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Christian Grassl
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seõçatona reV
CONHECENDO A DISCIPLINA
Caro aluno, o presente livro aborda o tema bioquímica e sua aplicação na saúde.
Apesar de parecer amedrontador, devido à presença do termo “química" no nome
da disciplina, você vai descobrir que os assuntos abordados são fascinantes e
muito úteis na compreensão de vários fenômenos na área da saúde. Você, futuro
profissional da saúde, vai se deparar com várias situações envolvendo
conhecimentos de bioquímica. Só para citarmos algumas delas, você terá de
compreender o mecanismo fisiopatológico e a farmacoterapia da diabetes melito,
interpretar resultados de gasometria, entender as bases da nutrição e tantas
outras coisas que vamos desvendar durante o desenvolvimento deste livro.
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para subsidiar a orientação e o manejo de pacientes nas suas futuras práticas
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profissionais na área da saúde.
A graduação é apenas o início de uma longa jornada dedicada aos estudos. Por
isso, é importante você seja protagonista da conquista dos seus conhecimentos,
com dedicação e força de vontade. Então, aos estudos!
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ÁGUA E SISTEMAS-TAMPÃO
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Christian Grassl
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Fonte: Shutterstock.
CONVITE AO ESTUDO
Caro aluno, apresentamos a você a Unidade 1, onde abordaremos os tópicos
envolvendo água, aminoácidos, peptídeos e proteínas. Será o nosso ponto de
partida desta jornada rumo ao conhecimento de Bioquímica e a sua aplicabilidade
na área da saúde. Como você deve saber, água é um componente importante do
corpo humano. Vamos entender essa importância com o estudo das propriedades
físico-químicas e a importância biológica da água na Seção 1. Ainda nesta seção,
veremos os conceitos de pH e sistemas-tampão. A regulação do pH biológico é
fundamental na manutenção da homeostasia e têm importância clínica.
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Finalmente, na Seção 3, estudaremos um grupo especial de proteínas: as enzimas.
Podemos considerar o organismo como um laboratório com inúmeras reações
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químicas ocorrendo para a produção de energia, digestão de alimentos, divisão
celular etc. O que todas essas reações químicas têm em comum? A participação de
enzimas. Então, vamos conhecer as características e a importância biológica dessas
proteínas especiais.
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tantas outras situações. Na sua prática profissional, você, provavelmente, entrará
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em contato com os termos gasometria, acidose, alcalose, bicarbonato de sódio e
equilíbrio ácido-base.
Nesta seção, você verá a importância da água como solvente biológico universal e
como reagente em reações químicas do organismo; além disso, verá que a água
desempenha papel importante em várias funções orgânicas; compreenderá os
conceitos de pH, sua importância biológica e o seu contexto na gasometria; bem
como verá que os assuntos abordados nesta seção são relevantes para a sua
formação profissional e para que se destaque como profissional capacitado para
compreender, analisar e resolver as situações do dia a dia de um trabalho na área
da saúde.
Para contextualizar sua aprendizagem, imagine que você está à frente de uma
situação comum nos hospitais, atendendo a um paciente com sepse que está
evoluindo para um choque séptico. A sepse é decorrente de um processo
infeccioso sistêmico, em que o organismo reage com uma resposta inflamatória
intensa e sistêmica, devido à ação de citocinas pró-inflamatórias, em especial a
citocina TNF (fator de necrose tumoral), liberadas principalmente pelos
macrófagos. Essas citocinas, além de reforçarem a resposta de defesa do
organismo, também apresentam efeitos sistêmicos, como febre, hipoglicemia,
coagulação intravascular disseminada e colapso cardiovascular.
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Devido ao aumento dos níveis plasmáticos de ácido lático, ocorre um distúrbio
ácido-base, como pode ser visto no exame de gasometria do sangue arterial do
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-
paciente: pH = 7,27; pCO = 40 mmHg; 2
[HCO ]
3
= 18 mM (milimolar). Veja: trata-se
de um paciente, apenas, mas o caso dele envolve um complexo de fatores. Para
lidar com tudo isso, o profissional da saúde deve ter raciocínio e ação rápidos,
visando a preservar a vida.
Você pode reparar que os conceitos abordados no livro são usados na nossa
prática profissional, como nessa situação. Na área da saúde, tendemos a seguir
protocolos e, muitas vezes, esquecemos ou não nos preocupamos com os
conceitos básicos envolvidos. Atuamos de forma automatizada com os algoritmos
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benefícios à evolução do paciente, bem como analise outras possíveis
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consequências do distúrbio ácido-base da questão e como isso pode interagir com
as outras complicações da sepse.
CONCEITO-CHAVE
Iniciamos o nosso estudo com a água. Essa substância química é o principal
componente de todos os seres vivos, apresentando papel essencial no
metabolismo e nas funções do organismo. Além disso, a vida na Terra teve início e
evoluiu na água, e à procura de vida fora da Terra, os pesquisadores miram os
planetas que podem ter essa substância. Podemos afirmar, então, que a água é
essencial para a vida como conhecemos, ou melhor, ela é a matriz da vida, como
definiu Albert Szent-Györgyi, fisiologista húngaro e prêmio Nobel da Medicina em
1937.
A água é uma substância química formada por dois átomos de hidrogênio (H) e um
átomo de oxigênio (O) ligados de forma covalente, sendo representada pela
fórmula química H 2O . Devido à sua geometria molecular (em forma de V) e à
diferença de eletronegatividades entre os átomos de hidrogênio e de oxigênio, a
água é uma molécula polar. Dessa maneira, a molécula de água possui dois polos,
o negativo (δ−) no oxigênio e o positivo (δ+) no hidrogênio, destacados na Figura
1.1.
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Fonte: elaborada pelo autor.
ASSIMILE
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polo positivo de uma molécula interage com o polo negativo de outra molécula.
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Um exemplo é a ponte de hidrogênio que se forma entre o hidrogênio (polo
positivo) de uma molécula de água e o oxigênio (polo negativo) de outra molécula
de água. Nas moléculas apolares, não há presença de polos positivo e negativo
permanentes, porém podem ocorrer distorções momentâneas nas nuvens de
elétrons dos átomos constituintes, formando dipolos transitórios. Com isso,
surgem interações entre os polos de cargas opostas enquanto durar o dipolo
transitório. Portanto, as interações de van der Waals são momentâneas e bem
mais fracas que as interações entre as moléculas polares. Todas essas interações
intermoleculares são fracas e rompidas pelo calor e por alterações do pH do meio.
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há interação entre essas diferentes moléculas, elas são imiscíveis, da mesma forma
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quando tentamos misturar água e óleo. Dessa maneira, as moléculas de água que
estão na superfície interagem com mais força, por meio das ligações de
hidrogênio, com as moléculas de água vizinhas, havendo uma “compactação”
dessas moléculas de água da superfície, formando um tipo de película, um efeito
chamado de tensão superficial. Esse efeito é responsável pelo formato das gotas
da chuva e até tem função na respiração.
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Precisamos diferenciar dois processos importantes: a transformação física e a
transformação química (também chamada de reação química). Na transformação
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física, as moléculas continuam intactas, o que altera é a relação entre elas, isto é,
as ligações intermoleculares e a liberdade de movimentação das moléculas. Vamos
utilizar a água como exemplo: temos o gelo (forma sólida), a água (forma líquida) e
o vapor de água (forma gasosa), e todas essas formas são constituídas pela mesma
molécula, H 2O , então, o que muda? Apenas a relação entre as moléculas de água.
Já na transformação química ou reação química, as moléculas iniciais, chamadas de
reagentes, são transformadas em novas moléculas, diferentes das iniciais,
chamadas de produtos. Por exemplo: a queima da madeira é uma reação química
chamada de combustão. A madeira, constituída por moléculas orgânicas (presença
do átomo de carbono), ao reagir com o gás oxigênio ( O ), origina o gás carbônico 2
REFLITA
Muitas moléculas são classificadas como eletrólitos, isto é, podem formar íons.
Esse processo de ionização depende da participação da água. Por exemplo: a
molécula de ácido clorídrico (HCl), o ácido presente no suco gástrico, em meio
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2O
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muitas moléculas permite classificá-las em algumas funções químicas, como os
ácidos e as bases. Segue a reação química de ionização de HCl:
HCl → H 3 O
+
+Cl
-
ou HCl → H
+
+Cl
-
EXEMPLIFICANDO
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receber H . Uma base forte está totalmente protonada em solução, pois foi capaz
+
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de receber todos os H disponíveis. Uma base fraca está parcialmente protonada
+
CH 3 COO
-
reagem para formar o ácido acético e a água. Cada reação tem uma
velocidade associada, isto é, uma medida da formação de produtos ou consumo
de reagentes por uma unidade de tempo. Essa velocidade depende de muitos
fatores, como a concentração das moléculas, a temperatura e a presença de
catalisador (substância que acelera reação química, como as enzimas nos seres
vivos). Quando as velocidades das reações direta e inversa se tornam iguais,
podemos dizer que a reação química atingiu o equilíbrio químico. Segue a reação
de ionização do ácido acético, um exemplo de reação reversível:
CH 3 COOH+H 2 O ⇄ H 3 O
+
+CH 3 COO
-
ou
+ -
CH 3 COOH+H 2 O ⇄ H +CH 3 COO
Vimos que a água participa das reações de ionização de ácidos, mas a água sofre
ionização? Sim, apesar de ser em uma escala muito pequena, a molécula de água
sofre autoionização, resultando na formação dos íons H3 O
+
(ou simplesmente
H
+
) e OH
-
. Como essa reação é reversível, há uma constante de equilíbrio
quando as velocidades das reações direta e inversa se igualam. Como a ionização
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multiplicação da constante de equilíbrio (K) pela concentração molar da água.
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ASSIMILE
O produto K ⋅ [H 2
O] é constante e denominado produto iônico da água
(Kw):
+ -
Kw=[H ] ⋅ [OH ]
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ASSIMILE
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quantidade de soluto, em mols, que temos em 1 litro de solução. Se
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tivermos 1 mol de moléculas de HCl em 1 litro de solução, dizemos que a
concentração é de 1 mol/litro de HCl ou, simplesmente, 1 M (molar que
corresponde ao termo mol/litro). Quando representamos íons, átomos ou
moléculas entre colchetes, significa a concentração molar. Como exemplos,
temos [ H 2O ], que é a concentração molar da água, [ H ], que é a +
íons hidroxila.
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Os valores do pH interferem na atividade das proteínas que, por sua vez, executam
as funções dos vários órgãos e tecidos do corpo. Portanto, os valores do pH
interferem na atividade de vários sistemas, tais como cardiovascular, renal e
nervoso, bem como na atividade das proteínas dentro da célula. Dessa forma, o
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organismo precisa manter o pH dentro de uma faixa de valores compatíveis com
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as suas várias funções, isto é, manter a homeostase ácido-base.
Como o íon bicarbonato tem maior importância para nós, vamos explicar como ele
atua no organismo. O excesso de ácido ( H ) reage com o íon bicarbonato ( +
química, por sua vez, é eliminado pela respiração. Essa reação é reversível, ou seja,
o CO pode reagir com o H para formar HCO e H , uma reação também
- +
2 2O 3
- +
HCO 3 +H ⇄ CO 2 +H 2 O
O pH do sangue arterial varia de 7,35 a 7,45, enquanto que do sangue venoso varia
de 7,30 a 7,40. O exame para determinar o pH sanguíneo é a gasometria. Esse
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exame também oferece outros resultados, como a pressão parcial de CO 2 ou p
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CO 2 (a quantidade de gás é dada pelo valor da pressão), a pressão parcial de O 2
arterial está abaixo de 7,35, temos uma situação de acidemia (“sangue mais ácido”)
cujo processo fisiopatológico que a provocou é chamado de acidose. Se o pH do
sangue arterial está maior que 7,45, temos alcalemia (“sangue mais alcalino”), e o
processo fisiopatológico é chamado de alcalose. As causas desses processos
fisiopatológicos podem ser respiratórias e/ou alterações na concentração
plasmática de HCO . Se a causa é respiratória, temos acidose ou alcalose
-
EXEMPLIFICANDO
pH = 7,35 a 7,45.
pO = 80 a 100 mmHg.
2
pCO = 35 a 45 mmHg.
2
[CO ]
2
= 23 a 27 mM.
[ HCO ]= 22 a 26 mM.
-
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Distúrbio Íon
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ph pCO2 Possíveis causas
ácido-base bicarbonato
Tende a A sua
Sepse, cetoacidose
diminuir redução é
Acidose diabética, choque,
Acidemia como causa
Metabólica anemia grave, parad
compensação primária da
cardíaca
à acidemia acidemia
Tende a O seu
Hipocalemia, ingestão
aumentar aumento é
Alcalose infusão excessiva de
Alcalemia como causa
Metabólica bicarbonato de sódio
compensação primária da
desidratação/hipovolem
à alcalemia alcalemia
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contratilidade cardíaca), resistência insulínica, redução da afinidade da
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hemoglobina pelo gás oxigênio (risco de hipoxemia), vasoconstrição renal e oligúria
(risco de insuficiência renal). Já a alcalemia apresenta os seguintes riscos:
hipocalemia ou hipopotassemia (redução do nível plasmático de K , o que +
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Questão 1
Em 1909, o químico dinamarquês Sorensen criou o conceito de pH, que acabou
sendo adotado na área da saúde, portanto, tornou-se comum dizer pH do sangue,
pH da urina, pH vaginal etc. Atualmente, dispomos de materiais e equipamentos
0
para medir o pH de qualquer solução. E essas medidas são úteis no diagnóstico
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para muitas situações clínicas.
Questão 2
A membrana plasmática é uma barreira lipoproteica que separa dois meios
aquosos, o meio intracelular e o meio extracelular. O principal componente lipídico
é o fosfolipídio, que é uma molécula anfipática, ou seja, possui uma porção polar e
uma porção apolar. Para a formação da membrana plasmática, os fosfolipídios
interagem entre si por meio de ligações intermoleculares e, bem como com os
meios aquosos.
a. A porção apolar dos fosfolipídios é composta por ácidos graxos. Esses ácidos graxos interagem com as
moléculas de água por meio de ligações de hidrogênio.
b. As porções hidrofóbicas dos fosfolipídios interagem entre si por meio das ligações de van der Waals, o
que permite a estabilidade da barreira lipídica da membrana plasmática.
c. As porções hidrofílicas dos fosfolipídios interagem com as moléculas de água dos meios intracelular e
extracelular exclusivamente por ligações de van der Waals.
d. As porções hidrofílicas dos fosfolipídios interagem entre si por meio das ligações de hidrogênio, o que
permite a estabilidade da barreira lipídica da membrana plasmática.
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e. As ligações de van der Waals entre as porções hidrofóbicas dos fosfolipídios são do tipo covalente, o que
resulta em rigidez da barreira lipídica da membrana plasmática.
Questão 3
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Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital, foi realizado o teste de
gasometria em uma amostra de sangue arterial de um paciente internado e que se
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encontra sob ventilação mecânica. O resultado do exame foi: pH = 7,52; pCO = 30 2
paciente
d. Após a análise da gasometria, a equipe identificou o quadro de alcalose respiratória no paciente. A causa
desse distúrbio ácido-base é a hipoventilação do paciente, por isso, a equipe aumentou a frequência
respiratória no ventilador mecânico.
e. A interpretação da gasometria mostra que o paciente está com um quadro de acidose respiratória. Em
decorrência disso, a equipe decide usar bicarbonato de sódio para reduzir a concentração plasmática de
prótons.
REFERÊNCIAS
ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o
meio ambiente. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.
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KENNELLY, P. J.; RODWELL, V. W. Água e pH. In: RODWELL, V. W. et al. (Org.).
Bioquímica Ilustrada de Harper. 30. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017.
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NELSON, D. L.; COX, M. M. Água. In: NELSON, D. L.; COX, M. M. (Org.). Princípios de
Bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
REECE, J. B. et al. Água e Vida. In: REECE, J. B. et al. (Org.). Biologia de Campbell. 10.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
REECE, J. B. et al. O contexto químico da vida. In: REECE, J. B. et al. (Org.). Biologia
de Campbell. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
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Dessa maneira, é ativada uma via metabólica (reações químicas que ocorrem no
organismo) de emergência para a produção de energia na ausência (anóxia) ou
insuficiência (hipóxia) de gás oxigênio nos tecidos. Essa via metabólica é a
fermentação, e o produto final é o ácido lático ou lactato. Estudaremos com mais
0
detalhes essa via metabólica na Unidade 2.
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Como o paciente está evoluindo para um colapso cardiovascular devido à intensa
vasodilatação e redução da atividade cardíaca (menor débito cardíaco), são
necessários os suportes inotrópico e hipertensor. No caso do suporte inotrópico,
está sendo ministrada no paciente a dobutamina, uma catecolamina que estimula
a contratilidade cardíaca (efeito inotrópico), enquanto que, para o suporte
hipertensor, a noradrenalina, uma catecolamina vasoconstritora para aumentar a
resistência vascular (efeito hipertensor).
Com base nessas informações acerca do paciente, além dos resultados do exame
de gasometria, podemos concluir que o paciente está com acidemia (pH 7,27,
menor que o valor mínimo normal de 7,35). Devido à hipóxia, com consequente
ativação da fermentação, temos o aumento dos níveis plasmáticos de ácido lático.
Sendo um ácido, conforme a definição de Brönsted-Lowry, o ácido lático doa
prótons para o meio. Como a relação entre a concentração molar de prótons e o
pH é inversa, o aumento da quantidade de prótons no sangue leva à redução do
valor do pH, acidificando o meio. Por isso, o quadro do paciente é de acidemia.
-
Analisando os outros parâmetros da gasometria, pCO e [HCO ], podemos ver 2 3
-
que a pCO 2 está dentro da normalidade, porém [HCO ] de 18 mM está abaixo 3
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ocorre devido ao fato do acúmulo de CO no organismo (hipercapnia), 2
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consequência de hipoventilação ou parada respiratória, reagir com a água para
formar íon bicarbonato e prótons (lembre-se de que a reação química do sistema-
tampão do bicarbonato é reversível). Dessa maneira, a hipercapnia favorece a
acidemia, e a acidose é do tipo respiratória. Por isso, a ventilação do paciente
precisa estar normalizada para a eliminação do gás carbônico formado durante a
ação do íon bicarbonato sobre os prótons. Caso a ventilação não esteja adequada,
o paciente, além do acúmulo de prótons devido ao aumento da produção de ácido
lático, apresentará hipercapnia, contribuindo, ainda mais, para a acidemia do
paciente. Nesse caso, o paciente apresentará um quadro de acidose mista
AVANÇANDO NA PRÁTICA
DISTÚRBIO ÁCIDO-BASE E GASOMETRIA
O desequilíbrio ácido-base está presente em muitas situações clínicas que você
poderá vivenciar na sua carreira profissional. Por exemplo, você está com um
exame de gasometria em suas mãos que indica os seguintes resultados: pH =
7,259; = 51,7 mmHg; = 22,4 mM; = 57,7 mmHg e o paciente
-
pCO 2 [HCO ] pO 2
3
RESOLUÇÃO
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seõçatona reV
entre esses resultados de gasometria e o paciente, podemos citar o câncer de
pulmão, mas há a possibilidade de o paciente apresentar alguma DPOC
(doença pulmonar obstrutiva crônica, como o enfisema), independentemente
do desenvolvimento do câncer. Outra possibilidade é o paciente estar na UTI
sob ventilação mecânica e o aparelho não estar regulado adequadamente para
atender à demanda respiratória do paciente. Nesse caso, a hipoventilação
resulta em menor pO 2 e maior pCO 2 por não permitir a hematose
(transformação do sangue venoso em sangue arterial que ocorre nos pulmões)
adequada para as necessidades metabólicas do organismo do paciente.
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AMINOÁCIDOS E PEPTÍDEOS
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Christian Grassl
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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saúde do paciente. A base da nutrição é a bioquímica, e conhecer a importância
seõçatona reV
dos aminoácidos é imprescindível.
Imagine que você acabou de ser contratado para trabalhar como um profissional
de saúde em uma clínica especializada em doenças genéticas. Nessa clínica, você
entrará em contato com várias doenças envolvendo o metabolismo de
aminoácidos, também chamadas de erros inatos do metabolismo de aminoácidos
ou aminoacidopatias. Mais de 50 dessas doenças foram descritas e muitas delas
são raras. Essas doenças têm importância na pediatria e são alvos da triagem
neonatal. Sem a identificação e o adequado tratamento, os erros inatos no
metabolismo dos aminoácidos resultam em retardo mental e outras deficiências
no desenvolvimento do paciente.
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A fenilcetonúria clássica é a mais importante aminoacidopatia na clínica. Os sinais
seõçatona reV
clínicos surgem entre 3 e 6 meses de idade, caso a doença não seja detectada pela
triagem neonatal. Entre os sinais clínicos, podemos destacar a deficiência na
pigmentação de cabelo e pele, irritabilidade, dificuldades de aprendizado,
hiperatividade, déficit de atenção, retardo no crescimento e desenvolvimento. A
deficiência intelectual é a principal manifestação clínica e está relacionada aos
níveis plasmáticos de fenilalanina. Como a fenilalanina se acumula no organismo,
esse aminoácido é desviado para outras vias metabólicas que resultam em
fenilcetonas (como o fenilacetato). Esses metabólitos conferem à urina um odor
característico e dão o nome à doença (presença de fenilcetonas na urina).
Você foi justamente designado para cuidar dos casos de fenilcetonúria, logo, após
essas informações iniciais, você precisa aprofundar os seus conhecimentos por
meio de pesquisas para lidar de maneira adequada com os casos de fenilcetonúria.
Os pontos que exigem a sua atenção são:
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profissional da saúde, qual deve ser o seu papel na orientação aos pais sobre
os benefícios da detecção precoce da doença?
6. Como deve ser o tratamento nos pacientes com fenilcetonúria? Como você
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deve orientar os responsáveis pela criança sobre a importância de se seguir as
recomendações médicas?
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7. Remover completamente a fenilalanina da alimentação do paciente é uma
opção viável? Quais seriam as consequências para o organismo caso essa
opção fosse colocada em prática?
Por fim, qual é o seu posicionamento frente a essa doença? A numeração desses
pontos visa, apenas, a organizar o seu raciocínio, pois todas essas informações
estão conectadas para resultar em conhecimento. Esse conhecimento, sempre
incompleto e em construção, é uma das mais importantes ferramentas para a
prática profissional. Que essa situação-problema seja apenas o ponto de partida
para mais questionamentos e um estímulo à procura por mais conhecimentos.
O estudo é uma tarefa que apresenta muitas dificuldades. Por isso, é importante
que se dedique com afinco para superar essas dificuldades e, com isso, obter
resultados que contribuam para o seu crescimento e amadurecimento enquanto
ser humano e profissional.
CONCEITO-CHAVE
Na seção anterior, estudamos as propriedades físico-químicas e a importância da
água, dos ácidos e das bases, bem como a autoionização da água, o pH e sua
importância. Agora, vamos ver os aminoácidos, os peptídeos e as proteínas que
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organismo. Temos as enzimas, que são proteínas que atuam como catalisadores,
ou seja, aceleram as reações químicas, e outros, como: hemoglobina (transporte
seõçatona reV
de gases oxigênio e carbônico no sangue), albumina (manutenção do volume
plasmático e transporte de substâncias apolares, como os ácidos graxos no
sangue), colágeno (resistência mecânica aos tecidos), anticorpos (defesa do
organismo contra microrganismos), actina e miosina (proteínas contráteis
responsáveis pela contração muscular), canais sódio – voltagem dependente
(geração de impulsos nervosos nos neurônios e fibras musculares), insulina
(hormônio pancreático responsável pelo controle da glicemia) etc. Na próxima
seção, veremos mais detalhadamente alguns desses peptídeos e proteínas. Em
disciplinas como Fisiologia, Farmacologia e Patologia, você entrará em contato com
muitas dessas proteínas ao estudar os mecanismos fisiológicos, farmacológicos e
fisiopatológicos.
ASSIMILE
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covalentemente a quatro ligantes: átomo de hidrogênio (H), cadeia lateral (R),
seõçatona reV
grupo amino ( -NH ou -N 2
+
H3 , a depender do pH) e grupo ácido carboxílico (--
COOH ou -COO
−
, a depender do pH). O termo aminoácido é derivado dos dois
grupos químicos presentes na estrutura, o grupo amino e o grupo ácido
carboxílico. Embora haja mais de 300 tipos de aminoácidos descritos, apenas 20
entram na composição de todas as proteínas e peptídeos, independentemente do
ser vivo, como nós, as bactérias, as plantas e até os vírus. Esses 20 aminoácidos
são chamados de aminoácidos comuns. Com tantos tipos de aminoácidos, o que
difere um tipo do outro? A cadeia lateral, simplesmente, pois o restante dos
ligantes é o mesmo para todos os aminoácidos. A Figura 1.3 demonstra uma
perspectiva da estrutura geral dos aminoácidos.
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ASSIMILE
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estrutura é semelhante ao da cisteína, porém, em vez do enxofre, a
selenocisteína contém selênio; além disso, ela está presente em poucas
seõçatona reV
proteínas conhecidas.
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Fonte: elaborada pelo autor.
Figura 1.5 | Estrutura dos aminoácidos polares sem carga elétrica na cadeia lateral (em pH 7,0)
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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
EXEMPLIFICANDO
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seõçatona reV
Além desses aminoácidos comuns, existem os aminoácidos incomuns. O termo
“incomum” vem do fato de que esses aminoácidos são encontrados em proteínas
específicas, não sendo comuns a todas as proteínas. Após a incorporação dos
aminoácidos comuns na cadeia proteica, alguns deles podem sofrer modificações
químicas no retículo endoplasmático rugoso, originando os aminoácidos
incomuns. Exemplos de aminoácidos incomuns: 4-hidroxiprolina, 5-hidroxilisina, 6-
N-metil-lisina e desmosina. Essas modificações químicas conferem propriedades
importantes às proteínas, como a 4-hidroxiprolina e a 5-hidroxilisina contribuem
para uma maior estabilidade da proteína colágeno.
REFLITA
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proteínas, como hemoglobina e albumina, que também agem como
seõçatona reV
sistemas-tampão. Agora que você avançou um pouco mais nos seus
conhecimentos, sente-se seguro para explicar como essas proteínas
conseguem participar da manutenção do pH do sangue?
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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
Como você pode ver, o peptídeo de dois aminoácidos (dipeptídeo) possui duas
extremidades, a N-terminal, correspondente ao grupo amino livre, e a C-terminal,
correspondente ao grupo carboxila livre. Por convenção, a extremidade N-terminal
sempre estará à esquerda da cadeia proteica, já a extremidade C-terminal estará à
direita da cadeia proteica. Assim, para a leitura da sequência de aminoácidos da
cadeia proteica, deve-se sempre começar pela extremidade N-terminal.
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Fonte: elaborada pelo autor.
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digestão química é a formação de aminoácidos e pequenos peptídeos. Em seguida,
seõçatona reV
no duodeno, as enzimas digestivas pancreáticas (tripsina, quimotripsina, elastase),
especialmente a tripsina, bem como as da mucosa duodenal, terminam a digestão
proteica, restando os aminoácidos que serão absorvidos pelas células da mucosa
duodenal por meio do sistema de cotransporte com o íon sódio ( Na ). +
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isso, precisam ser obtidos por meio da alimentação. Existe um terceiro grupo, o
seõçatona reV
dos aminoácidos condicionalmente essenciais, que é sintetizado pelo organismo,
porém em determinadas situações, tais como crescimento, gestação e doenças. A
quantidade produzida, por sua vez, não é suficiente para atender às necessidades
metabólicas. Nesses casos, é necessário obter um suprimento adicional por meio
da alimentação.
Tirosina Fenilalanina
Treonina
Triptofano
Valina
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dessas moléculas. O nitrogênio é obtido pelo organismo por meio da alimentação,
seõçatona reV
especialmente dos aminoácidos contidos nas proteínas dos alimentos; já o
glutamato e o aspartato são sintetizados a partir da adição de grupo amino aos
intermediários do ciclo de Krebs α- cetoglutarato e oxaloacetato, respectivamente;
o glutamato é precursor da glutamina e da prolina, enquanto que o aspartato é
precursor da asparagina; a alanina é sintetizada a partir da adição do grupo amino
ao piruvato, molécula resultante da glicólise; a serina é derivada do 3-
fosfoglicerato, um intermediário da glicólise, por sua vez, é precursora da glicina; a
cisteína é derivada da homocisteína, que é derivada da metionina, um aminoácido
essencial, por isso, a síntese de cisteína depende da ingestão adequada de
metionina; e a tirosina é derivada da fenilalanina, um aminoácido essencial.
Semelhante à cisteína, a síntese de tirosina depende de um suprimento adequado
de fenilalanina na alimentação.
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Fonte: elaborada pelo autor.
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seõçatona reV
FAÇA A VALER A PENA
Questão 1
Os aminoácidos comuns podem ser classificados, conforme a natureza química da
sua cadeia lateral, em apolares, polares sem carga elétrica, ácidos e básicos. Além
disso, há uma classificação conforme a capacidade do aminoácido ser
biossintetizado ou não pelo organismo.
b. A cisteína possui cadeia lateral polar com carga negativa e é do tipo não essencial.
Questão 2
Polímeros são grandes moléculas formadas por unidades estruturais menores que
se repetem, chamadas de monômeros. As proteínas, os peptídeos e o DNA são
exemplos de polímeros naturais. No caso das proteínas e dos peptídeos, os
aminoácidos são os monômeros que estão ligados entre si por meio da ligação
peptídica.
a. A ligação peptídica ocorre entre o grupo amino de um aminoácido e o grupo amino de outro aminoácido
com formação de uma molécula de água.
b. A ligação peptídica é uma ligação do tipo covalente tão forte que só pode ser rompida pela ação de
enzimas específicas: as proteases e peptidases.
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c. A ligação peptídica é resultado da interação entre dois grupos carboxila de aminoácidos diferentes com
formação de uma molécula de água.
d. A ligação peptídica é uma ligação de hidrogênio, pois envolve a interação entre duas moléculas. Essa
ligação é facilmente rompida pelo calor e pelo pH ácido.
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e. O D-aminoácido é o constituinte das proteínas humanas e a ligação peptídica ocorre entre o grupo amino
de um aminoácido e o grupo carboxila de outro aminoácido.
seõçatona reV
Questão 3
Os aminoácidos não essenciais são sintetizados no organismo humano,
envolvendo várias vias metabólicas. Erros inatos do metabolismo de aminoácidos
ou aminoacidopatias podem afetar a biossíntese de vários desses aminoácidos,
resultando em retardo mental ou em outras anormalidades do desenvolvimento.
b. Na fenilcetonúria, a ação da fenilalanina hidroxilase pode estar ausente ou reduzida, o que resulta em
graus variados de conversão da fenilalanina em tirosina. Isso explica a diversidade de fenótipos com
gravidade variada.
c. Os intermediários de várias vias metabólicas, como a glicólise e o ciclo de Krebs, atuam como inibidores
da biossíntese de vários aminoácidos, como o glutamato, o aspartato e a alanina.
REFERÊNCIAS
BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Estrutura e Composição das Proteínas. In:
BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L (Org.). Bioquímica. 7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2014.
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FERRIER, D. R. Bioquímica Ilustrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.
seõçatona reV
GABRIEL, S. A. et al. Homocisteína como fator de risco para doenças
cardiovasculares. Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba,
Sorocaba, v. 7, n. 1, p.11-14, 2005. Disponível em: https://bit.ly/3xZ1Q9r. Acesso
em: 21 mar. 2021.
NELSON, D. L.; COX, M. M. Água. In: NELSON, D. L.; COX, M. M. (Org.). Princípios de
bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
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VANNUCCHI, H.; MELO, S. S. Hiperhomocisteinemia e risco cardiometabólico.
Arquivo Brasileiro de Endocrinologia e Metabologia. v. 53; n. 5; p. 540-549,
seõçatona reV
2009. Disponível em: https://bit.ly/3xZ318R. Acesso em 27 set. 2020.
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Christian Grassl
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A fenilalanina é um aminoácido essencial, ou seja, precisa ser obtida por meio da
alimentação, e também é considerada um aminoácido comum, o que significa que
seõçatona reV
é fundamental para a constituição de peptídeos e proteínas. Além desse papel de
constituinte proteico, a fenilalanina é precursora da biossíntese da tirosina,
considerada um aminoácido não essencial. Apesar de ser classificada como não
essencial, a síntese de tirosina no organismo depende da oferta adequada de
fenilalanina na alimentação, bem como da atividade da fenilalanina hidroxilase na
conversão da fenilalanina em tirosina. Nessa reação, há a participação do cofator
tetra-hidrobiopterina, e há variantes de hiperfenilalaninemia que são resultantes
de mutações de enzimas envolvidas no metabolismo da tetrahidrobiopterina.
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e devido a sua gravidade, recomenda-se o início do tratamento imediatamente.
seõçatona reV
Conforme o Ministério da Saúde, cerca de 80% dos recém-nascidos no Brasil
realizam o teste do pezinho. Como a cobertura não é completa, muitos casos de
fenilcetonúria são diagnosticados tardiamente, com quadros clínicos mais graves,
por isso, é importante que os profissionais de saúde orientem os pais sobre os
benefícios da detecção precoce, bem como as doenças que são detectadas no
teste e os seus riscos para a criança. Além disso, é necessário orientar os pais
sobre os exames confirmatórios em casos positivos no teste. Devido ao impacto
emocional de um resultado positivo, é importante o processo de
acompanhamento e recebimento dos resultados pelo profissional de saúde.
O tratamento deve ser instituído o mais rápido possível, sendo ideal até o décimo
dia do nascimento. Ele envolve uma dieta restrita de fenilalanina, mas não da
ausência de fenilalanina na dieta, pois esse aminoácido essencial é constituinte de
peptídeos e proteínas. Com o diagnóstico logo após o nascimento e a rápida
instituição da dieta restrita de fenilalanina, as consequências da doença podem ser
prevenidas e a criança pode se desenvolver e ter uma expectativa de vida normal.
Além da dieta restrita, são necessárias fórmulas alimentares para o suprimento
adequado de vitaminas, sais minerais e outros aminoácidos essenciais. Dicloridrato
de Sapropterina, forma sintética de tetrahidrobiopterina, tem apresentado bons
resultados em parte dos pacientes com fenilcetonúria, reduzindo os níveis de
fenilalanina no organismo.
O aconselhamento genético pode ser uma ferramenta muito útil com os pacientes
com fenilcetonúria e familiares. Esse processo, que deve ser realizado por
profissionais da saúde devidamente capacitados, visa ao prognóstico, ao manejo
da doença, às opções reprodutivas e ao apoio psicoterapêutico. O profissional de
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saúde tem que estar preparado para orientar sobre métodos contraceptivos, fazer
o prognóstico e orientar sobre os cuidados de uma possível futura criança com
essa condição genética.
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Nessa situação, você pôde perceber que lidamos com diversas informações para
podermos triar um caminho para a resposta, mas não se esqueça de que você
seõçatona reV
ainda pode indicar outras possibilidades de resposta para os questionamentos que
foram levantados, vá em frente!
AVANÇANDO NA PRÁTICA
EXEMPLO DE USO FARMACOLÓGICO DE AMINOÁCIDO
Você trabalha em um pronto-socorro. No seu plantão, foi admitido um homem de
35 anos com náuseas, vômitos, dor abdominal e anorexia. Nos exames clínicos, o
paciente apresentou as enzimas hepáticas TGO (transaminase glutamato-
oxaloacetato) e TGP (transaminase glutamato-piruvato) elevadas, além de
prolongado tempo de protrombina (proteína relacionada com a coagulação
sanguínea). O paciente relatou que estava com muita dor de cabeça, por isso,
tomou grande quantidade de paracetamol, desejando um efeito mais rápido, e
com essas informações, o paciente foi diagnosticado com hepatite
medicamentosa. Frente a isso, como você explicaria a relação entre o consumo
elevado de paracetamol e a hepatite medicamentosa. A equipe médica prescreveu
acetilcisteína para o paciente, porém ele questionou o uso desse fármaco com
você, uma vez que alegou usar acetilcisteína para tratar a congestão nasal nos seus
episódios de rinite. Como esse medicamento também pode ser usado para
proteger o fígado da intoxicação por paracetamol? O que você responderia ao
questionamento do paciente?
RESOLUÇÃO
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formação de grande quantidade de compostos reativos no fígado. Nesse caso,
seõçatona reV
o nível hepático de glutationa não foi suficiente para neutralizar todos os
compostos reativos formados, consequentemente, esses compostos reagiram
com os componentes proteicos e lipídicos dos hepatócitos, resultando em um
processo inflamatório, denominado hepatite medicamentosa (inflamação no
fígado provocada por medicamento). As manifestações clínicas, o relato do
paciente e os exames bioquímicos (TGO e TGP são enzimas hepáticas que
participam do ciclo da ureia) são indicativos de um quadro de hepatite
medicamentosa. A acetilcisteína prescrita pela equipe médica é usada como
antídoto em casos de intoxicação por paracetamol com riscos hepáticos. Esse
fármaco, de fato, tem propriedades mucolíticas e fluidificantes, o que justifica o
seu uso nos processos congestivos nasais e paranasais, bem como em
pacientes com muita secreção brônquica viscosa e com dificuldade de
expectoração. Porém, a cisteína presente no fármaco também possui ação
antioxidante direta e é precursora da síntese de glutationa, logo, o fármaco
estimula a síntese de glutationa, o que eleva o nível hepático desse peptídeo
para neutralizar o excesso de compostos reativos derivados da
biotransformação do paracetamol.
Essa poderia ser uma forma de responder a essa situação, e a partir do que foi
discutido nesta seção, você tem plena capacidade de propor uma nova
resposta.
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PROTEÍNAS E ENZIMAS
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Christian Grassl
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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enzimas aumentam a velocidade das reações químicas que ocorrem no organismo,
seõçatona reV
possibilitando a produção de energia, a digestão de nutrientes, a síntese de
biomoléculas (lipídios, nucleotídeos e carboidratos), a replicação do DNA, o
crescimento celular etc.
Para contextualizar a sua aprendizagem, imagine que você está trabalhando com
pesquisas científicas em uma grande empresa farmacêutica. O setor em que você
está empregado é o de desenvolvimento de fármacos antivirais. A sua linha de
pesquisa envolve o estudo de um determinado vírus, denominado provisoriamente
de vírus X. Os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios e têm grande
importância clínica devido ao potencial patogênico.
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Uma vez dentro da célula, o vírus libera o seu genoma RNA que servirá de molde
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para a síntese de DNA dupla fita viral em uma reação catalisada pela transcriptase
reversa. O DNA viral é integrado no genoma do linfócito T em uma reação
catalisada por outra enzima específica do vírus, a integrase.
Após essa exposição, surgem questões importantes que devem ser do seu domínio
para o progresso da pesquisa:
2. Os vírus X possuem uma alta taxa de mutação durante a replicação viral. Como
isso afeta a estrutura e a função das proteínas virais?
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5. Como a enzima transcriptase reversa atua? Explique considerando o substrato,
a energia de ativação e o produto formado na catálise enzimática.
seõçatona reV
Essas questões são apenas o ponto de partida para mais questionamentos e para
estimular a sua procura por mais conhecimentos. A situação-problema proposta é
uma pequena amostra da importância das proteínas na prática clínica e nas
pesquisas na área da saúde.
CONCEITO-CHAVE
Nesta seção, estudaremos os aspectos estruturais e funcionais das proteínas, que
são fundamentais para o desenvolvimento, o crescimento e a manutenção do
organismo, exercendo diversas funções. Entre essas funções, podemos destacar a
defesa do organismo (anticorpos, citocinas, complexo principal de
histocompatibilidade), a sustentação (colágeno, elastina, queratina), o transporte e
o armazenamento de substâncias (hemoglobina, mioglobina, ferritina), movimento
(actina, miosina, troponinas, tropomiosina), a recepção de sinais para a célula
(receptores para neurotransmissores, hormônios e outros ligantes), a geração de
impulsos elétricos (canais sódio voltagem-dependentes), os hormônios (insulina,
glucagon, hormônio do crescimento), a manutenção do volume intracelular
(bomba sódio-potássio ATPase), a manutenção do volume plasmático (albumina), a
regulação da pressão arterial (angiotensina) e os catalisadores (enzimas).
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Existem milhares de proteínas diferentes no ser humano, cada qual com uma
sequência única de aminoácidos. As informações para a síntese dessas sequências
únicas estão nos genes, nos segmentos do DNA (ácido desoxirribonucleico). As
moléculas de DNA, por sua vez, formam os cromossomos que estão presentes nos
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núcleos das células, portanto, no DNA, estão codificadas as informações para a
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síntese de qualquer proteína ou peptídeo do organismo.
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Fonte: elaborada pelo autor.
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Figura 1.13 | Representação das estruturas secundárias
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Fonte: elaborada pelo autor.
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quaternária são: ligações de hidrogênio, pontes dissulfeto (ver a Figura 1.15),
seõçatona reV
ligações de van der Waals e ligações iônicas. A proteína em estrutura quaternária
também apresenta função. Na Figura 1.14, podemos ver a representação das
estruturas terciária e quaternária, ambas as estruturas estabilizadas por interações
intermoleculares.
ASSIMILE
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iônicas ocorrem entre as cargas elétricas de moléculas diferentes, podendo
seõçatona reV
ser atrativas (entre cargas opostas) ou repulsivas (entre cargas com sinais
iguais). A ponte dissulfeto ocorre entre os grupos sulfidrila (-SH) de dois
resíduos de cisteína, podendo estar na mesma cadeia polipeptídica
(estrutura terciária) ou em cadeias polipeptídicas diferentes (estrutura
quaternária). Todas essas interações intermoleculares são fracas e
rompidas pelo calor e por alterações do pH do meio.
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primária, decorrente de mutação no gene, resulta em alteração no padrão de
seõçatona reV
dobramento da proteína, o que pode acarretar em perda ou prejuízo da sua
função, causa ou fator predisponente de muitas doenças. Existem proteínas que
participam do processo do dobramento das cadeias polipeptídicas chamadas de
chaperonas ou proteínas de choque térmico. Além do dobramento da cadeia
polipeptídica, as propriedades funcionais das proteínas também são dependentes
de modificações pós-traducionais que ocorrem no retículo endoplasmático rugoso
e no complexo de Golgi com a adição de grupos químicos nos aminoácidos
presentes na proteína. Por exemplo, a adição de grupo hidroxila (hidroxilação) nos
aminoácidos prolina e lisina da proteína colágeno resulta na formação de
hidroxiprolina e hidroxilisina, respectivamente. Esses dois aminoácidos
modificados são essenciais para a atividade do colágeno na resistência à tensão
em vários tecidos (pele, parede dos vasos sanguíneos, ossos etc.). A desnaturação
da proteína é a perda da sua estrutura tridimensional (terciária ou quaternária)
devido ao rompimento das interações intermoleculares entre os seus aminoácidos
constituintes, resultado da ação do calor e/ou de alterações do pH. Com a
desnaturação, a proteína perde a sua função. Já as ligações peptídicas são
mantidas, pois são rompidas apenas pela ação de enzimas específicas (as
proteases) em um processo chamado de proteólise.
EXEMPLIFICANDO
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suas funções.
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As proteínas são constantemente sintetizadas e degradadas, permitindo a
renovação proteica. Além disso, muitas proteínas são dobradas de forma errada e
precisam ser degradadas. A degradação proteica ocorre por meio do rompimento
das ligações peptídicas, um processo chamado de proteólise, catalisado por
enzimas específicas: as proteases e peptidases. No meio intracelular, a proteólise é
realizada pelos lisossomos e pelos proteassomos. Os lisossomos são vesículas
membranosas que contêm diversas enzimas, como proteases, lipases,
ribonucleases e outras. Essas enzimas funcionam em pH ligeiramente ácido, em
torno de 5, degradando as proteínas de origem extracelular e as intracelulares pelo
processo de autofagia.
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Fonte: elaborada pelo autor.
Uma classe especial de proteínas (as enzimas) são responsáveis por acelerar as
reações químicas que ocorrem no organismo. Na seção 1, chegamos a estudar as
reações químicas, então, para relembrarmos, em uma reação química, as
moléculas iniciais, chamadas de reagentes, são transformadas em novas
moléculas, diferentes das iniciais, chamadas de produtos. A ocorrência de uma
reação química depende da colisão entre as moléculas reagentes em uma posição
favorável e com energia necessária para o rompimento das ligações químicas entre
os átomos. Essa energia é chamada de energia de ativação e permite a formação
de uma estrutura intermediária entre os reagentes e os produtos. É Esse estado de
transição que permite um rearranjo de átomos com novas ligações químicas, o que
resulta na formação de novas moléculas (produtos).
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das moléculas reagentes (maior energia cinética), com isso, mais moléculas
seõçatona reV
reagentes apresentam energia igual ou superior à energia de ativação, o que
aumenta o número de colisões que resultam em reação química. O segundo fator
é a maior concentração de moléculas reagentes, pois aumenta as chances de
colisões entre essas moléculas, e o terceiro fator é a presença de catalisadores,
substâncias que reduzem a energia de ativação de uma reação química. Dessa
maneira, ocorre maior número de colisões entre as moléculas reagentes que
resultam em formação de novos produtos e, consequentemente, no aumento da
velocidade dessa reação química. Os catalisadores dos nossos organismos são as
enzimas. Na figura 1.17, podemos ver um gráfico que compara os valores da
energia de ativação em uma reação química não catalisada por enzima e em uma
reação química catalisada por enzima.
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Fonte: elaborada pelo autor.
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permite um melhor ajuste dos sítios catalíticos ao redor dos substratos. Esse é o
seõçatona reV
modelo de ajuste (ou encaixe) induzido, como está representado na Figura 1.18.
Dessa forma, há o aumento das interações entre os substratos e os sítios
catalíticos das enzimas, o que possibilita reduzir a energia de ativação das reações
químicas e, consequentemente, aumentar a velocidade dessas reações químicas. A
catálise enzimática (reação química catalisada pela enzima) pode ser influenciada
por três fatores: concentração de substrato, temperatura e pH. Em relação ao
primeiro fator, quanto maior a concentração de substrato, maior é a saturação das
enzimas (sítios catalíticos ocupados por substratos) e maior é a velocidade da
catálise enzimática. Em relação à temperatura, existe um valor ótimo para a
atividade máxima das enzimas. Com o aumento ou a diminuição da temperatura
em relação ao valor ótimo, a atividade enzimática é reduzida. Quanto ao terceiro
fator, as enzimas possuem valores ótimos de pH para as suas atividades catalíticas.
Em geral, a maioria das enzimas tem atividade catalítica máxima em pH neutro,
porém algumas enzimas possuem outros valores ótimos de pH. Por exemplo: a
pepsina (a enzima proteolítica do suco gástrico), que possui pH ótimo em torno de
2 a 3.
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REFLITA
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como em casos de acidentes vasculares encefálicos isquêmicos (AVEi). Após
o retorno da oxigenação ao tecido isquêmico, o estresse oxidativo pode
seõçatona reV
promover lesões adicionais na área lesada. O estresse oxidativo é um
processo que envolve enzimas na produção de espécies reativas de
oxigênio. Considerando apenas esse mecanismo fisiopatológico, reflita
como a hipotermia pode preservar a zona de penumbra isquêmica (tecido
nervoso em risco que circunda a área isquêmica central). A hipotermia
poderia ser útil também nas lesões isquêmicas do miocárdio?
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Muitas proteínas têm importância na prática clínica, atuando como biomarcadores
seõçatona reV
para diagnóstico e prognóstico de doenças ou danos teciduais. No caso de lesões
isquêmicas do miocárdio, que podem evoluir para o infarto agudo do miocárdio
(IAM), temos os seguintes biomarcadores:
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responsável por armazenar e facilitar a difusão de gás oxigênio no citoplasma
das fibras musculares. Apesar da inespecificidade, a dosagem plasmática dessa
seõçatona reV
proteína pode auxiliar no diagnóstico de infarto agudo do miocárdio (IAM).
Após lesão do miocárdio, a concentração plasmática se eleva em 1 a 2 horas,
atingindo o pico de cerca de 12 horas e normalizando em 24 horas.
Figura 1.19 | Gráfico que mostra a relação entre concentração de substrato e velocidade da reação
química catalisada por enzima
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Fonte: elaborada pelo autor.
Figura 1.20 | Gráfico que compara a cinética enzimática de duas enzimas com valores diferentes de
constante de Michaelis
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Fonte: elaborada pelo autor.
EXEMPLIFICANDO
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de vias metabólicas, como também na prática clínica, pois muitos fármacos e
seõçatona reV
substâncias tóxicas atuam na inibição de enzimas. A inibição da enzima pode ser
reversível, quando ocorre a dissociação rápida da interação entre inibidor e
enzima, ou irreversível, quando a dissociação da interação entre inibidor e enzima
ocorre muito lentamente ou, até mesmo, não ocorre.
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organofosforados, que inibem de forma não competitiva a enzima
seõçatona reV
acetilcolinesterase, responsável por catalisar a hidrólise da acetilcolina. Outro
exemplo é o chumbo, que reage com os grupos sulfidrila (-SH) dos resíduos de
cisteína, inibindo, de forma não competitiva, várias enzimas. Na Figura 1.21,
podemos comparar a cinética da catálise enzimática em 3 situações: apenas com a
enzima, a enzima com o inibidor competitivo e a enzima com inibidor não
competitivo.
Figura 1.21 | Gráfico que compara as curvas da reação em três situações: apenas com a enzima, enzima
+ inibidor competitivo e enzima + inibidor não competitivo
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esteroide que inibe, de forma irreversível, a enzima ciclo-oxigenase (COX). O
seõçatona reV
antibiótico penicilina, outro exemplo, atua como inibidor irreversível da enzima
transpeptidase bacteriana, enzima que catalisa a ligação cruzada entre as
moléculas de peptideoglicano, essencial para a estabilidade da parede celular da
bactéria. Outro exemplo que podemos citar é o alopurinol, um fármaco utilizado
no tratamento de gota, que inibe, de forma irreversível, a enzima xantina-oxidase,
o que impede a geração de ácido úrico.
a. Com a desnaturação, a proteína retorna à sua estrutura primária, porém ainda mantém função devido à
preservação dos sítios ativos.
b. A estrutura terciária é composta por arranjos de aminoácidos que se repetem ao longo da cadeia
polipeptídica.
c. Na estrutura primária, a sequência linear é mantida pelas ligações de hidrogênio entre os aminoácidos.
d. Tanto na estrutura terciária quanto na estrutura quaternária, a proteína apresenta capacidade funcional.
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e. As ligações químicas que estabilizam a estrutura terciária são fortes e só rompidas pela ação de enzimas
específicas
Questão 2
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O conjunto de proteínas do organismo é constantemente renovado (turnover
proteico). Essa renovação proteica depende da integração dos processos de
seõçatona reV
síntese e de degradação das proteínas. Esses processos são altamente regulados
para manter a quantidade adequada de proteínas para as diversas funções, desde
metabólicas até o controle do crescimento e de diferenciações celulares.
a. As informações da sequência de aminoácidos estão armazenadas no DNA, que, por sua vez, associa-se
aos ribossomos para a síntese de proteínas em um processo chamado de transcrição.
b. A proteína-alvo é marcada por poliubiquitina para ser reconhecida pela unidade regulatória do
proteassomo e, em seguida, é direcionada ao centro catalítico, onde é degradada em pequenos peptídeos.
c. A marcação pela ubiquitina é essencial para que a proteína-alvo seja reconhecida por receptores
específicos nos lisossomos. Em seguida, em pH alcalino, as proteases lisossomais degradam a proteína-alvo.
d. As proteínas extracelulares são endocitadas pela célula e o endossomo se funde com o lisossomo. No
interior do lisossomo, ocorre a proteólise dependente de ATP dessas proteínas mediada pelo proteassomo.
e. As informações contidas no DNA são transcritas no RNA mensageiro, que, em seguida, associa-se aos
proteassomos. Dessa maneira, as informações do RNA mensageiro são traduzidas em sequência de
aminoácidos pelo proteassomo.
Questão 3
As enzimas são uma classe especial de proteínas, essenciais para a manutenção da
vida. As vias metabólicas relacionadas à produção de energia, biossíntese e
degradação são dependentes das enzimas. Em casos de enzimas defeituosas, as
reações químicas catalisadas por essas enzimas são prejudicadas e,
consequentemente, desenvolve-se um quadro patológico.
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a. Apesar de interagir corretamente com a fenilalanina, a enzima fenilalanina hidroxilase não consegue
reduzir a energia de ativação da reação de conversão da fenilalanina em tirosina, por isso, desenvolve-se um
quadro patológico: a fenilcetonúria.
b. A atividade das enzimas não depende do pH do meio, por isso, a manutenção do pH sanguíneo por
sistemas-tampão é desnecessária para a capacidade funcional das enzimas.
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c. O ácido ascórbico (vitamina C) é cofator de enzimas para a hidroxilação da prolina e lisina no colágeno.
Apesar de atuar como cofator, a ausência de ácido ascórbico não interfere nas propriedades funcionais do
seõçatona reV
colágeno.
d. Na catálise enzimática, as enzimas aumentam a energia de ativação, pois, assim, mais moléculas de
substrato passam a ter energia suficiente para romper as ligações entre os átomos, o que favorece a
formação dos produtos.
e. Muitas enzimas têm importância clínica no diagnóstico e prognóstico de doenças ou danos teciduais. Um
exemplo é a creatina quinase tipo 2 ou MB, que é biomarcador de lesões no músculo cardíaco.
REFERÊNCIAS
BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Estrutura e Composição das Proteínas. In:
BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L (Org.). Bioquímica. 7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2014.
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SMITH, C.; MARKS, A. D.; LIEBERMAN, M. Enzimas como catalisadores. In: SMITH, C.;
MARKS, A. D.; LIEBERMAN, M (Org.). Bioquímica médica básica de Marks: uma
abordagem clínica. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
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portadoras dessas mutações gênicas apresentam resistência à infecção pelo vírus.
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A alta taxa de mutação do vírus X ocorre devido ao fato de o genoma ser de RNA. A
enzima RNA polimerase, responsável pela catálise da replicação de RNA, não
possui capacidade de editar erros, diferentemente da DNA polimerase. Dessa
maneira, ocorrem muitas mutações no genoma, que resultam em alterações na
sequência primária das proteínas, com muitas trocas de aminoácidos na cadeia
polipeptídica. Consequentemente, as interações entre as cadeias laterais desses
aminoácidos também são modificadas, havendo novas possibilidades de
dobramento proteico, logo, as mutações gênicas resultam em novas estruturas
proteicas que podem ser inviáveis ou apresentar novas características funcionais.
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possível devido à redução da energia de ativação da reação química que envolve a
seõçatona reV
formação das ligações fosfodiéster entre os nucleotídeos.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
USO DE INIBIDORES DE ENZIMAS NA ÁREA DA SAÚDE
Você teve a oportunidade de entrar em contato com os conceitos de inibidores
enzimáticos nesta seção. Na sua futura prática profissional, provavelmente, você
entrará em contato com várias dessas substâncias durante a sua rotina de
trabalho. Então, vamos aproveitar o momento e sedimentar um pouco mais esses
conceitos? Vamos imaginar que você faz parte da equipe que está desenvolvendo
um projeto de medicamento para quimioterapia do câncer. Esse medicamento é
um inibidor de uma enzima que atua na biossíntese de nucleotídeos, o que evitaria
o crescimento celular do tumor, mas surgiu uma dúvida! Devemos desenvolver um
inibidor reversível ou irreversível? Competitivo ou não competitivo? E aí? Como
resolver essa dúvida, lembrando que a enzima em questão está presente nas
demais células do corpo e não apenas nas células cancerígenas. E se, por acaso,
existisse uma enzima específica da célula cancerígena não encontrada em outras
células do corpo. Qual tipo de inibição enzimática você sugeriria?
RESOLUÇÃO
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inutilizadas pelo inibidor. A inatividade da enzima provocada pelo inibidor
seõçatona reV
irreversível é ótimo meio para induzir a morte das células cancerígenas, porém
afeta as outras células do corpo, promovendo consequências bem graves.
Então, vamos esquecer o inibidor irreversível! Agora nos restaram os inibidores
reversíveis competitivo e não competitivo. Ambos os inibidores reduzem a
atividade enzimática, mas não inativam a enzima, permitindo o seu
funcionamento nas células. Os inibidores competitivos não interferem na
velocidade máxima da reação química, mas aumentam o valor da constante de
Michaelis, ou seja, é necessária uma maior concentração de substrato para
competir com os inibidores pelo sítio catalítico. Conhecendo o substrato, é
mais fácil desenvolver o inibidor, basta que ele tenha um formato bem
semelhante ao do substrato para que possa interagir com o sítio catalítico. Já o
inibidor não competitivo interage em sítio diferente do sítio catalítico, por isso,
não há competição com o substrato. Porém, identificar esses outros sítios que
interferem na atividade enzimática é mais complicado e nem todas as enzimas
apresentam esses sítios, logo, é mais viável desenvolver um medicamento que
seja inibidor reversível competitivo, além de apresentar efeito na inibição da
via metabólica com menos riscos ao paciente (lembre-se de que esse inibidor
não inativa a enzima, apenas reduz a sua atividade). Entre os medicamentos
que atuam como inibidores enzimáticos, a maioria é do tipo competitiva, como
os inibidores da ECA e os anti-inflamatórios não esteroides (exceto o ácido
acetilsalicílico). Se por acaso existir uma enzima específica da célula
cancerígena, não encontrada em outras células do corpo, o uso de inibidor
irreversível seria uma opção perfeita. E, de fato, em tratamentos contra
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Esta resolução é uma forma de responder à situação-problema proposta, mas
você, a partir do que foi discutido nesta seção, tem condições de propor novas
seõçatona reV
soluções junto ao seu professor e aos seus colegas.
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Christian Grassl
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
CONVITE AO ESTUDO
Caro aluno, nesta unidade, abordaremos os conceitos relacionados aos
carboidratos, considerando as suas propriedades químicas e funcionais, e
estudaremos as vias metabólicas envolvidas na produção de energia, sendo que os
carboidratos possuem papel fundamental como fonte e reserva de energia para os
organismos. Na primeira seção, veremos os tipos de carboidrato, isto é, os
monossacarídeos, dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos; vamos
estudar os aspectos químicos e funcionais desses diferentes tipos e, por fim, os
glicoconjugados, ou seja, as moléculas formadas por carboidratos e proteínas: as
glicoproteínas e os proteoglicanos, bem como as moléculas formadas por
carboidratos e lipídios: os glicolipídios.
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fornecem precursores para biossíntese de aminoácidos e lipídios; conheceremos o
seõçatona reV
metabolismo do glicogênio, a nossa reserva de glicose, ao estudarmos a
glicogenólise e a glicogênese; veremos que o organismo é capaz de produzir a sua
própria glicose em um processo chamado de gliconeogênese; e encerraremos a
seção com o controle da glicemia realizado pelos hormônios insulina e glucagon.
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celular de plantas e de bactérias, afinal, os carboidratos são as biomoléculas mais
seõçatona reV
abundantes no nosso planeta.
Para contextualizar sua aprendizagem dentro dos temas desta seção, vamos
analisar a importância dos carboidratos na prática clínica. Temos muitos exemplos
que podem fazer parte dos seus desafios profissionais.
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Os conhecimentos de Bioquímica adquiridos nesta seção serão úteis para a
compreensão da aplicação clínica dos carboidratos? Bom, veremos isso na
seõçatona reV
situação-problema desta seção.
A lactulose é um laxante administrado por via oral, mas que também é utilizado no
tratamento da encefalopatia hepática. A lactulose é um dissacarídeo formado pela
ligação química entre o carbono 1 da alfa-D-galactose e o carbono 4 da beta-D-
frutose resistente à atividade das glicosidases do trato gastrintestinal. A partir
dessas informações e do conhecimento adquirido nesta seção, como você
explicaria os efeitos da lactulose nos tratamentos da constipação e da
encefalopatia hepática?
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Que essa situação-problema seja apenas o ponto de partida para mais
questionamentos e para estimular a sua procura por mais conhecimentos.
seõçatona reV
Para se tornar um profissional da saúde capacitado tecnicamente e eticamente, é
necessário que você se dedique à sua formação acadêmica com estudos e
responsabilidade. Seja um protagonista da sua história de conquistas acadêmicas e
profissionais. Então, aos estudos!
CONCEITO-CHAVE
Na unidade anterior, estudamos a nossa primeira classe de biomoléculas formada
por peptídeos e proteínas. Agora, nesta seção, vamos estudar a segunda classe de
biomoléculas: os carboidratos. Também denominadas açúcares, essas
biomoléculas são as mais abundantes no planeta e possuem várias funções no
organismo devido à sua grande diversidade estrutural. Entre essas funções,
podemos destacar a atuação como fontes e reservas de energia, na constituição do
glicocálice, no reconhecimento e na sinalização celulares, na interação entre
células, nos componentes da matriz extracelular e de secreções da mucosa, na
formação de paredes celulares de plantas e bactérias etc. A área de estudo sobre
os carboidratos é chamada de glicobiologia, e o termo glicoma se refere ao
conjunto de todos os carboidratos do organismo.
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carbonos, e a depender da quantidade de átomos de carbonos na estrutura, os
seõçatona reV
monossacarídeos podem ser classificados em trioses (3 átomos de carbono),
tetroses (4 átomos de carbono), pentoses (5 átomos de carbono), hexoses (6
átomos de carbono) e heptoses (7 átomos de carbono).
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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
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ASSIMILE
seõçatona reV
Isomeria é uma propriedade de substâncias orgânicas na qual há formação
de isômeros. Os isômeros são moléculas de mesma fórmula molecular, isto
é, a mesma composição química, porém apresentam fórmulas estruturais
diferentes e, por isso, propriedades diferentes. Existem dois tipos principais
de isomeria, a plana e a espacial. A isomeria espacial tem maior
importância biológica, considerando-se tanto a isomeria cis-trans
(geométrica), importante para o estudo da estrutura de ácidos graxos,
quanto a isomeria óptica, essencial para o estudo das estruturas de
aminoácidos e monossacarídeos. A isomeria óptica está relacionada com a
capacidade de compostos orgânicos em desviar a luz polarizada para
direita, chamados de dextrogiros (D), ou para a esquerda, chamados de
levogiros (L). Essa atividade óptica é resultado da assimetria das moléculas,
ou seja, dependente da presença de carbonos assimétricos ou quirais. Para
ser assimétrico, o carbono precisa estar ligado a quatro grupos diferentes
entre si. Os dois isômeros ópticos, dextrogiro (D) e levogiro (L), também
chamados de enantiômeros, são moléculas orgânicas que são imagens no
espelho uma da outra e não são superponíveis. Esses enantiômeros são
diferenciados pelas enzimas e pelos ribossomos na catálise das reações
químicas, por isso, apenas as formas L-aminoácidos estão presentes nas
cadeias proteicas, bem como a forma D dos monossacarídeos possuem
importância nas vias metabólicas que envolvem os carboidratos.
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Fonte: elaborada pelo autor.
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Figura 2.4 | Representação do processo de ciclização e das estruturas dos anômeros da D-glicose
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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
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por meio de ligações químicas covalentes, as chamadas ligações glicosídicas. A
formação dessas ligações é catalisada pelas enzimas glicosiltransferases e são
seõçatona reV
reações de desidratação com formação de moléculas de água. As ligações
glicosídicas são nomeadas conforme o tipo de anômero, alfa ou beta, bem como
os carbonos envolvidos na ligação química. Para que entenda melhor, vamos
utilizar a lactose como exemplo. A lactose é um dissacarídeo formado pela ligação
glicosídica entre o carbono 1 da beta-D-galactose e o carbono 4 da beta-D-glicose,
como pode ser visto na Figura 2.5, por isso, dizemos que essa ligação é do tipo
(beta 1 - 4). Outro exemplo elucidativo é o do glicogênio, um polissacarídeo
formado apenas por moléculas de alfa-D-glicose. As ligações glicosídicas ocorrem
entre o carbono 1 da alfa-D-glicose e o carbono 4 de outra alfa-D-glicose, formando
a ligação do tipo (alfa 1 - 4). Como esse polissacarídeo também é ramificado, temos
outro tipo de ligação glicosídica presente, a que ocorre entre o carbono 1 da alfa-D-
glicose da ramificação e o carbono 6 da alfa-D-glicose da cadeia principal. As
ligações glicosídicas que ocorrem no glicogênio estão representadas na Figura 2.6.
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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
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glicose. Outros exemplos de dissacarídeos são: isomaltose, lactulose e trealose.
seõçatona reV
Os oligossacarídeos, por sua vez, são polímeros curtos formados por poucos
monossacarídeos unidos pelas ligações glicosídicas. Em geral, eles estão ligados a
proteínas e esfingolipídeos, formando os glicoconjugados. Já os polissacarídeos ou
glicanos são longas cadeias formadas por muitas unidades de monossacarídeos
ligadas entre si por ligações glicosídicas. Os polissacarídeos podem ser
classificados como homopolissacarídeos e heteropolissacarídeos. Os
homopolissacarídeos são cadeias formadas por apenas um tipo de
monossacarídeo. Como exemplos, temos o glicogênio, a celulose, o amido e a
dextrana (todos formados apenas pelo monossacarídeo glicose). Os
heteropolissacarídeos são cadeias formadas por dois ou mais tipos de
monossacarídeos. Podemos destacar como exemplos de heteropolissacarídeos os
glicosaminoglicanos e o peptideoglicano (componente estrutural da parede celular
de bactérias). Além disso, os polissacarídeos podem ser ramificados ou lineares.
Como exemplos de polissacarídeos ramificados, temos o glicogênio e a
amilopectina (polímero de glicose ramificado que constitui o amido). Em relação
aos polissacarídeos lineares não ramificados, podemos citar a celulose e a amilose
(polímero de glicose não ramificada que também constitui o amido). Na Figura 2.7,
temos ilustrações representativas de homopolissacarídeos e heteropolissacarídeos
ramificados e não ramificados.
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Fonte: elaborada pelo autor.
REFLITA
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ideia sobre esse mistério?
seõçatona reV
Os glicosaminoglicanos são heteropolissacarídeos não ramificados formados por
repetições de uma unidade dissacarídica composta por um açúcar ácido e um
açúcar aminado. O açúcar ácido pode ser o ácido D-glicurônico ou ácido L-
idurônico, enquanto o açúcar aminado pode ser D-glicosamina ou D-
galactosamina, podendo estar acetilados ou não. No caso de estarem acetilados,
os açúcares aminados passam a ser chamados de N-acetil-D-glicosamina e N-acetil-
D-galactosamina. Esses açúcares são produtos de modificações químicas na glicose
ou galactose com adição de grupo carboxila para formar açúcar ácido e de grupo
amino para formar açúcar aminado. Na Figura 2.8, podemos ver as estruturas do
ácido D-glicurônico e da D-glicosamina. Os glicosaminoglicanos também podem
conter grupos sulfato, que, com os grupos carboxila, tornam esses polissacarídeos
negativos. Devido a essa natureza negativa, as cadeias de glicosaminoglicanos
mantêm-se estendidas e envolvidas por moléculas de água, e isso garante a
viscosidade, lubrificação, adesão e resistência à compressão das secreções das
mucosas, do fluido sinovial e da matriz extracelular. Devido à presença nas
secreções da mucosa, os glicosaminoglicanos também são conhecidos como
mucopolissacarídeos. Como exemplos de glicosaminoglicanos, podemos destacar
o ácido hialurônico, condroitina 4 e 6-sulfato, queratan sulfato, heparan sulfato e a
heparina.
Figura 2.8 | Estruturas do ácido D-glicurônico (açúcar ácido) e N-acetil-glicosamina (açúcar aminado)
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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
EXEMPLIFICANDO
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extracelular, podemos citar a agrecana (principal componente da cartilagem) e a
seõçatona reV
decorina (secretada pelos fibroblastos e que regula a união entre as fibrilas de
colágeno). As sindecanas, por sua vez, são exemplos de proteoglicanos de
membrana e participam da interação da célula com elementos do meio
extracelular.
EXEMPLIFICANDO
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geneticamente, sendo que os indivíduos com tipo sanguíneo A possuem a
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glicosiltransferase A (N-acetil-galactosamina transferase), o que permite a
formação do antígeno A; já os indivíduos com tipo sanguíneo B possuem a
enzima glicosiltransferase B (N-galactosil transferase), o que permite a
formação do antígeno B; os indivíduos com o tipo sanguíneo O não
possuem as glicosiltransferases A e B, por isso, não possuem antígeno A
nem antígeno B, daí o termo O, de zero, ou seja, ausência de antígenos A e
B. Os indivíduos com tipo sanguíneo AB possuem as duas
glicosiltransferases, A e B, por isso, apresentam os antígenos A e B
presentes nos eritrócitos. Na Figura 2.9, podemos ver as estruturas dos
glicoesfingolipídeos determinantes dos tipos sanguíneos do sistema ABO.
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processos metabólicos que envolvem os carboidratos.
seõçatona reV
FAÇA A VALER A PENA
Questão 1
Os monossacarídeos são açúcares simples formados por um esqueleto carbônico
de três a sete átomos de carbono, com dois ou mais grupos hidroxila e com grupo
aldoxila ou carbonila. Os monossacarídeos são unidos por ligações glicosídicas
para formar dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos.
a. Conforme a estrutura química da glicose, podemos classificar esse monossacarídeo em pentose e cetose.
b. As cetoses são os monossacarídeos com grupo carbonila e as aldoses são os monossacarídeos com grupo
aldose.
c. As ligações glicosídicas são ligações intermoleculares fracas e facilmente rompidas que estabilizam os
polissacarídeos.
d. A ligação glicosídica entre duas moléculas de gliceraldeído (triose) permite a formação da molécula de
glicose, uma hexose.
e. Os oligossacarídeos e polissacarídeos são cadeias formadas exclusivamente por cetoses, pois as aldoses
só ocorrem na natureza de forma isolada.
Questão 2
Os glicosaminoglicanos formam uma categoria muito importante dos
polissacarídeos com uma estrutura química que permite a viscosidade, a
lubrificação e a resistência à compressão das secreções da mucosa, do fluido
sinovial e da matriz extracelular.
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c. Apesar de serem chamados de mucopolissacarídeos, esses açúcares não têm papel importante nas
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secreções da mucosa.
seõçatona reV
d. Os glicosaminoglicanos, com grande quantidade de grupos carboxila e sulfato, apresentam carga positiva.
e. O ácido hialurônico, presente nos grânulos dos mastócitos, é liberado para inibir os fatores da
coagulação.
Questão 3
A glicose é um monossacarídeo com estrutura química representada por uma
hexose com grupos hidroxila e aldoxila. A glicose possui vários isômeros, sendo os
de configurações D e L os mais importantes. Em soluções aquosas, a glicose sofre
ciclização, originando dois anômeros: alfa e beta. Os isômeros de glicose entram
na composição de dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos.
a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. III, apenas.
d. I e II, apenas.
e. I, II e III.
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REFERÊNCIAS
BAYNES, J. W. Carboidratos e lipídios. In: BAYNES, J. W.; DOMINICZAK, M. H. (Org.).
Bioquímica médica. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
0
V. W. et al. (Org.). Bioquímica ilustrada de harper. 30. ed. Porto Alegre: AMGH,
seõçatona reV
2017.
BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Carboidratos. In: BERG, J. M.; TYMOCZKO, J.
L.; STRYER, L. (Org.). Bioquímica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2014.
NELSON, D. L.; COX, M. M. Lipídeos. In: NELSON, D. L.; COX, M. M. (Org.). Princípios
de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
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WEITZ, J. I. Coagulação sanguínea e fármacos anticoagulantes, fibrinolíticos e
antiplaquetários. In: BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. (Org.). As
seõçatona reV
bases farmacológicas da terapêutica Goodman & Gilman. 12. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2012
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Christian Grassl
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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em direção ao reto. Por isso, a lactulose é usada como laxante em casos de
seõçatona reV
constipação.
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O ácido hialurônico é um glicosaminoglicano encontrado no meio extracelular e
formado por repetições de unidades formadas por N-acetil-D-glicosamina e ácido
seõçatona reV
D-glicurônico. Devido às cargas negativas presentes na cadeia, ele atrai muitas
moléculas de água chamada água de solvatação, e isso confere turgidez da pele e
viscosidade nas articulações. Por isso, o ácido hialurônico é aplicado como
preenchedor na Saúde Estética e na viscossuplementação na Ortopedia.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
APLICAÇÕES DA DIGESTÃO DOS CARBOIDRATOS NA ÁREA DA SAÚDE
Os carboidratos obtidos na alimentação são alvos da ação das glicosidases
presentes no trato gastrintestinal. A digestão desses carboidratos mais complexos,
como os polissacarídeos glicogênio e amido, resulta em monossacarídeos que são
absorvidos pela mucosa duodenal. Há várias questões importantes em relação à
digestão e absorção de carboidratos. O glicogênio, o amido e a celulose são
polímeros formados por unidades de glicose, porém os dois primeiros
polissacarídeos possuem ligações do tipo alfa 1 – 4, enquanto a celulose possui
ligações do tipo beta 1 – 4. A celulose resiste à digestão enzimática e não libera as
suas unidades de glicose nos seres humanos, já o glicogênio e o amido, ambos sob
a ação enzimática, liberam as suas unidades de glicose.
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essa questão? Então, se a celulose não é digerida, qual é a importância dela para o
organismo humano?
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deficiência de glicosidases. A mais predominante dessas deficiências é a
intolerância à lactose, atingindo até 70% da população adulta no mundo. Nesse
seõçatona reV
caso, a enzima lactase tem a sua atividade reduzida, prejudicando a digestão da
lactose. Frente a isso, quais são as consequências da digestão reduzida da lactose
para o organismo? Como você explica essas consequências?
RESOLUÇÃO
Uma vez questionado sobre esses temas, você deveria enfatizar que o
organismo humano possui as alfa-amilases salivar e pancreática que catalisam
a hidrólise das ligações glicosídicas do tipo alfa 1 – 4 presentes no glicogênio e
no amido, por isso, conseguimos digerir esses polissacarídeos, liberando as
unidades de glicose para a absorção pela mucosa duodenal. No caso da
celulose, as unidades de glicose estão unidas entre si por ligações glicosídicas
do tipo beta 1 – 4. Os seres humanos não possuem enzimas específicas que
reconhecem as ligações tipo beta 1 – 4, por isso, somos incapazes de romper
as ligações glicosídicas da celulose.
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risco de diarreia. Além disso, devido ao metabolismo da lactose pela
seõçatona reV
microbiota intestinal, com produção do gás carbônico e do gás hidrogênio, há
risco de flatulência, distensão abdominal e meteorismo.
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Christian Grassl
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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sanguínea, como essa molécula polar atravessa a barreira lipídica da membrana
seõçatona reV
plasmática? Como o organismo regula a concentração plasmática de glicose ou
glicemia? Há alguma relação com a diabetes mellitus? Essas são questões
importantes que serão respondidas no desenvolvimento dos conteúdos.
Para que compreenda os conceitos abordados nesta seção, além das possíveis
atividades do contexto profissional, acompanharemos o trabalho de um
profissional da saúde, recém-contratado por um centro de atendimento e de
pesquisas na área oncológica.
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os de ação farmacológica de muitos fármacos usados na quimioterapia. Diante
seõçatona reV
dessas experiências, você acabou ficando curioso em relação a um detalhe que
percebeu nos pacientes com câncer: parte deles apresentava hipoglicemia e
acidose metabólica.
Como você é uma pessoa curiosa e tem desejo por novos aprendizados, resolveu
pesquisar sobre o assunto. A taxa de crescimento do número de células
cancerígenas é muito alta, maior que a taxa de vascularização do tumor em
crescimento, dessa maneira, a maior parte das células do tumor cresce em
condições de hipóxia, pois essas células estão afastadas dos vasos sanguíneos
formados no tumor e, portanto, recebem pouco gás oxigênio. Ao mesmo tempo,
essas células tumorais têm grande atividade metabólica devido ao grande número
de mitoses para o crescimento do tumor, e essa atividade metabólica alta
demanda maior quantidade de energia. Nesse momento, você se questiona em
relação aos aspectos bioquímicos do crescimento do tumor; você sabe que, em
situação de hipóxia, as células utilizam a fermentação para a manutenção da
glicólise, porém essa via metabólica gera pouca energia quando comparada à
oxidação completa da glicose.
Como você explica a relação entre essa situação metabólica das células tumorais e
o quadro clínico de hipoglicemia e acidose metabólica?
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acadêmicas e profissionais. Então, aos estudos!
seõçatona reV
CONCEITO-CHAVE
Nesta seção, iniciamos os nossos estudos das vias metabólicas produtoras de
energia, que também fornecem intermediários para várias vias de biossíntese no
organismo. As primeiras etapas da oxidação da glicose (a fermentação, a
glicogênese, a glicogenólise e a gliconeogênese) são as vias metabólicas que estão
presentes nesta seção. Vamos abordar, também, a digestão e absorção dos
carboidratos, bem como o transporte transmembrana da glicose.
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mas, agora, a questão é: como obtemos a glicose? Bom, a resposta é pelos
seõçatona reV
alimentos que serão processados no trato gastrintestinal.
EXEMPLIFICANDO
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específica, a celulase, que catalisa a hidrólise das ligações do tipo (beta 1 –>
seõçatona reV
4) presentes na celulose.
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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
EXEMPLIFICANDO
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No duodeno e na parte inicial do jejuno, ocorre a absorção dos monossacarídeos
seõçatona reV
resultantes da digestão dos carboidratos, especialmente a glicose, que
corresponde a mais de 80% de todos os monossacarídeos absorvidos. O
transporte da glicose e da galactose para o interior das células da mucosa
intestinal é concomitante à entrada de íons sódio com o auxílio de uma proteína
transportadora: o cotransportador de glicose dependente de sódio tipo 1 (SGLT-1),
e a frutose entra nas células da mucosa intestinal com o auxílio de uma proteína
transportadora de glicose tipo (ou isoforma) 5, GLUT-5. Já digestão dos
carboidratos e a absorção dos monossacarídeos no duodeno estão representados
no esquema da Figura 2.11.
Figura 2.11 | Esquema representativo da digestão dos carboidratos e a absorção dos monossacarídeos
no duodeno
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consegue atravessar a barreira lipídica da membrana plasmática. Então, para
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entrar na célula, a glicose necessita do auxílio de uma família de proteínas
transmembranas, chamadas de transportadores de glicose ou GLUT (do inglês
glucose transporter). Muitas isoformas de GLUT já foram identificadas, mas cinco
delas têm importância fisiológica melhor descrita. As isoformas GLUT-1 e GLUT-3
estão presentes em quase todas as células e são responsáveis pela captação basal
de glicose, independentemente da ação da insulina. A isoforma GLUT-2 está
presente nos hepatócitos e nas células beta-pancreáticas, e diferentemente das
outras isoformas, ela possui um valor de Km (constante de Michaelis, visto na
Seção 3 da Unidade 1) muito alto para a glicose, ou seja, é necessária uma
concentração muito alta de glicose para ocupar a metade dos sítios ativos das
proteínas GLUT-2. Devido à essa baixa afinidade de GLUT-2 pela glicose, essa
isoforma só capta glicose em quantidade significativa em situação de
hiperglicemia, como ocorre logo após as refeições.
Nos hepatócitos, GLUT-2 permite a entrada de glicose, após as refeições, para que
seja armazenada na forma de glicogênio, um polímero ramificado formado por
unidades de glicose. Entre refeições ou em jejum, os hepatócitos, sob a ação do
hormônio glucagon (mais adiante, abordaremos esse hormônio e a insulina),
liberam o seu estoque de glicose para a corrente sanguínea, permitindo a
manutenção da normoglicemia, portanto, o fígado tem função primordial na
homeostase glicêmica.
membranas plasmáticas dessas células, existem os canais de potássio (K+) que são
sensíveis ao ATP, permitindo a saída (ou efluxo) dos íons potássio das células, e na
presença de maior quantidade de ATP na célula, os canais de K+ sensíveis ao ATP
assumem uma conformação fechada, impedindo a saída de íons potássio da
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célula. A consequência disso é o acúmulo de cargas positivas na célula beta-
seõçatona reV
pancreática, o que leva à despolarização dessa célula, logo, os canais cálcio-
voltagem dependentes são ativados, permitindo a entrada (ou influxo) de íons
cálcio na célula. O aumento da concentração intracelular de íons cálcio resulta na
exocitose das vesículas que contêm as moléculas de insulina, dessa forma, a
insulina é liberada para a corrente sanguínea para exercer seus efeitos
hipoglicemiantes, como será visto adiante. Na figura 2.12, podemos ver um
esquema ilustrativo do mecanismo de secreção da insulina pelas células beta-
pancreáticas
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como fonte de energia e também armazenada na forma de glicogênio. Na
seõçatona reV
presença do hormônio insulina, ocorre o aumento da quantidade de GLUT- 4 na
membrana plasmática das fibras musculares e adipócitos, com isso, essas células
conseguem captar uma grande quantidade de glicose do meio extracelular,
reduzindo a glicemia. Dessa forma, a insulina, atuando por meio das fibras
musculares e adipócitos, consegue exercer seu efeito hipoglicemiante, e as
atividades físicas também aumentam a quantidade de GLUT- 4 nos músculos
esqueléticos, disponibilizando mais glicose para a produção de energia nos
músculos.
Uma vez dentro da célula, a glicose, em uma reação catalisada pela enzima
hexocinase, adquire um grupo fosfato do ATP, ou seja, é fosforilada, resultando na
formação de glicose 6-fosfato (grupo fosfato ligado ao carbono 6 da glicose),
portanto, é uma reação química que consome energia. A etapa da fosforilação é
essencial para reter a glicose dentro da célula, pois a glicose fosforilada não
interage com GLUT, portanto, não tem como sair da célula. Além disso, a
fosforilação desestabiliza a estrutura da glicose, facilitando as outras reações
químicas que utilizam a glicose como substrato.
A glicose 6-fosfato pode ser utilizada por várias vias metabólicas, como a
glicogênese (formação do glicogênio), a oxidação pela via da pentose-fosfato para a
síntese de ribose 5-fosfato (carboidrato essencial para a síntese dos ácidos
nucleicos RNA e DNA) e a oxidação pela glicólise para produção de energia.
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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
REFLITA
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chamada de glicogênese, uma via metabólica que ocorre no citosol e requer
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energia fornecida pelo ATP. Inicialmente, a glicose 6-fosfato é convertida em
glicose 1-fosfato, em uma reação química catalisada pela enzima fosfoglicomutase;
em seguida, a glicose 1-fosfato reage com UTP (trifosfato de uridina) para formar
UDP-glicose (difosfato de uridina-glicose), em uma reação catalisada pela enzima
UDP-glicose pirofosforilase. A molécula UDP-glicose fornece a D-glicose para a
enzima glicogênio sintase catalisar a formação das ligações do tipo (alfa 1 –> 4)
entre as moléculas D-glicose para formar o glicogênio; a enzima glicogênio sintase
só consegue alongar uma cadeia de glicose já existente, podendo ser um
fragmento de glicogênio ou a proteína glicogenina. Essa proteína catalisa a
formação de uma pequena cadeia de glicose a partir das moléculas de glicose
fornecidas por UDP-glicose, assim, a associação entre a glicogenina e a curta
cadeia de glicose serve como um iniciador de glicogênio para a ação da enzima
glicogênio sintase. As ramificações do glicogênio são catalisadas pela enzima
ramificadora e, depois, alongadas pela enzima glicogênio sintase.
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Fonte: elaborada pelo autor.
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Fonte: elaborada pelo autor.
ASSIMILE
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A glicólise é a primeira etapa da oxidação completa da glicose, sendo as duas
seõçatona reV
outras etapas a oxidação do piruvato e o ciclo do ácido cítrico (ou ciclo de Krebs).
No final da oxidação, a glicose é convertida em gás carbônico com produção de
energia. A glicólise tem duas fases, a preparatória e a de pagamento. Na fase
preparatória, são necessárias duas moléculas de ATP, por isso, é uma fase em que
há consumo de energia. Uma molécula de ATP é utilizada na fosforilação da glicose
para a formação da glicose 6-fosfato; em seguida, a glicose 6-fosfato é convertida
em frutose 6-fosfato, em uma reação catalisada pela enzima fosfo-hexose-
isomerase. A segunda molécula de ATP é utilizada para fosforilar a frutose 6-
fosfato em uma reação catalisada pela enzima fosfofrutocinase-1, resultando em
frutose 1,6-bifosfato; a seguir, ocorre a reação que dá nome à via metabólica, ou
seja, a glicólise. A reação é a clivagem da frutose 1,6-bifosfato, uma molécula com
seis carbonos, resultando em duas moléculas de três carbonos, gliceraldeído-3-
fosfato e di-hidroxiacetona-fosfato. Essa reação química é catalisada pela enzima
aldolase e, assim, encerramos a primeira fase da glicólise: a preparatória, que se
encontra esquematizada, para melhor compreensão, na Figura 2.16.
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Fonte: elaborada pelo autor.
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A próxima reação da glicólise é a conversão de 1,3-bifosfoglicerato em 3-
fosfoglicerato, catalisada pela enzima fosfoglicerato-cinase, resultando na
seõçatona reV
produção da primeira molécula de ATP; em seguida, em uma reação catalisada
pela enzima fosfoglicerato mutase, 3-fosfoglicerato é convertido em 2-
fosfoglicerato; esse último, em uma reação de desidratação catalisada pela enzima
enolase, é convertido em fosfoenolpiruvato e ocorre a formação de uma molécula
de água; por fim, a última reação da via glicolítica é a conversão do
fosfoenolpiruvato em piruvato, catalisada pela enzima piruvato-cinase, resultando
na produção da segunda molécula de ATP. Na Figura 2.17, podemos visualizar a
fase de pagamento esquematizada para melhor compreensão das reações
químicas envolvidas. Como são duas vias ocorrendo em paralelo, temos o dobro
dos produtos formados na fase de pagamento. Assim, podemos considerar o
seguinte balanço:
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Fonte: elaborada pelo autor.
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molécula NAD+, formando NADH, que, em seguida, transporta esses elétrons para
a cadeia respiratória para o processo de fosforilação oxidativa. Na Figura 2.18,
temos um esquema representativo da oxidação do piruvato.
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Figura 2.18 | Esquema representativo da oxidação do piruvato
seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
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alcoólica. A finalidade da fermentação alcoólica é a mesma, ou seja, regenerar NAD
seõçatona reV
para manter a glicólise funcionando. Nesse tipo de fermentação, há duas reações
químicas, sendo a primeira a conversão do piruvato em acetaldeído (reação
catalisada pela enzima piruvato-descarboxilase e com a produção de uma
molécula de CO ); na segunda reação, ocorre a transferência de elétrons de
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as células possuem uma via metabólica que é capaz de sintetizar novas moléculas
seõçatona reV
de glicose a partir de aminoácidos, lactato e glicerol (molécula liberada da hidrólise
dos triacilgliceróis), e essa via metabólica é a gliconeogênese, ocorrendo
principalmente no fígado, responsável por até 90% da gliconeogênese, e em menor
proporção nos rins.
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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
EXEMPLIFICANDO
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Vimos o sentido da reação em que o piruvato é convertido em lactato,
porém também ocorre o sentido inverso da reação, ou seja, o lactato é
seõçatona reV
convertido em piruvato. Essa última reação ocorre quando a oxigenação
dos tecidos é suficiente para atender a sua demanda metabólica. Então,
quando o lactato é convertido em piruvato, ocorre uma reação de redução,
em que NAD+ recebe elétrons, tornando-se NADH. Porém, para que essa
redução aconteça, é necessária a participação de um próton, portanto, para
cada lactato convertido em piruvato, ocorre a retirada de um próton do
meio, o que neutraliza a acidez e eleva o pH.
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monossacarídeos que são absorvidos pela mucosa duodenal. Os dissacarídeos
mais importantes na digestão de carboidratos são: sacarose, lactose e maltose.
seõçatona reV
Considerando esses dissacarídeos, as glicosidases responsáveis pelas suas
hidrólises e os produtos resultantes dessas hidrólises enzimáticas, assinale a
alternativa correta.
a. A sacarose é hidrolisada em uma reação catalisada pela sacarase, resultando na liberação de duas
unidades de glicose.
b. A enzima lactase, presente na mucosa bucal, catalisa a hidrólise da lactose, resultando na liberação de
frutose e galactose.
e. A hidrólise do amido é catalisada pela maltase, originando a maltose, que, em seguida, é degradada em
glicose com a participação da alfa-amilase.
Questão 2
A glicose é uma molécula polar e, portanto, não consegue atravessar a barreira
lipídica da membrana plasmática, logo, para entrar na célula, ela necessita do
auxílio de uma família de proteínas transmembranas, chamadas de
transportadores de glicose (GLUT). Existem várias isoformas de GLUT com
diferenças espaciais, físico-químicas e funcionais.
a. As isoformas GLUT-1 e GLUT-3 estão presentes em quase todas as células e são responsáveis pela
captação basal de glicose. A quantidade e a atividade dessas isoformas de GLUT dependem da ação da
insulina.
b. GLUT-2 das células beta pancreáticas serve como sensor de glicemia; só é ativo em casos de
hiperglicemia, como ocorre logo após as refeições, e sua ativação leva à liberação de insulina pelas células
beta pancreáticas.
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d. A isoforma GLUT-4 está presente nas fibras musculares e adipócitos, permitindo a captação basal de
glicose por essas células. A quantidade dessa isoforma nas células não depende da ação da insulina.
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e. A ação hipoglicemiante da insulina ocorre por meio do estímulo ao aumento da quantidade da isoforma
GLUT-2 nos hepatócitos, assim, essas células conseguem captar mais glicose da circulação sanguínea,
seõçatona reV
abaixando a glicemia.
Questão 3
Em caso de parada cardíaca, cessa o fluxo sanguíneo aos tecidos e, portanto,
estabelece-se uma situação de anóxia ou hipóxia. Após a ressuscitação
cardiopulmonar (RCP), a função cardiovascular é retomada, permitindo o retorno
da circulação sanguínea e, portanto, da oferta de gás oxigênio aos tecidos. Porém,
verifica-se que o paciente apresenta acidose metabólica pós-RCP.
b. Em situação de anóxia ou hipóxia, a oxidação completa da glicose ocorre em altas taxas, fornecendo
muita energia e lactato. Com o excesso de lactato, o pH do sangue diminui, o que caracteriza a acidose
metabólica.
c. O gás oxigênio não é importante para a produção de energia, pois a respiração anaeróbica, representada
pela glicólise, é a principal fornecedora de ATPs para as necessidades das células.
d. Na parada cardíaca, ocorre aumento das taxas de glicogenólise e gliconeogênese, o que possibilita maior
oferta de glicose para a fermentação. Nessa via metabólica, a glicose é convertida em lactato, que, em
excesso, provoca acidose metabólica.
REFERÊNCIAS
ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o
meio ambiente. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.
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BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Glicólise e gliconeogênese. In: BERG, J. M.;
TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. (Org.). Bioquímica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-
Koogan, 2014.
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BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Metabolismo do Glicogênio. In: BERG, J. M.;
TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. (Org.). Bioquímica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-
seõçatona reV
Koogan, 2014.
NELSON, D. L.; COX, M. M. Ciclo do ácido cítrico. In: NELSON, D. L.; COX, M. M.
(Org.). Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
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seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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mitocondrial, devido à redução da quantidade de aceptor final de elétrons: o gás
seõçatona reV
oxigênio. Com o tempo, ocorre acúmulo de NADH e redução do nível intracelular
de NAD+, o que resulta em interrupção da glicólise, a única via produtora de
energia em condições anaeróbicas. Para evitar a interrupção da glicólise, as células
tumorais utilizam a via metabólica de regeneração de NADH: a fermentação. Nessa
via metabólica de redução, o piruvato é convertido em lactato ou ácido láctico,
enquanto NADH cede seus elétrons para a reação química, tornando-se NAD+.
Com o aumento da disponibilidade de NAD+, devido à fermentação, a glicólise
continua funcionando para a produção de energia, ao mesmo tempo, as células
tumorais, devido à alta taxa de crescimento do tumor, necessitam de muita
energia para atender às elevadas demandas metabólicas.
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Essa poderia ser uma forma de responder à situação-problema, mas a partir do
que foi discutido nesta seção, você tem condições de propor e discutir novas
seõçatona reV
respostas com o seu professor e seus colegas.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
CONCEITOS DE BIOQUÍMICA NA EXPLICAÇÃO DE TRATAMENTOS PARA
DIABETES MELLITUS
As vias metabólicas apresentadas nesta seção podem ser úteis para compreender
e solucionar várias situações na sua futura prática profissional, então, vamos
aproveitar para contextualizar mais uma aplicação dos conceitos abordados nesta
seção. Vamos imaginar que você trabalha em uma unidade de saúde que está
realizando uma campanha de prevenção e tratamento da diabetes mellitus tipo 2.
Uma das pessoas que procuraram o serviço da campanha apresentou
hiperglicemia no teste e foi encaminhada ao médico. Após exames adicionais, foi
diagnosticado diabetes mellitus tipo 2 e o médico prescreveu acarbose, um
inibidor de alfa-glicosidases do trato gastrintestinal, e exercícios físicos; caso não
resolvesse, haveria a possibilidade do uso de insulina. Nessa situação hipotética,
como você aplicaria os conhecimentos de Bioquímica obtidos nesta seção para
explicar a relação entre o controle glicêmico e a prescrição médica (acarbose,
exercícios físicos e insulina)?
RESOLUÇÃO
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permite um melhor controle glicêmico. No caso dos exercícios físicos, essa
seõçatona reV
prática induz o aumento da quantidade de GLUT-4 nas fibras musculares
esqueléticas e, portanto, aumenta a capacidade muscular de captação de
glicose da corrente sanguínea; ou seja, os exercícios físicos apresentam um
efeito hipoglicemiante, o que ajuda no controle glicêmico do paciente. Por fim,
no caso da necessidade de insulina, esse fármaco tem a mesma ação da
insulina endógena, ou seja, vai estimular o aumento da quantidade de GLUT-4
nas fibras musculares e adipócitos, consequentemente, o aumento da
captação de glicose do sangue. Além disso, a insulina também estimula a
glicogênese e inibe a gliconeogênese; com esses efeitos, a insulina também
promove o controle glicêmico, importante no caso da diabetes mellitus.
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BIOENERGÉTICA
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Christian Grassl
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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NAD são utilizados para a produção de energia na cadeia respiratória pelo
seõçatona reV
processo de fosforilação oxidativa.
Além disso, teremos a via das pentoses-fosfato, uma série de reações químicas em
que ocorre a oxidação da glicose, resultando na formação do monossacarídeo
ribose-5-fosfato, componente essencial para a síntese de ácidos nucleicos DNA e
RNA. Como essa via metabólica envolve reação oxidativa, teremos transferência de
elétrons, porém não para a molécula NAD, a carreadora de elétrons que
estudamos na seção anterior. Agora, teremos a participação de outra carreadora
de elétrons: a NADP, que é fundamental para fornecer elétrons em muitas reações
de vias metabólicas de biossíntese. Por fim, estudaremos as vias metabólicas que
envolvem outras hexoses: a frutose e a galactose.
Todos esses conceitos que serão abordados nesta seção apresentam grande
relevância na área da Saúde, pois estão relacionados à homeostasia, a
mecanismos fisiopatológicos de muitas doenças e aos efeitos farmacológicos de
alguns fármacos. Portanto, os assuntos abordados nesta seção são importantes
para a sua formação profissional e serão úteis para a compreensão, a análise e a
resolução de várias situações que poderão ocorrer na área da Saúde.
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restaurante de culinária mediterrânea e, por uma imprudência, acabou comendo
seõçatona reV
um prato à base de feijão-fava; após isso, o paciente começou a apresentar
palidez, icterícia, cansaço extremo, sonolência e urina escura.
Você se interessou pelo caso e resolveu pesquisar mais sobre o assunto. Algumas
questões levantadas:
Essas questões são apenas o ponto de partida para mais questionamentos e para
estimular a sua procura por mais conhecimentos. A situação-problema proposta é
uma pequena amostra da importância dos conhecimentos de bioquímica na
prática clínica e nas pesquisas na área da Saúde.
O estudo é uma tarefa que apresenta muitas dificuldades, por isso, é importante
se dedicar com afinco para superar essas dificuldades e, com isso, obter resultados
que contribuam para o seu crescimento e amadurecimento como ser humano e
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CONCEITO-CHAVE
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Nesta seção, daremos continuidade ao estudo das vias metabólicas, abordaremos
seõçatona reV
os componentes e o mecanismo de funcionamento da cadeia respiratória e
veremos como os elétrons gerados em várias reações oxidativas de diferentes vias
metabólicas são utilizados para a produção de energia na cadeia respiratória pelo
processo de fosforilação oxidativa.
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ASSIMILE
seõçatona reV
Precisamos diferenciar dois processos importantes: a transformação física e
a transformação química (também chamada de reação química). Na
transformação física, as moléculas continuam intactas, o que altera é a
relação entre elas, isto é, as ligações intermoleculares e a liberdade de
movimentação das moléculas. Como exemplo, temos o gelo (forma sólida),
a água (forma líquida) e o vapor de água (forma gasosa). Todas essas
formas são constituídas pela mesma molécula, H 2O , então, o que muda?
Apenas a relação entre as moléculas de água. Já na transformação química
ou reação química, as moléculas iniciais, chamadas de reagentes, são
transformadas em novas moléculas, diferentes das iniciais, chamadas de
produtos. Por exemplo: a queima da madeira, uma reação química
chamada de combustão. Nesse exemplo, a madeira, constituída por
moléculas orgânicas (presença do átomo de carbono), ao reagir com o gás
oxigênio ( O ) origina o gás carbônico ( CO ), então, nessa reação química,
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O sistema pode ser classificado em aberto (troca energia e matéria com o entorno),
fechado (só troca energia com o entorno) e isolado (não troca nada com o
entorno). As células são exemplos de sistemas abertos, pois trocam energia e
substâncias com o meio circundante. Os conceitos de trabalho e energia já foram
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abordados anteriormente no texto, então, faltou definirmos calor, que é a energia
seõçatona reV
em movimento devido à diferença de temperatura entre dois meios.
Com base nos conceitos de energia interna e entalpia, foi estabelecida a Primeira
Lei da Termodinâmica ou Princípio da Conservação de Energia, que declara que a
energia interna de um sistema isolado é constante. Podemos desdobrar esse
conceito e dizer que a energia do universo é constante, ou seja, a energia pode ser
transferida entre o sistema e o entorno ou ser transformada em outra, porém
jamais destruída ou criada. Por exemplo: a energia química armazenada no ATP é
utilizada na interação entre actina e miosina, duas proteínas contráteis das fibras
musculares, permitindo a contração da fibra muscular. Com isso, essa energia
química é convertida em energia cinética, que resulta em movimentos do corpo.
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Um processo físico ou químico é espontâneo quando ocorre sem a necessidade de
ser induzido por fatores externos. O fato de ser espontâneo não quer dizer que o
seõçatona reV
processo seja rápido, significa que o processo é energeticamente favorável, e é aí
que entram as enzimas que estudamos na Unidade 1, pois essas proteínas, ao
reduzirem a energia de ativação da reação química, tornam bem mais rápidos os
processos espontâneos, o que é fundamental para a viabilidade da vida. Associado
à espontaneidade do processo, temos o parâmetro termodinâmico da entropia,
que é uma medida da desordem ou da aleatoriedade de um sistema. Assim, um
valor alto de entropia significa muita desordem no sistema, enquanto um valor
baixo de entropia indica pouca desordem no sistema. Em um sistema isolado, o
processo espontâneo leva a um aumento da desordem do sistema, e baseada no
conceito de entropia, temos a Segunda Lei da Termodinâmica, que afirma que toda
transformação de uma forma de energia em outra e a transferência de energia
entre o sistema e o entorno aumentam a entropia do universo. Quando estamos
em atividade física, aumentamos a entropia do universo, pois liberamos calor para
o entorno com o aumento da sudorese, em resposta ao aumento da temperatura
interna do organismo, bem como aumentamos a oxidação de glicose e de ácidos
graxos para produção de energia. O resultado do aumento da oxidação dessas
moléculas, além da energia e do calor, é a formação de grandes quantidades de
água e gás carbônico que são eliminados para o entorno, com isso, aumenta-se a
desordem do entorno e, portanto, do universo.
As células são sistemas biológicos formados por moléculas com alto grau de
organização nas suas estruturas, então, isso quer dizer que os sistemas biológicos
não respeitam a Segunda Lei da Termodinâmica? Negativo. Os sistemas biológicos
(células, tecidos, organismos), apesar da sua organização, respeitam as leis da
termodinâmica, o que acontece é um equilíbrio entre os sistemas biológicos e o
seu entorno em relação à entropia. Para os sistemas biológicos manterem o seu
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digestivo, são convertidas em glicose, que, posteriormente, pelo processo
seõçatona reV
oxidativo, será transformada em energia, calor, gás carbônico e água. Assim sendo,
o organismo receberá moléculas mais organizadas e devolverá ao entorno maior
número de moléculas pequenas, água e gás carbônico, além do calor, que
aumentará a energia cinética das moléculas do entorno, logo, o organismo
contribuirá para aumentar a entropia do entorno, permitindo o aumento do grau
de organização dentro do organismo.
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muscular). A energia para o trabalho celular é proveniente da molécula trifosfato
seõçatona reV
de adenosina (ATP), que é composta pela ribose (monossacarídeo), pela adenina
(base nitrogenada) e por três grupos fosfato. A molécula de ATP libera energia
quando a ligação química do último grupo fosfato é rompida, originando a
molécula de ADP (difosfato de adenosina) e fosfato inorgânico. Na Figura 2.22,
podemos verificar a estrutura e a reação de hidrólise do ATP.
Figura 2.22 | Estrutura do ATP e a reação de hidrólise do ATP para liberar energia
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Nas células, a energia liberada pelo ATP ativa as reações endergônicas, em geral,
envolvendo a fosforilação de moléculas. Podemos citar como exemplo a
fosforilação da glicose com a formação da glicose-6-fosfato, que ocorre devido à
transferência de grupo fosfato do ATP. As reações endergônicas e exergônicas são
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acopladas, permitindo que o processo, no final, seja exergônico, como na oxidação
seõçatona reV
da glicose para produção de energia. A regeneração do ATP depende da energia
livre liberada pelas reações exergônicas e dos elétrons gerados nas reações de
oxidação, como a oxidação da glicose e do ácido graxo, que permite a adição do
fosfato inorgânico ao ADP para formar o ATP.
As principais fontes de energia livre para regeneração do ATP são: glicólise, ciclo do
ácido cítrico, oxidação do ácido graxo e fosforilação oxidativa.
EXEMPLIFICANDO
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formação de acetil-CoA, o piruvato é o redutor, pois perde elétrons e os transfere
seõçatona reV
para o NAD+, que age como oxidante. Apesar de o termo oxidação remeter ao gás
oxigênio, muitas reações de oxidação ocorrem sem a participação dessa molécula.
O conjunto das reações de oxirredução que ocorrem nos sistemas biológicos é
denominado de oxidação biológica. Na figura 2.23, destacamos o processo redox
da equação resumida da respiração celular.
A energia presente na glicose, nos ácidos graxos e nos aminoácidos é liberada aos
poucos, em várias etapas, cada uma catalisada por uma enzima específica. Nessas
etapas, a energia dessas fontes energéticas pode ser transferida diretamente para
o ADP por meio da sua fosforilação, originando o ATP. A outra possibilidade é a
transferência de elétrons dessas fontes energéticas para os carreadores de
elétrons NAD (nicotinamida adenina dinucleotídeo) e FAD (flavina adenina
dinucleotídeo), e esses elétrons serão, posteriormente, transferidos para a cadeia
respiratória ou cadeia de transporte de elétrons, onde serão utilizados para o
processo de fosforilação oxidativa. As oxidações da glicose, dos ácidos graxos e
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Na membrana interna da mitocôndria, entre o espaço intermembranoso e a matriz
mitocondrial, encontramos a cadeia respiratória ou cadeia de transporte de
seõçatona reV
elétrons, que é formada por vários componentes, especialmente por proteínas.
Esses componentes estão organizados em 4 complexos proteicos, transportadores
de elétrons com certa mobilidade, presentes na membrana interna da
mitocôndria, e um canal de prótons associado à enzima ATP sintase.
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Figura 2.24 | Representação dos componentes e do mecanismo de funcionamento da cadeia
seõçatona reV
respiratória
Na Figura 2.25, podemos ver uma escada de intermediários à medida que ocorrem
as reduções. Na primeira redução, a molécula de oxigênio é convertida em radical
superóxido; em seguida, o radical superóxido é reduzido à peróxido de hidrogênio;
este, por sua vez, é reduzido à radical hidroxila; por fim, o radical hidroxila é
reduzido à molécula de água.
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Figura 2.25 | Representação das reações químicas envolvidas na redução do gás oxigênio ( O ) à 2
molécula de água
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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
REFLITA
Com a atividade das bombas de prótons dos Complexos I, III e IV, é criado um
gradiente eletroquímico de prótons por meio da membrana interna da
mitocôndria com maior concentração de prótons no espaço intermembranoso e
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matriz mitocondrial que passa pelos canais de prótons. A energia associada ao
seõçatona reV
fluxo de prótons é utilizada pela enzima ATP sintase para fosforilar o ADP,
formando, assim, o ATP. Portanto, a energia cinética do fluxo de prótons é
transformada em energia química armazenada no ATP. Esse mecanismo de
fosforilação oxidativa dependente do gradiente eletroquímico de prótons por meio
da membrana interna da mitocôndria é chamado de modelo quimiosmótico.
Podemos ver a fosforilação oxidativa na Figura 2.24.
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A via das pentoses-fosfato é dividida em duas fases, a de geração de NADPH com
reações irreversíveis e a interconversão não oxidativa de monossacarídeos com
seõçatona reV
reações reversíveis. A fase de reações irreversíveis inicia-se com a oxidação da
glicose-6-fosfato para formar 6-fosfogliconolactona, reação catalisada pela enzima
glicose-6-fosfato desidrogenase. Como é uma reação de oxidação, há transferência
de elétrons para a formação de NADPH. Em seguida, 6-fosfogliconolactona é
convertido em 6-fosfogliconato e, finalmente, encerra-se a primeira fase de
reações, havendo a oxidação de 6-fosfogliconato, reação catalisada pela enzima 6-
fosfogliconato desidrogenase, para formar D-ribulose-5-fosfato, uma molécula de
NADPH e uma molécula de gás carbônico. Portanto, na fase de reações
irreversíveis ou de geração de NADPH, temos a formação de duas moléculas de
NADPH.
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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
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FAÇA A VALER A PENA
seõçatona reV
Questão 1
A via das pentoses-fosfato, um conjunto de reações químicas presente no citosol,
utiliza a glicose-6-fosfato como substrato inicial. Após uma série de reações
químicas, ribose-5-fosfato é formada. Além disso, essa via possui reações
oxidativas com transferência de elétrons para carreadores.
a. Na via das pentoses-fosfato, há formação de NADH, importante para a redução da glutationa em uma
reação catalisada pela glutationa peroxidase.
b. Ocorre a formação de FADH2 na via das pentoses-fosfato; em seguida, FADH2 leva os elétrons para a
cadeia respiratória.
d. NADPH, formada na via das pentoses-fosfato, é uma importante carreadora de elétrons para a cadeia
respiratória.
e. Na via das pentoses-fosfato, ocorre a formação de NADPH, NADH e FADH2, além de ela gerar energia livre
para a síntese de ATP.
Questão 2
A bioenergética é o estudo das transformações e transferências de energia que
ocorrem nos sistemas biológicos (células, tecidos, organismos). Essa área da
ciência é baseada nos princípios de termodinâmica, sendo importantes os
conceitos de entalpia, entropia e energia livre de Gibbs para se compreender o
fluxo de energia nos sistemas biológicos.
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a. Quantidade de energia de um sistema que pode ser transformada em calor; medida da desordem de um
sistema; quantidade de energia de um sistema capaz de realizar trabalho durante uma reação química.
b. Quantidade de energia de um sistema capaz de realizar trabalho durante uma reação química; medida da
desordem de um sistema; quantidade de energia de um sistema que pode ser transformada em calor.
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c. Medida da desordem de um sistema; quantidade de energia de um sistema que pode ser transformada
em calor; quantidade de energia de um sistema capaz de realizar trabalho durante uma reação química.
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d. Quantidade de energia de um sistema que pode ser transformada em calor; quantidade de energia de um
sistema capaz de realizar trabalho durante uma reação química; medida da desordem de um sistema.
e. Quantidade de energia de um sistema capaz de realizar trabalho durante uma reação química;
quantidade de energia de um sistema que pode ser transformada em calor; medida da desordem de um
sistema.
Questão 3
A cadeia respiratória é composta por complexos proteicos, carreadores de elétrons
e canais de prótons associados à enzima ATP sintase; ela está presente na
membrana interna da mitocôndria e é responsável pelo processo de fosforilação
oxidativa — responsável pela produção da maior parte dos ATPs utilizados pelo
organismo.
a. Os elétrons transferidos por FADH2 ativam a bomba de prótons presente no Complexo II; com isso, o
Complexo II transporta prótons da matriz mitocondrial para o espaço intermembranoso.
b. NADPH, formada nas reações de oxidação da via das pentoses-fosfato, transfere os elétrons para o
Complexo I; dessa maneira, a bomba de prótons desse complexo é ativada para o transporte de prótons.
c. As bombas de prótons dos Complexos I, II, III e IV, ativadas por ATP, são responsáveis pela criação de um
gradiente eletroquímico de prótons por meio da membrana interna da mitocôndria.
d. NADH e FADH2 transferem os elétrons provenientes de reações oxidativas (glicólise, oxidação do piruvato,
ciclo do ácido cítrico e oxidação de ácidos graxos) para os Complexos II e IV, respectivamente.
e. O gradiente eletroquímico de prótons é a força motriz para a geração de um fluxo de prótons para a
matriz mitocondrial. Ao passar pelos canais de prótons, a energia associada a esse fluxo é convertida em
energia química pela ATP sintase.
REFERÊNCIAS
ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de química: questionando a vida moderna e o
meio ambiente. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.
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BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. (Org.). Bioquímica. 7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara-Koogan, 2014.
seõçatona reV
FERRIER, D. R. Bioenergética e fosforilação oxidativa. In: FERRIER, D. R. (Org.).
Bioquímica ilustrada. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.
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As células, incluindo os eritrócitos, dependem de sistemas antioxidantes para
neutralizar os radicais livres e as substâncias oxidantes. Um dos principais
seõçatona reV
sistemas antioxidantes é o da glutationa (GSH); esse tripeptídeo contém cisteína na
sua composição.
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Essa pode ser uma forma de responder à situação-problema, mas, a partir do que
0
foi discutido nesta seção, você tem condições para propor e discutir novas
respostas com o seu professor e seus colegas.
seõçatona reV
AVANÇANDO NA PRÁTICA
INIBIDORES DA FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA
O uso de inibidores de proteínas permite o estudo das funções dessas proteínas,
como na cadeia respiratória mitocondrial; além disso, a intoxicação por esses
inibidores pode causar danos ao organismo, adquirindo uma importância clínica.
Então, vamos aproveitar para contextualizar mais uma aplicação dos conceitos
abordados nesta seção; vamos imaginar que você está trabalhando em um projeto
de pesquisas sobre o funcionamento da cadeia respiratória e o mecanismo da
fosforilação oxidativa. Para o seu trabalho, você usou inibidores específicos dos
complexos proteicos da cadeia respiratória para determinar o papel deles na
fosforilação oxidativa. Os inibidores utilizados foram a rotenona, um inibidor do
Complexo I, e o cianeto, um inibidor do Complexo IV. Utilizando em cada ensaio
um inibidor diferente, você coletou os dados. No primeiro ensaio com a rotenona,
houve a inibição do Complexo I, o que resultou em reduções do consumo de O2 e
de síntese de ATP; no segundo ensaio com o cianeto, houve a inibição do
Complexo IV, o que resultou nas interrupções do consumo de O e da síntese de 2
RESOLUÇÃO
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Como os Complexos III e IV possuem atividade de bomba de prótons, tivemos
a formação do gradiente eletroquímico de prótons por meio da membrana
seõçatona reV
interna da mitocôndria e, consequentemente, o fluxo de prótons para a matriz
mitocondrial; dessa maneira, a energia do fluxo de prótons foi utilizada pela
enzima ATP sintase para síntese de ATP e, por isso, houve o consumo de e a
síntese de ATP no primeiro ensaio, mesmo que reduzidos. Essa redução
ocorreu devido à interrupção da transferência de elétrons de NADH para o
Complexo I; no segundo ensaio, o cianeto inibiu o Complexo IV, com isso, o O 2
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Christian Grassl
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
CONVITE AO ESTUDO
Caro aluno, estamos na Unidade 3. Nela, abordaremos vários conceitos
importantes de bioquímica, como os lipídeos e as suas propriedades, seus tipos,
suas funções, bem como as vias metabólicas envolvendo a sua síntese e
degradação. Os lipídeos formam a última classe de biomoléculas que estudaremos
neste livro, sendo que as proteínas e os carboidratos foram estudados nas
Unidades 1 e 2, respectivamente. Na última unidade do livro, estudaremos as
vitaminas e os minerais.
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corpos cetônicos.
seõçatona reV
Na seção 2, o objetivo é nos aprofundarmos nas vias metabólicas envolvendo os
lipídeos. Então, vamos estudar a digestão e a absorção de lipídeos da alimentação,
as lipoproteínas (quilomícron, VLDL, IDL, LDL e HDL) e o transporte de lipídeos na
corrente sanguínea, além do metabolismo dos fosfolipídeos e do colesterol.
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Nesta seção, iniciaremos a nossa jornada pelos assuntos relacionados aos lipídeos.
Essas biomoléculas têm papel importante na manutenção da vida, pois não só
armazenam e fornecem energia ao organismo como também são os componentes
que formam a membrana plasmática de todas as células, tanto as eucarióticas
0
quanto as procarióticas. Além disso, os lipídeos são precursores de importantes
seõçatona reV
produtos biológicos, como as vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), os sais biliares e
os hormônios esteroides (glicocorticoides, aldosterona, estrógeno, progesterona e
testosterona).
Muitos dos assuntos que serão abordados nesta seção têm implicações clínicas,
sendo de grande relevância para a sua formação profissional na área da Saúde.
Esses assuntos serão úteis para a compreensão, análise e resolução de várias
situações que poderão ocorrer na sua carreira profissional nessa área.
No seu trabalho, você lida com vários casos de diabetes mellitus tipo 1. Esse tipo
responde por 5 a 10% dos casos de diabetes mellitus. Em geral, o início ocorre
antes dos 20 anos, por isso, é conhecida como diabetes juvenil. Trata-se de uma
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doença autoimune que leva à destruição das células beta-pancreáticas, que são as
células responsáveis pela síntese de insulina. Com isso, há uma deficiência de
insulina nos pacientes, o que resulta em hiperglicemia. Além disso, pela redução da
disponibilidade de glicose celular, os hormônios contrarregulatórios entram em
0
ação, como o glucagon, e em resposta à deficiência de insulina e ao aumento da
seõçatona reV
secreção de glucagon, ocorre o aumento da lipólise nos adipócitos, o que eleva à
oferta de ácidos graxos aos tecidos. Você verificou que esses pacientes, quando
não tratados adequadamente, apresentam uma série de consequências, como
poliúria, polidipsia, emagrecimento, polifagia, cetonemia, cetonúria e risco de
cetoacidose. Interessado pelo assunto e com muitas dúvidas a respeito dos
aspectos bioquímicos envolvidos no diabetes mellitus tipo 1, você, diante disso,
resolveu pesquisar mais sobre o assunto e algumas questões foram levantadas:
4. Por que o paciente com diabetes mellitus tipo 1 não tratado adequadamente
apresenta odor cetônico?
Essas questões são apenas o ponto de partida para mais questionamentos e para
estimular a sua procura por mais conhecimento. A situação-problema proposta é
uma pequena amostra da importância dos conhecimentos de bioquímica na
prática clínica e nas pesquisas na área da Saúde.
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seõçatona reV
CONCEITO-CHAVE
Os lipídeos formam uma família de biomoléculas com propriedades físico-químicas
bem diversas, o que determina uma grande diversidade de funções biológicas. A
característica que permite agrupar essas biomoléculas em um único grupo, o dos
lipídeos, é a relativa insolubilidade em água. Os tipos de lipídeos mais importantes
biologicamente são os triacilgliceróis, os fosfolipídeos e os esteróis, que serão
estudados ao longo da Unidade 3. Além disso, temos um lipídeo de grande
importância: o ácido graxo, a unidade de construção dos lipídeos mais
importantes.
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interações entre células e entre células e matriz extracelular, bem como são os
principais componentes do surfactante, composto produzido pelas células
alveolares, que reduz a tensão superficial nos alvéolos, permitindo a sua expansão
para entrada de ar.
0
seõçatona reV
ÁCIDOS GRAXOS: ESTRUTURA E FUNÇÕES
Os ácidos graxos servem como fontes de energia para as células e também como
precursores de lipídeos mais complexos, então, vamos nos dedicar a estudar um
pouco sobre os ácidos graxos, que são moléculas formadas por um esqueleto
hidrocarbônico, ou seja, apenas átomos de carbono e de hidrogênio estão
presentes nessa cadeia. Em geral, o comprimento da cadeia hidrocarbônica é de 4
a 36 átomos de carbono; além disso, na extremidade da cadeia hidrocarbônica,
temos o grupo carboxila, por isso, os ácidos graxos são classificados como ácidos
carboxílicos. Podemos ver a estrutura do ácido graxo na Figura 3.1.
ASSIMILE
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bicarbonato.
seõçatona reV
O átomo de carbono é tetravalente, ou seja, precisa fazer quatro ligações
químicas covalentes para ganhar estabilidade. Entre os átomos de carbono,
pode-se formar uma ligação simples, ligação dupla ou ligação tripla. Quanto
aos tipos de ligação química entre os átomos de carbono, as cadeias
orgânicas podem ser classificadas em saturadas, quando só há ligações
simples entre os átomos de carbono, e insaturadas, quando existem
ligações duplas ou triplas entre os átomos de carbono.
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fixas, resultando em dois isômeros, cis e trans. Na isomeria cis, os ligantes
seõçatona reV
iguais dos dois átomos de carbono da ligação dupla ficam no mesmo lado
do plano que divide a molécula ao meio, enquanto na isomeria trans, os
ligantes iguais dos dois átomos de carbono ficam em lados opostos do
plano.
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cis, os átomos de hidrogênio (ou as cadeias de acil), ligados aos carbonos da
seõçatona reV
ligação dupla, estão no mesmo plano, enquanto na configuração trans, esses
átomos de hidrogênio (ou as cadeias de acil) estão em lados opostos do plano. A
figura 3.3 ilustra as configurações (ou isômeros) cis e trans da ligação dupla dos
ácidos graxos insaturados.
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trans (ou gordura trans), uma vez que aumentam os níveis de LDL (considerado o
“mau colesterol”) e reduzem os níveis de HDL (considerado o “bom colesterol”) no
organismo, promovendo um aumentando no risco de aterosclerose. Além disso, os
ácidos graxos trans aumentam a resposta inflamatória do organismo, o que
0
também contribui para a formação de ateromas. Atualmente, as indústrias
seõçatona reV
alimentícias têm reduzido ou até eliminado o uso de gordura trans ou hidrogenada
na fabricação de muitos alimentos.
Figura 3.4 | Interações intermoleculares entre os ácidos graxos saturados e entre os ácidos graxos
insaturados
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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
ASSIMILE
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identificar a localização das ligações duplas no caso dos ácidos graxos insaturados.
O último carbono da cadeia hidrocarbônica é chamado de carbono ômega,
independentemente do comprimento dessa cadeia.
0
Uma forma usual de classificar os ácidos graxos poli-insaturados é identificar a
primeira ligação dupla a partir do carbono ômega; assim, temos dois tipos de
seõçatona reV
ácidos graxos poli-insaturados: o ômega-3, com a primeira ligação dupla no
carbono 3 a partir do carbono ômega, e o ômega-6, com a primeira ligação dupla
no carbono 6 a partir do carbono ômega. O ácido graxo ômega-9 é do tipo
monoinsaturado e sua ligação dupla está no carbono 9 a partir do carbono ômega.
Na Figura 3.5, podemos ver a comparação entre as estruturas dos ácidos graxos
poli-insaturados ômega-3 e ômega-6.
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Os ácidos graxos poli-insaturados fazem parte da estrutura dos fosfolipídeos da
seõçatona reV
membrana plasmática e são precursores de importantes produtos biológicos. O
ácido araquidônico, do tipo ômega-6, é precursor de prostaglandinas e tem papeis
importantes na mediação da inflamação e na manutenção da homeostasia de
vários tecidos do organismo. Além disso, nas plaquetas, o ácido araquidônico é
precursor do tromboxano A2, um dos principais participantes da hemostasia
(mecanismos fisiológicos que interrompem o sangramento), por meio da
agregação plaquetária e da vasoconstrição local. Os ácidos graxos ômega-3 são
precursores de agentes anti-inflamatórios, como as resolvinas e os docosatrienos,
substâncias importantes para manter o equilíbrio do processo inflamatório,
fundamental para a proteção do sistema cardiovascular. Além disso, os ácidos
graxos ômega-3 possuem outros efeitos protetores para o sistema cardiovascular,
como efeitos anti-arrítmicos, anti-trombóticos, redução da pressão arterial e
redução dos níveis de triglicérides e de LDL (“mau colesterol”), que retardam ou
previnem a formação de ateromas e outros problemas cardiovasculares. Muitos
trabalhos científicos mostram os benefícios dos ácidos graxos ômega-3 no controle
glicêmico, pois reduzem a resistência insulínica. Há evidências científicas de que
essas substâncias inibem a carcinogênese, melhoram o desempenho cognitivo e
são importantes para o desenvolvimento do encéfalo durante a embriogênese e o
período neonatal.
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consegue produzi-los, por isso, esses ácidos graxos precisam ser obtidos
obrigatoriamente pela alimentação. A biossíntese de ácidos graxos ocorre no
citosol e envolve a incorporação dos carbonos do acetil-CoA na cadeia de ácido
graxo em crescimento. Esse processo consome energia fornecida pelo ATP e
0
elétrons transferidos pelo NADPH (nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato) nas
seõçatona reV
reações de redução.
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Figura 3.6 | Esquema da biossíntese de ácido graxo
seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
Inicialmente, como os ácidos graxos são insolúveis na água, essas moléculas ligam-
se às proteínas plasmáticas chamadas de albumina; dessa maneira, os ácidos
graxos são transportados pela corrente sanguínea aos tecidos. Uma vez que os
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ácidos graxos estão presentes dentro das células, o próximo passo é entrar nas
mitocôndrias, mais precisamente na matriz mitocondrial, onde se encontram as
enzimas da beta oxidação. Esse transporte de ácidos graxos para a matriz
mitocondrial pode ser dividido em duas etapas: a passagem pela membrana
0
externa e a passagem pela membrana interna.
seõçatona reV
A primeira etapa do transporte de ácido graxo do citosol para dentro da
mitocôndria envolve a adição da coenzima A (CoA) ao ácido graxo. Isso se dá em
uma reação catalisada por uma família de enzimas, chamadas de acil-CoA-
sintetases, com consumo de energia fornecida pelo ATP. O produto dessa reação é
o acil-CoA graxo, que atravessa a membrana externa da mitocôndria e alcança o
espaço intermembranoso, porém ele não consegue atravessar a membrana
interna para alcançar a matriz mitocondrial, aí entra a segunda etapa desse
transporte, que tem a participação de uma molécula orgânica chamada de
carnitina. A enzima carnitina-palmitoil-transferase I, presente na membrana
externa da mitocôndria, catalisa a transferência do grupo acil (ácido graxo) da CoA
para a carnitina, formando acil-graxo-carnitina; em seguida, pela ação de um
transportador específico na membrana interna, acil-graxo-carnitina é transportado
para a matriz mitocondrial. A enzima carnitina-palmitoil-transferase II, presente na
membrana interna, catalisa a clivagem do acil-graxo-carnitina, liberando a carnitina
e o ácido graxo; a carnitina livre retorna ao espaço intermembranoso por um
transportador específico na membrana interna, enquanto o ácido graxo passa a
ser substrato para a via metabólica chamada de beta oxidação. A entrada de
ácidos graxos na matriz mitocondrial mediada pela carnitina é o passo limitante
para a beta oxidação.
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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
EXEMPLIFICANDO
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muita energia, essencial para os tecidos com alta atividade metabólica,
seõçatona reV
como músculos e fígado, esses tecidos precisam consumir muito mais
glicose para compensar a falta da beta oxidação. Com isso, há risco de
hipoglicemia grave, que pode ser fatal. Além disso, podem ocorrer
cardiomiopatias e fraqueza muscular. Exercícios físicos intensos podem
provocar lesões nas fibras musculares (rabdomiólise), o que pode resultar
em mioglobinemia com grande risco de insuficiência renal, devido ao efeito
tóxico da mioglobina nos rins. Nesses casos, o tratamento é a
suplementação de carnitina.
REFLITA
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06/03/2024, 08:04 lddkls212_bio_apl_sau
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com 16 carbonos, resulta em 8 moléculas de acetil-CoA, sete moléculas de NADH e
seõçatona reV
sete moléculas de FADH2. Tanto FADH2 quanto NADH transportam elétrons para a
cadeia respiratória para a produção de energia, enquanto acetil-CoA é substrato
para o ciclo do ácido cítrico. O esquema da beta oxidação na mitocôndria está
representado na Figura 3.8.
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CORPOS CETÔNICOS
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Agora, estamos no último tópico desta seção, que abordará os corpos cetônicos,
seõçatona reV
levando-se em consideração a sua importância, síntese e degradação. Os corpos
cetônicos atuam como reservatórios plasmáticos de acetil-CoA para as células e,
portanto, são fontes de energia, visto que o acetil-CoA pode ser oxidado no ciclo do
ácido cítrico para a produção de energia.
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Na cetogênese, a primeira etapa é a condensação de duas moléculas de acetil-CoA,
seõçatona reV
uma reação catalisada pela enzima tiolase, resultando em acetoacetil-CoA. Em
seguida, o acetoacetil-CoA reage com acetil-CoA, formando beta-hidroxi-beta-
metilglutaril-CoA (HMG-CoA) em uma reação catalisada pela enzima HMG-CoA-
sintase. O próximo passo é a clivagem de HMG-CoA, catalisada pela enzima HMG-
CoA liase, resultando em acetoacetato e acetil-CoA. O acetoacetato já é um corpo
cetônico, mas também é precursor para formação dos dois outros corpos
cetônicos: acetona e beta hidroxibutirato. Para formar a acetona, o acetoacetato
sofre descarboxilação catalisada pela enzima acetoacetato-descarboxilase, o que
também resulta na formação de gás carbônico. No caso de beta hidroxibutirato, o
acetoacetato sofre redução catalisada pela enzima beta-hidroxibutirato-
desidrogenase, com elétrons fornecidos por NADH. O esquema da cetogênese está
representado na Figura 3.9.
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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
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Aqui, encerramos a primeira seção da Unidade 3 dedicada ao estudo dos lipídeos,
na qual levamos em consideração os seus tipos e suas funções. Enfatizamos um
seõçatona reV
tipo especial de lipídeo, o ácido graxo, pois constitui a unidade de construção da
maioria dos lipídeos e é uma importante fonte energética para os tecidos,
especialmente o muscular, por isso, estudamos as vias de biossíntese e de
oxidação dos ácidos graxos. Por fim, abordamos os corpos cetônicos, a cetogênese
e a cetólise.
a. O termo saturação se refere à presença de ligações duplas entre os carbonos da cadeia de ácido graxo.
b. Os ácidos graxos poli-insaturados possuem duas ou mais ligações duplas entre os carbonos da cadeia.
c. Nos ácidos graxos de origem natural, a ligação dupla possui configuração trans; a configuração cis é
obtida por processos industriais.
d. Os ácidos graxos insaturados possuem apenas ligações simples entre os carbonos da cadeia.
e. A cadeia hidrocarbônica é responsável por tornar o ácido graxo solúvel em água e outros compostos
polares.
Questão 2
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Em relação à via metabólica da beta oxidação, assinale a alternativa correta.
seõçatona reV
a. Os ácidos graxos, como são moléculas apolares, atravessam livremente as membranas mitocondriais e
alcançam a matriz mitocondrial para serem substratos da beta oxidação.
b. A carnitina, uma molécula orgânica, atua como cofator das enzimas responsáveis pelas reações
oxidativas da beta oxidação; é o passo limitante da beta oxidação.
c. A oxidação de uma ácido graxo longo, com 16 carbonos, por exemplo, gera menos moléculas de acetil-
CoA do que a oxidação da glicose.
d. A beta oxidação que ocorre nos peroxissomos também resulta na formação de NADH e FADH2, que
transportam os elétrons para a produção de energia na cadeia respiratória.
e. As reações oxidativas da beta oxidação transferem elétrons para a formação de NADH e FADH2, que
transportam esses elétrons para a cadeia respiratória.
Questão 3
Os corpos cetônicos, produzidos predominantemente pelo fígado, são reservas
energéticas plasmáticas que podem ser utilizadas pelas células, especialmente as
fibras musculares esquelética e cardíaca. Os corpos cetônicos também têm
importância clínica, pois estão associados ao quadro grave de cetoacidose
diabética.
a. Os hepatócitos e os eritrócitos são células que utilizam grandes quantidades de corpos cetônicos como
substratos energéticos.
b. No diabetes mellitus, devido ao alto consumo de corpos cetônicos pelas células, ocorre a cetonemia, ou
seja, a redução dos níveis plasmáticos de corpos cetônicos.
d. No jejum, mais ácidos graxos do tecido adiposo são mobilizados, a fim de se compensar a hipoglicemia,
com consequente redução da cetogênese, que depende da glicose.
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e. Nas células, os corpos cetônicos sofrem cetólise para a liberação das moléculas de acetil-CoA e a
oxidação no ciclo do ácido cítrico.
REFERÊNCIAS
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BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Lipídios e membranas celulares. In: BERG, J.
M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. (Org.). Bioquímica. 7. ed. Rio de Janeiro:
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Guanabara-Koogan, 2014.
BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Metabolismo dos ácidos graxos. In: BERG, J.
M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. (Org.). Bioquímica. 7. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara-Koogan, 2014.
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de corpos cetônicos aumenta, porém o consumo deles pelas células não aumenta
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na mesma proporção, o que leva ao acúmulo de corpos cetônicos no plasma, a
cetonemia. Nos rins, com a filtração plasmática, parte desses corpos cetônicos é
excretada, o que caracteriza a cetonúria, ou seja, a presença de corpos cetônicos
na urina.
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sanguíneo, porém, com a produção continuada de corpos cetônicos e a redução da
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concentração plasmática de íon bicarbonato, ocorre a acidemia, consequência da
acidose metabólica, que, uma vez decorrente do excesso de corpos cetônicos,
passa a ser chamada de cetoacidose diabética.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
RESOLUÇÃO
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completa, o que resulta em uma grande quantidade de energia,
principalmente para as fibras musculares esqueléticas. Apesar do uso da
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carnitina em suplementos alimentares para o aumento do desempenho físico
(efeito ergogênico) e até para o emagrecimento (efeito termogênico), esses
benefícios ainda não são consenso entre os pesquisadores. As pesquisas com a
carnitina têm mostrado resultados bem contraditórios; em casos de deficiência
de carnitina secundária (adeptos de alimentação vegana ou vegetariana,
subnutrição, casos de infecções graves, queimaduras e outros) ou primária
(doenças genéticas), a suplementação de carnitina mostra-se necessária e
apresenta benefícios. Mas voltando à questão, os possíveis efeitos
termogênico e ergogênico da carnitina se dão devido ao aumento da taxa de
beta oxidação e, portanto, do maior consumo de ácidos graxos. Com isso, há
maior produção de energia nos músculos esqueléticos, o que permite maior
atividade contrátil e, portanto, maior força de contração e melhor desempenho
físico. Em decorrência do aumento da taxa de beta oxidação, também ocorre
produção de calor (efeito termogênico), e esse maior consumo de ácidos
graxos contribui para a perda de gordura corporal (mas lembre-se que ainda
não há estudos conclusivos que comprovem tais benefícios da carnitina).
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HDL, e cada uma dessas lipoproteínas tem estrutura e função específicas, que
serão mostradas nesta seção. Vamos estudar dois tipos de lipídeos: os
triacilgliceróis e os esfingolipídeos. Os triacilgliceróis são as reservas de energia
que estão armazenadas no tecido adiposo, enquanto os esfingolipídeos estão
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presentes nas membranas plasmáticas, com funções de reconhecimento e
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sinalização celulares.
Muitos dos assuntos que serão abordados nesta seção têm implicações clínicas,
sendo de grande relevância para a sua formação profissional na área da Saúde,
uma vez que facilitarão a compreensão, a análise e a resolução de várias situações
que podem vir a ocorrer.
No seu trabalho, você lida com vários casos de doenças cardiovasculares, muitas
delas tendo como causa a aterosclerose. Em geral, há presença de dislipidemias,
que são defeitos no metabolismo de lipoproteínas, divididas clinicamente em
hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia e dislipidemia mista. A
hipercolesterolemia pode ser familiar (genética) ou comum (combinação de fatores
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questões sobre a relação das dislipidemias com doenças cardiovasculares, que são
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as principais causas de morte no Brasil e no mundo, como:
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Essas questões são apenas o ponto de partida para mais questionamentos e para
estimular sua procura por mais conhecimentos. A situação-problema proposta é
uma pequena amostra da importância dos conhecimentos de bioquímica na
prática clínica e nas pesquisas na área da saúde.
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A responsabilidade de um profissional da Saúde é muito grande e exige
seõçatona reV
conhecimento, técnica e ética. Por isso, a dedicação aos estudos é fundamental
para que sua formação acadêmica esteja à altura de suas futuras
responsabilidades profissionais. Então, aos estudos!
CONCEITO-CHAVE
Continuamos nesta seção com os lipídeos, abordando, agora, a digestão e
absorção dos lipídeos da dieta, bem como três importantes tipos lipídicos (os
triacilgliceróis, os esfingolipídeos e o colesterol) e os seus aspectos estruturais,
funcionais e metabólicos Os triacilgliceróis são reservas energéticas fundamentais
para os animais e estão armazenados no tecido adiposo; já os esfingolipídeos,
componentes da membrana plasmática, desempenham papéis na interação e
sinalização celulares; e o colesterol, o esterol presente nos animais, é importante
para a estabilidade da membrana plasmática, além de ser precursor de vários
produtos biológicos, como os sais biliares, as vitaminas lipossolúveis e os
hormônios esteroides.
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ASSIMILE
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Os sais biliares são produzidos pelos hepatócitos a partir do colesterol
proveniente da alimentação ou sintetizado pelos próprios hepatócitos. O
colesterol, em uma via metabólica com várias etapas, é convertido em ácido
cólico e ácido quenodesoxicólico; em seguida, esses ácidos biliares são
conjugados com glicina ou taurina, formando os sais biliares, mais efetivos
na ação de emulsificação das gorduras. Os sais biliares fazem parte da
secreção hepática, a bile, juntamente com a bilirrubina, o colesterol, os
ácidos graxos, os íons inorgânicos e a água. A bile é produzida pelo fígado,
enquanto a vesícula biliar armazena a bile para liberá-la para o duodeno
nos momentos das refeições.
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EXEMPLIFICANDO
Figura 3.10 | Esquema da digestão e absorção de lipídeos obtidos por meio da alimentação
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Fonte: elaborada pelo autor.
LIPOPROTEÍNAS PLASMÁTICAS
As lipoproteínas são complexos formados por vários tipos de lipídeos — os
triacilgliceróis, os fosfolipídeos e os ésteres de colesterol — e por proteínas
específicas, denominadas de apolipoproteínas ou apoproteínas. Como descrito
anteriormente, as apolipoproteínas têm funções de reconhecimento de receptores
celulares e de participação no metabolismo das lipoproteínas, sendo classificadas,
conforme função e estrutura, em 5 classes: apo-A, apo-B, apo-C, apo-D e apo-E,
com possibilidades de subclasses, como: apo-A-I e apo-C-II. Temos cinco classes de
lipoproteínas plasmáticas: quilomícron, VLDL (lipoproteína de muito baixa
densidade), IDL (lipoproteína de densidade intermediária), LDL (lipoproteína de
baixa densidade) e HDL (lipoproteína de alta densidade). O tamanho e a densidade
das lipoproteínas plasmáticas dependem das composições lipídicas e proteicas.
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entéricos e, posteriormente, entram na circulação sanguínea pelo ducto torácico.
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Os quilomícrons circulam pelo sangue até alcançar os capilares, especialmente dos
tecidos adiposo e muscular. Na parede desses capilares, há a presença da enzima
lipase lipoproteica (ou lipoproteína lipase), que catalisa a degradação dos
triacilgliceróis presentes nos quilomícrons. A enzima lipase lipoproteica é ativada
pela apolipoproteína apo-C-II, presente no quilomícron, e com a ação dessa
enzima, os ácidos graxos são liberados dos triacilgliceróis, podendo ser
armazenados nos adipócitos ou oxidados para a produção de energia nas fibras
musculares. As moléculas de glicerol livres, produtos da degradação dos
triacilgliceróis, são captadas pelo fígado para a síntese de novas moléculas de
glicose (gliconeogênese) ou para a formação de glicerol-fosfato, etapa importante
para a síntese de novas moléculas de triacilgliceróis. A atividade da lipase
lipoproteica é estimulada pelo hormônio insulina, e, após a perda de parte dos
triacilgliceróis pela ação da lipase lipoproteica, os quilomícrons remanescentes são
removidos da circulação sanguínea pelos hepatócitos via endocitose mediada por
receptor. No fígado, os quilomícrons remanescentes são degradados e seus
componentes (aminoácidos, ácidos graxos e colesterol) reaproveitados. Na Figura
3.11, podemos ver um esquema do metabolismo do quilomícron.
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Fonte: elaborada pelo autor.
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(cerca de 8%), fosfolipídeos (cerca de 22%) e apolipoproteínas (cerca de 20%). A
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função da LDL é fornecer colesterol para as células, especialmente as produtoras
de hormônios esteroides, como as das glândulas adrenais (hormônios
glicocorticoides e aldosterona), as dos testículos (hormônio testosterona) e as dos
ovários (hormônios estrógeno e progesterona). Entre as apolipoproteínas
presentes na LDL, está a apo-B-100, reconhecida por receptores nas superfícies
celulares, o que permite que a LDL seja captada pelas células por via endocitose
mediada por receptor. Uma vez dentro das células, a LDL é degradada nos
lisossomos, liberando colesterol, fosfolipídeos, ácidos graxos e aminoácidos. O
colesterol livre é usado pelas células para a estabilidade da membrana plasmática
e, em alguns tipos celulares, também para a produção de hormônios esteroides.
REFLITA
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vez que remove o excesso de colesterol dos tecidos para o fígado, que elimina esse
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excesso via bile, e para os tecidos esteroidogênicos, que convertem o colesterol em
hormônios esteroides. A Figura 3.12 destaca um esquema do metabolismo das
lipoproteínas, exceto o quilomícron, representado na Figura 3.12.
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esfingolipídeos.
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O triacilglicerol, também conhecido como triglicéride ou gordura neutra, é
constituído por três cadeias de ácidos graxos ligados a uma molécula de glicerol,
um poliálcool com três carbonos. O grupo carboxila de cada cadeia de ácido graxo
reage com a hidroxila do glicerol, formando uma ligação éster; os ácidos graxos
esterificados com o glicerol podem ser iguais ou de dois ou três tipos diferentes.
ASSIMILE
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Fonte: Wikimedia Commons.
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armazena 6,75 vezes mais energia que 1 grama de glicogênio hidratado. Por
exemplo: em um adulto médio, as reservas de triacilgliceróis correspondem a cerca
de 11 quilogramas; se essa pessoa armazenasse a mesma quantidade de energia
na forma de glicogênio, teria de pesar 64 quilogramas a mais! Por isso, os
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triacilgliceróis acabam sendo selecionados como a nossa principal reserva
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energética. Os animais de ambientes polares, como focas, pinguins e ursos,
apresentam uma camada adiposa bem mais desenvolvida, pois, nesses casos, o
tecido adiposo também atua como isolante térmico, retendo o calor nos corpos
desses animais.
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Fonte: elaborada pelo autor.
A mobilização dos ácidos graxos a partir dos triacilgliceróis ocorre pela ação da
enzima lipase, sensível aos efeitos hormonais; a biossíntese e a degradação dos
triacilgliceróis são reguladas por hormônios; a insulina, hormônio liberado pelas
células beta-pancreáticas, com ação hipoglicemiante, também age no metabolismo
lipídico, estimulando a lipogênese, ou seja, a síntese de triacilgliceróis; e os
Glicocorticóides, hormônios secretados pela glândula adrenal, e o glucagon,
hormônio liberado pelas células alfa-pancreáticas, estimulam a lipólise, ou seja, a
mobilização dos ácidos graxos a partir dos triacilgliceróis.
FOSFOLIPÍDEOS
Os fosfolipídeos são componentes fundamentais nas membranas biológicas,
sendo responsáveis pela formação da barreira lipídica e os principais componentes
do surfactante, mistura complexa secretada pelas células alveolares que reduz a
tensão superficial, facilitando a expansão alveolar. Os fosfolipídeos de membrana
plasmática também participam da interação e sinalização celulares. A característica
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Os glicerofosfolipídeos, também chamados de fosfoglicerídeos, são compostos
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formados por duas cadeias de ácidos graxos ligados (esterificados) ao primeiro e
segundo carbonos do glicerol, enquanto o terceiro carbono está unido a um grupo
químico polar por ligação fosfodiéster. Esse grupo químico polar também é
chamado de grupo cabeça polar ou grupo cabeça substituinte. A estrutura do
glicerofosfolipídeo pode ser vista na Figura 3.15.
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Tabela 3.1 | Nomes e seus respectivos grupos cabeças polares
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Nome do glicerofosfolipídeo Nome do grupo cabeça polar
Fosfatidiletanolamina Etanolamina
Fosfatidilcolina Colina
Fosfatidilserina Serina
Fosfatidilglicerol Glicerol
Cardiolipina Fosfatidilglicerol
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Sistema Nervoso Periférico.
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• Glicolipídeos neutros ou cerebrosídeos: contêm um único monossacarídeo como
grupo cabeça polar, podendo ser a D-glicose ou a D-galactose. Eles também são
encontrados nas membranas plasmáticas, especialmente das células do tecido
nervoso.
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seres humanos; além de modular a fluidez e dar estabilidade à membrana
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plasmática, também é precursor de importantes produtos biológicos: os sais
biliares, as vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e os hormônios esteroides
(glicocorticoides, aldosterona, estrógeno, progesterona e testosterona). A estrutura
do colesterol pode ser vista na Figura 3.17.
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químicas, algumas que requerem fosforilação com fosfato doado pelo ATP e outras
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que requerem elétrons fornecidos por NADPH, temos o produto final, o colesterol.
Podemos ver na Figura 3.18 o esquema de biossíntese do colesterol. A enzima
HMG-CoA redutase é alvo de regulação hormonal, como a insulina, aumentando a
quantidade dessa enzima e, portanto, estimulando a síntese de colesterol,
enquanto o glucagon e os glicocorticoides apresentam efeito contrário. O excesso
de colesterol na célula acelera a degradação da HMG-CoA redutase via
proteassomo e, portanto, inibe a síntese de mais colesterol pela célula. Devido à
estrutura cíclica do colesterol, não é possível oxidá-lo a gás carbônico para a
produção de energia, por isso, o colesterol é eliminado do organismo na forma de
ácidos e sais biliares.
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triacilgliceróis, os fosfolipídeos e o colesterol, considerando as suas estruturas,
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funções e vias metabólicas de síntese (anabólicas) e de degradação (catabólicas).
a. Quanto maior a concentração de colesterol na membrana plasmática, maior é a sua fluidez, pois há
menor restrição de movimento dos fosfolipídeos.
b. As ligações de van der Waals entre as porções hidrofóbicas dos fosfolipídios são do tipo covalente, o que
resulta em rigidez da barreira lipídica da membrana plasmática.
c. Os fosfolipídeos possuem natureza anfipática, ou seja, uma porção apolar que forma a barreira lipídica e
uma porção polar que interage com os meios aquosos.
d. As porções polares dos fosfolipídios interagem entre si por meio das ligações de van der Waals, o que
permite a estabilidade da barreira lipídica da membrana plasmática.
e. O colesterol não tem papel na modulação da fluidez da membrana, apenas serve de ancoragem para os
açúcares que formam o glicocálice.
Questão 2
Os lipídeos ou gorduras fazem parte da alimentação dos seres humanos, sendo
que mais de 90% são compostos por triacilgliceróis e o restante por ácidos graxos
livres, fosfolipídeos e ésteres de colesterol. Esses lipídeos da dieta precisam ser
digeridos no trato gastrintestinal para posterior absorção de seus componentes
mais simples, como ácidos graxos, glicerol e colesterol, pela mucosa duodenal.
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a. Os sais biliares emulsificam os lipídeos para facilitar a ação das enzimas pancreáticas, bem como
solubilizam os produtos da digestão lipídica no meio aquoso do duodeno.
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b. As enzimas pancreáticas, como a lipase pancreática, formam as micelas com os produtos da digestão
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lipídica, o que facilita a absorção desses produtos pela mucosa duodenal.
c. Uma vez absorvidos pela mucosa duodenal, os produtos da digestão lipídica, como os ácidos graxos e
colesterol, são transportados pela albumina na circulação sanguínea.
d. A digestão dos lipídeos ocorre principalmente no estômago, sendo que, no duodeno, ocorre a digestão
final e a absorção dos produtos da digestão lipídica.
e. A ausência de sais biliares não interfere na digestão dos lipídeos, pois mesmo sem vesícula biliar, a
pessoa apresenta digestão normal dos lipídeos da alimentação.
Questão 3
As lipoproteínas são complexos formados por vários tipos de lipídeos (os
triacilgliceróis, os fosfolipídeos e os ésteres de colesterol) e por proteínas
específicas, denominadas apolipoproteínas ou apoproteínas. Temos cinco classes
de lipoproteínas plasmáticas: quilomícron, VLDL (lipoproteína de muito baixa
densidade), IDL (lipoproteína de densidade intermediária), LDL (lipoproteína de
baixa densidade) e HDL (lipoproteína de alta densidade). O tamanho e a densidade
das lipoproteínas plasmáticas dependem das composições lipídicas e proteicas.
Com base nas informações do texto e nos seus conhecimentos sobre o assunto,
assinale a alternativa correta.
b. HDL remove o excesso de ácidos graxos dos tecidos para o fígado, onde são eliminados na forma de sais
biliares.
c. Após sofrer a ação da lipase lipoproteica nos capilares, com perda de parte dos triacilgliceróis, o
remanescente do quilomícron passa a ser chamado de VLDL.
d. O fígado produz lipídeos, principalmente os triacilgliceróis, que são exportados para a corrente sanguínea
com a lipoproteína quilomícron.
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e. A LDL é um reservatório circulante de colesterol, sendo captada pelas células por meio da endocitose
mediada por receptor.
REFERÊNCIAS
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BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Lipídios e membranas celulares. In: BERG, J.
M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. (Org.). Bioquímica. 7. ed. Rio de Janeiro:
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Guanabara-Koogan, 2014.
NELSON, D. L.; COX, M. M. Lipídeos. In: NELSON, D. L.; COX, M. M. (Org.). Princípios
de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
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diabetes, torna-se mais permeável às lipoproteínas, especialmente LDL. Na parede
seõçatona reV
do vaso, a LDL é oxidada e fagocitada por macrófagos residentes. Esses
macrófagos, após o acúmulo de colesterol no citoplasma, passam a ser chamados
de células espumosas, responsáveis pela liberação de citocinas pró-inflamatórias e
de fatores de crescimento da aterogênese, com consequente formação de
ateroma. Com fluxo sanguíneo mais elevado, como em uma atividade física mais
intensa ou em um momento de forte estresse, o ateroma pode ser rompido,
expondo colágeno ao sangue, o que desencadeia a agregação plaquetária e a
formação de trombos. Esse efeito trombogênico está relacionado à obstrução de
um vaso coronariano que pode levar ao infarto agudo do miocárdio. No caso da
hipercolesterolemia familiar, os níveis plasmáticos de LDL já são elevados desde a
infância, pois os receptores de LDL das células estão com defeito e, portanto, essas
células não conseguem captar LDL do sangue. Por causa disso, o efeito aterogênico
já ocorre precocemente, o que aumenta as chances de ocorrência de infarto agudo
do miocárdio em idades mais jovens.
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dos tecidos para o fígado, de onde, por meio de ácidos e sais biliares, será
eliminado na bile, dessa maneira, as células acabam captando mais LDL para
compensar o colesterol removido pela HDL.
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Na síndrome metabólica, as alterações patológicas potencializam o risco de infarto
agudo do miocárdio. A obesidade está relacionada a um estado de inflamação
seõçatona reV
crônica, favorecendo a formação de ateromas; a hipertensão e o diabetes mellitus
promovem disfunção endotelial, o que torna o endotélio mais permeável às
lipoproteínas, em especial a LDL; além disso, devido à reação do excesso de glicose
com LDL, a hiperglicemia favorece a formação de LDL glicada, que é mais
facilmente oxidada, potencializando o processo aterogênico. A hipercolesterolemia
indica que há maior possibilidade de LDL entrar na parede do vaso sanguíneo,
onde é fagocitada pelos macrófagos residentes.
Essa pode ser uma forma de responder à situação-problema. A partir do que foi
discutido nesta seção, você tem condições para propor e discutir novas respostas
com o seu professor e seus colegas.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
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Sabemos que ela é composta por uma bicamada de fosfolipídeos com proteínas e
seõçatona reV
colesterol inseridos entre eles. O modelo que explica a estrutura da membrana
plasmática é o mosaico fluido. Apesar da fluidez da membrana ser importante para
suas funções, o excesso pode desestabilizá-la, provocando a sua lise. Então, com
base nos conhecimentos adquiridos até o momento, você pode explicar as
seguintes questões:
• Entre todos os tipos de lipídeos, por que os fosfolipídeos são os ideais para a
construção da membrana plasmática?
RESOLUÇÃO
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seõçatona reV
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Christian Grassl
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
Até agora, vimos as vias metabólicas da glicose e do ácido graxo que resultam na
formação das moléculas de acetil-CoA, além das vias metabólicas dos aminoácidos
que originam intermediários do ciclo do ácido cítrico. Nesta seção, veremos o que
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fundamental enquanto principal fornecedor de elétrons para a cadeia respiratória
seõçatona reV
nas mitocôndrias para a fosforilação oxidativa, resultando na produção de grande
quantidade de energia armazenada nas moléculas de ATP.
Muitos dos assuntos que serão abordados nesta seção têm implicações clínicas,
sendo de grande relevância para a sua formação profissional na área da Saúde.
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que resulta em aumento da concentração plasmática de lactato.
seõçatona reV
A prescrição e as orientações corretas de exercícios físicos levam a um
condicionamento físico com muitas vantagens ao indivíduo. Além da melhora das
funções cardiovascular, respiratória e muscular, temos o aumento do número, do
tamanho e da atividade das mitocôndrias no músculo esquelético, e a
consequência disso é o aumento da atividade das vias metabólicas que ocorrem
nas mitocôndrias.
Diante disso:
Essas questões são apenas o ponto de partida para mais questionamentos e para
estimular sua procura por mais conhecimentos. A situação-problema proposta é
uma pequena amostra da importância dos conhecimentos de bioquímica na
prática clínica e nas pesquisas na área da saúde.
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seõçatona reV
CONCEITO-CHAVE
O ciclo do ácido cítrico também pode ser chamado de ciclo de Krebs, em
homenagem ao seu descobridor, Hans Krebs (1900-1981), ou ciclo do ácido
tricarboxílico. O ciclo do ácido cítrico é a via metabólica final, na qual convergem as
vias metabólicas oxidativas de carboidratos, aminoácidos e ácidos graxos. As
reações desse ciclo ocorrem nas mitocôndrias, fazendo parte da respiração
aeróbica, isto é, que depende de oxigênio; além disso, o ciclo do ácido cítrico
também fornece intermediários para diversas vias metabólicas de biossíntese.
A cetólise é a via catabólica dos corpos cetônicos para a liberaração das moléculas
de acetil-CoA para posterior oxidação completa no ciclo do ácido cítrico na
mitocôndria. Dos corpos cetônicos, apenas acetoacetato e beta hidroxibutirato são
utilizados pelas células para produção de energia, enquanto a acetona, por ser
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volátil, é excretada pela respiração. Em relação aos aminoácidos, antes que sejam
utilizados para a produção de energia, a remoção do grupo amino dessas
moléculas faz-se necessária, e uma vez removido, o esqueleto carbônico resultante
entra como intermediário do ciclo do ácido cítrico. Na figura 3.19, podemos ver um
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esquema da relação entre os metabolismos das fontes energéticas, o acetil-CoA e o
seõçatona reV
ciclo do ácido cítrico.
Figura 3.19 | Esquema da relação entre metabolismos de fontes energéticas, acetil-CoA e ciclo do ácido
cítrico
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convertido em cetoácido e o alfa-cetoglutarato é convertido em glutamato; em
seõçatona reV
seguida, a enzima glutamina sintetase catalisa a transferência de grupo amino /
amônia para o glutamato, formando a glutamina. Nessa reação, o glutamato reage
com ATP para formar gama-glutamil-fosfato, que, em seguida, reage com a amônia
para formar glutamina. Portanto, é um processo que consome energia, bem como
possibilita que a amônia (grupo amino livre) — um composto tóxico — seja
transportada pelo sangue de forma segura até o fígado. As reações que envolvem
a remoção do grupo amino dos aminoácidos podem ser vistas na Figura 3.20.
Figura 3.20 | Remoção do grupo amino de aminoácidos nos tecidos, exceto no músculo esquelético
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no metabolismo de aminoácidos dos músculos esqueléticos é transportada até o
seõçatona reV
fígado, via corrente sanguínea, pela alanina, e as reações envolvidas na formação
da alanina nos músculos esqueléticos podem ser vistas na Figura 3.21.
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Os intermediários do ciclo do ácido cítrico (oxaloacetato, fumarato, succinil-CoA e
seõçatona reV
alfa-cetoglutarato) e o piruvato podem ser convertidos em glicose pela via da
gliconeogênese, por isso, os aminoácidos que, por meio do catabolismo, originam
os intermediários do ciclo do ácido cítrico e o piruvato são chamados de
glicogênicos. Os aminoácidos cetogênicos são aqueles que originam corpos
cetônicos por meio do catabolismo.
CICLO DA UREIA
O transporte da amônia — produto do catabolismo de aminoácidos — para o
fígado é realizado, via corrente sanguínea, pela glutamina e pela alanina. A
glutamina é o mecanismo de transporte utilizado pela maioria dos tecidos,
enquanto a alanina é o mecanismo de transporte utilizado pelos músculos
esqueléticos. Uma vez no fígado, a amônia é convertida em ureia, um composto
menos tóxico, por uma série de reações químicas mitocondriais e citosólicas,
denominada de ciclo da ureia.
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O outro destino é a transferência do grupo amino do glutamato para o
seõçatona reV
oxaloacetato em uma reação catalisada pela enzima aspartato aminotransferase
ou transaminase glutâmica-oxalacética (TGO). Nessa reação, o glutamato é
convertido em alfa-cetoglutarato, enquanto o oxaloacetato é convertido em
aspartato, sendo importante para o funcionamento do ciclo da ureia. Essas
reações podem ser vistas na Figura 3.22.
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entre o íon amônio (amônia protonada) e o íon bicarbonato, catalisada pela enzima
seõçatona reV
carbamoil-fosfato-sintetase-I, com energia fornecida por dois ATPs. Nessa reação,
presente na mitocôndria, ocorre a formação do carbamoil-fosfato; em seguida,
ainda na mitocôndria, carbamoil-fosfato reage com a ornitina em uma reação
catalisada pela enzima ornitina-transcarbamoilase, formando a citrulina, que é
transportada da mitocôndria para o citosol para a continuação do ciclo da ureia.
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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
EXEMPLIFICANDO
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CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO
seõçatona reV
O ciclo do ácido cítrico, ciclo de Krebs ou ciclo do ácido tricarboxílico é o conjunto
de reações químicas presente nas mitocôndrias e que corresponde à última etapa
oxidativa das fontes energéticas glicose, ácido graxo, aminoácido e corpo cetônico;
portanto, é a via final para onde convergem as vias metabólicas dessas fontes
energéticas, transformando os seus esqueletos carbônicos em moléculas de gás
carbônico. As reações oxidativas do ciclo do ácido cítrico fornecem uma grande
quantidade de elétrons para a cadeia respiratória, possibilitando a produção da
maioria dos ATPs do organismo via fosforilação oxidativa. As reações químicas do
ciclo do ácido cítrico ocorrem na matriz mitocondrial e fazem parte da respiração
aeróbica, então, em situação de anóxia ou hipóxia, o ciclo do ácido cítrico é
prejudicado ou até interrompido, reduzindo, de forma significativa, a produção de
ATPs pelo organismo.
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gás carbônico. Como é uma reação oxidativa, os elétrons gerados são transferidos
para NAD+ para a formação de NADH, e nessa reação química, o primeiro carbono
do acetil-CoA é convertido em gás carbônico.
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ASSIMILE
seõçatona reV
As reações de oxirredução (ou redox) estão presentes em muitas vias
metabólicas, em especial nas relacionadas com a produção de energia. Na
oxidação, ocorre perda de elétrons, ou seja, aumento do valor do número
de oxidação; já na redução, há ganho de elétrons, ou seja, diminuição do
valor do número de oxidação, que está relacionado à carga elétrica, real ou
parcial, dos átomos constituintes das moléculas reagentes.
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Continuando com o ciclo do ácido cítrico, o succinato é oxidado à fumarato em
seõçatona reV
uma reação catalisada pela enzima succinato-desidrogenase. Como é uma reação
oxidativa, os elétrons gerados são transferidos para FAD, para formação de FADH2.
Na próxima reação, o fumarato sofre hidratação, ou seja, adição de água, em uma
reação catalisada pela enzima fumarase, resultando na formação de malato; por
fim, a última reação desse ciclo, que é a transformação do malato em oxaloacetato,
é uma reação oxidativa, catalisada pela enzima malato-desidrogenase, que
transfere elétrons para NAD+, formando NADH; dessa maneira, o oxaloacetato é
regenerado e pode ser usado em um novo ciclo do ácido cítrico.
• 3 moléculas de NADH.
• 1 molécula de FADH2.
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seõçatona reV
Fonte: elaborada pelo autor.
REFLITA
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Aqui, encerramos esta terceira unidade, dedicada aos lipídeos e ao ciclo do ácido
cítrico. Nesta seção, o foco foi o ciclo do ácido cítrico, a via metabólica em que
convergem as vias catabólicas da glicose, do ácido graxo, do corpo cetônico e do
aminoácido. Além de discorrermos sobre as reações químicas do ciclo do ácido
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cítrico e a formação de acetil-CoA, abordamos o metabolismo dos aminoácidos;
seõçatona reV
para isso, consideramos as reações de remoção do grupo amino para que o
esqueleto carbônico do aminoácido fosse um intermediário do ciclo do ácido
cítrico, piruvato ou um corpo cetônico. Além disso, também estudamos como esse
grupo amino, agora chamado de amônia, é eliminado do organismo na forma de
ureia.
Com base nas informações do texto e nos conhecimentos adquiridos nesta seção,
assinale a alternativa correta.
a. A glicólise converte a glicose em piruvato, que, em seguida, é oxidado na mitocôndria, originando acetil-
CoA para o ciclo do ácido cítrico.
b. A oxidação de ácidos graxos resulta na formação de corpos cetônicos, que, em seguida, sofrem cetólise
para liberar acetil-CoA.
c. A oxidação de qualquer um dos 20 tipos de aminoácidos comuns resulta na formação de acetil-CoA para
o ciclo do ácido cítrico.
d. A cetogênese é a via catabólica dos corpos cetônicos para a liberação de acetil-CoA para o ciclo do ácido
cítrico.
e. A oxidação de glicose e de ácidos graxos, além de gerar acetil-CoA, também gera intermediários do ciclo
do ácido cítrico.
Questão 2
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esqueletos carbônicos em moléculas de gás carbônico.
seõçatona reV
Com base nas informações do texto e nos conhecimentos adquiridos nesta seção,
assinale a alternativa correta.
a. O ciclo do ácido cítrico faz parte da produção anaeróbica de energia, mantendo a produção de ATP
mesmo em situação de anóxia ou hipóxia.
b. As reações oxidativas do ciclo do ácido cítrico geram uma grande quantidade de elétrons que é
transportada para a cadeia respiratória apenas por NADH.
c. A presença de oxaloacetato não é importante, pois acetil-CoA pode reagir com o citrato para se iniciar o
ciclo do ácido cítrico.
d. A grande importância do ciclo do ácido cítrico está no fornecimento de muitos elétrons, carreados por
NADH e FADH2, para a cadeia respiratória.
e. No final do ciclo do ácido cítrico, o oxaloacetato não é regenerado, sendo importante a formação de mais
moléculas de oxaloacetato a partir do piruvato.
Questão 3
A presença do grupo amino impede o metabolismo oxidativo do aminoácido para a
produção de energia, por isso, a etapa fundamental para o aproveitamento
energético dos aminoácidos é a remoção do grupo amino, que pode ser
reaproveitado para outras vias de biossíntese de compostos nitrogenados ou
excretado do organismo na forma de ureia, principalmente.
Com base nas informações do texto e nos conhecimentos adquiridos nesta seção,
assinale a alternativa correta.
c. A remoção do grupo amino do aminoácido pela aminotransferase resulta na formação de cetoácidos, que
são usados na produção de energia.
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d. O ciclo da ureia ocorre completamente nas mitocôndrias dos hepatócitos, onde a amônia, em uma série
de reações, é convertida em ureia.
e. A primeira reação do ciclo da ureia é a reação entre amônia e bicarbonato para a formação de carbamoil-
fosfato, que fornece os dois grupos amino que formam a ureia.
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REFERÊNCIAS
seõçatona reV
BENDER, D. A.; MAYES, P. A. O ciclo do ácido cítrico: a via central do metabolismo
de carboidratos, de lipídeos e de aminoácidos. In: RODWELL, V. W. et al. (Org.).
Bioquímica ilustrada de Harper. 30. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017.
BERG, J. M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Ciclo do ácido cítrico. In: BERG, J. M.;
TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L (Org.). Bioquímica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-
Koogan, 2014.
NELSON, D. L.; COX, M. M. Ciclo do ácido cítrico. In: NELSON, D. L.; COX, M. M.
(Org.). Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
REECE, Jane B. et al. Respiração celular e fermentação. In: REECE, Jane B. (Org.).
Biologia de Campbell. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
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seõçatona reV
Christian Grassl
Fonte: Shutterstock.
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e o uso da creatina-fosfato (reservatório de energia nas fibras musculares). Para
seõçatona reV
suprir o aumento da glicólise, ocorre o aumento da glicogenólise, em que é
liberada a glicose-6-fosfato para a produção de energia. Em poucos minutos, o
consumo de oxigênio aumenta, permitindo a produção aeróbica de energia.
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Diante desse prejuízo, a única via produtora de energia é a glicólise, que faz parte
da respiração anaeróbica, porém, na insuficiência de oxigênio, não há regeneração
de NAD na cadeia respiratória, o que reduz a disponibilidade de NAD+ para a
reação oxidativa da via glicolítica. Para impedir que haja interrupção da glicólise, é
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ativada uma via metabólica de emergência, a fermentação, e nessa via metabólica,
seõçatona reV
o piruvato é convertido em lactato, permitindo a regeneração de NADH a NAD+ e,
consequentemente, o funcionamento da glicólise.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
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melhor a importância do fígado.
seõçatona reV
Pacientes com lesões hepáticas graves apresentam uma série de manifestações
clínicas, como icterícia, hiperamonemia, encefalopatia hepática, hipoglicemia e
acidose metabólica; frente a isso, com base nos conhecimentos adquiridos até o
momento, você poderia explicar as seguintes questões:
• Por que há hiperamonemia com a lesão hepática? Qual é a relação disso com a
encefalopatia hepática?
RESOLUÇÃO
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da ureia fica prejudicado, o que acarreta em menor capacidade de conversão
seõçatona reV
da amônia — um composto muito tóxico — em ureia — um composto menos
tóxico que pode ser excretado na urina. Com isso, a amônia se acumula no
plasma, o que leva à hiperamonemia. A amônia atravessa facilmente a barreira
hematoencefálica, induzindo lesões neurológicas, formando um quadro
chamado de encefalopatia hepática.
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VITAMINAS HIDROSSOLÚVEIS
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Christian Grassl
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
CONVITE AO ESTUDO
Caro aluno, estamos na última unidade do livro, a unidade 4, na qual abordaremos
vários conceitos importantes de bioquímica, como as vitaminas hidrossolúveis e
lipossolúveis, bem como os minerais. As vitaminas e os minerais são
micronutrientes essenciais para o funcionamento do organismo, pois atuam em
várias funções orgânicas, como cofatores para a atividade enzimática, a geração de
impulsos nervosos, a contração muscular, o transporte de elétrons gerados nos
metabolismos oxidativos e tantas outras.
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06/03/2024, 08:06 lddkls212_bio_apl_sau
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consequências orgânicas da carência dessas vitaminas.
seõçatona reV
Na seção 2, vamos abordar as vitaminas lipossolúveis, bem como o papel dessas
vitaminas no metabolismo como hormônios e pigmentos visuais na retina. Além
disso, veremos as suas fontes e as consequências orgânicas da carência dessas
vitaminas.
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06/03/2024, 08:06 lddkls212_bio_apl_sau
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hidrossolúveis participando de várias reações químicas, como a síntese de
seõçatona reV
aminoácidos e nucleotídeos, bem como as reações de descarboxilação. Vamos
encontrar essas vitaminas na síntese de colágeno, na eritropoese e na formação da
coenzima A (CoA).
Muitos dos assuntos que serão abordados nesta seção têm implicações clínicas,
sendo de grande importância para a sua formação e prática profissional na área da
Saúde.
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A tiamina é uma das coenzimas do complexo da piruvato desidrogenase e do
complexo da alfa-cetoglutarato-desidrogenase. Quanto à doença de beribéri, ela é
seõçatona reV
consequência da deficiência de tiamina na alimentação, mais comum nos países do
extremo oriente, devido ao fato de o arroz polido (a tiamina está presente na casca
do arroz) ser a base da alimentação desses povos. A deficiência de tiamina
também pode ser decorrente de má absorção intestinal, diarreias prolongadas,
maior demanda metabólica (hipertireoidismo, gestação, febre) e etilismo. Entre as
manifestações clínicas, podemos destacar fraqueza muscular, cãibras, parestesias
e insuficiência cardíaca.
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apresentará o efeito desejado? Por quê? O que fazer nesses casos?
seõçatona reV
Essas questões são apenas o ponto de partida para mais questionamentos e para
estimular sua procura por mais conhecimentos. A situação-problema proposta é
uma pequena amostra da importância dos conhecimentos de bioquímica na
prática clínica e nas pesquisas na área da saúde.
CONCEITO-CHAVE
As vitaminas são moléculas orgânicas, em geral, não sintetizadas pelo organismo.
Elas desempenham vários papéis no organismo, especialmente como coenzimas
no metabolismo, participando das vias metabólicas produtoras de energia, da
síntese de aminoácidos e nucleotídeos, eritropoese, síntese de colágeno e outras
vias metabólicas.
ASSIMILE
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presente na sucinato-desidrogenase (enzima que catalisa a conversão do
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fumarato em succinato no ciclo de Krebs), e o tetrahidrofolato, derivado do
ácido fólico, presente em várias reações químicas de síntese de
aminoácidos e nucleotídeos.
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pantotênico (vitamina B5), piridoxina (vitamina B6), ácido fólico (vitamina B9) e
cobalamina (vitamina B12). A vitamina do não-complexo B é o ácido ascórbico ou
vitamina C.
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ÁCIDO ASCÓRBICO OU VITAMINA C
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O ácido ascórbico ou vitamina C possui várias funções no organismo, sendo a mais
importante a síntese do colágeno, uma família de proteínas com funções
estruturais, responsáveis pela resistência à tração de vários tecidos, como pele,
osso e cartilagem. O ácido ascórbico, forma ativa da vitamina C, atua como
coenzima nas hidroxilações dos aminoácidos prolina e lisina, constituindo os
aminoácidos modificados hidroxiprolina e hidroxilisina, respectivamente. Esses
aminoácidos modificados são importantes para estabilizar a estrutura do colágeno,
aumentando a sua capacidade de resistir à tração.
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dentária devido à fragilidade da gengiva. A ingestão excessiva de vitamina C pode
seõçatona reV
provocar toxicidade, com risco de precipitação de ácido úrico nas articulações,
formação de cálculos renais e diarreia.
TIAMINA OU VITAMINA B1
A vitamina B1 ou tiamina tem papel importante nas vias metabólicas produtoras
de energia, atuando como coenzima em reações de descarboxilação oxidativa. A
conversão do piruvato em acetil-CoA, parte da via oxidativa da glicose, catalisada
pelo complexo da piruvato-desidrogenase, é uma reação de descarboxilação
oxidativa. Outro exemplo é a conversão do alfa-cetoglutarato em succinil-CoA,
catalisada pelo complexo da alfa-cetoglutarato-desidrogenase, que ocorre no ciclo
do ácido cítrico via central do metabolismo energético das biomoléculas.
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Além disso, há dois quadros clínicos graves decorrentes da deficiência de tiamina:
a doença de beribéri e a síndrome de Wenicke-Korsakoff. A doença de beribéri é
seõçatona reV
muito comum nos países asiáticos que possuem o arroz polido como base
alimentar, sendo um alimento pobre em tiamina. Essa doença, por sua vez,
também pode ser decorrente da baixa absorção de tiamina, de diarreias
prolongadas, êmese, uso de altas doses de diuréticos de alça (como a furosemida),
etilismo e hipertireoidismo. O quadro clínico da doença de beribéri é caracterizado
por falta de apetite (anorexia), irritabilidade, pele seca (xerodermia), problemas
cognitivos, constipação, fraqueza muscular e paralisia progressiva. O beribéri pode
ou não estar acompanhado de insuficiência cardíaca e edema, e se não tratada
com suplemento de vitamina B1, a doença pode evoluir para óbito.
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REFLITA
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energia. Os neurônios só utilizam a glicose como fonte de energia, e,
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contando apenas com a glicólise, a oferta de energia não atende às
demandas metabólicas dessas células. Como consequência, surgem as
lesões nos neurônios, resultando em problemas neurológicos. Você saberia
estabelecer uma relação entre o efeito do mercúrio no sistema nervoso
central e a síndrome de Wernicke-Korsakoff?
RIBOFLAVINA OU VITAMINA B2
A vitamina B2 ou riboflavina é fundamental para a formação de FAD (flavina
adenina dinucleotídeo), molécula responsável pelo transporte de elétrons gerados
na beta-oxidação e no ciclo do ácido cítrico para a cadeia respiratória para a
produção de energia. Além disso, a riboflavina também entra na formação de FMN
(flavina mononucleotídeo), coenzima que participa de diversas reações de
oxidorredução. Tanto FAD quanto FMN podem ser oxidados (perder elétrons) ou
reduzidos (ganho de elétrons), conforme as reações químicas das quais participam.
EXEMPLIFICANDO
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A enzima glutationa redutase necessita da coenzima FAD, uma derivada da
riboflavina, para a sua atividade. Essa enzima, com os elétrons fornecidos
seõçatona reV
por NADPH, catalisa a redução da glutationa oxidada (GSSG), permite a sua
regeneração à glutationa reduzida (GSH) e disponibiliza a glutationa para a
neutralizaçao dos radicais livres. Há estudos que mostram que a riboflavina
também afeta, por um mecanismo ainda não elucidado, as atividades das
enzimas do sistema antioxidante, como a superóxido dismutase, catalase e
glutationa peroxidase, bem como mostraram os efeitos benéficos da
riboflavina na redução do estresse oxidativo em lesões por reperfusão que
ocorrem em tecidos submetidos a períodos de isquemia.
A riboflavina pode ser encontrada em muitos alimentos, como carnes, fígado, ovo,
leite, queijos, ervilhas, feijão e verduras. Como a vitamina B2 está amplamente
distribuída na natureza, dificilmente ocorre a carência dessa vitamina. As pessoas
etilistas crônicas, em geral, apresentam carência de riboflavina. A desnutrição
também é um fator de risco para deficiência de riboflavina. Em casos de carência
de vitamina B2, o quadro clínico é caracterizado por lesões da mucosa e da pele,
bem como perturbações oculares, como fotofobia e redução da acuidade visual.
Não há registro de efeitos tóxicos pelo excesso de riboflavina em seres humanos.
NIACINA OU VITAMINA B3
A vitamina B3 ou niacina é essencial para a síntese das moléculas NAD
(nicotinamida adenina dinucleotídeo) e NADP (nicotinamida adenina dinucleotídeo
fosfato). A molécula NAD atua no transporte de elétrons das reações oxidativas das
vias metabólicas produtoras de energia para a cadeia respiratória, enquanto a
molécula NADPH atua como fornecedora de elétrons para as reações de redução.
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ASSIMILE
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(tripeptídeo), sendo que um deles é a cisteína, que possui o grupo sulfidrila
seõçatona reV
ou tiol (-SH) na sua cadeia lateral. O grupo sulfidrila é o responsável pela
ação antioxidante da glutationa, importante na defesa antioxidante no
fígado, nos rins, no encéfalo e nos eritrócitos. Duas moléculas de glutationa
reduzem o peróxido de hidrogênio à molécula de água em uma reação
catalisada pela enzima glutationa peroxidase, originando a glutationa
oxidada (GSSG); em seguida, a glutationa oxidada é reduzida pela NADPH
em uma reação catalisada pela enzima glutationa redutase, regenerando-se
a duas moléculas de glutationa (GSH).
EXEMPLIFICANDO
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a oferta de ácidos graxos para o fígado e, consequentemente, reduz a
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formação de VLDL. Com menos VLDL circulante, menor é a formação de
LDL, por isso, a niacina pode ser usada no tratamento de dislipidemias.
PIRIDOXINA OU VITAMINA B6
A vitamina B6 ou piridoxina atua como coenzima de diversas enzimas,
especialmente as que catalisam reações envolvendo aminoácidos, como as da
transaminação (transferência de grupos amino), formação de histamina (mediador
inflamatório secretado por basófilos e mastócitos), formação da protoporfirina
(molécula orgânica que protege o íon ferroso no grupo heme ligado ao eritrócito) e
síntese do neurotransmissor GABA (ácido gama-aminobutírico). A piridoxina está
presente nos seguintes alimentos: levedura, fígado, carne, ovo, legumes e verduras
frescas, bem como pode ser obtida da microbiota intestinal. Após a absorção no
trato gastrintestinal, a piridoxina se distribui por todo o organismo e sua excreção
é feita principalmente pela urina.
BIOTINA OU VITAMINA B7
A biotina atua como coenzima nas reações de transferência de gás carbônico,
como nas reações catalisadas pelas enzimas acetil-CoA-carboxilase e piruvato-
carboxilase, bem como na regulação do ciclo celular por meio da biotinilação de
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algumas proteínas nucleares. Além disso, ela está presente em quase todos os
alimentos, além de ser produzida pela microbiota intestinal, portanto, a carência
dela é extremamente rara e as suas consequências não são completamente
conhecidas. Há registros de dermatite, anorexia, insônia, depressão e mialgias.
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ÁCIDO PANTOTÊNICO OU VITAMINA B5
O ácido pantotênico é componente da coenzima A (CoA), essencial na oxidação do
ácido graxos, no ciclo do ácido cítrico, na síntese de colesterol e na síntese de
ácidos graxos. Essa vitamina está amplamente distribuída na natureza e a carência
dela em seres humanos não está bem caracterizada, uma vez que é extremamente
rara.
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fólico prejudica as divisões celulares em alta taxa e de forma rápida, o que pode
levar à anemia macrocítica e a defeitos no fechamento do tubo neural. Essas
consequências também são exploradas na Farmacologia, com o uso de inibidores
do ácido fólico na quimioterapia do câncer e no tratamento de infecções
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bacterianas. Por exemplo: temos o metotrexato, um análogo do ácido fólico que
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inibe a enzima di-hidrofolato-redutase como fármaco antineoplásico.
EXEMPLIFICANDO
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A carência da cobalamina produz um quadro clínico caracterizado por anemia
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perniciosa. Além disso, podem ocorrer distúrbios neurológicos, como demência,
devido à perda progressiva da bainha de mielina nos axônios dos neurônios. A
deficiência da cobalamina pode ser decorrente da carência dessa vitamina na dieta
ou de problemas na absorção dessa vitamina no trato gastrintestinal. A redução da
secreção do fator intrínseco pela mucosa gástrica é uma das principais
responsáveis pelos problemas de absorção de cobalamina. O omeprazol, antiácido
que atua como inibidor da secreção de ácido pelas células parietais, também pode
inibir a secreção do fator intrínseco, podendo acarretar, devido ao uso crônico, a
anemia e a demência.
a. Niacina.
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b. Riboflavina.
c. Tiamina.
d. Ácido ascórbico.
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e. Piridoxina.
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Questão 2
A vitamina B2 ou riboflavina é um nutriente essencial que mantém as funções do
metabolismo em condições normais, atuando como cofator nas reações
enzimáticas, principalmente em sistema de transporte de elétrons.
d. Não deve ser administrada com a levodopa devido ao antagonismo entre elas.
e. É essencial para a síntese de FAD e FMN, que podem ser oxidados ou reduzidos.
Questão 3
O grande poeta português Luís Vaz de Camões (1524-1580) descreveu uma doença
muito comum entre os marinheiros da época na sua obra-prima Os Lusíadas
(Canto V, estrofes 81 e 82. p.80):
“[...]
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Apodrecia com um fétido e bruto
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Cheiro, que o ar vizinho inficionava;
O grande poeta Luís Vaz de Camões, nos seus versos, referiu-se a uma doença
comum na época. Muito tempo depois, descobriu-se que essa doença é decorrente
da carência de uma determinada vitamina. Assinale a alternativa que corresponde
a essa vitamina.
a. Ácido fólico.
b. Tiamina.
c. Ácido pantotênico.
d. Biotina.
e. Ácido ascórbico.
REFERÊNCIAS
BENDER, D. A. Micronutrientes: vitaminas e minerais. In: RODWELL, V. W. et al.
(Org.). Bioquímica ilustrada de Harper. 30. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017.
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vitamina C na sociedade através dos tempos. Química Nova na Escola, [S.l.], n. 17,
p. 3-7, maio 2003. Disponível em: https://bit.ly/3fphbsA. Acesso em: 1 abr. 2021.
seõçatona reV
KAUSHANSKY, K.; KIPPS, T. J. Agentes hematopoiéticos: fatores de crescimento,
minerais e vitaminas. In: BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C.
(Org.). As bases farmacológicas da terapêutica Goodman & Gilman. 12. ed.
Porto Alegre: AMGH, 2012.
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Christian Grassl
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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seguida, o acetil-CoA, ao reagir com oxaloacetato, entra no ciclo do ácido cítrico
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para a oxidação completa da glicose. Com a deficiência de tiamina, a atividade do
complexo da piruvato-desidrogenase é reduzida, o que prejudica a oxidação do
piruvato a acetil-CoA, dessa maneira, a oxidação da glicose fica restrita apenas à
glicólise, o que resulta em baixa produção de energia. Os neurônios só utilizam a
glicose como fonte de energia, e, contando apenas com a glicólise, a oferta de
energia não atende às demandas metabólicas dessas células; como consequência,
surgem as lesões nos neurônios, resultando em problemas neurológicos.
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O quadro clínico da encefalopatia de Wernicke é caracterizado por anormalidades
oculomotoras (nistagmo e oftalmoplegia parcial), ataxia, desorientação, sonolência,
seõçatona reV
perda da atenção, tremores, agitação e hipotensão postural, podendo evoluir a
óbito se não tratado. Cerca de 80% dos pacientes com encefalopatia de Wernicke
não tratados evoluem para a psicose de Korsakoff, caracterizada por prejuízos de
memória, desorientação, instabilidade emocional, delírios e alucinações.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
RIBOFLAVINA E O ESTRESSE OXIDATIVO
O estresse oxidativo é resultado do desequilíbrio entre a produção de radicais
livres e a capacidade do sistema antioxidante em neutralizá-los. Esses radicais
estão envolvidos em danos oxidativos de lipídeos, proteínas e DNA, com
consequentes riscos associados à mutagênese, à carcinogênese e ao
envelhecimento. Por isso, o estresse oxidativo está envolvido no desenvolvimento
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sistema da glutationa, então, vamos aproveitar os conhecimentos adquiridos até o
seõçatona reV
momento para compreender a importância das vitaminas e das vias metabólicas
no combate ao estresse oxidativo:
RESOLUÇÃO
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glutationa.
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VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS
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Christian Grassl
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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A deficiência das vitaminas lipossolúveis determina alterações funcionais, podendo
seõçatona reV
resultar em sérias manifestações clínicas. Além disso, ela pode ser decorrente de
dietas, de alterações da microbiota intestinal e até de pouca exposição à radiação
solar. As consequências clínicas das hipovitaminoses podem ser cegueira noturna,
raquitismo, osteomalácia, estresse oxidativo, hemorragias e tantas outras.
Muitos dos assuntos que serão abordados nesta seção têm implicações clínicas,
sendo de grande importância para a sua formação profissional na área da Saúde.
Esses assuntos serão úteis para a compreensão, análise e resolução de várias
situações que podem ocorrer na sua futura carreira profissional na área da Saúde.
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questioná-lo. Você, sendo esse profissional, como explicaria esse cuidado?
seõçatona reV
2. Na maternidade, foi realizado o parto da sra. M.G. com a presença de seu
marido. A criança nasceu saudável, e, nela, foi administrada, por via
intramuscular, a vitamina K. O casal ficou curioso sobre esse procedimento e
resolveu perguntar ao enfermeiro sobre isso. Você, sendo esse profissional,
como explicaria esse procedimento?
Essas questões são apenas o ponto de partida para mais questionamentos e para
estimular sua procura por mais conhecimentos. A situação-problema proposta é
uma pequena amostra da importância dos conhecimentos de bioquímica na
prática clínica e nas pesquisas na área da Saúde.
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CONCEITO-CHAVE
As vitaminas são moléculas orgânicas, em geral, não sintetizadas pelo organismo.
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As vitaminas desempenham vários papéis no organismo, especialmente como
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coenzimas no metabolismo, participando das vias metabólicas produtoras de
energia, da síntese de aminoácidos e nucleotídeos, eritropoese, síntese de
colágeno e outras vias metabólicas.
VITAMINA A
A vitamina A é um termo que engloba várias moléculas relacionadas, naturais ou
sintéticas, como os retinoides (retinol, ácido retinoico e retinal) e carotenoides
0
(alfa, beta e gama-carotenos). Os retinoides são considerados vitaminas A pré-
seõçatona reV
formadas, enquanto os carotenoides são considerados provitaminas. O retinol
pertence à função química álcool e é precursor de outros retinoides; apenas os
animais possuem o retinol, por isso, os alimentos de origem animal, como carnes,
peixes, ovos, leite e derivados, são fontes ricas em retinol. O retinal, produto da
oxidação do retinol, pertence à função química aldeído; o retinal e o retinol são
interconversíveis, ou seja, o retinal pode ser convertido em retinol e vice-versa; já o
ácido retinoico é produto da oxidação do retinal e não pode ser convertido em
retinal ou em retinol; e os carotenoides estão presentes nas plantas, sendo que os
alimentos de origem vegetal, como frutas, cenoura, tomate e espinafre, são fontes
ricas em carotenoides.
ASSIMILE
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químico aldoxila (-CHO) na extremidade da cadeia hidrocarbônica; a cetona
seõçatona reV
é um composto orgânico que possui o grupo químico carbonila (-CO-)
dentro da cadeia hidrocarbônica; o ácido carboxílico é um composto
orgânico que possui um ou mais grupos carboxila (-COOH) ligados à cadeia
hidrocarbônica; e o éster é um composto orgânico formado a partir da
reação de um ácido carboxílico e um álcool.
Nos alimentos, estão presentes os ésteres de retinol formados pela reação entre o
retinol (álcool) e o ácido graxo (ácido carboxílico). No duodeno, os ésteres de
retinol são hidrolisados, liberando os ácidos graxos e os retinóis, que, em seguida,
são absorvidos pela mucosa duodenal. Os carotenoides, presentes nos alimentos
de origem vegetal, também são absorvidos pela mucosa duodenal, onde são
clivados, resultando na formação de moléculas de retinal, que, em seguida, são
reduzidas (ganham elétrons) para a formação de moléculas de retinol. Nas células
da mucosa duodenal, os retinóis, diretamente absorvidos e derivados do
metabolismo dos carotenoides, são novamente esterificados com os ácidos graxos,
formando os ésteres de retinol. Ainda nas células da mucosa do duodeno, os
ésteres de retinol são incorporados nos quilomícrons, e, após os quilomícrons
perderem parte do seu conteúdo de ácidos graxos nos tecidos musculares e
adiposo, os quilomícrons remanescentes são removidos da circulação pelo fígado.
Após a degradação dos quilomícrons remanescentes no fígado, os seus
componentes são aproveitados, incluindo as moléculas de retinol. No fígado, a
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O fígado libera o seu estoque de retinol (vitamina A) para os demais tecidos do
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organismo, e como o retinol é apolar, é necessária uma proteína que permita o
transporte dessa vitamina na corrente sanguínea: a proteína ligadora de retinol.
Nas células, há receptores que reconhecem o complexo retinol — proteína ligadora
de retinol —, permitindo a entrada do retinol, e a proteína transportadora fica livre
na circulação sanguínea. Uma vez dentro das células, o retinol se liga a receptores
específicos no núcleo da célula, alterando a transcrição (síntese de RNA) de genes
específicos, o que resulta na síntese de proteínas que, consequentemente, vão
mediar os efeitos fisiológicos do retinol. Entre as funções do retinol, podemos
destacar a sua importância no crescimento, na renovação celular, na manutenção
e na integridade dos tecidos epiteliais; além disso, essa vitamina desempenha
papel importante na formação dos ossos e dos dentes. A carência de vitamina A
em crianças provoca a redução da taxa de crescimento devido ao desenvolvimento
ósseo mais lento. Essa vitamina também é essencial para a reprodução, pois
participa do processo de espermatogênese (formação de espermatozoides), e a
função mais conhecida da vitamina A é o seu papel na visão, pois é componente
dos pigmentos visuais dos cones e bastonetes — fotorreceptores presentes na
retina. Esses fotorreceptores utilizam os pigmentos derivados da vitamina A (a
rodopsina) para fazer a transdução, ou seja, converter os sinais luminosos em
sinais elétricos (impulsos nervosos) que serão transmitidos pelos neurônios até as
áreas do cérebro dedicadas ao processamento da visão. A rodopsina é um
pigmento fotossensível formado pela proteína opsina e pelo retinal (vitamina A em
forma de aldeído).
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vez, provoca toxicidade, caracterizada por hepatomegalia, pele e mucosas secas,
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anorexia (perda de apetite), vômitos, dor abdominal, alopecia, mialgias (dores
musculares) e artralgias (dores nas articulações).
EXEMPLIFICANDO
VITAMINA D
A vitamina D engloba duas moléculas relacionadas: o colecalciferol — a vitamina D
encontrada nos animais — e o ergocalciferol — a vitamina D encontrada nas
plantas. A vitamina D não é estritamente uma vitamina, pois pode ser sintetizada
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na epiderme, sob a ação da radiação solar, sendo essa a sua principal fonte. As
outras fontes de vitamina D para os seres humanos são os alimentos de origem
animal, como fígado, ovo, leite e óleo de fígado de bacalhau e de outros peixes.
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No organismo humano, a síntese da vitamina D inicia-se na parte mais profunda da
epiderme, nos estratos basal e espinhoso. Na membrana plasmática dos
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queratinócitos — as células desses estratos epidérmicos — está presente o 7-
desidrocolesterol, um produto derivado do colesterol; com a radiação solar, ocorre
a fotólise do 7-desidrocolesterol, liberando o colecalciferol, porém o colecalciferol
não é biologicamente ativo, sendo necessário convertê-lo na forma ativa da
vitamina D por meio de duas reações de hidroxilação (adição de grupo hidroxila). A
primeira hidroxilação ocorre no fígado, em que uma hidroxilase catalisa a adição
de um grupo hidroxila (-OH) ao colecalciferol, formando 25-hidroxicolecalciferol.
Em seguida, nos rins, ocorre a segunda hidroxilação, em que 25-
hidroxicolecalciferol recebe mais um grupo hidroxila em uma reação catalisada
pela enzima 25-hidroxicolecalciferol-1-hidroxilase, resultando na formação de 1,25-
di-hidroxicolecalciferol (calcitriol), a forma biologicamente ativa da vitamina D. A
formação de 1,25-di-hidroxicolecalciferol é regulada pelos níveis plasmáticos dos
íons fosfato e cálcio. Quando ocorre redução dos níveis plasmáticos desses íons, a
atividade da enzima 25-hidroxicolecalciferol-1-hidroxilase é aumentada, o que
resulta em maior produção de 1,25-di-hidroxicolecalciferol.
EXEMPLIFICANDO
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cálcio e fosfato; para isso, ela atua no intestino, aumentando a absorção de íons
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cálcio e fosfato presentes na alimentação, bem como nos ossos, onde estimula a
reabsorção óssea com o hormônio paratireoide, resultando em liberação de íons
cálcio e fosfato dos ossos para o sangue. A vitamina D também apresenta papel
importante na regulação das respostas imunológicas, tanto as inatas quanto as
específicas. No caso, a vitamina D atua como imunomoduladora, reduzindo a
produção de citocinas pró-inflamatórias, e inibe a formação de autoanticorpos
pelos linfócitos B.
ASSIMILE
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ativada nos rins e no fígado, bem como ser adquirida pela dieta (óleo de
fígado de bacalhau, peixes, ovos, fígado, queijos e suplementos). As
crianças com raquitismo apresentam irritabilidade, apatia, fraqueza
muscular e até convulsões quando a hipocalcemia se torna grave, além de
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baixa estatura e alterações esqueléticas. O tratamento consiste em
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suplementação de vitamina D.
REFLITA
VITAMINA E
A vitamina E engloba vários tocoferóis, sendo o alfa-tocoferol a forma
biologicamente mais ativa. Essa vitamina não tem papel no metabolismo, porém
atua como um importante antioxidante, neutralizando os radicais livres formados
pela peroxidação de ácidos graxos poli-insaturados dos fosfolipídeos da
membrana plasmática e das lipoproteínas plasmáticas. Há alguns estudos que
mostram que a vitamina E, presente nas células endoteliais, inibe a agregação
plaquetária, bem como estimula a liberação de prostaciclina, a prostaglandina que
contrabalança as ações do tromboxano A2, ou seja, promove a inibição da
agregação plaquetária e a vasodilatação.
EXEMPLIFICANDO
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formação de óxido nítrico, um importante vasodilatador. Além disso, devido
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ao seu efeito antioxidante, a vitamina E previne a oxidação de LDL, passo
inicial para a formação de ateromas. Além disso, o suplemento dessa
vitamina também reduz o risco trombogênico, pois inibe a agregação
plaquetária e a formação de ateromas. Apesar desses resultados
animadores, são necessários mais estudos para comprovar os benefícios da
vitamina E no tratamento de doenças cardiovasculares. Na literatura
científica, também encontramos estudos de possíveis benefícios da
vitamina E nos tratamentos de câncer, catarata e doença de Alzheimer.
VITAMINA K
A vitamina K é composta por vários compostos naturais e sintéticos, como a
filoquinona e a fitomenadiona, e é a única vitamina lipossolúvel que atua como
coenzima. No caso, a vitamina K atua no fígado como coenzima na síntese de
alguns fatores da coagulação, como protrombina (fator II), fator VII, fator IX e fator
X, por isso, tem um papel importante na coagulação sanguínea. Além disso, a
vitamina K também atua como coenzima na síntese da osteocalcina, proteína da
matriz óssea sintetizada pelos osteoblastos, que desempenha papel importante na
mineralização óssea.
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intestinal. Após a absorção da vitamina K, parte dela é armazenada no fígado.
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Durante a gestação, a vitamina K passa da circulação sanguínea materna para o
feto via placenta.
ASSIMILE
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seõçatona reV
Aqui, encerramos a Seção 2 da Unidade 4 dedicada às vitaminas lipossolúveis.
Nesta seção, estudamos as fontes e a importância fisiológica das vitaminas
lipossolúveis, bem como as consequências orgânicas da carência dessas vitaminas.
a. Vitamina D.
b. Vitamina K.
c. Vitamina E.
d. Vitamina A.
e. Vitamina C.
Questão 2
A vitamina A é um termo que engloba várias moléculas relacionadas (naturais ou
sintéticas), como os retinoides (retinol, ácido retinoico e retinal) e carotenoides
(alfa, beta e gama-carotenos). Essa vitamina, obtida por meio da alimentação,
desempenha papéis importantes em várias funções orgânicas.
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c. A vitamina A é segura, não havendo relatos sobre a sua toxicidade.
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d. O ácido retinóico é componente da rodopsina — pigmento visual presente na retina.
e. A vitamina A pode ser produzida pelo próprio organismo sob efeito da radiação solar.
Questão 3
As vitaminas são classificadas em dois grandes grupos: as hidrossolúveis e as
lipossolúveis. Entre as vitaminas lipossolúveis, destacamos as vitaminas A, D, E e K,
que desempenham muitos papéis importantes no funcionamento do organismo e
são obtidas por meio da alimentação, bem como por outras fontes, como a síntese
dessas vitaminas pela microbiota intestinal e a produção na pele sob a ação da
radiação solar.
a. A vitamina A necessita de duas hidroxilações (uma no fígado e outra nos rins) para ser biologicamente
ativa.
b. A vitamina E é importante para a manutenção dos níveis plasmáticos de íons cálcio e fosfato no
organismo.
c. A vitamina D não tem papel no metabolismo, porém atua como um importante antioxidante,
neutralizando os radicais livres.
d. A vitamina K é a única vitamina lipossolúvel que atua como coenzima. No caso, é coenzima na síntese de
fatores da coagulação.
e. A carência de vitamina A está associada a um risco maior de doenças autoimunes, pois essa vitamina tem
ação imunomoduladora.
REFERÊNCIAS
BENDER, D. A. Micronutrientes: vitaminas e minerais. In: RODWELL, V. W. et al.
(Org.). Bioquímica ilustrada de Harper. 30. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017.
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the Nutrition Society. v. 71; p. 51-60, 2012.
seõçatona reV
KAUSHANSKY, K.; KIPPS, T. J. Agentes hematopoiéticos: fatores de crescimento,
minerais e vitaminas. In: BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C.
(Org.). As bases farmacológicas da terapêutica Goodman & Gilman. 12. ed.
Porto Alegre: AMGH, 2012.
MARINS, Tatiana A. et al. Intoxicação por vitamina D: relato de caso. Einstein (São
Paulo). v. 12; n. 2; p. 242-244, 2014.
RIZVI, S. et al. The role of vitamin E in human health and some diseases. SQU
Medical Journal, [S.l.], v. 14, n. 2, p. 157-165, 2014.
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Christian Grassl
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manchas da pele e da atenuação de rugas. Porém, uma das consequências do
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uso do ácido retinoico é o efeito teratogênico, ou seja, há risco de malformação
fetal, por isso, o profissional de Saúde, no início desta seção, questionou a
mulher sobre a gestação, pois essa é uma das condições de contraindicação
para o uso do ácido retinoico.
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incapacidade de mineralização óssea, o que reduz a resistência do osso. As
crianças com raquitismo também apresentam irritabilidade, apatia, fraqueza
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muscular e até convulsões quando a hipocalcemia se torna grave. Além disso,
há prejuízo no crescimento e no desenvolvimento da criança, e esse quadro
clínico é consequência da redução da concentração plasmática de íons cálcio,
uma vez que a vitamina D é essencial para a absorção intestinal de íons cálcio
provenientes da alimentação. Portanto, o profissional da Saúde orientou os
pais da criança sobre a importância da exposição solar, pois a principal fonte
de vitamina D para o organismo é a produção dessa vitamina na pele sob a
ação da radiação solar. Além disso, para complementar os níveis de vitamina D
no organismo da criança, o profissional sugeriu alimentos ricos em vitamina D,
como peixes, óleo de fígado, queijos e, em último caso, suplemento de vitamina
D.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
HIPERVITAMINOSE D: INTOXICAÇÃO POR VITAMINA D
A hipervitaminose D é pouco relatada. Geralmente, só é percebida quando o
quadro de hipercalcemia não se resolve. Em razão de seus benefícios, o uso de
vitamina D aumentou nos últimos anos; consequentemente, os casos de
intoxicação também tiveram aumento.
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por exemplo, a esclerose múltipla, qual o benefício da terapia com vitamina D
nesse paciente?
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2. Supondo que o paciente descrito no caso tenha osteomalácia, quais os
benefícios da vitamina D para esse paciente?
RESOLUÇÃO
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íons cálcio no intestino, aumentando, assim, a oferta de íons cálcio para a
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mineralização da matriz óssea.
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MINERAIS
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Christian Grassl
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Fonte: Shutterstock.
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podem ser convulsões, letargia, hipertensão ou hipotensão, parada cardíaca,
seõçatona reV
coma, constipação e outras, conforme os minerais envolvidos na carência.
Muitos dos assuntos que serão abordados nesta seção têm implicações clínicas,
sendo de grande importância para a sua formação profissional na área da Saúde.
Esses assuntos serão úteis para a compreensão, análise e resolução de várias
situações que poderão ocorrer na sua carreira profissional
Você, na sua prática profissional, pode se deparar com as situações a seguir, então,
com base nos conhecimentos adquiridos, você é capaz de analisar os aspectos
bioquímicos envolvidos com os minerais, bem como do uso farmacológico desses
minerais? Reflita:
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como explicaria essa relação?
seõçatona reV
2. Para um paciente que apresenta acidose metabólica e está na UTI, foi prescrito
bicarbonato de sódio por via intravenosa. Porém, o paciente apresenta
insuficiência cardíaca, e você levantou essa questão devido ao risco de
descompensação cardíaca por sobrecarga de volume. Alguém da equipe
resolveu questioná-lo sobre a relação da administração de bicarbonato de
sódio com o risco de descompensação cardíaca. Diante dessa situação, como
você explicaria essa relação para o seu colega?
Essas questões são apenas o ponto de partida para mais questionamentos e para
estimulá-lo a buscá-los. A situação-problema proposta é uma pequena amostra da
importância dos conhecimentos de bioquímica na prática clínica e nas pesquisas
na área da Saúde.
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seõçatona reV
CONCEITO-CHAVE
Os minerais essenciais estão amplamente distribuídos nos alimentos, por isso,
uma alimentação balanceada fornece as quantidades adequadas desses minerais
que atendem às necessidades metabólicas do organismo. Esses minerais podem
ser íons positivos (os cátions) ou íons negativos (os ânions). Entre os cátions,
podemos destacar o sódio, o potássio, o cálcio, o magnésio e o ferro; já entre os
ânions, podemos destacar o cloreto, o iodeto e o fosfato. Esses minerais exercem
funções importantes no organismo, como cofatores em várias reações químicas do
metabolismo, transporte de gás oxigênio no sangue, armazenamento de energia
nas células, contração muscular, geração e transmissão de impulsos nervosos e
cardíacos e tantas outras.
ASSIMILE
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ÍON SÓDIO (NA+)
seõçatona reV
O íon sódio é um cátion monovalente, ou seja, um íon com uma carga positiva; é o
íon predominante no meio extracelular, incluindo o plasma sanguíneo, em que é o
principal responsável pela manutenção da osmolaridade plasmática. Dessa
maneira, o íon sódio participa da manutenção do volume plasmático, e as
alterações na concentração plasmática de íon sódio interferem na volemia (volume
sanguíneo circulante); por exemplo: o aumento da concentração plasmática de íon
sódio, condição chamada de hipernatremia, provoca aumento do volume
plasmático, o que pode acarretar sérios danos ao organismo, como edemas e até
insuficiência cardíaca.
ASSIMILE
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maior a osmolaridade de uma solução, maior é a pressão osmótica que ela
seõçatona reV
exerce. Em outras palavras, podemos definir a osmose como a passagem
de solvente (como por exemplo, a água) do meio de maior pressão
osmótica para o meio de menor pressão osmótica.
EXEMPLIFICANDO
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desequilíbrio entre as concentrações intracelular e extracelular desses íons, sendo
seõçatona reV
que a concentração extracelular de íon sódio é maior do que a sua concentração
intracelular, enquanto a concentração intracelular de íon potássio é maior do que a
sua concentração extracelular. Devido a esse gradiente (diferença) de
concentração, surge um fluxo de íons do meio de maior concentração para o meio
de menor concentração; já no caso do íon sódio, ocorre um influxo (fluxo para
dentro da célula), e no caso do íon potássio, ocorre um efluxo (fluxo para fora da
célula). Para se evitar o equilíbrio entre as concentrações intracelular e extracelular
desses íons com consequente perda do equilíbrio entre as osmolaridades
intracelular e extracelular, bem como a alteração de volume celular e a perda da
polarização da célula com prejuízo na excitabilidade celular, entra em ação a
bomba sódio-potássio-ATPase. Essa proteína de membrana, com gasto de energia
fornecida pelo ATP, transporta, simultaneamente, contra o gradiente químico, 3
íons sódio para fora da célula e 2 íons potássio para dentro. Dessa maneira, a
bomba sódio-potássio-ATPase mantém a polarização da célula (polo positivo na
superfície extracelular da membrana plasmática e polo negativo na superfície
interna da membrana plasmática), bem como o volume celular por meio do
equilíbrio entre as osmolaridades intracelular e extracelular.
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fibras musculares, o que leva à contração dessas células.
seõçatona reV
As principais fontes de íon sódio na alimentação são os alimentos de origem
animal, como carne, ovos e leite. Nos seres humanos, a concentração intracelular
de íons sódio é em torno de 10 mEq/L, enquanto no meio extracelular, incluindo
plasma, a concentração fica na faixa de 136 a 145 mEq/L. Há dois tipos de
distúrbios do equilíbrio da concentração plasmática de íon sódio: a hiponatremia e
a hipernatremia. O primeiro distúrbio, a hiponatremia, corresponde à redução da
concentração plasmática de íon sódio, ou seja, uma concentração plasmática
inferior a 136 mEq/L desse íon. As possíveis causas da hiponatremia incluem uso
de diuréticos, deficiência na secreção de aldosterona, retenção hídrica devido ao
excesso de hormônio antidiurético (tumor no hipotálamo), excessiva administração
de soluções aquosas por via intravenosa, insuficiência renal crônica e suspensão
repentina da corticoterapia (tratamento com glicocorticoides). Na maioria das
vezes, a hiponatremia é assintomática, surgindo manifestações clínicas apenas em
casos graves de redução da concentração plasmática de íons sódio. Entre as
manifestações clínicas, podemos destacar: letargia, apatia, desorientação,
parestesias (como as cãibras musculares), anorexia e coma. O tratamento depende
da causa da hiponatremia, mas, em geral, envolve restrição hídrica e, até mesmo,
reposição de solução aquosa de íon sódio.
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ASSIMILE
seõçatona reV
As soluções são formadas pelo solvente e pelo soluto. A relação entre a
quantidade de soluto e a quantidade de solvente é chamada de
concentração. Existem várias formas de expressar a concentração, como a
concentração comum, molaridade e equivalentes/litro (Eq/L). A
concentração comum é a relação entre a massa do soluto e o volume da
solução (soma entre o volume do solvente e o volume do soluto); já a
molaridade corresponde à relação entre o número de mols do soluto e o
volume da solução. Só para lembrar você: mol é uma quantidade de
matéria correspondente ao valor de 6x10 . Por exemplo: quando falamos 23
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O íon potássio possui várias funções no organismo, sendo uma delas como cofator
seõçatona reV
de algumas reações enzimáticas, como a conversão do fosfoenolpiruvato em
piruvato, etapa final da glicólise, reação catalisada pela enzima piruvato quinase, e
a participação nos mecanismos de excitabilidade de neurônios e de fibras
musculares. Como vimos anteriormente, o íon sódio, por meio dos canais sódio-
voltagem-dependentes, é responsável pela despolarização dos neurônios, para se
gerar impulso nervoso, e das fibras musculares, para se gerar contração muscular.
Os íons potássio, por sua vez, são importantes para a etapa da repolarização, ou
seja, para tornar as células novamente responsivas aos estímulos químicos,
térmicos e mecânicos. Nas membranas plasmáticas dessas células, existem canais
específicos para os íons potássio que são regulados por voltagem: os canais
potássio-voltagem-dependentes. Quando a célula é despolarizada, os canais
potássio-voltagem-dependentes são ativados, levando ao efluxo (fluxo para fora)
de potássio da célula, que retorna ao estado de polarização (polo positivo na
superfície extracelular da membrana plasmática e polo negativo na superfície
interna da membrana plasmática). Além disso, em conjunto com os íons sódio, os
íons potássio, por meio da bomba sódio-potássio-ATPase, mantêm a polarização
das células, bem como o volume celular.
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como possíveis causas a alcalose respiratória ou metabólica, o uso de diuréticos
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depletores de potássio (como exemplo, temos a furosemida e a hidroclorotiazida),
as perdas de potássio no trato gastrintestinal (vômitos e/ou diarreias persistentes,
uso excessivo de laxantes) e uma dieta pobre em íon potássio. Na hipocalemia,
como manifestações clínicas, temos fraqueza muscular, letargia, inibição da
liberação de insulina pelas células beta-pancreáticas com risco de hiperglicemia,
aumento da produção de amônia (piora do quadro de encefalopatia hepática em
pacientes com insuficiência hepática), arritmias cardíacas e até parada cardíaca. O
tratamento é a correção do déficit de potássio no organismo com a reposição
desse íon por meio da solução aquosa de cloreto de potássio (KCl).
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EXEMPLIFICANDO
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o potássio é eliminado com a resina nas fezes e o organismo absorve
seõçatona reV
menos íons potássio no intestino, o que contribui para a redução da
concentração desse íon no plasma sanguíneo.
REFLITA
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O íon cálcio possui muitas funções no organismo, como na coagulação sanguínea
(considerado o fator IV que participa de várias reações da cascata da coagulação
seõçatona reV
sanguínea), na formação e no crescimento dos ossos, na excitabilidade de fibras
cardíacas (o impulso cardíaco gerado no nodo sinusal depende de canais cálcio-
voltagem-dependentes), na contração muscular (músculos esquelético, cardíaco e
liso), na transmissão sináptica e na liberação de conteúdo celular por exocitose
(por exemplo, a liberação de insulina pelas células beta-pancreáticas depende do
íon cálcio). No caso da contração muscular, o íon cálcio, proveniente do retículo
sarcoplasmático (músculo esquelético) ou do meio extracelular (músculos cardíaco
e liso), permite a interação entre as proteínas contráteis, actina e miosina. O
processo de exocitose de conteúdo celular (neurotransmissores, hormônios e
outras substâncias) depende do íon cálcio, pois esse íon ativa proteínas que
permitem a ancoragem e a posterior fusão das vesículas contendo as substâncias
na membrana plasmática. Com a fusão das vesículas na membrana plasmática, o
conteúdo vesicular (neurotransmissores, hormônios e outras substâncias) é
liberado para o meio extracelular. No caso dos ossos, a matriz extracelular é
composta, principalmente, pelo fosfato de cálcio, pelo hidróxido de cálcio e pelo
carbonato de cálcio. A calcificação é importante para solidez, rigidez ou dureza do
osso.
No caso dos íons cálcio, também podemos ter distúrbios eletrolíticos, como a
hipocalcemia e a hipercalcemia. A hipocalcemia é resultado da redução da
concentração plasmática de íons cálcio, enquanto a hipercalcemia refere-se ao
aumento da concentração plasmática de íon cálcio. A hipocalcemia pode ser
causada pela perda de paratireoide com tireoidectomia (remoção da glândula
tireoide) e por insuficiência renal. As manifestações clínicas, por sua vez, são:
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A hipercalcemia pode ser provocada por neoplasias, intoxicação por vitamina D e
hiperparatireoidismo. Entre as manifestações clínicas da hipercalcemia, podemos
seõçatona reV
destacar fraqueza, anorexia, vômitos, constipação, sonolência e arritmias
cardíacas. O tratamento consiste em identificar e resolver a causa desse distúrbio,
e um dos possíveis tratamentos é a administração de soro fisiológico e o uso de
diuréticos de alça (como a furosemida).
ÍON MAGNÉSIO
O íon magnésio é um cátion bivalente, predominantemente intracelular, com
concentração em torno de 58 mEq/L. No meio extracelular, incluindo o plasma, a
concentração varia entre 1,9 e 2,5 mEq/L. Entre as fontes alimentares ricas em íons
magnésio, podemos destacar o abacate, as nozes, as amêndoas, as sementes de
abóbora e as leguminosas.
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visto que esse mineral é antagonista do magnésio.
seõçatona reV
FERRO
As formas iônicas do ferro são o íon ferroso (Fe2+) e íon férrico (Fe3+), ambas as
formas são cátions. Entre os principais alimentos ricos em ferro, podemos destacar
fígado, frutos do mar, ovo, peixes, carnes, sementes de abóbora e pistache. O ferro
é componente do grupo heme da hemoglobina, proteína presente nos eritrócitos,
e é o responsável pela interação com o gás oxigênio, permitindo o transporte
desse gás no sangue e sua distribuição para todos os tecidos do corpo. A proteína
mioglobina, presente nas fibras musculares cardíacas e esqueléticas, também
possui grupo heme e, portanto, o ferro está presente nos músculos esqueléticos e
cardíaco. Nessas fibras musculares, o ferro interage com o gás oxigênio,
armazenando esse gás e facilitando a sua difusão pelo citoplasma dessas células;
além disso, o ferro é cofator de várias enzimas, como os citocromos hepáticos, a
catalase e a peroxidase.
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EXEMPLIFICANDO
está ligada a um grupo químico chamado heme, que, por sua vez, é
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formado pela molécula orgânica protoporfirina e pelo íon ferroso (Fe ). A 2+
seõçatona reV
protoporfirina evita que o íon Fe 2+
seja oxidado a íon férrico (Fe ), pois o 3+
OUTROS ÍONS
O íon cloreto (Cl-) é o principal ânion do meio extracelular, sendo que a sua
concentração nesse meio é cerca de 103 mEq/L, enquanto a concentração no meio
intracelular é cerca de 4 mEq/L. Esse ânion, juntamente com os íons sódio,
também participa da manutenção do volume plasmático, sendo um dos
responsáveis pela pressão osmótica no plasma; além disso, é componente do
ácido clorídrico (HCl) — o ácido gástrico secretado pelas células parietais da
mucosa gástrica.
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Aqui, encerramos a última seção do livro dedicada aos minerais. Nesta seção,
estudamos os minerais fisiologicamente mais importantes, considerando as suas
fontes e funções no organismo; além disso, destacamos os principais distúrbios
eletrolíticos decorrentes da deficiência ou do excesso de íons.
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seõçatona reV
FAÇA A VALER A PENA
Questão 1
Para o transporte de gás oxigênio no sangue, é necessário um mineral que se
encontra associado à protoporfirina para formar o grupo heme. Por sua vez, esse
grupo está associado a quatro cadeias de globina para formar a proteína
hemoglobina, que está presente nos eritrócitos.
a. Sódio.
b. Ferro.
c. Potássio.
d. Selênio.
e. Cobre.
Questão 2
Dois minerais participam ativamente dos mecanismos de excitabilidade dos
neurônios (geração de impulsos nervosos) e das fibras musculares (contração
muscular). Um dos minerais está envolvido na despolarização dessas células,
enquanto o outro mineral é responsável pela repolarização dessas células.
a. Magnésio e potássio.
b. Sódio e magnésio.
c. Cálcio e magnésio.
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d. Cloreto e cálcio.
e. Sódio e potássio.
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Questão 3
Em muitas situações clínicas, podem ocorrer distúrbios eletrolíticos com aumento
seõçatona reV
ou redução da concentração plasmática de um determinado mineral. A depender
do distúrbio de equilíbrio eletrolítico, as manifestações clínicas podem ser
variadas, desde as mais leves, como parestesias, até as mais graves, como parada
cardíaca.
a. A hipocalemia corresponde à redução da concentração plasmática de íon cálcio. Uma possível causa é a
insuficiência renal, e uma possível consequência é a arritmia cardíaca.
c. A hipercalcemia se refere ao aumento da concentração plasmática de íon potássio e pode ser provocada
por intoxicação de vitamina D. Um dos riscos mais graves é a parada cardíaca.
d. A hipernatremia se refere ao aumento da concentração plasmática de íon sódio e pode ser provocada por
desidratação. Entre as consequências, podemos destacar: hipertensão, edema e xerostomia.
REFERÊNCIAS
BENDER, D. A. Micronutrientes: vitaminas e minerais. In: RODWELL, V. W. et al.
(Org.). Bioquímica ilustrada de Harper. 30. ed. Porto Alegre: AMGH, 2017.
HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica Guyton & Hall. 12. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2011.
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SACRAMENTO, E. F.; SILVA, B. B. Vitaminas e minerais. In: SILVA, P. (Org.).
seõçatona reV
Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2010.
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Christian Grassl
seõçatona reV
Fonte: Shutterstock.
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06/03/2024, 08:06 lddkls212_bio_apl_sau
O gás oxigênio é apolar e, portanto, não se dissolve bem no plasma cujo principal
componente é a água. Por isso, precisamos de um sistema de transporte de
oxigênio para todos os tecidos do corpo, visto que o oxigênio é essencial para a
produção de energia, pois permite a oxidação completa da glicose, dos ácidos
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graxos e aminoácidos. O sistema de transporte para o oxigênio no sangue envolve
seõçatona reV
a proteína hemoglobina, presente nos eritrócitos; a hemoglobina é constituída por
quatro globinas, cada uma associada a um grupo heme. O grupo heme, por sua
vez, é constituído pela molécula orgânica protoporfirina e pelo íon ferroso; o
oxigênio tem afinidade pelo íon ferroso e, por isso, liga-se à hemoglobina, que, por
sua vez, via corrente sanguínea, distribui o oxigênio para todos os tecidos. Na
deficiência de ferro, o transporte de oxigênio no sangue fica prejudicado e, dessa
maneira, a oferta de oxigênio aos tecidos é menor, o que acaba resultando nos
sinais e sintomas apresentados pela paciente.
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aumento do fluxo de potássio das células beta-pancreáticas para fora, reduzindo a
seõçatona reV
concentração desse íon no meio intracelular. Com a hiperglicemia e a ativação do
GLUT-2 pancreático, há o aumento da produção de ATP nas células beta-
pancreáticas e, consequentemente, a inativação dos canais de potássio sensíveis
ao ATP, o que levaria ao acúmulo de potássio na célula. Porém, com menor
concentração de potássio na célula beta-pancreática, em decorrência da
hipocalemia, não há concentração de cargas positivas suficiente para a
despolarização da célula, mesmo com a inativação dos canais de potássio sensíveis
ao ATP, dessa maneira, sem a despolarização, as células beta-pancreáticas não
conseguem secretar insulina, o que resulta em hiperglicemia e,
consequentemente, na descompensação do diabetes mellitus do paciente.
AVANÇANDO NA PRÁTICA
SOLUÇÃO POLARIZANTE: RELAÇÃO ENTRE INSULINA E POTÁSSIO
No hospital em que você trabalha, deu entrada um paciente com alto risco de
parada cardíaca cujos exames de sangue revelaram que o paciente apresentava
hipercalemia. Frente a isso, imediatamente, deu-se início ao tratamento com
solução polarizante, composta por insulina e soro de glicose. O acompanhante do
paciente, ao saber da composição da solução polarizante, achou estranho o uso da
insulina, pois o paciente não estava apresentando quadro de hiperglicemia, e ficou
com receio de que pudesse apresentar uma crise de hipoglicemia com a
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administração da insulina, colocando em risco a sua vida. Diante disso, como você
explicaria para o acompanhante o uso da solução polarizante para o tratamento da
hipercalemia e que não há risco de hipoglicemia?
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RESOLUÇÃO
seõçatona reV
A solução polarizante possui dois componentes: a insulina e o soro de glicose.
Na clínica, ela é usada para o tratamento da hipercalemia. A insulina, além do
seu efeito hipoglicemiante (aumenta a quantidade de GLUT-4 nas fibras
musculares e adipócitos, bem como a capacidade de captação de glicose por
essas células), também atua na bomba sódio-potássio-ATPase das fibras
musculares esqueléticas. Nesse caso, a insulina aumenta a atividade da bomba
sódio-potássio-ATPase, aumentando a captação de íons potássio pelas fibras
musculares, o que diminui a concentração plasmática de potássio e, portanto,
reverte o quadro de hipercalemia. Como a insulina também reduz a glicemia,
há risco de hipoglicemia, por isso, é necessário associar o soro de glicose para
evitar uma crise hipoglicêmica no paciente.
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