Análise Da Questão Ambiental No Planejamento Do Desenvolvimento de Montes Claros-MG

Você também pode gostar

Você está na página 1de 41

11

INTRODUÇÃO

O final do século XX presenciou uma crescente conscientização da sociedade


acerca da degradação ambiental decorrente do desenvolvimento.
Os problemas ambientais passaram a questionar o desenvolvimento da sociedade
dentro do contexto sustentável considerando que, qualquer modelo de desenvolvimento
econômico adotado deve ser socialmente justo e ecologicamente sustentável (FERREIRA,
2003).
Mas quando se fala em meio ambiente, não se trata apenas em entender a
dinâmica de certos processos naturais, mas sim de procurar relacionar a ação atrópica às
mudanças nesses processos e entender como elas incidem sobre a condição de vida do próprio
homem dentro do contexto de desenvolvimento capaz de superar os desequilíbrios
econômicos, sociais e ambientais.
Dentro deste cenário o Desenvolvimento Sustentável tem ganhado grande
destaque. Este baseia-se no desenvolvimento econômico, social e ambiental de uma
determinada região, referindo-se principalmente às conseqüências desses fatores na relação de
qualidade de vida e no bem-estar da sociedade, buscando planejar atividades para o presente
sem comprometer a possibilidade de se exercer as ações futuras. Partindo desse princípio cada
vez mais as organizações, sejam elas públicas ou privadas, vem buscando seu
desenvolvimento calcado em aspectos ambientais.

Planejar as ações que viriam interferir no meio ambiente e adequar o


desenvolvimento às restrições ambientais tornou-se, neste contexto, a base de um
desenvolvimento sustentável. Desenvolvimento, este, capaz de garantir sempre a
manutenção e renovação dos recursos naturais. Neste sentido, a idéia de
planejamento ambiental se torna mais consistente. (SILVA, 2003. p.1)

Desde que foros globais foram criados para se discutir as questões ambientais
constatou-se que uma das características mais importantes da sociedade é a crescente
inquietação com a qualidade, atual e emergente, do ambiente natural, o que vem revelar que a
esfera ambiental tem apresentado transformações que, a cada dia, traz ao Estado, governo e
sociedade, desafios nunca antes experimentados.
Dentre estes desafios, destacam-se ações integradas de planejamento dentro do
processo de desenvolvimento municipal.
Mas para discutir a Questão Ambiental nesse processo de Planejamento do
Desenvolvimento do Município, objetivo deste trabalho, é necessário, inicialmente construir
12

os conceitos sobre os quais estarão sustentadas as análises a serem realizadas. Assim,


buscar-se-á definir, teoricamente, dois conceitos fundamentais, responsáveis pela organização
dos indicadores que serão utilizados. Os temas são:

● Planejamento do Desenvolvimento Municipal.


● Questão Ambiental.

Essas conceituações serão apresentadas no corpo do trabalho.


“A ciência é uma forma de conhecer o mundo e agir sobre ele, construída pelo
homem em termos simbólicos, conceituais” (DUARTE e FURTADO, 2002). Com base nesse
pensamento buscou-se realizar o estágio supervisionado voltado para a pesquisa científica.
A presente monografia é resultado de um trabalho de iniciação científica que
exigiu o cumprimento de algumas normas de pesquisa da universidade. O projeto de pesquisa
precisou ser aprovado no Departamento de Administração, no Colegiado do Curso de
Administração, no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão - CEPEX e no Comitê de Ética,
para ser encaminhado à Câmara de Pesquisa1.
Fundamentado no propósito de atender aos objetivos deste estudo e em responder
o seguinte problema de pesquisa, “como a questão ambiental tem sido considerada no
planejamento do desenvolvimento do Município de Montes Claros – MG pelo poder público,
no período de 1997 a 2005?”, optou-se por uma pesquisa descritiva, de caráter qualitativo.
Segundo Marconi e Lakatos (2002) os estudos descritivos descrevem um
fenômeno ou situação, mediante um estudo realizado em determinado espaço-tempo. A
pesquisa descritiva delineia o que é, abordando quatro aspectos: descrição, registro, análise e
interpretação de fenômenos atuais, objetivando o seu funcionamento no presente.
Os procedimentos metodológicos adotados na elaboração da monografia
consistiram na Pesquisa Bibliográfica, Documental e de Campo. Foi realizada uma revisão
bibliográfica sobre temas afeitos ao planejamento, desenvolvimento local, desenvolvimento
sustentável, meio ambiente, seguida da análise de leis que regulamentam as questões ligadas
ao meio ambiente e os instrumentos de planejamento municipal. A pesquisa de campo serviu
para o levantamento das leis e planos, bem como para a coleta de dados referentes às ações
das gestões municipais no período delimitado para a pesquisa.
Foi tomado como fundamentação para essa pesquisa os instrumentos de
planejamento e gestão do município de Montes Claros – MG.
1
Os termos e consentimentos de aprovações dos projetos encontram-se nos apêndices de trabalho.
13

O trabalho visa apresentar análise feita acerca do Planejamento de


Desenvolvimento do Município de Montes Claros – MG, no período de 1997 a 2005, com
vistas à questão ambiental.
Seu objetivo geral está em analisar esse planejamento a partir da atuação das
Secretarias de Planejamento e Coordenação, Meio Ambiente, Agricultura, Industria,
Comercio e Turismo, identificando como a questão ambiental tem sido considerada dentro
desse processo.
Nessa linha, o trabalho tem como objetivos específicos identificar como se deu o
processo de planejamento do desenvolvimento municipal no período de 1997 a 2005;
identificar o papel das Secretarias de Planejamento e Coordenação, Meio Ambiente,
Agricultura, Industria, Comercio e Turismo, no planejamento do desenvolvimento Municipal
no período; identificar quais os aspectos ambientais são considerados no planejamento de
desenvolvimento municipal das referidas secretarias e analisar os planos de desenvolvimento
do período e identificar os aspectos ambientais inseridos nos mesmos.
O processo de desenvolvimento, mais especificamente o Desenvolvimento
Sustentável, tem constituído um assunto largamente discutido e de acordo com as tendências
atuais, as políticas públicas devem garantir um desenvolvimento sustentável, que busque a
harmonia entre o desenvolvimento econômico e a utilização dos recursos naturais e é a partir
dessa premissa que este trabalho se justifica, uma vez que a gestão ambiental visa a melhoria
ou conservação da qualidade ambiental no espaço intra-urbano da sua área de influência,
constituindo o conjunto das atividades técnicas, administrativas, legais e normativas que vem
desempenhar um papel importante como agente no planejamento estratégico da gestão
municipal.
A gestão ambiental repousa em políticas públicas (não exclusivamente), de parceria
com atores sociais responsáveis pela preservação e conservação dos recursos
naturais – notadamente o Estado, os agentes empresariais e o conjunto da sociedade
(BEZERRA e BURSZTYN, 2000. p. 119).

O corpo da monografia está estruturado em capítulos. No capítulo I, o


planejamento e o desenvolvimento são discutidos para a formulação do conceito de
Planejamento do Desenvolvimento Municipal, considerando o planejamento participativo e
o desenvolvimento sustentável. Também são apresentados nesse capítulo os instrumentos de
planejamento disponíveis ao município como suporte na gestão. O Capítulo II trata a Questão
Ambiental a partir das conceituações de Meio Ambiente e da análise dos mecanismos legais
no âmbito federal, estadual e municipal. Dentro do Capítulo III são feitas algumas
14

considerações sobre município de Montes Claros, a fim de apresentar como se deu o Processo
de Desenvolvimento e Planejamento do Município de Montes Claros. No Capítulo IV são
apresentados os dados e segue-se com a discussão dos resultados acerca da Questão
Ambiental no Planejamento do Desenvolvimento no Município de Montes Claros,
apresentando a construção da Agenda 21 Local como um instrumento importante de
planejamento participativo. Por fim são tecidas Considerações Finais sobre o que foi
discutido no decorrer da pesquisa, onde a autora apresenta seus comentários e sugere outros
estudos, visto que o tema proposto abre caminho para uma discussão mais abrangente.
15

CAPÍTULO I

PLANEJAMENTO DO DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL

1.1 Planejamento e Desenvolvimento

Nos estudos acerca do planejamento várias denominações são encontradas, como


planejamento estratégico, participativo, urbano, regional ou local. Contudo, qualquer que seja
a denominação dada ao processo, o planejamento deve visar a tomada de decisões para
otimização do futuro. É importante destacar que o planejamento constitui um processo
contínuo de caráter integrador.
Conyers e Hills2 (1984, apud FIDALGO, 2003; SILVA, 2003) definem o
planejamento como um processo contínuo que envolve decisões ou escolhas acerca de formas
alternativas de utilizar os recursos disponíveis com o objetivo de atingir metas específicas no
futuro.

“Planejar é uma prática cotidiana que se realiza com os mais diversos conteúdos,
graus de incerteza e níveis de complexidade, a partir de um objetivo projetado no futuro”
(Moisés, 1999 p.305).
Para Ackoff (1983) planejamento é o processo de definição de um futuro desejado
e os meios para alcançá-lo, que compreende então a busca pela construção desse estado futuro
envolvendo um conjunto de decisões interdependentes. Para Caravantes et al (2005) “o
planejamento implica em avaliar o futuro e preparar-se para ele ou mesmo criá-lo”.

Segundo Young (2000, p.09) “planejamento [é] um processo contínuo que envolve
coleta, organização e análise sistematizadas das informações para chegar a decisões
ou escolhas acerca das melhores alternativas para o aproveitamento dos recursos
disponíveis, com a finalidade de se atingir metas específicas no futuro e que levem à
melhoria de uma determinada situação e ao desenvolvimento das sociedades
humanas”.

O planejamento é realizado a longo e a curto prazo, ou estratégico e tático


respectivamente. O planejamento a longo prazo visa determinar os objetivos a serem seguidos
e os meios para atingi-los. Já o planejamento a curto prazo se dá dentro de características,

2
CONYERS, Diana; HILLS, Peter. An introduction to development planning in the third world. New York:
John Wiley & Sons, 1984. (Public Administration in Developing Countries).
16

descritas pelo autor, como sendo aquele que se destina a escolher os meios pelos quais se
tentará atingir os objetivos especificados (ACKOFF, 1983).
O autor ainda refere-se ao planejamento de acordo com a característica dada a
cada um, onde o planejamento estratégico é mais amplo, enquanto o planejamento tático é
mais restrito, no entanto, são considerados relativos e dependerão dos objetivos e da dimensão
do planejamento.
O planejamento é um instrumento eficaz no processo de ordenamento econômico
e territorial, mas que não se apresenta como uma via democratizante (PLANOMESO, 2005).
O planejamento deve ser estruturado dentro de um conjunto de atividades de forma articulada
em uma seqüência lógica que assegure racionalidade e participação da sociedade no processo
decisório. Com isso é importante observar a participação na realização do planejamento.

A participação organizada e progressiva da população é o caminho insubstituível


para a formação de uma sociedade realmente democrática, em que a pessoa humana
como fundamento e fim da vida social tenha sua dignidade respeitada, (…) nesse
sentido, a participação constitui poderoso instrumento de promoção humana e
desenvolvimento, com maiores possibilidades de corrigir os desvios e deformações
do processo de crescimento. (MONTORO, 1999. p.p 298-299)

Diante disso o planejamento participativo vem constituir do envolvimento dos


sujeitos no processo, ou seja, aqueles que serão os executores/ beneficiários e esse
envolvimento pode ser mais participativo e menos participativo, ou mesmo direto e indireto.
De acordo com Escobar (2000, p.213) “o planejamento requer, inevitavelmente,
uma normatização e uma padronização da realidade, que, por sua vez, têm como corolário a
injustiça e a obliteração da diferença e da diversidade”. O autor ainda ressalva que “o
planejamento ‘participatório’ ou em nível local, na maioria das vezes, não é concebido em
termos de um poder popular a ser exercido pela comunidade, e sim como uma questão
burocrática que a instituição do desenvolvimento é obrigada a resolver”. (ESCOBAR, 2000.
p.220). O que Escobar expõe mostra que o processo participativo no planejamento vem sendo
imposto dentro de um modelo que o cenário atual vêm exigindo como construção do
desenvolvimento.
Vários conceitos foram criados para definir planejamento. No entanto, não existe
uma definição precisa do termo, porém nota-se que a ênfase do processo está na decisão.
Então, pode-se dizer que por planejamento entende-se o processo onde se cria e estabelece os
meios a fim de se garantir um estado futuro desejado, através de decisões interdependentes
17

projetadas no longo e no curto prazo por um processo de participação tanto restrita quanto
ampliada, a fim de se garantir o melhor uso dos recursos disponíveis.
A partir do conceito de planejamento é possível discutir o que se compreende por
planejamento do desenvolvimento municipal.
Planejamento do desenvolvimento é o processo pelo qual se define a ação de
mudança específica de uma determinada realidade uma vez que o “planejamento do
desenvolvimento não pode estar dissociado da participação da comunidade local” (BOLZANI
JÚNIOR, 2004. p.56). Segundo Escobar (2000. p.211) “ as técnicas e práticas do
planejamento foram essenciais para o desenvolvimento desde o início”. Oliveira (2000. p.17)
afirma que “uma das primeiras características do processo de desenvolvimento seria o
crescimento que, apesar de não ser condição suficiente é concebido como condição
necessária”.

Diferente da idéia de crescimento – que sugere principalmente aumento em


quantidade –, a de desenvolvimento implica a mudança de qualidade e, também, o
aumento dos graus de complexidade, integração e coordenação de um sistema.
Crescimento exige material e energia. Desenvolvimento produz e se alimenta de
interações, informação. (MOISÉS, 1999. p. 308)

Cavalcante (1998, p.159 apud OLIVEIRA, 2000) também considera a existência


de uma distinção entre desenvolvimento e crescimento, porém o termo progresso tende a
igualar essas expressões. Segundo ele, o desenvolvimento não é uma coisa de se conseguir,
pois “nenhuma espécie viva, com efeito, à exceção do homem, empreende esforços de
desenvolvimento no sentido de crescimento material”.
De acordo com Furtado (2000. p.107) “o desenvolvimento de certa sociedade,
está ligado à evolução do nível material de vida na forma como determinada sociedade o
define”. Para Guimarães (1998), o desenvolvimento tem o homem como centro e razão de
todo o processo e o novo estilo de desenvolvimento tem que ser ambientalmente sustentável,
socialmente sustentável, culturalmente sustentável e politicamente sustentável, partindo da
ética de crescimento, onde os objetivos econômicos de progresso garantam o funcionamento
dos sistemas naturais para uma melhor qualidade de vida.
Para Milone (1998 apud OLIVEIRA, 2000) o “desenvolvimento deve ser
comentado por índices que representem, ainda que de forma incompleta, a qualidade de vida
dos indivíduos. Deste modo devemos ter um conjunto de indicadores (…)”.
18

Mendes (1998, apud OLIVEIRA, 2000, p.54) define, por sua vez,
desenvolvimento “como a criação de condições tendentes à produção do ser humano em sua
integridade”.
Esse mesmo autor destaca que “o desenvolvimento econômico e material é visto
como um elemento importante, mas em si insuficiente, para a promoção do desenvolvimento
humano”. (MENDES, 1998 apud OLIVEIRA, 2000, p.54)
Nos anos 80 a questão da sustentabilidade insere-se no contexto de
desenvolvimento e com isso surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável que ganhou
maior expressão a partir do relatório de Brundlandt3, elaborado pela Comissão Mundial sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, aprovado e divulgado pelas Nações Unidas em 1987.
Nesse documento, desenvolvimento sustentável é definido como “aquele que atende às
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem
às suas” (BRUDTLAND et al, 1991, p. 46). O documento ressalva a necessidade de se
estabelecer estratégias de desenvolvimento que levam em conta aspectos ambientais,
econômicos, sociais, políticos e institucionais.
O desenvolvimento sustentável concentra-se em três eixos principais, sendo eles,
o crescimento econômico, o equilíbrio social e o equilíbrio ecológico. (MAY, LUSTOSA e
VINHA, 2003).

“Ainda é pequeno o conhecimento consolidado sobre as influências recíprocas entre


o crescimento econômico (Quantificado em níveis monetários), a eqüidade social
(medida por indicadores quantitativos) e a sustentabilidade ambiental (sobre
parâmetros físico-bióticos)” (BEZERRA e MUNHOZ, 2000. p. 119).

Além do conceito de planejamento e de desenvolvimento, é importante destacar


que esses processos de planejamento e de desenvolvimento ocorrem em espaços definidos.
No caso deste trabalho, o foco será o município, que de acordo com BURQUE (1999) está
inserido dentro do contexto de desenvolvimento local.
O Desenvolvimento Local é “um processo endógeno registrado em pequenas
unidades territoriais e agrupamentos humanos capaz de promover o dinamismo econômico e a
melhoria da qualidade de vida da população” (BUARQUE, 1999. p.09 [grifo do autor]).

3
Relatório publicado em 1987, pela Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações
Unidas, elaborado pela Comissão de Brudtland, com o objetivo de identificar os problemas ambientais e propor
ações que possam ampliar as esperas de cooperação dos povos da Terra.
19

Considerando que muita gente confunde município com o poder público (prefeito,
prefeitura), ver-se a necessidade de um melhor entendimento do que vem a ser um
MUNICÍPIO antes de se discutir o planejamento municipal.
Ávila (1993, pp. 23-24) delineia-o como sendo

Aquela unidade geo-humana concreta, integrada por forças potenciais e ativas de


toda ordem, onde as pessoas são gestadas, moram, rezam, trabalham, amam, sofrem,
se organizam, se dividem, passam necessidades, (…) espaço multidimensional em
que cada ser humano efetivamente finca suas âncoras e constrói as bases essenciais
de sua existência.

Completando essa definição esse autor faz a seguinte colocação

O termo MUNICÍPIO, enquanto agente ou alvo de alguma ação, significará o


resultado da seguinte somatória: PODER PÚBLICO (prefeito, vice-prefeito,
vereadores, secretários e outros servidores do bem-público local) + SOCIEDADE
MUNICIPAL ORGANIZADA (isto é, mobilizada, ordenada, liderada e monitorada
pelo próprio poder público, sobretudo pelo prefeito e sua equipe de auxiliares no
trato sistemático com a população) (ÁVILA, 1993 p. 24 [grifos do autor]).

Para Buarque (1999, p.11)

O município tem uma escala territorial adequada à mobilização das energias sociais
e integração de investimentos potencializadores do desenvolvimento, seja pelas
reduzidas dimensões, seja pela aderência político-administrativa que oferece, através
da municipalidade e instância governamental.

Dentro desse contexto o mesmo autor trata o planejamento municipal como sendo
um processo de decisão sobre ações necessárias e adequadas à promoção do desenvolvimento
sustentável em pequenas unidades político-administrativas. Esse processo tende a gerar uma
grande proximidade dos cidadãos e dos seus problemas e uma grande aderência aos
instrumentos institucionais de gestão e participação, o que permite que esse planejamento
tenha amplos mecanismos de participação da população e dos atores sociais.
Segundo AZEVEDO (1997) dentro do processo de planejamento municipal, o
planejamento restrito utiliza o envolvimento da comunidade para definir melhor as
prioridades, para que, o esforço do governo e o dinheiro público sejam aplicados da melhor
forma e o planejamento ampliado tem a ver com a questão da criação dos conselhos, que vem
a ser a participação, em determinado tipo de política pública, de representantes dos vários
setores envolvidos.
20

O Planejamento deve ser construído por meio do diálogo entre os moradores, as


suas organizações e as autoridades públicas municipais. Dentro desse contexto vale destacar
que não há planejamento municipal sério se os moradores não participarem, opinarem ou
decidirem, uma vez que este deve ser divulgado, e amplamente conhecido pela população
(NASCIMENTO, 2005).
Assim o planejamento do desenvolvimento municipal é o processo de construção
do futuro e fundamentação das escolhas e prioridades que visa, a partir das condições
internas, a promoção do desenvolvimento do município, com o envolvimento da população e
de sujeitos sociais num processo de participação tanto restrita quanto ampliada, a fim de
garantir o melhor uso dos recursos disponíveis.
No entanto, as formas de participação e representação dos atores sociais no
processo decisório dependem da abrangência espacial e temática do planejamento
(BUARQUE, 1999).

1.2. Instrumentos de Planejamento Municipal

O município tem muitos instrumentos para se planejar, sendo abordados aqui com
maior destaque, no nível da determinação orçamentária, o PPA (Plano Plurianual), a LDO
(Lei de Diretrizes Orçamentárias), a LOA (Lei Orçamentária Anual), além de outros
instrumentos utilizados, como o Plano Diretor Municipal (PDM), Lei de Zoneamento de Uso
e Ocupação do Solo e Lei de Parcelamento do Solo e, como nesse trabalho o foco é na
questão ambiental vale destacar a Agenda 21, dentro do processo de Planejamento do
Desenvolvimento Municipal.
O Plano Plurianual Municipal constitui um instrumento de planejamento
estratégico obrigatório que dispõe as ações do município, com duração determinada de quatro
anos, começando sempre no segundo ano de uma administração e terminando no primeiro ano
da administração seguinte. (NASCIMENTO, 2005. p.08). “Sob a ótica ambiental é importante
que o PPA reflita prioridades sociais e ambientais” (LITTLE, 2003 p. 80).
Instrumento de política pública urbana, instituído na Constituição Federal (art
165), o PPA influencia na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na Lei Orçamentária Anual, que
prevêem os gastos do poder municipal no período de um ano. Para LITTLE (2003. p.81-82)
“o orçamento é instrumento de importância fundamental para a gestão governamental na
medida em que possibilita alto nível de controle das atividades públicas.
21

A Lei de Diretrizes Orçamentárias é importante para o sucesso das políticas


públicas municipais, pois determina a aplicação dos recursos compatíveis com as diretrizes do
plano diretor, Já a Lei Orçamentária Anual determina os recursos financeiro disponíveis para
a realização das ações da administração pública.
O Plano Diretor foi regulamentado pela Constituição Federal para se aprovado por
Lei Municipal como instrumento básico do Planejamento Municipal, obrigação legal para
todos os municípios com mais de 20 mil habitantes, reforçado com a aprovação da lei 10.257
de julho de 2001, o “Estatuto das Cidades”. O Plano Diretor é parte integrante do processo de
planejamento municipal, devendo o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o
orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas (ESTATUTO DAS
CIDADES, art 40 § 1º).
A Lei de Zoneamento de Uso e Ocupação Solo e a Lei de Parcelamento do Solo
constituem, dentro do processo de planejamento e controle do crescimento urbano, os
principais instrumentos legais para a administração municipal controlar o uso da terra,
densidade populacional, localização, dimensão e volume e os usos dos edifícios a fim de
proporcionar uma melhor qualidade de vida à população (LIMA, 2002).
Se o Plano Diretor define a destinação dos espaços no município e o PPA municipal
explicita as prioridades da ação governamental no período de quatro anos, a Agenda
21 Local busca construir um Plano Local de Desenvolvimento Sustentável que
contribua para mudar o modelo de desenvolvimento” (NASCIMENTO, 2005. p. 11).

Segundo Viana (2005) “a Agenda 21 Local (A21L) é um excelente instrumento


para o planejamento participativo que expressa a visão da sociedade, que procura enxergar
além daquilo que nossos olhos permitem ver (…)”. Com o objetivo de articular programas e
ações prioritárias em diversas instâncias do governo, envolvendo todos os setores da
sociedade o processo de construção da A21L toma forma de Plano de Desenvolvimento Local
(PDL) que deve criar formas e mecanismos de envolvimento dos diferentes setores sociais. E
suas ações devem prevê resultados em diferentes tempos, uns a curto prazo, outros a médio
prazo e longo prazo (NASCIMENTO, 2005).

O processo de elaboração da Agenda 21 Local pode significar a identificação de


diversas oportunidades de parceria para o alcance de metas negociadas entre os
setores (planejamento, meio ambiente, saúde, obras, ...) e as esferas (municipal,
estadual e federal) do Poder Público, o setor empresarial e a sociedade civil.
(MOISÉS,1999 p.321)

AAgenda21possui qualidades como instrumento de planejamento, que:


● constitui enfoque orientador do planejamento estratégico;
22

● informa e orienta a formulação dos demais instrumentos de planejamento – Planos


Diretores, Lei de Uso e Ocupação do Solo, Zoneamento Ecológico-Econômico,
Código de Obras, Código de Posturas, Incentivos Tributários,etc.;
● abrange todos os setores, pois trabalha de forma participativa e descentralizada;
● informa aos participantes do planejamento;
● dá suporte prático às políticas de desenvolvimento;
● promove responsabilidade compartilhada em todos os níveis. (MARCATTO e
RIBEIRO, 2002. p. 21)

Enfim os instrumentos que dispõe o município para planejamento são o Plano


Diretor Municipal, Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias, Lei Orçamentária
Anual, Lei de Parcelamento de Uso e Ocupação do Solo, Lei de Parcelamento do Solo e
Agenda 21 local de forma geral e outros que podem ser criados, dentro das características e
exigências do município.
23

CAPÍTULO II
QUESTÃO AMBIENTAL

As primeiras preocupações com a preservação dos recursos naturais no Brasil são


datadas de 1827, com a Carta de Lei, quando a exploração da madeira e seus subprodutos
eram a base de comércio do Brasil Colônia. A partir daí muitas leis e decretos foram criados.
Nos anos 60 as leis foram publicadas mantendo o valor econômico da exploração, acrescido
de um conceito inovador de uso racional de respeito a saúde e a qualidade de vida.

Os parâmetros do debate ambiental brasileiro mudaram em 1990: já não se fala mais


de proteção ambiental independentemente do desenvolvimento econômico, sendo o
eixo estruturador do debate a preocupação em como atingir um novo estilo de
desenvolvimento que interiorize a proteção ambiental (FERREIRA, 2003. p.106).

Nesse contexto observa-se que a questão ambiental vem assumindo destaque


significativo dentro das organizações, públicas e privadas, e o tema ambiental é alvo de
debates entre acadêmicos, governo, ongs e ambientalistas que, a partir de objetivos diversos
apresenta-o de forma diferenciada4. Em função disto serão expostos alguns conceitos de Meio
Ambiente nas diferentes visões.
Na busca por uma definição de Meio Ambiente é comum encontrar NATUREZA
como o conceito mais comum. Para Sachs (2000. p.127) a “natureza, quando ela se torna
objeto de política e planejamento, transforma-se em ‘meio ambiente’”.
A percepção de meio ambiente é tratada por Oliveira5 (1983, apud MAZETTO,
2000. p.23) como “um fator imprescindível para se determinar a qualidade ambiental e de
vida”. Segundo Berna (2005) as questões ambientais estão inter-relacionadas também à
questão da identidade cultural de uma comunidade. A questão ambiental se interliga com as
questões econômica, social, a cultura da paz, pois a natureza vem sendo destruída há muito
tempo e o meio ambiente cada vez mais poluído.
A Constituição Federal de 1988 traz em seu Artigo 225 o meio ambiente como
um bem comum do povo e que compete ao Poder Público e à sociedade defendê-lo e
preservá-lo para as gerações presentes e futuras. Nela são estabelecidas as competências,

4
“A questão ambiental vem impondo reflexão e ampla revisão de conceitos, simultaneamente, nas esperas
sociais, política, cultural, filosófica, científica, tecnológica, econômica, entre outras”. (FORNASARI FILHO,
1998.p.129).
5
OLIVEIRA, I. de. A percepção da qualidade ambiental. In: Ação do homem e a qualidade ambiental. Rio
Claro: ARGEO/ Câmara Municipal, 1983.
24

direitos e obrigações relacionadas à proteção ambiental. A Constituição Federal por ser a lei
principal do país emana as normas de legislação ambiental.
Em se tratando da discussão do tema em nível de governo, importa compreender
também o que é Política Ambiental.
Por Política Ambiental entende-se “o conjunto de metas e instrumentos que visão
reduzir os impactos negativos da ação humana sobre o meio ambiente” (MAY, LUSTUSA e
VINHA, 2003). Uma política ambiental se torna importante uma vez que ela induz e força os
agentes econômicos a adotarem postura e procedimentos menos agressivos ao meio ambiente.
“Toda política ambiental deve procurar equilibrar e compatibilizar as necessidades de
industrialização e desenvolvimento com as de proteção, restauração e melhora do ambiente”
(PRADO, 2005.p.65).
A Política Nacional de Meio Ambiente é regida pela Lei nº 6.938/81 que em seu
artigo 2º, define que esta política “tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental propícia à vida”.
Para os fins dessa lei (art.3º inc.I) entende-se por Meio Ambiente “o conjunto de
condições, leis, influencias e interações de ordem física, química e biológica, que permite,
abriga e rege a vida em todas as suas formas”.
No Estado de Minas Gerais a Legislação Ambiental segue as normas da Lei nº
7.772 de setembro de 1980 que tem por finalidade dispor “mediadas de proteção ambiental,
conservação e melhoria do meio ambiente no Estado de Minas Gerais”. Em seu artigo 4º a
referida Lei diz que “a política estadual de proteção, conservação e melhoria do meio
ambiente compreende o conjunto de diretrizes administrativas e técnicas destinadas a fixar a
ação do Governo no campo dessas atividades”. Dentro da Legislação Ambiental do Estado de
Minas Gerais (art.1º) o Meio Ambiente é entendido como “o espaço onde se desenvolve as
atividades humanas e a vida dos animais”.
Neste trabalho, ressalta-se a competência do município quanto ao meio ambiente e
apontou-se os instrumentos legais e administrativos que o município pode valer-se para um
planejamento eficaz de desenvolvimento e, dentro desse processo a política ambiental tem
papel fundamental.
Instituir uma Política Municipal de Meio Ambiente (PMMA) é um dos
mecanismos do poder público local para definir diretrizes e estabelecer normas, na forma da
lei, que regulamente as questões ambientais locais, estruturando assim, as ações
governamentais de preservação, proteção, conservação, defesa, melhoria, recuperação, uso
25

sustentável e controle do meio ambiente, respeitando as competências federal e estadual.


(FERREIRA, 2003; LITTLE, 2003).
A questão ambiental precisa ser discutida de forma que se faça uma análise
combinada entre fatores ambientais, políticos, sociais, econômicos, culturais e
biotecnológicos para se compreender as características da qualidade de vida e ambiental de
uma população, sendo esta relevante para que se possa tomar decisões e traçar medidas que
dêem condições de vida dignas á população.
26

CAPÍTULO III

PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO E PLANEJAMENTO DO MUNICÍPIO DE


MONTES CLAROS

3.1 O Município de Montes Claros: breves considerações

O Município de Montes Claros está localizado no Norte do Estado de Minas


Gerais. Possui uma população absoluta de 318.916 habitantes (IBGE, 2002), distribuídos em
3.594,10 km², resultando em uma densidade demográfica próxima de 88,74 hab/km². O índice
de urbanização do município é de cerca de 94%. A cidade de Montes Claros constitui uma
cidade de porte médio6. Considerada atualmente como o centro mais dinâmico da região,
desempenha o papel de pólo regional como decorrência da concentração de atividades
industriais, comerciais e de serviços (PEREIRA e LEITE, 2004).
“A cidade se desenvolveu a partir de uma fazenda de gado, e, apesar de ser foco
de políticas de planejamento regional teve seu crescimento populacional espontâneo”
(PEREIRA e LEITE, 2004. p.13). De acordo com Silva (1990), em 1937, o Cel. Pinheiro
Neves fez uma planta da cidade o que, de acordo com alguns especialistas do planejamento
urbano, proporcionou um traçado menos irregular ao atual centro da cidade.
“A cidade de Montes Claros vem sofrendo, nos últimos anos, um crescimento
populacional significativo e com eles os problemas advindos do uso do solo urbano sem um
planejamento adequado” (PEREIRA e ALMEIDA: 2004. p. 75)
O Município vem apresentando um ritmo acelerado de urbanização exigindo um
planejamento que vise não somente desenvolvimento relacionado aos aspectos econômicos e
sociais, mas que verifique, também, a questão ambiental inserida nesse processo.
As primeiras e mais significativas tentativas de planejamento no município se deu
pós 64 que, segundo Silva (1990), foi no momento de recuperação econômica e tentativa de
legitimação do Estado. Esse mesmo autor apresenta como os planos mais importantes dentro
da história do município o I Plano Diretor7, o Plano de Desenvolvimento Local Integrado
(PDLI)8 e o Projeto Cidades de Porte Médio (PCPM). Para esse autor até os anos 90 a história
do planejamento urbano de Montes Claros é a história desses três experiências.
6
São consideradas como porte médio aquelas cidades com população entre 100 mil e 500 mil habitantes.
(IBGE).
7
A elaboração do I Plano Diretor iniciou-se em julho de 1969 e concluiu-se em abril de 1970.
8
Elaborado em 1973, pela PRODAX (Consultoria, Planejamento e Assessoria Ltda).
27

Em sua pesquisa Silva (1990) caracteriza essas três experiências destacando que
elas foram realizadas dentro de uma metodologia moderna imposta por esferas superiores do
governo o que resultou em documentos volumosos e detalhados, mas que não eram
criteriosos.
Recorrendo aos dados apresentados por esse autor observa-se que as diretrizes do
I Plano Diretor tinham como suporte uma política urbana de adensamento voltada mais para
as questões de desenvolvimento econômico. Elaborado por uma empresa de consultoria de
Belo Horizonte ele não teve nenhuma participação da população.
O Projeto Cidades de Porte Médio foi um contrato entre governo federal e o
Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). A participação de
Montes Claros nesse projeto exigiu uma melhor estrutura para a recém criada Secretaria de
Planejamento e Coordenação – SEPLAN (SILVA, 1990; BRASIL, 1983). Como no Plano
Diretor as principais diretrizes do PCPM eram voltadas para a questão econômica, sem deixar
a questão social e fisico-territorial de lado.
Como foi citado por Silva (1990), o PDLI foi elaborado num período que Montes
Claros vivia uma transição de etapas no processo de desenvolvimento devido à crescente
industrialização do município o que deixava visível um grande obstáculo à institucionalização
do processo de desenvolvimento econômico, local e regional, a falta de ordenamento ou
sistematização desse desenvolvimento. “Faltou ao PDLI sair dos gabinetes e chegar à
população como instrumento participativo de planejamento”, como salienta esse autor.
Mas a partir da publicação do Estatuto das Cidades, Lei 10.257, as administrações
municipais precisaram adequar seus instrumentos de planejamento.
Atualmente, no município de Montes Claros, os planejadores municipais podem
contar com os seguintes instrumentos de planejamento e gestão municipal, Lei Orgânica, o
Plano Diretor, O Plano Plurianual, e as Leis Orçamentárias, as Lei Zoneamento de Uso,
Ocupação e Lei de Parcelamento do Solo.
28

CAPÍTULO IV

METODOLOGIA

4.1 Tipos de Pesquisa

Das várias formas para se classificar pesquisa, assim foi considerada a presente:
Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, será adotada a pesquisa
qualitativa, que “trabalha com um universo de significados, motivos, aspirações, crenças,
valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos
e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis”. (MINAYO
et al., 1994, p. 21).
Silva e Menezes (2002, p. 20) afirmam que na “Pesquisa Qualitativa”

há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo


indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser
traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados
são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e
técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o
pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar
seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de
abordagem.

Do ponto de vista de seus objetivos, Pesquisa Descritiva, na qual, segundo


Andrade (1999, p.30 apud DUARTE e FURTADO, 2002 p. 28) “os fatos são observados,
registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira neles”.
Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, utilizou-se das Pesquisas
Bibliográfica, Documental e de Campo.
Para Lakatos e Marconi (1991), a pesquisa bibliográfica no campo teórico pode
traduzir-se em estudo recapitulativo, como evidenciar áreas ainda não cristalizadas.
Silva e Menezes (2001, p. 38) definem a pesquisa bibliográfica como “aquela
baseada na análise da literatura já publicada em forma de livros, revistas, publicações avulsas,
imprensa escrita e até eletronicamente, disponibilizada na Internet”.
“A Pesquisa Documental se caracteriza por valer-se de materiais que não
receberam tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da
pesquisa”.(DUARTE e FURTADO, 2002. p.62).
29

Pesquisa de Campo “caracteriza-se pela interrogação direta às pessoas (…)


realizada através de observação no local onde ocorreu ou ocorre um fenômeno, que dispõe de
elementos para explica-los”.(DUARTE e FURTADO, 2002. p. 30).
A Pesquisa de Campo seria, a priori, utilizada para o levantamento de dados junto
aos atores envolvidos no processo de planejamento do desenvolvimento do município. No
entanto, no decorrer dos levantamentos preliminares percebeu-se que os dados não dariam
fundamentos para a construção dos indicadores que norteariam as entrevistas, com isso essa
pesquisa, nesse trabalho serviu para a coleta de leis e planos de governo que serviu de objeto
de análise.

4.2. Métodos Utilizados na Pesquisa

Visando ao aprofundamento teórico sobre o tema pesquisado, optou-se, como


método de pesquisa, pelo levantamento.
Segundo Duarte e Furtado (2002, p. 51) o método de levantamento procura
determinar a incidência e distribuição de características ou relações entre variáveis, e é o mais
adequado às pesquisas descritivas.
Para a coleta de dados optou-se pela utilização dos métodos Sistêmico e Histórico.
O Método Sistêmico “estuda os processos e seu movimento na direção de uma
evolução” e o Método Histórico “consiste em investigar acontecimentos, processos e
instituições do passado, para verificar a sua influencia na sociedade de hoje” (DUARTE e
FURTADO, 2002. p.52).
A utilização desses métodos justificam-se à medida que se torna necessário o
processo de evolução do Planejamento no Município de Montes Claros e a inserção da
questão ambiental na elaboração dos planos e no desenvolvimento municipal.

4.3 Organização e Análise dos Dados

Visando a não fragmentar conteúdo, nenhum método de análise foi utilizado de


forma rígida.
A categorização, dentre as formas de tratar as informações pesquisadas, a que
mais se assemelha com o trabalho realizado, em conjunto com a análise de conteúdo.
30

Lüdke e André (1986, p. 38), ao referirem-se à “análise documental”, afirmam


tratar-se de “(...) técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos (...) desvelando aspectos
novos de um tema ou problema”.
Para Phillips (1974 apud LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 38), “são considerados
documentos ‘quaisquer materiais escritos que possam ser usados como fonte de informação
sobre o comportamento humano’”.
Lüdke e André (1986, p. 40), ao referirem-se à crítica de alguns autores sobre a
possibilidade de a utilização de documentos representar escolhas arbitrárias a partir da ênfase
de alguns aspectos e da focalização de temáticas, consideram essas escolhas como um dado a
mais na análise. A contestação fundamenta-se no “(...) próprio propósito da análise
documental de fazer inferência sobre os valores, os sentimentos, as intenções e a ideologia das
fontes ou dos autores dos documentos”.
Indicam como primeira decisão desse processo de análise a caracterização do tipo
de documento que será utilizado ou selecionado. No caso desta pesquisa, os documentos
utilizados foram Leis Municipal, Estadual e Federal e Plano de Governo Municipal.

4.4 Sobre a Forma de Registro

Num primeiro momento, as leituras entusiásticas assinalavam quase tudo, de


maneira diversa. As possibilidades da questão ambiental, sua crise e formas de superação
englobavam muitos caminhos. Os registros eram feitos nas próprias obras quando pertenciam
à autora. Em outros casos, utilizou-se um caderno de apoio com manuscritos que destacavam
temas e páginas para posterior revisão.
Um segundo momento envolveu o tratamento das informações por autor, quando
foi retirado de algumas das obras lidas o que mais interessava para a pesquisa. A partir desta
versão por autor, os registros foram tomando novas formas até traduzirem-se na identificação
do capítulo da monografia em que o conteúdo se adequava.
Em relação ao que a metodologia tradicional denomina “desenvolvimento”, foi
criada no computador uma pasta ‘monografia’ na qual foram escritas algumas versões dos
capítulos que fariam parte do corpo do trabalho. A partir dessa ação, a análise de conteúdo
ficou mais clara com a inserção dos registros por autor nos capítulos referidos, o que
possibilitou uma sistematização de informações no esquema proposto. Das inúmeras leituras
31

surgiam as novas versões identificando novas categorias, “(...) num processo dinâmico de
confronto constante entre teoria e empiria, o que origina novas concepções e
conseqüentemente, novos focos de interesse”(LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 42). Nenhuma
norma fixa foi utilizada na formulação dessas categorias além do feeling da autora em seu
processo singular de pesquisa, integrando a experiência e a inexperiência, o entusiasmo e a
desmotivação, a ansiedade e a perseverança e, sobretudo, uma postura crítica à sua própria
formulação e análise. As categorias buscavam, no entanto, “(...) refletir os propósitos da
pesquisa” a partir do encontro de “(...) aspectos recorrentes” (GUBA; LINCOLN, 1981 apud
LUDKE; ANDRÉ 1986, p. 43). O difícil é construir a homogeneidade com coerência e
plausibilidade e a exclusividade na formulação das categorias, propriedades estas sugeridas
por Lüdke e André (1986), Guba e Lincoln (1981) e Minayo (et al., 1994).
Essas sugestões não são de forma alguma definitivas. Como diz Patton (1980),
‘esse esforço de detectar padrões, temas e categorias é um processo criativo que requer
julgamentos cuidadosos sobre o que é realmente relevante e significativo nos dados’. Como as
pessoas que analisam dados qualitativos não têm testes estatísticos para dizer-lhes se uma
observação é ou não significativa, elas devem basear-se na sua própria inteligência,
experiência e julgamento. (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 44).
O não-aprofundamento da pesquisa em alguns clássicos manteve a dúvida como
opção e às vezes a omissão de questões importantes. A dificuldade em conhecer o contexto
em que primariamente foram constituídas as teorias envolvidas reflete-se nas limitações do
presente estudo.
Algumas releituras das obras evidenciavam erros graves na interpretação, outros
ainda podem ter se mantido, o que não indica irresponsabilidade, apenas evidencia seu
resultado como um recorte teórico aberto.
O enriquecimento das versões, referido por Lüdke e André (1986, p. 43, 44) como
“[...] aprofundamento, ligação e ampliação”, quando a partir do que já se tem busca-se ampliar
o conhecimento, descobrir e aprofundar visões, foi possível basicamente pela leitura de outras
obras selecionadas, bem como pela exploração das “(...) ligações entre os vários itens,
tentando estabelecer relações e associações e passando então a combiná-los, separá-los ou
reorganizá-los” para finalmente identificar “(...) os elementos emergentes que precisam ser
mais aprofundados”.
32

CAPÍTULO V

A QUESTÃO AMBIENTAL NO PLANEJAMENTO DO DESENVOLVIMENTO NO


MUNICÍPIO DE MONTES CLAROS

5.1 Apresentação dos dados

Pereira e Almeida (2004, p.77) discutem o desenvolvimento e os problemas


ambientais no município de Montes Claros – MG, mostrando que “uma das tendências mais
comuns trata o meio urbano como uma das expressões do meio ambiente sendo a cidade um
foco das externalidades a serem corrigidas”. Para essas autoras “algumas medidas podem ser
tomadas pela gestão municipal para a melhoria da qualidade ambiental da cidade de Montes
Claros e, por conseqüência melhorar a qualidade de vida da população”.

Completando esse discurso, Almeida e França (2004, p.99) tratam a questão


ambiental como “um dos mais sérios desafios do município para ser enfrentada na atualidade
pelos moradores, empreendedores e representantes”. Para Pereira e Almeida (2004) o
município não apresenta um planejamento adequado, o que vem acarretando graves
problemas sócio-ambientais.

A Lei 2921 de 2001 que institui o Plano Diretor prevê no seu artigo 3º, inciso VI, a
preservação, proteção e recuperação do meio ambiente e do patrimônio cultural, histórico,
paisagístico, artístico e arqueológico municipal e no art. 21 estabelece as diretrizes de Meio
Ambiente.

A Lei Orgânica do município de Montes Claros (2004), no capítulo VI apresenta


nove artigos que dispõem sobre as questões ambientais. Seu art. 214 prevê que “todos têm
direito ao meio ambiente saudável, ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo
e essencial à adequada qualidade de vida, impondo-se a todos e em especial ao Poder Público
Municipal, o dever de defendê-lo e preservá-lo para o benefício das gerações atuais e futuras”.
No artigo subseqüente diz ser “dever do Poder Público elaborar e implantar, através de Lei,
um Plano Municipal de Meio Ambiente e definição de diretrizes para o seu melhor
aproveitamento no processo de desenvolvimento econômico e social”.
33

De acordo com a Política Municipal de Meio Ambiente (Lei nº 1900/ 1991, art.2º)
o Meio Ambiente constitui “O conjunto de condições, leis, influência e intenções de ordem
física, química, biológica, social, cultural e política, que permite, abriga e rege a vida em
todas as suas formas”.

A política municipal de proteção, conservação e melhoria do meio ambiente


compreende o conjunto de diretrizes administrativas e técnicas que fixam a ação do
Poder Público no campo dessas atividades.
Parágrafo Único - As atividades empresariais, públicas ou privadas, serão
exercidas em consonância com a política municipal de proteção, conservação e
melhoria do meio ambiente (Lei 1900/1991, Art.4º).

5.1.1 Legislação Ambiental

A lei municipal de meio ambiente deve apresentar as diretrizes gerais para atuação
municipal, em sintonia com o Plano Diretor, devendo avaliar a realidade local em termos
políticos, econômicos, sociais e ambientais (ALMEIDA et al, 2004).
A legislação ambiental no município de Montes Claros é regulamentada pela Lei
1900 de 15 de janeiro de 1991 dispõe sobre a política de proteção, do controle e da
conservação do meio ambiente e melhoria de vida no município de Montes Claros. Essa Lei,
no seu artigo 1º, dispõe que “A Política Ambiental do Município, respeitadas as competências
da União e do Estado, têm por objeto a conservação e a recuperação do Meio Ambiente e a
melhoria da qualidade de vida dos Habitantes de Montes Claros”.
Segundo o art. 223 da Lei Orgânica “o Município terá um código de postura
ambiental a ser regulamentado por lei”. No artigo 21 do Plano Diretor do Município de
Montes Claros são apresentadas as diretrizes acerca do meio ambiente
A tabela 01 mostra como a legislação ambiental está inserida nos instrumentos de
planejamento do município. Observa-se que nos principais instrumentos ela vem inserida
dentro de um artigo específico.
34

Legislação Ambiental
O município possui legislação específica para a questão ambiental: Sim
A legislação ambiental existente está inserida como:
Capítulo/Artigo da Lei Orgânica Sim
Capítulo/Artigo do Plano Diretor Sim
Capítulo/Artigo do Plano de Desenvolvimento Urbano Sim
Capítulo/Artigo do Plano Diretor para Resíduos Sólidos Sim
Capítulo/Artigo do Plano Diretor para Drenagem Urbana Sim
Capítulo/Artigo do Zoneamento Ecológico-Econômico Regional Não
Capítulo/Artigo do Código Ambiental Sim
Capítulo/Artigo das Leis de Criação de Unidades de Conservação Sim
Outras formas Não
Tabela 01 – Legislação Ambiental
Fonte: IBGE, Perfil dos Municípios Brasileiros - Meio Ambiente 2002

5.1.2 Secretaria Municipal de Meio Ambiente

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA) é órgão técnico


administrativo que compõe a organização administrativa da Prefeitura, atuando em conjunto
com o Conselho Municipal de Defesa e Conservação do Meio Ambiente (CODEMA). Sua
principal função é implementar a política municipal de meio ambiente, além de monitorar e
fiscalizar as atividades de impacto ambiental, coordenar programas de educação ambiental e
desenvolver parcerias com órgãos e entidades com vistas ao desenvolvimento sustentável e
ainda, promover a proteção e conservação dos parques e áreas verdes.9
De acordo com os dados do IBGE (2002) a Secretaria de Meio Ambiente de
Montes Claros é um órgão que trata somente de Meio Ambiente. Ela não está
associada/subordinada às secretarias de Agricultura, Industria, Turismo e o órgão de Meio
Ambiente não está ligado ao Planejamento, como mostra a tabela abaixo.

9
http://www.montesclaros.mg.gov.br
35

Tipo de Órgão Municipal de Meio Ambiente

Possui Secretaria Municipal de Meio Ambiente Sim


Se sim, a SMMA só trata de Meio Ambiente Sim
Caso não, possui deptº ou órgão similar para Meio Ambiente Não se aplica
A que secretaria a área de Meio Ambiente está associada / subordinada:
Agricultura Não
Defesa Civil Não
Educação/Cultura Não
Indústria Não
Obras Não
Pesca Não
O órgão de Meio Ambiente é ligado ao Planejamento Não
Saúde Não
Turismo Não
Outra secretaria Não
Tabela 02 – Órgão municipal de meio ambiente
Fonte: IBGE, Perfil dos Municípios Brasileiros - Meio Ambiente 2002

Um dos objetivos dessa pesquisa estava em discutir as ações de outras secretarias


municipais quanto à questão ambiental, porém essa análise não pode ser realizada visto que
como mostra a tabela 02 não existia uma integração entre a secretaria de Meio Ambiente e as
demais, bem como não estava ligada ao Planejamento.
A Secretaria de Planejamento e Coordenação (SEPLAN) é um dos órgãos mais
importantes do governo municipal. Foi implantada pelo prefeito Antônio Lafetá Rebello que,
segundo Brasil (1983), pela primeira vez na história Montes Claros contaria com um setor de
sua administração com finalidade de pensar o crescimento. Contudo observou-se que nas
ações atribuídas a essa secretaria não existiam preocupações específicas com a questão
ambiental para a implementação dos projetos.
Na atual gestão essa secretaria tem como atribuições acompanhar o
desenvolvimento dos projetos estratégicos e os indicadores de desempenho da prefeitura;
coordenar o planejamento e a integração entre as secretarias; e coordenar o planejamento
urbano do município, sendo essas ações exercidas pela Coordenadoria de Planejamento10.

10
http://www.montesclaros.mg.gov.br
36

5.1.3 Conselho Municipal de Conservação Defesa do Meio Ambiente

Foi criado na cidade de Montes Claros – MG na década de 80 o Conselho


Municipal de Conservação e Defesa do Meio Ambiente – CODEMA (Lei 1443, de 27 de
dezembro de 1983), cuja finalidade é a de elaborar relatórios técnicos, fiscalizar ou apurar
denúncias de poluição ou degradação ambiental, além de decidir sobre a concessão de
licenças, aplicação de penalidades, de advertências e multas, suspensão e embargos de
empreendimentos e atividades que estejam infringindo a legislação ambiental do Município.
A Lei Orgânica do Município de Montes Claros diz que

O Poder Público Municipal manterá, obrigatoriamente, o Conselho Municipal de


Defesa e Conservação do Meio Ambiente - CODEMA, órgão colegiado autônomo e
deliberativo, composto paritariamente por representantes do Poder Público,
entidades ambientalistas, representantes da sociedade civil e das classes produtoras,
que dentre outras atribuições, definidas em lei, deverá:
I- analisar, aprovar ou vetar qualquer projeto público ou privado que implique em
impacto ambiental;
II- realizar audiências públicas para julgamento da conveniência da implantação dos
projetos a que se refere o inciso anterior, cm que se ouvirão as entidades
interessadas, especialmente os representantes da população atingida (art.218 – Lei
Orgânica do Município de Montes Claros)

Dispõe ainda em Parágrafo Único que o CODEMA terá sua composição definida
por lei e funcionará de acordo com regimento interno que será aprovado pelos seus membros.
No art 219 essa Lei dispõe sobre outras ações e diretrizes competidas ao CODEMA sendo
elas

I- na sua vocação industrial, o Município devera optar pela instalação de indústrias


não poluentes ou de menor grau de poluição;
II- vetar, no âmbito municipal, o desenvolvimento de atividade ligadas a energia
nuclear, exceto aquelas que tenham aplicação na área da saúde;
III- elaborar, para cada gestão administrativa, um programa de arborização urbana;
IV- destinar, anualmente, em seu orçamento, recursos financeiros para aplicação
específica em programas de combate, controle e fiscalização no que se refere à
poluição dos rios, riachos e córregos existentes no território do Município;
V- cuidar, em colaboração com a União e o Estado, da preservação de nossas áreas
verdes;
VI- promover a manutenção do acervo ecológico do Município, definindo, na forma
da lei, os objetos e bens que o irão constituir (art. 219 – Lei Orgânica do Município
de Montes Claros).

O CODEMA é um órgão colegiado, autônomo e deliberativo, composto


paritariamente por representantes do poder público, entidades ambientalistas, representantes
da Sociedade Civil e das Classes Produtoras, com poderes para avocar ao exame e a decisão
de qualquer matéria de importância para a política de meio ambiente no âmbito do
37

município11, mas de acordo com o IBGE (2002) possui uma participação da sociedade civil de
menos de 50%. No plano de governo da atual gestão (2005-2008) a proposta seria de
democratização do CODEMA integrando-o às discussões do Orçamento Participativo.

Conselho Municipal de Meio Ambiente


O município possui Conselho Municipal de Meio Ambiente Sim
O CMMA se reuniu nos últimos 12 meses Sim
Se sim, com que freqüência: Só uma
Caráter do CMMA: só consultivo ou deliberativo Deliberativo
A proporção de representação da sociedade civil é de: < 50%
Tipos de entidades representadas no CMMA
Outras representações poder público Sim
Assoc Ambientalistas Sim
Assoc de Moradores Sim
Assoc Profissionais (OAB, CREA etc) Sim
Entidades de ensino e pesquisa Sim
Entidade empresarial Sim
Entidade religiosa Não
Entidade de trabalhadores Sim
Outras entidades Não
Tabela 03 – Conselho Municipal de Meio Ambiente
Fonte: IBGE, Perfil dos Municípios Brasileiros - Meio Ambiente 2002

Nas duas gestões anteriores não existia freqüência nas reuniões do órgão e suas
ações não eram executadas como devia, o que se observa na tabela 03 que mostra que nos 12
meses que antecederam a pesquisa o Conselho se reuniu somente uma vez. Observou-se que
no primeiro ano da atual gestão (2005), o CODEMA foi reestruturado e passou a manter
reuniões freqüentes onde assuntos e problemas ambientais são discutidos com mais
intensidade. As ações do CODEMA estão mais visíveis aos olhos da sociedade, que antes não
tinham conhecimento da sua função e em alguns casos não sabiam nem da sua existência.

11
Regimento Interno do Codema.
38

5.1.4 Agenda 21 Local

Agenda 21
Foi iniciado no município a elaboração da Agenda 21 local Não
Foi Instalado o Fórum da A21 Local Não se aplica
Instrumento(s) que formalizou(aram) a Agenda21 local:
Não
LEI
Não
DECRETO
Não
RESOLUÇÃO
Entidades que participam do Fórum da Agenda 21 local:
Outras representações Públicas Não
Assoc Ambientalista Não
Assoc de moradores Não
Assoc Profissional (OAB Não se aplica CREA etc.) Não
Entidade de ensino e pesquisa Não
Entidade empresarial Não
Entidade religiosa Não
Entidade de trabalhadores Não
Outras(s) Não
Ano da lei que formalizou a Prefeitura na Agenda21 Local Não se aplica
Estágio atual da Agenda21 Local Não se aplica
A21 Local aborda:
Não
Temas ambientais
Não
Temas sociais
Não
Temas econômicos
Não
Outros temas
Tabela 04 – Agenda 21 Local
Fonte: IBGE, Perfil dos Municípios Brasileiros - Meio Ambiente 2002

Como foi apresentado no Capítulo I, a Agenda 21 Local passou a ser um


instrumento importante de planejamento participativo e tem a questão ambiental como
referência na sua construção.
No município de Montes Claros esse instrumento ainda não foi implantado como
mostra os dados da pesquisa do IBGE (2002) apresentados na tabela 04.

5.2 Discussão dos resultados

Os resultados obtidos nesse trabalho permitiram observar que as ações de


planejamento, até então realizadas no município de Montes Claros – MG, estavam voltadas
para o crescimento econômico, sem considerar as conseqüências futuras de danos ambientais.
O I Plano Diretor, por exemplo, tratava-se de uma proposta básica de ordenamento do espaço
39

físico e não de uma proposta que buscasse uma implementação de políticas de


desenvolvimento do município, e pelo que foi apresentado no Capítulo I, o desenvolvimento
passa pelas ações conjuntas das áreas econômica, social, política, cultural e ambiental.
Entre 1997 e 2004 as ações da administração municipal tratou das questões
ambientais de forma bem superficial. As obras e projetos realizados pela prefeitura eram
muitas vezes feitas sem uma avaliação ou um diagnóstico ambiental.
Essa pesquisa está relacionada com o planejamento do desenvolvimento
municipal e a questão ambiental dentro desse processo. Contudo, no decorrer da pesquisa, a
partir dos dados coletados e das dificuldades em coletá-los, verificou-se que o ideal para o
fechamento desse trabalho seria apresentar uma proposta de como deveriam ser realizadas as
ações de planejamento que levassem em conta as questões ambientais, e para isso buscou-se
suporte na literatura pesquisada.
Para sustentar essa proposta foi utilizado como suporte dois estudos, Almeida et
al12 e Martinelli e Joyal13.
Martinelli e Joyal (2004, p.132) apresentam quatro princípios que justificam o
planejamento regional14 sendo eles:

o princípio da democracia – respeito pelos gostos e preferências da população e


participação desta nas tomadas de decisão;
o princípio da justiça social – correção de disparidades regionais e respeito pelas
identidades culturais;
o princípio da eficácia econômica – melhor conhecimento dos recursos a serem
explorados e a serem renovados, e adaptação das políticas nacionais à realidade da
região; e
o princípio da coerência administrativa – visão global da região e a ser envolvida e
melhor integração do setor privado nas orientações estratégicas e nas ações do setor
público.

Para Almeida et al (2004, p.78)

em nível de planejamento, as considerações ambientais podem ser efetuadas de três


formas: avaliação de planos já elaborados; avaliação ao longo das diversas etapas de
elaboração de planos; ou utilização da avaliação de impacto ambiental de projetos
para embasar a revisão e a atualização de planos.

Considera-se importante traçar algumas ponderações acerca do planejamento no


município.

12
“Política e Planejamento Ambiental”
13
“Desenvolvimento Local e o Papel das pequenas e médias empresas”
14
Nessa pesquisa o termo regional se aplica ao município.
40

No conceito de Planejamento do Desenvolvimento Municipal, apresentado no


Capítulo I, observa-se que a participação de atores no processo de decisão é um ponto
importante. No município de Montes Claros está sendo implantada a “Gestão Participativa”,
com o objetivo de valorizar a participação da população na tomada de decisão com vistas ao
bem comum da sociedade e dentro desse novo cenário de gestão é prevista elaboração de um
Plano Diretor Participativo.
Outro ponto positivo da atual gestão está relacionado à Política Ambiental do
município. Datada de 1991, a Lei 1900 deixava de lado colocações que, com o
desenvolvimento do município, precisavam ser legisladas e para isso essa lei foi revisada e a
nova proposta está sendo encaminhada para a Câmara Municipal15.
Partindo dessas considerações procurou-se sugerir um meio de se trabalhar as
necessidades do município para a construção do seu desenvolvimento por meio de um
processo participativo, e como instrumento planejamento participativo, a Agenda 21 Local
(A21L) constituiria uma importante ferramenta para a gestão municipal.
Vale ressaltar que a construção da A21L do município de Montes Claros já foi
proposta pela Secretaria de Meio Ambiente, mas a efetivação do movimento de mobilização
da população não se concluiu devido a problemas quanto à instituição que iria mediar os
trabalhos.
O processo de criação da A21L se transforma em um Plano Local de
Desenvolvimento Sustentável e este deve visar resultados diferentes no tempo, ou seja, as
ações devem ser planejadas no curto, médio e longo prazos.
A iniciativa de construção da A21L pode ser de um grupo de pessoas sob a
liderança de qualquer segmento da comunidade, e o primeiro passo está na mobilização de
governo e sociedade. A A21L tem como objetivo articular programas e ações prioritários das
diversas instâncias do governo, envolvendo todos os segmentos da sociedade.
Para a construção dessa Agenda, o município Montes Claros conta com diversas
instituições que poderiam está mediando esta ação como, por exemplo, a Universidade
Estadual de Montes Claros, que poderia inserir esse projeto como uma de suas atividades de
extensão.
Não existe uma forma única para a construção da Agenda 21 Local, uma vez que
ela foi proposta a partir das premissas e princípios para a construção e implementação da
Agenda 21 Brasileira. As premissas se apresentam como postulados de construção do

15
A minuta da Lei encontra-se disponível no sitio da Prefeitura Municipal de Montes Claros, no endereço:
http://www.montesclaros.mg.gov.br
41

processo de elaboração da Agenda, mas também aplicáveis à sua implementação. Para fins
dessa pesquisa duas dessas premissas são importantes serem destacadas, são elas:
● estabelecer uma abordagem multisetorial e sistêmica – com visão
prospectiva, entre as dimensões econômica, social, ambiental e institucional;
● promover o planejamento estratégico participativo – a agenda 21 não pode
ser um documento de governo, e sim um projeto de toda a sociedade brasileira,
pois só assim serão forjados compromissos para sua implementação .
Quanto aos princípios gerais, pode-se dizer que estes são organizados nas
dimensões geoambiental, social, econômica, político-institucional e da informação e do
conhecimento, sendo resumidos na preocupação geral da sociedade brasileira.
A partir disso o governo federal criou o programa Agenda 21, com seis passos16
para orientar os municípios na elaboração da A21L, sendo eles:

1º Passo – mobilizar para sensibilizar governo e sociedade, por meio de seminários, oficinas,
campanhas;

2º Passo – criar um Fórum da Agenda 21 Local, por meio de convocação dos representantes
dos diferentes setores da sociedade local;
Através de decreto o prefeito pode criar o Fórum da Agenda 21 Local.
3º Passo – Elaborar o diagnóstico participativo;
Conyers e Hills17 (1984 apud FIDALGO, 2003. p.11) citam que a etapa de coleta
e análise de dados representa uma ponte essencial entre as metas e objetivos do planejamento
e a formulação de alternativas de ação para alcançá-los. Um dos mais sérios problemas em
muitos planejamentos está na indisponibilidade dos dados. A coleta e a análise de dados
requerem uma quantidade considerável de recursos materiais e humanos. Também deve-se
considerar que os dados coletados e analisados devem ser armazenados de forma que possam
ser facilmente recuperados e utilizados.

16
O Passo a Passo da Agenda 21 Local pode ser solicitado à Coordenadoria da Agenda 21 no MMA ou acessado
via internet: http://www.mma.gov.Br.
17
CONYERS, Diana; HILLS, Peter. An introduction to development planning in the third world. New York:
John Wiley & Sons, 1984. (Public Administration in Developing Countries).
42

Nessa etapa podem ser usadas planilhas e matrizes18 para o levantamento de


dados, como apresentados nas tabelas 05 e 06.

Área Potencialidades Estrangulamentos


- Área de atuação - Força total dos recursos - Pressão externa que estreita os
disponíveis. mecanismos de ação.
Tabela 05 – Modelo de matriz para levantamento de dados
Fonte: Elaboração própria

Prazos
Tema Estratégias Competências
Curto Médio Longo
- Projeto a ser implantado - Meios de atuação para a - Setor ou setores da
promoção Administração Pública
ligados direta e
indiretamente à
implantação do projeto
Tabela 06 – Matriz para orientação do Plano de Ação
Fonte: Elaboração Própria

As tabelas acima não fazem parte do modelo apresentado pela secretaria, são
sugestões criada pela autora para orientação dos trabalhos de diagnóstico com base nos
objetivos de uma A21L.

4º Passo – elaborar o Plano Local de Desenvolvimento Sustentável;


Com base no que foi apontado no diagnóstico é preciso criar estratégias para que
o Fórum acompanhe e monitore a implantação do plano.

5º Passo – Implementar o Plano Local de Desenvolvimento Sustentável;


A implementação do Plano é o início às ações que foram acordadas entre o
governo e a sociedade civil, através de atividades básicas como:

18
As matrizes são formadas por duas listagens organizadas em eixos perpendiculares. A interação entre os
componentes dos eixos opostos é registrada de alguma maneira na célula comum a ambos. Muito utilizadas,
aplicam-se principalmente às etapas de diagnóstico e seleção de alternativas. Segundo Farias (1984), elas
permitem uma visão esquemática e operacional do conjunto de possíveis relações entre os fatores listados nos
dois eixos (FIDALGO, 2002). A matriz apresentada foi uma adaptação feita a partir da Matriz SWOT.
43

● relacionar e analisar diferentes instrumentos, mecanismos e instituições


(públicas e privadas) que possam contribuir na efetivação das ações propostas
com recursos financeiros e técnicos;
● definir procedimentos para incorporar a A21L nos documentos e
instrumentos de planejamento municipal como a Lei Orgânica, o PPA, A LDO e
LOA.
● Definir procedimentos para incorporar as propostas do Plano Local de
Desenvolvimento Sustentável nas políticas públicas do município, bem como
outras ações para melhor atuação dos diversos setores da administração
municipal.

6º passo – monitorar e avaliar o Plano Local de Desenvolvimento Sustentável.


Esse processo é feito por meio do acompanhamento dos indicadores e outros
instrumentos de controle social propostos no Fórum.
Um plano deve ser contínuo e precisa passar por avaliações periódicas e no caso
da A21L

a avaliação periódica e os resultados do processo de construção e implementação da


Agenda 21 Local são importantes, também, para subsidiar a Comissão de Políticas
de Desenvolvimento Sustentável e Agenda 21 – CPDS, na implementação de projeto
de certificação e divulgação das experiências de Agenda 21 Local. (MMA, 2005)

Como pode-se observar, a implantação da Agenda 21 no município de Montes


Claros – MG pode ser um importante aliado na construção do desenvolvimento local. As
ações propostas no Plano Local de Desenvolvimento Sustentável garantiriam a integração das
atuações dos setores da administração pública e também garantiriam que os planos e projetos
em andamentos seriam revisados e acordados com as propostas descritas no plano.
A proposta de construção de uma A21L para o Município de Montes Claros – MG
partiu da falta de integração entre as secretarias municipais, utilizadas nessa pesquisa como
objeto de estudo, e integração, para a construção do desenvolvimento sustentável, pressupõem
desenvolvimento econômico e social, na busca da realização plena da cidadania,
contemplando o acesso à infra-estrutura logística, saúde, educação, terra e trabalho em um
meio ambiente saudável (PLANOMESO, 2005).
44

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A perspectiva de crescimento inexorável das cidades brasileiras, acompanhado do


crescimento dos problemas ambientais relacionado à qualidade de vida, associados à
urbanização acelerada e descontrolada, fenômenos anunciados e investigados em estudos
acadêmicos e governamentais, impõem a necessidade de aplicação de conhecimentos
disponíveis em ações na prática cotidiana no planejamento e gerenciamento do
desenvolvimento.
A ação atrópica precisa ser repensada, ou seja, o homem precisa atuar para
reverter o processo de degradação ambiental do seu meio. Para que isso seja feito, o processo
de planejar o desenvolvimento de determinada região precisa envolver os sujeitos sociais nas
suas ações. Pensar o desenvolvimento juntamente com a sociedade interessada garante ao
poder local atender às prioridades dentro do espaço de tempo em que essas precisam ser
realizadas.

O desenvolvimento urbano ordenado tem constituído importante desafio a técnicos


em planejamento, administradores públicos e políticos, vis-à-vis a crescente
conscientização e demanda da sociedade contra a degradação do meio ambiente, em
prol de melhor qualidade de vida nas cidades. (BARCELLOS e BARCELLOS,
2004)

Não é objetivo desse trabalho apresentar sugestões ou apontar meios para o poder
municipal tratar a questão ambiental em Montes Claros. No entanto as dificuldades
encontradas para a coleta de dados que respondessem aos objetivos da pesquisa levou a
pesquisadora a fechar essa pesquisa com a sugestão de elaboração de um instrumento de
planejamento ainda não utilizado no município de Montes Claros – MG.
Embora tenha havido dificuldades para coletar os dados, o levantamento realizado
permitiu concluir que a questão ambiental até 2005 não era levada em consideração nas ações
que visavam o desenvolvimento do município. Relacionados ao planejamento municipal
verificou-se que os primeiros planos eram exclusivamente de gabinete e que somente a partir
de 2005 que a participação popular foi colocada como objetivos do plano de governo.
Parafraseando Ferreira (2003) é importante ressaltar que “gestões que
teoricamente se comprometeram com o processo de planejamento participativo deveriam
facilitar tanto a atuação de diferentes atores quanto a implementação de políticas mais
inovadoras”.
45

O município jamais será auto-sustentável, pois está se tratando de sistemas


abertos, que não têm fim em si mesmos. Todavia, resta a responsabilidade de olvidar esforços
para a minimização da degradação ambiental.
O planejamento municipal construído tomando como suporte os princípios
propostos por Martinelli e Joyal (2004), apresentados no Capítulo 5, viria a garantir a
efetivação das ações integradas de planejamento, pois eles abordam as questões no qual se
fundamenta o processo de Desenvolvimento Sustentável.
Nesse trabalho, o foco que norteou a pesquisa foi a questão ambiental, entretanto,
dentro do processo de desenvolvimento sustentável questões econômicas, sociais, culturais,
políticas e ambientais devem conversar entre si.
No Município de Montes Claros – MG observa-se que a integração se manteve
ausente até os dias de hoje, no entanto, o simples fato da atual gestão do município se propor
a gestar com a participação da população integrando suas ações, não garante que as futuras
administrações darão prosseguimento a esse modelo. Isso deixa evidente que a população
precisa está atenta e cobrar do poder público um instrumento de gestão que efetive ações
conjuntas entre poder público e sociedade civil.
As necessidades emergentes de transformação social e ambiental da comunidade
exigem que o município tenha espaço e articulação em seu governo para discussões e
implementação de políticas públicas ambientais.
A proposta de construção da Agenda 21 Local apresentada aqui constitui uma
importante forma de se trabalhar o planejamento participativo, pois a atuação dos sujeitos
sociais é essencial para a construção do Plano Local de Desenvolvimento Sustentável.
Ao se propor uma Agenda 21 Local, estabelece-se um compromisso com um
processo participativo e descentralizado, para que a longo prazo, abordagens e propostas ali
contidas, sejam internalizadas pela sociedade. Reconhece-se a importância de se iniciar essas
transformações pelos espaços onde a vida social acontece: as comunidades e localidades –
rurais e urbanas – os locais de trabalho e de lazer, em nossos lares, em nossas relações com
amigos e familiares, vizinhos.
Todos temos que assumir, em várias dimensões de nossas vidas, um compromisso
com essa proposta de transformação de valores e modos de vida, que nos dê esperança e
segurança quanto ao futuro. Para isso é preciso promover um amplo processo de participação,
descentralizando as ações e responsabilidades para que, a longo prazo, as abordagens e
propostas contidas na Agenda21 sejam internalizadas por todos os setores da sociedade,
promovendo, assim uma verdadeira transformação social (MARCATTO e RIBEIRO, 2002).
46

Esta proposta não deve ser vista como conclusão de um trabalho de pesquisa, mas
como iniciativa para que o Planejamento do Desenvolvimento no município se realize a fim
de garantir que as reais necessidades da população sejam prioritárias no decorrer do processo.
Espera-se que a gestão participativa passe a fazer parte das ações de governo no
município de Montes Claros – MG, visto que essa ação é prevista no artigo 7º inciso XVII do
Plano Diretor vigente.
A pesquisa científica torna-se necessária quando não se dispõe de informações
suficientes para responder a um determinado problema, ou, então as informações disponíveis
precisam ser reorganizadas e relacionadas adequadamente (DUARTE e FURTADO, 2002).
Diante disso considera-se que possíveis estudos futuros podem derivar desta
pesquisa, trabalhando em um espaço temporal diferente ou até mesmo abordando outros
temas como:
● Planejamento e aplicação de metodologias participativas de
desenvolvimento.
● Políticas públicas e a participação social na promoção do
desenvolvimento.

Em fim, existe a necessidade de se escrever uma ultima linha, no entanto, o tema e


o método de pesquisa escolhidos não pressupõem uma proposta conclusiva. Trata-se de um
recorte teórico aberto a infinitos questionamentos que amadureçam essa reflexão e ampliem
essa rede de possibilidades de forma cada vez mais complexa. Há muitas questões para
aprofundar, rever, reformular. Idéias a construir e desconstruir. Conhecer coisas ainda não
imaginadas. Acima de tudo, surge a constatação da necessidade permanente de um processo
dinâmico de aprendizado.
47

REFERÊNCIAS

ACKOFF, Rusell L. Planejamento Empresarial. Rio de Janeiro, 1983.

ALMEIDA, Josimar Ribeiro de, et al. Política e planejamento Ambiental. Rio de Janeiro:
Thex, 2004. 457p.

ALMEIDA, Maria Ivete Soares de; FRANÇA, Iara Soares. Degradação Ambiental na Lagoa
Interlagos: A percepção da população local. In: PEREIRA, Anete Maria; ALMEIDA, Maria
Ivete Soares de. Leituras Geográficas sobre o Norte de Minas Gerais. Montes Claros:
UNIMONTES, 2004. pp. 89-100

ÁVILA, Vicente Fideles de. Municipalização para o Desenvolvimento. Campo Grande:


UFMS/PREG, 1993.

AZEVEDO, Sérgio de. Experiências de Planejamento Participativo. In: Anais I Semana de


Administração e Políticas Públicas – Governabilidade e a Questão Institucional. Belo
Horizonte: Fundação João Pinheiro, Escola do Governo, 1997.

BARCELLOS, Paulo Fernando Pinto; BARCELLOS, Luiz Fernando Pinto. Planejamento


urbano sob perspectiva sistêmica: considerações sobre a função social da propriedade e a
preocupação ambiental. Revista FAE, Curitiba, v.7, n.1, p. 129-144, jan/jun 2004.

BERNA, Vilmar. A gestão do meio ambiente nas cidades. Disponível em


<http://www.jornaldomeioambiente.com.br/JMA-EditorVilmarBerna/Artigos.asp#m1> acesso
em 05/04/2005.

BEZERRA, Maria do Carmo; BURSZTYN, Marcel (coord). Ciência e Tecnologia para o


desenvolvimento sustentável. Brasília – Ministério do Meio Ambiente; IBAMA; Consórcio
CDS/UNB/Abipti, 2000.

BEZERRA, Maria do Carmo; MUNHOZ, Tânia Maria Tonelli (coord). Gestão dos Recursos
Naturais: subsídios à elaboração da Agenda 21 brasileira. Brasília – Ministério do Meio
Ambiente; IBAMA; Consórcio TC/BR/FUNATURA, 2000.

BOLZANI JÚNIOR, Geraldo Morceli. Aprendizado em Comunidades de Prática como


Fator Estruturante Processos Participativos de Inovação e Desenvolvimento Local.
Estudo de Caso: a implantação da metodologia DTR em São Mateus do Sul-PR. Dissertação
(Mestrado em tecnologia) CEFET-PR, 2004.

BRASIL, Henrique de Oliva. História e desenvolvimento de Montes Claros. 1ed. São


Paulo: Leni, 1983.
48

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília-DF, Senado, 1998.

______. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispões sobre a Política Nacional de Meio
Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação a aplicação, e dá outras providências.
Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 1981.

______. Lei 10.257, 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição
Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Diário
Federal da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília-DF, Seção 1, ed 133
de 11/07/2001.

BRUNDTLAND. Gro Harlem, et al. Nosso futuro comum. Comissão mundial de meio
ambiente e desenvolvimento. Rio de Janeiro: FGV, 1991.

BUARQUE, Sérgio C. Metodologia de Planejamento do Desenvolvimento Local e


Municipal Sustentável: manual para orientação técnica e treinamento de multiplicadores e
técnicos em planejamento local e municipal. Brasília: MEPF – INCRA – IICA , 1999.

CARAVANTES, Geraldo R. et al. Administração: teorias e processos. São Paulo: Pearson


Prentice Hall, 2005.

DUARTE, Simone Viana; FURTADO, Maria Sueli Viana. Manual para elaboração de
monografias e projetos de pesquisas. 3.ed. Montes Claros: Unimontes, 2002

ESCOBAR, Arturo. Planejamento. In: SACHS, Wolfgang. Dicionário do Desenvolvimento:


guia para o conhecimento como poder. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. pp.211-228.

FERREIRA, Leila da Costa. A questão ambiental: sustentabilidades e políticas no Brasil.


São Paulo: Boitempo, 2003. 154p.

FIDALGO, Elaine Cristina Cardoso. Critérios para análise de métodos e indicadores


ambientais usados na etapa de diagnóstico de planejamentos ambientais. Campinas,
2003. 258p. Tese (Doutorado). Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia
Agrícola.

FURTADO, Celso. Teoria e Política do Desenvolvimento Econômico. 10 ed.São Paulo: Paz


e Terra, 2000.

GUIMARÃES, Roberto P. Modernidad, Medio Ambiente y Etica: un nuevo paradigma de


desarrolo. Revista Ambiente e Sociedade. Ano I, n.02. 1º semestre 1998.
49

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTÁTISTICA. Censo


demográfico, 2002.

______. Perfil dos Municípios Brasileiros – meio ambiente, 2002.

LIMA, Paulo Rolando de. Uma Análise dos Parâmetros de Uso e Ocupação do Solo na
Promoção da Sustentabilidade Urbana. Curitiba-PR, 2002, 156p. Dissertação (Mestrado
em Tecnologia). Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná.

LITTLE, Paul E. (org). Políticas Ambientais no Brasil: análises, instrumentos e


experiências. São Paulo: Petrópoles; Brasília, DF: IIEB, 2003.

LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas.


São Paulo: EPU, 1986.

MARCATTO,Celso; RIBEIRO, José Cláudio Junqueira. Gestão ambiental municipal em


Minas Gerais. Belo Horizonte: FEAM, 2002.

MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Tipos de Pesquisa. 5 ed. São Paulo:
Atlas, 2002. 282p.

MARTINELLI, Dante Pinheiro; JOYAL, André. Desenvolvimento local e o papel da


pequenas e médias empresas. Baruery, SP: Manole, 2004. 314p.

MAY, Peter H.; LUSTOSA, Maria Cacília; VINHA, Valéria da (orgs). Economia do Meio
Ambiente: teoria e prática. 2 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

MAZETTO, Francisco de Assis Penteado. Qualidade de Vida, Qualidade Ambiental e


Meio Ambiente Urbano: breve comparação de conceitos. Revista Sociedade & Natureza,
Uberlândia, 12 (24), jul/dez, 2000. pp. 21-31

MINAYO, Maria Cecília de Souza; DESLANDES, Suely Ferreira; NETO, Otávio Cruz;
GOMES, Romeu (Org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 16 ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1994.

MINAS GERAIS. Lei nº 7.772, de 08 de Setembro de 1980. Dispõe sobre a proteção,


conservação e melhoria do meio ambiente.

MMA – Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de políticas para o desenvolvimento


sustentável. Passo a passo da agenda 21 local. Brasília: MMA, 2005.

MOISÉS, Hélvio Nicolau. Município-Rede: planejamento, desenvolvimento político e


sustentabilidade. In: CEPAM – Fundação Prefeito Faria Lima.O municípo no Século XXI:
cenário e perspectivas. Ed. Especial. São Paulo, 1999. Cap. IV. pp 305-324.
50

MONTES CLAROS. Lei Orgânica do Município de Montes Claros. Montes Claros, 23


outubro de 2004.

________. Lei nº 2921, de 27 de Agosto de 2001. Institui o Plano Diretor do Município de


Montes Claros – Minas Gerais.

________. Lei nº 1443, de 27 de Dezembro de 1983. Cria o Conselho Municipal de Defesa e


Conservação do Meio Ambiente.

________. Lei nº 1900, de 15 de janeiro de 1991. Dispõe sobre a política de proteção, do


controle e da conservação do meio ambiente e melhoria de vida no município de Montes
Claros.

_______. Principais tópicos do plano de governo, 2002.

________. Regimento Interno do Conselho de defesa e conservação do meio ambiente.

MONTORO, André Franco. Descentralização e Participação: importância do município na


democracia. In: CEPAM – Fundação Prefeito Faria Lima. O municípo no Século XXI:
cenário e perspectivas. Ed. Especial. São Paulo, 1999. Cap. IV. pp 297-304.

NASCIMENTO, Elimar Pinheiro do. Caderno de Debate Agenda 21 e Sustentabilidade:


agenda 21 – articulando planos nos municípios. Ministério do Meio Ambiente – Secretaria de
Políticas para o Desenvolvimento Sustentável. Brasília-DF, 2005.

OLIVEIRA, Marcos Fábio Martins de, et al. Formação Social e Econômica do Norte de
Minas. Monte Claros: Unimontes, 2000. 428p.

PEREIRA, Anete Maria; ALMEIDA, Maria Ivete Soares de. Leituras geográficas sobre o
norte de Minas Gerais. Montes Claros: Unimontes, 2004.

PEREIRA, Anete Maria; LEITE, Marcos Esdras. Serviços de Saúde na cidade de Montes
Claros: uma análise da distribuição espaço temporal. Revistas Cerrados, Montes Claros, v.2,
n.1-2004, pp.12-25, jan./dez. 2004.

PLANOMESO – Plano de Desenvolvimento Integrado e Sustentável da Mesorregião dos


Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Montes Claros, MG: Unimontes, 2005. 258p.

PRADO, Luiz Regis. Direito Penal do Ambiente: meio ambiente, patrimônio cultural,
ordenação do território e biosseguraça. São Paulo: Ed. Revistas dos Tributos, 2005.

SACHS, Wolfgang. Meio Ambiente. In: _______. Dicionário do Desenvolvimento: guia


para o conhecimento como poder. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. pp.117-131.
51

SILVA, João dos Santo Vila da. Análise multivariada em zoneamento para planejamento
ambiental; estudo de caso: bacia hidrográfica do alto rio Taquari MS/MT. Campinas:
[s.n], 2003. Tese (Doutorado). Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia
Agrícola.

SILVA, Lindon Jonhson Dias da. O planejamento no município de Montes Claros, no


período de 1970 a 1990. Montes Claros, 1990. (Monografia). Universidade Estadual de
Montes Claros. Departamento de Ciências Econômicas.

SILVA, Edna Lúcia da; MENEZES, Estera Muszkat. Metodologia da pesquisa e elaboração
de dissertação. 3 ed. rev. e atual. Florianópolis: LED - Laboratório de Ensino a Distância.
PPGEP/UFSC,

VIANA, Gilney Amorim. Planejando o Desenvolvimento Sustentável. In: BRASIL.


Ministério do Meio Ambiente. Passo a passo da Agenda 21 Local. Brasília, 2005.

YOUNG, Andréa Ferraz. Análise comparativa da qualidade e zoneamento ambiental de


duas microbacias urbano-rurais: uma contribuição metodológica. 2000, 419 p.
Dissertação (Mestrado). Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia
Agrícola. Campinas, SP.

Você também pode gostar