é reversível). Dessa maneira, a hipercapnia favorece a
acidemia, e a acidose é do tipo respiratória. Por isso, a ventilação do paciente
precisa estar normalizada para a eliminação do gás carbônico formado durante a
ação do íon bicarbonato sobre os prótons. Caso a ventilação não esteja adequada,
o paciente, além do acúmulo de prótons devido ao aumento da produção de ácido
lático, apresentará hipercapnia, contribuindo, ainda mais, para a acidemia do
paciente. Nesse caso, o paciente apresentará um quadro de acidose mista

AVANÇANDO NA PRÁTICA
DISTÚRBIO ÁCIDO-BASE E GASOMETRIA
O desequilíbrio ácido-base está presente em muitas situações clínicas que você
poderá vivenciar na sua carreira profissional. Por exemplo, você está com um
exame de gasometria em suas mãos que indica os seguintes resultados: pH =
7,259; = 51,7 mmHg; = 22,4 mM; = 57,7 mmHg e o paciente
-
pCO 2 [HCO ] pO 2
3

está internado no setor oncológico do hospital. A partir dessas informações,


analise os resultados da gasometria e proponha uma relação dessa análise com a
situação do paciente.

RESOLUÇÃO 

Baseado nos resultados dessa gasometria, podemos verificar que o paciente


apresenta um quadro de acidemia (valor de pH de 7,259, abaixo do valor
normal mínimo de 7,35), além de aumento do nível sanguíneo de CO 2

(hipercapnia) e redução do nível sanguíneo de (hipoxemia). O nível plasmático

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de íon bicarbonato está dentro da normalidade. Verificando esses parâmetros


em conjunto, é possível determinar que a acidemia é resultado de uma acidose
respiratória, pois o aumento da pCO leva ao aumento do nível plasmático de
2

prótons. Além disso, verificamos no exame, uma redução da pCO , o que

0
2

indica algum distúrbio na ventilação do paciente. Entre as possíveis relações

seõçatona reV
entre esses resultados de gasometria e o paciente, podemos citar o câncer de
pulmão, mas há a possibilidade de o paciente apresentar alguma DPOC
(doença pulmonar obstrutiva crônica, como o enfisema), independentemente
do desenvolvimento do câncer. Outra possibilidade é o paciente estar na UTI
sob ventilação mecânica e o aparelho não estar regulado adequadamente para
atender à demanda respiratória do paciente. Nesse caso, a hipoventilação
resulta em menor pO 2 e maior pCO 2 por não permitir a hematose
(transformação do sangue venoso em sangue arterial que ocorre nos pulmões)
adequada para as necessidades metabólicas do organismo do paciente.

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NÃO PODE FALTAR Imprimir

AMINOÁCIDOS E PEPTÍDEOS

0
Christian Grassl

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

PRATICAR PARA APRENDER


Caro aluno, já avançamos mais um pouco e estamos na seção 2. Agora, iniciaremos
a nossa jornada pelo mundo das biomoléculas e vias metabólicas, a começar pelo
estudo dos aminoácidos, dos peptídeos e das proteínas. Aliás, proteína vem do
grego proteios, que significa “em primeiro lugar”, termo criado pelo cientista sueco
Jacob Berzelius, em 1838, pois considerava essa molécula a principal substância da
nutrição de animais. De fato, trata-se de um nome bem apropriado para essas
moléculas que controlam praticamente todos os processos celulares e têm
influência em todas as funções do organismo.

Nesta seção, focaremos, principalmente, os aminoácidos, as unidades de


construção dos peptídeos e as proteínas. Além de constituírem as cadeias
proteicas, os aminoácidos possuem muitas funções no organismo, como veremos
no texto. Assim, para uma melhor compreensão de muitos processos fisiológicos,

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fisiopatológicos e farmacológicos, é essencial que conheça as propriedades físico-


químicas e as funções dos aminoácidos, bem como das vias metabólicas que
envolvem a biossíntese dos aminoácidos. Para os profissionais da área da saúde, o
conhecimento em nutrição é fundamental para a preservação ou recuperação da

0
saúde do paciente. A base da nutrição é a bioquímica, e conhecer a importância

seõçatona reV
dos aminoácidos é imprescindível.

Durante a prática profissional, você, provavelmente, entrará em contato com os


aminoácidos, os peptídeos e as proteínas em diferentes situações, logo, os
assuntos abordados nesta seção são relevantes para a sua formação profissional,
levando-o a compreender, analisar e resolver situações cotidianas de um trabalho
na área da saúde.

Para trabalharmos os temas desta seção com as possíveis atividades do contexto


profissional, acompanharemos o contexto de um profissional da saúde recém-
contratado por uma clínica especializada em doenças genéticas. Você já imaginou
quantos desafios esse profissional terá de lidar? Será que os conhecimentos em
bioquímica podem ser úteis nesse tipo de segmento de atuação? Pois bem,
teremos um vislumbre disso na situação-problema desta seção.

Imagine que você acabou de ser contratado para trabalhar como um profissional
de saúde em uma clínica especializada em doenças genéticas. Nessa clínica, você
entrará em contato com várias doenças envolvendo o metabolismo de
aminoácidos, também chamadas de erros inatos do metabolismo de aminoácidos
ou aminoacidopatias. Mais de 50 dessas doenças foram descritas e muitas delas
são raras. Essas doenças têm importância na pediatria e são alvos da triagem
neonatal. Sem a identificação e o adequado tratamento, os erros inatos no
metabolismo dos aminoácidos resultam em retardo mental e outras deficiências
no desenvolvimento do paciente.

A fenilcetonúria é o erro inato do metabolismo de aminoácidos mais frequente e


caracterizado por hiperfenilalaninemia. Existem muitas variantes da fenilcetonúria
e todas possuem herança autossômica recessiva. Essas variantes da fenilcetonúria

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são decorrentes de defeitos na enzima fenilalanina-hidroxilase ou na reutilização


de seu cofator (tetrahidrobiopterina). Mais de 1000 mutações já foram
identificadas no gene da fenilalanina-hidroxilase, resultando em uma grande
variedade de manifestações clínicas e espectro de gravidade.

0
A fenilcetonúria clássica é a mais importante aminoacidopatia na clínica. Os sinais

seõçatona reV
clínicos surgem entre 3 e 6 meses de idade, caso a doença não seja detectada pela
triagem neonatal. Entre os sinais clínicos, podemos destacar a deficiência na
pigmentação de cabelo e pele, irritabilidade, dificuldades de aprendizado,
hiperatividade, déficit de atenção, retardo no crescimento e desenvolvimento. A
deficiência intelectual é a principal manifestação clínica e está relacionada aos
níveis plasmáticos de fenilalanina. Como a fenilalanina se acumula no organismo,
esse aminoácido é desviado para outras vias metabólicas que resultam em
fenilcetonas (como o fenilacetato). Esses metabólitos conferem à urina um odor
característico e dão o nome à doença (presença de fenilcetonas na urina).

Você foi justamente designado para cuidar dos casos de fenilcetonúria, logo, após
essas informações iniciais, você precisa aprofundar os seus conhecimentos por
meio de pesquisas para lidar de maneira adequada com os casos de fenilcetonúria.
Os pontos que exigem a sua atenção são:

1. A fenilalanina é um aminoácido essencial ou não essencial? Qual é o significado


dessa informação?

2. Descrição da reação enzimática envolvendo a fenilalanina e a fenilalanina-


hidroxilase. Qual é o produto final dessa reação?

3. Qual é a relação entre a mutação de um gene e a perda da atividade


enzimática?

4. Por que os pacientes apresentam hipopigmentação do cabelo e da pele? Tem


relação com o produto final da reação catalisada pela fenilalanina hidroxilase?

5. Qual é a importância do teste do pezinho para os casos de fenilcetonúria? Em


casos de diagnóstico tardio da doença, quais são as consequências? Como

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profissional da saúde, qual deve ser o seu papel na orientação aos pais sobre
os benefícios da detecção precoce da doença?

6. Como deve ser o tratamento nos pacientes com fenilcetonúria? Como você

0
deve orientar os responsáveis pela criança sobre a importância de se seguir as
recomendações médicas?

seõçatona reV
7. Remover completamente a fenilalanina da alimentação do paciente é uma
opção viável? Quais seriam as consequências para o organismo caso essa
opção fosse colocada em prática?

8. O aconselhamento genético é uma ferramenta muito útil na orientação aos


pacientes com fenilcetonúria e seus familiares. Como profissional da saúde,
qual deve ser o seu papel em relação a essa prática?

Por fim, qual é o seu posicionamento frente a essa doença? A numeração desses
pontos visa, apenas, a organizar o seu raciocínio, pois todas essas informações
estão conectadas para resultar em conhecimento. Esse conhecimento, sempre
incompleto e em construção, é uma das mais importantes ferramentas para a
prática profissional. Que essa situação-problema seja apenas o ponto de partida
para mais questionamentos e um estímulo à procura por mais conhecimentos.

O estudo é uma tarefa que apresenta muitas dificuldades. Por isso, é importante
que se dedique com afinco para superar essas dificuldades e, com isso, obter
resultados que contribuam para o seu crescimento e amadurecimento enquanto
ser humano e profissional.

Seja o protagonista da sua história de conquistas acadêmicas e profissionais e


vamos aos estudos!

CONCEITO-CHAVE
Na seção anterior, estudamos as propriedades físico-químicas e a importância da
água, dos ácidos e das bases, bem como a autoionização da água, o pH e sua
importância. Agora, vamos ver os aminoácidos, os peptídeos e as proteínas que

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fazem parte da primeira classe de biomoléculas. As outras biomoléculas que


estudaremos são os carboidratos e os lipídios.

Existem inúmeros tipos de peptídeos e proteínas com variadas funções no

0
organismo. Temos as enzimas, que são proteínas que atuam como catalisadores,
ou seja, aceleram as reações químicas, e outros, como: hemoglobina (transporte

seõçatona reV
de gases oxigênio e carbônico no sangue), albumina (manutenção do volume
plasmático e transporte de substâncias apolares, como os ácidos graxos no
sangue), colágeno (resistência mecânica aos tecidos), anticorpos (defesa do
organismo contra microrganismos), actina e miosina (proteínas contráteis
responsáveis pela contração muscular), canais sódio – voltagem dependente
(geração de impulsos nervosos nos neurônios e fibras musculares), insulina
(hormônio pancreático responsável pelo controle da glicemia) etc. Na próxima
seção, veremos mais detalhadamente alguns desses peptídeos e proteínas. Em
disciplinas como Fisiologia, Farmacologia e Patologia, você entrará em contato com
muitas dessas proteínas ao estudar os mecanismos fisiológicos, farmacológicos e
fisiopatológicos.

A primeira questão a ser resolvida é saber a relação entre aminoácidos, peptídeos


e proteínas. Os aminoácidos são as unidades de construção dos peptídeos e
proteínas. Em outras palavras, os peptídeos e as proteínas são cadeias ou
polímeros lineares de aminoácidos. Mas qual é a diferença entre peptídeos e
proteínas? A diferença está na quantidade de aminoácidos na cadeia, sendo que os
peptídeos são cadeias curtas, com no máximo 50 aminoácidos, já as proteínas são
cadeias maiores, com mais de 50 aminoácidos (em geral, são centenas e até
milhares de aminoácidos presentes na cadeia).

ASSIMILE

Polímeros são grandes moléculas formadas por unidades estruturais


menores que se repetem, chamadas de monômeros. A proteína e o
peptídeo são polímeros formados por monômeros chamados de

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aminoácidos. Outro exemplo é o DNA, um polímero formado por


monômeros chamados de nucleotídeos.

A estrutura do aminoácido é composta por um átomo de carbono central (C) ligado

0
covalentemente a quatro ligantes: átomo de hidrogênio (H), cadeia lateral (R),

seõçatona reV
grupo amino ( -NH ou -N 2
+
H3 , a depender do pH) e grupo ácido carboxílico (--
COOH ou -COO

, a depender do pH). O termo aminoácido é derivado dos dois
grupos químicos presentes na estrutura, o grupo amino e o grupo ácido
carboxílico. Embora haja mais de 300 tipos de aminoácidos descritos, apenas 20
entram na composição de todas as proteínas e peptídeos, independentemente do
ser vivo, como nós, as bactérias, as plantas e até os vírus. Esses 20 aminoácidos
são chamados de aminoácidos comuns. Com tantos tipos de aminoácidos, o que
difere um tipo do outro? A cadeia lateral, simplesmente, pois o restante dos
ligantes é o mesmo para todos os aminoácidos. A Figura 1.3 demonstra uma
perspectiva da estrutura geral dos aminoácidos.

Figura 1.3 | Estrutura do aminoácido (em pH 7,0)

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Fonte: elaborada pelo autor.

ASSIMILE

A selenocisteína tem sido considerada o 21º aminoácido comum. A sua

0
estrutura é semelhante ao da cisteína, porém, em vez do enxofre, a
selenocisteína contém selênio; além disso, ela está presente em poucas

seõçatona reV
proteínas conhecidas.

Os aminoácidos comuns, além de serem unidades de construção de peptídeos e


proteínas, podem desempenhar outras funções no organismo. O glutamato age
como neurotransmissor excitatório, enquanto que a glutamina e a alanina
transportam amônia proveniente do metabolismo celular para o fígado, em que a
amônia será convertida em ureia. A histidina é precursora da histamina,
importante mediador inflamatório e regulador da secreção gástrica ácida; já o
triptofano é precursor do neurotransmissor serotonina; a tirosina, por sua vez, é
precursora de vários produtos biológicos importantes, como a adrenalina, a
dopamina, a noradrenalina e a melanina (pigmento responsável pela cor da pele,
pelos e cabelos).

Esses aminoácidos podem ser classificados, conforme a natureza da cadeia lateral,


em apolares, polares sem carga elétrica, ácidos (presença de carga negativa na
cadeia lateral) e básicos (presença de carga positiva na cadeia lateral). A seguir,
serão representadas as estruturas dos aminoácidos com seus respectivos nomes,
abreviações (com três letras) e símbolos (com uma letra):

Figura 1.4 | Estrutura dos aminoácidos apolares (em pH 7,0)

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0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

Figura 1.5 | Estrutura dos aminoácidos polares sem carga elétrica na cadeia lateral (em pH 7,0)

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0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

Figura 1.6 |Estrutura dos aminoácidos ácidos (em pH 7,0)

Fonte: elaborada pelo autor.

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Figura 1.7 | Estrutura dos aminoácidos básicos (em pH 7,0)

0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

EXEMPLIFICANDO

A cisteína é precursora de um importante peptídeo antioxidante, a


glutationa, encontrada em grande quantidade no fígado e nos rins. Esse
antioxidante neutraliza os radicais livres e outros compostos reativos
gerados nas reações metabólicas. O paracetamol, fármaco com
propriedades analgésica e antitérmica, sofre reações de biotransformação
no fígado, resultando em um composto reativo (N-acetil-p-
benzoquinonaimina ou NAPQI). A glutationa hepática, por sua vez,
neutraliza esse composto tóxico, protegendo o fígado. No entanto, quando
há superdosagem de paracetamol, a quantidade de glutationa não é
suficiente para neutralizar todo NAPQI formado, o que resulta em lesão nos
hepatócitos, um processo chamado de hepatite medicamentosa. Nesse
caso de intoxicação por paracetamol, pode-se utilizar um antídoto, um
fármaco chamado acetilcisteína, composto pelo aminoácido cisteína ligado

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a um grupo acetil. Esse fármaco exerce ação antioxidante direta, além de


ser precursor para a síntese de glutationa. Dessa maneira, as defesas
antioxidantes e contra compostos reativos no fígado são aumentadas,
neutralizando o excesso de NAPQI.

0
seõçatona reV
Além desses aminoácidos comuns, existem os aminoácidos incomuns. O termo
“incomum” vem do fato de que esses aminoácidos são encontrados em proteínas
específicas, não sendo comuns a todas as proteínas. Após a incorporação dos
aminoácidos comuns na cadeia proteica, alguns deles podem sofrer modificações
químicas no retículo endoplasmático rugoso, originando os aminoácidos
incomuns. Exemplos de aminoácidos incomuns: 4-hidroxiprolina, 5-hidroxilisina, 6-
N-metil-lisina e desmosina. Essas modificações químicas conferem propriedades
importantes às proteínas, como a 4-hidroxiprolina e a 5-hidroxilisina contribuem
para uma maior estabilidade da proteína colágeno.

Os aminoácidos, em solução aquosa, são compostos anfóteros, ou seja, possuem


comportamento ácido e básico. Os grupos amino e carboxila podem agir como
ácidos quando doam prótons ao meio ou como bases quando recebem prótons do
meio. Nos aminoácidos ácidos e básicos, as cadeias laterais também podem agir
como doadores ou receptores de prótons. As formas protonadas ou
desprotonadas dos grupos amino e carboxila, além das cadeias laterais, em alguns
casos, dependem do pH do meio. Nas ilustrações anteriores das estruturas dos
aminoácidos em pH 7,0 (neutro), o grupo amino se encontra totalmente protonado
e o grupo carboxila está desprotonado. As formas protonadas e desprotonadas
dos grupos ionizáveis (grupo amino, grupo carboxila e cadeia lateral de
aminoácidos ácidos e básicos) contribuem para se determinar as relações entre os
aminoácidos em uma cadeia proteica e, consequentemente, interferem nas
funções de peptídeos e proteínas, por isso, é importante a homeostase ácido-base
para o organismo.

REFLITA

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Como visto na seção anteriormente, o organismo possui sistemas-tampão


para a manutenção do pH, tanto para o meio intracelular quanto para o
meio extracelular. No caso do sangue, a manutenção do pH é realizada
principalmente pelo sistema-tampão do íon bicarbonato, porém temos as

0
proteínas, como hemoglobina e albumina, que também agem como

seõçatona reV
sistemas-tampão. Agora que você avançou um pouco mais nos seus
conhecimentos, sente-se seguro para explicar como essas proteínas
conseguem participar da manutenção do pH do sangue?

Os aminoácidos comuns possuem o carbono central ligado à quatro ligantes


diferentes, exceto a glicina, na qual o carbono central está ligado a dois ligantes
iguais ao átomo de hidrogênio (ver a estrutura da glicina na figura). No caso desses
aminoácidos, o carbono central é assimétrico, o que permite duas configurações
moleculares possíveis. O químico alemão Emil Fischer, em 1891, propôs um
modelo de configuração absoluta para os aminoácidos, o sistema D-L. Nesse
modelo, a configuração do aminoácido é baseada na configuração do açúcar de 3
carbonos: o gliceraldeído, que também possui carbono central assimétrico.
Existem duas configurações (estereoisômeros) da molécula de gliceraldeído: a
configuração L, quando o grupo hidroxila (OH) ligado ao carbono central está à
esquerda, e a configuração D, quando o grupo hidroxila ligado ao carbono central
está à direita. Assim, os aminoácidos que possuem configuração relacionada ao L-
gliceraldeído são denominados L-aminoácidos e apresentam o grupo amino à
esquerda do carbono central. Já os aminoácidos que possuem configuração
relacionada ao D-gliceraldeído, com o grupo amino à direita do carbono central,
são chamados de D-aminoácidos. Na Figura 1.8, podemos verificar a relação entre
os estereoisômeros D e L do gliceraldeído e do aminoácido. Os aminoácidos
constituintes de todos os peptídeos e das proteínas são exclusivamente da
configuração L; os ribossomos só reconhecem os L-aminoácidos como substratos
para a síntese proteica; e a configuração D-aminoácido só é encontrada em poucos
exemplares de peptídeos de bactérias e plantas.

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Figura 1.8 | Configurações D e L do gliceraldeído e do aminoácido

0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

Como os aminoácidos constroem os peptídeos e as proteínas? Sabemos que os


aminoácidos estão ligados para formar uma cadeia proteica; essa ligação,
denominada ligação peptídica, é do tipo covalente e formada nos ribossomos
durante o processo de tradução. A ligação peptídica, por sua vez, ocorre entre o
grupo carboxila (ou ácido carboxílico) de um aminoácido e o grupo amino de outro
aminoácido. Nessa reação, há a formação de uma molécula de água, e a reação de
formação da ligação peptídica está representada na Figura 1.9.

Como você pode ver, o peptídeo de dois aminoácidos (dipeptídeo) possui duas
extremidades, a N-terminal, correspondente ao grupo amino livre, e a C-terminal,
correspondente ao grupo carboxila livre. Por convenção, a extremidade N-terminal
sempre estará à esquerda da cadeia proteica, já a extremidade C-terminal estará à
direita da cadeia proteica. Assim, para a leitura da sequência de aminoácidos da
cadeia proteica, deve-se sempre começar pela extremidade N-terminal.

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Figura 1.9 | Representação da reação de formação da ligação peptídica

0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

ASSIMILE

A síntese proteica depende dos processos de transcrição e tradução.


Inicialmente, as informações referentes às sequências de aminoácidos de
cada tipo proteico se encontram nos genes, segmentos do DNA, presentes
nos cromossomos. Os ribossomos são estruturas citoplasmáticas, formadas
por RNA ribossômico e proteínas, responsáveis pela síntese proteica. Como
as informações genéticas estão no núcleo e os ribossomos estão no
citoplasma, é necessário um intermediário que faça essa comunicação.
Então, as informações genéticas são transferidas para o RNA mensageiro,
em um processo chamado de transcrição; a seguir, o RNA mensageiro sai
do núcleo para o citoplasma, em que se associa aos ribossomos. Essas
estruturas traduzem a linguagem de bases nitrogenadas do RNA
mensageiro em linguagem de aminoácidos para a síntese proteica, por isso,
esse processo é denominado de tradução.

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As proteínas e os peptídeos sofrem digestão no trato gastrintestinal por ação das


proteases e peptidases, enzimas que quebram a ligação entre os aminoácidos. No
estômago, em ambiente ácido (pH entre 1,0 e 3,0), as proteínas sofrem
desnaturação, o que facilita a ação da enzima pepsina, e o resultado dessa

0
digestão química é a formação de aminoácidos e pequenos peptídeos. Em seguida,

seõçatona reV
no duodeno, as enzimas digestivas pancreáticas (tripsina, quimotripsina, elastase),
especialmente a tripsina, bem como as da mucosa duodenal, terminam a digestão
proteica, restando os aminoácidos que serão absorvidos pelas células da mucosa
duodenal por meio do sistema de cotransporte com o íon sódio ( Na ). +

Figura 1.10 | Esquema da digestão proteica e absorção de aminoácidos

Fonte: elaborada pelo autor.

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Os aminoácidos comuns também podem ser classificados conforme a capacidade


de síntese desses aminoácidos pelo organismo; já os aminoácidos não essenciais
são sintetizados pelo organismo em quantidades adequadas à demanda
metabólica; e os aminoácidos essenciais não são sintetizados pelo organismo, por

0
isso, precisam ser obtidos por meio da alimentação. Existe um terceiro grupo, o

seõçatona reV
dos aminoácidos condicionalmente essenciais, que é sintetizado pelo organismo,
porém em determinadas situações, tais como crescimento, gestação e doenças. A
quantidade produzida, por sua vez, não é suficiente para atender às necessidades
metabólicas. Nesses casos, é necessário obter um suprimento adicional por meio
da alimentação.

Quadro 1.2 | Os aminoácidos não essenciais, condicionalmente essenciais e essenciais

Aminoácidos não Aminoácidos condicionalmente Aminoácidos


essenciais essenciais essenciais

Alanina Arginina Histidina

Asparagina Cisteína Isoleucina

Aspartato Glutamina Leucina

Glutamato Glicina Lisina

Serina Prolina Metionina

Tirosina Fenilalanina

Treonina

Triptofano

Valina

Fonte: elaborado pelo autor.

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Os aminoácidos não essenciais e os condicionalmente essenciais são sintetizados a


partir de intermediários de várias vias metabólicas, como a glicólise e o ciclo de
Krebs (mais adiante estudaremos essas vias com mais detalhes). Como os
aminoácidos são compostos nitrogenados, o nitrogênio é essencial para a síntese

0
dessas moléculas. O nitrogênio é obtido pelo organismo por meio da alimentação,

seõçatona reV
especialmente dos aminoácidos contidos nas proteínas dos alimentos; já o
glutamato e o aspartato são sintetizados a partir da adição de grupo amino aos
intermediários do ciclo de Krebs α- cetoglutarato e oxaloacetato, respectivamente;
o glutamato é precursor da glutamina e da prolina, enquanto que o aspartato é
precursor da asparagina; a alanina é sintetizada a partir da adição do grupo amino
ao piruvato, molécula resultante da glicólise; a serina é derivada do 3-
fosfoglicerato, um intermediário da glicólise, por sua vez, é precursora da glicina; a
cisteína é derivada da homocisteína, que é derivada da metionina, um aminoácido
essencial, por isso, a síntese de cisteína depende da ingestão adequada de
metionina; e a tirosina é derivada da fenilalanina, um aminoácido essencial.
Semelhante à cisteína, a síntese de tirosina depende de um suprimento adequado
de fenilalanina na alimentação.

Figura 1.11 | Esquema da biossíntese dos aminoácidos não essenciais

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0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

EXEMPLIFICANDO

A homocisteína é um aminoácido derivado da metionina e atua como


precursora da biossíntese da cisteína. As vitaminas B6 e B12 atuam como
cofatores nas reações metabólicas da homocisteína, e altos níveis
plasmáticos de homocisteína têm sido associados a um risco maior de
doenças cardiovasculares. A hiperhomocisteinemia favorece a oxidação da
homocisteína, o que resulta na formação de espécies reativas de oxigênio.
As consequências são a formação de ateromas e o efeito trombogênico; já
as causas da hiperhomocisteinemia são: genética (enzimas defeituosas
envolvidas no metabolismo da homocisteína), deficiência de vitaminas B6 e
B12, uso de alguns fármacos (metotrexato e teofilina) e tabagismo.

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Aqui, encerramos esta seção dedicada ao estudo das propriedades físico-químicas


e funcionais dos aminoácidos, da digestão proteica e da absorção de aminoácidos,
da biossíntese dos aminoácidos não essenciais e dos peptídeos. Na próxima seção,
estudaremos as proteínas e enzimas.

0
seõçatona reV
FAÇA A VALER A PENA
Questão 1
Os aminoácidos comuns podem ser classificados, conforme a natureza química da
sua cadeia lateral, em apolares, polares sem carga elétrica, ácidos e básicos. Além
disso, há uma classificação conforme a capacidade do aminoácido ser
biossintetizado ou não pelo organismo.

Baseado nisso, assinale a alternativa correta.

a. A fenilalanina possui cadeia lateral apolar e é do tipo essencial.

b. A cisteína possui cadeia lateral polar com carga negativa e é do tipo não essencial.

c. O glutamato possui cadeia lateral apolar e é do tipo não essencial.

d. A tirosina é um aminoácido básico e é do tipo essencial.

e. A lisina é um aminoácido ácido e é do tipo não essencial.

Questão 2
Polímeros são grandes moléculas formadas por unidades estruturais menores que
se repetem, chamadas de monômeros. As proteínas, os peptídeos e o DNA são
exemplos de polímeros naturais. No caso das proteínas e dos peptídeos, os
aminoácidos são os monômeros que estão ligados entre si por meio da ligação
peptídica.

Em relação à ligação peptídica, assinale a alternativa correta.

a. A ligação peptídica ocorre entre o grupo amino de um aminoácido e o grupo amino de outro aminoácido
com formação de uma molécula de água.

b. A ligação peptídica é uma ligação do tipo covalente tão forte que só pode ser rompida pela ação de
enzimas específicas: as proteases e peptidases.

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c. A ligação peptídica é resultado da interação entre dois grupos carboxila de aminoácidos diferentes com
formação de uma molécula de água.

d. A ligação peptídica é uma ligação de hidrogênio, pois envolve a interação entre duas moléculas. Essa
ligação é facilmente rompida pelo calor e pelo pH ácido.

0
e. O D-aminoácido é o constituinte das proteínas humanas e a ligação peptídica ocorre entre o grupo amino
de um aminoácido e o grupo carboxila de outro aminoácido.

seõçatona reV
Questão 3
Os aminoácidos não essenciais são sintetizados no organismo humano,
envolvendo várias vias metabólicas. Erros inatos do metabolismo de aminoácidos
ou aminoacidopatias podem afetar a biossíntese de vários desses aminoácidos,
resultando em retardo mental ou em outras anormalidades do desenvolvimento.

Sobre a biossíntese dos aminoácidos não essenciais e as doenças decorrentes de


deficiências nessas vias metabólicas, assinale a alternativa correta.

a. O albinismo, caracterizado pela hipopigmentação da pele, olhos e cabelos é decorrente da deficiência na


produção da melanina. Quando a enzima fenilalanina-hidroxilase está defeituosa, a fenilalanina não é
convertida em melanina nos melanócitos.

b. Na fenilcetonúria, a ação da fenilalanina hidroxilase pode estar ausente ou reduzida, o que resulta em
graus variados de conversão da fenilalanina em tirosina. Isso explica a diversidade de fenótipos com
gravidade variada.

c. Os intermediários de várias vias metabólicas, como a glicólise e o ciclo de Krebs, atuam como inibidores
da biossíntese de vários aminoácidos, como o glutamato, o aspartato e a alanina.

d. A fenilalanina é um aminoácido não essencial e é produzida em quantidade adequada para as


necessidades do organismo. Por isso, na fenilcetonúria, é preciso retirar a fenilalanina da dieta para se evitar
acúmulo desse aminoácido no organismo.

e. A hiperhomocisteinemia é uma consequência do erro inato do metabolismo da fenilalanina. Com isso, há


o aumento do nível plasmático de cisteína, o que estimula a aterogênese e a trombogênese. Assim, o risco é
maior para as doenças cardiovasculares.

REFERÊNCIAS
BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Estrutura e Composição das Proteínas. In:
BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L (Org.). Bioquímica. 7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2014.

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


AMINOÁCIDOS E PEPTÍDEOS

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Christian Grassl

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

SEM MEDO DE ERRAR


A situação-problema se refere à aminoacidopatia de grande importância clínica: a
fenilcetonúria clássica. Essa doença é consequência de uma deficiência na
atividade da enzima fenilalanina hidroxilase, resultado de mutações no gene que
expressa a enzima. Com essas mutações, a informação para a síntese da proteína
é alterada e o RNA mensageiro leva essa informação alterada para os ribossomos.
No momento da tradução, os ribossomos adicionam aminoácidos errados na
sequência da cadeia proteica da fenilalanina hidroxilase, o que resulta em uma
enzima sem afinidade ou com afinidade reduzida à fenilalanina. Dessa maneira, a
enzima se torna incapaz ou com baixa capacidade de catalisar a reação de
conversão da fenilalanina em tirosina. Pacientes que apresentam ausência total da

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atividade da fenilalanina hidroxilase possuem o quadro mais grave da doença,


enquanto que os pacientes com alguma atividade residual da enzima apresentam
quadros menos graves da doença.

0
A fenilalanina é um aminoácido essencial, ou seja, precisa ser obtida por meio da
alimentação, e também é considerada um aminoácido comum, o que significa que

seõçatona reV
é fundamental para a constituição de peptídeos e proteínas. Além desse papel de
constituinte proteico, a fenilalanina é precursora da biossíntese da tirosina,
considerada um aminoácido não essencial. Apesar de ser classificada como não
essencial, a síntese de tirosina no organismo depende da oferta adequada de
fenilalanina na alimentação, bem como da atividade da fenilalanina hidroxilase na
conversão da fenilalanina em tirosina. Nessa reação, há a participação do cofator
tetra-hidrobiopterina, e há variantes de hiperfenilalaninemia que são resultantes
de mutações de enzimas envolvidas no metabolismo da tetrahidrobiopterina.

A tirosina, resultante da reação catalisada pela fenilalanina hidroxilase, é um


aminoácido comum, ou seja, entra na composição de peptídeos e proteínas.
Porém, a tirosina tem outras funções no organismo enquanto precursora de
importantes produtos biológicos. A adrenalina, um hormônio liberado pelas
glândulas adrenais em situação de estresse, é um derivado da tirosina;
neurotransmissores como a noradrenalina e a dopamina também são produtos de
reações químicas que têm a tirosina como precursora. A tirosina também é
precursora da síntese de melanina pelos melanócitos, células presentes na camada
basal da epiderme. A melanina é o pigmento que dá cor à pele e aos pelos
(incluindo o cabelo), por isso, pacientes com fenilcetonúria clássica podem
apresentar hipopigmentação da pele e cabelos, pois há prejuízo na biossíntese de
tirosina e, consequentemente, na síntese de melanina pelos melanócitos.

A triagem neonatal da fenilcetonúria clássica é feita pelo teste do pezinho, no qual


o sangue é coletado do pé do recém-nascido entre o terceiro e o quinto dia do
nascimento. Esse teste também identifica outras doenças congênitas:
hipotireoidismo congênito, doença falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose

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cística, hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase. Caso a criança


apresente um resultado positivo para a hiperfenilalaninemia, são necessários
outros exames para confirmação da doença e para a identificação do tipo de
hiperfenilalaninemia. A maioria dos casos confirmados é de fenilcetonúria clássica,

0
e devido a sua gravidade, recomenda-se o início do tratamento imediatamente.

seõçatona reV
Conforme o Ministério da Saúde, cerca de 80% dos recém-nascidos no Brasil
realizam o teste do pezinho. Como a cobertura não é completa, muitos casos de
fenilcetonúria são diagnosticados tardiamente, com quadros clínicos mais graves,
por isso, é importante que os profissionais de saúde orientem os pais sobre os
benefícios da detecção precoce, bem como as doenças que são detectadas no
teste e os seus riscos para a criança. Além disso, é necessário orientar os pais
sobre os exames confirmatórios em casos positivos no teste. Devido ao impacto
emocional de um resultado positivo, é importante o processo de
acompanhamento e recebimento dos resultados pelo profissional de saúde.

O tratamento deve ser instituído o mais rápido possível, sendo ideal até o décimo
dia do nascimento. Ele envolve uma dieta restrita de fenilalanina, mas não da
ausência de fenilalanina na dieta, pois esse aminoácido essencial é constituinte de
peptídeos e proteínas. Com o diagnóstico logo após o nascimento e a rápida
instituição da dieta restrita de fenilalanina, as consequências da doença podem ser
prevenidas e a criança pode se desenvolver e ter uma expectativa de vida normal.
Além da dieta restrita, são necessárias fórmulas alimentares para o suprimento
adequado de vitaminas, sais minerais e outros aminoácidos essenciais. Dicloridrato
de Sapropterina, forma sintética de tetrahidrobiopterina, tem apresentado bons
resultados em parte dos pacientes com fenilcetonúria, reduzindo os níveis de
fenilalanina no organismo.

O aconselhamento genético pode ser uma ferramenta muito útil com os pacientes
com fenilcetonúria e familiares. Esse processo, que deve ser realizado por
profissionais da saúde devidamente capacitados, visa ao prognóstico, ao manejo
da doença, às opções reprodutivas e ao apoio psicoterapêutico. O profissional de

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saúde tem que estar preparado para orientar sobre métodos contraceptivos, fazer
o prognóstico e orientar sobre os cuidados de uma possível futura criança com
essa condição genética.

0
Nessa situação, você pôde perceber que lidamos com diversas informações para
podermos triar um caminho para a resposta, mas não se esqueça de que você

seõçatona reV
ainda pode indicar outras possibilidades de resposta para os questionamentos que
foram levantados, vá em frente!

AVANÇANDO NA PRÁTICA
EXEMPLO DE USO FARMACOLÓGICO DE AMINOÁCIDO
Você trabalha em um pronto-socorro. No seu plantão, foi admitido um homem de
35 anos com náuseas, vômitos, dor abdominal e anorexia. Nos exames clínicos, o
paciente apresentou as enzimas hepáticas TGO (transaminase glutamato-
oxaloacetato) e TGP (transaminase glutamato-piruvato) elevadas, além de
prolongado tempo de protrombina (proteína relacionada com a coagulação
sanguínea). O paciente relatou que estava com muita dor de cabeça, por isso,
tomou grande quantidade de paracetamol, desejando um efeito mais rápido, e
com essas informações, o paciente foi diagnosticado com hepatite
medicamentosa. Frente a isso, como você explicaria a relação entre o consumo
elevado de paracetamol e a hepatite medicamentosa. A equipe médica prescreveu
acetilcisteína para o paciente, porém ele questionou o uso desse fármaco com
você, uma vez que alegou usar acetilcisteína para tratar a congestão nasal nos seus
episódios de rinite. Como esse medicamento também pode ser usado para
proteger o fígado da intoxicação por paracetamol? O que você responderia ao
questionamento do paciente?

RESOLUÇÃO 

Para atender aos questionamentos levantados, é preciso que se atente ao fato


de que o paracetamol é biotransformado no fígado, gerando compostos
reativos que podem causar danos aos hepatócitos. Normalmente, esses

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compostos reativos são neutralizados por um tripeptídeo com ação


antioxidante, a glutationa, por isso, o uso do paracetamol, em doses
moderadas, não provocaria danos aos hepatócitos. Porém, no caso relatado, o
paciente fez uso excessivo de paracetamol, o que acabou resultando na

0
formação de grande quantidade de compostos reativos no fígado. Nesse caso,

seõçatona reV
o nível hepático de glutationa não foi suficiente para neutralizar todos os
compostos reativos formados, consequentemente, esses compostos reagiram
com os componentes proteicos e lipídicos dos hepatócitos, resultando em um
processo inflamatório, denominado hepatite medicamentosa (inflamação no
fígado provocada por medicamento). As manifestações clínicas, o relato do
paciente e os exames bioquímicos (TGO e TGP são enzimas hepáticas que
participam do ciclo da ureia) são indicativos de um quadro de hepatite
medicamentosa. A acetilcisteína prescrita pela equipe médica é usada como
antídoto em casos de intoxicação por paracetamol com riscos hepáticos. Esse
fármaco, de fato, tem propriedades mucolíticas e fluidificantes, o que justifica o
seu uso nos processos congestivos nasais e paranasais, bem como em
pacientes com muita secreção brônquica viscosa e com dificuldade de
expectoração. Porém, a cisteína presente no fármaco também possui ação
antioxidante direta e é precursora da síntese de glutationa, logo, o fármaco
estimula a síntese de glutationa, o que eleva o nível hepático desse peptídeo
para neutralizar o excesso de compostos reativos derivados da
biotransformação do paracetamol.

Essa poderia ser uma forma de responder a essa situação, e a partir do que foi
discutido nesta seção, você tem plena capacidade de propor uma nova
resposta.

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NÃO PODE FALTAR Imprimir

PROTEÍNAS E ENZIMAS

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Christian Grassl

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

PRATICAR PARA APRENDER


Caro aluno, chegamos à última seção da Unidade 1, na qual abordaremos a
estrutura da proteína, a digestão intracelular das proteínas, as enzimas e a catálise
enzimática. As proteínas são extremamente importantes para o desenvolvimento,
o crescimento e a manutenção do organismo, exercendo uma grande variedade de
funções. Temos proteínas que atuam na defesa do organismo (anticorpos,
citocinas), transporte e armazenamento de substâncias (hemoglobina, ferritina),
regulação do volume plasmático (albumina), movimento (actina, miosina),
sustentação (queratina, colágeno), hormônios (insulina, hormônio do crescimento)
e em tantas outras funções. Uma das funções mais importantes das proteínas e
que possibilitam a existência da vida é a de catalisadoras.

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O organismo é um complexo conjunto de reações químicas, que chamamos de


metabolismo. Praticamente todas as reações químicas do nosso metabolismo são
muito lentas, sendo incompatíveis com a manutenção da vida, por isso o papel
crucial das enzimas, as proteínas que agem como catalisadoras biológicas. As

0
enzimas aumentam a velocidade das reações químicas que ocorrem no organismo,

seõçatona reV
possibilitando a produção de energia, a digestão de nutrientes, a síntese de
biomoléculas (lipídios, nucleotídeos e carboidratos), a replicação do DNA, o
crescimento celular etc.

Ainda nesta seção, estudaremos os níveis de estrutura das proteínas e a relação


entre estrutura tridimensional e função das proteínas. Estudaremos a relação
entre informação genética e a proteína funcional. Mutações nos genes alteram as
informações genéticas, o que resulta em proteínas com estruturas alteradas e,
possivelmente, com ausência ou prejuízo da função. Essas mutações genéticas são
causas ou fatores predisponentes de muitas doenças.

Na sua prática profissional, você, provavelmente, entrará em contato com os


aminoácidos, os peptídeos e as proteínas em diferentes situações, logo, os
assuntos abordados nesta seção são relevantes para a sua formação profissional,
levando-o a ser um profissional capacitado para compreender, analisar e resolver
várias situações clínicas.

Para contextualizar a sua aprendizagem, imagine que você está trabalhando com
pesquisas científicas em uma grande empresa farmacêutica. O setor em que você
está empregado é o de desenvolvimento de fármacos antivirais. A sua linha de
pesquisa envolve o estudo de um determinado vírus, denominado provisoriamente
de vírus X. Os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios e têm grande
importância clínica devido ao potencial patogênico.

O vírus X tem uma estrutura extremamente simples, formado por um genoma de


RNA fita simples, envolvido por uma capa proteica chamada de capsídeo e
externamente há um envoltório lipídico chamado de envelope. Além disso, o vírus
carrega uma enzima específica chamada de DNA polimerase dependente de RNA

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ou transcriptase reversa. No envelope do vírus, há proteínas que reconhecem uma


proteína específica na membrana da célula hospedeira, no caso, os linfócitos T.
Uma vez que ocorre a interação entre a proteína viral e a proteína do linfócito T, o
vírus consegue penetrar na célula.

0
Uma vez dentro da célula, o vírus libera o seu genoma RNA que servirá de molde

seõçatona reV
para a síntese de DNA dupla fita viral em uma reação catalisada pela transcriptase
reversa. O DNA viral é integrado no genoma do linfócito T em uma reação
catalisada por outra enzima específica do vírus, a integrase.

No mercado, há fármacos que inibem várias enzimas virais importantes, o que


prejudica a replicação do vírus e reduz a carga viral do paciente. Porém, muitos
desses fármacos estão perdendo efeito, pois estão surgindo cepas virais
resistentes. O grande problema do tratamento contra esse vírus é a alta taxa de
mutação que ocorre durante a replicação viral.

Após essa exposição, surgem questões importantes que devem ser do seu domínio
para o progresso da pesquisa:

1. Na etapa de fixação do vírus no linfócito T, ocorre a interação entre a proteína


viral e a proteína celular, segundo o modelo chave-fechadura. Algumas pessoas
possuem mutação no gene que expressa a proteína reconhecida pelo vírus, o
que resulta em alteração na conformação proteica. As pessoas portadoras
dessa mutação gênica são resistentes ao vírus, frente a isso, como você
explicaria esse fato?

2. Os vírus X possuem uma alta taxa de mutação durante a replicação viral. Como
isso afeta a estrutura e a função das proteínas virais?

3. Ao conversar com um amigo não pertencente à área da Saúde sobre o seu


trabalho, ele questionou o motivo de tantas pesquisas. Bastava criar um
medicamento para bloquear a proteína celular que é reconhecida pelo vírus! E,
aí? A solução é assim, simples mesmo? Qual seria a sua resposta ao amigo?

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4. A empresa farmacêutica pretende desenvolver um tratamento direcionado às


enzimas transcriptase reversa e integrase. Proponha um modelo de ação aos
fármacos que serão desenvolvidos.

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5. Como a enzima transcriptase reversa atua? Explique considerando o substrato,
a energia de ativação e o produto formado na catálise enzimática.

seõçatona reV
Essas questões são apenas o ponto de partida para mais questionamentos e para
estimular a sua procura por mais conhecimentos. A situação-problema proposta é
uma pequena amostra da importância das proteínas na prática clínica e nas
pesquisas na área da saúde.

A superação das dificuldades nos estudos com dedicação, esforço e força de


vontade promove um crescimento e um amadurecimento enquanto ser humano e
como futuro profissional. Seja o protagonista da sua história de conquistas
acadêmicas e profissionais. Então, aos estudos!

CONCEITO-CHAVE
Nesta seção, estudaremos os aspectos estruturais e funcionais das proteínas, que
são fundamentais para o desenvolvimento, o crescimento e a manutenção do
organismo, exercendo diversas funções. Entre essas funções, podemos destacar a
defesa do organismo (anticorpos, citocinas, complexo principal de
histocompatibilidade), a sustentação (colágeno, elastina, queratina), o transporte e
o armazenamento de substâncias (hemoglobina, mioglobina, ferritina), movimento
(actina, miosina, troponinas, tropomiosina), a recepção de sinais para a célula
(receptores para neurotransmissores, hormônios e outros ligantes), a geração de
impulsos elétricos (canais sódio voltagem-dependentes), os hormônios (insulina,
glucagon, hormônio do crescimento), a manutenção do volume intracelular
(bomba sódio-potássio ATPase), a manutenção do volume plasmático (albumina), a
regulação da pressão arterial (angiotensina) e os catalisadores (enzimas).

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Existem milhares de proteínas diferentes no ser humano, cada qual com uma
sequência única de aminoácidos. As informações para a síntese dessas sequências
únicas estão nos genes, nos segmentos do DNA (ácido desoxirribonucleico). As
moléculas de DNA, por sua vez, formam os cromossomos que estão presentes nos

0
núcleos das células, portanto, no DNA, estão codificadas as informações para a

seõçatona reV
síntese de qualquer proteína ou peptídeo do organismo.

As informações genéticas, presentes no DNA, não são decodificadas diretamente


pelos ribossomos. Por isso, é necessário, inicialmente, sintetizar uma molécula
intermediária. No caso, essa molécula é o RNA (ácido ribonucleico) do tipo
mensageiro. Dessa forma, a molécula de DNA serve de molde para a síntese do
RNA mensageiro, reação catalisada pela enzima RNA polimerase, em um processo
chamado de transcrição. Em seguida, o RNA mensageiro leva a informação contida
no gene para os ribossomos, estruturas citoplasmáticas formadas por proteínas e
RNA ribossômico, que fazem a “leitura” desse RNA e “traduzem” a informação em
sequência de aminoácidos. A síntese de proteínas é denominada tradução, pois a
linguagem de bases nitrogenadas é traduzida para a linguagem de aminoácidos,
portanto, as informações contidas no DNA são expressas em proteínas.

Para exercer a sua atividade, a proteína deve apresentar um arranjo tridimensional


específico ou de conformação, e para se atingir essa complexidade estrutural, é
possível considerar quatro níveis de organização da estrutura de uma proteína:
estrutura primária, estrutura secundária, estrutura terciária e estrutura
quaternária. A estrutura primária corresponde à sequência linear de aminoácidos
unidos entre si pelas ligações peptídicas. Como visto na seção anterior, a ligação
peptídica é formada pela ligação entre o grupo carboxila de um aminoácido e o
grupo amino de outro aminoácido, com formação de uma molécula de água. A
Figura 1.12 mostra a formação da ligação peptídica e a sequência primária. Essas
sequências de aminoácidos dependem das informações genéticas que são
traduzidas pelos ribossomos.

Figura 1.12 | Reação de formação da ligação peptídica e da estrutura primária

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

O próximo nível de organização estrutural é a estrutura secundária. Ela é composta


por arranjos de aminoácidos que se repetem ao longo da sequência linear,
resultado das interações entre os aminoácidos vizinhos. Essas interações são
mediadas por pontes ou ligações de hidrogênio entre o átomo de oxigênio do
grupo carboxila de um aminoácido e o átomo de hidrogênio do grupo amino de
outro aminoácido localizados próximos na sequência linear. Existem muitas
estruturas secundárias estáveis ao longo da cadeia proteica, porém as duas mais
frequentes são a hélice α (alfa) e a folha β (beta). A hélice α apresenta estrutura
helicoidal, bem compacta e com as cadeias laterais dos resíduos (aminoácidos
constituintes da cadeia proteica), estendendo-se para fora do eixo central. A folha
β apresenta estrutura composta por dois ou mais segmentos da cadeia proteica
que estão em paralelo e unidos por ligações de hidrogênio. Como o esqueleto da

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cadeia proteica apresenta uma forma de zigue-zague, essa estrutura também


recebe o nome de folha β pregueada. Ambas as estruturas estão representadas na
figura 1.13.

0
Figura 1.13 | Representação das estruturas secundárias

seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

Na estrutura terciária, a proteína adquire a sua conformação tridimensional por


meio do dobramento da cadeia polipeptídica. As cadeias laterais de aminoácidos
próximos ou distantes interagem entre si, além das interações entre as estruturas
secundárias presentes na cadeia polipeptídica. A estrutura terciária é estabilizada
pelas ligações intermoleculares, como as ligações de hidrogênio, as ligações de van
der Waals, as pontes dissulfeto e as ligações iônicas. Na proteína com estrutura
terciária, há regiões funcionais chamadas de domínios, responsáveis pela interação
com o substrato ou ligante. Portanto, na estrutura terciária, a proteína apresenta
função. Caso a proteína seja composta por duas ou mais cadeias polipeptídicas,

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interagindo entre si, a estrutura resultante é a quaternária. Cada uma dessas


cadeias polipeptídicas, dentro da estrutura quaternária, é chamada de subunidade.
Como exemplo, temos a hemoglobina, uma proteína formada por quatro
subunidades. As interações intermoleculares que estabilizam a estrutura

0
quaternária são: ligações de hidrogênio, pontes dissulfeto (ver a Figura 1.15),

seõçatona reV
ligações de van der Waals e ligações iônicas. A proteína em estrutura quaternária
também apresenta função. Na Figura 1.14, podemos ver a representação das
estruturas terciária e quaternária, ambas as estruturas estabilizadas por interações
intermoleculares.

Figura 1.14 | Representação das estruturas terciária e quaternária

Fonte: elaborada pelo autor.

ASSIMILE

A ligação de hidrogênio se forma entre o hidrogênio (polo positivo) de uma


molécula e o oxigênio (polo negativo) de outra molécula. Nas moléculas
apolares (hidrofóbicas), não há presença de polos positivo e negativo
permanentes, porém podem ocorrer distorções momentâneas nas nuvens
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de elétrons dos átomos constituintes, formando dipolos transitórios. Com


isso, surgem interações entre os polos de cargas opostas enquanto durar o
dipolo transitório, logo, as ligações de van der Waals são momentâneas e
bem mais fracas que as interações entre as moléculas polares. As ligações

0
iônicas ocorrem entre as cargas elétricas de moléculas diferentes, podendo

seõçatona reV
ser atrativas (entre cargas opostas) ou repulsivas (entre cargas com sinais
iguais). A ponte dissulfeto ocorre entre os grupos sulfidrila (-SH) de dois
resíduos de cisteína, podendo estar na mesma cadeia polipeptídica
(estrutura terciária) ou em cadeias polipeptídicas diferentes (estrutura
quaternária). Todas essas interações intermoleculares são fracas e
rompidas pelo calor e por alterações do pH do meio.

Figura 1.15 | Formação da ponte dissulfeto a partir de dois aminoácidos cisteína

Fonte: elaborada pelo autor.

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O dobramento da cadeia polipeptídica é determinado pela interação entre as


cadeias laterais dos aminoácidos adjacentes e distantes que estão presentes na
sequência linear, portanto, a sequência de aminoácidos da estrutura primária
determina o padrão de dobramento da proteína. Uma alteração na sequência

0
primária, decorrente de mutação no gene, resulta em alteração no padrão de

seõçatona reV
dobramento da proteína, o que pode acarretar em perda ou prejuízo da sua
função, causa ou fator predisponente de muitas doenças. Existem proteínas que
participam do processo do dobramento das cadeias polipeptídicas chamadas de
chaperonas ou proteínas de choque térmico. Além do dobramento da cadeia
polipeptídica, as propriedades funcionais das proteínas também são dependentes
de modificações pós-traducionais que ocorrem no retículo endoplasmático rugoso
e no complexo de Golgi com a adição de grupos químicos nos aminoácidos
presentes na proteína. Por exemplo, a adição de grupo hidroxila (hidroxilação) nos
aminoácidos prolina e lisina da proteína colágeno resulta na formação de
hidroxiprolina e hidroxilisina, respectivamente. Esses dois aminoácidos
modificados são essenciais para a atividade do colágeno na resistência à tensão
em vários tecidos (pele, parede dos vasos sanguíneos, ossos etc.). A desnaturação
da proteína é a perda da sua estrutura tridimensional (terciária ou quaternária)
devido ao rompimento das interações intermoleculares entre os seus aminoácidos
constituintes, resultado da ação do calor e/ou de alterações do pH. Com a
desnaturação, a proteína perde a sua função. Já as ligações peptídicas são
mantidas, pois são rompidas apenas pela ação de enzimas específicas (as
proteases) em um processo chamado de proteólise.

EXEMPLIFICANDO

O calor e a alteração de pH podem romper apenas parte das interações


intermoleculares entre os aminoácidos constituintes de uma proteína, mas
o suficiente para prejudicar a sua função. Por isso, é importante a
manutenção do pH do sangue, obtido pelos sistemas-tampão, sistema
respiratório e sistema renal, para manter as funções do organismo (revisar

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a seção 1). As vacinas e as insulinas (fármacos usados para reduzir a


glicemia) são constituídas de proteínas e, por isso, podem ter as suas
estruturas e funções prejudicadas com as altas temperaturas, portanto,
vacinas e insulinas devem ser mantidas refrigeradas para se preservar as

0
suas funções.

seõçatona reV
As proteínas são constantemente sintetizadas e degradadas, permitindo a
renovação proteica. Além disso, muitas proteínas são dobradas de forma errada e
precisam ser degradadas. A degradação proteica ocorre por meio do rompimento
das ligações peptídicas, um processo chamado de proteólise, catalisado por
enzimas específicas: as proteases e peptidases. No meio intracelular, a proteólise é
realizada pelos lisossomos e pelos proteassomos. Os lisossomos são vesículas
membranosas que contêm diversas enzimas, como proteases, lipases,
ribonucleases e outras. Essas enzimas funcionam em pH ligeiramente ácido, em
torno de 5, degradando as proteínas de origem extracelular e as intracelulares pelo
processo de autofagia.

Os proteassomos são complexos proteicos, formados por uma unidade catalítica


central e duas unidades regulatórias nas extremidades, que realizam uma
proteólise dependente de ATP. Inicialmente, as proteínas que precisam ser
degradadas são ligadas a uma cadeia de várias proteínas chamadas de ubiquitina,
em uma sequência de eventos com participação de enzimas e com gasto de
energia. A proteína alvo marcada com a cadeia de poliubiquitina é reconhecida
pela unidade regulatória do proteassomo; as ubiquitinas são removidas da
proteína alvo, que, em seguida, é direcionada para o centro catalítico do
proteassomo para o processo de proteólise; na outra extremidade do
proteassomo, pequenos peptídeos, os produtos da proteólise, são liberados; e no
citoplasma, peptidases degradam esses pequenos peptídeos, liberando os
aminoácidos.

Figura 1.16 | Proteólise dependente de ATP realizada pelo proteassomo

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

Uma classe especial de proteínas (as enzimas) são responsáveis por acelerar as
reações químicas que ocorrem no organismo. Na seção 1, chegamos a estudar as
reações químicas, então, para relembrarmos, em uma reação química, as
moléculas iniciais, chamadas de reagentes, são transformadas em novas
moléculas, diferentes das iniciais, chamadas de produtos. A ocorrência de uma
reação química depende da colisão entre as moléculas reagentes em uma posição
favorável e com energia necessária para o rompimento das ligações químicas entre
os átomos. Essa energia é chamada de energia de ativação e permite a formação
de uma estrutura intermediária entre os reagentes e os produtos. É Esse estado de
transição que permite um rearranjo de átomos com novas ligações químicas, o que
resulta na formação de novas moléculas (produtos).

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Em cada reação química, as quantidades de reagentes e de produtos variam em


um intervalo de tempo. Essa variação é chamada de velocidade da reação química.
Há três fatores que aumentam a velocidade de uma reação química: o primeiro é a
elevação da temperatura que produz um aumento da velocidade de movimento

0
das moléculas reagentes (maior energia cinética), com isso, mais moléculas

seõçatona reV
reagentes apresentam energia igual ou superior à energia de ativação, o que
aumenta o número de colisões que resultam em reação química. O segundo fator
é a maior concentração de moléculas reagentes, pois aumenta as chances de
colisões entre essas moléculas, e o terceiro fator é a presença de catalisadores,
substâncias que reduzem a energia de ativação de uma reação química. Dessa
maneira, ocorre maior número de colisões entre as moléculas reagentes que
resultam em formação de novos produtos e, consequentemente, no aumento da
velocidade dessa reação química. Os catalisadores dos nossos organismos são as
enzimas. Na figura 1.17, podemos ver um gráfico que compara os valores da
energia de ativação em uma reação química não catalisada por enzima e em uma
reação química catalisada por enzima.

Figura 1.17 | Catálise enzimática e energia de ativação

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

As reações químicas que ocorrem no organismo são extremamente lentas e não


podem sustentar a vida sem a presença das enzimas. Essas proteínas são os
catalisadores biológicos e aceleram a velocidade das reações químicas do
organismo. O termo metabolismo se refere ao conjunto das reações químicas do
organismo, então, podemos dizer que as enzimas catalisam o metabolismo. Cada
reação química é catalisada por uma enzima específica, e essa especificidade é
consequência da estrutura tridimensional (terciária ou quaternária) da enzima,
pois durante o dobramento da enzima, ocorre a formação de fendas, em que as
moléculas reagentes se encaixam adequadamente. As moléculas reagentes são
chamadas de substratos, enquanto que as fendas na estrutura tridimensional são
chamadas de sítios catalíticos. Dessa maneira, podemos dizer que os substratos e
os sítios catalíticos possuem formatos complementares, o que permite o encaixe
adequado. O cientista alemão Emil Fischer propôs, no início do século XX, o modelo
chave-fechadura para explicar o complexo enzima-substrato.

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Atualmente, o mecanismo catalítico das enzimas é melhor compreendido.


Inicialmente, os sítios catalíticos não têm um formato rígido para os substratos,
assim, à medida que ocorrem as interações entre os sítios catalíticos e os
substratos, há uma pequena alteração na conformação das enzimas, o que

0
permite um melhor ajuste dos sítios catalíticos ao redor dos substratos. Esse é o

seõçatona reV
modelo de ajuste (ou encaixe) induzido, como está representado na Figura 1.18.
Dessa forma, há o aumento das interações entre os substratos e os sítios
catalíticos das enzimas, o que possibilita reduzir a energia de ativação das reações
químicas e, consequentemente, aumentar a velocidade dessas reações químicas. A
catálise enzimática (reação química catalisada pela enzima) pode ser influenciada
por três fatores: concentração de substrato, temperatura e pH. Em relação ao
primeiro fator, quanto maior a concentração de substrato, maior é a saturação das
enzimas (sítios catalíticos ocupados por substratos) e maior é a velocidade da
catálise enzimática. Em relação à temperatura, existe um valor ótimo para a
atividade máxima das enzimas. Com o aumento ou a diminuição da temperatura
em relação ao valor ótimo, a atividade enzimática é reduzida. Quanto ao terceiro
fator, as enzimas possuem valores ótimos de pH para as suas atividades catalíticas.
Em geral, a maioria das enzimas tem atividade catalítica máxima em pH neutro,
porém algumas enzimas possuem outros valores ótimos de pH. Por exemplo: a
pepsina (a enzima proteolítica do suco gástrico), que possui pH ótimo em torno de
2 a 3.

Figura 1.18 | Modelo do ajuste induzido

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Fonte: elaborada pelo autor.

REFLITA

A hipotermia tem papel de neuroproteção em casos de lesões neurológicas,

0
como em casos de acidentes vasculares encefálicos isquêmicos (AVEi). Após
o retorno da oxigenação ao tecido isquêmico, o estresse oxidativo pode

seõçatona reV
promover lesões adicionais na área lesada. O estresse oxidativo é um
processo que envolve enzimas na produção de espécies reativas de
oxigênio. Considerando apenas esse mecanismo fisiopatológico, reflita
como a hipotermia pode preservar a zona de penumbra isquêmica (tecido
nervoso em risco que circunda a área isquêmica central). A hipotermia
poderia ser útil também nas lesões isquêmicas do miocárdio?

A nomenclatura das enzimas é dada conforme o substrato ou a reação química


catalisada e o sufixo -ase. Por exemplo: a lactase, enzima que catalisa a hidrólise
da lactose, o açúcar encontrado no leite. Outro exemplo: a aspartato
aminotransferase, enzima que catalisa a transferência do grupo amino do
glutamato para o oxaloacetato, o que resulta na formação do aspartato. Há
exceções na nomenclatura de enzimas, pois algumas mantêm os seus nomes
originais, como a pepsina (protease presente no suco gástrico) e a tripsina
(protease presente no suco pancreático). Para manter atividade catalítica
adequada, as enzimas precisam da participação de um componente químico
chamado de cofator. A holoenzima é o nome dado para o conjunto formado pela
enzima e pelo cofator. Os cofatores podem ser íons inorgânicos ou moléculas
orgânicas. Como exemplos de íons inorgânicos como cofatores, temos o íon M g 2+

na hexocinase (enzima que catalisa a transferência do grupo fosfato do ATP para a


glicose com a formação do produto glicose 6-fosfato) e o íon Zn 2+
na anidrase
carbônica (enzima que catalisa as reações químicas do sistema-tampão do íon
bicarbonato). As moléculas orgânicas que atuam como cofatores são chamadas de
coenzimas, em geral, derivadas de vitaminas. Como exemplos de coenzima, temos
a flavina adenina dinucleotídeo ou FAD, derivada da vitamina B2 ou riboflavina,
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presente na succinato desidrogenase (enzima que catalisa a conversão do


fumarato em succinato no ciclo de Krebs), e o tetrahidrofolato, derivado do ácido
fólico, presente em várias reações químicas de síntese de aminoácidos e
nucleotídeos.

0
Muitas proteínas têm importância na prática clínica, atuando como biomarcadores

seõçatona reV
para diagnóstico e prognóstico de doenças ou danos teciduais. No caso de lesões
isquêmicas do miocárdio, que podem evoluir para o infarto agudo do miocárdio
(IAM), temos os seguintes biomarcadores:

1. Creatina quinase – 2 ou CK-2 ou CK-MB: a creatina quinase é a enzima que


catalisa a fosforilação da creatina, formando a fosfocreatina, um reservatório
de energia para os tecidos. Essa enzima é formada por duas subunidades, B e
M. Existem três isoformas da enzima: CK-1 ou CK-BB (encontrada no encéfalo e
músculo liso), CK-2 ou CK-MB (encontrada no miocárdio) e CK-3 ou CK-MM
(predominante no músculo esquelético). Quando há lesão das células do
miocárdio, como ocorre em caso de infarto agudo do miocárdio (IAM), CK-2 ou
CK-MB é liberada para a corrente sanguínea, aumentando a sua concentração
plasmática. Essa concentração plasmática se eleva de 3 a 8 horas após a lesão
miocárdica, atingindo o pico entre 12 e 24 horas, e normaliza em 72 a 96 horas.

2. Troponinas: proteínas que regulam o processo contrátil de músculos


esquelético e cardíaco. Há três tipos: troponina T (possui afinidade com a
tropomiosina, outra proteína que participa da regulação da contração
muscular), troponina I (possui afinidade pela actina, proteína responsável pela
contração muscular com a miosina) e troponina C (possui afinidade pelos íons
cálcio, responsáveis pelo início da contração muscular). As fibras musculares
cardíacas possuem as troponinas T (TnT) e I (TnI) específicas, enquanto que a
troponina C é não específica. Assim, quando há lesão no miocárdio, as
troponinas cardioespecíficas (cTnT e cTnI) são liberadas para a corrente
sanguínea, havendo um aumento da concentração plasmática dessas

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proteínas. Essa concentração atinge o pico 12 horas após o início da lesão e


permanece elevada por 3 a 10 dias.

3. Mioglobina: proteína presente nas fibras musculares cardíaca e esquelética e

0
responsável por armazenar e facilitar a difusão de gás oxigênio no citoplasma
das fibras musculares. Apesar da inespecificidade, a dosagem plasmática dessa

seõçatona reV
proteína pode auxiliar no diagnóstico de infarto agudo do miocárdio (IAM).
Após lesão do miocárdio, a concentração plasmática se eleva em 1 a 2 horas,
atingindo o pico de cerca de 12 horas e normalizando em 24 horas.

Aprofundando um pouco mais na cinética enzimática, vamos analisar graficamente


a relação entre a velocidade da catálise enzimática e a variação da concentração de
substrato. Essa relação é importante para entendermos os mecanismos dos
inibidores enzimáticos. Então, vamos estudar a equação de Michaelis-Menten, um
modelo para explicar a relação entre velocidade da reação química e concentração
de substratos. Nesse modelo, foi introduzido um parâmetro para se medir a
afinidade da enzima pelo seu substrato: a constante de Michaelis (Km). Essa
constante é uma característica da interação entre uma determinada enzima e seu
substrato, portanto, o valor da constante varia conforme a enzima envolvida na
reação química. O valor da constante de Michaelis corresponde, numericamente, à
concentração de substrato em que a velocidade da reação química é metade de
seu valor máximo. Quando todos os sítios catalíticos das enzimas envolvidas estão
ocupados pelos substratos, a velocidade da reação química atinge o seu valor
máximo. Podemos visualizar melhor esses conceitos no gráfico da Figura 1.19.

Figura 1.19 | Gráfico que mostra a relação entre concentração de substrato e velocidade da reação
química catalisada por enzima

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

O valor da constante de Michaelis determina a afinidade da enzima pelo substrato.


Um valor de constante alto indica baixa afinidade, pois é necessária uma maior
concentração de substrato para se interagir com as enzimas e atingir a metade da
velocidade máxima da reação química. Já um valor de constante baixo indica alta
afinidade da enzima pelo substrato, pois uma concentração menor de substratos
já é o suficiente para se alcançar a metade da velocidade máxima da reação
química. Na Figura 1.20, temos a comparação, no gráfico, de dois diferentes
valores de constante de Michaelis (Km).

Figura 1.20 | Gráfico que compara a cinética enzimática de duas enzimas com valores diferentes de
constante de Michaelis

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

EXEMPLIFICANDO

A constante de Michaelis pode explicar a sensibilidade de algumas pessoas


às bebidas alcóolicas. O etanol ingerido nas bebidas sofre metabolismo no
fígado, sendo convertido, em uma reação catalisada pela enzima álcool
desidrogenase, em acetaldeído. Em seguida, a enzima aldeído
desidrogenase catalisa a conversão do acetaldeído em acetato, e há duas
isoformas de aldeído desidrogenase, uma mitocondrial com valor de Km
mais baixo e uma citoplasmática com valor mais alto de Km. Nas pessoas
mais sensíveis ao etanol, a isoforma mitocondrial é menos ativa, e, desse
modo, o acetaldeído acaba sendo metabolizado de forma predominante
pela isoforma citoplasmática. O resultado é uma reação química mais lenta,
decorrente da menor afinidade do acetaldeído pela enzima, o que leva a
um acúmulo de acetaldeído no organismo. O acúmulo dessa substância é o
responsável pelos sintomas desagradáveis que algumas pessoas mais
sensíveis ao etanol sentem, como taquicardia e rubor facial.

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A atividade enzimática pode ser interrompida ou reduzida pela ação de


substâncias chamadas de inibidores. Esses inibidores interagem com as enzimas,
alterando os parâmetros da cinética química, como a velocidade máxima da reação
química e a constante de Michaelis. Os inibidores são importantes para a regulação

0
de vias metabólicas, como também na prática clínica, pois muitos fármacos e

seõçatona reV
substâncias tóxicas atuam na inibição de enzimas. A inibição da enzima pode ser
reversível, quando ocorre a dissociação rápida da interação entre inibidor e
enzima, ou irreversível, quando a dissociação da interação entre inibidor e enzima
ocorre muito lentamente ou, até mesmo, não ocorre.

Os tipos mais comuns de inibição reversível são a competitiva e a não competitiva.


Na inibição competitiva, o inibidor compete com o substrato pelo sítio catalítico,
reduzindo a velocidade da reação química. O valor da constante de Michaelis é
aumentado na presença do inibidor competitivo, o que indica que uma maior
concentração de substrato é necessária para se atingir a metade da velocidade
máxima da reação química. A inibição competitiva pode ser neutralizada com o
aumento da concentração de substrato, e como os inibidores competitivos podem
bloquear vias metabólicas, são chamados também de antimetabólitos. Muitos
antimetabólitos são usados na prática da saúde para tratamento de várias
condições clínicas. O fármaco metotrexato, utilizado na quimioterapia do câncer, é
um antimetabólito que inibe de forma competitiva a enzima di-hidrofolato
redutase, bloqueando vias metabólicas de biossíntese de bases nitrogenadas
purinas e pirimidinas que entram na composição dos nucleotídeos. Outro exemplo
é o grupo das estatinas (como exemplo, temos: Atorvastatina e Sinvastatina),
fármacos que inibem de forma competitiva a enzima hidroxi-metilglutaril-CoA-
redutase (HMG-CoA-redutase) e, consequentemente, reduzem a síntese de
colesterol pelas células.

Na inibição não competitiva, o inibidor e o substrato ligam-se em sítios diferentes


na mesma enzima. Dessa maneira, o inibidor pode se ligar tanto à enzima livre
quanto à enzima ligada ao substrato. A inibição não competitiva não é anulada
com o aumento da concentração de substratos, como ocorre na inibição
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competitiva; os inibidores não competitivos não alteram a afinidade da enzima


pelo substrato, por isso, o valor da constante de Michaelis não é alterado, porém a
velocidade máxima da reação química é reduzida. Em geral, os inibidores não
competitivos estão mais relacionados com a Toxicologia, como os pesticidas

0
organofosforados, que inibem de forma não competitiva a enzima

seõçatona reV
acetilcolinesterase, responsável por catalisar a hidrólise da acetilcolina. Outro
exemplo é o chumbo, que reage com os grupos sulfidrila (-SH) dos resíduos de
cisteína, inibindo, de forma não competitiva, várias enzimas. Na Figura 1.21,
podemos comparar a cinética da catálise enzimática em 3 situações: apenas com a
enzima, a enzima com o inibidor competitivo e a enzima com inibidor não
competitivo.

Figura 1.21 | Gráfico que compara as curvas da reação em três situações: apenas com a enzima, enzima
+ inibidor competitivo e enzima + inibidor não competitivo

Fonte: elaborada pelo autor.

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Os inibidores irreversíveis ligam-se, de forma muito estável, aos sítios catalíticos


das enzimas. A dissociação desses inibidores das enzimas ocorre de forma muito
lenta ou inutiliza a enzima. Nas duas situações, a atividade catalítica da enzima está
prejudicada, e um exemplo é o ácido acetilsalicílico, um anti-inflamatório não

0
esteroide que inibe, de forma irreversível, a enzima ciclo-oxigenase (COX). O

seõçatona reV
antibiótico penicilina, outro exemplo, atua como inibidor irreversível da enzima
transpeptidase bacteriana, enzima que catalisa a ligação cruzada entre as
moléculas de peptideoglicano, essencial para a estabilidade da parede celular da
bactéria. Outro exemplo que podemos citar é o alopurinol, um fármaco utilizado
no tratamento de gota, que inibe, de forma irreversível, a enzima xantina-oxidase,
o que impede a geração de ácido úrico.

Aqui, terminamos esta seção dedicada ao estudo das propriedades físico-químicas


e funcionais das proteínas, bem como das enzimas e sua atividade catalítica. Trata-
se da última seção da Unidade 1; na próxima, iniciaremos a Unidade 2, que será
dedicada ao estudo dos carboidratos.

FAÇA A VALER A PENA


Questão 1
Considerando a relação estrutura-função, a capacidade funcional de uma proteína
é dependente da sua estrutura tridimensional. Durante o dobramento da proteína,
há a formação de fendas, chamadas de sítios ativos, nas quais há interação com o
substrato ou ligante. Dessa maneira, a proteína exerce a sua função.

Baseando-se nos seus conhecimentos sobre a organização estrutural das


proteínas, assinale a alternativa correta.

a. Com a desnaturação, a proteína retorna à sua estrutura primária, porém ainda mantém função devido à
preservação dos sítios ativos.

b. A estrutura terciária é composta por arranjos de aminoácidos que se repetem ao longo da cadeia
polipeptídica.

c. Na estrutura primária, a sequência linear é mantida pelas ligações de hidrogênio entre os aminoácidos.

d. Tanto na estrutura terciária quanto na estrutura quaternária, a proteína apresenta capacidade funcional.

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e. As ligações químicas que estabilizam a estrutura terciária são fortes e só rompidas pela ação de enzimas
específicas

Questão 2

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O conjunto de proteínas do organismo é constantemente renovado (turnover
proteico). Essa renovação proteica depende da integração dos processos de

seõçatona reV
síntese e de degradação das proteínas. Esses processos são altamente regulados
para manter a quantidade adequada de proteínas para as diversas funções, desde
metabólicas até o controle do crescimento e de diferenciações celulares.

Considerando os conceitos aprendidos sobre síntese e degradação proteicas,


assinale a alternativa correta.

a. As informações da sequência de aminoácidos estão armazenadas no DNA, que, por sua vez, associa-se
aos ribossomos para a síntese de proteínas em um processo chamado de transcrição.

b. A proteína-alvo é marcada por poliubiquitina para ser reconhecida pela unidade regulatória do
proteassomo e, em seguida, é direcionada ao centro catalítico, onde é degradada em pequenos peptídeos.

c. A marcação pela ubiquitina é essencial para que a proteína-alvo seja reconhecida por receptores
específicos nos lisossomos. Em seguida, em pH alcalino, as proteases lisossomais degradam a proteína-alvo.

d. As proteínas extracelulares são endocitadas pela célula e o endossomo se funde com o lisossomo. No
interior do lisossomo, ocorre a proteólise dependente de ATP dessas proteínas mediada pelo proteassomo.

e. As informações contidas no DNA são transcritas no RNA mensageiro, que, em seguida, associa-se aos
proteassomos. Dessa maneira, as informações do RNA mensageiro são traduzidas em sequência de
aminoácidos pelo proteassomo.

Questão 3
As enzimas são uma classe especial de proteínas, essenciais para a manutenção da
vida. As vias metabólicas relacionadas à produção de energia, biossíntese e
degradação são dependentes das enzimas. Em casos de enzimas defeituosas, as
reações químicas catalisadas por essas enzimas são prejudicadas e,
consequentemente, desenvolve-se um quadro patológico.

Em relação às propriedades estruturais e funcionais das enzimas, assinale a


alternativa correta.

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a. Apesar de interagir corretamente com a fenilalanina, a enzima fenilalanina hidroxilase não consegue
reduzir a energia de ativação da reação de conversão da fenilalanina em tirosina, por isso, desenvolve-se um
quadro patológico: a fenilcetonúria.

b. A atividade das enzimas não depende do pH do meio, por isso, a manutenção do pH sanguíneo por
sistemas-tampão é desnecessária para a capacidade funcional das enzimas.

0
c. O ácido ascórbico (vitamina C) é cofator de enzimas para a hidroxilação da prolina e lisina no colágeno.
Apesar de atuar como cofator, a ausência de ácido ascórbico não interfere nas propriedades funcionais do

seõçatona reV
colágeno.

d. Na catálise enzimática, as enzimas aumentam a energia de ativação, pois, assim, mais moléculas de
substrato passam a ter energia suficiente para romper as ligações entre os átomos, o que favorece a
formação dos produtos.

e. Muitas enzimas têm importância clínica no diagnóstico e prognóstico de doenças ou danos teciduais. Um
exemplo é a creatina quinase tipo 2 ou MB, que é biomarcador de lesões no músculo cardíaco.

REFERÊNCIAS
BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Estrutura e Composição das Proteínas. In:
BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L (Org.). Bioquímica. 7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2014.

FERRIER, D. R. Bioquímica Ilustrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.

FUJII, J. Proteínas catalisadoras: enzimas. In: BAYNES, J. W.; DOMINICZAK, M. H.


(Org.). Bioquímica médica. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.

KENNELLY, P. J.; RODWELL, V. W. Água e pH. In: RODWELL, V. W. et al. (Org.).


Bioquímica Ilustrada de Harper. 30. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017.

NAGAI, R.; TANIGUCHI, N. Aminoácidos e proteínas. In: BAYNES, J. W.; DOMINICZAK,


M. H. (Org.). Bioquímica médica. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.

NELSON, D. L.; COX, M. M. (Org.). Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed.


Porto Alegre: Artmed, 2014.

NUSSBAUM, R. L.; MCINNES, R. R.; WILLARD, H. F. Bases moleculares, bioquímicas e


celulares das doenças genéticas. In: NUSSBAUM, R. L.; MCINNES, R. R.; WILLARD, H.
F. (Org.). Thompson & Thompson genética médica. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier,
2016.

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SMITH, C.; MARKS, A. D.; LIEBERMAN, M. Enzimas como catalisadores. In: SMITH, C.;
MARKS, A. D.; LIEBERMAN, M (Org.). Bioquímica médica básica de Marks: uma
abordagem clínica. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

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seõçatona reV

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


PROTEÍNAS E ENZIMAS

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Christian Grassl

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

SEM MEDO DE ERRAR


A situação-problema se refere aos conhecimentos bioquímicos que podem ser
aplicados na Microbiologia, no estudo de vírus. No envelope viral, há proteínas que
reconhecem proteínas da membrana plasmática dos linfócitos T. Essa interação é
do tipo chave-fechadura, isto é, o formato da proteína viral é complementar ao
formato do sítio ativo da proteína do linfócito T. Isso permite a fixação do vírus na
membrana plasmática e sua posterior entrada na célula por meio da endocitose.
No caso de mutações no gene que expressa a proteína reconhecida pelo vírus, a
sequência linear de aminoácidos é alterada, e com a alteração da estrutura
primária, também ocorrem alterações nas interações entre os resíduos da

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proteína, o que resulta em um dobramento diferente. Consequentemente, o sítio


ativo da proteína tem o seu formato alterado e pode não mais permitir o encaixe
da proteína viral, dessa maneira, o vírus não se fixa na membrana plasmática do
linfócito T e, portanto, não tem como infectar a célula. Por isso, as pessoas

0
portadoras dessas mutações gênicas apresentam resistência à infecção pelo vírus.

seõçatona reV
A alta taxa de mutação do vírus X ocorre devido ao fato de o genoma ser de RNA. A
enzima RNA polimerase, responsável pela catálise da replicação de RNA, não
possui capacidade de editar erros, diferentemente da DNA polimerase. Dessa
maneira, ocorrem muitas mutações no genoma, que resultam em alterações na
sequência primária das proteínas, com muitas trocas de aminoácidos na cadeia
polipeptídica. Consequentemente, as interações entre as cadeias laterais desses
aminoácidos também são modificadas, havendo novas possibilidades de
dobramento proteico, logo, as mutações gênicas resultam em novas estruturas
proteicas que podem ser inviáveis ou apresentar novas características funcionais.

A solução mais óbvia para o tratamento seria o desenvolvimento de algum


fármaco para bloquear a proteína da célula que é reconhecida pelo vírus; o
problema é que essa proteína celular não surgiu para ser porta de entrada de
vírus, mas sim apresentar diversas funções para a célula em questão e para os
outros tipos celulares. Muitas dessas funções ainda podem ser desconhecidas, por
isso, ao se bloquear a proteína celular reconhecida pelo vírus, há o impedimento
da infecção, mas também pode acarretar sérios prejuízos em suas propriedades
funcionais.

Os fármacos direcionados às enzimas transcriptase reversa e integrase podem ser


desenhados como inibidores com formatos complementares aos formatos dos
sítios catalíticos dessas enzimas. Dessa maneira, pelo modelo chave-fechadura, os
fármacos se ligam às enzimas, evitando que elas interajam com os seus substratos.
A interação entre os fármacos e as enzimas precisa ser do tipo irreversível, pois,
mesmo na presença de grande quantidade de substrato, os fármacos não são
deslocados por competição aos sítios catalíticos.

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A transcriptase reversa é uma enzima que catalisa a reação de polimerização de


DNA a partir de um molde de RNA, portanto, seguindo as regras de pareamento de
Chargaff, a enzima catalisa a formação das ligações entre os nucleotídeos,
pareados com a sequência do RNA, para a formação do DNA. A síntese de DNA é

0
possível devido à redução da energia de ativação da reação química que envolve a

seõçatona reV
formação das ligações fosfodiéster entre os nucleotídeos.

AVANÇANDO NA PRÁTICA
USO DE INIBIDORES DE ENZIMAS NA ÁREA DA SAÚDE
Você teve a oportunidade de entrar em contato com os conceitos de inibidores
enzimáticos nesta seção. Na sua futura prática profissional, provavelmente, você
entrará em contato com várias dessas substâncias durante a sua rotina de
trabalho. Então, vamos aproveitar o momento e sedimentar um pouco mais esses
conceitos? Vamos imaginar que você faz parte da equipe que está desenvolvendo
um projeto de medicamento para quimioterapia do câncer. Esse medicamento é
um inibidor de uma enzima que atua na biossíntese de nucleotídeos, o que evitaria
o crescimento celular do tumor, mas surgiu uma dúvida! Devemos desenvolver um
inibidor reversível ou irreversível? Competitivo ou não competitivo? E aí? Como
resolver essa dúvida, lembrando que a enzima em questão está presente nas
demais células do corpo e não apenas nas células cancerígenas. E se, por acaso,
existisse uma enzima específica da célula cancerígena não encontrada em outras
células do corpo. Qual tipo de inibição enzimática você sugeriria?

RESOLUÇÃO 

O desenvolvimento de novos medicamentos para o tratamento do câncer é


sempre necessário. Para impedir o crescimento celular rápido do tumor, é
fundamental encontrar meios de inibir vias metabólicas que sejam essenciais
para esse crescimento, podendo ser as vias relacionadas com a produção de
energia ou com a biossíntese de macromoléculas. Para isso, precisamos de
inibidores enzimáticos! No caso apresentado, a via metabólica, alvo da ação do

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medicamento em desenvolvimento, está presente tanto nas células


cancerígenas quanto nas outras células do corpo. Se usarmos um inibidor
irreversível, estaremos inutilizando permanentemente a enzima, logo, teremos
que esperar a síntese de novas enzimas para substituir as que serão

0
inutilizadas pelo inibidor. A inatividade da enzima provocada pelo inibidor

seõçatona reV
irreversível é ótimo meio para induzir a morte das células cancerígenas, porém
afeta as outras células do corpo, promovendo consequências bem graves.
Então, vamos esquecer o inibidor irreversível! Agora nos restaram os inibidores
reversíveis competitivo e não competitivo. Ambos os inibidores reduzem a
atividade enzimática, mas não inativam a enzima, permitindo o seu
funcionamento nas células. Os inibidores competitivos não interferem na
velocidade máxima da reação química, mas aumentam o valor da constante de
Michaelis, ou seja, é necessária uma maior concentração de substrato para
competir com os inibidores pelo sítio catalítico. Conhecendo o substrato, é
mais fácil desenvolver o inibidor, basta que ele tenha um formato bem
semelhante ao do substrato para que possa interagir com o sítio catalítico. Já o
inibidor não competitivo interage em sítio diferente do sítio catalítico, por isso,
não há competição com o substrato. Porém, identificar esses outros sítios que
interferem na atividade enzimática é mais complicado e nem todas as enzimas
apresentam esses sítios, logo, é mais viável desenvolver um medicamento que
seja inibidor reversível competitivo, além de apresentar efeito na inibição da
via metabólica com menos riscos ao paciente (lembre-se de que esse inibidor
não inativa a enzima, apenas reduz a sua atividade). Entre os medicamentos
que atuam como inibidores enzimáticos, a maioria é do tipo competitiva, como
os inibidores da ECA e os anti-inflamatórios não esteroides (exceto o ácido
acetilsalicílico). Se por acaso existir uma enzima específica da célula
cancerígena, não encontrada em outras células do corpo, o uso de inibidor
irreversível seria uma opção perfeita. E, de fato, em tratamentos contra

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infecções por microrganismos, o uso de inibidores irreversíveis direcionados a


enzimas específicas desses microrganismos é uma eficiente estratégia
terapêutica.

0
Esta resolução é uma forma de responder à situação-problema proposta, mas
você, a partir do que foi discutido nesta seção, tem condições de propor novas

seõçatona reV
soluções junto ao seu professor e aos seus colegas.

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NÃO PODE FALTAR Imprimir

INTRODUÇÃO AOS CARBOIDRATOS

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Christian Grassl

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

CONVITE AO ESTUDO
Caro aluno, nesta unidade, abordaremos os conceitos relacionados aos
carboidratos, considerando as suas propriedades químicas e funcionais, e
estudaremos as vias metabólicas envolvidas na produção de energia, sendo que os
carboidratos possuem papel fundamental como fonte e reserva de energia para os
organismos. Na primeira seção, veremos os tipos de carboidrato, isto é, os
monossacarídeos, dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos; vamos
estudar os aspectos químicos e funcionais desses diferentes tipos e, por fim, os
glicoconjugados, ou seja, as moléculas formadas por carboidratos e proteínas: as
glicoproteínas e os proteoglicanos, bem como as moléculas formadas por
carboidratos e lipídios: os glicolipídios.

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Na segunda seção, estudaremos os processos metabólicos envolvendo os


carboidratos; veremos como os carboidratos da nossa alimentação são digeridos e
absorvidos no trato gastrintestinal; daremos início ao estudo das vias metabólicas
produtoras de energia com a glicólise e a oxidação do piruvato, que também

0
fornecem precursores para biossíntese de aminoácidos e lipídios; conheceremos o

seõçatona reV
metabolismo do glicogênio, a nossa reserva de glicose, ao estudarmos a
glicogenólise e a glicogênese; veremos que o organismo é capaz de produzir a sua
própria glicose em um processo chamado de gliconeogênese; e encerraremos a
seção com o controle da glicemia realizado pelos hormônios insulina e glucagon.

Na última seção desta unidade, vamos nos aprofundar um pouco mais na


Bioenergética, a parte da Bioquímica que estuda justamente a produção de
energia pelo organismo; vamos ver o papel do ATP, a nossa molécula que
armazena energia; e continuar com o estudo das vias metabólicas produtoras de
energia, agora, com o ciclo do ácido cítrico ou ciclo de Krebs e a fosforilação
oxidativa, ambas as vias ocorrem nas mitocôndrias, no caso das células
eucarióticas. Além disso, vamos estudar, também, a via da pentose-fosfato para a
síntese da ribose 5-fosfato, essencial para a síntese de nucleotídeos e,
consequentemente, dos ácidos nucleicos DNA e RNA.

A compreensão desses conceitos ampliará os horizontes de análise e de resolução


de várias situações que você poderá vivenciar na sua futura prática profissional na
área da saúde, bem como será uma ferramenta útil para um melhor entendimento
do funcionamento do organismo com a manutenção da homeostasia, dos
mecanismos fisiopatológicos de muitas doenças e da ação farmacológica de
muitos medicamentos. Portanto, os conhecimentos adquiridos nesta disciplina
serão úteis em outras disciplinas, tais como Farmacologia, Patologia, Fisiologia,
Nutrição e muitas outras, então, aos estudos!

PRATICAR PARA APRENDER

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Caro aluno, iniciaremos a nossa jornada pelos assuntos relacionados aos


carboidratos. Essas fascinantes biomoléculas são fontes e reservas fundamentais
de energia para todos os organismos, além de possuírem outras funções, como
componentes de matriz extracelular, sinalização celular, formação da parede

0
celular de plantas e de bactérias, afinal, os carboidratos são as biomoléculas mais

seõçatona reV
abundantes no nosso planeta.

Nesta seção, estudaremos a classificação dos carboidratos em monossacarídeos,


dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos.

Cada uma dessas classes de carboidrato apresenta as suas propriedades químicas


e funcionais. Veremos os principais monossacarídeos, como a glicose, a sua
isomeria, as suas funções e a sua estrutura química. Esses monossacarídeos se
unem por meio das ligações glicosídicas para formar cadeias ou polímeros: os
dissacarídeos, os oligossacarídeos e os polissacarídeos. Esses polímeros de açúcar
possuem muitas funções estruturais e energéticas no organismo, que serão
tratadas nesta seção.

Além disso, vamos ver, também, uma classe especial de carboidrato: os


glicoconjugados. Esses carboidratos são constituídos por unidades de carboidratos
associadas às proteínas e aos lipídios, formando as glicoproteínas e os glicolipídios,
respectivamente. Os glicoconjugados têm atuação na sinalização celular e na
interação entre células.

Finalmente, veremos os proteoglicanos, formados pela associação dos


glicosaminoglicanos com as pequenas cadeias proteicas. Os assuntos abordados
nesta seção serão o passo inicial para o estudo de várias vias metabólicas
envolvidas na produção de energia e no fornecimento de precursores para a
biossíntese de aminoácidos e lipídios.

Na sua prática profissional, você entrará em contato com os carboidratos e as suas


vias metabólicas em diferentes situações. Os assuntos abordados nesta seção são
relevantes para a sua formação profissional, capacitando-o para compreender,
analisar e resolver as situações do dia a dia de um trabalho na área da saúde.
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Para contextualizar sua aprendizagem dentro dos temas desta seção, vamos
analisar a importância dos carboidratos na prática clínica. Temos muitos exemplos
que podem fazer parte dos seus desafios profissionais.

0
Os conhecimentos de Bioquímica adquiridos nesta seção serão úteis para a
compreensão da aplicação clínica dos carboidratos? Bom, veremos isso na

seõçatona reV
situação-problema desta seção.

Imagine que você teve a oportunidade de ser contratado para trabalhar na


farmácia de um grande hospital; há muitos desafios nessa área, bem como
grandes responsabilidades. No primeiro dia do seu trabalho, você verificou as
prescrições de lactulose, heparina e ácido hialurônico. Para saciar a sua
curiosidade, você resolveu estudar esses fármacos.

A lactulose é um laxante administrado por via oral, mas que também é utilizado no
tratamento da encefalopatia hepática. A lactulose é um dissacarídeo formado pela
ligação química entre o carbono 1 da alfa-D-galactose e o carbono 4 da beta-D-
frutose resistente à atividade das glicosidases do trato gastrintestinal. A partir
dessas informações e do conhecimento adquirido nesta seção, como você
explicaria os efeitos da lactulose nos tratamentos da constipação e da
encefalopatia hepática?

A heparina é utilizada como anticoagulante na clínica. Você se lembra de ter


estudado a respeito da heparina na Bioquímica, mais precisamente no tópico de
carboidratos? A heparina é um glicosaminoglicano, e o que é um
glicosaminoglicano? Por que a heparina é classificada como glicosaminoglicano?
Qual é a diferença da heparina em relação aos outros glicosaminoglicanos?

O ácido hialurônico é muito conhecido na Saúde Estética, pois é usado para


tratamento de rugas, uma vez que preenche a derme, amenizando essas
alterações inestéticas. Além desse uso, o ácido hialurônico também é utilizado para
a viscossuplementação, que consiste na aplicação intra-articular de ácido
hialurônico para o tratamento de ostoartrose, com o objetivo de melhorar a

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lubrificação das articulações afetadas. O ácido hialurônico é um açúcar, mas de


qual tipo? Qual é a composição dele? Qual é a relação do ácido hialurônico com o
preenchimento da derme e a viscossuplementação?

0
Que essa situação-problema seja apenas o ponto de partida para mais
questionamentos e para estimular a sua procura por mais conhecimentos.

seõçatona reV
Para se tornar um profissional da saúde capacitado tecnicamente e eticamente, é
necessário que você se dedique à sua formação acadêmica com estudos e
responsabilidade. Seja um protagonista da sua história de conquistas acadêmicas e
profissionais. Então, aos estudos!

CONCEITO-CHAVE
Na unidade anterior, estudamos a nossa primeira classe de biomoléculas formada
por peptídeos e proteínas. Agora, nesta seção, vamos estudar a segunda classe de
biomoléculas: os carboidratos. Também denominadas açúcares, essas
biomoléculas são as mais abundantes no planeta e possuem várias funções no
organismo devido à sua grande diversidade estrutural. Entre essas funções,
podemos destacar a atuação como fontes e reservas de energia, na constituição do
glicocálice, no reconhecimento e na sinalização celulares, na interação entre
células, nos componentes da matriz extracelular e de secreções da mucosa, na
formação de paredes celulares de plantas e bactérias etc. A área de estudo sobre
os carboidratos é chamada de glicobiologia, e o termo glicoma se refere ao
conjunto de todos os carboidratos do organismo.

Há muitas doenças associadas ao metabolismo dos carboidratos, como diabetes


mellitus, intolerâncias à lactose e à sacarose, doenças de armazenamento de
glicogênio e mucopolissacaridoses. Por isso, o conhecimento dos carboidratos,
considerando as suas estruturas, propriedades químicas, funções e metabolismo,
é de grande importância para a clínica e para as pesquisas biomédicas. Então,
vamos iniciar o nosso estudo da glicobiologia.

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Os carboidratos são classificados em monossacarídeos, dissacarídeos,


oligossacarídeos e polissacarídeos. Os monossacarídeos ou açúcares simples são
as menores unidades de açúcar que não podem ser hidrolisadas em carboidratos
mais simples; eles são constituídos por um esqueleto carbônico de três a sete

0
carbonos, e a depender da quantidade de átomos de carbonos na estrutura, os

seõçatona reV
monossacarídeos podem ser classificados em trioses (3 átomos de carbono),
tetroses (4 átomos de carbono), pentoses (5 átomos de carbono), hexoses (6
átomos de carbono) e heptoses (7 átomos de carbono).

Os monossacarídeos são compostos de função orgânica mista do tipo poliálcool-


aldeído ou poliálcool-cetona. Por isso, a depender da função orgânica presente, o
monossacarídeo pode ser classificado como aldoses e cetoses. Nas aldoses, além
do esqueleto carbônico, temos a presença de dois ou mais grupos hidroxila e do
grupo aldoxila na extremidade da cadeia carbônica; já nas cetoses, também
encontramos dois ou mais grupos hidroxila, além do grupo carbonila no meio da
cadeia carbônica. Entre as aldoses, podemos destacar: gliceraldeído (triose),
eritrose (tetrose), ribose (pentose), arabinose (pentose), glicose (hexose), manose
(hexose) e galactose (hexose). Quanto às cetoses, podemos citar alguns exemplos,
como: di-hidroxiacetona (triose), eritrulose (tetrose), ribulose (pentose) e frutose
(hexose). Caso você tenha reparado, os nomes dos monossacarídeos terminam
com o sufixo -ose. Na Figura 2.1, podemos ver as estruturas de alguns desses
monossacarídeos.

Figura 2.1 | Estruturas químicas de monossacarídeos do tipo aldose e cetose

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

Os monossacarídeos apresentam muitos carbonos assimétricos, o que permite a


formação de muitos isômeros. Apesar da possibilidade de vários isômeros, dois
deles têm grande importância: os enantiômeros D e L. A designação de um
monossacarídeo como D ou L depende da sua relação espacial com o
monossacarídeo mais simples: o gliceraldeído. Essa triose possui apenas um
carbono assimétrico (para relembrar os conceitos de isomeria, leia o box Assimile a
seguir), e a disposição do grupo hidroxila (-OH) pode estar à direita, configuração
D, ou à esquerda, configuração L. Os monossacarídeos que apresentarem o
carbono assimétrico mais distante do grupo aldoxila com a mesma configuração
do D-gliceraldeído serão designados como isômero D. Caso, a configuração desse
carbono assimétrico mais distante da aldoxila for a mesma do L-gliceraldeído, o
monossacarídeo será do tipo L. A maioria dos monossacarídeos de ocorrência

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natural possui configuração D, e as enzimas responsáveis pelo metabolismo


desses monossacarídeos são específicas para essa configuração. As estruturas
desses isômeros estão representadas na Figura 2.2.

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ASSIMILE

seõçatona reV
Isomeria é uma propriedade de substâncias orgânicas na qual há formação
de isômeros. Os isômeros são moléculas de mesma fórmula molecular, isto
é, a mesma composição química, porém apresentam fórmulas estruturais
diferentes e, por isso, propriedades diferentes. Existem dois tipos principais
de isomeria, a plana e a espacial. A isomeria espacial tem maior
importância biológica, considerando-se tanto a isomeria cis-trans
(geométrica), importante para o estudo da estrutura de ácidos graxos,
quanto a isomeria óptica, essencial para o estudo das estruturas de
aminoácidos e monossacarídeos. A isomeria óptica está relacionada com a
capacidade de compostos orgânicos em desviar a luz polarizada para
direita, chamados de dextrogiros (D), ou para a esquerda, chamados de
levogiros (L). Essa atividade óptica é resultado da assimetria das moléculas,
ou seja, dependente da presença de carbonos assimétricos ou quirais. Para
ser assimétrico, o carbono precisa estar ligado a quatro grupos diferentes
entre si. Os dois isômeros ópticos, dextrogiro (D) e levogiro (L), também
chamados de enantiômeros, são moléculas orgânicas que são imagens no
espelho uma da outra e não são superponíveis. Esses enantiômeros são
diferenciados pelas enzimas e pelos ribossomos na catálise das reações
químicas, por isso, apenas as formas L-aminoácidos estão presentes nas
cadeias proteicas, bem como a forma D dos monossacarídeos possuem
importância nas vias metabólicas que envolvem os carboidratos.

Figura 2.2 | Estrutura química de alguns isômeros de monossacarídeos

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seõçatona reV

Fonte: elaborada pelo autor.

Os isômeros que diferem nas posições do grupo hidroxila em apenas um carbono


assimétrico são chamados de epímeros. Como exemplos, temos a glicose e a
manose, que são epímeras no carbono 2, e a glicose e galactose, que são epímeras
no carbono 4 (ver a Figura 2.3).

Figura 2.3 | Representação de algumas hexoses epímeras

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

Nas soluções aquosas, as pentoses e as hexoses possuem, predominantemente, a


forma cíclica, ou seja, em forma de anel. Menos de 1% desses monossacarídeos se
encontram na forma acíclica ou de cadeia aberta. Na reação de ciclização, um
grupo hidroxila reage com o grupo aldoxila ou carbonila, formando uma estrutura
em anel. Outra consequência da ciclização é tornar os carbonos dos grupos
aldoxila e carbonila em carbonos assimétricos (na cadeia aberta, esses carbonos
não são assimétricos) e, dessa maneira, formar mais duas possibilidades de
configurações para os monossacarídeos. Essas configurações são denominadas
anômeros e podem ser do tipo alfa ou beta. Considerando a D-glicose, o
monossacarídeo mais comum, temos as configurações alfa-D-glicose e beta-D-
glicose. Sendo assim, pode ocorrer a interconversão entre os anômeros alfa e beta
em solução aquosa, em um processo chamado de mutarrotação. As estruturas dos
anômeros alfa e beta da glicose estão representadas na Figura 2.4

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Figura 2.4 | Representação do processo de ciclização e das estruturas dos anômeros da D-glicose

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

Muitas pentoses e hexoses têm importância fisiológica. Entre as pentoses,


podemos destacar a D-ribose, D-ribulose, D-arabinose e D-xilose. A D-ribose é
componente estrutural dos ribonucleotídeos, base para composição de
importantes biomoléculas, como o RNA (ácido ribonucleico), ATP (trifosfato de
adenosina) e NAD (nicotinamida adenina dinucleotídeo). Os ribonucleotídeos,
compostos formados pela ribose, fosfato e base nitrogenada, servem como
substratos para síntese de desoxirribonucleotídeos, as unidades de construção de
DNA. A D-ribulose é uma intermediária da via da pentose-fosfato, responsável pela
síntese de ribose 5-fosfato a partir da glicose; a D-xilose está presente na porção
glicídica de glicoproteínas. Em relação às hexoses, podemos citar a D-glicose, D-
frutose, D-galactose e D-manose. A D-glicose é o mais abundante monossacarídeo
da Terra, apresentando várias funções, principalmente como fonte e reserva de
energia. A D-frutose também pode ser utilizada como fonte energética na via
glicolítica.

A D-galactose é constituinte da lactose, produzida nas glândulas mamárias, bem


como é componente da parte glicídica de glicoproteínas e glicolipídios; já a D-
manose é constituinte de glicoproteínas, e esses são alguns exemplos de

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monossacarídeos e suas funções no organismo.

Os monossacarídeos são unidades de construção de carboidratos mais complexos:


os dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos. Os monossacarídeos unem-se

0
por meio de ligações químicas covalentes, as chamadas ligações glicosídicas. A
formação dessas ligações é catalisada pelas enzimas glicosiltransferases e são

seõçatona reV
reações de desidratação com formação de moléculas de água. As ligações
glicosídicas são nomeadas conforme o tipo de anômero, alfa ou beta, bem como
os carbonos envolvidos na ligação química. Para que entenda melhor, vamos
utilizar a lactose como exemplo. A lactose é um dissacarídeo formado pela ligação
glicosídica entre o carbono 1 da beta-D-galactose e o carbono 4 da beta-D-glicose,
como pode ser visto na Figura 2.5, por isso, dizemos que essa ligação é do tipo
(beta 1 - 4). Outro exemplo elucidativo é o do glicogênio, um polissacarídeo
formado apenas por moléculas de alfa-D-glicose. As ligações glicosídicas ocorrem
entre o carbono 1 da alfa-D-glicose e o carbono 4 de outra alfa-D-glicose, formando
a ligação do tipo (alfa 1 - 4). Como esse polissacarídeo também é ramificado, temos
outro tipo de ligação glicosídica presente, a que ocorre entre o carbono 1 da alfa-D-
glicose da ramificação e o carbono 6 da alfa-D-glicose da cadeia principal. As
ligações glicosídicas que ocorrem no glicogênio estão representadas na Figura 2.6.

Figura 2.5 | Representação da ligação glicosídica para formação da lactose

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

Figura 2.6 | Representação das ligações glicosídicas na formação do glicogênio

Fonte: elaborada pelo autor.

Os dissacarídeos são carboidratos formados por dois monossacarídeos unidos


pela ligação glicosídica, e os mais abundantes são a sacarose, a lactose e a maltose.
A sacarose, o açúcar extraído da cana e da beterraba, é composta pela alfa-D-
glicose e pela beta-D-frutose unidas pela ligação glicosídica do tipo (alfa 1 - beta 2),
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ou seja, pela ligação química entre o carbono 1 da alfa-D-glicose e o carbono 2 da


beta-D-frutose. A lactose, presente no leite, já foi discutida anteriormente; Já a
maltose, resultado da hidrólise de amido e glicogênio, é um dissacarídeo formado
pela ligação entre o carbono 1 da beta-D-glicose e o carbono 4 de outra beta-D-

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glicose. Outros exemplos de dissacarídeos são: isomaltose, lactulose e trealose.

seõçatona reV
Os oligossacarídeos, por sua vez, são polímeros curtos formados por poucos
monossacarídeos unidos pelas ligações glicosídicas. Em geral, eles estão ligados a
proteínas e esfingolipídeos, formando os glicoconjugados. Já os polissacarídeos ou
glicanos são longas cadeias formadas por muitas unidades de monossacarídeos
ligadas entre si por ligações glicosídicas. Os polissacarídeos podem ser
classificados como homopolissacarídeos e heteropolissacarídeos. Os
homopolissacarídeos são cadeias formadas por apenas um tipo de
monossacarídeo. Como exemplos, temos o glicogênio, a celulose, o amido e a
dextrana (todos formados apenas pelo monossacarídeo glicose). Os
heteropolissacarídeos são cadeias formadas por dois ou mais tipos de
monossacarídeos. Podemos destacar como exemplos de heteropolissacarídeos os
glicosaminoglicanos e o peptideoglicano (componente estrutural da parede celular
de bactérias). Além disso, os polissacarídeos podem ser ramificados ou lineares.
Como exemplos de polissacarídeos ramificados, temos o glicogênio e a
amilopectina (polímero de glicose ramificado que constitui o amido). Em relação
aos polissacarídeos lineares não ramificados, podemos citar a celulose e a amilose
(polímero de glicose não ramificada que também constitui o amido). Na Figura 2.7,
temos ilustrações representativas de homopolissacarídeos e heteropolissacarídeos
ramificados e não ramificados.

Figura 2.7 | Representação ilustrativa de homopolissacarídeos e heteropolissacarídeos ramificados e


não ramificados

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

O glicogênio e o amido são polissacarídeos de armazenamento de moléculas de


glicose e, portanto, são reservas de energia. O amido, constituído por dois
polímeros (a amilose e a amilopectina), é a reserva de energia das células vegetais.
Nas células animais, a reserva de energia é o glicogênio, encontrado
principalmente nas fibras musculares e nos hepatócitos. Tanto no amido quanto
no glicogênio, as moléculas constituintes são alfa-D-glicose, que estão ligadas entre
si por ligações do tipo (alfa 1 - 4), formando as cadeias principais, enquanto que as
ramificações ocorrem com as ligações (alfa 1 - 6). As dextranas são polissacarídeos
ramificados de bactérias e leveduras formados por unidades de D-glicose em
ligações do tipo (alfa 1 - 6) na cadeia principal e ramificações com ligações do tipo
(alfa 1 - 3), principalmente. A celulose, componente da parede celular de plantas, é
um polissacarídeo formado por moléculas de D-glicose unidas entre si por ligações
do tipo (beta 1 - 4).

REFLITA

Você já estudou as enzimas na unidade 1 e aprendeu que essas proteínas


possuem estruturas tridimensionais que determinam a especificidade do
sítio catalítico aos substratos. Temos glicogênio, amido e celulose nos

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alimentos que ingerimos, porém apenas conseguimos digerir o glicogênio e


o amido liberando as unidades de glicose para absorção. A celulose, apesar
de ser um polissacarídeo também formado apenas por glicose, não é
digerido pelos nossos organismos. Como isso é possível? Você tem alguma

0
ideia sobre esse mistério?

seõçatona reV
Os glicosaminoglicanos são heteropolissacarídeos não ramificados formados por
repetições de uma unidade dissacarídica composta por um açúcar ácido e um
açúcar aminado. O açúcar ácido pode ser o ácido D-glicurônico ou ácido L-
idurônico, enquanto o açúcar aminado pode ser D-glicosamina ou D-
galactosamina, podendo estar acetilados ou não. No caso de estarem acetilados,
os açúcares aminados passam a ser chamados de N-acetil-D-glicosamina e N-acetil-
D-galactosamina. Esses açúcares são produtos de modificações químicas na glicose
ou galactose com adição de grupo carboxila para formar açúcar ácido e de grupo
amino para formar açúcar aminado. Na Figura 2.8, podemos ver as estruturas do
ácido D-glicurônico e da D-glicosamina. Os glicosaminoglicanos também podem
conter grupos sulfato, que, com os grupos carboxila, tornam esses polissacarídeos
negativos. Devido a essa natureza negativa, as cadeias de glicosaminoglicanos
mantêm-se estendidas e envolvidas por moléculas de água, e isso garante a
viscosidade, lubrificação, adesão e resistência à compressão das secreções das
mucosas, do fluido sinovial e da matriz extracelular. Devido à presença nas
secreções da mucosa, os glicosaminoglicanos também são conhecidos como
mucopolissacarídeos. Como exemplos de glicosaminoglicanos, podemos destacar
o ácido hialurônico, condroitina 4 e 6-sulfato, queratan sulfato, heparan sulfato e a
heparina.

Figura 2.8 | Estruturas do ácido D-glicurônico (açúcar ácido) e N-acetil-glicosamina (açúcar aminado)

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

EXEMPLIFICANDO

A heparina é um glicosaminoglicano formado por repetições de unidades


dissacarídicas compostas por N-acetil-D-glicosamina e ácido D-glicurônico.
A heparina, diferentemente dos outros glicosaminoglicanos que são
extracelulares, encontra-se em grânulos de mastócitos; esse
glicosaminoglicano interage com a proteína antitrombina III, aumentando a
sua eficácia em inibir a trombina e outros fatores da coagulação, por isso, a
heparina é considerada um anticoagulante e é muito usada como fármaco.
Na clínica, é chamada de heparina de alto peso molecular e é extraída da
mucosa intestinal dos porcos. A partir dessa heparina, surgiram as
heparinas de baixo peso molecular ou fracionadas, como a enoxaparina.

As cadeias de carboidratos podem estar ligadas às proteínas, formando os


glicoconjugados. Os proteoglicanos, glicoproteínas e glicoesfingolípideos são
exemplos de glicoconjugados. Os proteoglicanos são formados pela ligação de
uma ou mais cadeias de glicosaminoglicanos a uma proteína de membrana ou,

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mais comumente, a uma proteína do meio extracelular. Nos proteoglicanos, os


glicosaminoglicanos respondem por mais de 90% da massa desses
glicoconjugados. Já os proteoglicanos são componentes essenciais da matriz
extracelular de todos os tecidos. Como exemplos de proteoglicanos de matriz

0
extracelular, podemos citar a agrecana (principal componente da cartilagem) e a

seõçatona reV
decorina (secretada pelos fibroblastos e que regula a união entre as fibrilas de
colágeno). As sindecanas, por sua vez, são exemplos de proteoglicanos de
membrana e participam da interação da célula com elementos do meio
extracelular.

As glicoproteínas são compostas por proteínas ligadas a oligossacarídeos.


Diferentemente dos proteoglicanos, a porção proteica é predominante nas
glicoproteínas. Podemos encontrar glicoproteínas na membrana plasmática, como
parte do glicocálice, na matriz extracelular e no plasma sanguíneo. A composição
dos oligossacarídeos nas glicoproteínas é bem variada, possibilitando que esses
glicoconjugados atuem em diversas funções, como no reconhecimento e na
sinalização celulares, na interação entre células e com a matriz extracelular. Há
hormônios que são glicoproteínas, como o hormônio luteinizante e o hormônio
folículo-estimulante. No plasma, temos glicoproteínas, como os anticorpos (ou
imunoglobulinas), envolvidas na defesa do organismo. Os glicoesfingolipídeos são
componentes da membrana plasmática compostos por esfingolipídeos (um tipo de
fosfolipídeo de membrana) ligados a oligossacarídeos. Esses glicoconjugados
também participam do reconhecimento e da sinalização celulares.

O glicocálice ou glicocálix é a estrutura formada pelas porções glicídicas de


glicoproteínas e de glicoesfingolipídeos que está presente na parte externa da
membrana plasmática.

EXEMPLIFICANDO

Os glicoesfingolipídeos presentes na membrana plasmática das hemácias


ou eritrócitos são os determinantes dos tipos sanguíneos do sistema ABO.
As porções oligossacarídicas desses glicoconjugados formam os antígenos

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A, B e H. O antígeno H, presente no tipo sanguíneo O, é o precursor dos


antígenos A e B. No antígeno A, há a adição de um resíduo de N-acetil-
galactosamina ao antígeno H, enquanto no antígeno B, há a adição de um
resíduo de galactose ao antígeno H. O tipo sanguíneo é determinado

0
geneticamente, sendo que os indivíduos com tipo sanguíneo A possuem a

seõçatona reV
glicosiltransferase A (N-acetil-galactosamina transferase), o que permite a
formação do antígeno A; já os indivíduos com tipo sanguíneo B possuem a
enzima glicosiltransferase B (N-galactosil transferase), o que permite a
formação do antígeno B; os indivíduos com o tipo sanguíneo O não
possuem as glicosiltransferases A e B, por isso, não possuem antígeno A
nem antígeno B, daí o termo O, de zero, ou seja, ausência de antígenos A e
B. Os indivíduos com tipo sanguíneo AB possuem as duas
glicosiltransferases, A e B, por isso, apresentam os antígenos A e B
presentes nos eritrócitos. Na Figura 2.9, podemos ver as estruturas dos
glicoesfingolipídeos determinantes dos tipos sanguíneos do sistema ABO.

Figura 2.9 | Representação dos glicoesfingolipídeos com os antígenos H, A e B

Fonte: elaborada pelo autor.

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Encerramos esta seção dedicada ao estudo dos carboidratos considerando as suas


estruturas químicas, suas funções e seus tipos. Então, vimos os monossacarídeos,
as unidades simples de açúcar, os dissacarídeos, os oligossacarídeos, os
polissacarídeos e os glicoconjugados. Na próxima seção, estudaremos os

0
processos metabólicos que envolvem os carboidratos.

seõçatona reV
FAÇA A VALER A PENA
Questão 1
Os monossacarídeos são açúcares simples formados por um esqueleto carbônico
de três a sete átomos de carbono, com dois ou mais grupos hidroxila e com grupo
aldoxila ou carbonila. Os monossacarídeos são unidos por ligações glicosídicas
para formar dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos.

Com base nas informações do texto e nos seus conhecimentos, assinale a


alternativa correta.

a. Conforme a estrutura química da glicose, podemos classificar esse monossacarídeo em pentose e cetose.

b. As cetoses são os monossacarídeos com grupo carbonila e as aldoses são os monossacarídeos com grupo
aldose.

c. As ligações glicosídicas são ligações intermoleculares fracas e facilmente rompidas que estabilizam os
polissacarídeos.

d. A ligação glicosídica entre duas moléculas de gliceraldeído (triose) permite a formação da molécula de
glicose, uma hexose.

e. Os oligossacarídeos e polissacarídeos são cadeias formadas exclusivamente por cetoses, pois as aldoses
só ocorrem na natureza de forma isolada.

Questão 2
Os glicosaminoglicanos formam uma categoria muito importante dos
polissacarídeos com uma estrutura química que permite a viscosidade, a
lubrificação e a resistência à compressão das secreções da mucosa, do fluido
sinovial e da matriz extracelular.

Conforme os seus conhecimentos sobre glicosaminoglicanos, assinale a alternativa


correta.

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a. A heparina é um glicosaminoglicano liberado pelos mastócitos e que possui atividade anticoagulante.

b. Os glicosaminoglicanos são homopolissacarídeos ramificados formados por unidades de açúcares ácidos.

c. Apesar de serem chamados de mucopolissacarídeos, esses açúcares não têm papel importante nas

0
secreções da mucosa.

seõçatona reV
d. Os glicosaminoglicanos, com grande quantidade de grupos carboxila e sulfato, apresentam carga positiva.

e. O ácido hialurônico, presente nos grânulos dos mastócitos, é liberado para inibir os fatores da
coagulação.

Questão 3
A glicose é um monossacarídeo com estrutura química representada por uma
hexose com grupos hidroxila e aldoxila. A glicose possui vários isômeros, sendo os
de configurações D e L os mais importantes. Em soluções aquosas, a glicose sofre
ciclização, originando dois anômeros: alfa e beta. Os isômeros de glicose entram
na composição de dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos.

Considerando o contexto apresentado pelo texto, analise as seguintes afirmativas:

I. O isômero alfa-D-glicose entra na composição de glicogênio e amido, enquanto


que o isômero beta-D-glicose é constituinte da celulose.

II. As amilases salivar e pancreática reconhecem apenas o anômero alfa da


glicose, por isso, são incapazes de romper as ligações glicosídicas da celulose.

III. A celulose é composta por unidades de beta-L-glicose. Como as glicosidases


não reconhecem a configuração L da glicose, a celulose não sofre digestão.

Considerando as informações apresentadas, é correto o que se afirma em:

a. I, apenas.

b. II, apenas.

c. III, apenas.

d. I e II, apenas.

e. I, II e III.

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


INTRODUÇÃO AOS CARBOIDRATOS

0
Christian Grassl

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

SEM MEDO DE ERRAR


A situação-problema se refere aos conhecimentos de Bioquímica que podem ser
aplicados na prática clínica. Aqui, abordamos o uso de carboidratos como
fármacos e vamos analisar as questões levantadas na situação-problema.

A lactulose é um dissacarídeo sintético formado por galactose e frutose. Esse


carboidrato não sofre ação das glicosidases duodenais e, portanto, não é digerido,
nem os seus aminoácidos constituintes são absorvidos. Dessa maneira, a lactulose
segue o caminho para o intestino grosso, onde sofre a ação das bactérias da
microbiota intestinal. O metabolismo bacteriano transforma a lactulose em ácidos
graxos de cadeia curta, o que aumenta a concentração de solutos no lúmen do
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intestino grosso. Com esse aumento da osmolaridade, a água é atraída, por


osmose, para o lúmen do intestino grosso, contribuindo para o aumento do
volume da massa fecal; com isso, ocorre uma resposta reflexa entérica que leva a
um aumento do peristaltismo, estimulando a motilidade propulsora da massa fecal

0
em direção ao reto. Por isso, a lactulose é usada como laxante em casos de

seõçatona reV
constipação.

A lactulose também é utilizada no tratamento da encefalopatia hepática. Os


pacientes hepatopatas graves têm capacidade reduzida de converter a amônia em
ureia, pois o ciclo da ureia, conjunto de reações químicas envolvidas nessa
conversão, está localizado no fígado. As principais fontes de amônia do organismo
são o metabolismo de aminoácidos e a microbiota intestinal. A amônia é
extremamente neurotóxica e atravessa facilmente a barreira hematoencefálica. Os
danos neurológicos provocados por ela caracterizam o quadro de encefalopatia.

Entre os vários tratamentos para encefalopatia hepática, temos o uso da lactulose.


Nessa situação, o metabolismo bacteriano da lactulose resulta em ácidos graxos e
outros ácidos orgânicos, o que leva à liberação de prótons para o lúmen do
intestino grosso. Esses prótons reagem com a amônia produzida pela microbiota
intestinal, formando o íon amônio, que possui carga positiva. Devido à essa carga
elétrica, o íon amônio não é lipossolúvel e não consegue atravessar a barreira
intestinal e alcançar a corrente sanguínea, dessa maneira, a lactulose reduz a
sobrecarga de amônia para o fígado por meio da redução da absorção intestinal da
amônia produzida pela microbiota intestinal.

A heparina é um glicosaminoglicano, mas diferentemente dos outros


glicosaminoglicanos que são extracelulares, a heparina se encontra nos grânulos
de mastócitos. A estrutura geral de um glicosaminoglicano é um
heteropolissacarídeo formado por repetições de unidades dissacarídicas
compostas por um açúcar ácido e um açúcar aminado. No caso da heparina, o
açúcar ácido é o ácido D-glicurônico e o açúcar aminado é o N-acetil-D-

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galactosamina. A heparina interage com a proteína antitrombina III, aumentando a


sua eficácia em inibir a trombina e outros fatores da coagulação, por isso, a
heparina é um anticoagulante endógeno e tem aplicação na clínica.

0
O ácido hialurônico é um glicosaminoglicano encontrado no meio extracelular e
formado por repetições de unidades formadas por N-acetil-D-glicosamina e ácido

seõçatona reV
D-glicurônico. Devido às cargas negativas presentes na cadeia, ele atrai muitas
moléculas de água chamada água de solvatação, e isso confere turgidez da pele e
viscosidade nas articulações. Por isso, o ácido hialurônico é aplicado como
preenchedor na Saúde Estética e na viscossuplementação na Ortopedia.

Essa poderia ser uma forma de responder à situação-problema, mas a partir do


que foi discutido nesta seção, você tem condições de propor e discutir novas
soluções com o seu professor e seus colegas.

AVANÇANDO NA PRÁTICA
APLICAÇÕES DA DIGESTÃO DOS CARBOIDRATOS NA ÁREA DA SAÚDE
Os carboidratos obtidos na alimentação são alvos da ação das glicosidases
presentes no trato gastrintestinal. A digestão desses carboidratos mais complexos,
como os polissacarídeos glicogênio e amido, resulta em monossacarídeos que são
absorvidos pela mucosa duodenal. Há várias questões importantes em relação à
digestão e absorção de carboidratos. O glicogênio, o amido e a celulose são
polímeros formados por unidades de glicose, porém os dois primeiros
polissacarídeos possuem ligações do tipo alfa 1 – 4, enquanto a celulose possui
ligações do tipo beta 1 – 4. A celulose resiste à digestão enzimática e não libera as
suas unidades de glicose nos seres humanos, já o glicogênio e o amido, ambos sob
a ação enzimática, liberam as suas unidades de glicose.

Imagine que você é um consultor de uma empresa de treinamento e reciclagem de


profissionais da saúde que estava em uma capacitação quando foi questionado,
dentro desse contexto, como isso é possível. Você poderia formular uma solução a

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06/03/2024, 07:53 lddkls212_bio_apl_sau

essa questão? Então, se a celulose não é digerida, qual é a importância dela para o
organismo humano?

Outra situação relacionada com a digestão e absorção de carboidratos é a

0
deficiência de glicosidases. A mais predominante dessas deficiências é a
intolerância à lactose, atingindo até 70% da população adulta no mundo. Nesse

seõçatona reV
caso, a enzima lactase tem a sua atividade reduzida, prejudicando a digestão da
lactose. Frente a isso, quais são as consequências da digestão reduzida da lactose
para o organismo? Como você explica essas consequências?

RESOLUÇÃO 

Uma vez questionado sobre esses temas, você deveria enfatizar que o
organismo humano possui as alfa-amilases salivar e pancreática que catalisam
a hidrólise das ligações glicosídicas do tipo alfa 1 – 4 presentes no glicogênio e
no amido, por isso, conseguimos digerir esses polissacarídeos, liberando as
unidades de glicose para a absorção pela mucosa duodenal. No caso da
celulose, as unidades de glicose estão unidas entre si por ligações glicosídicas
do tipo beta 1 – 4. Os seres humanos não possuem enzimas específicas que
reconhecem as ligações tipo beta 1 – 4, por isso, somos incapazes de romper
as ligações glicosídicas da celulose.

A celulose e outros açúcares que resistem à digestão enzimática são chamados


de fibras, que contribuem para o aumento do volume da massa fecal, o que
estimula o peristaltismo intestinal e, consequentemente, melhora a motilidade
intestinal, por isso a importância da ingestão de fibras na alimentação.

A reduzida atividade da enzima lactase leva a uma menor digestão da lactose,


o que caracteriza a intolerância à lactose, que é um dissacarídeo formado por
galactose e glicose, por isso, não é absorvida pela mucosa duodenal. É
necessária a ação da lactase para se romper a ligação glicosídica entre os dois
monossacarídeos. A lactose não digerida segue o caminho para o intestino
grosso, onde sofre a ação do metabolismo das bactérias da microbiota

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intestinal. A consequência é o aumento da osmolaridade no lúmen do intestino


grosso, o que atrai a água, por osmose, resultando em um aumento do volume
da massa fecal. A consequência é o estímulo do peristaltismo intestinal, uma
resposta reflexa entérica, o que leva ao aumento da motilidade intestinal com

0
risco de diarreia. Além disso, devido ao metabolismo da lactose pela

seõçatona reV
microbiota intestinal, com produção do gás carbônico e do gás hidrogênio, há
risco de flatulência, distensão abdominal e meteorismo.

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NÃO PODE FALTAR Imprimir

PROCESSOS METABÓLICOS DOS CARBOIDRATOS

0
Christian Grassl

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

PRATICAR PARA APRENDER


Caro aluno, chegamos à Seção 2 da Unidade 2, na qual abordaremos importantes
vias metabólicas relacionadas com a produção de energia a partir dos
carboidratos. De fato, a glicose, um monossacarídeo estudado na seção anterior, é
a principal fonte de energia na natureza e utilizada por todos os organismos, por
isso, o conhecimento das reações químicas que retiram a energia da glicose é tão
importante para nós, sem contar as implicações desses processos metabólicos na
fisiopatologia de muitas doenças.

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Nesta seção, estudaremos a digestão e absorção de carboidratos obtidos por meio


da alimentação. Como esses carboidratos complexos, como glicogênio e amido,
são digeridos? Por que não conseguimos digerir a celulose? Uma vez que a glicose,
o principal carboidrato absorvido pelo organismo, encontra-se na circulação

0
sanguínea, como essa molécula polar atravessa a barreira lipídica da membrana

seõçatona reV
plasmática? Como o organismo regula a concentração plasmática de glicose ou
glicemia? Há alguma relação com a diabetes mellitus? Essas são questões
importantes que serão respondidas no desenvolvimento dos conteúdos.

Finalmente, veremos as vias metabólicas que utilizam a glicose para a produção e


o armazenamento de energia. Como se forma a nossa reserva de glicose (o
glicogênio) nas células? Como essas células mobilizam a glicose a partir do
glicogênio? As vias metabólicas dos carboidratos só servem para a produção de
energia? Somos capazes de produzir glicose? Esses conceitos são mais complexos,
porém com grandes implicações na área da Saúde, pois estão relacionados a
muitos processos fisiopatológicos, como veremos nos exemplos expostos nesta
seção. Os assuntos que serão abordados são relevantes para a sua formação
profissional, bem como para compreensão, análise e resolução de várias situações
que podem ocorrer na área da Saúde.

Para que compreenda os conceitos abordados nesta seção, além das possíveis
atividades do contexto profissional, acompanharemos o trabalho de um
profissional da saúde, recém-contratado por um centro de atendimento e de
pesquisas na área oncológica.

Há muitos desafios que a oncologia apresenta em relação aos conhecimentos dos


mecanismos bioquímicos, fisiopatológicos e farmacológicos; diante disso, será que
os conceitos que serão aprendidos nesta seção serão úteis nesse tipo de segmento
de atuação? Pois bem, teremos um vislumbre disso na situação-problema deste
material.

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Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você trabalha em um centro


oncológico em que pesquisas são desenvolvidas e que oferece tratamento aos
pacientes com câncer. Nesse trabalho, você tem contato com muitas informações
sobre o câncer, desde os mecanismos moleculares envolvidos na fisiopatologia até

0
os de ação farmacológica de muitos fármacos usados na quimioterapia. Diante

seõçatona reV
dessas experiências, você acabou ficando curioso em relação a um detalhe que
percebeu nos pacientes com câncer: parte deles apresentava hipoglicemia e
acidose metabólica.

Como você é uma pessoa curiosa e tem desejo por novos aprendizados, resolveu
pesquisar sobre o assunto. A taxa de crescimento do número de células
cancerígenas é muito alta, maior que a taxa de vascularização do tumor em
crescimento, dessa maneira, a maior parte das células do tumor cresce em
condições de hipóxia, pois essas células estão afastadas dos vasos sanguíneos
formados no tumor e, portanto, recebem pouco gás oxigênio. Ao mesmo tempo,
essas células tumorais têm grande atividade metabólica devido ao grande número
de mitoses para o crescimento do tumor, e essa atividade metabólica alta
demanda maior quantidade de energia. Nesse momento, você se questiona em
relação aos aspectos bioquímicos do crescimento do tumor; você sabe que, em
situação de hipóxia, as células utilizam a fermentação para a manutenção da
glicólise, porém essa via metabólica gera pouca energia quando comparada à
oxidação completa da glicose.

Como você explica a relação entre essa situação metabólica das células tumorais e
o quadro clínico de hipoglicemia e acidose metabólica?

Essa questão é apenas o ponto de partida para mais questionamentos e para


estimular a sua procura por mais conhecimentos. A situação-problema proposta é
uma pequena amostra da importância das vias metabólicas na prática clínica e nas
pesquisas na área da Saúde.

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A responsabilidade de um profissional da Saúde é muito grande, o que exige


conhecimentos, técnica e ética, por isso, é muito importante que você se dedique
com afinco aos estudos, para ter uma formação acadêmica à altura de suas futuras
responsabilidades profissionais. Seja o protagonista da sua história de conquistas

0
acadêmicas e profissionais. Então, aos estudos!

seõçatona reV
CONCEITO-CHAVE
Nesta seção, iniciamos os nossos estudos das vias metabólicas produtoras de
energia, que também fornecem intermediários para várias vias de biossíntese no
organismo. As primeiras etapas da oxidação da glicose (a fermentação, a
glicogênese, a glicogenólise e a gliconeogênese) são as vias metabólicas que estão
presentes nesta seção. Vamos abordar, também, a digestão e absorção dos
carboidratos, bem como o transporte transmembrana da glicose.

Inicialmente, vamos definir o metabolismo e a importância da energia para o


organismo. O metabolismo é o conjunto das reações químicas que ocorrem nos
seres vivos, porém essas reações químicas estão encadeadas, sendo que o
produto de uma reação será o substrato de outra reação química, portanto, as
reações químicas que ocorrem nos organismos são interdependentes e
coordenadas.

As vias metabólicas podem ser divididas em catabólicas e anabólicas. As vias


catabólicas ou catabolismo envolvem as reações químicas que decompõem
moléculas complexas em moléculas mais simples. Como exemplo, podemos citar a
digestão dos carboidratos e a oxidação da glicose, e ambas serão vistas nesta
seção. As reações catabólicas são importantes para a produção de energia. Já as
vias anabólicas ou anabolismo envolvem as reações que sintetizam moléculas mais
complexas a partir de moléculas mais simples, com utilização de energia no
processo. Como exemplo de anabolismo, podemos citar a síntese de peptídeos e
proteínas a partir dos aminoácidos, como vimos na unidade anterior.

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Agora que já definimos metabolismo, catabolismo e anabolismo, vamos para a


nossa primeira via catabólica: a digestão dos carboidratos que ocorre no trato
gastrintestinal. A glicose é a principal fonte de energia para a maioria das células,
sendo substrato para as reações oxidativas, resultando em produção de energia,

0
mas, agora, a questão é: como obtemos a glicose? Bom, a resposta é pelos

seõçatona reV
alimentos que serão processados no trato gastrintestinal.

Como vimos na seção anterior, alguns carboidratos estão presentes na nossa


alimentação, como o amido e a celulose, presentes nos vegetais; o glicogênio,
presente nas carnes; a lactose, presente no leite e derivados; e a sacarose,
presente no açúcar de cana e de beterraba. Esses carboidratos sofrem hidrólise
catalisada por glicosidases específicas, principalmente na boca e no duodeno, e
essas glicosidases catalisam a hidrólise das ligações glicosídicas entre os
monossacarídeos.

Na boca, inicia-se a digestão do amido e do glicogênio pela ação da enzima alfa-


amilase salivar (ou ptialina) presente na saliva; essa enzima catalisa a hidrólise das
ligações glicosídicas do tipo (alfa 1 –> 4), ou seja, as ligações entre o carbono 1 da
alfa-D-glicose e o carbono 4 de outra alfa-D-glicose. Esse tipo de ligação está
presente tanto no amido quanto no glicogênio. A celulose, também presente nos
vegetais, é composta por moléculas de D-glicose ligadas entre si por ligações do
tipo (beta 1 –> 4), que não são reconhecidas pelas enzimas alfa-glicosidases, como
a alfa-amilase salivar e alfa-amilase pancreática, portanto, a celulose não é digerida
por nós e nem por outros animais.

EXEMPLIFICANDO

A celulose e outras substâncias que resistem à digestão enzimática são


chamadas de fibras. As bactérias da microbiota intestinal podem realizar a
fermentação dessas fibras, resultando em ácidos graxos de cadeia curta.
Esses ácidos graxos e as fibras não fermentadas aumentam o volume fecal,
o que estimula o peristaltismo intestinal e, consequentemente, melhora a
motilidade intestinal, por isso, a ingestão de celulose e de outras fibras é

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06/03/2024, 07:53 lddkls212_bio_apl_sau

importante para regular a função do intestino e as evacuações. Há animais


que conseguem digerir a celulose, como os ruminantes (como exemplo,
temos os bois, as vacas, os cavalos e as ovelhas) e os cupins, pois possuem
nos seus tratos gastrintestinais bactérias que produzem uma enzima

0
específica, a celulase, que catalisa a hidrólise das ligações do tipo (beta 1 –>

seõçatona reV
4) presentes na celulose.

Após a digestão parcial do amido e do glicogênio na boca, os oligossacarídeos


resultantes, além de dissacarídeos sacarose e lactose, resistentes à ação da alfa-
amilase salivar, são direcionados para o estômago; nesse órgão, não ocorre a
digestão enzimática dos carboidratos, pois a acidez do meio desnatura a alfa-
amilase salivar deglutida com os alimentos. Em seguida, os carboidratos, presentes
no quimo, alcançam o duodeno, onde ocorrem as etapas finais da digestão dos
carboidratos, além da absorção dos monossacarídeos pela mucosa duodenal.

No duodeno, a enzima alfa-amilase pancreática continua com a digestão


enzimática dos oligossacarídeos, originando, principalmente, os dissacarídeos
maltose e isomaltose, o trissacarídeo maltotriose, bem como pequenos polímeros
de D-glicose: as alfa-dextrinas.

As enzimas presentes no epitélio duodenal (alfa-dextrinase, maltase, isomaltase,


sacarase e lactase) terminam a digestão dos carboidratos; a alfa-dextrinase catalisa
a hidrólise das alfa-dextrinas, liberando as unidades de glicose; a maltase catalisa a
hidrólise da maltose e da maltotriose, enquanto a isomaltase catalisa a hidrólise da
isomaltose, liberando as unidades de glicose; a sacarase catalisa a clivagem
hidrolítica da sacarose, liberando glicose e frutose; e, finalmente, a hidrólise da
lactose é catalisada pela lactase, resultando na liberação de glicose e galactose.

Podemos visualizar melhor a digestão dos carboidratos na boca no esquema


representado na Figura 2.10, bem como a digestão dos carboidratos no duodeno
na Figura 2.11.

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Figura 2.10 | Esquema representativo da digestão dos carboidratos na boca

0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

EXEMPLIFICANDO

Podem ocorrer deficiências das glicosidases, o que resulta em digestão


anormal dos carboidratos, e podemos destacar duas delas: a intolerância à
sacarose e a intolerância à lactose. A primeira delas é decorrente da
deficiência da enzima sacarase, e as consequências são: diarreia, distensão
abdominal, flatulência e meteorismo. Há maior prevalência de casos na
população de inuítes (esquimós) da Groenlândia, do Alasca e do Canadá. Já
a intolerância à lactose é mais comum, atingindo até 70% da população
adulta no mundo, sendo predominante nos indivíduos negros e asiáticos. A
enzima lactase tem a sua atividade reduzida devido à diminuição da sua
quantidade, geralmente, a partir dos dois anos de idade. Pode haver outras
formas de deficiência da lactase, como a congênita e a secundária às
doenças e lesões no intestino delgado (como a doença celíaca e a doença
de Crohn). O tratamento é reduzir o consumo de leite e derivados,
assegurar a ingestão adequada de cálcio por meio de vegetais e, a

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depender de indicações médicas, fazer uso de lactase em cápsulas. Entre as


manifestações clínicas, podemos destacar dor abdominal, distensão
abdominal, flatulência, meteorismo e diarreia.

0
No duodeno e na parte inicial do jejuno, ocorre a absorção dos monossacarídeos

seõçatona reV
resultantes da digestão dos carboidratos, especialmente a glicose, que
corresponde a mais de 80% de todos os monossacarídeos absorvidos. O
transporte da glicose e da galactose para o interior das células da mucosa
intestinal é concomitante à entrada de íons sódio com o auxílio de uma proteína
transportadora: o cotransportador de glicose dependente de sódio tipo 1 (SGLT-1),
e a frutose entra nas células da mucosa intestinal com o auxílio de uma proteína
transportadora de glicose tipo (ou isoforma) 5, GLUT-5. Já digestão dos
carboidratos e a absorção dos monossacarídeos no duodeno estão representados
no esquema da Figura 2.11.

Figura 2.11 | Esquema representativo da digestão dos carboidratos e a absorção dos monossacarídeos
no duodeno

Fonte: elaborada pelo autor.

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Após a absorção pela mucosa intestinal, a glicose está presente na circulação


sanguínea e precisa entrar nas células para a reserva e produção de energia, além
de atuar como substrato de outras vias metabólicas, como a via da pentose-
fosfato. O problema é que a glicose é uma molécula polar e, portanto, não

0
consegue atravessar a barreira lipídica da membrana plasmática. Então, para

seõçatona reV
entrar na célula, a glicose necessita do auxílio de uma família de proteínas
transmembranas, chamadas de transportadores de glicose ou GLUT (do inglês
glucose transporter). Muitas isoformas de GLUT já foram identificadas, mas cinco
delas têm importância fisiológica melhor descrita. As isoformas GLUT-1 e GLUT-3
estão presentes em quase todas as células e são responsáveis pela captação basal
de glicose, independentemente da ação da insulina. A isoforma GLUT-2 está
presente nos hepatócitos e nas células beta-pancreáticas, e diferentemente das
outras isoformas, ela possui um valor de Km (constante de Michaelis, visto na
Seção 3 da Unidade 1) muito alto para a glicose, ou seja, é necessária uma
concentração muito alta de glicose para ocupar a metade dos sítios ativos das
proteínas GLUT-2. Devido à essa baixa afinidade de GLUT-2 pela glicose, essa
isoforma só capta glicose em quantidade significativa em situação de
hiperglicemia, como ocorre logo após as refeições.

Nos hepatócitos, GLUT-2 permite a entrada de glicose, após as refeições, para que
seja armazenada na forma de glicogênio, um polímero ramificado formado por
unidades de glicose. Entre refeições ou em jejum, os hepatócitos, sob a ação do
hormônio glucagon (mais adiante, abordaremos esse hormônio e a insulina),
liberam o seu estoque de glicose para a corrente sanguínea, permitindo a
manutenção da normoglicemia, portanto, o fígado tem função primordial na
homeostase glicêmica.

Nas células beta-pancreáticas, GLUT-2 atua como um sensor de glicemia para a


liberação de insulina, então, logo após as refeições, quando há hiperglicemia,
GLUT-2 permite a entrada de quantidade significativa de glicose nas células beta-
pancreáticas, aumentando a taxa de oxidação da glicose, o que resulta em maior
produção de energia armazenada nas moléculas ATP (trifosfato de adenosina). Nas
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06/03/2024, 07:53 lddkls212_bio_apl_sau

membranas plasmáticas dessas células, existem os canais de potássio (K+) que são
sensíveis ao ATP, permitindo a saída (ou efluxo) dos íons potássio das células, e na
presença de maior quantidade de ATP na célula, os canais de K+ sensíveis ao ATP
assumem uma conformação fechada, impedindo a saída de íons potássio da

0
célula. A consequência disso é o acúmulo de cargas positivas na célula beta-

seõçatona reV
pancreática, o que leva à despolarização dessa célula, logo, os canais cálcio-
voltagem dependentes são ativados, permitindo a entrada (ou influxo) de íons
cálcio na célula. O aumento da concentração intracelular de íons cálcio resulta na
exocitose das vesículas que contêm as moléculas de insulina, dessa forma, a
insulina é liberada para a corrente sanguínea para exercer seus efeitos
hipoglicemiantes, como será visto adiante. Na figura 2.12, podemos ver um
esquema ilustrativo do mecanismo de secreção da insulina pelas células beta-
pancreáticas

Figura 2.12 | Esquema representativo do mecanismo de secreção da insulina

Fonte: elaborada pelo autor.

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06/03/2024, 07:53 lddkls212_bio_apl_sau

Nos adipócitos e nas fibras musculares, temos a isoforma GLUT- 4, a única


dependente de insulina, que permite a captação de glicose por essas células. Nos
adipócitos, a glicose é substrato para a síntese de ácidos graxos, que são
armazenados como triacilgliceróis, e nas fibras musculares, a glicose é utilizada

0
como fonte de energia e também armazenada na forma de glicogênio. Na

seõçatona reV
presença do hormônio insulina, ocorre o aumento da quantidade de GLUT- 4 na
membrana plasmática das fibras musculares e adipócitos, com isso, essas células
conseguem captar uma grande quantidade de glicose do meio extracelular,
reduzindo a glicemia. Dessa forma, a insulina, atuando por meio das fibras
musculares e adipócitos, consegue exercer seu efeito hipoglicemiante, e as
atividades físicas também aumentam a quantidade de GLUT- 4 nos músculos
esqueléticos, disponibilizando mais glicose para a produção de energia nos
músculos.

Uma vez dentro da célula, a glicose, em uma reação catalisada pela enzima
hexocinase, adquire um grupo fosfato do ATP, ou seja, é fosforilada, resultando na
formação de glicose 6-fosfato (grupo fosfato ligado ao carbono 6 da glicose),
portanto, é uma reação química que consome energia. A etapa da fosforilação é
essencial para reter a glicose dentro da célula, pois a glicose fosforilada não
interage com GLUT, portanto, não tem como sair da célula. Além disso, a
fosforilação desestabiliza a estrutura da glicose, facilitando as outras reações
químicas que utilizam a glicose como substrato.

A glicose 6-fosfato pode ser utilizada por várias vias metabólicas, como a
glicogênese (formação do glicogênio), a oxidação pela via da pentose-fosfato para a
síntese de ribose 5-fosfato (carboidrato essencial para a síntese dos ácidos
nucleicos RNA e DNA) e a oxidação pela glicólise para produção de energia.

Na figura 2.13, podemos visualizar, em forma de esquema, esses conceitos.

Figura 2.13 | Esquema representativo da fosforilação da glicose e seus destinos metabólicos

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

O glicogênio é a reserva de glicose das células animais, sendo que os hepatócitos e


as fibras musculares esqueléticas possuem as maiores concentrações de
glicogênio. Nas fibras musculares, o glicogênio fornece as moléculas de glicose
para a via glicolítica para a produção de energia, visto que essas células consomem
muita energia nos processos de contração muscular. No caso dos hepatócitos, o
glicogênio é usado para a manutenção da glicemia, pois são as únicas células que
possuem a enzima glicose 6-fosfatase, que catalisa a clivagem do grupo fosfato da
glicose 6-fosfato, o que resulta na formação da glicose livre, que interage com
GLUT e consegue sair da célula. Dessa forma, os hepatócitos conseguem liberar a
glicose dos seus estoques de glicogênio para a corrente sanguínea, mantendo a
normoglicemia nos períodos entre refeições e jejum.

REFLITA

Em casos de lesão hepática grave, as várias funções do fígado ficam


prejudicadas. Os pacientes com essas lesões, geralmente, apresentam
hipoglicemia. Você seria capaz de relacionar a hipoglicemia com o prejuízo
da função hepática?

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Como visto na seção anterior, o glicogênio é um homopolissacarídeo ramificado


formado por moléculas de D-glicose, sendo que, na cadeia principal, as moléculas
de D-glicose estão ligadas entre si por ligações do tipo (alfa 1 –> 4), enquanto que,
nas ramificações, as ligações são do tipo (alfa 1 –> 6). A síntese de glicogênio é

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chamada de glicogênese, uma via metabólica que ocorre no citosol e requer

seõçatona reV
energia fornecida pelo ATP. Inicialmente, a glicose 6-fosfato é convertida em
glicose 1-fosfato, em uma reação química catalisada pela enzima fosfoglicomutase;
em seguida, a glicose 1-fosfato reage com UTP (trifosfato de uridina) para formar
UDP-glicose (difosfato de uridina-glicose), em uma reação catalisada pela enzima
UDP-glicose pirofosforilase. A molécula UDP-glicose fornece a D-glicose para a
enzima glicogênio sintase catalisar a formação das ligações do tipo (alfa 1 –> 4)
entre as moléculas D-glicose para formar o glicogênio; a enzima glicogênio sintase
só consegue alongar uma cadeia de glicose já existente, podendo ser um
fragmento de glicogênio ou a proteína glicogenina. Essa proteína catalisa a
formação de uma pequena cadeia de glicose a partir das moléculas de glicose
fornecidas por UDP-glicose, assim, a associação entre a glicogenina e a curta
cadeia de glicose serve como um iniciador de glicogênio para a ação da enzima
glicogênio sintase. As ramificações do glicogênio são catalisadas pela enzima
ramificadora e, depois, alongadas pela enzima glicogênio sintase.

Na figura 2.14, podemos ver um esquema da glicogênese.

Figura 2.14 | Esquema representativo da glicogênese

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

A degradação do glicogênio é chamada de glicogenólise, que permite mobilizar a


glicose armazenada para a produção de energia ou, no caso dos hepatócitos,
liberar para a corrente sanguínea para manutenção da glicemia. A enzima
glicogênio fosforilase catalisa a clivagem das unidades de glicose do glicogênio,
liberando a glicose 1-fosfato, que, em seguida, sofre a ação da enzima
fosfoglicomutase para ser convertida em glicose 6-fosfato. O metabolismo do
glicogênio depende de um equilíbrio entre as atividades das enzimas glicogênio
sintase e glicogênio fosforilase, sendo que ambas as atividades enzimáticas são
reguladas por hormônios. A insulina estimula a atividade da enzima glicogênio
sintase e, portanto, estimula a glicogênese, enquanto a adrenalina e o glucagon
estimulam a atividade da enzima glicogênio fosforilase e, consequentemente,
aumentam a taxa de glicogenólise. Podemos ver na figura 2.15 o esquema da
glicogenólise.

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Figura 2.15 | Esquema representativo da glicogenólise

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

A outra via metabólica de destino da glicose 6-fosfato é a glicólise e posterior


oxidação do piruvato. O termo glicólise significa quebra da glicose, e, de fato, é um
conjunto das reações químicas que degradam a glicose, uma molécula com seis
carbonos em duas moléculas de três carbonos, o piruvato. Essa via catabólica
ocorre no citosol, fazendo parte da respiração celular anaeróbica, isto é, reações
oxidativas que produzem energia na ausência do gás oxigênio.

ASSIMILE

Oxidorredução (redox ou oxi-redução) é a reação química de transferência


de elétrons entre as espécies químicas (átomos, moléculas e íons)
participantes. Essa reação química é composta por dois processos que
ocorrem simultaneamente e acoplados: a oxidação e a redução. A oxidação
é o processo em que uma espécie química perde elétrons, enquanto a
redução é um processo em que uma espécie química ganha elétrons.

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Portanto, enquanto uma espécie química sofre oxidação, a outra sofre


redução, e, assim, ocorre a transferência de elétrons entre essas espécies
químicas.

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A glicólise é a primeira etapa da oxidação completa da glicose, sendo as duas

seõçatona reV
outras etapas a oxidação do piruvato e o ciclo do ácido cítrico (ou ciclo de Krebs).
No final da oxidação, a glicose é convertida em gás carbônico com produção de
energia. A glicólise tem duas fases, a preparatória e a de pagamento. Na fase
preparatória, são necessárias duas moléculas de ATP, por isso, é uma fase em que
há consumo de energia. Uma molécula de ATP é utilizada na fosforilação da glicose
para a formação da glicose 6-fosfato; em seguida, a glicose 6-fosfato é convertida
em frutose 6-fosfato, em uma reação catalisada pela enzima fosfo-hexose-
isomerase. A segunda molécula de ATP é utilizada para fosforilar a frutose 6-
fosfato em uma reação catalisada pela enzima fosfofrutocinase-1, resultando em
frutose 1,6-bifosfato; a seguir, ocorre a reação que dá nome à via metabólica, ou
seja, a glicólise. A reação é a clivagem da frutose 1,6-bifosfato, uma molécula com
seis carbonos, resultando em duas moléculas de três carbonos, gliceraldeído-3-
fosfato e di-hidroxiacetona-fosfato. Essa reação química é catalisada pela enzima
aldolase e, assim, encerramos a primeira fase da glicólise: a preparatória, que se
encontra esquematizada, para melhor compreensão, na Figura 2.16.

Figura 2.16 | Esquema da fase preparatória da glicólise

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

A segunda fase da glicólise é a de pagamento, em que ocorre a oxidação de um


intermediário metabólico e a produção de ATP. No fim da fase preparatória, a
glicose é degradada, originando duas moléculas, gliceraldeído-3-fosfato e di-
hidroxiacetona-fosfato. Essa última, em uma reação catalisada pela enzima triose-
fosfato-isomerase, é convertida em gliceraldeído-3-fosfato, portanto, na fase de
pagamento, temos duas vias metabólicas acontecendo em paralelo, ambas
iniciando com gliceraldeído-3-fosfato. A primeira reação química da fase de
pagamento é justamente a de oxidorredução. Nessa reação catalisada pela enzima
gliceraldeído-3-fosfato-desidrogenase, o gliceraldeído-3-fosfato é oxidado,
resultando em 1,3-bifosfoglicerato; os elétrons resultantes da oxidação são
transferidos para NAD+ (nicotinamida adenina dinucleotídeo), uma molécula

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carreadora de elétrons, originando a forma reduzida dessa molécula: NADH, que


transporta os elétrons para a cadeia respiratória da mitocôndria para o processo
de fosforilação oxidativa (conceito que será desenvolvido na próxima seção).

0
A próxima reação da glicólise é a conversão de 1,3-bifosfoglicerato em 3-
fosfoglicerato, catalisada pela enzima fosfoglicerato-cinase, resultando na

seõçatona reV
produção da primeira molécula de ATP; em seguida, em uma reação catalisada
pela enzima fosfoglicerato mutase, 3-fosfoglicerato é convertido em 2-
fosfoglicerato; esse último, em uma reação de desidratação catalisada pela enzima
enolase, é convertido em fosfoenolpiruvato e ocorre a formação de uma molécula
de água; por fim, a última reação da via glicolítica é a conversão do
fosfoenolpiruvato em piruvato, catalisada pela enzima piruvato-cinase, resultando
na produção da segunda molécula de ATP. Na Figura 2.17, podemos visualizar a
fase de pagamento esquematizada para melhor compreensão das reações
químicas envolvidas. Como são duas vias ocorrendo em paralelo, temos o dobro
dos produtos formados na fase de pagamento. Assim, podemos considerar o
seguinte balanço:

Fase preparatória: consumo de duas moléculas de ATP.

Fase de pagamento: formação de quatro moléculas de ATP e duas moléculas de


NADH.

Figura 2.17 | Esquema da fase de pagamento da glicólise

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

Após a glicólise, as duas moléculas de piruvato podem seguir destinos alternativos:


oxidação à acetil-CoA, fermentação para formação de lactato ou etanol e formação
de oxaloacetato (molécula essencial para dar início às reações químicas do ciclo do
ácido cítrico). Dando continuidade à oxidação completa da glicose para produção
de energia, seguimos para a segunda etapa: a oxidação do piruvato. Em primeiro
lugar, o piruvato é transportado por uma proteína específica para a matriz
mitocondrial, a parte interna dessa organela, para ser substrato de um complexo
enzimático chamado de complexo da piruvato desidrogenase. Esse complexo
enzimático catalisa a descarboxilação oxidativa do piruvato, removendo um
carbono do piruvato na forma de gás carbônico, assim, o piruvato, uma molécula
de três carbonos, é convertido em acetil-CoA, uma molécula de dois carbonos.
Nessa reação química também ocorre a transferência de elétrons para uma

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molécula NAD+, formando NADH, que, em seguida, transporta esses elétrons para
a cadeia respiratória para o processo de fosforilação oxidativa. Na Figura 2.18,
temos um esquema representativo da oxidação do piruvato.

0
Figura 2.18 | Esquema representativo da oxidação do piruvato

seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

Em situações de hipóxia e anóxia, não há gás oxigênio suficiente para manter a


oxidação completa da glicose. Apesar de a primeira etapa da oxidação da glicose
(glicólise) ser anaeróbica, as outras etapas dependem da presença de gás oxigênio
na mitocôndria, portanto, nessas situações, apenas a glicólise continua
funcionando, porém há uma limitação. Durante a glicólise, NAD+ é reduzido para
formar NADH, que, por sua vez, deixa os elétrons na cadeia respiratória da
mitocôndria, oxidando-se e retornando à forma NAD+. Dessa maneira, existe um
ciclo de reciclagem de NAD, porém na ausência ou insuficiência de gás oxigênio,
essa reciclagem é interrompida, havendo um acúmulo de NADH e uma redução da
quantidade de NAD+ nas células. A consequência é que, sem NAD+ disponível, não
é possível ocorrer a única reação de oxidação da glicólise, isto é, a conversão de
gliceraldeído-3-fosfato em 1,3-bifosfoglicerato, portanto, a glicólise, a única via
produtora de energia em condições anaeróbicas, tem as suas reações
interrompidas. Para evitar que isso ocorra, as células dispõem de uma via
metabólica que permite regenerar NAD+: a fermentação.

Na fermentação, o piruvato é reduzido à lactato em uma reação catalisada pela


enzima lactato desidrogenase. Os elétrons, para a redução do piruvato, são
provenientes de NADH, que, por sua vez, sofre oxidação, tomando a forma de
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NAD+. Dessa maneira, a fermentação permite que a glicólise continue funcionando


em situações de anóxia ou hipóxia, por meio da regeneração da forma NADH à
forma NAD+. A maioria dos organismos realizam a fermentação láctica, porém
existem espécies de fungos e bactérias que são capazes de realizar a fermentação

0
alcoólica. A finalidade da fermentação alcoólica é a mesma, ou seja, regenerar NAD

seõçatona reV
para manter a glicólise funcionando. Nesse tipo de fermentação, há duas reações
químicas, sendo a primeira a conversão do piruvato em acetaldeído (reação
catalisada pela enzima piruvato-descarboxilase e com a produção de uma
molécula de CO ); na segunda reação, ocorre a transferência de elétrons de
2

NADH para a redução de acetaldeído a etanol, em uma reação catalisada pela


enzima álcool-desidrogenase. Com isso, NADH é oxidado a NAD+, mantendo a
glicólise. Os dois tipos de fermentação, a láctica e a alcoólica (apenas em algumas
espécies de bactérias e de leveduras), estão representadas na Figura 2.19.

Figura 2.19 | Esquema representativo das fermentações láctica e alcoólica

Fonte: elaborada pelo autor.

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Apesar dos estoques de glicogênio no fígado, o suprimento de glicose para as


demandas metabólicas do organismo durante o jejum ou período entre refeições
pode não ser o suficiente. Isso pode ocorrer em jejuns prolongados ou em
atividades físicas muito intensas e/ou prolongadas. Para atender a essa demanda,

0
as células possuem uma via metabólica que é capaz de sintetizar novas moléculas

seõçatona reV
de glicose a partir de aminoácidos, lactato e glicerol (molécula liberada da hidrólise
dos triacilgliceróis), e essa via metabólica é a gliconeogênese, ocorrendo
principalmente no fígado, responsável por até 90% da gliconeogênese, e em menor
proporção nos rins.

A glicólise e a gliconeogênese não são vias metabólicas idênticas que ocorrem em


sentido contrário, apesar de compartilharem muitas reações químicas (7 no total
de 10 reações). O glicerol, um dos produtos da hidrólise dos triacilgliceróis (lipídeos
que atuam como reservas de energia e que serão estudados na Unidade 3), após
algumas reações químicas catalisadas por enzimas, é convertido em di-
hidroxiacetona-fosfato, que, por sua vez, é convertido em gliceraldeído-3-fosfato,
um intermediário da gliconeogênese.

Os aminoácidos, antes de serem utilizados em várias vias metabólicas, têm os seus


grupos amino removidos, resultando em alfa-cetoácidos, como alfa-cetoglutarato,
e muitos desses alfa-cetoácidos são precursores de intermediários do ciclo do
ácido cítrico e originam as moléculas de oxaloacetato, que é precursor do
fosfoenolpiruvato, um dos intermediários da gliconeogênese, e o lactato, que é
convertido em piruvato, outro intermediário da gliconeogênese.

As reações químicas que relacionam a produção de lactato pela fermentação e sua


posterior conversão em glicose pela gliconeogênese fazem parte do ciclo de Cori. A
gliconeogênese é regulada por hormônios, sendo que o glucagon estimula a
gliconeogênese por meio do aumento da atividade e da quantidade das enzimas
participantes dessa via metabólica. Já a insulina inibe a gliconeogênese, reduzindo
a oferta de glicose para a corrente sanguínea.

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Figura 2.20 | Esquema representativo da gliconeogênese

0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

Em situações em que há oferta inadequada de O para os músculos esqueléticos 2

durante atividades físicas mais intensas, as fibras musculares utilizam os seus


estoques de glicogênio e produzem energia principalmente por glicólise. Para
manter a glicólise funcionando em uma situação com oferta insuficiente de O , é 2

necessária a via de fermentação, o que resulta na produção de grande quantidade


de lactato (ou ácido láctico). No período de descanso ou de recuperação, a
fermentação láctica muscular cessa, pois, com menor atividade muscular, a oferta
de O se torna adequada para as necessidades metabólicas, porém há uma
2

grande quantidade de lactato que é removida da circulação sanguínea para o


fígado, onde é substrato para a via da gliconeogênese, dessa maneira, o excesso
de lactato é convertido em novas moléculas de glicose que são usadas para repor
os estoques de glicogênio das fibras musculares esqueléticas.

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O ciclo de Cori está representado na Figura 2.21.

Figura 2.21 | Esquema representativo do ciclo de Cori

0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

EXEMPLIFICANDO

O ácido láctico ou lactato, apesar de ser um ácido, atua como um agente


neutralizador de prótons ( H ). Podemos ver isso em algumas situações.
+

Por muito tempo, o lactato produzido nos músculos esqueléticos foi


considerado o grande responsável pelas dores musculares e cãibras nos
praticantes de exercícios físicos, porém novas pesquisas estão
desmitificando o papel de vilão do lactato. Atualmente, ele é visto como um
agente neutralizador de outros ácidos produzidos durante os exercícios
físicos, apesar de não ser um sistema-tampão como o do íon bicarbonato.
Pessoas com deficiência da enzima lactato desidrogenase muscular não
produzem lactato nos músculos esqueléticos, portanto, a consequência
disso é uma maior resistência à fadiga muscular, porém não foi isso o
observado nessas pessoas, pelo contrário, essas pessoas apresentavam
intolerância ao esforço físico.

Outra situação é o uso da solução de Ringer lactato para corrigir acidemias


leves, geralmente no pós-cirúrgico. Essa solução aquosa é composta por
vários íons (sódio, cloreto, potássio e cálcio) e pelo lactato. Uma explicação

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bioquímica para esse paradoxo da ação do lactato está na reação química


da fermentação láctica, que é reversível e catalisada pela enzima lactato
desidrogenase.

0
Vimos o sentido da reação em que o piruvato é convertido em lactato,
porém também ocorre o sentido inverso da reação, ou seja, o lactato é

seõçatona reV
convertido em piruvato. Essa última reação ocorre quando a oxigenação
dos tecidos é suficiente para atender a sua demanda metabólica. Então,
quando o lactato é convertido em piruvato, ocorre uma reação de redução,
em que NAD+ recebe elétrons, tornando-se NADH. Porém, para que essa
redução aconteça, é necessária a participação de um próton, portanto, para
cada lactato convertido em piruvato, ocorre a retirada de um próton do
meio, o que neutraliza a acidez e eleva o pH.

O controle da glicemia depende do equilíbrio das ações de dois hormônios


pancreáticos: o glucagon e a insulina. O glucagon tem efeito hiperglicemiante,
atuando no fígado, nos períodos entre refeições e de jejum, para estimular a
glicogenólise e a gliconeogênese, disponibilizando maior oferta de glicose para a
corrente sanguínea. A insulina apresenta efeito hipoglicemiante, atuando após as
refeições e em situações em que há aumento da glicemia (como no estresse, com a
liberação de glicocorticoides que apresentam efeito hiperglicemiante). Ela atua no
fígado para inibir a gliconeogênese e para estimular a glicogênese; já nas fibras
musculares e nos adipócitos, a insulina aumenta a quantidade de GLUT-4,
permitindo que essas células captem grande quantidade de glicose do sangue, o
que leva à redução da glicemia.

Aqui terminamos esta seção dedicada ao estudo da digestão e absorção de


carboidratos, bem como das vias metabólicas glicólise, oxidação do piruvato,
fermentação, glicogênese, glicogenólise e gliconeogênese. Na próxima seção,
estudaremos a bioenergética, destacando os conceitos de função e síntese de ATP,
fosforilação oxidativa e via da pentose-fosfato.

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FAÇA A VALER A PENA


Questão 1
Os dissacarídeos obtidos da alimentação ou derivados da digestão do amido são
substratos para a hidrólise enzimática no duodeno, resultando em

0
monossacarídeos que são absorvidos pela mucosa duodenal. Os dissacarídeos
mais importantes na digestão de carboidratos são: sacarose, lactose e maltose.

seõçatona reV
Considerando esses dissacarídeos, as glicosidases responsáveis pelas suas
hidrólises e os produtos resultantes dessas hidrólises enzimáticas, assinale a
alternativa correta.

a. A sacarose é hidrolisada em uma reação catalisada pela sacarase, resultando na liberação de duas
unidades de glicose.

b. A enzima lactase, presente na mucosa bucal, catalisa a hidrólise da lactose, resultando na liberação de
frutose e galactose.

c. A maltose é produto da digestão do amido pelas alfa-amilases salivar e pancreática, na boca e no


duodeno, respectivamente.

d. A enzima maltase catalisa a hidrólise da maltose no duodeno, resultando na liberação de frutose e


galactose.

e. A hidrólise do amido é catalisada pela maltase, originando a maltose, que, em seguida, é degradada em
glicose com a participação da alfa-amilase.

Questão 2
A glicose é uma molécula polar e, portanto, não consegue atravessar a barreira
lipídica da membrana plasmática, logo, para entrar na célula, ela necessita do
auxílio de uma família de proteínas transmembranas, chamadas de
transportadores de glicose (GLUT). Existem várias isoformas de GLUT com
diferenças espaciais, físico-químicas e funcionais.

Em relação às diferentes isoformas de GLUT, assinale a alternativa correta.

a. As isoformas GLUT-1 e GLUT-3 estão presentes em quase todas as células e são responsáveis pela
captação basal de glicose. A quantidade e a atividade dessas isoformas de GLUT dependem da ação da
insulina.

b. GLUT-2 das células beta pancreáticas serve como sensor de glicemia; só é ativo em casos de
hiperglicemia, como ocorre logo após as refeições, e sua ativação leva à liberação de insulina pelas células
beta pancreáticas.

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c. Em situações de hipoglicemia, o glucagon, um hormônio pancreático, estimula o aumento da quantidade


de GLUT-2 hepático, com isso, os hepatócitos podem liberar muito mais glicose para a corrente sanguínea e
aumentar a glicemia.

d. A isoforma GLUT-4 está presente nas fibras musculares e adipócitos, permitindo a captação basal de
glicose por essas células. A quantidade dessa isoforma nas células não depende da ação da insulina.

0
e. A ação hipoglicemiante da insulina ocorre por meio do estímulo ao aumento da quantidade da isoforma
GLUT-2 nos hepatócitos, assim, essas células conseguem captar mais glicose da circulação sanguínea,

seõçatona reV
abaixando a glicemia.

Questão 3
Em caso de parada cardíaca, cessa o fluxo sanguíneo aos tecidos e, portanto,
estabelece-se uma situação de anóxia ou hipóxia. Após a ressuscitação
cardiopulmonar (RCP), a função cardiovascular é retomada, permitindo o retorno
da circulação sanguínea e, portanto, da oferta de gás oxigênio aos tecidos. Porém,
verifica-se que o paciente apresenta acidose metabólica pós-RCP.

Considerando as informações do texto e seus conhecimentos de Bioquímica,


assinale a alternativa correta.

a. Em situação de insuficiência de gás oxigênio, as células aumentam a taxa de glicólise, resultando na


produção de energia e piruvato. O excesso de piruvato formado é o responsável pela acidemia do paciente.

b. Em situação de anóxia ou hipóxia, a oxidação completa da glicose ocorre em altas taxas, fornecendo
muita energia e lactato. Com o excesso de lactato, o pH do sangue diminui, o que caracteriza a acidose
metabólica.

c. O gás oxigênio não é importante para a produção de energia, pois a respiração anaeróbica, representada
pela glicólise, é a principal fornecedora de ATPs para as necessidades das células.

d. Na parada cardíaca, ocorre aumento das taxas de glicogenólise e gliconeogênese, o que possibilita maior
oferta de glicose para a fermentação. Nessa via metabólica, a glicose é convertida em lactato, que, em
excesso, provoca acidose metabólica.

e. Na parada cardíaca, a fermentação é essencial para a manutenção da glicólise e a continuação da


produção de energia em condições anaeróbicas, porém o produto da fermentação é o lactato, que, em
excesso, provoca acidemia.

REFERÊNCIAS
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meio ambiente. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.

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0
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seõçatona reV
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BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. As bases farmacológicas da


terapêutica Goodman & Gilman. 12. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012.

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


PROCESSOS METABÓLICOS DOS CARBOIDRATOS

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Christian Grassl

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

SEM MEDO DE ERRAR


A situação-problema se refere aos conhecimentos de Bioquímica que podem ser
aplicados na prática clínica no caso de oncologia. Apesar da aparente simplicidade
da questão, ela revela a necessidade de conhecimentos básicos do metabolismo
da glicose para explicar a ocorrência de um quadro clínico de hipoglicemia e
acidose metabólica.

A taxa de crescimento tumoral é muito alta, não sendo acompanhada pela


formação de vasos sanguíneos suficientes para irrigar adequadamente o tumor.
Dessa maneira, muitas células tumorais estão localizadas distantes das redes
capilares tumorais, o que torna o suprimento de gás oxigênio insuficiente para

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essas células. Sem o aporte adequado de gás oxigênio, a oxidação da glicose se


torna parcial, pois a oxidação do piruvato, o ciclo do ácido cítrico e a fosforilação
oxidativa são prejudicados pela menor disponibilidade de gás oxigênio. Além disso,
as moléculas de NADH não são regeneradas à NAD+ na cadeia respiratória

0
mitocondrial, devido à redução da quantidade de aceptor final de elétrons: o gás

seõçatona reV
oxigênio. Com o tempo, ocorre acúmulo de NADH e redução do nível intracelular
de NAD+, o que resulta em interrupção da glicólise, a única via produtora de
energia em condições anaeróbicas. Para evitar a interrupção da glicólise, as células
tumorais utilizam a via metabólica de regeneração de NADH: a fermentação. Nessa
via metabólica de redução, o piruvato é convertido em lactato ou ácido láctico,
enquanto NADH cede seus elétrons para a reação química, tornando-se NAD+.
Com o aumento da disponibilidade de NAD+, devido à fermentação, a glicólise
continua funcionando para a produção de energia, ao mesmo tempo, as células
tumorais, devido à alta taxa de crescimento do tumor, necessitam de muita
energia para atender às elevadas demandas metabólicas.

Como a maior parte dessas células, em situação de hipóxia, só consegue oxidar


parcialmente a glicose, a produção de energia é pequena. Para compensar o baixo
rendimento energético da glicólise, as células tumorais precisam aumentar a taxa
de glicólise, o que requer maior consumo de glicose; para isso, ocorre o aumento
das quantidades de GLUT-1, GLUT-3 e de enzimas da via glicolítica nas células
tumorais,em resposta ao fator de transcrição induzido por hipóxia tipo 1 (HIF-1). A
consequência é a maior captação de glicose do sangue, sem reposição
compensatória da dieta e da gliconeogênese hepática, o que leva a um quadro de
hipoglicemia. Quanto mais agressivo for o tumor, maiores serão a taxa de glicólise
e a captação de glicose do meio. Com o aumento da taxa de glicólise, em situação
de hipóxia, também ocorre o aumento da taxa de fermentação e,
consequentemente, o aumento da quantidade de lactato, e como o lactato é ácido,
ocorre a liberação de prótons, o que reduz o pH do meio, com isso, estabelece-se

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um quadro de acidemia decorrente da acidose metabólica, visto que a causa


primária é o consumo de íons bicarbonato pelo excesso de prótons derivados da
grande quantidade de lactato produzida pelo tumor.

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Essa poderia ser uma forma de responder à situação-problema, mas a partir do
que foi discutido nesta seção, você tem condições de propor e discutir novas

seõçatona reV
respostas com o seu professor e seus colegas.

AVANÇANDO NA PRÁTICA
CONCEITOS DE BIOQUÍMICA NA EXPLICAÇÃO DE TRATAMENTOS PARA
DIABETES MELLITUS
As vias metabólicas apresentadas nesta seção podem ser úteis para compreender
e solucionar várias situações na sua futura prática profissional, então, vamos
aproveitar para contextualizar mais uma aplicação dos conceitos abordados nesta
seção. Vamos imaginar que você trabalha em uma unidade de saúde que está
realizando uma campanha de prevenção e tratamento da diabetes mellitus tipo 2.
Uma das pessoas que procuraram o serviço da campanha apresentou
hiperglicemia no teste e foi encaminhada ao médico. Após exames adicionais, foi
diagnosticado diabetes mellitus tipo 2 e o médico prescreveu acarbose, um
inibidor de alfa-glicosidases do trato gastrintestinal, e exercícios físicos; caso não
resolvesse, haveria a possibilidade do uso de insulina. Nessa situação hipotética,
como você aplicaria os conhecimentos de Bioquímica obtidos nesta seção para
explicar a relação entre o controle glicêmico e a prescrição médica (acarbose,
exercícios físicos e insulina)?

RESOLUÇÃO 

O paciente com diabetes mellitus tipo 2 apresenta hiperglicemia, que pode


acarretar vários danos ao organismo, portanto, o controle glicêmico é
fundamental. No primeiro caso, temos a acarbose, um fármaco que inibe as
atividades das alfa-glicosidases do trato gastrintestinal, com isso, a degradação
do amido, do glicogênio, dos oligossacarídeos e dos dissacarídeos fica

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prejudicada. Como a mucosa duodenal só apresenta mecanismos para


captação de monossacarídeos, a consequência é a redução e o retardo da
absorção desses monossacarídeos, em especial a glicose, com isso, a
hiperglicemia pós-prandial (após as refeições) é reduzida e retardada, o que

0
permite um melhor controle glicêmico. No caso dos exercícios físicos, essa

seõçatona reV
prática induz o aumento da quantidade de GLUT-4 nas fibras musculares
esqueléticas e, portanto, aumenta a capacidade muscular de captação de
glicose da corrente sanguínea; ou seja, os exercícios físicos apresentam um
efeito hipoglicemiante, o que ajuda no controle glicêmico do paciente. Por fim,
no caso da necessidade de insulina, esse fármaco tem a mesma ação da
insulina endógena, ou seja, vai estimular o aumento da quantidade de GLUT-4
nas fibras musculares e adipócitos, consequentemente, o aumento da
captação de glicose do sangue. Além disso, a insulina também estimula a
glicogênese e inibe a gliconeogênese; com esses efeitos, a insulina também
promove o controle glicêmico, importante no caso da diabetes mellitus.

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NÃO PODE FALTAR Imprimir

BIOENERGÉTICA

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Christian Grassl

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

PRATICAR PARA APRENDER


Caro aluno, chegamos à última seção da Unidade 2. Nesta seção, vamos estudar a
bioenergética, ou seja, o estudo das transduções energéticas que ocorrem nas
células. Em outras palavras, abordaremos a transformação de uma forma de
energia em outra, como ocorre na fosforilação oxidativa, processo realizado pela
cadeia respiratória. Nesse caso, em particular, a energia cinética, associada ao
fluxo de prótons, é transformada em energia química e armazenada nas moléculas
de ATP. Aliás, também veremos a estrutura e a função do ATP, a nossa “moeda”
energética, utilizada em todos os processos celulares que necessitam de energia,
como a contração muscular, as reações de biossíntese, a atividade da bomba
sódio-potássio ATPase e outros.

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Na seção anterior, iniciamos o estudo das vias metabólicas da glicose, em especial,


a glicólise e a oxidação do piruvato, ambas envolvendo reações do tipo redox, nas
quais elétrons são transferidos para as moléculas NAD (nicotinamida adenina
dinucleotídeo). Agora, veremos como esses elétrons carreados pelas moléculas

0
NAD são utilizados para a produção de energia na cadeia respiratória pelo

seõçatona reV
processo de fosforilação oxidativa.

Além disso, teremos a via das pentoses-fosfato, uma série de reações químicas em
que ocorre a oxidação da glicose, resultando na formação do monossacarídeo
ribose-5-fosfato, componente essencial para a síntese de ácidos nucleicos DNA e
RNA. Como essa via metabólica envolve reação oxidativa, teremos transferência de
elétrons, porém não para a molécula NAD, a carreadora de elétrons que
estudamos na seção anterior. Agora, teremos a participação de outra carreadora
de elétrons: a NADP, que é fundamental para fornecer elétrons em muitas reações
de vias metabólicas de biossíntese. Por fim, estudaremos as vias metabólicas que
envolvem outras hexoses: a frutose e a galactose.

Todos esses conceitos que serão abordados nesta seção apresentam grande
relevância na área da Saúde, pois estão relacionados à homeostasia, a
mecanismos fisiopatológicos de muitas doenças e aos efeitos farmacológicos de
alguns fármacos. Portanto, os assuntos abordados nesta seção são importantes
para a sua formação profissional e serão úteis para a compreensão, a análise e a
resolução de várias situações que poderão ocorrer na área da Saúde.

A situação-problema se refere aos conhecimentos de bioquímica que podem ser


aplicados na sua futura prática profissional. Para contextualizar a sua
aprendizagem, imagine que você está trabalhando em uma unidade de saúde e se
depara com um caso clínico de um rapaz que apresenta deficiência da enzima
glicose-6-fosfato-desidrogenase (G6PD). Será que os conceitos que serão
aprendidos nesta seção podem ser úteis nessa situação? Veremos a importância
desses conceitos na situação-problema.

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Na sua unidade de saúde, deu entrada um paciente bem jovem apresentando um


quadro de anemia hemolítica. Ele estava acompanhado de sua mãe, que relatou a
você que o paciente era portador da deficiência da enzima glicose-6-fosfato-
desidrogenase nos eritrócitos, uma doença genética. O paciente tinha ido a um

0
restaurante de culinária mediterrânea e, por uma imprudência, acabou comendo

seõçatona reV
um prato à base de feijão-fava; após isso, o paciente começou a apresentar
palidez, icterícia, cansaço extremo, sonolência e urina escura.

A mãe explicou que o paciente faz acompanhamento com hematologista, que


passou uma lista de medicamentos e alimentos que não podem ser consumidos
por serem oxidantes e, portanto, capazes de desencadear a crise de anemia
hemolítica. Além disso, as infecções também podem desencadear as
manifestações clínicas da doença devido à resposta inflamatória.

Você se interessou pelo caso e resolveu pesquisar mais sobre o assunto. Algumas
questões levantadas:

1. Qual via metabólica é afetada? Quais são as consequências bioquímicas?

2. Como explicar a relação entre a via metabólica afetada, as substâncias


oxidantes e a lise dos eritrócitos?

3. Sabendo que durante a resposta inflamatória, temos a geração de radicais


livres, como explicar a relação da infecção com a anemia hemolítica na
deficiência da enzima glicose-6-fosfato-desidrogenase?

Essas questões são apenas o ponto de partida para mais questionamentos e para
estimular a sua procura por mais conhecimentos. A situação-problema proposta é
uma pequena amostra da importância dos conhecimentos de bioquímica na
prática clínica e nas pesquisas na área da Saúde.

O estudo é uma tarefa que apresenta muitas dificuldades, por isso, é importante
se dedicar com afinco para superar essas dificuldades e, com isso, obter resultados
que contribuam para o seu crescimento e amadurecimento como ser humano e

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profissional. Seja o protagonista da sua história de conquistas acadêmicas e


profissionais. Então, aos estudos!

CONCEITO-CHAVE

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Nesta seção, daremos continuidade ao estudo das vias metabólicas, abordaremos

seõçatona reV
os componentes e o mecanismo de funcionamento da cadeia respiratória e
veremos como os elétrons gerados em várias reações oxidativas de diferentes vias
metabólicas são utilizados para a produção de energia na cadeia respiratória pelo
processo de fosforilação oxidativa.

Inicialmente, vamos estudar a bioenergética, que aborda a transferência e a


utilização da energia pelas células. Antes de nos aprofundarmos nesse conceito,
vamos definir energia. Você, provavelmente, tem uma noção do conceito de
energia. Por exemplo: os equipamentos eletrônicos dependem da energia elétrica
para o seu funcionamento, mas também podemos citar a luz, o calor, a correnteza
de um rio e tantos outros exemplos.

O que acabamos de citar são as diferentes manifestações da energia, mas a


verdade é que definir energia é muito difícil, sendo bem mais fácil identificar as
suas manifestações, como energia elétrica, energia luminosa, energia térmica,
energia cinética, energia potencial etc. Mas como precisamos de uma definição,
geralmente, associamos ela a conceitos físicos, então, a energia pode ser definida
como a capacidade de realizar trabalho durante uma reação química ou fenômeno
físico, ou seja, a energia é capaz de deslocar algo ou se opor às forças contrárias.
Por exemplo: a energia tem a capacidade de organizar a matéria, deslocando as
moléculas para organizá-las em células, que, posteriormente, podem ser
deslocadas para a organização de sistemas biológicos cada vez mais complexos,
como tecidos, órgãos, até chegar a um organismo. Além disso, a energia é
necessária para a manutenção da composição dos meios intracelular e
extracelular, a movimentação do sistema biológico (flagelo e cílios, no caso da
movimentação de células, e um sistema proteico que permite a contração de fibras

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musculares para a movimentação de um corpo), as vias de biossíntese (ou


anabólicas), o movimento de moléculas e íons por meio da membrana plasmática e
tantas outras funções biológicas.

0
ASSIMILE

seõçatona reV
Precisamos diferenciar dois processos importantes: a transformação física e
a transformação química (também chamada de reação química). Na
transformação física, as moléculas continuam intactas, o que altera é a
relação entre elas, isto é, as ligações intermoleculares e a liberdade de
movimentação das moléculas. Como exemplo, temos o gelo (forma sólida),
a água (forma líquida) e o vapor de água (forma gasosa). Todas essas
formas são constituídas pela mesma molécula, H 2O , então, o que muda?
Apenas a relação entre as moléculas de água. Já na transformação química
ou reação química, as moléculas iniciais, chamadas de reagentes, são
transformadas em novas moléculas, diferentes das iniciais, chamadas de
produtos. Por exemplo: a queima da madeira, uma reação química
chamada de combustão. Nesse exemplo, a madeira, constituída por
moléculas orgânicas (presença do átomo de carbono), ao reagir com o gás
oxigênio ( O ) origina o gás carbônico ( CO ), então, nessa reação química,
2 2

temos os reagentes carbono e gás oxigênio e o produto gás carbônico.

A manutenção da vida depende da capacidade da célula em transformar uma


forma de energia em outra. Essas transformações de energia que acompanham as
reações químicas do sistema biológico (célula ou organismo) são estudadas pela
bioenergética e são condicionadas às leis da termodinâmica. Inicialmente, vamos
definir alguns conceitos importantes da termodinâmica. O sistema é o nosso
objeto de estudo, podendo ser um tubo de ensaio com uma determinada reação
química ou uma célula; já e o que está ao redor do sistema e não pertence a ele,
chamamos de entorno ou vizinhança. O universo, por sua vez, é o conjunto
formado pelo sistema e pela vizinhança ou entorno.

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O sistema pode ser classificado em aberto (troca energia e matéria com o entorno),
fechado (só troca energia com o entorno) e isolado (não troca nada com o
entorno). As células são exemplos de sistemas abertos, pois trocam energia e
substâncias com o meio circundante. Os conceitos de trabalho e energia já foram

0
abordados anteriormente no texto, então, faltou definirmos calor, que é a energia

seõçatona reV
em movimento devido à diferença de temperatura entre dois meios.

Outros parâmetros importantes para a termodinâmica são: energia interna,


entalpia, entropia e variação de energia livre (ou de Gibbs). A energia interna (U)
corresponde ao conteúdo total de energia do sistema, ou seja, a soma das energias
cinética e potencial das moléculas constituintes do sistema. A entalpia (H) é o
parâmetro que mede a quantidade de energia de um sistema que pode ser
transformada em calor à pressão constante. Já a variação de entalpia, ou seja, a
diferença entre as entalpias final e inicial de um sistema, reflete a energia liberada
e absorvida de um sistema em pressão constante. A depender do valor da variação
de entalpia, podemos classificar as reações químicas e os fenômenos físicos em
exotérmicos e endotérmicos. Em um processo exotérmico, a variação de entalpia
do sistema é negativa, pois o sistema transfere energia na forma de calor para o
entorno, enquanto em um processo endotérmico, a variação de entalpia do
sistema é positiva, pois recebe energia do entorno na forma de calor.

Com base nos conceitos de energia interna e entalpia, foi estabelecida a Primeira
Lei da Termodinâmica ou Princípio da Conservação de Energia, que declara que a
energia interna de um sistema isolado é constante. Podemos desdobrar esse
conceito e dizer que a energia do universo é constante, ou seja, a energia pode ser
transferida entre o sistema e o entorno ou ser transformada em outra, porém
jamais destruída ou criada. Por exemplo: a energia química armazenada no ATP é
utilizada na interação entre actina e miosina, duas proteínas contráteis das fibras
musculares, permitindo a contração da fibra muscular. Com isso, essa energia
química é convertida em energia cinética, que resulta em movimentos do corpo.

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Outro exemplo é a transferência da energia das ligações químicas dentro da


molécula de glicose para a molécula de ATP, como estudamos na oxidação da
glicose.

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Um processo físico ou químico é espontâneo quando ocorre sem a necessidade de
ser induzido por fatores externos. O fato de ser espontâneo não quer dizer que o

seõçatona reV
processo seja rápido, significa que o processo é energeticamente favorável, e é aí
que entram as enzimas que estudamos na Unidade 1, pois essas proteínas, ao
reduzirem a energia de ativação da reação química, tornam bem mais rápidos os
processos espontâneos, o que é fundamental para a viabilidade da vida. Associado
à espontaneidade do processo, temos o parâmetro termodinâmico da entropia,
que é uma medida da desordem ou da aleatoriedade de um sistema. Assim, um
valor alto de entropia significa muita desordem no sistema, enquanto um valor
baixo de entropia indica pouca desordem no sistema. Em um sistema isolado, o
processo espontâneo leva a um aumento da desordem do sistema, e baseada no
conceito de entropia, temos a Segunda Lei da Termodinâmica, que afirma que toda
transformação de uma forma de energia em outra e a transferência de energia
entre o sistema e o entorno aumentam a entropia do universo. Quando estamos
em atividade física, aumentamos a entropia do universo, pois liberamos calor para
o entorno com o aumento da sudorese, em resposta ao aumento da temperatura
interna do organismo, bem como aumentamos a oxidação de glicose e de ácidos
graxos para produção de energia. O resultado do aumento da oxidação dessas
moléculas, além da energia e do calor, é a formação de grandes quantidades de
água e gás carbônico que são eliminados para o entorno, com isso, aumenta-se a
desordem do entorno e, portanto, do universo.

As células são sistemas biológicos formados por moléculas com alto grau de
organização nas suas estruturas, então, isso quer dizer que os sistemas biológicos
não respeitam a Segunda Lei da Termodinâmica? Negativo. Os sistemas biológicos
(células, tecidos, organismos), apesar da sua organização, respeitam as leis da
termodinâmica, o que acontece é um equilíbrio entre os sistemas biológicos e o
seu entorno em relação à entropia. Para os sistemas biológicos manterem o seu
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06/03/2024, 07:53 lddkls212_bio_apl_sau

alto grau de organização, isto é, baixa entropia, o entorno precisa apresentar


maior desordem, portanto, a baixa entropia dos sistemas biológicos é compensada
pela alta entropia do entorno. Por exemplo: um organismo recebe do meio
moléculas complexas, como amido e glicogênio; essas moléculas, pelo processo

0
digestivo, são convertidas em glicose, que, posteriormente, pelo processo

seõçatona reV
oxidativo, será transformada em energia, calor, gás carbônico e água. Assim sendo,
o organismo receberá moléculas mais organizadas e devolverá ao entorno maior
número de moléculas pequenas, água e gás carbônico, além do calor, que
aumentará a energia cinética das moléculas do entorno, logo, o organismo
contribuirá para aumentar a entropia do entorno, permitindo o aumento do grau
de organização dentro do organismo.

Outro conceito útil em termodinâmica é a energia livre de Gibbs ou apenas energia


livre, que corresponde à quantidade de energia de um sistema capaz de realizar
trabalho durante uma reação química à temperatura e pressão constantes. Para se
verificar se uma reação química é espontânea, é necessário determinar a variação
de entropia do sistema, a variação de entropia do entorno e a soma dos valores
dessas variações de entropia, e isso dificulta muito o processo. A energia livre de
Gibbs surgiu como uma simplificação, pois permite determinar a espontaneidade
da reação química e fornece informações sobre o trabalho realizado pelo sistema
durante a reação química.

Para o cálculo da energia livre de Gibbs, considera-se os valores da entalpia, da


entropia e da temperatura absoluta. Com os valores da variação de energia livre de
Gibbs, podemos classificar as reações químicas em exergônicas, quando o valor é
negativo e espontâneo, e endergônicas, quando o valor é positivo e não
espontâneo. Por exemplo: o processo de oxidação completa da glicose, que
envolve muitas reações químicas, é exergônico, pois o valor da variação de energia
de Gibbs é de – 2870 kJ/mol, logo, é um processo espontâneo, porém não significa
que seja rápido, apenas que é energeticamente favorável. Para tornar o processo
mais rápido, existem as enzimas que catalisam todas as reações químicas da
oxidação completa da glicose
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Como visto anteriormente, a energia é a capacidade de se realizar trabalhos. Nas


células, a energia é utilizada para a realização de vários trabalhos, como ativação
de reações endergônicas das vias de biossíntese, transporte ativo de substâncias
por meio da membrana plasmática e movimento (flagelos, cílios e contração

0
muscular). A energia para o trabalho celular é proveniente da molécula trifosfato

seõçatona reV
de adenosina (ATP), que é composta pela ribose (monossacarídeo), pela adenina
(base nitrogenada) e por três grupos fosfato. A molécula de ATP libera energia
quando a ligação química do último grupo fosfato é rompida, originando a
molécula de ADP (difosfato de adenosina) e fosfato inorgânico. Na Figura 2.22,
podemos verificar a estrutura e a reação de hidrólise do ATP.

Figura 2.22 | Estrutura do ATP e a reação de hidrólise do ATP para liberar energia

Fonte: elaborada pelo autor.

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Nas células, a energia liberada pelo ATP ativa as reações endergônicas, em geral,
envolvendo a fosforilação de moléculas. Podemos citar como exemplo a
fosforilação da glicose com a formação da glicose-6-fosfato, que ocorre devido à
transferência de grupo fosfato do ATP. As reações endergônicas e exergônicas são

0
acopladas, permitindo que o processo, no final, seja exergônico, como na oxidação

seõçatona reV
da glicose para produção de energia. A regeneração do ATP depende da energia
livre liberada pelas reações exergônicas e dos elétrons gerados nas reações de
oxidação, como a oxidação da glicose e do ácido graxo, que permite a adição do
fosfato inorgânico ao ADP para formar o ATP.

As principais fontes de energia livre para regeneração do ATP são: glicólise, ciclo do
ácido cítrico, oxidação do ácido graxo e fosforilação oxidativa.

EXEMPLIFICANDO

Um homem adulto com cerca de 70 kg necessita de, pelo menos, 2000


quilocalorias por dia para a manutenção das suas funções orgânicas. Em
termos energéticos, essa quantidade de energia corresponde a 83 kg de
ATP, porém as pessoas dispõem de apenas 250 gramas de ATP a qualquer
momento, e isso mostra que a nossa capacidade de regenerar o ATP tem
que ser bem elevada. Cada molécula de ATP é regenerada cerca de 300
vezes por dia, e a principal fonte de regeneração de ATP é a fosforilação
oxidativa que ocorre na mitocôndria.

As reações de oxirredução (ou redox) estão presentes em muitas vias metabólicas,


em especial as relacionadas com a produção de energia. Na oxidação, ocorre
perda de elétrons, ou seja, aumento do valor do número de oxidação; já na
redução, há ganho de elétrons, ou seja, diminuição do valor do número de
oxidação. O número de oxidação está relacionado à carga elétrica, real ou parcial,
dos átomos constituintes das moléculas reagentes.

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Oxidante é a molécula que provoca oxidação de outra molécula e sofre redução;


redutor é a molécula que provoca redução de outra molécula e sofre oxidação. Nas
reações de oxirredução, temos a transferência de elétrons do redutor para o
oxidante; por exemplo: na descarboxilação oxidativa do piruvato, o que resulta na

0
formação de acetil-CoA, o piruvato é o redutor, pois perde elétrons e os transfere

seõçatona reV
para o NAD+, que age como oxidante. Apesar de o termo oxidação remeter ao gás
oxigênio, muitas reações de oxidação ocorrem sem a participação dessa molécula.
O conjunto das reações de oxirredução que ocorrem nos sistemas biológicos é
denominado de oxidação biológica. Na figura 2.23, destacamos o processo redox
da equação resumida da respiração celular.

Figura 2.23 | Equação resumida da respiração celular e o processo redox envolvido

Fonte: elaborada pelo autor.

A energia presente na glicose, nos ácidos graxos e nos aminoácidos é liberada aos
poucos, em várias etapas, cada uma catalisada por uma enzima específica. Nessas
etapas, a energia dessas fontes energéticas pode ser transferida diretamente para
o ADP por meio da sua fosforilação, originando o ATP. A outra possibilidade é a
transferência de elétrons dessas fontes energéticas para os carreadores de
elétrons NAD (nicotinamida adenina dinucleotídeo) e FAD (flavina adenina
dinucleotídeo), e esses elétrons serão, posteriormente, transferidos para a cadeia
respiratória ou cadeia de transporte de elétrons, onde serão utilizados para o
processo de fosforilação oxidativa. As oxidações da glicose, dos ácidos graxos e

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06/03/2024, 07:53 lddkls212_bio_apl_sau

aminoácidos e a fosforilação do ADP para formar ATP estão acoplados por um


gradiente de prótons, por meio da membrana interna da mitocôndria. A seguir,
veremos como ocorre esse acoplamento de reações na cadeia respiratória.

0
Na membrana interna da mitocôndria, entre o espaço intermembranoso e a matriz
mitocondrial, encontramos a cadeia respiratória ou cadeia de transporte de

seõçatona reV
elétrons, que é formada por vários componentes, especialmente por proteínas.
Esses componentes estão organizados em 4 complexos proteicos, transportadores
de elétrons com certa mobilidade, presentes na membrana interna da
mitocôndria, e um canal de prótons associado à enzima ATP sintase.

O Complexo I (NADH-desidrogenase) recebe os elétrons de NADH, que acaba se


regenerando para NAD+, permitindo a manutenção da glicólise, como vimos na
seção anterior. Em outras palavras, NADH é oxidada a NAD+, enquanto o complexo
I é reduzido. Esse complexo proteico possui atividade de bomba de prótons que é
ativada por elétrons, resultando no transporte de prótons da matriz mitocondrial
para o espaço intermembranoso. O Complexo II (Succinato-desidrogenase) recebe
os elétrons de FADH2, porém não apresenta atividade de bomba de prótons. Ele é
o elo de ligação entre a cadeia respiratória e o ciclo do ácido cítrico, pois também é
enzima, a única ligada à membrana interna mitocondrial, de uma das etapas do
ciclo do ácido cítrico. Em seguida, os elétrons dos Complexos I e II são transferidos
para a ubiquinona ou coenzima Q, molécula de origem lipídica que atua como
carreador de elétrons, presente na membrana interna da mitocôndria.

A ubiquinona reduzida transfere os elétrons para o Complexo III (Ubiquinona:


citocromo c-oxidorredutase). Esses elétrons são necessários para a atividade de
bomba de prótons presente no Complexo III, o que resulta no transporte ativo de
prótons da matriz mitocondrial para o espaço intermembranoso. Em seguida, os
elétrons do Complexo III são transferidos para o citocromo c, proteína presente na
membrana interna da mitocôndria. O citocromo c, por sua vez, transfere os
elétrons para o Complexo IV (Citocromo-oxidase), onde a atividade de bomba de
prótons é ativada por esses elétrons, permitindo o bombeamento de prótons da

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06/03/2024, 07:53 lddkls212_bio_apl_sau

matriz mitocondrial para o espaço intermembranoso. A Figura 2.24 representa o


esquema da cadeia respiratória para auxiliar na compreensão do seu mecanismo
de funcionamento.

0
Figura 2.24 | Representação dos componentes e do mecanismo de funcionamento da cadeia

seõçatona reV
respiratória

Fonte: elaborada pelo autor.

No final da cadeia respiratória, o Complexo IV transfere os elétrons para a


molécula de oxigênio ( O ) que atua como aceptor final de elétrons da cadeia
2

respiratória. À medida que a molécula O recebe os elétrons e reage com os 2

prótons do meio, são formados vários intermediários, as espécies reativas de


oxigênio, até a formação da molécula de água.

Na Figura 2.25, podemos ver uma escada de intermediários à medida que ocorrem
as reduções. Na primeira redução, a molécula de oxigênio é convertida em radical
superóxido; em seguida, o radical superóxido é reduzido à peróxido de hidrogênio;
este, por sua vez, é reduzido à radical hidroxila; por fim, o radical hidroxila é
reduzido à molécula de água.
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Figura 2.25 | Representação das reações químicas envolvidas na redução do gás oxigênio ( O ) à 2

molécula de água

0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

REFLITA

O gás oxigênio ( O ) é o aceptor final de elétrons da cadeia respiratória e,


2

portanto, essencial para o seu funcionamento. Na ausência ou insuficiência


de O , a cadeia respiratória e as demais etapas oxidativas mitocondriais
2

ficam prejudicadas. A molécula de também atua como aceptora final de


elétrons na cadeia respiratória de bactérias (células procarióticas), e essas
células não possuem organelas, portanto, não têm mitocôndrias. A cadeia
respiratória está localizada na membrana plasmática das células
procarióticas. Diante disso, no caso das bactérias anaeróbicas, como a
cadeia respiratória funciona na ausência de O ? Alguma ideia? 2

Com a atividade das bombas de prótons dos Complexos I, III e IV, é criado um
gradiente eletroquímico de prótons por meio da membrana interna da
mitocôndria com maior concentração de prótons no espaço intermembranoso e
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06/03/2024, 07:53 lddkls212_bio_apl_sau

menor concentração de prótons na matriz mitocondrial. Na membrana interna da


mitocôndria, temos a presença de um canal de prótons associado à enzima ATP
sintase; o gradiente eletroquímico de prótons é a força motriz que gera um fluxo
de prótons a favor do gradiente, ou seja, do espaço intermembranoso para a

0
matriz mitocondrial que passa pelos canais de prótons. A energia associada ao

seõçatona reV
fluxo de prótons é utilizada pela enzima ATP sintase para fosforilar o ADP,
formando, assim, o ATP. Portanto, a energia cinética do fluxo de prótons é
transformada em energia química armazenada no ATP. Esse mecanismo de
fosforilação oxidativa dependente do gradiente eletroquímico de prótons por meio
da membrana interna da mitocôndria é chamado de modelo quimiosmótico.
Podemos ver a fosforilação oxidativa na Figura 2.24.

Na membrana interna da mitocôndria, também encontramos as proteínas


desacopladoras (UCPs), que permitem a passagem do fluxo de prótons a favor do
seu gradiente eletroquímico. Porém, essas proteínas não estão associadas às
enzimas ATP sintase, por isso, a energia cinética do fluxo de prótons não é
transformada em energia química para ser armazenada em ATP; essa energia
cinética é liberada na forma de calor, em um processo chamado de termogênese.
As proteínas UCPs são encontradas, principalmente, no tecido adiposo marrom,
mais abundante nos recém-nascidos, sendo responsáveis pela produção de calor
para a manutenção da temperatura corporal.

VIA DAS PENTOSES-FOSFATO E OUTRAS VIAS METABÓLICAS QUE


ENVOLVEM AS HEXOSES
A via das pentoses-fosfato é um conjunto de reações químicas que ocorre no
citosol e cujo substrato inicial é a glicose-6-fosfato e o produto final é a ribose-5-
fosfato. Como há reações oxidativas nessa via metabólica, há transferência de
elétrons para a NADP+ (nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato) para a
formação de NADPH, essencial para as reações de biossíntese, para a atividade das
enzimas do sistema citocromo P450 (responsável pela biotransformação de

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06/03/2024, 07:53 lddkls212_bio_apl_sau

xenobióticos e biossíntese de hormônios esteroides) e como proteção contra o


estresse oxidativo (para mais informações sobre a importância de NADPH na
defesa antioxidante, leia o box Saiba mais).

0
A via das pentoses-fosfato é dividida em duas fases, a de geração de NADPH com
reações irreversíveis e a interconversão não oxidativa de monossacarídeos com

seõçatona reV
reações reversíveis. A fase de reações irreversíveis inicia-se com a oxidação da
glicose-6-fosfato para formar 6-fosfogliconolactona, reação catalisada pela enzima
glicose-6-fosfato desidrogenase. Como é uma reação de oxidação, há transferência
de elétrons para a formação de NADPH. Em seguida, 6-fosfogliconolactona é
convertido em 6-fosfogliconato e, finalmente, encerra-se a primeira fase de
reações, havendo a oxidação de 6-fosfogliconato, reação catalisada pela enzima 6-
fosfogliconato desidrogenase, para formar D-ribulose-5-fosfato, uma molécula de
NADPH e uma molécula de gás carbônico. Portanto, na fase de reações
irreversíveis ou de geração de NADPH, temos a formação de duas moléculas de
NADPH.

Na outra fase da via das pentoses-fosfato, temos as reações reversíveis que


participam da interconversão dos monossacarídeos. A D-ribulose-5-fosfato, em
uma reação catalisada pela enzima fosfopentose-isomerase, é convertida em D-
ribose-5-fosfato, fundamental para a síntese dos ácidos nucleicos RNA e DNA. Nas
reações de interconversão de monossacarídeos, temos a formação de diferentes
monossacarídeos, entre eles, a D-frutose-6-fosfato e D-gliceraldeído-3-fosfato, que
podem entrar como intermediários da glicólise. Na Figura 2.26, temos o esquema
representativo da via das pentoses-fosfato.

Figura 2.26 | Esquema representativo da via das pentoses-fosfato

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0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

Existem vias metabólicas que envolvem outras hexoses, como a galactose e a


frutose. No caso da frutose, esse monossacarídeo é substrato para glicólise,
especialmente no fígado. Uma dieta rica em frutose pode desencadear um
aumento da taxa de glicólise no fígado, resultando em aumento da taxa de síntese
de ácidos graxos devido à maior disponibilidade de dihidroxiacetona, um
intermediário da glicólise. Com maior produção hepática de ácidos graxos, há
maior secreção de VLDL, o que resulta em hipertrigliceridemia (maior concentração
plasmática de triacilgliceróis ou triglicérides). A galactose obtida da dieta é
convertida em glicose no fígado.

Aqui, encerramos a Unidade 2 dedicada ao estudo dos carboidratos, considerando


as suas propriedades estruturais e funcionais. Além disso, estudamos as vias
metabólicas envolvendo carboidratos, glicólise, oxidação do piruvato, fermentação,

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06/03/2024, 07:53 lddkls212_bio_apl_sau

glicogênese, glicogenólise, gliconeogênese, via das pentoses-fosfato e vias


metabólicas da galactose e da frutose. Por fim, estudamos bioenergética, a
oxidação biológica e a fosforilação oxidativa.

0
FAÇA A VALER A PENA

seõçatona reV
Questão 1
A via das pentoses-fosfato, um conjunto de reações químicas presente no citosol,
utiliza a glicose-6-fosfato como substrato inicial. Após uma série de reações
químicas, ribose-5-fosfato é formada. Além disso, essa via possui reações
oxidativas com transferência de elétrons para carreadores.

Em relação à via das pentoses-fosfato, assinale a alternativa correta.

a. Na via das pentoses-fosfato, há formação de NADH, importante para a redução da glutationa em uma
reação catalisada pela glutationa peroxidase.

b. Ocorre a formação de FADH2 na via das pentoses-fosfato; em seguida, FADH2 leva os elétrons para a
cadeia respiratória.

c. Na via das pentoses-fosfato, há a formação de NADPH, importante para as reações de biossíntese e


proteção contra estresse oxidativo.

d. NADPH, formada na via das pentoses-fosfato, é uma importante carreadora de elétrons para a cadeia
respiratória.

e. Na via das pentoses-fosfato, ocorre a formação de NADPH, NADH e FADH2, além de ela gerar energia livre
para a síntese de ATP.

Questão 2
A bioenergética é o estudo das transformações e transferências de energia que
ocorrem nos sistemas biológicos (células, tecidos, organismos). Essa área da
ciência é baseada nos princípios de termodinâmica, sendo importantes os
conceitos de entalpia, entropia e energia livre de Gibbs para se compreender o
fluxo de energia nos sistemas biológicos.

Baseando-se nos seus conhecimentos sobre bioenergética, assinale a alternativa


que define corretamente a entalpia, entropia e a energia livre de Gibbs,
respectivamente.

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a. Quantidade de energia de um sistema que pode ser transformada em calor; medida da desordem de um
sistema; quantidade de energia de um sistema capaz de realizar trabalho durante uma reação química.

b. Quantidade de energia de um sistema capaz de realizar trabalho durante uma reação química; medida da
desordem de um sistema; quantidade de energia de um sistema que pode ser transformada em calor.

0
c. Medida da desordem de um sistema; quantidade de energia de um sistema que pode ser transformada
em calor; quantidade de energia de um sistema capaz de realizar trabalho durante uma reação química.

seõçatona reV
d. Quantidade de energia de um sistema que pode ser transformada em calor; quantidade de energia de um
sistema capaz de realizar trabalho durante uma reação química; medida da desordem de um sistema.

e. Quantidade de energia de um sistema capaz de realizar trabalho durante uma reação química;
quantidade de energia de um sistema que pode ser transformada em calor; medida da desordem de um
sistema.

Questão 3
A cadeia respiratória é composta por complexos proteicos, carreadores de elétrons
e canais de prótons associados à enzima ATP sintase; ela está presente na
membrana interna da mitocôndria e é responsável pelo processo de fosforilação
oxidativa — responsável pela produção da maior parte dos ATPs utilizados pelo
organismo.

Em relação à fosforilação oxidativa, assinale a alternativa correta.

a. Os elétrons transferidos por FADH2 ativam a bomba de prótons presente no Complexo II; com isso, o
Complexo II transporta prótons da matriz mitocondrial para o espaço intermembranoso.

b. NADPH, formada nas reações de oxidação da via das pentoses-fosfato, transfere os elétrons para o
Complexo I; dessa maneira, a bomba de prótons desse complexo é ativada para o transporte de prótons.

c. As bombas de prótons dos Complexos I, II, III e IV, ativadas por ATP, são responsáveis pela criação de um
gradiente eletroquímico de prótons por meio da membrana interna da mitocôndria.

d. NADH e FADH2 transferem os elétrons provenientes de reações oxidativas (glicólise, oxidação do piruvato,
ciclo do ácido cítrico e oxidação de ácidos graxos) para os Complexos II e IV, respectivamente.

e. O gradiente eletroquímico de prótons é a força motriz para a geração de um fluxo de prótons para a
matriz mitocondrial. Ao passar pelos canais de prótons, a energia associada a esse fluxo é convertida em
energia química pela ATP sintase.

REFERÊNCIAS
ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o
meio ambiente. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.

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BENDER, D. A; MAYES, P. A. Via das pentoses-fosfato e outras vias do metabolismo


das hexoses. In: RODWELL, V. W. et al. (Org.). Bioquímica ilustrada de Harper. 30.
ed. Porto Alegre: AMGH, 2017.

0
BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. (Org.). Bioquímica. 7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara-Koogan, 2014.

seõçatona reV
FERRIER, D. R. Bioenergética e fosforilação oxidativa. In: FERRIER, D. R. (Org.).
Bioquímica ilustrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.

FERRIER, D. R. Via das pentoses-fosfato e NADPH. In: FERRIER, D. R. (Org.).


Bioquímica ilustrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.

NELSON, D. L.; COX, M. M. (Org.). Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed.


Porto Alegre: Artmed, 2014.

REECE, J. B. et al. Introdução ao metabolismo. In: REECE, J. B. et al. (Org.). Biologia


de Campbell. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.

REECE, J. B. et al. Respiração celular e fermentação. In: REECE, J. B. et al. (Org.).


Biologia de Campbell. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.

RODWELL, V. W. et al. (Org.). Bioquímica ilustrada de Harper. 30. ed. Porto


Alegre: AMGH, 2017.

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


BIOENERGÉTICA

0
Christian Grassl

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

SEM MEDO DE ERRAR


A situação-problema se refere aos conhecimentos de bioquímica que podem ser
aplicados na prática clínica, como no caso abordado. Para compreender o caso do
paciente, é necessário conhecer o metabolismo da glicose, em particular, a via das
pentoses-fosfato.

A enzima glicose-6-fosfato-desidrogenase (G6PD) catalisa a primeira reação


química da via das pentoses-fosfato; com a deficiência dessa enzima, decorrente
de mutações (mais de 400 mutações no gene da G6PD já foram descritas), a via das
pentoses-fosfato é interrompida, o que prejudica a síntese da D-ribose-5-fosfato e

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06/03/2024, 07:53 lddkls212_bio_apl_sau

a formação de NADPH. O monossacarídeo pode ser obtido por meio da


alimentação, a questão é a escassez de NADPH com a deficiência de G6PD, sendo
esse efeito mais agudo nos eritrócitos.

0
As células, incluindo os eritrócitos, dependem de sistemas antioxidantes para
neutralizar os radicais livres e as substâncias oxidantes. Um dos principais

seõçatona reV
sistemas antioxidantes é o da glutationa (GSH); esse tripeptídeo contém cisteína na
sua composição.

O grupo sulfidrila ou tiol (-SH) da cadeia lateral da cisteína possui a capacidade de


neutralizar essas substâncias oxidantes. Para isso, como alguns fármacos (como
ácido acetilsalicílico, cloranfenicol, vitamina K e antimaláricos) e alimentos (como o
feijão-fava), duas moléculas de glutationa sofrem oxidação para reduzir essas
substâncias oxidantes em uma reação catalisada pela enzima glutationa
peroxidase, com isso, há a formação da glutationa oxidada (GSSG).

Em seguida, em uma reação catalisada pela enzima glutationa redutase e com


transferência de elétrons de NADPH, a glutationa oxidada é reduzida, originando
duas moléculas de glutationa (GSH). Portanto, NADPH permite a regeneração da
glutationa, no entanto, com a interrupção da via das pentoses-fosfato por causa da
deficiência de G6PD, não há formação de NADPH e a regeneração da glutationa,
consequentemente.

Com o tempo, há depleção de GSH e acúmulo de GSSG nos eritrócitos, tornando


essas células mais sensíveis aos danos oxidativos, especialmente na membrana
plasmática (lipoperoxidação ou peroxidação lipídica). Com as membranas
plasmáticas danificadas, os eritrócitos são mais sensíveis à lise, o que desencadeia
a anemia hemolítica, ou seja, a redução do número de eritrócitos decorrente da
hemólise.

As infecções também são fatores desencadeantes da anemia hemolítica no caso da


deficiência de G6PD, pois há a resposta inflamatória do organismo com
consequente produção de radicais livres. Com a via das pentoses-fosfato

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interrompida, não há NADPH para regenerar a glutationa, tornando os eritrócitos


sensíveis aos danos oxidativos dos radicais livres.

Essa pode ser uma forma de responder à situação-problema, mas, a partir do que

0
foi discutido nesta seção, você tem condições para propor e discutir novas
respostas com o seu professor e seus colegas.

seõçatona reV
AVANÇANDO NA PRÁTICA
INIBIDORES DA FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA
O uso de inibidores de proteínas permite o estudo das funções dessas proteínas,
como na cadeia respiratória mitocondrial; além disso, a intoxicação por esses
inibidores pode causar danos ao organismo, adquirindo uma importância clínica.
Então, vamos aproveitar para contextualizar mais uma aplicação dos conceitos
abordados nesta seção; vamos imaginar que você está trabalhando em um projeto
de pesquisas sobre o funcionamento da cadeia respiratória e o mecanismo da
fosforilação oxidativa. Para o seu trabalho, você usou inibidores específicos dos
complexos proteicos da cadeia respiratória para determinar o papel deles na
fosforilação oxidativa. Os inibidores utilizados foram a rotenona, um inibidor do
Complexo I, e o cianeto, um inibidor do Complexo IV. Utilizando em cada ensaio
um inibidor diferente, você coletou os dados. No primeiro ensaio com a rotenona,
houve a inibição do Complexo I, o que resultou em reduções do consumo de O2 e
de síntese de ATP; no segundo ensaio com o cianeto, houve a inibição do
Complexo IV, o que resultou nas interrupções do consumo de O e da síntese de 2

ATP; agora, é o momento de interpretar os dados obtidos dos seus experimentos.


Como você explicaria esses resultados?

RESOLUÇÃO 

A rotenona inibe o Complexo I, impedindo a transferência de elétrons de


NADH, porém o Complexo II ainda continua recebendo os elétrons de FADH2,
dessa maneira, os elétrons do Complexo II podem ser transferidos para o

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06/03/2024, 07:53 lddkls212_bio_apl_sau

Complexo III pela ubiquinona ou coenzima Q; em seguida, os elétrons são


transferidos do Complexo III para o Complexo IV pelo citocromo c e, por fim, o
Complexo IV transfere os elétrons para o O . 2

0
Como os Complexos III e IV possuem atividade de bomba de prótons, tivemos
a formação do gradiente eletroquímico de prótons por meio da membrana

seõçatona reV
interna da mitocôndria e, consequentemente, o fluxo de prótons para a matriz
mitocondrial; dessa maneira, a energia do fluxo de prótons foi utilizada pela
enzima ATP sintase para síntese de ATP e, por isso, houve o consumo de e a
síntese de ATP no primeiro ensaio, mesmo que reduzidos. Essa redução
ocorreu devido à interrupção da transferência de elétrons de NADH para o
Complexo I; no segundo ensaio, o cianeto inibiu o Complexo IV, com isso, o O 2

não pôde ser reduzido e, consequentemente, os Complexos I, II e III


mantiveram-se reduzidos, pois não conseguiam transferir os seus elétrons
para o Complexo IV, dessa maneira, o consumo de O foi interrompido. 2

Além disso, os complexos proteicos não conseguem bombear prótons,


portanto, não há formação de um gradiente eletroquímico de prótons por
meio da membrana interna da mitocôndria. Sem esse gradiente eletroquímico,
não há fluxo de prótons e, por consequência, não há como a enzima ATP
sintase produzir ATP.

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INTRODUÇÃO AOS LIPÍDEOS E ÁCIDOS GRAXOS

0
Christian Grassl

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

CONVITE AO ESTUDO
Caro aluno, estamos na Unidade 3. Nela, abordaremos vários conceitos
importantes de bioquímica, como os lipídeos e as suas propriedades, seus tipos,
suas funções, bem como as vias metabólicas envolvendo a sua síntese e
degradação. Os lipídeos formam a última classe de biomoléculas que estudaremos
neste livro, sendo que as proteínas e os carboidratos foram estudados nas
Unidades 1 e 2, respectivamente. Na última unidade do livro, estudaremos as
vitaminas e os minerais.

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Na primeira seção, veremos as propriedades físico-químicas e funcionais dos


diferentes lipídeos, incluindo os ácidos graxos, os precursores de importantes
classes de lipídeos, os triacilgliceróis, os fosfolipídeos e os esteróis. Ainda na seção
1, teremos a biossíntese e a oxidação dos ácidos graxos, bem como a formação de

0
corpos cetônicos.

seõçatona reV
Na seção 2, o objetivo é nos aprofundarmos nas vias metabólicas envolvendo os
lipídeos. Então, vamos estudar a digestão e a absorção de lipídeos da alimentação,
as lipoproteínas (quilomícron, VLDL, IDL, LDL e HDL) e o transporte de lipídeos na
corrente sanguínea, além do metabolismo dos fosfolipídeos e do colesterol.

Finalmente, na seção 3, estudaremos o tão “temido” ciclo do ácido cítrico ou ciclo


de Krebs. Quanto aos tópicos que serão abordados, podemos destacar as reações
químicas envolvidas e a sua importância para a produção de energia e para o
fornecimento de intermediários para as vias de biossíntese de aminoácidos. Para
encerrar, mostraremos o papel do ciclo do ácido cítrico como via metabólica final
de outras vias metabólicas que estudamos até aqui: as vias oxidativas da glicose,
aminoácidos e ácidos graxos.

A compreensão desses conceitos amplia os horizontes de análise e de resolução de


várias situações que você pode vivenciar na sua futura prática profissional na área
da Saúde. Esses conhecimentos serão ferramentas úteis para um melhor
entendimento do funcionamento do organismo, com a manutenção da
homeostasia, dos mecanismos fisiopatológicos de muitas doenças e a ação
farmacológica de muitos medicamentos. Portanto, os conhecimentos adquiridos
nesta disciplina serão úteis em outras disciplinas, tais como Farmacologia,
Patologia, Fisiologia, Nutrição, bem como nas disciplinas clínicas. Então, aos
estudos!

PRATICAR PARA APRENDER


Caro aluno,

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Nesta seção, iniciaremos a nossa jornada pelos assuntos relacionados aos lipídeos.
Essas biomoléculas têm papel importante na manutenção da vida, pois não só
armazenam e fornecem energia ao organismo como também são os componentes
que formam a membrana plasmática de todas as células, tanto as eucarióticas

0
quanto as procarióticas. Além disso, os lipídeos são precursores de importantes

seõçatona reV
produtos biológicos, como as vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), os sais biliares e
os hormônios esteroides (glicocorticoides, aldosterona, estrógeno, progesterona e
testosterona).

Entre os vários conceitos que abordaremos nesta seção, destacamos as


propriedades, os tipos e as funções dos lipídeos, especialmente dos ácidos graxos,
as unidades formadoras dos principais tipos de lipídeos. Além disso, estudaremos
as vias metabólicas para a biossíntese de ácidos graxos e para a oxidação dessas
moléculas com o objetivo de produzir energia. Por fim, veremos a formação dos
corpos cetônicos e sua importância fisiológica e patológica.

Muitos dos assuntos que serão abordados nesta seção têm implicações clínicas,
sendo de grande relevância para a sua formação profissional na área da Saúde.
Esses assuntos serão úteis para a compreensão, análise e resolução de várias
situações que poderão ocorrer na sua carreira profissional nessa área.

A situação-problema se refere aos conhecimentos de bioquímica que podem ser


aplicados na prática profissional. Para contextualizar a sua aprendizagem, imagine
que você faz parte de uma equipe de saúde especializada em trabalhos com
pacientes diabéticos. Nesse importante trabalho, você se depara com vários casos
de pacientes com diabetes mellitus tipo 1. Os conceitos aprendidos nesta seção
serão úteis para a compreensão da fisiopatologia e do tratamento desses
pacientes? Veremos a importância desses conceitos abordados nesta seção na
presente situação-problema.

No seu trabalho, você lida com vários casos de diabetes mellitus tipo 1. Esse tipo
responde por 5 a 10% dos casos de diabetes mellitus. Em geral, o início ocorre
antes dos 20 anos, por isso, é conhecida como diabetes juvenil. Trata-se de uma

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doença autoimune que leva à destruição das células beta-pancreáticas, que são as
células responsáveis pela síntese de insulina. Com isso, há uma deficiência de
insulina nos pacientes, o que resulta em hiperglicemia. Além disso, pela redução da
disponibilidade de glicose celular, os hormônios contrarregulatórios entram em

0
ação, como o glucagon, e em resposta à deficiência de insulina e ao aumento da

seõçatona reV
secreção de glucagon, ocorre o aumento da lipólise nos adipócitos, o que eleva à
oferta de ácidos graxos aos tecidos. Você verificou que esses pacientes, quando
não tratados adequadamente, apresentam uma série de consequências, como
poliúria, polidipsia, emagrecimento, polifagia, cetonemia, cetonúria e risco de
cetoacidose. Interessado pelo assunto e com muitas dúvidas a respeito dos
aspectos bioquímicos envolvidos no diabetes mellitus tipo 1, você, diante disso,
resolveu pesquisar mais sobre o assunto e algumas questões foram levantadas:

1. Qual é o mecanismo bioquímico que está envolvido na cetonemia e na


cetonúria?

2. Como explicar, em termos bioquímicos, a poliúria? Como isso pode estar


relacionado com a hipovolemia e o maior risco de cetoacidose?

3. Por que o paciente emagrece muito em um intervalo de tempo curto quando


não tratado adequadamente? Como você formularia uma resposta com base nos
conceitos de bioquímica?

4. Por que o paciente com diabetes mellitus tipo 1 não tratado adequadamente
apresenta odor cetônico?

5. Como você explicaria o risco de cetoacidose diabética em termos bioquímicos?

Essas questões são apenas o ponto de partida para mais questionamentos e para
estimular a sua procura por mais conhecimento. A situação-problema proposta é
uma pequena amostra da importância dos conhecimentos de bioquímica na
prática clínica e nas pesquisas na área da Saúde.

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A responsabilidade de um profissional da Saúde é muito grande e exige


conhecimento, técnica e ética. Por isso, é fundamental a dedicação aos estudos
para que sua formação acadêmica esteja à altura de suas futuras
responsabilidades profissionais. Então, aos estudos!

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seõçatona reV
CONCEITO-CHAVE
Os lipídeos formam uma família de biomoléculas com propriedades físico-químicas
bem diversas, o que determina uma grande diversidade de funções biológicas. A
característica que permite agrupar essas biomoléculas em um único grupo, o dos
lipídeos, é a relativa insolubilidade em água. Os tipos de lipídeos mais importantes
biologicamente são os triacilgliceróis, os fosfolipídeos e os esteróis, que serão
estudados ao longo da Unidade 3. Além disso, temos um lipídeo de grande
importância: o ácido graxo, a unidade de construção dos lipídeos mais
importantes.

Os lipídeos apresentam muitas funções importantes no organismo. Temos os


triacilgliceróis, por exemplo, que atuam como reserva de energia armazenada no
tecido adiposo. Sob estímulos hormonais, eles são clivados, liberando o seu
estoque de ácidos graxos, que, por sua vez, serão oxidados para a produção de
energia. A oxidação de ácidos graxos gera muito mais energia que a oxidação da
glicose, sendo a fonte principal de energia para os músculos esqueléticos. Já o
colesterol, o esterol encontrado nos seres humanos e em outros animais, é
precursor de importantes produtos biológicos, como os hormônios esteroides
(estrógeno, progesterona, testosterona, androgênios, glicocorticoides e
aldosterona), sais biliares (substâncias essenciais para a digestão e absorção de
lipídeos da dieta) e vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K). Além disso, o colesterol
também é importante para a manutenção da membrana plasmática, pois é
responsável por modular a fluidez da membrana. As membranas biológicas são
constituídas por fosfolipídeos e proteínas, lipídeos que formam o arcabouço da
membrana, e são responsáveis pela barreira lipídica que permite a separação de
dois meios, o intracelular e o extracelular. Os fosfolipídeos também participam das

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interações entre células e entre células e matriz extracelular, bem como são os
principais componentes do surfactante, composto produzido pelas células
alveolares, que reduz a tensão superficial nos alvéolos, permitindo a sua expansão
para entrada de ar.

0
seõçatona reV
ÁCIDOS GRAXOS: ESTRUTURA E FUNÇÕES
Os ácidos graxos servem como fontes de energia para as células e também como
precursores de lipídeos mais complexos, então, vamos nos dedicar a estudar um
pouco sobre os ácidos graxos, que são moléculas formadas por um esqueleto
hidrocarbônico, ou seja, apenas átomos de carbono e de hidrogênio estão
presentes nessa cadeia. Em geral, o comprimento da cadeia hidrocarbônica é de 4
a 36 átomos de carbono; além disso, na extremidade da cadeia hidrocarbônica,
temos o grupo carboxila, por isso, os ácidos graxos são classificados como ácidos
carboxílicos. Podemos ver a estrutura do ácido graxo na Figura 3.1.

Figura 3.1 | Estrutura do ácido graxo

Fonte: elaborada pelo autor.

ASSIMILE

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A Química Orgânica estuda os compostos que possuem carbono nas suas


estruturas, chamadas de moléculas orgânicas, mas existem substâncias,
poucas exceções, que, apesar da presença do carbono, são consideradas
inorgânicas, como o gás carbônico, o monóxido de carbono e o íon

0
bicarbonato.

seõçatona reV
O átomo de carbono é tetravalente, ou seja, precisa fazer quatro ligações
químicas covalentes para ganhar estabilidade. Entre os átomos de carbono,
pode-se formar uma ligação simples, ligação dupla ou ligação tripla. Quanto
aos tipos de ligação química entre os átomos de carbono, as cadeias
orgânicas podem ser classificadas em saturadas, quando só há ligações
simples entre os átomos de carbono, e insaturadas, quando existem
ligações duplas ou triplas entre os átomos de carbono.

Os compostos orgânicos são bem variados, podendo ser classificados em


diversos tipos, conforme os grupos químicos presentes. Os
hidrocarbonetos são compostos orgânicos formados apenas por átomos de
carbono e hidrogênio, podendo apresentar ligações simples, ligações
duplas e ligações triplas entre os átomos de carbono; já os ácidos
carboxílicos são compostos orgânicos que apresentam o grupo químico
carboxila (- COOH) ligado à extremidade da cadeia hidrocarbônica.

Outros exemplos de tipos de compostos orgânicos são os aldeídos, os


álcoois, as cetonas, as aminas etc.

Entre os compostos orgânicos, um fenômeno muito comum é a isomeria.


Os isômeros são compostos de mesma fórmula molecular (os mesmos
tipos de átomos e na mesma quantidade), porém com fórmulas estruturais
diferentes, por isso, eles possuem propriedades químicas diferentes. Já
vimos a isomeria óptica que ocorre nos aminoácidos e monossacarídeos
com as formas D e L; agora, veremos a isomeria geométrica que ocorre em
compostos com ligações duplas e em compostos cíclicos.

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A ligação simples permite a rotação livre de seus dois átomos de carbono, o


que possibilita várias orientações para esses átomos, porém representando
o mesmo composto. Na ligação dupla, não é possível ter rotação dos
átomos de carbono, portanto, as localizações dos ligantes dos carbonos são

0
fixas, resultando em dois isômeros, cis e trans. Na isomeria cis, os ligantes

seõçatona reV
iguais dos dois átomos de carbono da ligação dupla ficam no mesmo lado
do plano que divide a molécula ao meio, enquanto na isomeria trans, os
ligantes iguais dos dois átomos de carbono ficam em lados opostos do
plano.

Os ácidos graxos podem ser classificados conforme os tipos de ligação química


presentes entre os átomos de carbono da cadeia hidrocarbônica. Quando só
existem ligações simples entre os átomos de carbono, o ácido graxo é classificado
como saturado; já na presença de ligações duplas entre os átomos de carbono, os
ácidos graxos são chamados de insaturados; quando há uma única ligação dupla
na cadeia hidrocarbônica, o ácido graxo é chamado de monoinsaturado; e caso
haja duas ou mais ligações duplas na cadeia hidrocarbônica, o ácido graxo é
classificado como poli-insaturado. Na figura 3.2, podemos visualizar os ácidos
graxos saturados, monoinsaturados e poli-insaturados.

Figura 3.2 | Estruturas dos ácidos graxos saturado e insaturado

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Fonte: adaptada de Wikimedia Commons .

As ligações duplas entre os carbonos, devido à sua impossibilidade de rotação,


permitem o aparecimento de duas configurações a cis e a trans. Na configuração

0
cis, os átomos de hidrogênio (ou as cadeias de acil), ligados aos carbonos da

seõçatona reV
ligação dupla, estão no mesmo plano, enquanto na configuração trans, esses
átomos de hidrogênio (ou as cadeias de acil) estão em lados opostos do plano. A
figura 3.3 ilustra as configurações (ou isômeros) cis e trans da ligação dupla dos
ácidos graxos insaturados.

Figura 3.3 | Isômeros cis e trans nos ácidos graxos insaturados

Fonte: adaptada de Wikimedia Commons.

Nos ácidos graxos de origem natural, as ligações duplas estão predominantemente


na configuração cis e muito raramente na configuração trans. A configuração trans,
presente nas gorduras trans ou hidrogenadas, geralmente, é obtida por processos
industriais para dar maior estabilidade aos óleos vegetais em altas temperaturas,
como na fritura, e aumentar o seu prazo de validade. Esses óleos vegetais
processados são usados na produção de margarina, biscoitos, sorvetes, lanches
etc. Há algum tempo, as evidências científicas têm mostrado o risco elevado de
doenças cardiovasculares com o consumo de alimentos ricos em ácidos graxos

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trans (ou gordura trans), uma vez que aumentam os níveis de LDL (considerado o
“mau colesterol”) e reduzem os níveis de HDL (considerado o “bom colesterol”) no
organismo, promovendo um aumentando no risco de aterosclerose. Além disso, os
ácidos graxos trans aumentam a resposta inflamatória do organismo, o que

0
também contribui para a formação de ateromas. Atualmente, as indústrias

seõçatona reV
alimentícias têm reduzido ou até eliminado o uso de gordura trans ou hidrogenada
na fabricação de muitos alimentos.

Os ácidos graxos saturados possuem cadeia hidrocarbônica estendida, o que


permite o máximo de interações do tipo van der Waals entre as cadeias
hidrocarbônicas de ácidos graxos adjacentes, resultando em uma maior
compactação entre esses ácidos graxos. Em temperatura ambiente, os compostos
ricos em ácidos graxos saturados, especialmente os de maior comprimento, são
sólidos. Já nos ácidos graxos insaturados, as ligações duplas inserem curvaturas
nas cadeias hidrocarbônicas, por isso, o número de interações do tipo van der
Waals entre esses ácidos graxos é bem menor, o que resulta numa menor
compactação e maior fluidez nos compostos ricos em ácidos graxos insaturados.
Em temperatura ambiente, os compostos com predomínio de ácidos graxos
insaturados são líquidos, portanto, os pontos de fusão dos ácidos graxos
aumentam com o comprimento da cadeia hidrocarbônica e diminuem na presença
de ligações duplas nas cadeias hidrocarbônicas. Nas membranas plasmáticas, os
fosfolipídeos possuem, nas suas estruturas, ácidos graxos insaturados, o que
reduz bastante as interações intermoleculares entre os fosfolipídeos adjacentes,
por isso, a estrutura da membrana plasmática é mais fluida, essencial para a sua
dinâmica funcional. Na figura 3.4, podemos ver as interações intermoleculares
entre ácidos graxos saturados e entre os ácidos graxos insaturados.

Figura 3.4 | Interações intermoleculares entre os ácidos graxos saturados e entre os ácidos graxos
insaturados

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0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

ASSIMILE

Nas moléculas apolares, como os ácidos graxos, não há presença de polos


positivo e negativo permanentes, porém podem ocorrer distorções
momentâneas nas nuvens de elétrons dos átomos constituintes, formando
dipolos transitórios. Enquanto durar o dipolo transitório, haverá interações
entre os polos de cargas opostas , logo, as interações do tipo van der Waals
são momentâneas e bem mais fracas que as interações entre as moléculas
polares.

A numeração dos carbonos nos ácidos graxos é iniciada no carbono do grupo


carboxila, sendo que o carbono 2 corresponde ao primeiro carbono da cadeia
hidrocarbônica. Faz-se importante numerar os carbonos dos ácidos graxos para

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identificar a localização das ligações duplas no caso dos ácidos graxos insaturados.
O último carbono da cadeia hidrocarbônica é chamado de carbono ômega,
independentemente do comprimento dessa cadeia.

0
Uma forma usual de classificar os ácidos graxos poli-insaturados é identificar a
primeira ligação dupla a partir do carbono ômega; assim, temos dois tipos de

seõçatona reV
ácidos graxos poli-insaturados: o ômega-3, com a primeira ligação dupla no
carbono 3 a partir do carbono ômega, e o ômega-6, com a primeira ligação dupla
no carbono 6 a partir do carbono ômega. O ácido graxo ômega-9 é do tipo
monoinsaturado e sua ligação dupla está no carbono 9 a partir do carbono ômega.
Na Figura 3.5, podemos ver a comparação entre as estruturas dos ácidos graxos
poli-insaturados ômega-3 e ômega-6.

Figura 3.5 | Estruturas dos ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 e ômega-6

Fonte: elaborada pelo autor.

Os exemplos de ácidos graxos poli-insaturados do tipo ômega-6 são o ácido


araquidônico e o ácido linoleico; já o ácido eicosapentaenoico, o ácido linolênico e
o ácido docosahexaenoico são exemplos de ácidos graxos poli-insaturados do tipo
ômega-3. Os ácidos graxos poli-insaturados não são sintetizados pelos seres
humanos, sendo necessário obtê-los por meio da alimentação, por isso, são

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chamados de ácidos graxos essenciais. Os ácidos graxos ômega-6 são encontrados


em alimentos como os óleos vegetais, as nozes, o azeite de oliva, o amendoim e a
castanha de caju; já os ácidos graxos ômega-3 são encontrados principalmente em
peixes, como salmão, sardinha e atum, e em nozes, linhaça e chia.

0
Os ácidos graxos poli-insaturados fazem parte da estrutura dos fosfolipídeos da

seõçatona reV
membrana plasmática e são precursores de importantes produtos biológicos. O
ácido araquidônico, do tipo ômega-6, é precursor de prostaglandinas e tem papeis
importantes na mediação da inflamação e na manutenção da homeostasia de
vários tecidos do organismo. Além disso, nas plaquetas, o ácido araquidônico é
precursor do tromboxano A2, um dos principais participantes da hemostasia
(mecanismos fisiológicos que interrompem o sangramento), por meio da
agregação plaquetária e da vasoconstrição local. Os ácidos graxos ômega-3 são
precursores de agentes anti-inflamatórios, como as resolvinas e os docosatrienos,
substâncias importantes para manter o equilíbrio do processo inflamatório,
fundamental para a proteção do sistema cardiovascular. Além disso, os ácidos
graxos ômega-3 possuem outros efeitos protetores para o sistema cardiovascular,
como efeitos anti-arrítmicos, anti-trombóticos, redução da pressão arterial e
redução dos níveis de triglicérides e de LDL (“mau colesterol”), que retardam ou
previnem a formação de ateromas e outros problemas cardiovasculares. Muitos
trabalhos científicos mostram os benefícios dos ácidos graxos ômega-3 no controle
glicêmico, pois reduzem a resistência insulínica. Há evidências científicas de que
essas substâncias inibem a carcinogênese, melhoram o desempenho cognitivo e
são importantes para o desenvolvimento do encéfalo durante a embriogênese e o
período neonatal.

BIOSSÍNTESE DE ÁCIDOS GRAXOS


A alimentação fornece a maioria dos ácidos graxos para as necessidades
metabólicas, apesar da capacidade do organismo de sintetizar ácidos graxos
saturados e monoinsaturados, principalmente no fígado e nas glândulas mamárias
em lactação. Em relação aos ácidos graxos poli-insaturados, o organismo não

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consegue produzi-los, por isso, esses ácidos graxos precisam ser obtidos
obrigatoriamente pela alimentação. A biossíntese de ácidos graxos ocorre no
citosol e envolve a incorporação dos carbonos do acetil-CoA na cadeia de ácido
graxo em crescimento. Esse processo consome energia fornecida pelo ATP e

0
elétrons transferidos pelo NADPH (nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato) nas

seõçatona reV
reações de redução.

As moléculas de acetil-CoA são produzidas a partir das oxidações da glicose, de


aminoácidos, ácidos graxos e corpos cetônicos nas mitocôndrias. O acetil-CoA não
consegue atravessar as membranas mitocondriais para alcançar o citosol, então,
inicialmente, na matriz mitocondrial, o acetil-CoA reage com o oxaloacetato em
uma reação catalisada pela enzima citrato sintase, originando o citrato. O citrato,
por sua vez, por meio de um transportador específico, é transportado para o
citosol, em que, por ação da enzima ATP-citrato-liase, é convertido em acetil-CoA e
oxaloacetato, podendo, o acetil-CoA, então, ser utilizado para a biossíntese de
ácidos graxos.

No citosol, ocorre a formação de malonil-CoA a partir da reação entre o acetil-CoA


e o gás carbônico fornecido pelo íon bicarbonato em um processo irreversível
catalisado pela enzima acetil-CoA-carboxilase. Trata-se de uma reação que
consome energia fornecida pelo ATP, portanto, nessa reação de carboxilação,
forma-se uma molécula de 3 carbonos — o malonil-CoA — a partir de uma
molécula de 2 carbonos — o acetil-CoA — e de uma molécula de 1 carbono — o
gás carbônico. O malonil-CoA atua como um doador de acetato para a biossíntese
de ácido graxo; em seguida, ainda no citosol, em uma reação catalisada pela
enzima ácido-graxo-sintase, ocorre a transferência de acetato (2 carbonos) do
malonil-CoA, com perda de gás carbônico, para a cadeia de ácido graxo em
crescimento. Nessa reação de transferência de acetato, NADPH atua como agente
redutor, transferindo seus elétrons; dessa maneira, a cadeia de ácido graxo cresce
sempre em duas unidades de carbono em cada ciclo de ação da enzima ácido-
graxo-sintase. As enzimas dessaturases, presentes no retículo endoplasmático liso,

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06/03/2024, 08:04 lddkls212_bio_apl_sau

catalisam a adição de ligações duplas na configuração cis nas cadeias de ácidos


graxos, formando os ácidos graxos monoinsaturados. Na Figura 3.6, podemos
visualizar um esquema da biossíntese de ácido graxo.

0
Figura 3.6 | Esquema da biossíntese de ácido graxo

seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

OXIDAÇÃO DOS ÁCIDOS GRAXOS


Finalmente, chegamos ao tópico sobre o catabolismo de ácido graxo, chamado de
beta oxidação. Trata-se de um processo repetitivo em 4 etapas que ocorre nas
mitocôndrias, em que os ácidos graxos são convertidos em moléculas de acetil-
CoA. Os ácidos graxos ficam armazenados nos adipócitos na forma de
triacilgliceróis (lipídeos que serão estudados na próxima seção) e, quando
mobilizados, são oxidados, principalmente pelas fibras musculares, para a
produção de energia. A oxidação completa de um grama de ácidos graxos gera
mais do que o dobro de energia que a oxidação completa de um grama de glicose.

Inicialmente, como os ácidos graxos são insolúveis na água, essas moléculas ligam-
se às proteínas plasmáticas chamadas de albumina; dessa maneira, os ácidos
graxos são transportados pela corrente sanguínea aos tecidos. Uma vez que os

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ácidos graxos estão presentes dentro das células, o próximo passo é entrar nas
mitocôndrias, mais precisamente na matriz mitocondrial, onde se encontram as
enzimas da beta oxidação. Esse transporte de ácidos graxos para a matriz
mitocondrial pode ser dividido em duas etapas: a passagem pela membrana

0
externa e a passagem pela membrana interna.

seõçatona reV
A primeira etapa do transporte de ácido graxo do citosol para dentro da
mitocôndria envolve a adição da coenzima A (CoA) ao ácido graxo. Isso se dá em
uma reação catalisada por uma família de enzimas, chamadas de acil-CoA-
sintetases, com consumo de energia fornecida pelo ATP. O produto dessa reação é
o acil-CoA graxo, que atravessa a membrana externa da mitocôndria e alcança o
espaço intermembranoso, porém ele não consegue atravessar a membrana
interna para alcançar a matriz mitocondrial, aí entra a segunda etapa desse
transporte, que tem a participação de uma molécula orgânica chamada de
carnitina. A enzima carnitina-palmitoil-transferase I, presente na membrana
externa da mitocôndria, catalisa a transferência do grupo acil (ácido graxo) da CoA
para a carnitina, formando acil-graxo-carnitina; em seguida, pela ação de um
transportador específico na membrana interna, acil-graxo-carnitina é transportado
para a matriz mitocondrial. A enzima carnitina-palmitoil-transferase II, presente na
membrana interna, catalisa a clivagem do acil-graxo-carnitina, liberando a carnitina
e o ácido graxo; a carnitina livre retorna ao espaço intermembranoso por um
transportador específico na membrana interna, enquanto o ácido graxo passa a
ser substrato para a via metabólica chamada de beta oxidação. A entrada de
ácidos graxos na matriz mitocondrial mediada pela carnitina é o passo limitante
para a beta oxidação.

O transporte de ácidos graxos para dentro da mitocôndria está esquematizado na


Figura 3.7.

Figura 3.7 | Transporte de ácidos graxos para dentro da mitocôndria

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0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

EXEMPLIFICANDO

A carnitina é uma molécula orgânica sintetizada no fígado e rins a partir dos


aminoácidos lisina e metionina. Os músculos esquelético e cardíaco, apesar
de concentrarem cerca de 97% de toda a carnitina do organismo, não são
capazes de sintetizar a carnitina. Mesmo com a capacidade de biossíntese,
a principal fonte de carnitina para o organismo é a alimentação,
principalmente as carnes.

Podem ocorrer deficiências de carnitina em doenças hepáticas (menor


capacidade de biossíntese de carnitina), desnutrição, dietas veganas e
vegetarianas, hemodiálise (esse processo remove a carnitina do sangue) e
em situações que exigem maior necessidade de carnitina (gestação,
queimaduras, infecções). Existem, também, doenças genéticas que
resultam em deficiência de carnitina ou na incapacidade de se utilizar a

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carnitina para o transporte de ácidos graxos para a matriz mitocondrial. Em


todas essas situações, o uso de ácidos graxos para a produção de energia é
prejudicado, visto que essas moléculas não têm acesso às enzimas da beta
oxidação na matriz mitocondrial. Como a oxidação de ácidos graxos fornece

0
muita energia, essencial para os tecidos com alta atividade metabólica,

seõçatona reV
como músculos e fígado, esses tecidos precisam consumir muito mais
glicose para compensar a falta da beta oxidação. Com isso, há risco de
hipoglicemia grave, que pode ser fatal. Além disso, podem ocorrer
cardiomiopatias e fraqueza muscular. Exercícios físicos intensos podem
provocar lesões nas fibras musculares (rabdomiólise), o que pode resultar
em mioglobinemia com grande risco de insuficiência renal, devido ao efeito
tóxico da mioglobina nos rins. Nesses casos, o tratamento é a
suplementação de carnitina.

REFLITA

A carnitina é essencial para o uso do ácido graxo na produção de energia,


sendo o passo limitante da beta oxidação mitocondrial. Há muitos
trabalhos, com resultados contraditórios, sobre os benefícios do
suplemento de carnitina na melhora do desempenho em atividades físicas
e até na redução de gordura corporal. Há alguma base bioquímica para
esses usos da carnitina? A carnitina pode, realmente, ser benéfica como
agente ergogênico e termogênico?

A via metabólica da beta oxidação corresponde a uma sequência repetida de 4


reações ou etapas que envolvem o carbono beta (carbono 3) da cadeia de ácido
graxo, resultando na redução da cadeia de ácido graxo em dois carbonos: o acetil-
CoA. A primeira reação dessa via metabólica envolve a oxidação do ácido graxo
com elétrons sendo transferidos para FAD (flavina adenina dinucleotídeo),
formando FADH2; já a segunda reação envolve hidratação (adição de água) e a
terceira reação é oxidativa, que resulta na formação de NADH (nicotinamida

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adenina dinucleotídeo). A última reação é clivagem do ácido graxo para liberar o


acetil-CoA, portanto, para cada ciclo da beta oxidação, há a formação de uma
FADH2, uma NADH e um acetil-CoA. No último ciclo da beta oxidação, só há
formação de acetil-CoA. Por exemplo: a oxidação do palmitoil-CoA, um ácido graxo

0
com 16 carbonos, resulta em 8 moléculas de acetil-CoA, sete moléculas de NADH e

seõçatona reV
sete moléculas de FADH2. Tanto FADH2 quanto NADH transportam elétrons para a
cadeia respiratória para a produção de energia, enquanto acetil-CoA é substrato
para o ciclo do ácido cítrico. O esquema da beta oxidação na mitocôndria está
representado na Figura 3.8.

Figura 3.8 | Esquema da beta oxidação mitocondrial

Fonte: elaborada pelo autor.

No caso de ácidos graxos de cadeia muito longa, com mais de 22 carbonos, é


necessária uma etapa extra: a beta oxidação nos peroxissomos. Essa etapa é
importante para o encurtamento da cadeia de ácidos graxos, a fim de que possam

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ser utilizados pelas mitocôndrias. Diferentemente da beta oxidação mitocondrial, a


beta oxidação peroxissomal não resulta em produção de energia.

CORPOS CETÔNICOS

0
Agora, estamos no último tópico desta seção, que abordará os corpos cetônicos,

seõçatona reV
levando-se em consideração a sua importância, síntese e degradação. Os corpos
cetônicos atuam como reservatórios plasmáticos de acetil-CoA para as células e,
portanto, são fontes de energia, visto que o acetil-CoA pode ser oxidado no ciclo do
ácido cítrico para a produção de energia.

Os corpos cetônicos são o acetoacetato, o 3-hidroxibutirato (ou beta


hidroxibutirato) e a acetona. Os dois primeiros corpos cetônicos são transportados
pelo sangue para os tecidos, onde podem ser convertidos em acetil-CoA. A
acetona, produto da descarboxilação espontânea do acetoacetato, não tem
utilidade como reservatório de energia e, sendo volátil, acaba sendo excretada
pelos pulmões. Em períodos longos de jejum, os corpos cetônicos, produzidos em
grande quantidade pelo fígado, atuam como fonte de energia para vários tecidos,
como músculos cardíaco e esquelético, rins e até encéfalo, o que permite poupar
os níveis plasmáticos já baixos de glicose.

Durante o jejum, a disponibilidade de glicose plasmática é reduzida, reduzindo-se a


oferta desse monossacarídeo para o fígado. Para compensar a diminuição da
disponibilidade de glicose, o fígado recebe uma grande quantidade de ácidos
graxos mobilizados do tecido adiposo; esses ácidos graxos são convertidos em
acetil-CoA pela beta oxidação, porém a quantidade de acetil-CoA é tão grande que
excede a capacidade de oxidação dos hepatócitos, e isso ocorre porque a
diminuição da oferta de glicose para o fígado resulta em menor produção do
piruvato, produto final da glicólise. O piruvato, por sua vez, é precursor do
oxaloacetato, molécula que reage com acetil-CoA para formar o citrato, passo
essencial para se iniciar o ciclo do ácido cítrico. Porém, com menos glicose, a
produção de oxaloacetato é prejudicada e, além disso, o oxaloacetato presente nos
hepatócitos é desviado para a gliconeogênese, a fim de formar novas moléculas de
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06/03/2024, 08:04 lddkls212_bio_apl_sau

glicose. Dessa maneira, a grande quantidade de acetil-CoA, resultante da beta


oxidação, não é direcionada para a oxidação completa no ciclo do ácido cítrico,
sendo desviada para uma outra via metabólica mitocondrial: a cetogênese, que
resultará na formação de corpos cetônicos.

0
Na cetogênese, a primeira etapa é a condensação de duas moléculas de acetil-CoA,

seõçatona reV
uma reação catalisada pela enzima tiolase, resultando em acetoacetil-CoA. Em
seguida, o acetoacetil-CoA reage com acetil-CoA, formando beta-hidroxi-beta-
metilglutaril-CoA (HMG-CoA) em uma reação catalisada pela enzima HMG-CoA-
sintase. O próximo passo é a clivagem de HMG-CoA, catalisada pela enzima HMG-
CoA liase, resultando em acetoacetato e acetil-CoA. O acetoacetato já é um corpo
cetônico, mas também é precursor para formação dos dois outros corpos
cetônicos: acetona e beta hidroxibutirato. Para formar a acetona, o acetoacetato
sofre descarboxilação catalisada pela enzima acetoacetato-descarboxilase, o que
também resulta na formação de gás carbônico. No caso de beta hidroxibutirato, o
acetoacetato sofre redução catalisada pela enzima beta-hidroxibutirato-
desidrogenase, com elétrons fornecidos por NADH. O esquema da cetogênese está
representado na Figura 3.9.

Figura 3.9 | Esquema da cetogênese

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06/03/2024, 08:04 lddkls212_bio_apl_sau

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

Em algumas situações, a produção de corpos cetônicos é excessiva, como em


jejum prolongado e no diabetes tipo 1. Nesses casos, a taxa de produção de corpos
cetônicos é maior do que a sua taxa de consumo pelas células, o que acaba
resultando em cetonemia (aumento dos níveis plasmáticos de corpos cetônicos) e
cetonúria (presença de corpos cetônicos na urina). Como os corpos cetônicos são
ácidos, ocorre a liberação de prótons no plasma, o que leva à redução do pH
sanguíneo. Essa condição provocada pelos corpos cetônicos que resulta em
acidemia é chamada de cetoacidose diabética.

A cetólise é a via catabólica dos corpos cetônicos para liberar as moléculas de


acetil-CoA para posterior oxidação completa no ciclo do ácido cítrico na
mitocôndria. Apenas o acetoacetato e beta hidroxibutirato são utilizados pelos
tecidos, enquanto a acetona, por ser volátil, é excretada pelos pulmões. O fígado,
apesar de produzir os corpos cetônicos, não consegue utilizá-los como fonte
energética, pois não dispõe de um sistema enzimático para a cetólise. Quase todas

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06/03/2024, 08:04 lddkls212_bio_apl_sau

as células, exceto os hepatócitos e eritrócitos (que não possuem mitocôndrias para


a oxidação de acetil-CoA), utilizam os corpos cetônicos como substratos
energéticos.

0
Aqui, encerramos a primeira seção da Unidade 3 dedicada ao estudo dos lipídeos,
na qual levamos em consideração os seus tipos e suas funções. Enfatizamos um

seõçatona reV
tipo especial de lipídeo, o ácido graxo, pois constitui a unidade de construção da
maioria dos lipídeos e é uma importante fonte energética para os tecidos,
especialmente o muscular, por isso, estudamos as vias de biossíntese e de
oxidação dos ácidos graxos. Por fim, abordamos os corpos cetônicos, a cetogênese
e a cetólise.

FAÇA VALER A PENA


Questão 1
Os ácidos graxos servem como fontes de energia para as células e também como
precursores de lipídeos mais complexos. Além disso, são ácidos carboxílicos com
cadeias hidrocarbônicas que variam de 4 a 36 átomos de carbono de
comprimento. Entre os carbonos da cadeia hidrocarbônica, podemos ter ligações
simples e ligações duplas.

Em relação à estrutura do ácido graxo, assinale a alternativa correta.

a. O termo saturação se refere à presença de ligações duplas entre os carbonos da cadeia de ácido graxo.

b. Os ácidos graxos poli-insaturados possuem duas ou mais ligações duplas entre os carbonos da cadeia.

c. Nos ácidos graxos de origem natural, a ligação dupla possui configuração trans; a configuração cis é
obtida por processos industriais.

d. Os ácidos graxos insaturados possuem apenas ligações simples entre os carbonos da cadeia.

e. A cadeia hidrocarbônica é responsável por tornar o ácido graxo solúvel em água e outros compostos
polares.

Questão 2

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O catabolismo dos ácidos graxos ocorre nas mitocôndrias e é chamado de beta


oxidação. Nessa via metabólica, os ácidos graxos são convertidos em moléculas de
acetil-CoA. Essas moléculas, por sua vez, são utilizadas para o ciclo do ácido cítrico
para a produção de energia.

0
Em relação à via metabólica da beta oxidação, assinale a alternativa correta.

seõçatona reV
a. Os ácidos graxos, como são moléculas apolares, atravessam livremente as membranas mitocondriais e
alcançam a matriz mitocondrial para serem substratos da beta oxidação.

b. A carnitina, uma molécula orgânica, atua como cofator das enzimas responsáveis pelas reações
oxidativas da beta oxidação; é o passo limitante da beta oxidação.

c. A oxidação de uma ácido graxo longo, com 16 carbonos, por exemplo, gera menos moléculas de acetil-
CoA do que a oxidação da glicose.

d. A beta oxidação que ocorre nos peroxissomos também resulta na formação de NADH e FADH2, que
transportam os elétrons para a produção de energia na cadeia respiratória.

e. As reações oxidativas da beta oxidação transferem elétrons para a formação de NADH e FADH2, que
transportam esses elétrons para a cadeia respiratória.

Questão 3
Os corpos cetônicos, produzidos predominantemente pelo fígado, são reservas
energéticas plasmáticas que podem ser utilizadas pelas células, especialmente as
fibras musculares esquelética e cardíaca. Os corpos cetônicos também têm
importância clínica, pois estão associados ao quadro grave de cetoacidose
diabética.

Com base nas informações do texto e nos seus conhecimentos, assinale a


alternativa correta.

a. Os hepatócitos e os eritrócitos são células que utilizam grandes quantidades de corpos cetônicos como
substratos energéticos.

b. No diabetes mellitus, devido ao alto consumo de corpos cetônicos pelas células, ocorre a cetonemia, ou
seja, a redução dos níveis plasmáticos de corpos cetônicos.

c. Há uma relação inversa entre a cetonemia e a concentração plasmática de prótons, portanto, na


cetonemia, o pH sanguíneo aumenta, resultando em alcalemia.

d. No jejum, mais ácidos graxos do tecido adiposo são mobilizados, a fim de se compensar a hipoglicemia,
com consequente redução da cetogênese, que depende da glicose.

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e. Nas células, os corpos cetônicos sofrem cetólise para a liberação das moléculas de acetil-CoA e a
oxidação no ciclo do ácido cítrico.

REFERÊNCIAS

0
BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Lipídios e membranas celulares. In: BERG, J.
M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. (Org.). Bioquímica. 7. ed. Rio de Janeiro:

seõçatona reV
Guanabara-Koogan, 2014.

BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Metabolismo dos ácidos graxos. In: BERG, J.
M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. (Org.). Bioquímica. 7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara-Koogan, 2014.

FERRIER, D. R. Metabolismo dos ácidos graxos e dos triacilgliceóis. In: FERRIER, D. R.


(Org.). Bioquímica ilustrada. 7.ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.

NELSON, D. L.; COX, M. M. (Org.). Princípios de bioquímica de Lehninger. 6.ed.


Porto Alegre: Artmed, 2014.

REECE, J. B. et al. Estrutura e função de grandes moléculas biológicas. In: REECE, J.


B. et al (Org.). Biologia de Campbell. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.

RODWELL, V. W. et al. (Org.). Bioquímica ilustrada de Harper. 30. ed. Porto


Alegre: AMGH, 2017.

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


INTRODUÇÃO AOS LIPÍDEOS E ÁCIDOS GRAXOS

0
Christian Grassl

seõçatona reV

Fonte: Shutterstock.

SEM MEDO DE ERRAR


A situação-problema se refere aos conhecimentos de bioquímica que podem ser
aplicados na prática clínica, como no caso abordado. Para compreender melhor os
aspectos bioquímicos do diabetes mellitus tipo 1, é necessário conhecer o
metabolismo dos ácidos graxos, considerando a beta oxidação e a cetogênese.

No diabetes mellitus tipo 1, há deficiência de insulina e aumento da secreção de


glucagon. Nesse desequilíbrio hormonal, ocorre o aumento da mobilização de
ácidos graxos do tecido adiposo devido à maior taxa de lipólise; parte considerável
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06/03/2024, 08:05 lddkls212_bio_apl_sau

desses ácidos graxos é direcionada ao fígado, onde é substrato para a beta


oxidação, resultando na formação de acetil-CoA. Devido à grande quantidade de
acetil-CoA, apenas parte dela será oxidada completamente no ciclo do ácido cítrico,
enquanto a maior parte será direcionada para a cetogênese. Com isso, a produção

0
de corpos cetônicos aumenta, porém o consumo deles pelas células não aumenta

seõçatona reV
na mesma proporção, o que leva ao acúmulo de corpos cetônicos no plasma, a
cetonemia. Nos rins, com a filtração plasmática, parte desses corpos cetônicos é
excretada, o que caracteriza a cetonúria, ou seja, a presença de corpos cetônicos
na urina.

Com o aumento das quantidades não reabsorvidas de corpos cetônicos e de


glicose nos túbulos renais, ocorre o aumento da pressão osmótica intratubular, o
que reduz a reabsorção de água pela medula renal, por isso, há o aumento da
excreção urinária, contendo corpos cetônicos, glicose e maior volume de água,
caracterizando a poliúria. Devido a isso, há o risco de desidratação do paciente, o
que pode resultar em redução do volume plasmático, a hipovolemia. Com menor
volume plasmático, os corpos cetônicos ficam mais concentrados e,
consequentemente, a concentração de prótons é maior, levando à acidemia. Por
isso, a combinação da excessiva produção de corpos cetônicos com a hipovolemia
aumenta o risco de cetoacidose.

Com a deficiência de insulina, a taxa de lipólise aumenta consideravelmente,


consumindo as reservas do tecido adiposo, o que resulta no emagrecimento do
paciente não tratado adequadamente. Os ácidos graxos mobilizados são oxidados
principalmente nas fibras musculares e hepatócitos; no fígado, a grande
quantidade de acetil-CoA, produto da beta oxidação, satura o ciclo do ácido cítrico,
por isso, grande parte desse acetil-CoA é direcionada para a cetogênese. Como a
produção de corpos cetônicos supera o seu consumo pelas células, ocorre a
cetonemia. O acetoacetato, um dos corpos cetônicos, sofre descarboxilação
espontânea, resultando em grande quantidade de acetona, um corpo cetônico
volátil, que é excretada pela respiração (hálito cetônico).

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06/03/2024, 08:05 lddkls212_bio_apl_sau

Com a cetonemia e a desidratação, há risco de cetoacidose, decorrente do fato de


os corpos cetônicos serem ácidos e, portanto, liberarem prótons para o plasma.
Com o aumento da concentração plasmática de prótons, há o aumento do
consumo de íon bicarbonato na tentativa de neutralizar a redução do pH

0
sanguíneo, porém, com a produção continuada de corpos cetônicos e a redução da

seõçatona reV
concentração plasmática de íon bicarbonato, ocorre a acidemia, consequência da
acidose metabólica, que, uma vez decorrente do excesso de corpos cetônicos,
passa a ser chamada de cetoacidose diabética.

Essa poderia ser uma forma de responder à situação-problema, mas, a partir do


que foi discutido nesta seção, você tem condições de propor e discutir novas
respostas com o seu professor e seus colegas.

AVANÇANDO NA PRÁTICA

CARNITINA: POSSÍVEIS EFEITOS TERMOGÊNICO E ERGOGÊNICO


O emagrecimento e o alto desempenho em atividades físicas são preocupações
recorrentes de parte considerável da população, principalmente dos mais jovens. A
procura de substâncias termogênicas para o emagrecimento e ergogênicas para o
aumento do desempenho físico tem atraído a atenção de muitas empresas; então,
vamos aproveitar para contextualizar mais uma aplicação dos conceitos abordados
nesta seção. Vamos imaginar que você trabalha em uma empresa que produz
suplementos alimentares e que uma das substâncias que têm sido muito
pesquisada é a carnitina. Na empresa, você e sua equipe têm analisado o potencial
uso comercial da carnitina como agente termogênico e ergogênico. Das suas aulas
de Bioquímica, você se lembra do que o professor ensinou sobre a carnitina: uma
molécula orgânica essencial para o transporte de ácidos graxos para dentro da
mitocôndria. Mas a dúvida é como a carnitina poderia exercer esses efeitos
termogênico e ergogênico?

RESOLUÇÃO 

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06/03/2024, 08:05 lddkls212_bio_apl_sau

A carnitina é o passo limitante da beta oxidação – via metabólica responsável


pela oxidação dos ácidos graxos para a formação de moléculas de acetil-CoA.
Em seguida, essas moléculas entram no ciclo do ácido cítrico para a oxidação

0
completa, o que resulta em uma grande quantidade de energia,
principalmente para as fibras musculares esqueléticas. Apesar do uso da

seõçatona reV
carnitina em suplementos alimentares para o aumento do desempenho físico
(efeito ergogênico) e até para o emagrecimento (efeito termogênico), esses
benefícios ainda não são consenso entre os pesquisadores. As pesquisas com a
carnitina têm mostrado resultados bem contraditórios; em casos de deficiência
de carnitina secundária (adeptos de alimentação vegana ou vegetariana,
subnutrição, casos de infecções graves, queimaduras e outros) ou primária
(doenças genéticas), a suplementação de carnitina mostra-se necessária e
apresenta benefícios. Mas voltando à questão, os possíveis efeitos
termogênico e ergogênico da carnitina se dão devido ao aumento da taxa de
beta oxidação e, portanto, do maior consumo de ácidos graxos. Com isso, há
maior produção de energia nos músculos esqueléticos, o que permite maior
atividade contrátil e, portanto, maior força de contração e melhor desempenho
físico. Em decorrência do aumento da taxa de beta oxidação, também ocorre
produção de calor (efeito termogênico), e esse maior consumo de ácidos
graxos contribui para a perda de gordura corporal (mas lembre-se que ainda
não há estudos conclusivos que comprovem tais benefícios da carnitina).

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NÃO PODE FALTAR Imprimir

METABOLISMO DOS LIPÍDEOS

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Christian Grassl

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

PRATICAR PARA APRENDER


Caro aluno, estamos na segunda seção da Unidade 3 dedicada aos lipídeos e ao
ciclo do ácido cítrico. Nesta seção, temos como objetivo levá-lo a compreender os
importantes conceitos sobre os lipídeos e as aplicações desses conceitos na área
da Saúde. Além disso, vamos conhecer os processos envolvidos na digestão e
absorção dos lipídeos obtidos por meio da alimentação, considerando as enzimas
e o importante papel dos sais biliares.

Após a absorção de lipídeos, essas moléculas apolares precisam ser transportadas


na corrente sanguínea; como os lipídeos não são solúveis no plasma, entram em
ação os transportadores específicos: as lipoproteínas quilomícron, VLDL, LDL e

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HDL, e cada uma dessas lipoproteínas tem estrutura e função específicas, que
serão mostradas nesta seção. Vamos estudar dois tipos de lipídeos: os
triacilgliceróis e os esfingolipídeos. Os triacilgliceróis são as reservas de energia
que estão armazenadas no tecido adiposo, enquanto os esfingolipídeos estão

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presentes nas membranas plasmáticas, com funções de reconhecimento e

seõçatona reV
sinalização celulares.

Por fim, estudaremos o colesterol, um importante lipídeo envolvido na estabilidade


da membrana plasmática. Além disso, o colesterol é precursor de importantes
produtos biológicos, como os sais biliares, as vitaminas lipossolúveis e os
hormônios esteroides, então, vamos verificar as propriedades estruturais e
funcionais, bem como as vias metabólicas do colesterol.

Muitos dos assuntos que serão abordados nesta seção têm implicações clínicas,
sendo de grande relevância para a sua formação profissional na área da Saúde,
uma vez que facilitarão a compreensão, a análise e a resolução de várias situações
que podem vir a ocorrer.

A situação-problema se refere aos conhecimentos de bioquímica que podem ser


aplicados na sua futura prática profissional. Para contextualizar a sua
aprendizagem, imagine que você é integrante de uma equipe de saúde que
trabalha com pacientes cardiopatas, ou seja, que apresentam doenças
cardiovasculares ou riscos de desenvolvê-las, e, nesse trabalho, você se depara
com muitas situações que envolvem os lipídeos. Diante disso, os conceitos que
serão vistos nesta seção serão úteis para a compreensão da fisiopatologia e do
tratamento desses pacientes? Veremos a importância desses conceitos abordados
nesta seção na presente situação-problema.

No seu trabalho, você lida com vários casos de doenças cardiovasculares, muitas
delas tendo como causa a aterosclerose. Em geral, há presença de dislipidemias,
que são defeitos no metabolismo de lipoproteínas, divididas clinicamente em
hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia e dislipidemia mista. A
hipercolesterolemia pode ser familiar (genética) ou comum (combinação de fatores

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genéticos e ambientais); a primeira está relacionada com deficiência no receptor


celular de LDL, enquanto a segunda está muito mais relacionada a uma
alimentação rica em lipídeos, ao sedentarismo, ao tabagismo e à obesidade, e
ambos os casos são fatores de risco para infarto agudo do miocárdio. Há muitas

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questões sobre a relação das dislipidemias com doenças cardiovasculares, que são

seõçatona reV
as principais causas de morte no Brasil e no mundo, como:

• Na hipercolesterolemia familiar, há um risco muito grande de infarto agudo do


miocárdio precoce. Diante disso, qual a relação dos níveis plasmáticos elevados de
LDL com o infarto agudo do miocárdio e por que pode ocorrer de forma precoce
nos portadores da hipercolesterolemia familiar?

• O principal lipídeo da alimentação é o triacilglicerol, portanto, uma alimentação


com alto teor lipídico fornece ao organismo grandes quantidades de triacilgliceróis.
Qual é a relação disso com a hipertrigliceridemia e a hipercolesterolemia? Como
isso pode contribuir para um risco maior de doenças cardiovasculares?

• Vários estudos epidemiológicos têm mostrado a relação inversa entre o nível


plasmático de HDL e o risco de doenças cardiovasculares. Como você explica essa
relação e o papel da HDL como protetor do sistema cardiovascular?

• A síndrome metabólica, termo criado para associar os fatores de risco de


doenças cardiovasculares, é constituída por obesidade, hiperglicemia, hipertensão,
hipertrigliceridemia e hipercolesterolemia. Considerando a síndrome metabólica,
por que o risco de infarto agudo do miocárdio é potencializado?

• Há um grupo de fármacos, as estatinas, que é usado no tratamento de


hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia. Considerando o principal efeito desses
fármacos como inibidores competitivos da enzima HMG-CoA redutase, explique
como esse efeito reduz os níveis plasmáticos de LDL, considerando que esse efeito
no fígado aumenta a expressão de receptores de LDL.

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Essas questões são apenas o ponto de partida para mais questionamentos e para
estimular sua procura por mais conhecimentos. A situação-problema proposta é
uma pequena amostra da importância dos conhecimentos de bioquímica na
prática clínica e nas pesquisas na área da saúde.

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A responsabilidade de um profissional da Saúde é muito grande e exige

seõçatona reV
conhecimento, técnica e ética. Por isso, a dedicação aos estudos é fundamental
para que sua formação acadêmica esteja à altura de suas futuras
responsabilidades profissionais. Então, aos estudos!

CONCEITO-CHAVE
Continuamos nesta seção com os lipídeos, abordando, agora, a digestão e
absorção dos lipídeos da dieta, bem como três importantes tipos lipídicos (os
triacilgliceróis, os esfingolipídeos e o colesterol) e os seus aspectos estruturais,
funcionais e metabólicos Os triacilgliceróis são reservas energéticas fundamentais
para os animais e estão armazenados no tecido adiposo; já os esfingolipídeos,
componentes da membrana plasmática, desempenham papéis na interação e
sinalização celulares; e o colesterol, o esterol presente nos animais, é importante
para a estabilidade da membrana plasmática, além de ser precursor de vários
produtos biológicos, como os sais biliares, as vitaminas lipossolúveis e os
hormônios esteroides.

DIGESTÃO E ABSORÇÃO DE LIPÍDEOS POR MEIO DA ALIMENTAÇÃO


Os lipídeos ou gorduras fazem parte da alimentação dos seres humanos, sendo
que mais de 90% são compostos por triacilgliceróis e o restante por ácidos graxos
livres, fosfolipídeos e estéres de colesterol. Esses lipídeos da dieta precisam ser
digeridos no trato gastrintestinal para posterior absorção de seus componentes
mais simples (ácidos graxos, glicerol e colesterol) pela mucosa duodenal.

A digestão dos lipídeos ocorre predominantemente no duodeno, onde temos a


ação das enzimas pancreáticas, como lipase pancreática, colesterol esterase e
fosfolipase, presentes no suco pancreático. Mas antes da ação dessas enzimas, os
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sais biliares entram em ação para emulsificar os lipídeos, convertendo-os em


pequenas partículas, o que aumenta a área de superfície lipídica para a ação das
enzimas pancreáticas.

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ASSIMILE

seõçatona reV
Os sais biliares são produzidos pelos hepatócitos a partir do colesterol
proveniente da alimentação ou sintetizado pelos próprios hepatócitos. O
colesterol, em uma via metabólica com várias etapas, é convertido em ácido
cólico e ácido quenodesoxicólico; em seguida, esses ácidos biliares são
conjugados com glicina ou taurina, formando os sais biliares, mais efetivos
na ação de emulsificação das gorduras. Os sais biliares fazem parte da
secreção hepática, a bile, juntamente com a bilirrubina, o colesterol, os
ácidos graxos, os íons inorgânicos e a água. A bile é produzida pelo fígado,
enquanto a vesícula biliar armazena a bile para liberá-la para o duodeno
nos momentos das refeições.

Após a sua ação na digestão e absorção de lipídeos no duodeno, os sais


biliares são convertidos novamente em ácidos biliares pela ação das
bactérias da microbiota intestinal; em seguida, esses ácidos biliares são
absorvidos, principalmente no íleo, retornando, via circulação entero-
hepática, para o fígado, onde são reciclados.

Após a emulsificação dos lipídeos pelos sais biliares, as enzimas pancreáticas


catalisam a digestão desses lipídeos mais complexos, resultando na formação dos
componentes lipídicos, como ácidos graxos, colesterol e glicerol. Como esses
produtos da digestão lipídica também são apolares, não ocorre a solubilização
deles na solução aquosa no lúmen do duodeno, além disso, para a sua absorção, é
necessário que alcancem a mucosa duodenal. Aqui, entra a outra função dos sais
biliares: a de solubilizar os produtos hidrofóbicos da digestão lipídica no meio
aquoso do duodeno. Os sais biliares formam complexos com esses produtos (as
micelas) que permitem a aproximação dos lipídeos da mucosa duodeno para a

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posterior absorção pelos enterócitos (células do epitélio intestinal). Os sais biliares


não são absorvidos com os lipídeos; eles sofrem a ação das bactérias da
microbiota intestinal, resultando na formação de ácidos biliares que,
posteriormente, serão absorvidos pela mucosa do íleo.

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seõçatona reV
EXEMPLIFICANDO

O fármaco colestiramina atua como sequestrador de ácidos biliares,


reduzindo a sua absorção pela mucosa intestinal e aumentando a excreção
dos ácidos biliares nas fezes. Em resposta à redução da absorção intestinal
de ácidos biliares, o fígado aumenta a síntese de novos ácidos biliares com
o consumo de colesterol; consequentemente, ocorre o aumento do uso de
colesterol pelos hepatócitos, o que reduz os níveis plasmáticos de colesterol
e de LDL (lipoproteína cujo principal componente é o colesterol), por isso,
esse fármaco é usado para o tratamento de hipercolesterolemia.

Nos enterócitos do duodeno, os produtos da digestão lipídica absorvidos são


novamente combinados para se formar os lipídeos mais complexos, como os
triacilgliceróis, os ésteres de colesterol e os fosfolipídeos; em seguida, esses
lipídeos mais complexos são reunidos com proteínas específicas, as
apolipoproteínas, para a formação da lipoproteína quilomícron. Essas
apolipoproteínas exercem importantes papéis nas lipoproteínas, como sítios de
reconhecimento para receptores nas células e ativadoras ou coenzimas para as
enzimas envolvidas no metabolismo das lipoproteínas. Mais adiante, abordaremos
as lipoproteínas, incluindo o quilomícron. Na Figura 3.10, podemos ver um
esquema representando a digestão e a absorção dos lipídeos obtidos por meio da
alimentação.

Figura 3.10 | Esquema da digestão e absorção de lipídeos obtidos por meio da alimentação

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

LIPOPROTEÍNAS PLASMÁTICAS
As lipoproteínas são complexos formados por vários tipos de lipídeos — os
triacilgliceróis, os fosfolipídeos e os ésteres de colesterol — e por proteínas
específicas, denominadas de apolipoproteínas ou apoproteínas. Como descrito
anteriormente, as apolipoproteínas têm funções de reconhecimento de receptores
celulares e de participação no metabolismo das lipoproteínas, sendo classificadas,
conforme função e estrutura, em 5 classes: apo-A, apo-B, apo-C, apo-D e apo-E,
com possibilidades de subclasses, como: apo-A-I e apo-C-II. Temos cinco classes de
lipoproteínas plasmáticas: quilomícron, VLDL (lipoproteína de muito baixa
densidade), IDL (lipoproteína de densidade intermediária), LDL (lipoproteína de
baixa densidade) e HDL (lipoproteína de alta densidade). O tamanho e a densidade
das lipoproteínas plasmáticas dependem das composições lipídicas e proteicas.

Anteriormente, citamos o quilomícron, que é uma lipoproteína formada nos


enterócitos do duodeno e resultado da interação dos lipídeos obtidos por meio da
alimentação, especialmente os triacilgliceróis com apolipoproteínas específicas,
especialmente a apo-B-48. Os quilomícrons são compostos por cerca de 9% de

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fosfolipídeos, 3% de colesterol, 1% de apolipoproteínas e o restante de


triacilgliceróis; ele é sintetizado no retículo endoplasmático liso dos enterócitos do
duodeno e, em seguida, transferido para o Complexo de Golgi para posterior
secreção. Inicialmente, os quilomícrons são secretados para os vasos linfáticos

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entéricos e, posteriormente, entram na circulação sanguínea pelo ducto torácico.

seõçatona reV
Os quilomícrons circulam pelo sangue até alcançar os capilares, especialmente dos
tecidos adiposo e muscular. Na parede desses capilares, há a presença da enzima
lipase lipoproteica (ou lipoproteína lipase), que catalisa a degradação dos
triacilgliceróis presentes nos quilomícrons. A enzima lipase lipoproteica é ativada
pela apolipoproteína apo-C-II, presente no quilomícron, e com a ação dessa
enzima, os ácidos graxos são liberados dos triacilgliceróis, podendo ser
armazenados nos adipócitos ou oxidados para a produção de energia nas fibras
musculares. As moléculas de glicerol livres, produtos da degradação dos
triacilgliceróis, são captadas pelo fígado para a síntese de novas moléculas de
glicose (gliconeogênese) ou para a formação de glicerol-fosfato, etapa importante
para a síntese de novas moléculas de triacilgliceróis. A atividade da lipase
lipoproteica é estimulada pelo hormônio insulina, e, após a perda de parte dos
triacilgliceróis pela ação da lipase lipoproteica, os quilomícrons remanescentes são
removidos da circulação sanguínea pelos hepatócitos via endocitose mediada por
receptor. No fígado, os quilomícrons remanescentes são degradados e seus
componentes (aminoácidos, ácidos graxos e colesterol) reaproveitados. Na Figura
3.11, podemos ver um esquema do metabolismo do quilomícron.

Figura 3.11 | Esquema do metabolismo do quilomícron

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

A próxima classe de lipoproteínas é a VLDL, sintetizada no fígado. Essa lipoproteína


é composta, predominantemente, por triacilgliceróis, cerca de 60%, produzidos no
fígado, além dos ésteres de colesterol (cerca de 20%), fosfolipídeos (cerca de 15%)
e as apolipoproteínas (cerca de 5%), especialmente a apo-B-110 e a apo-C-II. Como
esse órgão não tem a função de armazenar lipídeos, sintetiza VLDL para exportar
esses lipídeos para os outros tecidos do organismo. Uma vez na circulação
sanguínea, ao passar pelos capilares, principalmente dos tecidos adiposo e
muscular, VLDL sofre a ação da enzima lipase lipoproteica, presente na parede
capilar, e da mesma forma que os quilomícrons, a lipase lipoproteica catalisa a
hidrólise dos triacilgliceróis, liberando os ácidos graxos para o armazenamento nos
adipócitos e para a produção de energia nas fibras musculares. Após a perda de
parte dos triacilgliceróis pela ação da lipase lipoproteica, o remanescente da VLDL
é convertido em LDL no plasma. Existem, também, as formas intermediárias, IDL,
que são removidas da circulação pelo fígado, onde são degradadas e os
componentes reaproveitados.

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Agora, veremos outra classe de lipoproteínas, a LDL, também conhecida como


“mau colesterol”, embora não seja um termo correto, visto que LDL é uma
lipoproteína e não um tipo de colesterol. Ela é composta, principalmente, por
colesterol e ésteres de colesterol (cerca de 50%), como também por triacilgliceróis

0
(cerca de 8%), fosfolipídeos (cerca de 22%) e apolipoproteínas (cerca de 20%). A

seõçatona reV
função da LDL é fornecer colesterol para as células, especialmente as produtoras
de hormônios esteroides, como as das glândulas adrenais (hormônios
glicocorticoides e aldosterona), as dos testículos (hormônio testosterona) e as dos
ovários (hormônios estrógeno e progesterona). Entre as apolipoproteínas
presentes na LDL, está a apo-B-100, reconhecida por receptores nas superfícies
celulares, o que permite que a LDL seja captada pelas células por via endocitose
mediada por receptor. Uma vez dentro das células, a LDL é degradada nos
lisossomos, liberando colesterol, fosfolipídeos, ácidos graxos e aminoácidos. O
colesterol livre é usado pelas células para a estabilidade da membrana plasmática
e, em alguns tipos celulares, também para a produção de hormônios esteroides.

REFLITA

A hipercolesterolemia familiar é uma doença genética em que ocorre


deficiência de receptores celulares para LDL. Os indivíduos portadores
dessa doença genética apresentam risco aumentado de doenças
cardiovasculares. Você saberia explicar essa relação?

Chegamos à última classe de lipoproteínas, HDL, uma família heterogênea de


lipoproteínas sintetizada pelo fígado e pelo intestino. Ela também é conhecida
como o “bom colesterol”, apesar de não ser o termo correto, pois HDL é uma
lipoproteína e não um tipo de colesterol. A composição da HDL é cerca de 30% de
fosfolipídeos, 25% de colesterol e ésteres de colesterol, 5% de triacilgliceróis e 40%
de apolipoproteínas, especialmente apo-A, apo-C e apo-E. Essa lipoproteína atua
como um reservatório de apolipoproteínas, pois é capaz de transferir apo-C-II para
os quilomícrons e VLDL — apolipoproteína responsável por ativar a lipase

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lipoproteica. Além disso, a HDL é responsável pelo transporte reverso de


colesterol, sendo capaz de captar o colesterol das células e transferi-lo para o
fígado e os órgãos produtores de hormônios esteroides (glândulas adrenais,
testículos e ovários), e isso explica o efeito protetor cardiovascular da HDL, uma

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vez que remove o excesso de colesterol dos tecidos para o fígado, que elimina esse

seõçatona reV
excesso via bile, e para os tecidos esteroidogênicos, que convertem o colesterol em
hormônios esteroides. A Figura 3.12 destaca um esquema do metabolismo das
lipoproteínas, exceto o quilomícron, representado na Figura 3.12.

Figura 3.12 | Esquema do metabolismo das lipoproteínas

Fonte: elaborada pelo autor.

TRIACILGLICERÓIS E O METABOLISMO DOS ACILGLICERÓIS

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Agora, abordaremos dois importantes tipos de lipídeos: os triacilgliceróis e os


fosfolipídeos. Os fosfolipídeos, lipídeos estruturais das membranas biológicas,
formam um grupo heterogêneo composto por glicerofosfolipídeos e

0
esfingolipídeos.

seõçatona reV
O triacilglicerol, também conhecido como triglicéride ou gordura neutra, é
constituído por três cadeias de ácidos graxos ligados a uma molécula de glicerol,
um poliálcool com três carbonos. O grupo carboxila de cada cadeia de ácido graxo
reage com a hidroxila do glicerol, formando uma ligação éster; os ácidos graxos
esterificados com o glicerol podem ser iguais ou de dois ou três tipos diferentes.

ASSIMILE

Os ésteres são compostos formados pela reação entre os ácidos graxos e


os álcoois. Na reação de esterificação, o grupo carboxila do ácido graxo
perde seu hidrogênio e o álcool perde o grupo hidroxila, resultando na
formação de uma molécula de água e na ligação da cadeia carbônica do
álcool ao grupo carboxila do ácido graxo.

A estrutura química do triacilglicerol pode ser vista na Figura 3.13. Os triacilgliceróis


estão presentes no citoplasma dos adipócitos na forma de gotículas de óleo,
imiscíveis ao meio intracelular aquoso. Os adipócitos são células presentes no
tecido adiposo, encontrado principalmente na hipoderme, na cavidade peritoneal
e nas glândulas mamárias; já os triacilgliceróis atuam como reserva energética
para os organismos, fornecendo ácidos graxos para oxidação nas células,
especialmente nas fibras musculares.

Figura 3.13 | Estrutura química do triacilglicerol

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seõçatona reV
Fonte: Wikimedia Commons.

As duas principais reservas energéticas para os organismos vertebrados, incluindo


nós, são o glicogênio e o triacilglicerol, porém cada umas dessas reservas tem as
suas vantagens. No caso do glicogênio, a glicogenólise fornece glicose, uma fonte
energética solúvel no plasma por ser uma molécula polar e facilmente mobilizada;
além disso, a oxidação da glicose pode ocorrer no citosol sem a presença de
oxigênio, no caso, a via da glicólise, então, para as células sem mitocôndrias, como
as procarióticas e os eritrócitos, bem como em situação de insuficiência da oferta
de oxigênio, a glicose é uma fonte energética primordial, oxidada pela via da
glicólise. As células do tecido nervoso, como os neurônios, também extraem sua
energia a partir da oxidação da glicose.

Já os triacilgliceróis também têm as suas vantagens. A primeira delas é que a


oxidação dos ácidos graxos gera muito mais energia que a oxidação da glicose. De
fato, a oxidação de 1 grama de ácido graxo gera mais do que o dobro de energia
que a oxidação de 1 grama de glicose. Por isso, para tecidos com alta demanda
metabólica, como os músculos, compensa muito mais utilizar, como fonte
energética, os ácidos graxos. A outra vantagem importante é a massa da reserva. O
glicogênio é polar e interage com as moléculas de água, portanto, a massa do
glicogênio hidratada (água de solvatação) aumenta muito, em geral, 2 gramas de
massa de água para cada 1 grama de massa de glicogênio. Já os triacilgliceróis,
como são apolares (hidrofóbicos), não carregam a massa extra da água, por causa
disso, 1 grama de triacilgliceróis anidras (sem a presença de moléculas de água)

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armazena 6,75 vezes mais energia que 1 grama de glicogênio hidratado. Por
exemplo: em um adulto médio, as reservas de triacilgliceróis correspondem a cerca
de 11 quilogramas; se essa pessoa armazenasse a mesma quantidade de energia
na forma de glicogênio, teria de pesar 64 quilogramas a mais! Por isso, os

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triacilgliceróis acabam sendo selecionados como a nossa principal reserva

seõçatona reV
energética. Os animais de ambientes polares, como focas, pinguins e ursos,
apresentam uma camada adiposa bem mais desenvolvida, pois, nesses casos, o
tecido adiposo também atua como isolante térmico, retendo o calor nos corpos
desses animais.

A maioria das moléculas de ácido graxo, sintetizadas ou obtidas da alimentação,


tem dois destinos: a incorporação em triacilgliceróis ou a incorporação em
fosfolipídeos. A biossíntese de triacilgliceróis ocorre no fígado, sendo o principal
local, e nos adipócitos; essa via metabólica depende da presença de glicerol-
fosfato, o aceptor dos ácidos graxos. O glicerol-fosfato pode ser obtido de duas
maneiras: a primeira a partir da glicose e a segunda a partir de glicerol livre. Na
primeira maneira, a di-hidroxiacetona-fosfato, um intermediário da via da glicólise,
é reduzida a glicerol-fosfato em uma reação química catalisada pela enzima
glicerol-fosfato-desidrogenase. Na segunda maneira, que só ocorre no fígado, a
enzima glicerol-cinase catalisa a fosforilação, com fosfato fornecido pelo ATP, de
glicerol livre, formando glicerol-fosfato. O próximo passo é adicionar as cadeias de
ácidos graxos ao glicerol-fosfato; inicialmente, os ácidos graxos são ligados à
coenzima A, formando acil-CoA, a forma do ácido graxo ativada para as reações
químicas de síntese. Em seguida, em uma reação química catalisada pela enzima
aciltransferase, o acil-CoA transfere o ácido graxo para ligação (esterificação) com o
glicerol-fosfato; essa reação ocorre três vezes para formar o triacilglicerol, Os
triacilgliceróis formados nos adipócitos permanecem como reserva energética,
enquanto no fígado, os triacilgliceróis sintetizados são exportados para a corrente
sanguínea com a lipoproteína VLDL. A biossíntese dos triacilgliceróis pode ser
visualizada na Figura 3.14.

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Figura 3.14 | Esquema da biossíntese do triacilglicerol

0
seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

A mobilização dos ácidos graxos a partir dos triacilgliceróis ocorre pela ação da
enzima lipase, sensível aos efeitos hormonais; a biossíntese e a degradação dos
triacilgliceróis são reguladas por hormônios; a insulina, hormônio liberado pelas
células beta-pancreáticas, com ação hipoglicemiante, também age no metabolismo
lipídico, estimulando a lipogênese, ou seja, a síntese de triacilgliceróis; e os
Glicocorticóides, hormônios secretados pela glândula adrenal, e o glucagon,
hormônio liberado pelas células alfa-pancreáticas, estimulam a lipólise, ou seja, a
mobilização dos ácidos graxos a partir dos triacilgliceróis.

FOSFOLIPÍDEOS
Os fosfolipídeos são componentes fundamentais nas membranas biológicas,
sendo responsáveis pela formação da barreira lipídica e os principais componentes
do surfactante, mistura complexa secretada pelas células alveolares que reduz a
tensão superficial, facilitando a expansão alveolar. Os fosfolipídeos de membrana
plasmática também participam da interação e sinalização celulares. A característica

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marcante dos fosfolipídeos é a sua natureza anfipática, ou seja, esses lipídeos


possuem uma porção apolar, constituída por ácidos graxos, e uma porção polar,
constituída por diferentes grupos químicos. Os fosfolipídeos podem ser divididos
em duas classes: glicerofosfolipídeos e esfingolipídeos.

0
Os glicerofosfolipídeos, também chamados de fosfoglicerídeos, são compostos

seõçatona reV
formados por duas cadeias de ácidos graxos ligados (esterificados) ao primeiro e
segundo carbonos do glicerol, enquanto o terceiro carbono está unido a um grupo
químico polar por ligação fosfodiéster. Esse grupo químico polar também é
chamado de grupo cabeça polar ou grupo cabeça substituinte. A estrutura do
glicerofosfolipídeo pode ser vista na Figura 3.15.

Figura 3.15 | Estrutura geral do glicerofosfolipídeo

Fonte: adaptada de Wikimedia Commons.

Os tipos de ácidos graxos nos glicerofosfolipídeos podem variar bastante, mas, em


geral, esses lipídeos possuem, na sua estrutura, uma cadeia de ácido graxo
saturado e uma cadeia de ácido graxo insaturado (monoinsaturado ou poli-
insaturado). Os nomes dos glicerofosfolipídeos são dados conforme o grupo
cabeça polar; o glicerofosfolipídeo mais simples possui o hidrogênio como grupo

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cabeça polar, sendo chamado de ácido fosfatídico, o precursor de todos os


glicerofosfolipídeos. Existem muitos glicerofosfolipídeos, mas destacamos alguns
mais importantes, que podem ser vistos na Tabela 3.1.

0
Tabela 3.1 | Nomes e seus respectivos grupos cabeças polares

seõçatona reV
Nome do glicerofosfolipídeo Nome do grupo cabeça polar

Ácido fosfatídico Hidrogênio

Fosfatidiletanolamina Etanolamina

Fosfatidilcolina Colina

Fosfatidilserina Serina

Fosfatidilglicerol Glicerol

Cardiolipina Fosfatidilglicerol

Fonte: elaborada pelo autor.

A biossíntese dos glicerofosfolipídeos começa com a formação do ácido fosfatídico,


resultado da esterificação de dois ácidos graxos ao glicerol-3-fosfato. Em seguida, o
grupo cabeça polar é adicionado por meio da ligação com o grupo fosfato do
glicerol-3-fosfato e, dessa maneira, o grupo cabeça polar une-se ao glicerol por
uma ligação fosfodiéster. A degradação dos glicerofosfolipídeos ocorre pela ação
de um grupo de enzimas, as fosfolipases.

Os esfingolipídeos são formados por duas cadeias de ácidos graxos ligadas à


esfingosina, uma molécula de aminoálcool longa. Além disso, há um grupo cabeça
polar ligado à esfingosina e, da mesma forma que ocorre nos glicerofosfolipídeos,
é o que nomeia os esfingolipídeos. O esfingolipídeo mais simples possui hidrogênio
como grupo cabeça polar, sendo chamado de ceramida, o precursor estrutural de
todos os esfingolipídeos. Existem 4 subclasses de esfingolipídeos, conforme a
natureza do grupo cabeça polar:

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• Esfingomielinas: contêm fosfocolina ou fosfoetanolamina como grupo cabeça


polar. Elas estão presentes nas membranas plasmáticas, especialmente na bainha
de mielina, envoltório lipídico ao redor dos axônios, formado pelos
oligodendrócitos, no Sistema Nervoso Central, e pelas células de Schwann, no

0
Sistema Nervoso Periférico.

seõçatona reV
• Glicolipídeos neutros ou cerebrosídeos: contêm um único monossacarídeo como
grupo cabeça polar, podendo ser a D-glicose ou a D-galactose. Eles também são
encontrados nas membranas plasmáticas, especialmente das células do tecido
nervoso.

• Globosídeos: contêm dois até quatro monossacarídeos como grupo cabeça


polar, geralmente a D-glicose, D-galactose ou N-acetil-D-galactosamina. Eles
também estão presentes na membrana plasmática.

• Gangliosídeos: contêm oligossacarídeos como grupos cabeças polares, sendo


que um ou mais resíduos é o ácido N-acetilneuramínico. Eles também estão
presentes na membrana plasmática, atuando no reconhecimento de componentes
da matriz extracelular ou de células vizinhas.

A estrutura geral do esfingolipídeo pode ser visualizada na Figura 3.16.

Figura 3.16 | Estrutura geral dos esfingolipídeos

Fonte: elaborado pelo autor.

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COLESTEROL: ESTRUTURA, FUNÇÕES E METABOLISMO


Os esteróis ou esteroides são lipídeos estruturais de membrana plasmática
formados por um núcleo esteroide, consistindo em quatro anéis carbônicos
fundidos. O colesterol é o principal esteroide encontrado nos animais, incluindo os

0
seres humanos; além de modular a fluidez e dar estabilidade à membrana

seõçatona reV
plasmática, também é precursor de importantes produtos biológicos: os sais
biliares, as vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e os hormônios esteroides
(glicocorticoides, aldosterona, estrógeno, progesterona e testosterona). A estrutura
do colesterol pode ser vista na Figura 3.17.

Figura 3.17 | Estrutura do colesterol

Fonte: Wikimedia Commons.

O colesterol é obtido por meio da alimentação, mas também é sintetizado por,


praticamente, todas as células, especialmente as do fígado, do córtex das
glândulas adrenais, dos ovários e dos testículos. A biossíntese do colesterol
depende da oferta de acetil-CoA e dos elétrons fornecidos por NADPH.
Inicialmente, duas moléculas de acetil-CoA se condensam em uma reação química
catalisada pela enzima tiolase, formando acetoacetil-CoA. Em seguida, o
acetoacetil-CoA reage com acetil-CoA para formar 3-hidroxi-3-metilglutaril-CoA
(HMG-CoA) em uma reação química catalisada pela enzima HMG-CoA sintase. O

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próximo passo, a etapa limitante e reguladora da síntese do colesterol, que ocorre


no citosol, é a redução de HMG-CoA com elétrons fornecidos por NADPH em uma
reação catalisada pela enzima HMG-CoA redutase, para a formação do ácido
mevalônico ou mevalonato. A partir do ácido mevalônico, em uma série de reações

0
químicas, algumas que requerem fosforilação com fosfato doado pelo ATP e outras

seõçatona reV
que requerem elétrons fornecidos por NADPH, temos o produto final, o colesterol.
Podemos ver na Figura 3.18 o esquema de biossíntese do colesterol. A enzima
HMG-CoA redutase é alvo de regulação hormonal, como a insulina, aumentando a
quantidade dessa enzima e, portanto, estimulando a síntese de colesterol,
enquanto o glucagon e os glicocorticoides apresentam efeito contrário. O excesso
de colesterol na célula acelera a degradação da HMG-CoA redutase via
proteassomo e, portanto, inibe a síntese de mais colesterol pela célula. Devido à
estrutura cíclica do colesterol, não é possível oxidá-lo a gás carbônico para a
produção de energia, por isso, o colesterol é eliminado do organismo na forma de
ácidos e sais biliares.

Figura 3.18 | Esquema da biossíntese do colesterol

Fonte: elaborada pelo autor.

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Aqui, encerramos a segunda seção da Unidade 3 dedicada ao estudo dos lipídeos,


considerando os seus tipos, suas funções e o seu metabolismo. A digestão e a
absorção de lipídeos foram abordadas, bem como o transporte de lipídeos na
corrente sanguínea pelas lipoproteínas. Discorremos, também, sobre os

0
triacilgliceróis, os fosfolipídeos e o colesterol, considerando as suas estruturas,

seõçatona reV
funções e vias metabólicas de síntese (anabólicas) e de degradação (catabólicas).

FAÇA VALER A PENA


Questão 1
A membrana plasmática é o envoltório celular que separa dois meios aquosos, o
intracelular e o extracelular. Estruturalmente, a membrana plasmática é composta
por fosfolipídeos, colesterol e proteínas. O modelo do mosaico fluido explica a
dinâmica desses componentes na constituição da membrana plasmática.

Baseado nas informações do texto e nos seus conhecimentos sobre o assunto,


assinale a alternativa correta.

a. Quanto maior a concentração de colesterol na membrana plasmática, maior é a sua fluidez, pois há
menor restrição de movimento dos fosfolipídeos.

b. As ligações de van der Waals entre as porções hidrofóbicas dos fosfolipídios são do tipo covalente, o que
resulta em rigidez da barreira lipídica da membrana plasmática.

c. Os fosfolipídeos possuem natureza anfipática, ou seja, uma porção apolar que forma a barreira lipídica e
uma porção polar que interage com os meios aquosos.

d. As porções polares dos fosfolipídios interagem entre si por meio das ligações de van der Waals, o que
permite a estabilidade da barreira lipídica da membrana plasmática.

e. O colesterol não tem papel na modulação da fluidez da membrana, apenas serve de ancoragem para os
açúcares que formam o glicocálice.

Questão 2
Os lipídeos ou gorduras fazem parte da alimentação dos seres humanos, sendo
que mais de 90% são compostos por triacilgliceróis e o restante por ácidos graxos
livres, fosfolipídeos e ésteres de colesterol. Esses lipídeos da dieta precisam ser
digeridos no trato gastrintestinal para posterior absorção de seus componentes
mais simples, como ácidos graxos, glicerol e colesterol, pela mucosa duodenal.
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Baseado nas informações do texto e nos seus conhecimentos sobre o assunto,


assinale a alternativa correta.

a. Os sais biliares emulsificam os lipídeos para facilitar a ação das enzimas pancreáticas, bem como
solubilizam os produtos da digestão lipídica no meio aquoso do duodeno.

0
b. As enzimas pancreáticas, como a lipase pancreática, formam as micelas com os produtos da digestão

seõçatona reV
lipídica, o que facilita a absorção desses produtos pela mucosa duodenal.

c. Uma vez absorvidos pela mucosa duodenal, os produtos da digestão lipídica, como os ácidos graxos e
colesterol, são transportados pela albumina na circulação sanguínea.

d. A digestão dos lipídeos ocorre principalmente no estômago, sendo que, no duodeno, ocorre a digestão
final e a absorção dos produtos da digestão lipídica.

e. A ausência de sais biliares não interfere na digestão dos lipídeos, pois mesmo sem vesícula biliar, a
pessoa apresenta digestão normal dos lipídeos da alimentação.

Questão 3
As lipoproteínas são complexos formados por vários tipos de lipídeos (os
triacilgliceróis, os fosfolipídeos e os ésteres de colesterol) e por proteínas
específicas, denominadas apolipoproteínas ou apoproteínas. Temos cinco classes
de lipoproteínas plasmáticas: quilomícron, VLDL (lipoproteína de muito baixa
densidade), IDL (lipoproteína de densidade intermediária), LDL (lipoproteína de
baixa densidade) e HDL (lipoproteína de alta densidade). O tamanho e a densidade
das lipoproteínas plasmáticas dependem das composições lipídicas e proteicas.

Com base nas informações do texto e nos seus conhecimentos sobre o assunto,
assinale a alternativa correta.

a. Os quilomícrons transportam os lipídeos obtidos por meio da alimentação, principalmente os ésteres de


colesterol para os tecidos do corpo.

b. HDL remove o excesso de ácidos graxos dos tecidos para o fígado, onde são eliminados na forma de sais
biliares.

c. Após sofrer a ação da lipase lipoproteica nos capilares, com perda de parte dos triacilgliceróis, o
remanescente do quilomícron passa a ser chamado de VLDL.

d. O fígado produz lipídeos, principalmente os triacilgliceróis, que são exportados para a corrente sanguínea
com a lipoproteína quilomícron.

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e. A LDL é um reservatório circulante de colesterol, sendo captada pelas células por meio da endocitose
mediada por receptor.

REFERÊNCIAS

0
BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Lipídios e membranas celulares. In: BERG, J.
M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. (Org.). Bioquímica. 7. ed. Rio de Janeiro:

seõçatona reV
Guanabara-Koogan, 2014.

BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Biossíntese dos lipídeos e esteroides da


membrana. In: BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. (Org.). Bioquímica. 7. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2014.

FERRIER, D. R. Metabolismo dos lipídeos da dieta. In: FERRIER, D. R. (Org.).


Bioquímica Ilustrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.

NELSON, D. L.; COX, M. M. Biossíntese de lipídeos. In: NELSON, D. L.; COX, M. M.


(Org.). Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

NELSON, D. L.; COX, M. M. Lipídeos. In: NELSON, D. L.; COX, M. M. (Org.). Princípios
de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

REECE, J. B. et al. Estrutura e função de grandes moléculas biológicas. In: REECE, J.


B. et al. (Org.). Biologia de Campbell. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.

RODWELL, V. W. et al. (Org.). Bioquímica ilustrada de Harper. 30. ed. Porto


Alegre: AMGH, 2017.

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


METABOLISMO DOS LIPÍDEOS

0
Christian Grassl

seõçatona reV

Fonte: Shutterstock.

SEM MEDO DE ERRAR


A situação-problema se refere aos conhecimentos de Bioquímica que podem ser
aplicados na prática clínica, como no caso abordado. Para compreender melhor os
aspectos bioquímicos envolvidos em doenças cardiovasculares causadas pela
aterosclerose, como o infarto agudo do miocárdio, é necessário saber a respeito
das lipoproteínas e o seu metabolismo.

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Na hipercolesterolemia, os níveis plasmáticos de LDL estão elevados, e como as


células só captam LDL necessária para as suas necessidades metabólicas, o
excesso de LDL continua na circulação sanguínea e, devido a uma disfunção
endotelial provocada por vários fatores de risco, como tabagismo, hipertensão e

0
diabetes, torna-se mais permeável às lipoproteínas, especialmente LDL. Na parede

seõçatona reV
do vaso, a LDL é oxidada e fagocitada por macrófagos residentes. Esses
macrófagos, após o acúmulo de colesterol no citoplasma, passam a ser chamados
de células espumosas, responsáveis pela liberação de citocinas pró-inflamatórias e
de fatores de crescimento da aterogênese, com consequente formação de
ateroma. Com fluxo sanguíneo mais elevado, como em uma atividade física mais
intensa ou em um momento de forte estresse, o ateroma pode ser rompido,
expondo colágeno ao sangue, o que desencadeia a agregação plaquetária e a
formação de trombos. Esse efeito trombogênico está relacionado à obstrução de
um vaso coronariano que pode levar ao infarto agudo do miocárdio. No caso da
hipercolesterolemia familiar, os níveis plasmáticos de LDL já são elevados desde a
infância, pois os receptores de LDL das células estão com defeito e, portanto, essas
células não conseguem captar LDL do sangue. Por causa disso, o efeito aterogênico
já ocorre precocemente, o que aumenta as chances de ocorrência de infarto agudo
do miocárdio em idades mais jovens.

A origem de LDL é a VLDL, assim, uma quantidade maior de triacilgliceróis na dieta


resulta em maior aporte desses lipídeos para o fígado via quilomícrons. Com maior
disponibilidade de ácidos graxos da dieta, além dos endógenos, o fígado produz
mais triaciligliceróis que precisam ser exportados para os outros tecidos; para isso,
o fígado sintetiza mais VLDL, o que contribui para o aumento dos níveis de LDL no
plasma, levando à hipercolesterolemia e, com isso, a um maior risco aterogênico.

Vários estudos epidemiológicos têm mostrado a relação inversa entre o nível


plasmático de HDL e o risco de doenças cardiovasculares. Isso decorre do fato de
HDL atuar no transporte reverso de colesterol, removendo o excesso de colesterol

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dos tecidos para o fígado, de onde, por meio de ácidos e sais biliares, será
eliminado na bile, dessa maneira, as células acabam captando mais LDL para
compensar o colesterol removido pela HDL.

0
Na síndrome metabólica, as alterações patológicas potencializam o risco de infarto
agudo do miocárdio. A obesidade está relacionada a um estado de inflamação

seõçatona reV
crônica, favorecendo a formação de ateromas; a hipertensão e o diabetes mellitus
promovem disfunção endotelial, o que torna o endotélio mais permeável às
lipoproteínas, em especial a LDL; além disso, devido à reação do excesso de glicose
com LDL, a hiperglicemia favorece a formação de LDL glicada, que é mais
facilmente oxidada, potencializando o processo aterogênico. A hipercolesterolemia
indica que há maior possibilidade de LDL entrar na parede do vaso sanguíneo,
onde é fagocitada pelos macrófagos residentes.

As estatinas, como a atorvastatina, inibem, de forma competitiva, a enzima HMG-


CoA redutase, a etapa limitante da biossíntese de colesterol. Com essa enzima
inibida, a síntese de colesterol pelas células é prejudicada e, consequentemente,
essas células precisam captar mais LDL para compensar a síntese inibida de
colesterol. Esse efeito também ocorre no fígado e, por isso, esse órgão precisa
aumentar a sua captação de LDL para a estabilidade da membrana plasmática,
bem como para a síntese de sais biliares. Dessa maneira, a concentração
plasmática de LDL é reduzida, revertendo o quadro de hipercolesterolemia.

Essa pode ser uma forma de responder à situação-problema. A partir do que foi
discutido nesta seção, você tem condições para propor e discutir novas respostas
com o seu professor e seus colegas.

AVANÇANDO NA PRÁTICA

MEMBRANA PLASMÁTICA: OS LIPÍDEOS EM AÇÃO


A membrana plasmática é o envoltório da célula, separando dois meios aquosos, o
intracelular e o extracelular. O conhecimento da estrutura da membrana
plasmática é importante para os profissionais da saúde, pois essa barreira lipídica
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é fator determinante para a passagem de substâncias, desde água até fármacos,


para as células. Então, vamos aproveitar os conhecimentos sobre os lipídeos
abordados nesta seção para compreendermos melhor a estrutura da membrana
plasmática.

0
Sabemos que ela é composta por uma bicamada de fosfolipídeos com proteínas e

seõçatona reV
colesterol inseridos entre eles. O modelo que explica a estrutura da membrana
plasmática é o mosaico fluido. Apesar da fluidez da membrana ser importante para
suas funções, o excesso pode desestabilizá-la, provocando a sua lise. Então, com
base nos conhecimentos adquiridos até o momento, você pode explicar as
seguintes questões:

• Entre todos os tipos de lipídeos, por que os fosfolipídeos são os ideais para a
construção da membrana plasmática?

• Qual é o papel do colesterol na estrutura da membrana plasmática?

• Como você explica o modelo do mosaico fluido?

RESOLUÇÃO 

Os fosfolipídeos são lipídeos anfipáticos, ou seja, possuem uma porção apolar,


formada pelos ácidos graxos, e uma porção polar, formada pelo grupo cabeça
polar. Dessa maneira, as porções polares dos fosfolipídeos ficam voltadas para
as superfícies interna e externa da membrana plasmática, interagindo com os
meios aquosos intracelular e extracelular, respectivamente. Enquanto isso, as
porções apolares ficam no interior da membrana plasmática, sem contato com
os meios aquosos, formando a barreira lipídica, responsável pela
permeabilidade seletiva.

Entre os ácidos graxos dos fosfolipídeos vizinhos, ocorrem as interações


intermoleculares do tipo van der Waals. Como são ligações transitórias e
fracas, isso permite maior mobilidade aos fosfolipídeos, o que confere fluidez à
membrana plasmática; porém o excesso de fluidez pode desestabilizar a
estrutura da membrana, logo, o colesterol é importante, pois esse lipídeo

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restringe o movimento dos fosfolipídeos, modulando a fluidez da membrana


plasmática. O termo mosaico vem do fato de a membrana plasmática possuir
proteínas inseridas entre os fosfolipídeos.

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seõçatona reV

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CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO: A VIA CENTRAL DO METABOLISMO DE


BIOMOLÉCULAS

0
Christian Grassl

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

PRATICAR PARA APRENDER


Caro aluno, estamos na última seção desta unidade dedicada ao estudo do ciclo do
ácido cítrico ou ciclo de Krebs, etapa fundamental da oxidação de fontes
energéticas para a produção de energia. O ciclo do ácido cítrico é um conjunto de
reações químicas situado nas mitocôndrias que corresponde à etapa final do
metabolismo oxidativo da glicose, dos aminoácidos e dos ácidos graxos.

Até agora, vimos as vias metabólicas da glicose e do ácido graxo que resultam na
formação das moléculas de acetil-CoA, além das vias metabólicas dos aminoácidos
que originam intermediários do ciclo do ácido cítrico. Nesta seção, veremos o que
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ocorre com as moléculas de acetil-CoA, quando elas são oxidadas. Durante as


reações do ciclo do ácido cítrico, temos a formação de uma única molécula de ATP,
porém ocorre um grande fluxo de elétrons dos intermediários desse ciclo para os
carreadores de elétrons (FAD e NAD), portanto, o ciclo do ácido cítrico acaba sendo

0
fundamental enquanto principal fornecedor de elétrons para a cadeia respiratória

seõçatona reV
nas mitocôndrias para a fosforilação oxidativa, resultando na produção de grande
quantidade de energia armazenada nas moléculas de ATP.

Muitos dos assuntos que serão abordados nesta seção têm implicações clínicas,
sendo de grande relevância para a sua formação profissional na área da Saúde.

A situação-problema se refere aos conhecimentos de bioquímica que podem ser


aplicados na sua futura prática profissional. Para contextualizar a sua
aprendizagem, imagine que você é integrante de uma equipe de profissionais que
trabalha com atletas visando a pesquisas sobre os treinos mais eficazes para se
aumentar o desempenho físico deles. Nesse trabalho, você se depara com muitas
situações que envolvem as vias metabólicas e bioenergética; frente a isso, os
conceitos que serão vistos nesta seção serão úteis para você compreender os
mecanismos bioquímicos envolvidos no treinamento dos atletas? Vamos ver a
importância desses conceitos na presente situação-problema.

A área que estuda as adaptações aguda e crônica do organismo aos exercícios


físicos, considerando os aspectos fisiológicos e bioquímicos, é a Fisiologia do
Exercício. Os conceitos aprendidos na Bioquímica são essenciais para a
compreensão da Fisiologia do Exercício, uma área profissional em franca
expansão. Supondo que você esteja trabalhando nessa área, muitas dúvidas de
Bioquímica surgirão, bem como a necessidade de respondê-las para a prescrição e
orientação dos exercícios físicos.

Na transição do repouso ao exercício físico, ocorre um aumento do consumo de


oxigênio para o metabolismo energético do organismo, porém existe um retardo
de consumo de oxigênio no início do exercício físico, um déficit de oxigênio que é
menor nos atletas e maior nos indivíduos não treinados, e essa diferença se deve

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às adaptações cardiovasculares e musculares induzidas pelos treinos nos atletas.


Além disso, o prolongamento do exercício físico mais intenso acaba levando a um
aporte insuficiente de oxigênio às necessidades metabólicas dos músculos
esqueléticos e de forma muito mais pronunciada nos indivíduos não treinados, o

0
que resulta em aumento da concentração plasmática de lactato.

seõçatona reV
A prescrição e as orientações corretas de exercícios físicos levam a um
condicionamento físico com muitas vantagens ao indivíduo. Além da melhora das
funções cardiovascular, respiratória e muscular, temos o aumento do número, do
tamanho e da atividade das mitocôndrias no músculo esquelético, e a
consequência disso é o aumento da atividade das vias metabólicas que ocorrem
nas mitocôndrias.

Diante disso:

• Como o déficit de oxigênio afeta o metabolismo energético nas fibras musculares


esqueléticas?

• Nos exercícios físicos mais intensos e prolongados, qual o impacto da


insuficiência de oxigênio para o metabolismo energético das fibras musculares
esqueléticas?

• Durante os exercícios físicos, há maior liberação de adrenalina e de glucagon,


bem como a inibição da secreção da insulina; a adrenalina e o glucagon estimulam
a lipólise, enquanto a insulina inibe a lipólise. Considerando os efeitos desses
hormônios e as alterações mitocondriais induzidas pelos treinos físicos, explique
as consequências desses efeitos na produção de energia pelas fibras musculares
esqueléticas.

Essas questões são apenas o ponto de partida para mais questionamentos e para
estimular sua procura por mais conhecimentos. A situação-problema proposta é
uma pequena amostra da importância dos conhecimentos de bioquímica na
prática clínica e nas pesquisas na área da saúde.

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A responsabilidade de um profissional da Saúde é muito grande e exige


conhecimento, técnica e ética, logo, é fundamental a dedicação aos estudos para
que sua formação acadêmica esteja à altura de suas futuras responsabilidades
profissionais. Então, aos estudos!

0
seõçatona reV
CONCEITO-CHAVE
O ciclo do ácido cítrico também pode ser chamado de ciclo de Krebs, em
homenagem ao seu descobridor, Hans Krebs (1900-1981), ou ciclo do ácido
tricarboxílico. O ciclo do ácido cítrico é a via metabólica final, na qual convergem as
vias metabólicas oxidativas de carboidratos, aminoácidos e ácidos graxos. As
reações desse ciclo ocorrem nas mitocôndrias, fazendo parte da respiração
aeróbica, isto é, que depende de oxigênio; além disso, o ciclo do ácido cítrico
também fornece intermediários para diversas vias metabólicas de biossíntese.

ACETIL-COA: IMPORTÂNCIA E FORMAÇÃO


As vias metabólicas oxidativas da glicose e do ácido graxo resultam na formação de
esqueletos carbônicos de 2 carbonos (o acetil ou acetato) que interagem com a
coenzima A para a formação de moléculas de acetil-CoA. No caso da glicose,
inicialmente, temos a glicólise, um conjunto de reações químicas que ocorre no
citosol, que converte a glicose-6-fosfato em piruvato. Em seguida, nas
mitocôndrias, o piruvato é convertido em acetil-Coa, em uma reação oxidativa
catalisada pelo complexo da piruvato desidrogenase. Em relação aos ácidos
graxos, a beta-oxidação, conjunto de reações químicas que ocorre na mitocôndria,
converte o ácido graxo em moléculas de acetil-CoA; além da glicose e dos ácidos
graxos, as principais fontes de acetil-CoA, também temos os corpos cetônicos e os
aminoácidos.

A cetólise é a via catabólica dos corpos cetônicos para a liberaração das moléculas
de acetil-CoA para posterior oxidação completa no ciclo do ácido cítrico na
mitocôndria. Dos corpos cetônicos, apenas acetoacetato e beta hidroxibutirato são
utilizados pelas células para produção de energia, enquanto a acetona, por ser

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volátil, é excretada pela respiração. Em relação aos aminoácidos, antes que sejam
utilizados para a produção de energia, a remoção do grupo amino dessas
moléculas faz-se necessária, e uma vez removido, o esqueleto carbônico resultante
entra como intermediário do ciclo do ácido cítrico. Na figura 3.19, podemos ver um

0
esquema da relação entre os metabolismos das fontes energéticas, o acetil-CoA e o

seõçatona reV
ciclo do ácido cítrico.

Figura 3.19 | Esquema da relação entre metabolismos de fontes energéticas, acetil-CoA e ciclo do ácido
cítrico

Fonte: elaborada pelo autor.

CATABOLISMO DOS AMINOÁCIDOS E REMOÇÃO DO GRUPO AMINO


DOS AMINOÁCIDOS
A presença do grupo amino impede o metabolismo oxidativo do aminoácido para a
produção de energia, por isso, a etapa fundamental para o aproveitamento
energético dos aminoácidos é a de remoção do grupo amino, que pode ser
reaproveitado para outras vias de biossíntese de compostos nitrogenados ou
excretado do organismo na forma de amônia ou ureia. O metabolismo dos
aminoácidos ocorre, principalmente, no fígado e nos músculos esqueléticos.
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No fígado e nos demais tecidos, exceto no muscular esquelético, ocorre a


transferência do grupo amino do aminoácido para o alfa-cetoglutarato — um
intermediário do ciclo do ácido cítrico — em uma reação catalisada por uma
enzima aminotransferase (ou transaminase). Nessa reação, o aminoácido é

0
convertido em cetoácido e o alfa-cetoglutarato é convertido em glutamato; em

seõçatona reV
seguida, a enzima glutamina sintetase catalisa a transferência de grupo amino /
amônia para o glutamato, formando a glutamina. Nessa reação, o glutamato reage
com ATP para formar gama-glutamil-fosfato, que, em seguida, reage com a amônia
para formar glutamina. Portanto, é um processo que consome energia, bem como
possibilita que a amônia (grupo amino livre) — um composto tóxico — seja
transportada pelo sangue de forma segura até o fígado. As reações que envolvem
a remoção do grupo amino dos aminoácidos podem ser vistas na Figura 3.20.

Figura 3.20 | Remoção do grupo amino de aminoácidos nos tecidos, exceto no músculo esquelético

Fonte: elaborada pelo autor.

Nos músculos esqueléticos, ocorre a transferência do grupo amino do aminoácido


para o alfa-cetoglutarato em uma reação catalisada por uma enzima
aminotransferase ou transaminase, resultando na formação de cetoácido, a partir
do aminoácido, e do glutamato, a partir do alfa-cetoglutarato. Em seguida, ocorre a

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transferência do grupo amino do glutamato para o piruvato, em uma reação


catalisada pela enzima alanina aminotransferase ou transaminase glutâmica-
pirúvica (TGP). Nessa reação, o glutamato é convertido em alfa-cetoglutarato e o
piruvato é convertido em alanina, portanto, a amônia (grupo amino livre) gerada

0
no metabolismo de aminoácidos dos músculos esqueléticos é transportada até o

seõçatona reV
fígado, via corrente sanguínea, pela alanina, e as reações envolvidas na formação
da alanina nos músculos esqueléticos podem ser vistas na Figura 3.21.

Figura 3.21 | Remoção do grupo amino de aminoácidos nos músculos esqueléticos

Fonte: elaborada pelo autor.

O catabolismo dos aminoácidos, que requer a remoção do grupo amino, gera


diferentes cetoácidos que entram nas vias metabólicas produtoras de energia,
como a gliconeogênese, cetogênese e o ciclo do ácido cítrico. O catabolismo dos
aminoácidos leucina, lisina, fenilalanina, triptofano e tirosina resulta na formação
acetoacetil-CoA, que entra na formação dos corpos cetônicos; já o piruvato é
produto do catabolismo dos aminoácidos alanina, cisteína, glicina, serina, treonina
e triptofano; os aminoácidos aspartato e asparagina originam o oxaloacetato —
um intermediário do ciclo do ácido cítrico — no catabolismo; o catabolismo dos
aminoácidos fenilalanina e tirosina pode resultar na formação de fumarato, um

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intermediário do ciclo do ácido cítrico (succinil-CoA — um intermediário do ciclo do


ácido cítrico — pode ser fruto do catabolismo dos aminoácidos isoleucina,
metionina, treonina e valina); por fim, a remoção do grupo amino do glutamato
resulta em alfa-cetoglutarato, um intermediário do ciclo do ácido cítrico.

0
Os intermediários do ciclo do ácido cítrico (oxaloacetato, fumarato, succinil-CoA e

seõçatona reV
alfa-cetoglutarato) e o piruvato podem ser convertidos em glicose pela via da
gliconeogênese, por isso, os aminoácidos que, por meio do catabolismo, originam
os intermediários do ciclo do ácido cítrico e o piruvato são chamados de
glicogênicos. Os aminoácidos cetogênicos são aqueles que originam corpos
cetônicos por meio do catabolismo.

CICLO DA UREIA
O transporte da amônia — produto do catabolismo de aminoácidos — para o
fígado é realizado, via corrente sanguínea, pela glutamina e pela alanina. A
glutamina é o mecanismo de transporte utilizado pela maioria dos tecidos,
enquanto a alanina é o mecanismo de transporte utilizado pelos músculos
esqueléticos. Uma vez no fígado, a amônia é convertida em ureia, um composto
menos tóxico, por uma série de reações químicas mitocondriais e citosólicas,
denominada de ciclo da ureia.

Nos hepatócitos, a alanina e a glutamina transferem seus grupos amino (amônia)


para os intermediários do ciclo da ureia. No citosol, a alanina transfere seu grupo
amino para o alfa-cetoglutarato em uma reação catalisada pela enzima alanina
aminotransferase ou transaminase glutâmica-pirúvica (TGP). Nessa reação, a
alanina é convertida em piruvato, enquanto o alfa-cetoglutarato é convertido em
glutamato; em seguida, o glutamato entra, via transportador específico, na
mitocôndria; a glutamina é transportada para o interior da mitocôndria, via
transportador específico, onde, em uma reação catalisada pela enzima
glutaminase, libera um grupo amino; nessa reação, a glutamina é convertida em
glutamato e o grupo amino livre passa a ser chamado de amônia. Ainda dentro das
mitocôndrias dos hepatócitos, o glutamato possui dois destinos: um deles é a
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liberação do grupo amino em uma reação catalisada pela enzima glutamato


desidrogenase. Nessa reação, o glutamato é convertido em alfa-cetoglutarato e o
grupo amino livre é denominado de amônia. Nas mitocôndrias, a amônia acaba
reagindo com prótons, originando o íon amônio.

0
O outro destino é a transferência do grupo amino do glutamato para o

seõçatona reV
oxaloacetato em uma reação catalisada pela enzima aspartato aminotransferase
ou transaminase glutâmica-oxalacética (TGO). Nessa reação, o glutamato é
convertido em alfa-cetoglutarato, enquanto o oxaloacetato é convertido em
aspartato, sendo importante para o funcionamento do ciclo da ureia. Essas
reações podem ser vistas na Figura 3.22.

Figura 3.22 | Reações de liberação de amônia pela alanina, glutamina e glutamato

Fonte: elaborada pelo autor.

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Após a alanina, a glutamina e o glutamato liberarem os seus grupos amino nos


hepatócitos, é necessário converter a amônia livre em ureia, um composto menos
tóxico que pode ser excretado na urina. Essa conversão depende das reações
químicas do ciclo da ureia, que só ocorrem no fígado. O primeiro passo é reação

0
entre o íon amônio (amônia protonada) e o íon bicarbonato, catalisada pela enzima

seõçatona reV
carbamoil-fosfato-sintetase-I, com energia fornecida por dois ATPs. Nessa reação,
presente na mitocôndria, ocorre a formação do carbamoil-fosfato; em seguida,
ainda na mitocôndria, carbamoil-fosfato reage com a ornitina em uma reação
catalisada pela enzima ornitina-transcarbamoilase, formando a citrulina, que é
transportada da mitocôndria para o citosol para a continuação do ciclo da ureia.

No citosol dos hepatócitos, em uma reação catalisada pela enzima arginino-


succinato-sintetase, a citrulina reage com o aspartato, com energia fornecida pelo
ATP, para formar a arginino-succinato, que possui dois grupos aminos: um
derivado da amônia livre na mitocôndria e o outro derivado do aspartato. Em
seguida, a arginino-succinato é clivada em fumarato — um intermediário do ciclo
do ácido cítrico — e arginina. Essa reação é catalisada pela enzima arginino-
succinase.

A última etapa é a clivagem da arginina em uma reação catalisada pela enzima


arginase, formando a ureia (com os dois grupos amino) e a ornitina. Dessa
maneira, a ureia remove duas amônias derivadas do metabolismo dos
aminoácidos ao ser excretada pela urina. A ornitina, por sua vez, é reaproveitada
para um novo ciclo da ureia ao entrar na mitocôndria para reagir com uma nova
molécula de carbamoil-fosfato. Na figura 3.23, podemos ver um esquema com as
reações químicas do ciclo da ureia.

Figura 3.23 | Esquema das reações químicas do ciclo da ureia

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

EXEMPLIFICANDO

Marcadores bioquímicos hepáticos

As enzimas aspartato aminotransferase (transaminase glutâmica-


oxalacética ou TGO) e alanina aminotransferase (transaminase glutâmica-
pirúvica ou TGP) catalisam as reações de transferência de grupos amino do
glutamato para, respectivamente, oxaloacetato e piruvato. Apesar de serem
encontradas em vários tecidos, essas enzimas estão em alta concentração
nos hepatócitos, sendo que a alanina aminotransferase é encontrada no
citosol e a aspartato-aminotransferase nas mitocôndrias. A distribuição
espacial diferente dessas duas enzimas possibilita melhores diagnóstico e
prognóstico de lesões hepáticas; em lesões hepáticas agudas e mais leves, a
forma citosólica é a predominante no plasma, enquanto em lesões
hepáticas mais graves e crônicas, a forma mitocondrial se torna
predominante no plasma. A análise da concentração plasmática dessas

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enzimas hepáticas é útil como evidência diagnóstica nos casos de hepatite,


cirrose, mononucleose infecciosa, intoxicação com paracetamol e
colestases.

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CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO

seõçatona reV
O ciclo do ácido cítrico, ciclo de Krebs ou ciclo do ácido tricarboxílico é o conjunto
de reações químicas presente nas mitocôndrias e que corresponde à última etapa
oxidativa das fontes energéticas glicose, ácido graxo, aminoácido e corpo cetônico;
portanto, é a via final para onde convergem as vias metabólicas dessas fontes
energéticas, transformando os seus esqueletos carbônicos em moléculas de gás
carbônico. As reações oxidativas do ciclo do ácido cítrico fornecem uma grande
quantidade de elétrons para a cadeia respiratória, possibilitando a produção da
maioria dos ATPs do organismo via fosforilação oxidativa. As reações químicas do
ciclo do ácido cítrico ocorrem na matriz mitocondrial e fazem parte da respiração
aeróbica, então, em situação de anóxia ou hipóxia, o ciclo do ácido cítrico é
prejudicado ou até interrompido, reduzindo, de forma significativa, a produção de
ATPs pelo organismo.

O primeiro passo é a formação de acetil-CoA a partir do catabolismo da glicose,


ácido graxo e corpo cetônico, ou a formação de algum intermediário do ciclo do
ácido cítrico a partir do catabolismo dos aminoácidos. Porém, para a produção de
energia, o catabolismo dos aminoácidos é menos importante quando comparado
com a glicose e o ácido graxo.

Após a formação de acetil-CoA, é necessário que essa molécula reaja com o


oxaloacetato, em uma reação catalisada pela enzima citrato-sintase, para a
formação do citrato (ou ácido cítrico), dando início ao ciclo do ácido cítrico. Em
seguida, em uma reação catalisada pela enzima aconitase, o citrato é convertido
em isocitrato, que, por sua vez, sofre descarboxilação oxidativa catalisada pela
enzima isocitrato-desidrogenase, resultando na formação de alfa-cetoglutarato e

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gás carbônico. Como é uma reação oxidativa, os elétrons gerados são transferidos
para NAD+ para a formação de NADH, e nessa reação química, o primeiro carbono
do acetil-CoA é convertido em gás carbônico.

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ASSIMILE

seõçatona reV
As reações de oxirredução (ou redox) estão presentes em muitas vias
metabólicas, em especial nas relacionadas com a produção de energia. Na
oxidação, ocorre perda de elétrons, ou seja, aumento do valor do número
de oxidação; já na redução, há ganho de elétrons, ou seja, diminuição do
valor do número de oxidação, que está relacionado à carga elétrica, real ou
parcial, dos átomos constituintes das moléculas reagentes.

Oxidante é a molécula que provoca oxidação de outra molécula e sofre


redução; redutor é a molécula que provoca redução de outra molécula e
sofre oxidação. Nas reações de oxirredução, temos a transferência de
elétrons do redutor para o oxidante; no caso do ciclo do ácido cítrico, as
reações de oxidação ou oxidativas transferem os elétrons para os
carreadores NAD (nicotinamida adenina dinucleotídeo) e FAD (flavina
adenina dinucleotídeo), formando NADH e FADH2, respectivamente. Esses
carreadores reduzidos transportam os elétrons para a cadeia respiratória,
onde são usados para o processo de fosforilação oxidativa para produção
de ATPs.

O alfa-cetoglutarato também sofre descarboxilação oxidativa, resultando em


succinil-CoA, gás carbônico e elétrons, que são transferidos para NAD+ para
formação de NADH. Essa reação é catalisada pelo complexo alfa-cetoglutarato-
desidrogenase; nela, o segundo carbono do acetil-CoA é convertido em gás
carbônico, dessa maneira, a oxidação completa da glicose, do ácido graxo, do
corpo cetônico e do aminoácido resulta na transformação do esqueleto carbônico
em moléculas de gás carbônico. O succinil-CoA é convertido em succinato em uma
reação catalisada pela enzima succinil-CoA-sintetase; nessa reação, ocorre a

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fosforilação de um GDP (difosfato de guanosina) ou ADP (difosfato de adenosina)


para formação de GTP (trifosfato de guanosina) ou ATP (trifosfato de adenosina),
respectivamente, portanto, é a única reação química do ciclo do ácido cítrico que
produz, diretamente, energia por meio da formação de um ATP ou GTP.

0
Continuando com o ciclo do ácido cítrico, o succinato é oxidado à fumarato em

seõçatona reV
uma reação catalisada pela enzima succinato-desidrogenase. Como é uma reação
oxidativa, os elétrons gerados são transferidos para FAD, para formação de FADH2.
Na próxima reação, o fumarato sofre hidratação, ou seja, adição de água, em uma
reação catalisada pela enzima fumarase, resultando na formação de malato; por
fim, a última reação desse ciclo, que é a transformação do malato em oxaloacetato,
é uma reação oxidativa, catalisada pela enzima malato-desidrogenase, que
transfere elétrons para NAD+, formando NADH; dessa maneira, o oxaloacetato é
regenerado e pode ser usado em um novo ciclo do ácido cítrico.

No final do ciclo do ácido cítrico, temos os seguintes produtos:

• 2 moléculas de gás carbônico.

• 1 molécula de GTP ou ATP.

• 3 moléculas de NADH.

• 1 molécula de FADH2.

Na Figura 3.24, temos o esquema das reações do ciclo do ácido cítrico.

Figura 3.24 | Esquema das reações químicas do ciclo do ácido cítrico

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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.

REFLITA

Até este momento, você teve a oportunidade de estudar as principais vias


metabólicas do organismo. Vimos que a glicólise e a fermentação fazem
parte da respiração anaeróbica, enquanto a oxidação do piruvato e o ciclo
do ácido cítrico fazem parte da respiração aeróbica. Curiosamente, o
oxigênio não participa das reações químicas da respiração aeróbica,
atuando, apenas, como aceptor final de elétrons na cadeia respiratória.
Então, como podemos explicar que a ausência de oxigênio interrompe a
oxidação do piruvato e o ciclo do ácido cítrico? Qual é o elo entre a anóxia e
a interrupção dessas vias metabólicas?

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Aqui, encerramos esta terceira unidade, dedicada aos lipídeos e ao ciclo do ácido
cítrico. Nesta seção, o foco foi o ciclo do ácido cítrico, a via metabólica em que
convergem as vias catabólicas da glicose, do ácido graxo, do corpo cetônico e do
aminoácido. Além de discorrermos sobre as reações químicas do ciclo do ácido

0
cítrico e a formação de acetil-CoA, abordamos o metabolismo dos aminoácidos;

seõçatona reV
para isso, consideramos as reações de remoção do grupo amino para que o
esqueleto carbônico do aminoácido fosse um intermediário do ciclo do ácido
cítrico, piruvato ou um corpo cetônico. Além disso, também estudamos como esse
grupo amino, agora chamado de amônia, é eliminado do organismo na forma de
ureia.

FAÇA VALER A PENA


Questão 1
O ciclo do ácido cítrico, ciclo de Krebs ou ciclo do ácido tricarboxílico é a via
metabólica final presente nas mitocôndrias, que convergem as vias metabólicas
oxidativas de carboidratos, ácidos graxos, aminoácidos e corpos cetônicos. Esse
ciclo de reações químicas participa da produção aeróbica de energia, além de
fornecer intermediários para diversas vias metabólicas de biossíntese.

Com base nas informações do texto e nos conhecimentos adquiridos nesta seção,
assinale a alternativa correta.

a. A glicólise converte a glicose em piruvato, que, em seguida, é oxidado na mitocôndria, originando acetil-
CoA para o ciclo do ácido cítrico.

b. A oxidação de ácidos graxos resulta na formação de corpos cetônicos, que, em seguida, sofrem cetólise
para liberar acetil-CoA.

c. A oxidação de qualquer um dos 20 tipos de aminoácidos comuns resulta na formação de acetil-CoA para
o ciclo do ácido cítrico.

d. A cetogênese é a via catabólica dos corpos cetônicos para a liberação de acetil-CoA para o ciclo do ácido
cítrico.

e. A oxidação de glicose e de ácidos graxos, além de gerar acetil-CoA, também gera intermediários do ciclo
do ácido cítrico.

Questão 2

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O ciclo do ácido cítrico é o conjunto de reações químicas presente nas


mitocôndrias que corresponde à última etapa oxidativa das fontes energéticas
glicose, ácido graxo, aminoácido e corpo cetônico, portanto, é a via final para onde
convergem as vias metabólicas dessas fontes energéticas, transformando os seus

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esqueletos carbônicos em moléculas de gás carbônico.

seõçatona reV
Com base nas informações do texto e nos conhecimentos adquiridos nesta seção,
assinale a alternativa correta.

a. O ciclo do ácido cítrico faz parte da produção anaeróbica de energia, mantendo a produção de ATP
mesmo em situação de anóxia ou hipóxia.

b. As reações oxidativas do ciclo do ácido cítrico geram uma grande quantidade de elétrons que é
transportada para a cadeia respiratória apenas por NADH.

c. A presença de oxaloacetato não é importante, pois acetil-CoA pode reagir com o citrato para se iniciar o
ciclo do ácido cítrico.

d. A grande importância do ciclo do ácido cítrico está no fornecimento de muitos elétrons, carreados por
NADH e FADH2, para a cadeia respiratória.

e. No final do ciclo do ácido cítrico, o oxaloacetato não é regenerado, sendo importante a formação de mais
moléculas de oxaloacetato a partir do piruvato.

Questão 3
A presença do grupo amino impede o metabolismo oxidativo do aminoácido para a
produção de energia, por isso, a etapa fundamental para o aproveitamento
energético dos aminoácidos é a remoção do grupo amino, que pode ser
reaproveitado para outras vias de biossíntese de compostos nitrogenados ou
excretado do organismo na forma de ureia, principalmente.

Com base nas informações do texto e nos conhecimentos adquiridos nesta seção,
assinale a alternativa correta.

a. Em todos os tecidos, sem exceção, a amônia, produzida no metabolismo dos aminoácidos, é


transportada para o fígado pela glutamina.

b. Aspartato aminotransferase catalisa a formação do aspartato a partir do piruvato e do glutamato nos


hepatócitos e nas fibras musculares.

c. A remoção do grupo amino do aminoácido pela aminotransferase resulta na formação de cetoácidos, que
são usados na produção de energia.

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d. O ciclo da ureia ocorre completamente nas mitocôndrias dos hepatócitos, onde a amônia, em uma série
de reações, é convertida em ureia.

e. A primeira reação do ciclo da ureia é a reação entre amônia e bicarbonato para a formação de carbamoil-
fosfato, que fornece os dois grupos amino que formam a ureia.

0
REFERÊNCIAS

seõçatona reV
BENDER, D. A.; MAYES, P. A. O ciclo do ácido cítrico: a via central do metabolismo
de carboidratos, de lipídeos e de aminoácidos. In: RODWELL, V. W. et al. (Org.).
Bioquímica ilustrada de Harper. 30. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017.

BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Ciclo do ácido cítrico. In: BERG, J. M.;
TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L (Org.). Bioquímica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-
Koogan, 2014.

BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Renovação das proteínas e catabolismo


dos aminoácidos. In: BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. (Org.). Bioquímica. 7.
ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2014.

FERRIER, D. R. Aminoácidos: destino do nitrogênio. In: FERRIER, D. R. (Org.).


Bioquímica ilustrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.

FERRIER, D. R. Ciclo do ácido cítrico. In: FERRIER, D. R. (Org.). Bioquímica ilustrada.


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NELSON, D. L.; COX, M. M. Ciclo do ácido cítrico. In: NELSON, D. L.; COX, M. M.
(Org.). Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

NELSON, D. L.; COX, M. M. Oxidação de aminoácidos e produção da ureia. In:


NELSON, D. L.; COX, M. M. (Org.). Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2014.

REECE, Jane B. et al. Respiração celular e fermentação. In: REECE, Jane B. (Org.).
Biologia de Campbell. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.

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RODWELL, V. W. Catabolismo das proteínas e do nitrogênio dos aminoácidos. In:


RODWELL, V. W. et al. (Org.). Bioquímica ilustrada de Harper. 30. ed. Porto
Alegre: AMGH, 2017.

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seõçatona reV

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO: A VIA CENTRAL DO METABOLISMO DE
BIOMOLÉCULAS

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seõçatona reV
Christian Grassl

Fonte: Shutterstock.

SEM MEDO DE ERRAR


A situação-problema se refere aos conhecimentos de bioquímica que podem ser
aplicados na Fisiologia do Exercício. Para compreender melhor os aspectos
bioquímicos envolvidos nos exercícios físicos, é preciso conhecer o metabolismo
energético e a bioenergética.

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O déficit de oxigênio corresponde ao retardo do consumo de oxigênio no início do


exercício físico, sendo mais pronunciado nos indivíduos não treinados. Nesse
intervalo de tempo, a energia utilizada pelas fibras musculares esqueléticas é
proveniente, principalmente, da respiração anaeróbica, com o aumento da glicólise

0
e o uso da creatina-fosfato (reservatório de energia nas fibras musculares). Para

seõçatona reV
suprir o aumento da glicólise, ocorre o aumento da glicogenólise, em que é
liberada a glicose-6-fosfato para a produção de energia. Em poucos minutos, o
consumo de oxigênio aumenta, permitindo a produção aeróbica de energia.

Nos exercícios físicos mais intensos e prolongados, principalmente em indivíduos


não treinados, os sistemas cardiovascular e respiratório não conseguem manter a
oferta adequada de oxigênio às elevadas necessidades metabólicas dos músculos
esqueléticos; nesse caso, a produção aeróbica de energia é reduzida, ou seja, as
vias metabólicas que ocorrem nas mitocôndrias, como oxidação do piruvato, beta
oxidação e ciclo do ácido cítrico, ficam prejudicadas, e isso ocorre porque essas
vias metabólicas são oxidativas e geram grande quantidade de NADH e FADH2.
Esses carreadores precisam transferir os seus elétrons para a cadeia respiratória, o
que possibilita a sua regeneração para que possam ser utilizados novamente nas
reações oxidativas das vias metabólicas. Porém, para que haja regeneração de
NAD e FAD na cadeia respiratória, os elétrons, uma vez utilizados pelos complexos
proteicos para a geração de um gradiente de prótons por meio da membrana
interna mitocondrial, precisam ser neutralizados. A única possibilidade de
neutralizar os elétrons da cadeia respiratória é transferi-los para o oxigênio que é
reduzido à água, por isso, o oxigênio é considerado o aceptor final de elétrons. Na
insuficiência de oxigênio, os elétrons da cadeia respiratória não são neutralizados,
o que impede o Complexo I de receber elétrons de NADH e o Complexo II de
receber elétrons de FADH2; dessa maneira, ocorre acúmulo de NADH e FADH2,
simultaneamente à redução das concentrações de NAD+ e FAD, e com menor
disponibilidade de NAD+ e FAD para as reações oxidativas, as vias metabólicas são
inibidas, prejudicando a produção aeróbica de energia.

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Diante desse prejuízo, a única via produtora de energia é a glicólise, que faz parte
da respiração anaeróbica, porém, na insuficiência de oxigênio, não há regeneração
de NAD na cadeia respiratória, o que reduz a disponibilidade de NAD+ para a
reação oxidativa da via glicolítica. Para impedir que haja interrupção da glicólise, é

0
ativada uma via metabólica de emergência, a fermentação, e nessa via metabólica,

seõçatona reV
o piruvato é convertido em lactato, permitindo a regeneração de NADH a NAD+ e,
consequentemente, o funcionamento da glicólise.

Com maior liberação de adrenalina e de glucagon e menor secreção de insulina, há


um aumento da lipólise nos adipócitos, aumentando-se a oferta de ácidos graxos,
especialmente para os músculos esqueléticos. Além disso, com o aumento da
quantidade, do tamanho e da atividade das mitocôndrias, ocorre o aumento da
capacidade oxidativa dessas organelas, incluindo a beta oxidação e o ciclo do ácido
cítrico. Dessa maneira, há o aumento da taxa de oxidação dos ácidos graxos, o que
gera uma grande quantidade de FADH2 e NADH, além das moléculas de acetil-CoA,
e com o aumento do conteúdo de enzimas do ciclo do ácido cítrico, além de maior
disponibilidade de acetil-CoA, a atividade do ciclo do ácido cítrico se torna maior,
fornecendo grandes quantidades de elétrons para a cadeia respiratória, que
também tem a sua capacidade aumentada. Com isso, a produção de energia se
torna bem maior para atender às necessidades metabólicas dos músculos
esqueléticos em exercício físico.

O que foi apresentado é uma forma de responder à situação-problema. A partir do


que foi discutido nesta seção, você tem condições de propor e discutir novas
respostas com o seu professor e seus colegas.

AVANÇANDO NA PRÁTICA

FÍGADO: UM ÓRGÃO CENTRAL PARA A BIOQUÍMICA


O fígado é um órgão fundamental para a Bioquímica, pois é local de muitas vias
metabólicas, sendo algumas exclusivas. O conhecimento das funções hepáticas é
importante para os profissionais da saúde, pois o fígado está relacionado à

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manutenção da glicemia, à conversão da amônia em ureia, à síntese de lipídeos, à


produção de sais biliares, à conjugação da bilirrubina, à biotransformação de
xenobióticos e a outras tantas funções. Então, vamos aproveitar os conhecimentos
a respeito das vias metabólicas abordadas até o momento para compreendermos

0
melhor a importância do fígado.

seõçatona reV
Pacientes com lesões hepáticas graves apresentam uma série de manifestações
clínicas, como icterícia, hiperamonemia, encefalopatia hepática, hipoglicemia e
acidose metabólica; frente a isso, com base nos conhecimentos adquiridos até o
momento, você poderia explicar as seguintes questões:

• Como você relaciona a hipoglicemia com a lesão hepática? Qual é o papel do


fígado na manutenção da glicemia?

• Por que há hiperamonemia com a lesão hepática? Qual é a relação disso com a
encefalopatia hepática?

• Por que a insuficiência hepática é uma das causas de acidose metabólica?

RESOLUÇÃO 

O fígado é um órgão importante no controle da glicemia. Após as refeições, o


GLUT-2 hepático, ativado pela hiperglicemia, permite a entrada de grande
quantidade de glicose nos hepatócitos, onde será armazenada na forma de
glicogênio. Durante o jejum ou no período entre refeições, quando a glicemia
abaixa, as células alfa-pancreáticas liberam o hormônio glucagon, que atua no
fígado, estimulando a glicogenólise e a gliconeogênese. Com isso, o fígado
libera o seu estoque de glicose para o sangue, além de produzir novas
moléculas de glicose a partir de aminoácidos, lactato e glicerol. Com a
insuficiência hepática, a capacidade de armazenar a glicose após as refeições e
de produzir novas moléculas de glicose fica seriamente prejudicada, assim, no
período entre as refeições, o fígado não consegue liberar glicose suficiente
para manter a glicemia normal, levando a um quadro de hipoglicemia.

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O fígado é o único órgão capaz de converter a amônia — produto do


metabolismo dos aminoácidos e do metabolismo da microbiota intestinal —
em ureia, e essa conversão é realizada pelo ciclo da ureia, um conjunto de
reações químicas presente nos hepatócitos. Na insuficiência hepática, o ciclo

0
da ureia fica prejudicado, o que acarreta em menor capacidade de conversão

seõçatona reV
da amônia — um composto muito tóxico — em ureia — um composto menos
tóxico que pode ser excretado na urina. Com isso, a amônia se acumula no
plasma, o que leva à hiperamonemia. A amônia atravessa facilmente a barreira
hematoencefálica, induzindo lesões neurológicas, formando um quadro
chamado de encefalopatia hepática.

Com a hipoglicemia provocada pela insuficiência hepática, as células


compensam a menor disponibilidade de glicose com o aumento da oxidação
de ácidos graxos. Além disso, a glicose é precursora da síntese de oxaloacetato,
molécula necessária para reagir com acetil-CoA para iniciar o ciclo do ácido
cítrico. Com mais moléculas de acetil-CoA disponíveis, devido ao aumento da
oxidação de ácidos graxos, e com menos moléculas de oxaloacetato
disponíveis para iniciar o ciclo do ácido cítrico, grande parte das moléculas de
acetil-CoA é desviada para a cetogênese. Com maior produção de corpos
cetônicos, instala-se um quadro de acidose metabólica, chamada de
cetoacidose.

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VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS

0
Christian Grassl

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

CONVITE AO ESTUDO
Caro aluno, estamos na última unidade do livro, a unidade 4, na qual abordaremos
vários conceitos importantes de bioquímica, como as vitaminas hidrossolúveis e
lipossolúveis, bem como os minerais. As vitaminas e os minerais são
micronutrientes essenciais para o funcionamento do organismo, pois atuam em
várias funções orgânicas, como cofatores para a atividade enzimática, a geração de
impulsos nervosos, a contração muscular, o transporte de elétrons gerados nos
metabolismos oxidativos e tantas outras.

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Na primeira seção, estudaremos as vitaminas hidrossolúveis e a sua importância


no metabolismo, uma vez que agem como coenzimas. Elas estão envolvidas na
eritropoese, na síntese de aminoácidos e nucleotídeos, na formação dos
carreadores de elétrons etc. Além disso, estudaremos as suas fontes, bem como as

0
consequências orgânicas da carência dessas vitaminas.

seõçatona reV
Na seção 2, vamos abordar as vitaminas lipossolúveis, bem como o papel dessas
vitaminas no metabolismo como hormônios e pigmentos visuais na retina. Além
disso, veremos as suas fontes e as consequências orgânicas da carência dessas
vitaminas.

Finalmente, na última seção, vamos estudar os minerais, considerando as suas


diversas funções, como cofatores de várias enzimas, no transporte de oxigênio no
sangue, na manutenção da pressão osmótica no plasma, no armazenamento de
energia, na contração muscular etc. Também veremos suas fontes alimentares e as
consequências orgânicas da carência de minerais.

A compreensão desses conceitos ampliará os horizontes de análise e de resolução


de várias situações que você poderá vivenciar na sua futura prática profissional na
área da Saúde. Esses conhecimentos serão ferramentas úteis para um melhor
entendimento do funcionamento do organismo, da manutenção da homeostasia,
dos mecanismos fisiopatológicos de muitas doenças e da ação farmacológica de
muitos medicamentos. Além disso, tais conhecimentos serão úteis em outras
disciplinas, tais como Farmacologia, Patologia, Fisiologia, Nutrição e as disciplinas
clínicas. Então, aos estudos!

PRATICAR PARA APRENDER


Caro aluno, nesta seção, iniciaremos a nossa jornada pelos assuntos relacionados
aos micronutrientes. Entre eles, podemos destacar as vitaminas, as moléculas
orgânicas e os minerais (íons). Esses micronutrientes apresentam diversas funções
no organismo.

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As vitaminas hidrossolúveis são polares; podem ser obtidas de diversas fontes


alimentares; apresentam vários tipos, como a riboflavina, a niacina, a tiamina e a
piridoxina; e têm um papel importante como coenzimas — moléculas orgânicas
essenciais para as atividades enzimáticas. Então, veremos as vitaminas

0
hidrossolúveis participando de várias reações químicas, como a síntese de

seõçatona reV
aminoácidos e nucleotídeos, bem como as reações de descarboxilação. Vamos
encontrar essas vitaminas na síntese de colágeno, na eritropoese e na formação da
coenzima A (CoA).

A deficiência das vitaminas hidrossolúveis determina alterações funcionais, o que


pode acarretar sérias manifestações clínicas, e pode ser decorrente de dietas,
alterações na sua absorção ou de situações em que há aumento da demanda de
vitaminas (gestação, lactação e doenças). As consequências clínicas das
hipovitaminoses podem ser beribéri, síndrome de Wernicke-Korsakoff, pelagra,
anemia macrocítica, espinha bífida e outras.

Muitos dos assuntos que serão abordados nesta seção têm implicações clínicas,
sendo de grande importância para a sua formação e prática profissional na área da
Saúde.

A situação-problema se refere aos conhecimentos de bioquímica que podem ser


aplicados na sua futura prática profissional. Para contextualizar a sua
aprendizagem, imagine que você é integrante de uma equipe de profissionais que
trabalha com nutrição, visando às pesquisas sobre vitaminas. Nesse trabalho, você
se depara com muitas situações que envolvem conceitos de bioquímica, por sua
vez, os conceitos que serão aprendidos nesta seção serão úteis para a
compreensão dos mecanismos bioquímicos envolvidos na nutrição? Veremos a
importância desses conceitos na situação-problema.

A carência de vitaminas pode acarretar diversos quadros clínicos e isso é uma


preocupação para os profissionais da Saúde. Por isso, é importante conhecer a
importância das vitaminas nas funções metabólicas e, assim, compreender as
consequências da carência delas para o organismo. Como exemplo, podemos citar

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duas doenças decorrentes da deficiência da tiamina: a doença de beribéri e a


síndrome de Wernicke-Korsakoff. Você, na sua prática profissional, poderá se
deparar com essas duas doenças.

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A tiamina é uma das coenzimas do complexo da piruvato desidrogenase e do
complexo da alfa-cetoglutarato-desidrogenase. Quanto à doença de beribéri, ela é

seõçatona reV
consequência da deficiência de tiamina na alimentação, mais comum nos países do
extremo oriente, devido ao fato de o arroz polido (a tiamina está presente na casca
do arroz) ser a base da alimentação desses povos. A deficiência de tiamina
também pode ser decorrente de má absorção intestinal, diarreias prolongadas,
maior demanda metabólica (hipertireoidismo, gestação, febre) e etilismo. Entre as
manifestações clínicas, podemos destacar fraqueza muscular, cãibras, parestesias
e insuficiência cardíaca.

A síndrome de Wernicke-Korsakoff (associação entre a encefalopatia de Wernicke e


a psicose de Korsakoff) acomete os etilistas devido à deficiência de tiamina na
alimentação e ao prejuízo das funções hepáticas. A encefalopatia de Wernicke é
caracterizada por ataxia, problemas psicomotores, letargia, consciência
prejudicada e até a morte. A psicose de Korsakoff é marcada pela confusão mental,
memória prejudicada e outros problemas cognitivos.

Com base nessas informações e nos conhecimentos adquiridos até o presente


momento, você é capaz de analisar os aspectos bioquímicos dessas duas doenças;
logo:

1. Como você explica o impacto da carência de tiamina na produção de energia?


Considere, na sua resposta, os papéis dos complexos da piruvato-
desidrogenase e da alfa-cetoglurato-desidrogenase.

2. Pelas manifestações clínicas descritas no texto, você pode reparar que a


maioria envolve o sistema nervoso. Diante disso, por que o sistema nervoso é o
mais afetado pela carência de tiamina?

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3. Em geral, pacientes com intoxicação etílica recebem infusão intravenosa de


solução hipertônica de glicose devido à hipoglicemia provocada pelo consumo
excessivo de álcool. Muitos desses pacientes podem ser etilistas crônicos e
apresentarem deficiência de tiamina. Nesses casos, a administração de glicose

0
apresentará o efeito desejado? Por quê? O que fazer nesses casos?

seõçatona reV
Essas questões são apenas o ponto de partida para mais questionamentos e para
estimular sua procura por mais conhecimentos. A situação-problema proposta é
uma pequena amostra da importância dos conhecimentos de bioquímica na
prática clínica e nas pesquisas na área da saúde.

A responsabilidade de um profissional dessa área é muito grande, o que exige


conhecimentos, técnica e ética. Por isso, a dedicação aos estudos é fundamental
para que sua formação acadêmica esteja à altura de suas responsabilidades
profissionais. Então, aos estudos!

CONCEITO-CHAVE
As vitaminas são moléculas orgânicas, em geral, não sintetizadas pelo organismo.
Elas desempenham vários papéis no organismo, especialmente como coenzimas
no metabolismo, participando das vias metabólicas produtoras de energia, da
síntese de aminoácidos e nucleotídeos, eritropoese, síntese de colágeno e outras
vias metabólicas.

ASSIMILE

Para manter a atividade catalítica adequada, as enzimas precisam da


participação de um componente químico chamado cofator. A holoenzima é
o nome dado para o conjunto formado pela enzima e pelo cofator ou pela
coenzima. Os cofatores são os íons inorgânicos e as coenzimas são as
moléculas orgânicas. Como exemplo de íons inorgânicos como cofatores,
temos o íon M g 2+
na hexocinase (enzima que catalisa a transferência do
grupo fosfato do ATP para a glicose com a formação do produto glicose 6-
fosfato) e o íon Zn 2+
na anidrase carbônica (enzima que catalisa as reações

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químicas do sistema-tampão do íon bicarbonato). As moléculas orgânicas


que atuam como cofatores são chamadas de coenzimas, em geral,
derivadas de vitaminas. Como exemplo de coenzima, temos a flavina
adenina dinucleotídeo ou FAD, derivada da vitamina B2 ou riboflavina,

0
presente na sucinato-desidrogenase (enzima que catalisa a conversão do

seõçatona reV
fumarato em succinato no ciclo de Krebs), e o tetrahidrofolato, derivado do
ácido fólico, presente em várias reações químicas de síntese de
aminoácidos e nucleotídeos.

As vitaminas são obtidas principalmente por meio da alimentação, bem como de


outras fontes, como a síntese de vitaminas pela microbiota intestinal, que,
posteriormente, são absorvidas pelo intestino. A outra fonte de vitamina, no caso a
vitamina D, é a ação da radiação ultravioleta nos queratinócitos da camada mais
profunda da epiderme, a camada basal. A deficiência ou ausência de vitaminas no
organismo provoca alterações funcionais que podem causar sérias manifestações
clínicas. Esse quadro é chamado de carência de vitaminas, hipovitaminose
(deficiência de vitaminas) ou avitaminose (ausência de vitaminas). Uma
alimentação equilibrada fornece ao organismo as vitaminas nas quantidades
adequadas para as necessidades funcionais do organismo. Em certas condições,
como dietas insuficientes de vitaminas, alterações na absorção de vitaminas (como
ocorre, por exemplo, após a cirurgia bariátrica), bem como na gestação, na
lactação, no hipertireoidismo etc., pode ser necessária a administração de
vitaminas. Por outro lado, há risco de toxicidade quando a ingestão de vitaminas
está muito acima das necessidades metabólicas do organismo.

As vitaminas são classificadas em dois grandes grupos: as hidrossolúveis e as


lipossolúveis. Essas últimas serão vistas na próxima seção, enquanto nesta seção,
veremos as vitaminas hidrossolúveis, que podem ser divididas em complexo B e
não-complexo B. As vitaminas do complexo B são: tiamina (vitamina B1),
riboflavina (vitamina B2), niacina (vitamina B3), biotina (vitamina B7), ácido

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pantotênico (vitamina B5), piridoxina (vitamina B6), ácido fólico (vitamina B9) e
cobalamina (vitamina B12). A vitamina do não-complexo B é o ácido ascórbico ou
vitamina C.

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ÁCIDO ASCÓRBICO OU VITAMINA C

seõçatona reV
O ácido ascórbico ou vitamina C possui várias funções no organismo, sendo a mais
importante a síntese do colágeno, uma família de proteínas com funções
estruturais, responsáveis pela resistência à tração de vários tecidos, como pele,
osso e cartilagem. O ácido ascórbico, forma ativa da vitamina C, atua como
coenzima nas hidroxilações dos aminoácidos prolina e lisina, constituindo os
aminoácidos modificados hidroxiprolina e hidroxilisina, respectivamente. Esses
aminoácidos modificados são importantes para estabilizar a estrutura do colágeno,
aumentando a sua capacidade de resistir à tração.

Além da importante função na síntese do colágeno, a vitamina C também facilita a


absorção intestinal de ferro, aumentando a disponibilidade desse mineral para a
eritropoese, processo de produção de eritrócitos ou hemácias que ocorre na
medula óssea. A vitamina C também age como antioxidante, neutralizando os
radicais livres, particularmente os radicais hidroxila. Devido a esse efeito de
prevenir o estresse oxidativo, alguns trabalhos têm mostrado efeitos benéficos da
vitamina C em alguns tipos de câncer e na prevenção de resfriados, porém mais
evidências científicas são necessárias. Na indústria, a vitamina C, devido à sua
capacidade antioxidante, é usada para preservar o sabor e a cor natural dos
alimentos processados.

A vitamina C é encontrada em muitos alimentos frescos, como as frutas (caju,


goiaba, uva, laranja, limão, tangerina, manga, abacaxi, tomate e pimentão verde) e
verduras (brócolis, agrião, espinafre e couve). No organismo humano, a vitamina C
é excretada principalmente pelos rins via urina, bem como, em pequenas
quantidades, pelo leite materno e pelas fezes. Em algumas condições, as
necessidades metabólicas do organismo exigem maiores quantidades de vitamina
C, como a gestação, a lactação e no tabagismo. A deficiência dessa vitamina pode
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provocar um quadro caracterizado por mal-estar, irritabilidade, hemorragias,


petéquias e artralgias, podendo evoluir para o escorbuto, a forma clínica mais
grave da deficiência de vitamina C, caracterizado por hemorragias, cicatrização
lenta, fragilidade da parede vascular, anemia, edemas nas articulações, perda

0
dentária devido à fragilidade da gengiva. A ingestão excessiva de vitamina C pode

seõçatona reV
provocar toxicidade, com risco de precipitação de ácido úrico nas articulações,
formação de cálculos renais e diarreia.

TIAMINA OU VITAMINA B1
A vitamina B1 ou tiamina tem papel importante nas vias metabólicas produtoras
de energia, atuando como coenzima em reações de descarboxilação oxidativa. A
conversão do piruvato em acetil-CoA, parte da via oxidativa da glicose, catalisada
pelo complexo da piruvato-desidrogenase, é uma reação de descarboxilação
oxidativa. Outro exemplo é a conversão do alfa-cetoglutarato em succinil-CoA,
catalisada pelo complexo da alfa-cetoglutarato-desidrogenase, que ocorre no ciclo
do ácido cítrico via central do metabolismo energético das biomoléculas.

A vitamina B1 pode ser encontrada em vários alimentos, como carnes, fígado,


feijão, vagem, ervilhas e batata. Em algumas situações, as necessidades
metabólicas do organismo exigem quantidades maiores de tiamina, como
gestação, febre, hipertireoidismo e doenças hepáticas. Após a absorção da
vitamina B1, dá-se o seu armazenamento em alguns órgãos, como fígado e
encéfalo, porém a capacidade de armazenamento do organismo é muito baixa
para essa vitamina, por isso, o ser humano precisa de um suprimento contínuo
dela para as necessidades metabólicas. A eliminação da tiamina do organismo é
realizada principalmente pela urina e, em menor quantidade, pelo leite materno e
pelo suor.

A carência da tiamina provoca distúrbios gastrintestinais, cardiovasculares e


neurológicos. Em relação aos distúrbios gastrintestinais, podemos destacar
anorexia, indigestão, constipação e redução da motilidade gástrica; quanto aos

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distúrbios cardiovasculares, destacamos as arritmias cardíacas; já os distúrbios


neurológicos incluem apatia, prejuízo cognitivo, instabilidade emocional, fraqueza
e parestesias (cãibras, formigamento).

0
Além disso, há dois quadros clínicos graves decorrentes da deficiência de tiamina:
a doença de beribéri e a síndrome de Wenicke-Korsakoff. A doença de beribéri é

seõçatona reV
muito comum nos países asiáticos que possuem o arroz polido como base
alimentar, sendo um alimento pobre em tiamina. Essa doença, por sua vez,
também pode ser decorrente da baixa absorção de tiamina, de diarreias
prolongadas, êmese, uso de altas doses de diuréticos de alça (como a furosemida),
etilismo e hipertireoidismo. O quadro clínico da doença de beribéri é caracterizado
por falta de apetite (anorexia), irritabilidade, pele seca (xerodermia), problemas
cognitivos, constipação, fraqueza muscular e paralisia progressiva. O beribéri pode
ou não estar acompanhado de insuficiência cardíaca e edema, e se não tratada
com suplemento de vitamina B1, a doença pode evoluir para óbito.

A síndrome de Wernicke-Korsakoff está associada, principalmente, ao etilismo


crônico, sendo uma junção da encefalopatia de Wernicke com a psicose de
Korsakoff. A ingestão excessiva de álcool prejudica a absorção de tiamina pelo
trato gastrintestinal e o armazenamento dessa vitamina no fígado. Além disso, o
etilismo está associado a uma péssima nutrição, o que impossibilita a ingestão de
quantidades adequadas de tiamina.

O quadro clínico da encefalopatia de Wernicke é caracterizado por anormalidades


oculomotoras (nistagmo e oftalmoplegia parcial), ataxia, desorientação, sonolência,
perda da atenção, tremores, agitação e hipotensão postural, podendo evoluir para
óbito se não tratado. Cerca de 80% dos pacientes com encefalopatia de Wernicke
não tratados evoluem para a psicose de Korsakoff, caracterizada por prejuízos de
memória, desorientação, instabilidade emocional, delírios e alucinações. O
tratamento para essas condições clínicas é o suplemento de tiamina. Em
contrapartida, não há registros de toxicidade de tiamina, pois o excesso dessa
vitamina é eliminado rapidamente do organismo.

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REFLITA

O mercúrio é inibidor do complexo da piruvato desidrogenase, o que


impede a oxidação do piruvato à acetil-CoA. Dessa maneira, a oxidação da
glicose fica restrita, apenas, à glicólise, resultando em baixa produção de

0
energia. Os neurônios só utilizam a glicose como fonte de energia, e,

seõçatona reV
contando apenas com a glicólise, a oferta de energia não atende às
demandas metabólicas dessas células. Como consequência, surgem as
lesões nos neurônios, resultando em problemas neurológicos. Você saberia
estabelecer uma relação entre o efeito do mercúrio no sistema nervoso
central e a síndrome de Wernicke-Korsakoff?

RIBOFLAVINA OU VITAMINA B2
A vitamina B2 ou riboflavina é fundamental para a formação de FAD (flavina
adenina dinucleotídeo), molécula responsável pelo transporte de elétrons gerados
na beta-oxidação e no ciclo do ácido cítrico para a cadeia respiratória para a
produção de energia. Além disso, a riboflavina também entra na formação de FMN
(flavina mononucleotídeo), coenzima que participa de diversas reações de
oxidorredução. Tanto FAD quanto FMN podem ser oxidados (perder elétrons) ou
reduzidos (ganho de elétrons), conforme as reações químicas das quais participam.

EXEMPLIFICANDO

O PAPEL DA RIBOFLAVINA NO COMBATE AO ESTRESSE


OXIDATIVO
O estresse oxidativo é resultado do desequilíbrio entre a produção de
radicais livres e a capacidade do sistema antioxidante em neutralizar esses
radicais livres, que estão envolvidos em danos oxidativos de lipídeos,
proteínas e DNA, com consequente riscos associados à mutagênese,
carcinogênese e envelhecimento. Por isso, o estresse oxidativo está
envolvido no desenvolvimento de muitas doenças crônicas, como câncer,
doenças cardiovasculares e doenças neurodegenerativas. Entre as

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substâncias antioxidantes, podemos destacar a vitamina E, a vitamina C e


os carotenoides. A riboflavina, apesar de negligenciada como antioxidante,
pode agir no combate ao estresse oxidativo.

0
A enzima glutationa redutase necessita da coenzima FAD, uma derivada da
riboflavina, para a sua atividade. Essa enzima, com os elétrons fornecidos

seõçatona reV
por NADPH, catalisa a redução da glutationa oxidada (GSSG), permite a sua
regeneração à glutationa reduzida (GSH) e disponibiliza a glutationa para a
neutralizaçao dos radicais livres. Há estudos que mostram que a riboflavina
também afeta, por um mecanismo ainda não elucidado, as atividades das
enzimas do sistema antioxidante, como a superóxido dismutase, catalase e
glutationa peroxidase, bem como mostraram os efeitos benéficos da
riboflavina na redução do estresse oxidativo em lesões por reperfusão que
ocorrem em tecidos submetidos a períodos de isquemia.

A riboflavina pode ser encontrada em muitos alimentos, como carnes, fígado, ovo,
leite, queijos, ervilhas, feijão e verduras. Como a vitamina B2 está amplamente
distribuída na natureza, dificilmente ocorre a carência dessa vitamina. As pessoas
etilistas crônicas, em geral, apresentam carência de riboflavina. A desnutrição
também é um fator de risco para deficiência de riboflavina. Em casos de carência
de vitamina B2, o quadro clínico é caracterizado por lesões da mucosa e da pele,
bem como perturbações oculares, como fotofobia e redução da acuidade visual.
Não há registro de efeitos tóxicos pelo excesso de riboflavina em seres humanos.

NIACINA OU VITAMINA B3
A vitamina B3 ou niacina é essencial para a síntese das moléculas NAD
(nicotinamida adenina dinucleotídeo) e NADP (nicotinamida adenina dinucleotídeo
fosfato). A molécula NAD atua no transporte de elétrons das reações oxidativas das
vias metabólicas produtoras de energia para a cadeia respiratória, enquanto a
molécula NADPH atua como fornecedora de elétrons para as reações de redução.

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ASSIMILE

EXEMPLO DE REAÇÃO DE REDUÇÃO QUE REQUER ELÉTRONS DE


NADPH
A glutationa (GSH) é um pequeno peptídeo formado por três aminoácidos

0
(tripeptídeo), sendo que um deles é a cisteína, que possui o grupo sulfidrila

seõçatona reV
ou tiol (-SH) na sua cadeia lateral. O grupo sulfidrila é o responsável pela
ação antioxidante da glutationa, importante na defesa antioxidante no
fígado, nos rins, no encéfalo e nos eritrócitos. Duas moléculas de glutationa
reduzem o peróxido de hidrogênio à molécula de água em uma reação
catalisada pela enzima glutationa peroxidase, originando a glutationa
oxidada (GSSG); em seguida, a glutationa oxidada é reduzida pela NADPH
em uma reação catalisada pela enzima glutationa redutase, regenerando-se
a duas moléculas de glutationa (GSH).

A niacina está presente em muitos alimentos, como cereais, amendoim, fígado e


carne, em especial, os peixes. Após a absorção pelo trato gastrintestinal, a niacina
se distribui por todo o organismo, acumulando-se principalmente no fígado,
músculos e rins. A niacina é eliminada do organismo principalmente pela urina, e a
carência dela resulta em uma condição clínica chamada de pelagra, conhecida
como a doença dos três Ds: dermatite, diarreia e demência. Esse quadro clínico é
caracterizado inicialmente por fraqueza, fadiga, desânimo, insônia, anorexia, perda
de peso, irritabilidade e prejuízos cognitivos. Caso não seja tratado, o quadro
clínico evolui para lesões de pele e mucosa, inflamações no trato gastrintestinal,
diarreia, perturbações mentais, parestesias, desorientação, alucinações e
demência. O tratamento, por sua vez, é a reposição de niacina. Já em relação à
toxicidade por excesso de niacina, foram relatados mal-estar gástrico,
hipersecreção das glândulas sebáceas, eritema (vermelhidão da pele) e até casos
de choque anafilático.

EXEMPLIFICANDO

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A niacina inibe a lipólise no tecido adiposo, reduzindo a oferta de ácidos


graxos para os outros tecidos. No fígado, esses ácidos graxos são usados
para a síntese de triacilgliceróis, que, posteriormente, são associados às
apolipoproteínas para a formação de VLDL. Dessa maneira, a niacina reduz

0
a oferta de ácidos graxos para o fígado e, consequentemente, reduz a

seõçatona reV
formação de VLDL. Com menos VLDL circulante, menor é a formação de
LDL, por isso, a niacina pode ser usada no tratamento de dislipidemias.

PIRIDOXINA OU VITAMINA B6
A vitamina B6 ou piridoxina atua como coenzima de diversas enzimas,
especialmente as que catalisam reações envolvendo aminoácidos, como as da
transaminação (transferência de grupos amino), formação de histamina (mediador
inflamatório secretado por basófilos e mastócitos), formação da protoporfirina
(molécula orgânica que protege o íon ferroso no grupo heme ligado ao eritrócito) e
síntese do neurotransmissor GABA (ácido gama-aminobutírico). A piridoxina está
presente nos seguintes alimentos: levedura, fígado, carne, ovo, legumes e verduras
frescas, bem como pode ser obtida da microbiota intestinal. Após a absorção no
trato gastrintestinal, a piridoxina se distribui por todo o organismo e sua excreção
é feita principalmente pela urina.

A carência de vitamina B6 é rara devido a sua ampla distribuição nos alimentos e


pela produção na microbiota intestinal. Quando ocorre a deficiência de piridoxina,
o quadro clínico é caracterizado por náuseas, vômitos, dermatite, confusão mental
e anemia. Na clínica, não se deve associar piridoxina com levodopa (medicamento
usado para o tratamento da doença de Parkinson), pois há antagonismo entre
essas duas substâncias.

BIOTINA OU VITAMINA B7
A biotina atua como coenzima nas reações de transferência de gás carbônico,
como nas reações catalisadas pelas enzimas acetil-CoA-carboxilase e piruvato-
carboxilase, bem como na regulação do ciclo celular por meio da biotinilação de

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algumas proteínas nucleares. Além disso, ela está presente em quase todos os
alimentos, além de ser produzida pela microbiota intestinal, portanto, a carência
dela é extremamente rara e as suas consequências não são completamente
conhecidas. Há registros de dermatite, anorexia, insônia, depressão e mialgias.

0
seõçatona reV
ÁCIDO PANTOTÊNICO OU VITAMINA B5
O ácido pantotênico é componente da coenzima A (CoA), essencial na oxidação do
ácido graxos, no ciclo do ácido cítrico, na síntese de colesterol e na síntese de
ácidos graxos. Essa vitamina está amplamente distribuída na natureza e a carência
dela em seres humanos não está bem caracterizada, uma vez que é extremamente
rara.

ÁCIDO FÓLICO OU VITAMINA B9


A forma ativa do ácido fólico é o tetra-hidrofolato e atua como transportador de
unidades de carbono. Essa vitamina é essencial na síntese de aminoácidos e
nucleotídeos, bem como para a eritropoese. O ácido fólico está presente em
muitos alimentos, como feijão, trigo, verduras, melão, banana e carne. Após a
absorção no trato gastrintestinal, essa vitamina se distribui por todo o organismo,
principalmente no fígado. Já a excreção do ácido fólico é feita pormeio da urina e
das fezes.

A carência de ácido fólico é uma das principais hipovitaminoses, especialmente em


gestantes e etilistas, e está associada à anemia macrocítica ou megaloblástica, ou
seja, ao acúmulo de eritrócitos grandes, imaturos e disfuncionais. Essa vitamina
também é importante para o fechamento do tubo neural durante a embriogênese,
por isso, é indicado o suplemento dela em gestantes. A deficiência de ácido fólico
durante a embriogênese aumenta o risco de desenvolvimento de anencefalia e
espinha bífida no feto. Já o fechamento do tubo neural durante a embriogênese e a
eritropoese depende de divisões celulares rápidas e, portanto, da síntese elevada
de DNA. Porém, para se aumentar a síntese de DNA, é necessário aumentar a
oferta de ácido fólico para a síntese de nucleotídeos, por isso, a carência de ácido

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fólico prejudica as divisões celulares em alta taxa e de forma rápida, o que pode
levar à anemia macrocítica e a defeitos no fechamento do tubo neural. Essas
consequências também são exploradas na Farmacologia, com o uso de inibidores
do ácido fólico na quimioterapia do câncer e no tratamento de infecções

0
bacterianas. Por exemplo: temos o metotrexato, um análogo do ácido fólico que

seõçatona reV
inibe a enzima di-hidrofolato-redutase como fármaco antineoplásico.

EXEMPLIFICANDO

A homocisteína é um aminoácido derivado da metionina e atua como


precursora da biossíntese da cisteína; já as vitaminas B6, B12 e ácido fólico
atuam como cofatores nas reações metabólicas da homocisteína, sendo
que altos níveis plasmáticos de homocisteína têm sido associados a um
risco maior de aterosclerose, trombose e hipertensão.

A hiperhomocisteinemia favorece a oxidação da homocisteína, resultando


na formação de espécies reativas de oxigênio, e as consequências são a
formação de ateromas e o efeito trombogênico.

As causas da hiperhomocisteinemia se dão por motivos de genética


(enzimas defeituosas envolvidas no metabolismo da homocisteína);
deficiência de vitaminas B6, ácido fólico e B12; uso de alguns fármacos
(metotrexato e teofilina); e tabagismo.

COBALAMINA OU VITAMINA B12


A cobalamina ou vitamina B12 atua como coenzima em duas reações enzimáticas,
a remetilação da homocisteína em metionina e a isomerização da metilmalonil-CoA
para formação do succinil-CoA. A vitamina B12 só é encontrada em alimentos de
origem animal, bem como é produzida pela microbiota intestinal. Por isso,
vegetarianos e veganos podem apresentar deficiência de vitamina B12, sendo
necessária a sua suplementação para evitar as consequências da hipovitaminose.
A absorção da cobalamina depende de uma proteína sintetizada pelas células
parietais da mucosa gástrica, o fator intrínseco. Essa proteína combina-se com a

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vitamina B12, formando um complexo que é absorvido nas porções finais do


intestino delgado. Uma vez absorvida pelo trato gastrintestinal, a vitamina B12
distribui-se por todo o organismo, com concentrações maiores no fígado e nos
rins; já a excreção dessa vitamina ocorre principalmente pela urina e pelas fezes.

0
A carência da cobalamina produz um quadro clínico caracterizado por anemia

seõçatona reV
perniciosa. Além disso, podem ocorrer distúrbios neurológicos, como demência,
devido à perda progressiva da bainha de mielina nos axônios dos neurônios. A
deficiência da cobalamina pode ser decorrente da carência dessa vitamina na dieta
ou de problemas na absorção dessa vitamina no trato gastrintestinal. A redução da
secreção do fator intrínseco pela mucosa gástrica é uma das principais
responsáveis pelos problemas de absorção de cobalamina. O omeprazol, antiácido
que atua como inibidor da secreção de ácido pelas células parietais, também pode
inibir a secreção do fator intrínseco, podendo acarretar, devido ao uso crônico, a
anemia e a demência.

Aqui, encerramos a seção 1 da Unidade 4 dedicada às vitaminas hidrossolúveis.


Nesta seção, estudamos as fontes e a importância metabólica das vitaminas
hidrossolúveis, bem como as consequências orgânicas da carência dessas
vitaminas.

FAÇA A VALER A PENA


Questão 1
Beribéri, doença comum em locais onde o arroz polido é o principal componente
da dieta, é caracterizado por irritabilidade, pele seca, problemas cognitivos e
paralisia progressiva. A Síndrome de Wernicke-Korsakoff, principalmente associada
ao etilismo crônico, é caracterizada por perda de memória, ataxia, apatia,
deterioração mental.

As duas doenças descritas no texto são decorrentes da carência de uma vitamina.


Assinale a alternativa que corresponde a essa vitamina.

a. Niacina.

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b. Riboflavina.

c. Tiamina.

d. Ácido ascórbico.

0
e. Piridoxina.

seõçatona reV
Questão 2
A vitamina B2 ou riboflavina é um nutriente essencial que mantém as funções do
metabolismo em condições normais, atuando como cofator nas reações
enzimáticas, principalmente em sistema de transporte de elétrons.

Em relação à riboflavina, assinale a alternativa correta.

a. Ela é fundamental para a formação de NAD e NADP — ambos transportadores de elétrons.

b. A sua absorção pelo trato gastrintestinal depende do fator intrínseco.

c. A sua carência pode provocar a síndrome de Wernicke-Korsakoff.

d. Não deve ser administrada com a levodopa devido ao antagonismo entre elas.

e. É essencial para a síntese de FAD e FMN, que podem ser oxidados ou reduzidos.

Questão 3
O grande poeta português Luís Vaz de Camões (1524-1580) descreveu uma doença
muito comum entre os marinheiros da época na sua obra-prima Os Lusíadas
(Canto V, estrofes 81 e 82. p.80):

“[...]

E foi que de doença crua e feia,

A mais que eu nunca vi, desampararam

Muitos a vida, e em terra estranha e alheia

Os ossos para sempre sepultaram.

Quem haverá que, sem o ver, o creia

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Que tão disformemente ali lhe incharam

As gengivas na boca, que crescia

A carne, e juntamente apodrecia.

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Apodrecia com um fétido e bruto

seõçatona reV
Cheiro, que o ar vizinho inficionava;

Não tínhamos ali médico astuto,

Cirurgião sutil menos se achava;

Mas qualquer, neste ofício pouco instruto,

Pela carne já podre assim cortava

Como se fora morta, e bem convinha,

Pois que morto ficava quem a tinha.”

O grande poeta Luís Vaz de Camões, nos seus versos, referiu-se a uma doença
comum na época. Muito tempo depois, descobriu-se que essa doença é decorrente
da carência de uma determinada vitamina. Assinale a alternativa que corresponde
a essa vitamina.

a. Ácido fólico.

b. Tiamina.

c. Ácido pantotênico.

d. Biotina.

e. Ácido ascórbico.

REFERÊNCIAS
BENDER, D. A. Micronutrientes: vitaminas e minerais. In: RODWELL, V. W. et al.
(Org.). Bioquímica ilustrada de Harper. 30. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017.

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FERRIER, D. R. Vitaminas. In: FERRIER, D. R. (Org.). Bioquímica ilustrada. 7. ed.


Porto Alegre: Artmed, 2019.

FIORUCCI, A. R.; SOARES, M. H. F. B.; CAVALHEIRO, É. T. G. A importância da

0
vitamina C na sociedade através dos tempos. Química Nova na Escola, [S.l.], n. 17,
p. 3-7, maio 2003. Disponível em: https://bit.ly/3fphbsA. Acesso em: 1 abr. 2021.

seõçatona reV
KAUSHANSKY, K.; KIPPS, T. J. Agentes hematopoiéticos: fatores de crescimento,
minerais e vitaminas. In: BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C.
(Org.). As bases farmacológicas da terapêutica Goodman & Gilman. 12. ed.
Porto Alegre: AMGH, 2012.

RUBERT, A. et al. Vitaminas do complexo B: uma breve revisão. Revista Jovens


Pesquisadores, Santa Cruz do Sul, v. 7, n. 1, p. 30-45, 2017. Disponível em:
https://bit.ly/3uqm4pL. Acesso em: 1 abr. 2021.

SACRAMENTO, E. F.; SILVA, B. B. Vitaminas e minerais. In: SILVA, P. (Org.).


Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2010.

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS

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Christian Grassl

seõçatona reV

Fonte: Shutterstock.

SEM MEDO DE ERRAR


A situação-problema se refere aos conhecimentos de bioquímica que podem ser
aplicados na prática clínica envolvendo nutrição. Para compreender melhor os
aspectos bioquímicos envolvidos nas consequências clínicas da carência de
vitaminas, é necessário conhecer o metabolismo energético e as funções das
vitaminas no metabolismo.

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Os complexos da piruvato-desidrogenase e da alfa-cetoglutarato-desidrogenase


participam do metabolismo energético do organismo e ambas dependem da
tiamina como coenzima. O complexo da piruvato-desidrogenase catalisa a
oxidação do piruvato, produto final da glicólise, convertendo-o em acetil-CoA; em

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seguida, o acetil-CoA, ao reagir com oxaloacetato, entra no ciclo do ácido cítrico

seõçatona reV
para a oxidação completa da glicose. Com a deficiência de tiamina, a atividade do
complexo da piruvato-desidrogenase é reduzida, o que prejudica a oxidação do
piruvato a acetil-CoA, dessa maneira, a oxidação da glicose fica restrita apenas à
glicólise, o que resulta em baixa produção de energia. Os neurônios só utilizam a
glicose como fonte de energia, e, contando apenas com a glicólise, a oferta de
energia não atende às demandas metabólicas dessas células; como consequência,
surgem as lesões nos neurônios, resultando em problemas neurológicos.

O complexo da alfa-cetoglutarato também é dependente da coenzima tiamina.


Esse complexo enzimático catalisa a conversão do alfa-cetoglurato em succinil-CoA,
uma das reações do ciclo do ácido cítrico. Com a deficiência de tiamina, a atividade
do complexo da alfa-cetoglutarato-desidrogenase é reduzida, prejudicando a
oxidação do alfa-cetoglutarato a succinil-CoA e, consequentemente,
interrompendo o ciclo do ácido cítrico. Como o ácido cítrico é a via final do
metabolismo da glicose, ácidos graxos, corpos cetônicos e aminoácidos, todo o
metabolismo energético acaba sendo prejudicado, e como o ciclo do ácido cítrico é
o principal fornecedor de elétrons para a cadeia respiratória, a produção de ATPs é
muito reduzida, o que prejudica os tecidos de maior demanda metabólica, como o
muscular e o nervoso.

Como os tecidos muscular e nervoso apresentam grande demanda metabólica,


acabam sendo afetados pela redução da produção de energia decorrente da
carência de tiamina, por isso, vemos várias manifestações neurológicas e
musculares na carência da tiamina. O quadro clínico da doença de beribéri é
caracterizado por falta de apetite (anorexia), irritabilidade, pele seca (xerodermia),

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problemas cognitivos, constipação, fraqueza muscular e paralisia progressiva; além


disso, o beribéri pode ou não estar acompanhado de insuficiência cardíaca e
edema.

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O quadro clínico da encefalopatia de Wernicke é caracterizado por anormalidades
oculomotoras (nistagmo e oftalmoplegia parcial), ataxia, desorientação, sonolência,

seõçatona reV
perda da atenção, tremores, agitação e hipotensão postural, podendo evoluir a
óbito se não tratado. Cerca de 80% dos pacientes com encefalopatia de Wernicke
não tratados evoluem para a psicose de Korsakoff, caracterizada por prejuízos de
memória, desorientação, instabilidade emocional, delírios e alucinações.

Nos pacientes com carência de tiamina, a infusão intravenosa de solução


hipertônica de glicose não terá efeito, pelo contrário, poderá piorar o quadro de
encefalopatia de Wernicke. Nesses pacientes, o metabolismo energético está
prejudicado pelas reduzidas atividades dos complexos de piruvato-desidrogenase
e alfa-cetoglutarato-desidrogenase, dessa maneira, mesmo com maior oferta de
glicose, não haverá oxidação completa dessa fonte energética, restando, apenas, a
glicólise com baixo rendimento energético. Frente a isso, para contornar essa
situação, é preciso administrar tiamina aos pacientes antes da solução hipertônica
de glicose.

O que foi apresentado é uma forma de responder à situação-problema; a partir do


que foi visto nesta seção, você tem condições para propor e discutir novas
respostas com o seu professor e seus colegas.

AVANÇANDO NA PRÁTICA
RIBOFLAVINA E O ESTRESSE OXIDATIVO
O estresse oxidativo é resultado do desequilíbrio entre a produção de radicais
livres e a capacidade do sistema antioxidante em neutralizá-los. Esses radicais
estão envolvidos em danos oxidativos de lipídeos, proteínas e DNA, com
consequentes riscos associados à mutagênese, à carcinogênese e ao
envelhecimento. Por isso, o estresse oxidativo está envolvido no desenvolvimento

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de muitas doenças crônicas, como câncer, doenças cardiovasculares e doenças


neurodegenerativas. Entre as substâncias antioxidantes, podemos destacar a
vitamina E, a vitamina C e os carotenoides. A riboflavina, apesar de negligenciada
como antioxidante, pode agir no combate ao estresse oxidativo, principalmente no

0
sistema da glutationa, então, vamos aproveitar os conhecimentos adquiridos até o

seõçatona reV
momento para compreender a importância das vitaminas e das vias metabólicas
no combate ao estresse oxidativo:

1. Explique as reações que envolvem o sistema glutationa. Como essas reações


combatem o estresse oxidativo?

2. Por que a deficiência de riboflavina reduz o conteúdo de glutationa, tornando o


tecido mais sensível aos efeitos dos radicais livres?

3. Explique a relação entre o sistema glutationa e a via das pentoses-fosfato.

RESOLUÇÃO 

Um dos principais sistemas antioxidantes é o da glutationa (GSH). Esse


tripeptídeo contém cisteína na sua composição. O grupo sulfidrila ou tiol (-SH)
da cadeia lateral da cisteína possui a capacidade de neutralizar os radicais
livres; duas moléculas de glutationa sofrem oxidação para reduzir esses
radicais em uma reação catalisada pela enzima glutationa peroxidase, com
isso, dá-se a formação da glutationa oxidada (GSSG). Em seguida, em uma
reação catalisada pela enzima glutationa redutase e com transferência de
elétrons de NADPH, a glutationa oxidada é reduzida, originando duas
moléculas de glutationa (GSH).

A riboflavina é coenzima da enzima glutationa redutase. No caso de deficiência


de riboflavina, a atividade dessa enzima é reduzida e, consequentemente, o
conteúdo de glutationa é reduzido nos tecidos, que têm a sua capacidade de
defesa antioxidante reduzida, tornando-se mais sensíveis aos efeitos deletérios
do estresse oxidativo.

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A via das pentoses-fosfato, um conjunto de reações químicas presente no


citosol, possui reações oxidativas que geram elétrons que são transferidos
para a formação de NADPH. A molécula NADPH fornece os elétrons para
redução da glutationa oxidada, portanto, NADPH permite a regeneração da

0
glutationa.

seõçatona reV

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NÃO PODE FALTAR Imprimir

VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS

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Christian Grassl

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

PRATICAR PARA APRENDER


Caro aluno, nesta seção, continuaremos com o estudo dos assuntos relacionados
aos micronutrientes, focando, agora, as vitaminas lipossolúveis, que são apolares e
podem ser obtidas por meio de diversas fontes alimentares. Existem outras fontes
dessas vitaminas, como a microbiota intestinal para a vitamina K e a radiação solar,
que induz a síntese de vitamina D na epiderme. As vitaminas lipossolúveis que
estudaremos nesta seção são as vitaminas A (retinol, ácido retinoico e beta-
caroteno), D (calciferol), E (tocoferol) e K (fitomenadiona).

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Entre as vitaminas lipossolúveis, apenas a vitamina K tem função de coenzima,


atuando na hemostasia. Já as demais vitaminas lipossolúveis possuem papéis
importantes no funcionamento de vários tecidos, no desenvolvimento, na
regulação do sistema imunológico e no combate ao estresse oxidativo.

0
A deficiência das vitaminas lipossolúveis determina alterações funcionais, podendo

seõçatona reV
resultar em sérias manifestações clínicas. Além disso, ela pode ser decorrente de
dietas, de alterações da microbiota intestinal e até de pouca exposição à radiação
solar. As consequências clínicas das hipovitaminoses podem ser cegueira noturna,
raquitismo, osteomalácia, estresse oxidativo, hemorragias e tantas outras.

Muitos dos assuntos que serão abordados nesta seção têm implicações clínicas,
sendo de grande importância para a sua formação profissional na área da Saúde.
Esses assuntos serão úteis para a compreensão, análise e resolução de várias
situações que podem ocorrer na sua futura carreira profissional na área da Saúde.

A situação-problema se refere aos conhecimentos de bioquímica que podem ser


aplicados na sua futura prática profissional. Para contextualizar a sua
aprendizagem, imagine que você trabalha como profissional de Saúde que precisa
lidar com vitaminas na sua prática laboral. Nesse trabalho, você se depara com
muitas situações que envolvem conceitos de bioquímica, logo, os conceitos que
serão aprendidos nesta seção serão úteis para a compreensão da importância
clínica das vitaminas? Veremos a importância desses conceitos na presente
situação-problema.

As vitaminas lipossolúveis desempenham diversas funções no organismo, por isso,


a carência delas pode acarretar quadros clínicos bem graves, e isso é uma
preocupação para os profissionais da área da Saúde. Além disso, elas também têm
utilidade na Farmacologia, atuando como fármacos ou como alvos terapêuticos.

Você, na sua prática profissional, poderá se deparar com as situações a seguir,


então, com base nos conhecimentos adquiridos, será capaz de analisar os aspectos
bioquímicos das carências dessas vitaminas lipossolúveis, bem como do uso
farmacológico dessas vitaminas?
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1. Uma mulher deseja fazer um tratamento estético de peeling com ácido


retinóico; o profissional pergunta se a mulher está grávida ou planeja
engravidar logo. A mulher acha estranha a pergunta do profissional e resolve

0
questioná-lo. Você, sendo esse profissional, como explicaria esse cuidado?

seõçatona reV
2. Na maternidade, foi realizado o parto da sra. M.G. com a presença de seu
marido. A criança nasceu saudável, e, nela, foi administrada, por via
intramuscular, a vitamina K. O casal ficou curioso sobre esse procedimento e
resolveu perguntar ao enfermeiro sobre isso. Você, sendo esse profissional,
como explicaria esse procedimento?

3. Um paciente com quadro de trombose está recebendo tratamento com


varfarina, um anticoagulante oral. Um dos cuidados passados ao paciente foi
em relação à alimentação. No caso, foi pedido ao paciente para evitar verduras
verde-escuras, como espinafre e brócolis. O paciente achou estranho e
resolveu questionar o profissional de Saúde. Você, sendo esse profissional,
como explicaria a importância desse cuidado e a relação com o tratamento?

4. Uma criança com crescimento prejudicado, além de apresentar irritabilidade,


apatia e fraqueza muscular, foi levada pelos pais a uma unidade de saúde. Lá, a
criança foi diagnosticada com raquitismo. O profissional de Saúde orientou os
pais da criança sobre a importância da exposição ao sol e dos alimentos ricos
em cálcio e vitamina D. Os pais, por sua vez, questionam a respeito dessas
orientações. Você, sendo esse profissional, como explicaria essas orientações?

Essas questões são apenas o ponto de partida para mais questionamentos e para
estimular sua procura por mais conhecimentos. A situação-problema proposta é
uma pequena amostra da importância dos conhecimentos de bioquímica na
prática clínica e nas pesquisas na área da Saúde.

A responsabilidade de um profissional da Saúde é muito grande, o que exige


conhecimentos, técnica e ética. Por isso, é fundamental a dedicação aos estudos
para que sua formação acadêmica esteja à altura de suas responsabilidades

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profissionais. Então, aos estudos!

CONCEITO-CHAVE
As vitaminas são moléculas orgânicas, em geral, não sintetizadas pelo organismo.

0
As vitaminas desempenham vários papéis no organismo, especialmente como

seõçatona reV
coenzimas no metabolismo, participando das vias metabólicas produtoras de
energia, da síntese de aminoácidos e nucleotídeos, eritropoese, síntese de
colágeno e outras vias metabólicas.

As vitaminas são obtidas, principalmente, por meio da alimentação, bem como de


outras fontes, como a síntese de vitaminas pela microbiota intestinal, que,
posteriormente, serão absorvidas pelo intestino. A outra fonte de vitamina, no
caso, a vitamina D, é a ação da radiação ultravioleta nos queratinócitos da camada
mais profunda da epiderme: a camada basal. A deficiência ou ausência de
vitaminas no organismo provoca alterações funcionais que podem causar sérias
manifestações clínicas, e esse quadro é chamado de carência de vitaminas,
hipovitaminose (deficiência de vitaminas) ou avitaminose (ausência de vitaminas).
Uma alimentação equilibrada fornece ao organismo as vitaminas nas quantidades
adequadas para as suas necessidades funcionais. Em certas condições, como
dietas insuficientes de vitaminas, alterações na absorção de vitaminas, como
ocorre, por exemplo, após a cirurgia bariátrica, bem como na gestação, lactação,
hipertireoidismo e doenças, pode ser necessária a administração de vitaminas. As
vitaminas lipossolúveis não são facilmente eliminadas do organismo e, com isso,
acabam sendo armazenadas no fígado e tecido adiposo, por isso, deve-se ter
cautela na ingestão excessiva dessas vitaminas devido a uma possível toxicidade
decorrente do acúmulo delas no organismo.

As vitaminas são classificadas em dois grandes grupos: as hidrossolúveis e as


lipossolúveis. Na seção anterior, estudamos as vitaminas hidrossolúveis, agora,
nesta seção, estudaremos as vitaminas lipossolúveis. Entre as vitaminas
lipossolúveis, destacamos as vitaminas A (retinol, ácido retinoico e beta-caroteno),
D (calciferol), E (tocoferol) e K (fitomenadiona).
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VITAMINA A
A vitamina A é um termo que engloba várias moléculas relacionadas, naturais ou
sintéticas, como os retinoides (retinol, ácido retinoico e retinal) e carotenoides

0
(alfa, beta e gama-carotenos). Os retinoides são considerados vitaminas A pré-

seõçatona reV
formadas, enquanto os carotenoides são considerados provitaminas. O retinol
pertence à função química álcool e é precursor de outros retinoides; apenas os
animais possuem o retinol, por isso, os alimentos de origem animal, como carnes,
peixes, ovos, leite e derivados, são fontes ricas em retinol. O retinal, produto da
oxidação do retinol, pertence à função química aldeído; o retinal e o retinol são
interconversíveis, ou seja, o retinal pode ser convertido em retinol e vice-versa; já o
ácido retinoico é produto da oxidação do retinal e não pode ser convertido em
retinal ou em retinol; e os carotenoides estão presentes nas plantas, sendo que os
alimentos de origem vegetal, como frutas, cenoura, tomate e espinafre, são fontes
ricas em carotenoides.

ASSIMILE

Os compostos orgânicos apresentam o átomo de carbono na sua


constituição. A diversidade dos compostos orgânicos é muito grande, pois o
átomo de carbono é capaz de formar cadeias estáveis de tamanhos
variados, desde curtas até muito longas, ramificadas ou não, e com uma
grande variedade de grupos químicos presentes na cadeia carbônica. Entre
os compostos orgânicos, podemos destacar as funções orgânicas
oxigenadas que possuem, além da cadeia hidrocarbônica formada por
átomos de carbono e de hidrogênio, o átomo de oxigênio na sua
composição.

As funções orgânicas oxigenadas são o álcool, fenol, éter, aldeído, cetona e


ácido carboxílico. O álcool é um composto orgânico que possui um ou mais
grupos hidroxila (OH) ligados a átomos de carbono saturados (carbonos
que estão unidos a outros carbonos por ligações simples); o fenol é um

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composto orgânico que possui um ou mais grupos hidroxila (OH) ligados a


átomos de carbono de um anel aromático; o éter é um composto orgânico
em que o átomo de oxigênio está entre os carbonos da cadeia
hidrocarbônica; o aldeído é um composto orgânico que possui o grupo

0
químico aldoxila (-CHO) na extremidade da cadeia hidrocarbônica; a cetona

seõçatona reV
é um composto orgânico que possui o grupo químico carbonila (-CO-)
dentro da cadeia hidrocarbônica; o ácido carboxílico é um composto
orgânico que possui um ou mais grupos carboxila (-COOH) ligados à cadeia
hidrocarbônica; e o éster é um composto orgânico formado a partir da
reação de um ácido carboxílico e um álcool.

Em relação às reações de oxirredução com essas funções orgânicas, a


oxidação do álcool resulta na formação do aldeído; com a oxidação do
aldeído, forma-se o ácido carboxílico; por fim, a oxidação do ácido
carboxílico resulta na formação de gás carbônico.

Nos alimentos, estão presentes os ésteres de retinol formados pela reação entre o
retinol (álcool) e o ácido graxo (ácido carboxílico). No duodeno, os ésteres de
retinol são hidrolisados, liberando os ácidos graxos e os retinóis, que, em seguida,
são absorvidos pela mucosa duodenal. Os carotenoides, presentes nos alimentos
de origem vegetal, também são absorvidos pela mucosa duodenal, onde são
clivados, resultando na formação de moléculas de retinal, que, em seguida, são
reduzidas (ganham elétrons) para a formação de moléculas de retinol. Nas células
da mucosa duodenal, os retinóis, diretamente absorvidos e derivados do
metabolismo dos carotenoides, são novamente esterificados com os ácidos graxos,
formando os ésteres de retinol. Ainda nas células da mucosa do duodeno, os
ésteres de retinol são incorporados nos quilomícrons, e, após os quilomícrons
perderem parte do seu conteúdo de ácidos graxos nos tecidos musculares e
adiposo, os quilomícrons remanescentes são removidos da circulação pelo fígado.
Após a degradação dos quilomícrons remanescentes no fígado, os seus
componentes são aproveitados, incluindo as moléculas de retinol. No fígado, a

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vitamina A fica armazenada na forma de palmitato de retinol, um éster de retinol


formado pelo retinol (álcool) e ácido palmítico ou palmitato (ácido graxo). A
vitamina A é eliminada do organismo por meio das fezes, da urina e do leite
materno.

0
O fígado libera o seu estoque de retinol (vitamina A) para os demais tecidos do

seõçatona reV
organismo, e como o retinol é apolar, é necessária uma proteína que permita o
transporte dessa vitamina na corrente sanguínea: a proteína ligadora de retinol.
Nas células, há receptores que reconhecem o complexo retinol — proteína ligadora
de retinol —, permitindo a entrada do retinol, e a proteína transportadora fica livre
na circulação sanguínea. Uma vez dentro das células, o retinol se liga a receptores
específicos no núcleo da célula, alterando a transcrição (síntese de RNA) de genes
específicos, o que resulta na síntese de proteínas que, consequentemente, vão
mediar os efeitos fisiológicos do retinol. Entre as funções do retinol, podemos
destacar a sua importância no crescimento, na renovação celular, na manutenção
e na integridade dos tecidos epiteliais; além disso, essa vitamina desempenha
papel importante na formação dos ossos e dos dentes. A carência de vitamina A
em crianças provoca a redução da taxa de crescimento devido ao desenvolvimento
ósseo mais lento. Essa vitamina também é essencial para a reprodução, pois
participa do processo de espermatogênese (formação de espermatozoides), e a
função mais conhecida da vitamina A é o seu papel na visão, pois é componente
dos pigmentos visuais dos cones e bastonetes — fotorreceptores presentes na
retina. Esses fotorreceptores utilizam os pigmentos derivados da vitamina A (a
rodopsina) para fazer a transdução, ou seja, converter os sinais luminosos em
sinais elétricos (impulsos nervosos) que serão transmitidos pelos neurônios até as
áreas do cérebro dedicadas ao processamento da visão. A rodopsina é um
pigmento fotossensível formado pela proteína opsina e pelo retinal (vitamina A em
forma de aldeído).

A carência de vitamina A pode provocar menor taxa de crescimento em crianças,


xerodermia (pele seca), descamação da pele, risco de infecções devido às lesões na
pele, nictalopia (cegueira noturna), xeroftalmia (olhos secos) e até cegueira. Essa
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carência vitamínica pode ser decorrente de dieta insuficiente de alimentos ricos


em vitamina A ou, ainda, por problemas na absorção de lipídeos no duodeno,
como ocorre em casos de diabetes mellitus, doença celíaca, uso prolongado de
antibióticos, colites e outras situações. A ingestão excessiva de vitamina A, por sua

0
vez, provoca toxicidade, caracterizada por hepatomegalia, pele e mucosas secas,

seõçatona reV
anorexia (perda de apetite), vômitos, dor abdominal, alopecia, mialgias (dores
musculares) e artralgias (dores nas articulações).

EXEMPLIFICANDO

A vitamina A tem aplicações terapêuticas na prática clínica. A primeira delas


é o tratamento de pacientes com deficiência de vitamina A. Um dos
primeiros sinais da carência dessa vitamina é a cegueira noturna, que, com
o prolongamento da carência, pode evoluir para xeroftalmia, ulceração da
córnea e até cegueira. O outro uso terapêutico da vitamina A se dá na
prática dermatológica, com a aplicação de ácido retinoico em distúrbios
dermatológicos, como psoríase e acne. Além disso, o ácido retinoico
também é usado na estética para o tratamento do envelhecimento da pele,
de redução de manchas (discromias) e atenuação de rugas. Porém, há
riscos, pois o uso tópico dessa vitamina pode provocar efeitos indesejáveis
na pele, como intensa descamação, vermelhidão (eritema), irritação e
fotossensibilidade. Além disso, a vitamina A é teratogênica, ou seja, pode
provocar malformação fetal e, por isso, é contraindicado em casos de
gestação.

VITAMINA D
A vitamina D engloba duas moléculas relacionadas: o colecalciferol — a vitamina D
encontrada nos animais — e o ergocalciferol — a vitamina D encontrada nas
plantas. A vitamina D não é estritamente uma vitamina, pois pode ser sintetizada

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na epiderme, sob a ação da radiação solar, sendo essa a sua principal fonte. As
outras fontes de vitamina D para os seres humanos são os alimentos de origem
animal, como fígado, ovo, leite e óleo de fígado de bacalhau e de outros peixes.

0
No organismo humano, a síntese da vitamina D inicia-se na parte mais profunda da
epiderme, nos estratos basal e espinhoso. Na membrana plasmática dos

seõçatona reV
queratinócitos — as células desses estratos epidérmicos — está presente o 7-
desidrocolesterol, um produto derivado do colesterol; com a radiação solar, ocorre
a fotólise do 7-desidrocolesterol, liberando o colecalciferol, porém o colecalciferol
não é biologicamente ativo, sendo necessário convertê-lo na forma ativa da
vitamina D por meio de duas reações de hidroxilação (adição de grupo hidroxila). A
primeira hidroxilação ocorre no fígado, em que uma hidroxilase catalisa a adição
de um grupo hidroxila (-OH) ao colecalciferol, formando 25-hidroxicolecalciferol.
Em seguida, nos rins, ocorre a segunda hidroxilação, em que 25-
hidroxicolecalciferol recebe mais um grupo hidroxila em uma reação catalisada
pela enzima 25-hidroxicolecalciferol-1-hidroxilase, resultando na formação de 1,25-
di-hidroxicolecalciferol (calcitriol), a forma biologicamente ativa da vitamina D. A
formação de 1,25-di-hidroxicolecalciferol é regulada pelos níveis plasmáticos dos
íons fosfato e cálcio. Quando ocorre redução dos níveis plasmáticos desses íons, a
atividade da enzima 25-hidroxicolecalciferol-1-hidroxilase é aumentada, o que
resulta em maior produção de 1,25-di-hidroxicolecalciferol.

EXEMPLIFICANDO

Para a produção de colecalciferol na pele, é necessária a disponibilidade de


fótons da radiação solar para a fotólise de 7-desidrocolesterol. A melanina
presente na epiderme absorve parte dos fótons da radiação solar,
reduzindo a sua disponibilidade para a fotólise de 7-desidrocolesterol. Na
pele negra, devido à maior quantidade de melanina, o número de fótons
para a fotólise de 7-desidrocolesterol é bem reduzido, por isso, é necessário
maior tempo de exposição solar para a síntese adequada de colecalciferol.

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A forma ativa da vitamina D (1,25-di-hidroxicolecalciferol) interage com os


receptores presentes nos núcleos das células-alvo, alterando a expressão gênica,
ou seja, estimulando ou reprimindo a transcrição de determinados genes. A
principal função da vitamina D é a manutenção dos níveis plasmáticos de íons

0
cálcio e fosfato; para isso, ela atua no intestino, aumentando a absorção de íons

seõçatona reV
cálcio e fosfato presentes na alimentação, bem como nos ossos, onde estimula a
reabsorção óssea com o hormônio paratireoide, resultando em liberação de íons
cálcio e fosfato dos ossos para o sangue. A vitamina D também apresenta papel
importante na regulação das respostas imunológicas, tanto as inatas quanto as
específicas. No caso, a vitamina D atua como imunomoduladora, reduzindo a
produção de citocinas pró-inflamatórias, e inibe a formação de autoanticorpos
pelos linfócitos B.

A carência de vitamina D pode estar associada a riscos maiores de doenças


autoimunes e infecções crônicas, bem como à deficiência na mineralização dos
ossos em crianças (raquitismo), prejudicando o seu crescimento, e em adultos
(osteomalácia). A deficiência de vitamina D é resultado, principalmente, da
exposição insuficiente à radiação solar, bem como de dieta insuficiente de vitamina
D. A ingestão excessiva de vitamina D pode provocar toxicidade, caracterizada por
hipercalcemia (aumento do nível plasmático de íon cálcio), calcinose (calcificação
dos tecidos moles), hipertensão e formação de cálculos renais. Em crianças, a
administração prolongada e de altas doses pode resultar em retardo mental e
físico, bem como insuficiência renal e até morte.

ASSIMILE

O raquitismo e a osteomalácia são manifestações de deficiência de vitamina


D ou de seu metabolismo anormal; caracterizam-se pela incapacidade de
mineralização da matriz óssea, o que diminui a resistência do osso. O
raquitismo ocorre no indivíduo em crescimento (crianças), enquanto a
osteomalácia ocorre após o final do crescimento ósseo (adultos). A vitamina
D pode ser sintetizada na pele, pela exposição solar, e, posteriormente,

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ativada nos rins e no fígado, bem como ser adquirida pela dieta (óleo de
fígado de bacalhau, peixes, ovos, fígado, queijos e suplementos). As
crianças com raquitismo apresentam irritabilidade, apatia, fraqueza
muscular e até convulsões quando a hipocalcemia se torna grave, além de

0
baixa estatura e alterações esqueléticas. O tratamento consiste em

seõçatona reV
suplementação de vitamina D.

REFLITA

A esclerose múltipla, uma doença autoimune, é causada pela perda da


bainha de mielina dos axônios, o que leva a um quadro clínico
caracterizado por fraqueza muscular, paralisia, parestesias e distúrbios
visuais. Além disso, ela é multifatorial, sendo resultado de fatores genéticos
e ambientais. Essa doença autoimune é predominante nos países frios,
como Canadá, Estados Unidos e países do norte da Europa. Nesses países,
mais distantes da linha do Equador, a intensidade da radiação solar é
menor; paralelamente a isso a deficiência de vitamina D atinge grande parte
da população. Você poderia propor uma explicação para o predomínio da
esclerose múltipla nos países mais frios e distantes da linha do Equador?

VITAMINA E
A vitamina E engloba vários tocoferóis, sendo o alfa-tocoferol a forma
biologicamente mais ativa. Essa vitamina não tem papel no metabolismo, porém
atua como um importante antioxidante, neutralizando os radicais livres formados
pela peroxidação de ácidos graxos poli-insaturados dos fosfolipídeos da
membrana plasmática e das lipoproteínas plasmáticas. Há alguns estudos que
mostram que a vitamina E, presente nas células endoteliais, inibe a agregação
plaquetária, bem como estimula a liberação de prostaciclina, a prostaglandina que
contrabalança as ações do tromboxano A2, ou seja, promove a inibição da
agregação plaquetária e a vasodilatação.

EXEMPLIFICANDO

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A vitamina E, devido à sua ação antioxidante, tem sido efetiva na prevenção


de complicações de várias doenças. Nas doenças cardiovasculares, há
estudos que mostram que a suplementação da vitamina E aumenta a
atividade da enzima óxido nítrico sintase, responsável por catalisar a

0
formação de óxido nítrico, um importante vasodilatador. Além disso, devido

seõçatona reV
ao seu efeito antioxidante, a vitamina E previne a oxidação de LDL, passo
inicial para a formação de ateromas. Além disso, o suplemento dessa
vitamina também reduz o risco trombogênico, pois inibe a agregação
plaquetária e a formação de ateromas. Apesar desses resultados
animadores, são necessários mais estudos para comprovar os benefícios da
vitamina E no tratamento de doenças cardiovasculares. Na literatura
científica, também encontramos estudos de possíveis benefícios da
vitamina E nos tratamentos de câncer, catarata e doença de Alzheimer.

A vitamina E é encontrada nos vegetais verdes e óleos vegetais. Após a absorção


pelo intestino delgado, a vitamina se acumula principalmente no fígado e nas
glândulas mamárias. O leite materno é uma importante fonte de vitamina E para o
bebê.

Quanto à carência de vitamina E nos seres humanos, os seus efeitos são


desconhecidos. Em geral, a ingestão excessiva de vitamina E é atóxica.

VITAMINA K
A vitamina K é composta por vários compostos naturais e sintéticos, como a
filoquinona e a fitomenadiona, e é a única vitamina lipossolúvel que atua como
coenzima. No caso, a vitamina K atua no fígado como coenzima na síntese de
alguns fatores da coagulação, como protrombina (fator II), fator VII, fator IX e fator
X, por isso, tem um papel importante na coagulação sanguínea. Além disso, a
vitamina K também atua como coenzima na síntese da osteocalcina, proteína da
matriz óssea sintetizada pelos osteoblastos, que desempenha papel importante na
mineralização óssea.

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A vitamina K é encontrada em muitos alimentos, sendo os vegetais verde-escuros,


como espinafre, couve, agrião, repolho e brócolis, excelentes fontes dessa
vitamina, bem como o fígado, a ervilha, o abacate e os óleos vegetais. Além disso,
também utilizamos a vitamina K sintetizada pelas bactérias da microbiota

0
intestinal. Após a absorção da vitamina K, parte dela é armazenada no fígado.

seõçatona reV
Durante a gestação, a vitamina K passa da circulação sanguínea materna para o
feto via placenta.

A carência de vitamina K resulta em menor produção de fatores da coagulação


pelo fígado, o que prejudica a coagulação sanguínea e, consequentemente,
aumenta o risco de sangramento. Nesse caso, é comum surgirem equimose
(extravasamento de sangue dos vasos sanguíneos da pele, originando
hematomas), epistaxe (sangramento nasal), hematúria (presença de sangue na
urina), sangramento gastrintestinal e até hemorragia intracraniana, podendo
resultar em morte. Além disso, como a vitamina K é importante para a manutenção
óssea, a carência dessa vitamina pode prejudicar a mineralização óssea,
resultando em ostopenia, osteoporose e até fraturas ósseas. Em geral, a vitamina K
não apresenta toxicidade, porém crianças que receberam doses muito elevadas de
vitamina K desenvolveram anemia hemolítica e icterícia.

ASSIMILE

A osteoporose/osteopenia é uma doença metabólica do tecido ósseo


caracterizada por perda gradual de massa óssea, enfraquecendo os ossos
por deterioração da sua arquitetura tecidual, tornando-os mais frágeis e
suscetíveis a fraturas. O diagnóstico depende dos valores da densitometria
óssea, sendo que a osteopenia é a perda de 1 a 2,5 desvios-padrão abaixo
da média do pico de massa óssea em adultos jovens; já a osteoporose
ocorre quando a perda é maior que 2,5 desvios-padrão.

A osteoporose pode ser classificada em primária e secundária. A


osteoporose primária, por sua vez, pode ser subdividida em pós-
menopausa e senil (velhice); já a osteoporose secundária pode ocorrer em

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algumas condições clínicas, como diabetes melito, uso excessivo de


glicocorticoides, tumores na medula óssea, hiperparatireoidismo,
menopausa cirúrgica e carência de vitamina K, podendo afetar tanto as
mulheres quanto os homens.

0
seõçatona reV
Aqui, encerramos a Seção 2 da Unidade 4 dedicada às vitaminas lipossolúveis.
Nesta seção, estudamos as fontes e a importância fisiológica das vitaminas
lipossolúveis, bem como as consequências orgânicas da carência dessas vitaminas.

FAÇA A VALER A PENA


Questão 1
Os recém-nascidos ainda não possuem microbiota intestinal para a síntese da
vitamina; nem mesmo o leite materno oferece quantidade suficiente dessa
vitamina. Devido a sua carência, os fatores da coagulação estão em concentrações
plasmáticas baixas, o que pode levar ao desenvolvimento da doença hemorrágica
do recém-nascido.

O texto se refere a uma determina vitamina. Assinale a alternativa que


corresponde a essa vitamina.

a. Vitamina D.

b. Vitamina K.

c. Vitamina E.

d. Vitamina A.

e. Vitamina C.

Questão 2
A vitamina A é um termo que engloba várias moléculas relacionadas (naturais ou
sintéticas), como os retinoides (retinol, ácido retinoico e retinal) e carotenoides
(alfa, beta e gama-carotenos). Essa vitamina, obtida por meio da alimentação,
desempenha papéis importantes em várias funções orgânicas.
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Em relação à vitamina A, assinale a alternativa correta.

a. A vitamina A é importante para a manutenção e integridade dos tecidos epiteliais.

b. A carência de vitamina A em crianças não interfere na taxa de crescimento.

0
c. A vitamina A é segura, não havendo relatos sobre a sua toxicidade.

seõçatona reV
d. O ácido retinóico é componente da rodopsina — pigmento visual presente na retina.

e. A vitamina A pode ser produzida pelo próprio organismo sob efeito da radiação solar.

Questão 3
As vitaminas são classificadas em dois grandes grupos: as hidrossolúveis e as
lipossolúveis. Entre as vitaminas lipossolúveis, destacamos as vitaminas A, D, E e K,
que desempenham muitos papéis importantes no funcionamento do organismo e
são obtidas por meio da alimentação, bem como por outras fontes, como a síntese
dessas vitaminas pela microbiota intestinal e a produção na pele sob a ação da
radiação solar.

Em relação às vitaminas lipossolúveis, assinale a alternativa correta.

a. A vitamina A necessita de duas hidroxilações (uma no fígado e outra nos rins) para ser biologicamente
ativa.

b. A vitamina E é importante para a manutenção dos níveis plasmáticos de íons cálcio e fosfato no
organismo.

c. A vitamina D não tem papel no metabolismo, porém atua como um importante antioxidante,
neutralizando os radicais livres.

d. A vitamina K é a única vitamina lipossolúvel que atua como coenzima. No caso, é coenzima na síntese de
fatores da coagulação.

e. A carência de vitamina A está associada a um risco maior de doenças autoimunes, pois essa vitamina tem
ação imunomoduladora.

REFERÊNCIAS
BENDER, D. A. Micronutrientes: vitaminas e minerais. In: RODWELL, V. W. et al.
(Org.). Bioquímica ilustrada de Harper. 30. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017.

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06/03/2024, 08:06 lddkls212_bio_apl_sau

FERRIER, D. R. Vitaminas. In: FERRIER, D. R. (Org.). Bioquímica ilustrada. 7. ed.


Porto Alegre: Artmed, 2019.

HEWISON, Martin. Vitamin D and immune function: an overview. Proceedings of

0
the Nutrition Society. v. 71; p. 51-60, 2012.

seõçatona reV
KAUSHANSKY, K.; KIPPS, T. J. Agentes hematopoiéticos: fatores de crescimento,
minerais e vitaminas. In: BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C.
(Org.). As bases farmacológicas da terapêutica Goodman & Gilman. 12. ed.
Porto Alegre: AMGH, 2012.

MARINS, Tatiana A. et al. Intoxicação por vitamina D: relato de caso. Einstein (São
Paulo). v. 12; n. 2; p. 242-244, 2014.

MARQUES, C. D. L. et al. The importance of vitamin D levels in autoimune diseases.


Brazilian Journal of Rheumatology, [S.l.], v. 50, n. 1, p. 67-80, 2010.

RIZVI, S. et al. The role of vitamin E in human health and some diseases. SQU
Medical Journal, [S.l.], v. 14, n. 2, p. 157-165, 2014.

SACRAMENTO, E. F.; SILVA, B. B. Vitaminas e minerais. In: SILVA, P. (Org.).


Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2010.

WEITZ, J. I. Coagulação sanguínea e fármacos anticoagulantes, fibrinolíticos e


antiplaquetários. In: BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. (Org.). As
bases farmacológicas da terapêutica Goodman & Gilman. 12. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2012.

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS

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Christian Grassl

seõçatona reV

Fonte: Shutterstock.

SEM MEDO DE ERRAR


A situação-problema se refere aos conhecimentos de bioquímica que podem ser
aplicados na prática clínica envolvendo as vitaminas lipossolúveis. Para se
compreender melhor os aspectos bioquímicos envolvidos nas consequências
clínicas da carência das vitaminas lipossolúveis e no uso farmacológico dessas
vitaminas, é necessário conhecer os papéis dessas vitaminas nas funções
orgânicas.

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O ácido retinoico é utilizado na prática dermatológica para tratamento de


doenças de pele, como psoríase e acne grau IV (acne conglobata). Além disso, o
ácido retinoico também tem utilidade na prática da saúde estética, pois
apresenta efeitos no tratamento do envelhecimento da pele, de redução de

0
manchas da pele e da atenuação de rugas. Porém, uma das consequências do

seõçatona reV
uso do ácido retinoico é o efeito teratogênico, ou seja, há risco de malformação
fetal, por isso, o profissional de Saúde, no início desta seção, questionou a
mulher sobre a gestação, pois essa é uma das condições de contraindicação
para o uso do ácido retinoico.

Os recém-nascidos ainda não possuem microbiota intestinal e, portanto, não


podem contar com a síntese da vitamina K pelas bactérias intestinais. Ainda
sem uma alimentação rica em vitamina K, em que nem mesmo o leite materno
oferece quantidade suficiente dessa vitamina ao lactente, o recém-nascido
apresenta baixas concentrações plasmáticas de fatores de coagulação, uma vez
que a vitamina K é coenzima para a síntese hepática de alguns desses fatores
(II, VII, IX e X). Assim sendo, o recém-nascido apresenta maior risco de
hemorragias visto que sua capacidade de coagulação sanguínea é reduzida, o
que caracteriza a doença hemorrágica do recém-nascido. Por isso, para se
evitar esse risco, é administrado, por via intramuscular, a vitamina K no recém-
nascido; assim, ele terá vitamina K suficiente para sintetizar os seus fatores da
coagulação, melhorando a sua capacidade de coagulação sanguínea. Com o
tempo, estabelece-se uma microbiota intestinal no neonato, além da
alimentação, que vão permitir a oferta adequada de vitamina K ao organismo.

A varfarina é um anticoagulante oral que atua como antagonista da vitamina K.


Dessa maneira, a varfarina reduz a síntese hepática dos fatores da coagulação
dependente dessa vitamina. Porém, o efeito da varfarina pode ser reduzido
pelo aumento da quantidade de vitamina K no organismo, o que diminui a
eficácia anticoagulante do fármaco. Por isso, o profissional de Saúde orientou o
paciente quanto à ingestão dos alimentos ricos em vitamina K, como as
verduras verde-escuras. Esses alimentos são ótimas fontes de vitamina K, o que
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06/03/2024, 08:06 lddkls212_bio_apl_sau

leva ao aumento dos níveis dessa vitamina no organismo, que,


consequentemente, antagonizam os efeitos da varfarina.

O raquitismo, decorrente da deficiência da vitamina D, é caracterizada pela

0
incapacidade de mineralização óssea, o que reduz a resistência do osso. As
crianças com raquitismo também apresentam irritabilidade, apatia, fraqueza

seõçatona reV
muscular e até convulsões quando a hipocalcemia se torna grave. Além disso,
há prejuízo no crescimento e no desenvolvimento da criança, e esse quadro
clínico é consequência da redução da concentração plasmática de íons cálcio,
uma vez que a vitamina D é essencial para a absorção intestinal de íons cálcio
provenientes da alimentação. Portanto, o profissional da Saúde orientou os
pais da criança sobre a importância da exposição solar, pois a principal fonte
de vitamina D para o organismo é a produção dessa vitamina na pele sob a
ação da radiação solar. Além disso, para complementar os níveis de vitamina D
no organismo da criança, o profissional sugeriu alimentos ricos em vitamina D,
como peixes, óleo de fígado, queijos e, em último caso, suplemento de vitamina
D.

O que foi apresentado é uma forma de responder à situação-problema, mas a


partir do que vimos nesta seção, você tem condições de propor e discutir novas
respostas com o seu professor e seus colegas.

AVANÇANDO NA PRÁTICA
HIPERVITAMINOSE D: INTOXICAÇÃO POR VITAMINA D
A hipervitaminose D é pouco relatada. Geralmente, só é percebida quando o
quadro de hipercalcemia não se resolve. Em razão de seus benefícios, o uso de
vitamina D aumentou nos últimos anos; consequentemente, os casos de
intoxicação também tiveram aumento.

Destacamos um caso em que o paciente apresentou piora da função renal e


hipercalcemia. Após investigação, ficou confirmada a intoxicação por vitamina D
devido a um erro de manipulação da droga.

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Então, vamos aproveitar os conhecimentos adquiridos até o momento para


compreender a importância da vitamina Da partir do caso acima.

1. Supondo que o paciente do relato de caso tenha alguma doença autoimune,

0
por exemplo, a esclerose múltipla, qual o benefício da terapia com vitamina D
nesse paciente?

seõçatona reV
2. Supondo que o paciente descrito no caso tenha osteomalácia, quais os
benefícios da vitamina D para esse paciente?

3. O relato de caso aborda a hipervitaminose D com consequente


desenvolvimento de hipercalcemia e prejuízo na função renal. Como você
explica a relação entre a intoxicação pela vitamina D e esse quadro clínico?

4. As vitaminas sempre são vistas como substâncias inofensivas que só trazem


benefícios. Você, futuro profissional da Saúde, como orientaria as pessoas em
relação ao uso de vitaminas?

RESOLUÇÃO 

1. Muitos estudos têm mostrado o papel da vitamina D como


imunomoduladora, ou seja, capaz de regular as respostas imunes,
diminuindo a produção de citocinas pró-inflamatórias e inibindo a
formação de autoanticorpos. Dessa maneira, a vitamina D evita que as
respostas imunes sejam muito agressivas, com riscos de lesões teciduais.
No caso de doenças autoimunes, como a esclerose múltipla, o sistema
imunológico do paciente é direcionado contra seus próprios componentes.
Quanto à esclerose múltipla, as respostas imunes são direcionadas contra a
bainha de mielina que envolve os axônios, provocando a desmielinização
com sérias consequências para o organismo. Por isso, o benefício da
terapia com a vitamina D seria reduzir as respostas imunes contra os
componentes do próprio organismo, atenuando a evolução da doença
autoimune.

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2. A osteomalácia é caracterizada pela incapacidade de mineralização da


matriz óssea, o que diminui a resistência do osso. Essa doença ocorre em
adultos e é decorrente da deficiência de vitamina D. No caso, o tratamento
da osteomalácia é a vitamina D, que promove aumento da absorção de

0
íons cálcio no intestino, aumentando, assim, a oferta de íons cálcio para a

seõçatona reV
mineralização da matriz óssea.

3. A ingestão excessiva de vitamina D provoca toxicidade, como foi relatado


no caso da situação-problema. A vitamina D atua nos ossos para estimular
a liberação de íons cálcio para o sangue, bem como no intestino, para
aumentar a absorção de íons cálcio provenientes da alimentação. Dessa
forma, aumenta-se a quantidade de íons cálcio no sangue, o que leva à
hipercalcemia; além disso, maior quantidade de íons cálcio é filtrada nos
rins, favorecendo a formação de cálculos renais nas vias urinárias, piorando
a função renal.

4. As vitaminas, a despeito da sua importância no organismo, podem


acarretar sérias consequências para as funções orgânicas. Deve-se ter em
mente que a ingestão excessiva de vitaminas pode levar a um quadro de
intoxicação, com manifestações clínicas diversas. Por isso, como
profissional da Saúde, deve orientar as pessoas quanto ao uso correto das
vitaminas e dos potenciais perigos com o uso de doses excessivas ou em
situações de contraindicação.

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NÃO PODE FALTAR Imprimir

MINERAIS

0
Christian Grassl

seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.

PRATICAR PARA APRENDER


Caro aluno, nesta seção, continuaremos com o estudo dos micronutrientes, agora,
focando os minerais, que estão amplamente distribuídos nos alimentos e que são
íons. Podemos ter os íons positivos ou cátions, como sódio e potássio, bem como
os íons negativos ou ânions, como cloreto e fosfato. Nesta seção, estudaremos,
principalmente, os minerais sódio, potássio, ferro, cálcio, cloreto, fosfato, magnésio
e iodo.

Esses minerais exercem funções importantes no organismo, como cofatores de


várias enzimas, transporte de oxigênio no sangue, manutenção da pressão
osmótica no plasma e armazenamento de energia. Além disso, esses minerais têm
papéis na fisiologia cardiovascular, na contração muscular e na transmissão de
informações pelo sistema nervoso.

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06/03/2024, 08:06 lddkls212_bio_apl_sau

A deficiência dos minerais determina alterações funcionais, o que pode resultar em


sérias manifestações clínicas. Essa deficiência vitamínica é decorrente de dietas
insuficientes, má absorção dos minerais no trato gastrintestinal e, até mesmo, de
uso de fármacos. As consequências clínicas da carência de minerais, por sua vez,

0
podem ser convulsões, letargia, hipertensão ou hipotensão, parada cardíaca,

seõçatona reV
coma, constipação e outras, conforme os minerais envolvidos na carência.

Muitos dos assuntos que serão abordados nesta seção têm implicações clínicas,
sendo de grande importância para a sua formação profissional na área da Saúde.
Esses assuntos serão úteis para a compreensão, análise e resolução de várias
situações que poderão ocorrer na sua carreira profissional

A situação-problema se refere aos conhecimentos de bioquímica que podem ser


aplicados na sua futura prática profissional. Para contextualizar a sua
aprendizagem, imagine que você trabalha como profissional de Saúde e que
precisa lidar com os minerais/eletrólitos na sua prática laboral. Nesse trabalho,
você se depara com muitas situações que envolvem conceitos de bioquímica, logo,
os conceitos aprendidos nesta seção serão úteis para a compreensão da
importância clínica dos minerais/eletrólitos? Veremos a importância desses
conceitos abordados nesta seção na presente situação-problema.

Os minerais desempenham diversas funções no organismo, por isso, a carência


deles pode acarretar quadros clínicos bem graves, e isso é uma preocupação para
os profissionais da área da Saúde. Por isso, é importante conhecer a sua
importância para as funções orgânicas e, consequentemente, o que a carência
delas pode provocar no organismo. Além disso, esses minerais também têm
utilidade na farmacologia, atuando como fármacos ou como alvos terapêuticos.

Você, na sua prática profissional, pode se deparar com as situações a seguir, então,
com base nos conhecimentos adquiridos, você é capaz de analisar os aspectos
bioquímicos envolvidos com os minerais, bem como do uso farmacológico desses
minerais? Reflita:

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1. A deficiência de ferro no organismo resulta na anemia ferropriva, caracterizada


por fadiga, fraqueza, tontura, palidez e falta de ar. Uma paciente com anemia
ferropriva resolveu questionar a relação entre a deficiência de ferro e os
sintomas que ela apresenta. Diante disso, você, sendo profissional da saúde,

0
como explicaria essa relação?

seõçatona reV
2. Para um paciente que apresenta acidose metabólica e está na UTI, foi prescrito
bicarbonato de sódio por via intravenosa. Porém, o paciente apresenta
insuficiência cardíaca, e você levantou essa questão devido ao risco de
descompensação cardíaca por sobrecarga de volume. Alguém da equipe
resolveu questioná-lo sobre a relação da administração de bicarbonato de
sódio com o risco de descompensação cardíaca. Diante dessa situação, como
você explicaria essa relação para o seu colega?

3. Uma paciente dá entrada na unidade de saúde com um quadro de


hipermagnesemia, apresentando hipotensão e bradicardia. Para aliviar esses
sinais, foi prescrito cálcio, e após sua melhora, a paciente questionou o uso do
cálcio e a relação desse íon com o magnésio. Você, sendo profissional da saúde,
como sanaria as dúvidas da paciente?

4. No hospital em que você trabalha, um paciente deu entrada com quadro de


descompensação do diabetes mellitus. Ao fazer a anamnese do paciente, foi
notado que ele fazia uso de furosemida, um diurético depletor de potássio.
Você relacionou a possibilidade da descompensação do diabetes mellitus do
paciente com o uso do fármaco. O seu colega achou estranha essa relação e
resolveu questioná-lo. Diante disso,como você explicaria essa relação ao seu
colega?

Essas questões são apenas o ponto de partida para mais questionamentos e para
estimulá-lo a buscá-los. A situação-problema proposta é uma pequena amostra da
importância dos conhecimentos de bioquímica na prática clínica e nas pesquisas
na área da Saúde.

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A responsabilidade de um profissional da Saúde é muito grande, exigindo


conhecimentos, técnica e ética. Por isso, é fundamental dedicar-se aos estudos
para que sua formação acadêmica fique à altura de suas responsabilidades
profissionais. Então, aos estudos!

0
seõçatona reV
CONCEITO-CHAVE
Os minerais essenciais estão amplamente distribuídos nos alimentos, por isso,
uma alimentação balanceada fornece as quantidades adequadas desses minerais
que atendem às necessidades metabólicas do organismo. Esses minerais podem
ser íons positivos (os cátions) ou íons negativos (os ânions). Entre os cátions,
podemos destacar o sódio, o potássio, o cálcio, o magnésio e o ferro; já entre os
ânions, podemos destacar o cloreto, o iodeto e o fosfato. Esses minerais exercem
funções importantes no organismo, como cofatores em várias reações químicas do
metabolismo, transporte de gás oxigênio no sangue, armazenamento de energia
nas células, contração muscular, geração e transmissão de impulsos nervosos e
cardíacos e tantas outras.

ASSIMILE

O átomo é a unidade de construção da matéria, ou seja, tudo que existe é


formado por esses “minúsculos tijolos”. O ar, as estrelas, o seu computador,
você, eu somos todos feitos de átomos; esses átomos, por sua vez, são
constituídos por unidades menores ainda: os prótons (possuem carga
positiva), os nêutrons (são neutros) e os elétrons (possuem carga negativa).
O átomo possui duas regiões: o núcleo, formado pelos prótons e nêutrons,
e a eletrosfera, formada por elétrons. No átomo, o número de elétrons é
igual ao número de prótons, por isso, o átomo é eletricamente neutro,
porém ele pode perder ou ganhar elétrons, alterando o equilíbrio entre a
quantidade de prótons e elétrons. Nesse caso, o átomo adquire carga
elétrica e passa a ser chamado de íon; já quando o átomo perde elétrons, o
número de prótons se torna maior que o número de elétrons e,
consequentemente, o íon fica com carga positiva, sendo chamado de
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cátion. Quando o átomo ganha elétrons, o número de elétrons se torna


maior que o número de prótons e, consequentemente, o íon fica com carga
negativa, sendo chamado de ânion.

0
ÍON SÓDIO (NA+)

seõçatona reV
O íon sódio é um cátion monovalente, ou seja, um íon com uma carga positiva; é o
íon predominante no meio extracelular, incluindo o plasma sanguíneo, em que é o
principal responsável pela manutenção da osmolaridade plasmática. Dessa
maneira, o íon sódio participa da manutenção do volume plasmático, e as
alterações na concentração plasmática de íon sódio interferem na volemia (volume
sanguíneo circulante); por exemplo: o aumento da concentração plasmática de íon
sódio, condição chamada de hipernatremia, provoca aumento do volume
plasmático, o que pode acarretar sérios danos ao organismo, como edemas e até
insuficiência cardíaca.

ASSIMILE

Existe um fenômeno físico-químico, denominado de osmose, que ocorre


entre dois meios com soluções separados por uma membrana
semipermeável, natural ou sintética. No caso da membrana plasmática
(uma membrana com permeabilidade seletiva), esse fenômeno físico-
químico também ocorre, então, vamos conceituá-lo. A osmose é a
passagem do solvente (pode ser a água) do local de menor concentração de
solutos para o local de maior concentração de solutos; assim, com o tempo,
as concentrações dos dois meios se igualam, deixando de existir um fluxo
efetivo de solvente por meio da membrana.

Pressão osmótica é um parâmetro físico-químico que mede a força


necessária para impedir a osmose e está relacionado com a concentração
de solutos (osmolaridade). A osmolaridade é a concentração das partículas
osmoticamente ativas, ou seja, as que exercem pressão osmótica, como os
íons e as moléculas. Essas partículas não conseguem atravessar a

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membrana semipermeável e, por isso, exercem pressão osmótica, que


depende da quantidade de partículas e não da massa delas, isto é,
independente da massa, cada partícula exerce a mesma força ou pressão
contra a membrana semipermeável para evitar a osmose, portanto, quanto

0
maior a osmolaridade de uma solução, maior é a pressão osmótica que ela

seõçatona reV
exerce. Em outras palavras, podemos definir a osmose como a passagem
de solvente (como por exemplo, a água) do meio de maior pressão
osmótica para o meio de menor pressão osmótica.

EXEMPLIFICANDO

Podemos citar uma situação corriqueira para entender a relação entre a


concentração plasmática de íon sódio e o volume plasmático. No caso, a
situação pode ser um churrasco, uma feijoada bem salgada ou uma comida
japonesa acompanhada de molho Shoyu. Nessas refeições com alimentos
bem salgados, há absorção de grande quantidade de íons sódio pelo trato
gastrintestinal. Com isso, há o aumento do nível plasmático de íon sódio e,
consequentemente, da osmolaridade plasmática. Para manter a
homeostasia, o organismo, por sua vez, utiliza mecanismos fisiológicos,
como a ativação do comportamento da sede, com consequente aumento
da ingestão de líquidos, e a liberação do hormônio ADH (hormônio
antidiurético) pelo hipotálamo. Esse hormônio atua nos rins, aumentando a
reabsorção do líquido filtrado nos néfrons, resultando em retenção hídrica.
Esses dois mecanismos aumentam a participação de água no plasma, o que
permite a redução da osmolaridade plasmática, diluindo o excesso de íons
sódio. Porém, há um aumento do volume plasmático, por isso, sentimos
tanta sede com essas refeições, além da sensação de inchaço. Com o
tempo, o excesso de água e de íon sódio é excretado na urina, permitindo o
retorno à normalidade da osmolaridade e do volume plasmáticos, e isso
explica, também, o número de vezes que urinamos após essas refeições.

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O íon sódio também participa da manutenção do volume celular com o íon


potássio e as proteínas intracelulares. Esses íons, por serem polares, não
atravessam a barreira lipídica da membrana plasmática, por isso, necessitam de
canais proteicos para atravessar a membrana plasmática. Além disso, existe um

0
desequilíbrio entre as concentrações intracelular e extracelular desses íons, sendo

seõçatona reV
que a concentração extracelular de íon sódio é maior do que a sua concentração
intracelular, enquanto a concentração intracelular de íon potássio é maior do que a
sua concentração extracelular. Devido a esse gradiente (diferença) de
concentração, surge um fluxo de íons do meio de maior concentração para o meio
de menor concentração; já no caso do íon sódio, ocorre um influxo (fluxo para
dentro da célula), e no caso do íon potássio, ocorre um efluxo (fluxo para fora da
célula). Para se evitar o equilíbrio entre as concentrações intracelular e extracelular
desses íons com consequente perda do equilíbrio entre as osmolaridades
intracelular e extracelular, bem como a alteração de volume celular e a perda da
polarização da célula com prejuízo na excitabilidade celular, entra em ação a
bomba sódio-potássio-ATPase. Essa proteína de membrana, com gasto de energia
fornecida pelo ATP, transporta, simultaneamente, contra o gradiente químico, 3
íons sódio para fora da célula e 2 íons potássio para dentro. Dessa maneira, a
bomba sódio-potássio-ATPase mantém a polarização da célula (polo positivo na
superfície extracelular da membrana plasmática e polo negativo na superfície
interna da membrana plasmática), bem como o volume celular por meio do
equilíbrio entre as osmolaridades intracelular e extracelular.

Ainda considerando a importância do íon sódio, podemos destacar a participação


nos mecanismos de excitabilidade dos neurônios e das fibras musculares. Nas
membranas plasmáticas dessas células, existem canais específicos para os íons
sódio que são regulados por voltagem: os canais sódio-voltagem-dependentes.
Quando essas células atingem o limiar de excitabilidade por ação de estímulos
químicos, térmicos ou mecânicos, os canais sódio-voltagem-dependentes são
ativados, permitindo o influxo de uma grande quantidade de íons sódio na célula,
levando ao processo de despolarização, ou seja, a uma inversão da polaridade da

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célula (polo negativo na superfície extracelular da membrana plasmática e polo


positivo na superfície interna da membrana plasmática). Essa despolarização é
responsável por gerar o impulso nervoso nos neurônios para a transmissão de
informações, bem como pela liberação do estoque intracelular de íons cálcio nas

0
fibras musculares, o que leva à contração dessas células.

seõçatona reV
As principais fontes de íon sódio na alimentação são os alimentos de origem
animal, como carne, ovos e leite. Nos seres humanos, a concentração intracelular
de íons sódio é em torno de 10 mEq/L, enquanto no meio extracelular, incluindo
plasma, a concentração fica na faixa de 136 a 145 mEq/L. Há dois tipos de
distúrbios do equilíbrio da concentração plasmática de íon sódio: a hiponatremia e
a hipernatremia. O primeiro distúrbio, a hiponatremia, corresponde à redução da
concentração plasmática de íon sódio, ou seja, uma concentração plasmática
inferior a 136 mEq/L desse íon. As possíveis causas da hiponatremia incluem uso
de diuréticos, deficiência na secreção de aldosterona, retenção hídrica devido ao
excesso de hormônio antidiurético (tumor no hipotálamo), excessiva administração
de soluções aquosas por via intravenosa, insuficiência renal crônica e suspensão
repentina da corticoterapia (tratamento com glicocorticoides). Na maioria das
vezes, a hiponatremia é assintomática, surgindo manifestações clínicas apenas em
casos graves de redução da concentração plasmática de íons sódio. Entre as
manifestações clínicas, podemos destacar: letargia, apatia, desorientação,
parestesias (como as cãibras musculares), anorexia e coma. O tratamento depende
da causa da hiponatremia, mas, em geral, envolve restrição hídrica e, até mesmo,
reposição de solução aquosa de íon sódio.

A hipernatremia corresponde ao aumento da concentração plasmática de íon


sódio, ou seja, uma concentração plasmática superior a 145 mEq/L desse íon. A
hipernatremia é resultante de várias causas, como desidratação e hipovolemia,
perda hídrica (queimaduras, diarreia persistente, diurese excessiva, como ocorre
no diabetes mellitus não tratado), diabetes insipidus e ingestão excessiva de
cloreto de sódio (sal de cozinha) sem o aporte adequado de água. Esse distúrbio
eletrolítico pode provocar sede excessiva, xerostomia (boca seca), tremores,
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convulsões, hipertensão, edema, descompensação cardíaca e até a morte. O


tratamento envolve determinar e resolver a causa da hipernatremia, em geral,
envolvendo a administração de soluções aquosas hipotônicas.

0
ASSIMILE

seõçatona reV
As soluções são formadas pelo solvente e pelo soluto. A relação entre a
quantidade de soluto e a quantidade de solvente é chamada de
concentração. Existem várias formas de expressar a concentração, como a
concentração comum, molaridade e equivalentes/litro (Eq/L). A
concentração comum é a relação entre a massa do soluto e o volume da
solução (soma entre o volume do solvente e o volume do soluto); já a
molaridade corresponde à relação entre o número de mols do soluto e o
volume da solução. Só para lembrar você: mol é uma quantidade de
matéria correspondente ao valor de 6x10 . Por exemplo: quando falamos 23

em 1 mol de íon sódio, queremos dizer 6x10 íons sódio. O equivalente de 23

um íon (cátion ou ânion) é um parâmetro físico-químico que corresponde à


relação entre a massa molar (massa de um mol) do íon e a sua carga
elétrica. No caso do íon sódio, a massa molar corresponde a 23 gramas e a
carga elétrica corresponde a +1, portanto, o equivalente do íon sódio é 23
gramas. Em geral, para os sistemas biológicos, o equivalente é muito
grande, sendo preferível utilizar a subunidade miliequivalente, que
corresponde a 1/1000 equivalente. Para resultado de exames de eletrólitos,
usamos muito a concentração expressa em miliequivalentes/litro (mEq/L)
ou milimol/litro (mmol/L).

ÍON POTÁSSIO (K+)


O íon potássio também é um cátion monovalente, sendo predominante no meio
intracelular, uma vez que apenas 2% dos íons potássio estão no espaço
extracelular. No meio intracelular, a concentração é cerca de 140 mEq/L, enquanto
no meio extracelular, incluindo o plasma, a concentração fica entre 3,5 a 5,0

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mEq/L. As fibras musculares são os principais reservatórios de íons potássio do


organismo; já as principais fontes de íons potássio na alimentação são o abacate, a
banana, a batata-doce, os frutos do mar, a castanha-do-pará, as amêndoas, a
ameixa seca, a castanha de caju e o feijão preto.

0
O íon potássio possui várias funções no organismo, sendo uma delas como cofator

seõçatona reV
de algumas reações enzimáticas, como a conversão do fosfoenolpiruvato em
piruvato, etapa final da glicólise, reação catalisada pela enzima piruvato quinase, e
a participação nos mecanismos de excitabilidade de neurônios e de fibras
musculares. Como vimos anteriormente, o íon sódio, por meio dos canais sódio-
voltagem-dependentes, é responsável pela despolarização dos neurônios, para se
gerar impulso nervoso, e das fibras musculares, para se gerar contração muscular.
Os íons potássio, por sua vez, são importantes para a etapa da repolarização, ou
seja, para tornar as células novamente responsivas aos estímulos químicos,
térmicos e mecânicos. Nas membranas plasmáticas dessas células, existem canais
específicos para os íons potássio que são regulados por voltagem: os canais
potássio-voltagem-dependentes. Quando a célula é despolarizada, os canais
potássio-voltagem-dependentes são ativados, levando ao efluxo (fluxo para fora)
de potássio da célula, que retorna ao estado de polarização (polo positivo na
superfície extracelular da membrana plasmática e polo negativo na superfície
interna da membrana plasmática). Além disso, em conjunto com os íons sódio, os
íons potássio, por meio da bomba sódio-potássio-ATPase, mantêm a polarização
das células, bem como o volume celular.

A manutenção da concentração plasmática de íons potássio é fundamental para se


evitar riscos para o organismo, especialmente os cardíacos. Essa manutenção é
realizada por mecanismos fisiológicos, como o hormônio aldosterona. Quando
ocorre aumento do nível plasmático de íons potássio, células do córtex das
glândulas adrenais secretam o hormônio aldosterona, que atua na porção final do
néfron, estimulando a secreção de íon potássio pelas células tubulares, resultando
em maior excreção desse íon na urina. Dessa forma, o organismo impede que haja
aumento da concentração plasmática de íon potássio.
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Podem ocorrer distúrbios do equilíbrio da concentração de íons potássio, podendo


ser hipocalemia (ou hipopotassemia) ou hipercalemia (ou hiperpotassemia). A
hipocalemia corresponde à redução da concentração plasmática de íon potássio,
ou seja, à concentração plasmática desse íon inferior a 3,5 mEq/L. Ela pode ter

0
como possíveis causas a alcalose respiratória ou metabólica, o uso de diuréticos

seõçatona reV
depletores de potássio (como exemplo, temos a furosemida e a hidroclorotiazida),
as perdas de potássio no trato gastrintestinal (vômitos e/ou diarreias persistentes,
uso excessivo de laxantes) e uma dieta pobre em íon potássio. Na hipocalemia,
como manifestações clínicas, temos fraqueza muscular, letargia, inibição da
liberação de insulina pelas células beta-pancreáticas com risco de hiperglicemia,
aumento da produção de amônia (piora do quadro de encefalopatia hepática em
pacientes com insuficiência hepática), arritmias cardíacas e até parada cardíaca. O
tratamento é a correção do déficit de potássio no organismo com a reposição
desse íon por meio da solução aquosa de cloreto de potássio (KCl).

A hipercalemia é resultado do aumento da concentração plasmática de íons


potássio, quando a sua concentração supera 5 mEq/L. A hipercalemia pode ser
resultado de várias causas, como acidose metabólica ou respiratória, uso de beta-
bloqueadores (como o propranolol), intoxicação digitálica (toxicidade provocada
pela digoxina), insuficiência renal, administração excessiva de solução aquosa de
KCl e uso de diuréticos poupadores de potássio (como a espironolactona). Entre as
manifestações clínicas da hipercalemia, podemos destacar arritmias cardíacas,
risco alto de parada cardíaca, fraqueza, paralisia muscular, aumento da secreção
de insulina pelas células beta-pancreática com risco de hipoglicemia e confusão
mental. O tratamento da hipercalemia depende da identificação e da resolução da
causa, e entre os possíveis tratamentos, podemos destacar a correção da acidose
metabólica com bicarbonato de sódio, o uso de solução polarizante, uso de
fármacos agonistas beta-2 (como salbutamol), uso de diuréticos depletores de
potássio (como furosemida) e uso de uma resina de troca iônica chamada
poliestirenossulfonato de cálcio (nome comercial é Sorcal).

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06/03/2024, 08:06 lddkls212_bio_apl_sau

EXEMPLIFICANDO

A resina de troca iônica chamada poliestirenossulfonato de cálcio (nome


comercial é Sorcal) atua no trato gastrintestinal, onde ocorre a troca do
cálcio na resina pelo potássio presente no lúmen intestinal. Dessa maneira,

0
o potássio é eliminado com a resina nas fezes e o organismo absorve

seõçatona reV
menos íons potássio no intestino, o que contribui para a redução da
concentração desse íon no plasma sanguíneo.

A solução polarizante é formada pela insulina e pelo soro de glicose e é


utilizada no tratamento da hipercalemia. A insulina, hormônio com ação
hipoglicemiante, também atua na bomba sódio-potássio-ATPase das fibras
musculares esqueléticas, aumentando a sua atividade. Assim, ocorre maior
captação de íons potássio do meio extracelular pelas fibras musculares, o
que reverte o quadro de hipercalemia. Como a insulina também reduz a
glicemia, é necessário associar soro de glicose para se evitar o quadro de
hipoglicemia no paciente.

REFLITA

Como vimos no texto, tanto a hipercalemia quanto a hipocalemia


interferem na secreção de insulina pelas células beta-pancreáticas. Você
estudou sobre o mecanismo de secreção de insulina pelas células beta-
pancreáticas na Seção 2 da Unidade 2 deste livro, então, como você
relaciona as variações da concentração plasmática de íon potássio com a
secreção de insulina?

ÍON CÁLCIO (CA2+)


O íon cálcio é um cátion bivalente, encontrado principalmente no meio
extracelular, concentrado principalmente nos ossos. No líquido extracelular,
incluindo o plasma, a concentração está entre 2,2 a 2,6 mEq/L, enquanto a

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concentração intracelular é de 0,0001 mEq/L. Entre as principais fontes alimentares


de íon cálcio, podemos destacar: leite e derivados, frutos do mar, amêndoa,
linhaça, nozes, castanha-do-pará, tofu e uva passa.

0
O íon cálcio possui muitas funções no organismo, como na coagulação sanguínea
(considerado o fator IV que participa de várias reações da cascata da coagulação

seõçatona reV
sanguínea), na formação e no crescimento dos ossos, na excitabilidade de fibras
cardíacas (o impulso cardíaco gerado no nodo sinusal depende de canais cálcio-
voltagem-dependentes), na contração muscular (músculos esquelético, cardíaco e
liso), na transmissão sináptica e na liberação de conteúdo celular por exocitose
(por exemplo, a liberação de insulina pelas células beta-pancreáticas depende do
íon cálcio). No caso da contração muscular, o íon cálcio, proveniente do retículo
sarcoplasmático (músculo esquelético) ou do meio extracelular (músculos cardíaco
e liso), permite a interação entre as proteínas contráteis, actina e miosina. O
processo de exocitose de conteúdo celular (neurotransmissores, hormônios e
outras substâncias) depende do íon cálcio, pois esse íon ativa proteínas que
permitem a ancoragem e a posterior fusão das vesículas contendo as substâncias
na membrana plasmática. Com a fusão das vesículas na membrana plasmática, o
conteúdo vesicular (neurotransmissores, hormônios e outras substâncias) é
liberado para o meio extracelular. No caso dos ossos, a matriz extracelular é
composta, principalmente, pelo fosfato de cálcio, pelo hidróxido de cálcio e pelo
carbonato de cálcio. A calcificação é importante para solidez, rigidez ou dureza do
osso.

No caso dos íons cálcio, também podemos ter distúrbios eletrolíticos, como a
hipocalcemia e a hipercalcemia. A hipocalcemia é resultado da redução da
concentração plasmática de íons cálcio, enquanto a hipercalcemia refere-se ao
aumento da concentração plasmática de íon cálcio. A hipocalcemia pode ser
causada pela perda de paratireoide com tireoidectomia (remoção da glândula
tireoide) e por insuficiência renal. As manifestações clínicas, por sua vez, são:

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tremores, espasmos musculares, hipotensão, convulsões, parestesias (como as


cãibras musculares), bradicardia e outras arritmias cardíacas. O tratamento
consiste na reposição de íons cálcio com o uso de gluconato de cálcio.

0
A hipercalcemia pode ser provocada por neoplasias, intoxicação por vitamina D e
hiperparatireoidismo. Entre as manifestações clínicas da hipercalcemia, podemos

seõçatona reV
destacar fraqueza, anorexia, vômitos, constipação, sonolência e arritmias
cardíacas. O tratamento consiste em identificar e resolver a causa desse distúrbio,
e um dos possíveis tratamentos é a administração de soro fisiológico e o uso de
diuréticos de alça (como a furosemida).

ÍON MAGNÉSIO
O íon magnésio é um cátion bivalente, predominantemente intracelular, com
concentração em torno de 58 mEq/L. No meio extracelular, incluindo o plasma, a
concentração varia entre 1,9 e 2,5 mEq/L. Entre as fontes alimentares ricas em íons
magnésio, podemos destacar o abacate, as nozes, as amêndoas, as sementes de
abóbora e as leguminosas.

O íon magnésio atua como cofator de muitas enzimas, como a hexocinase, a


creatina-quinase e a glicose-6-fosfatase; e devido à sua ação de antagonista do íon
cálcio, interfere nas funções neuromuscular e cardíaca. Os distúrbios da
concentração plasmática de íons magnésio são a hipomagnesemia e a
hipermagnesemia. A hipomagnesemia corresponde à redução da concentração
plasmática de íons magnésio. Entre as possíveis causas de hipomagnesemia,
podemos destacar etilismo crônico, cirrose, diarreia e pancreatite, e algumas das
manifestações clínicas são tremores, hiperexcitabilidade neuromuscular,
taquicardia, arritmias cardíacas, hipertensão, vasoconstrição, osteoporose e
parestesias (como cãibras musculares).

Em geral, a reposição de íons magnésio é feita por meio da administração de


solução de sulfato de magnésio. A hipermagnesemia ocorre com o aumento da
concentração plasmática de íons magnésio, geralmente resultado de insuficiência

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renal. Na hipermagnesemia, podem ocorrer fraqueza muscular, vasodilatação,


hipotensão, bradicardia, parada cardíaca e íleo paralítico (redução ou até
interrupção do peristaltismo intestinal); a conduta, no caso de hipermagnesemia, é
melhorar a função renal, e para aliviar os sintomas e sinais, é possível usar o cálcio,

0
visto que esse mineral é antagonista do magnésio.

seõçatona reV
FERRO
As formas iônicas do ferro são o íon ferroso (Fe2+) e íon férrico (Fe3+), ambas as
formas são cátions. Entre os principais alimentos ricos em ferro, podemos destacar
fígado, frutos do mar, ovo, peixes, carnes, sementes de abóbora e pistache. O ferro
é componente do grupo heme da hemoglobina, proteína presente nos eritrócitos,
e é o responsável pela interação com o gás oxigênio, permitindo o transporte
desse gás no sangue e sua distribuição para todos os tecidos do corpo. A proteína
mioglobina, presente nas fibras musculares cardíacas e esqueléticas, também
possui grupo heme e, portanto, o ferro está presente nos músculos esqueléticos e
cardíaco. Nessas fibras musculares, o ferro interage com o gás oxigênio,
armazenando esse gás e facilitando a sua difusão pelo citoplasma dessas células;
além disso, o ferro é cofator de várias enzimas, como os citocromos hepáticos, a
catalase e a peroxidase.

A deficiência de ferro causa a anemia ferropriva, sendo a causa nutricional mais


comum de anemia. A deficiência de ferro pode ser causada pela dieta insuficiente
de ferro, má absorção no trato gastrintestinal, perda de sangue (como pode
ocorrer em casos de hemorragias gastrintestinais e de menstruações intensas) ou
pelo aumento das necessidades de ferro (como ocorre na gestação). Além do risco
de anemia, a deficiência de ferro também está associada a problemas de
comportamento e de aprendizagem em crianças. As principais reservas de ferro do
organismo estão na hemoglobina, mioglobina, enzimas que utilizam o ferro como
cofator e ferritina (proteína hepática que armazena ferro), portanto, as maiores
reservas de ferro estão no sangue, nos músculos esquelético e cardíaco e no
fígado.

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EXEMPLIFICANDO

A hemoglobina é uma proteína encontrada nos eritrócitos (ou hemácias),


responsável pelo transporte de gás oxigênio (O ) no sangue. Essa proteína 2

está ligada a um grupo químico chamado heme, que, por sua vez, é

0
formado pela molécula orgânica protoporfirina e pelo íon ferroso (Fe ). A 2+

seõçatona reV
protoporfirina evita que o íon Fe 2+
seja oxidado a íon férrico (Fe ), pois o 3+

gás oxigênio só tem afinidade pelo íon . A protoporfirina é sintetizada


principalmente no fígado e na medula óssea a partir do aminoácido glicina
e do succinil-CoA (intermediário do ciclo de Krebs). Trata-se de uma via
metabólica composta por muitas reações químicas, sendo que, na última, o
íon Fe 2+
é adicionado à protoporfirina, formando o grupo heme.

OUTROS ÍONS
O íon cloreto (Cl-) é o principal ânion do meio extracelular, sendo que a sua
concentração nesse meio é cerca de 103 mEq/L, enquanto a concentração no meio
intracelular é cerca de 4 mEq/L. Esse ânion, juntamente com os íons sódio,
também participa da manutenção do volume plasmático, sendo um dos
responsáveis pela pressão osmótica no plasma; além disso, é componente do
ácido clorídrico (HCl) — o ácido gástrico secretado pelas células parietais da
mucosa gástrica.

O íon fosfato também é um ânion (PO43-) que participa de várias reações do


metabolismo energético, além de ser componente do ATP e da creatina-fosfato,
moléculas responsáveis pelo armazenamento de energia nas células.

O iodeto (I-) é um ânion componente dos hormônios tireoidianos tri-iodotironina


(T3) e tiroxina (T4), mas existem outros minerais importantes para o organismo,
atuando principalmente como cofatores em reações enzimáticas, como cobre,
níquel, selênio, zinco, manganês, enxofre, cromo e molibdênio.

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06/03/2024, 08:06 lddkls212_bio_apl_sau

Aqui, encerramos a última seção do livro dedicada aos minerais. Nesta seção,
estudamos os minerais fisiologicamente mais importantes, considerando as suas
fontes e funções no organismo; além disso, destacamos os principais distúrbios
eletrolíticos decorrentes da deficiência ou do excesso de íons.

0
seõçatona reV
FAÇA A VALER A PENA
Questão 1
Para o transporte de gás oxigênio no sangue, é necessário um mineral que se
encontra associado à protoporfirina para formar o grupo heme. Por sua vez, esse
grupo está associado a quatro cadeias de globina para formar a proteína
hemoglobina, que está presente nos eritrócitos.

Assinale a alternativa que corresponde ao mineral descrito no texto.

a. Sódio.

b. Ferro.

c. Potássio.

d. Selênio.

e. Cobre.

Questão 2
Dois minerais participam ativamente dos mecanismos de excitabilidade dos
neurônios (geração de impulsos nervosos) e das fibras musculares (contração
muscular). Um dos minerais está envolvido na despolarização dessas células,
enquanto o outro mineral é responsável pela repolarização dessas células.

Assinale a alternativa que corresponde aos minerais envolvidos na excitabilidade


dos neurônios e das fibras musculares.

a. Magnésio e potássio.

b. Sódio e magnésio.

c. Cálcio e magnésio.

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d. Cloreto e cálcio.

e. Sódio e potássio.

0
Questão 3
Em muitas situações clínicas, podem ocorrer distúrbios eletrolíticos com aumento

seõçatona reV
ou redução da concentração plasmática de um determinado mineral. A depender
do distúrbio de equilíbrio eletrolítico, as manifestações clínicas podem ser
variadas, desde as mais leves, como parestesias, até as mais graves, como parada
cardíaca.

Com base no texto e nos seus conhecimentos, assinale a alternativa correta.

a. A hipocalemia corresponde à redução da concentração plasmática de íon cálcio. Uma possível causa é a
insuficiência renal, e uma possível consequência é a arritmia cardíaca.

b. Hiponatremia corresponde à redução da concentração plasmática de íon magnésio. A diurese excessiva


de pacientes com diabetes mellitus não tratado pode ser uma possível causa.

c. A hipercalcemia se refere ao aumento da concentração plasmática de íon potássio e pode ser provocada
por intoxicação de vitamina D. Um dos riscos mais graves é a parada cardíaca.

d. A hipernatremia se refere ao aumento da concentração plasmática de íon sódio e pode ser provocada por
desidratação. Entre as consequências, podemos destacar: hipertensão, edema e xerostomia.

e. A hipermagnesemia corresponde ao aumento da concentração plasmática de íon magnésio. O


tratamento desse distúrbio pode ser feito com solução polarizante que estimula a captação celular de
magnésio.

REFERÊNCIAS
BENDER, D. A. Micronutrientes: vitaminas e minerais. In: RODWELL, V. W. et al.
(Org.). Bioquímica ilustrada de Harper. 30. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017.

ÉVORA, P. R. B. et al. Distúrbios do equilíbrio hidroeletrolítico e do equilíbrio


acidobásico – uma revisão prática. Medicina (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto, v.
32, n. 4, p. 451-469, 1999.

HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica Guyton & Hall. 12. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2011.

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KAUSHANSKY, K.; KIPPS, T. J. Agentes hematopoiéticos: fatores de crescimento,


minerais e vitaminas. In: BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C.
(Org.). As bases farmacológicas da terapêutica Goodman & Gilman. 12. ed.
Porto Alegre: AMGH, 2012.

0
SACRAMENTO, E. F.; SILVA, B. B. Vitaminas e minerais. In: SILVA, P. (Org.).

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Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2010.

SWAMINATHAN, R. Magnesium metabolism and its disorders. Clin. Biochem. Rev.,


[S.l.], v. 24, n. 2, p. 47-66, maio 2003.

TAIT, S. J, F.; CASHMAN, K. Minerals and trace elements. World Review of


Nutrition and Dietetics, [S.l.], v. 111, p. 45-52, jan. 2015.

VIEIRA NETO, O. M.; MOYSÉS NETO, M. Distúrbios do equilíbrio hidroeletrolítico.


Medicina (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto, v. 36, p. 325-337, abr./dez. 2003.

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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO


MINERAIS

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Christian Grassl

seõçatona reV

Fonte: Shutterstock.

SEM MEDO DE ERRAR


A situação-problema se refere aos conhecimentos de bioquímica que podem ser
aplicados na prática clínica envolvendo os minerais. Para se compreender melhor
os aspectos bioquímicos envolvidos nas consequências clínicas e no uso
farmacológico desses minerais, é necessário conhecer os papéis desses minerais
nas funções orgânicas.

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06/03/2024, 08:06 lddkls212_bio_apl_sau

O gás oxigênio é apolar e, portanto, não se dissolve bem no plasma cujo principal
componente é a água. Por isso, precisamos de um sistema de transporte de
oxigênio para todos os tecidos do corpo, visto que o oxigênio é essencial para a
produção de energia, pois permite a oxidação completa da glicose, dos ácidos

0
graxos e aminoácidos. O sistema de transporte para o oxigênio no sangue envolve

seõçatona reV
a proteína hemoglobina, presente nos eritrócitos; a hemoglobina é constituída por
quatro globinas, cada uma associada a um grupo heme. O grupo heme, por sua
vez, é constituído pela molécula orgânica protoporfirina e pelo íon ferroso; o
oxigênio tem afinidade pelo íon ferroso e, por isso, liga-se à hemoglobina, que, por
sua vez, via corrente sanguínea, distribui o oxigênio para todos os tecidos. Na
deficiência de ferro, o transporte de oxigênio no sangue fica prejudicado e, dessa
maneira, a oferta de oxigênio aos tecidos é menor, o que acaba resultando nos
sinais e sintomas apresentados pela paciente.

O bicarbonato de sódio é o tratamento para os casos de acidose metabólica, pois o


íon bicarbonato neutraliza o excesso de prótons, formando gás carbônico que,
posteriormente, será eliminado pela respiração. Porém, junto com o íon
bicarbonato, está o íon sódio na formulação do sal; dessa maneira, o paciente
também recebe uma grande quantidade de sódio com a administração de
bicarbonato de sódio, e a consequência é o risco de hipernatremia, o que aumenta
a osmolaridade plasmática. Com o aumento da pressão osmótica no plasma, há
um fluxo efetivo de água dos tecidos para os vasos sanguíneos, aumentando o
volume plasmático (hipervolemia). Como o paciente apresenta insuficiência
cardíaca, o aumento do volume plasmático sobrecarrega o coração, podendo levar
à sua descompensação e a uma parada cardíaca.

O cálcio e o magnésio são antagonistas e, portanto, um íon interfere na ação do


outro, o que permite a regulação das atividades neuromuscular e cardíaca. Como a
paciente apresentava manifestações clínicas devido à hipermagnesemia, o cálcio
foi utilizado para antagonizar os efeitos do excesso de magnésio. Com o cálcio,
ocorre a vasoconstrição e o aumento da frequência cardíaca, o que antagoniza os
efeitos do magnésio, da vasodilatação e da bradicardia.
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06/03/2024, 08:06 lddkls212_bio_apl_sau

O uso da furosemida — um diurético depletor de potássio — pode resultar na


redução da concentração plasmática de potássio (hipocalemia); com menos
potássio no meio extracelular, há um aumento do gradiente de concentração de
potássio entre os meios intracelular e extracelular, dessa maneira, ocorre o

0
aumento do fluxo de potássio das células beta-pancreáticas para fora, reduzindo a

seõçatona reV
concentração desse íon no meio intracelular. Com a hiperglicemia e a ativação do
GLUT-2 pancreático, há o aumento da produção de ATP nas células beta-
pancreáticas e, consequentemente, a inativação dos canais de potássio sensíveis
ao ATP, o que levaria ao acúmulo de potássio na célula. Porém, com menor
concentração de potássio na célula beta-pancreática, em decorrência da
hipocalemia, não há concentração de cargas positivas suficiente para a
despolarização da célula, mesmo com a inativação dos canais de potássio sensíveis
ao ATP, dessa maneira, sem a despolarização, as células beta-pancreáticas não
conseguem secretar insulina, o que resulta em hiperglicemia e,
consequentemente, na descompensação do diabetes mellitus do paciente.

Diante disso, apresentamos uma forma de responder a esta situação-problema,


mas a partir do que foi estudado, você tem condições de propor e discutir novas
respostas com o seu professor e seus colegas.

AVANÇANDO NA PRÁTICA
SOLUÇÃO POLARIZANTE: RELAÇÃO ENTRE INSULINA E POTÁSSIO
No hospital em que você trabalha, deu entrada um paciente com alto risco de
parada cardíaca cujos exames de sangue revelaram que o paciente apresentava
hipercalemia. Frente a isso, imediatamente, deu-se início ao tratamento com
solução polarizante, composta por insulina e soro de glicose. O acompanhante do
paciente, ao saber da composição da solução polarizante, achou estranho o uso da
insulina, pois o paciente não estava apresentando quadro de hiperglicemia, e ficou
com receio de que pudesse apresentar uma crise de hipoglicemia com a

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administração da insulina, colocando em risco a sua vida. Diante disso, como você
explicaria para o acompanhante o uso da solução polarizante para o tratamento da
hipercalemia e que não há risco de hipoglicemia?

0
RESOLUÇÃO 

seõçatona reV
A solução polarizante possui dois componentes: a insulina e o soro de glicose.
Na clínica, ela é usada para o tratamento da hipercalemia. A insulina, além do
seu efeito hipoglicemiante (aumenta a quantidade de GLUT-4 nas fibras
musculares e adipócitos, bem como a capacidade de captação de glicose por
essas células), também atua na bomba sódio-potássio-ATPase das fibras
musculares esqueléticas. Nesse caso, a insulina aumenta a atividade da bomba
sódio-potássio-ATPase, aumentando a captação de íons potássio pelas fibras
musculares, o que diminui a concentração plasmática de potássio e, portanto,
reverte o quadro de hipercalemia. Como a insulina também reduz a glicemia,
há risco de hipoglicemia, por isso, é necessário associar o soro de glicose para
evitar uma crise hipoglicêmica no paciente.

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