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Fundamentos de Planeamento Territorial

Mestrado Integrado em Arquitetura e


Licenciatura em Engenharia do Ambiente
2023/2024

RoadMap para o projeto


“Ação climática à escala local”

1. Tema
O tema para o projeto de grupo desta disciplina é a “Ação climática à escala local”.

2. Objetivos/ Objectives
A ação climática engloba as ações para reduzir as causas e as consequências das alterações
climáticas através de duas linhas de atuação – mitigação e adaptação. Sendo que a primeira
visa a redução das emissões e o aumento do sequestro de carbono, e a segunda, visa a
adaptação do território, das comunidades e das atividades económicas e sociais às alterações
climáticas, aos seus riscos e aos seus impactes.

Propõe-se neste projeto que os alunos possam contribuir com propostas de ações para
promover a neutralidade climática1 e aumentar a resiliência das comunidades, intervindo em
diferentes temáticas fundamentais no âmbito do processo de planeamento e do
ordenamento do território, quer nos espaços urbanos, quer nos rurais, contribuindo de uma
forma integrada para a sustentabilidade dos territórios no quadro do Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS).

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Cada tonelada de CO2 emitida, deve ser compensada com a captura de 1 tonelada de CO2 através de
medidas de proteção climática, como por exemplo o plantio de árvores.

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Neste contexto, o projeto consiste em compreender como o processo de planeamento e o
ordenamento do território pode contribuir para alcançar os objetivos dispostos tanto no
objetivo 13 dos ODS, como na Lei de Bases do Clima (Lei n.º 98/2021, de 31 de dezembro) à
escala local (concelho).
Metodologicamente, parte-se de uma identificação e análise das problemáticas existentes no
território municipal em termos de identificação de emissões e de risco associados às
alterações climáticas nas áreas de projeto para posteriormente explorar intervenções
territoriais no sentido de reduzir as causas e os impactes das alterações climáticas para um
desenvolvimento sustentável centrado na comunidade. Por fim, pretende-se ainda refletir
sobre os potenciais impactes e limitações das intervenções propostas.

3. Objetivos de aprendizagem
Espera-se que os alunos compreendam os processos de transformação dos territórios,
norteados para a ação climática em sintonia com os princípios de sustentabilidade, que
identifiquem e analisem os recursos ambientais/ territoriais/ sociais que valorizam os
territórios, assim como os processos territoriais que podem impactar de forma negativa e
positiva no combate às alterações e a resiliência das comunidades.
Aplica-se o método de aprendizagem problem based learning (PBL), mediante o qual são
desenvolvidas competências e capacidades de auto-aprendizagem dos estudantes. É dado
ênfase ao processo de conceção criativa dos estudantes, baseado na compreensão e aplicação
dos conhecimentos científicos atuais e na auto-aprendizagem através da colaboração e
cooperação em trabalho de equipa.

4. Enquadramento

Em 1988 é estabelecido o IPPC (Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas) que


tem vindo a reportar ao longo das últimas décadas as alterações climáticas e os seus impactos,
com base em estudos produzidos pela comunidade científica internacional.
Em 2015, o Acordo de Paris estabelece o compromisso político para a ação climática dos
Estados, no sentido de manter o aumento da temperatura média global abaixo de dois graus
celsius em relação aos níveis pré-industriais e, de preferência, limitar o aumento a 1,5 graus.
Em linha com a Agenda da Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável que definiu,
em 2015, um quadro de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em 2019, o
Pacto Ecológico Europeu (European Green Deal), passa a estabelecer para o território da União
Europeia uma “nova estratégia de crescimento que visa transformar a UE numa sociedade
equitativa e próspera, dotada de uma economia moderna, eficiente na utilização dos recursos
e competitiva, que, em 2050, tenha zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa e em
que o crescimento económico esteja dissociado da utilização dos recursos.”

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Figura 1. Pacto Ecológico Europeu (https://eur-lex.europa.eu/legal-
content/PT/TXT/HTML/?uri=CELEX:52019DC0640&from=SL)

Em Julho de 2023, verificaram-se recordes mundiais de temperatura, assim como um número


de eventos extremos: ondas de calor, cheias, secas, deslizamentos de terra ou incêndios
florestais.
A Ação Climática é um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Sendo os ODS
“integrados e indivisíveis”, a ação climática deve ser considerada em articulação com todos os
ODS num mesmo território, como base essencial para promover a coesão territorial, reduzir
os impactes da transformação do uso do solo (como os resultantes da construção e da
urbanização), e a sobre-exploração de recursos dos quais a sociedades dependem,
nomeadamente, a biodiversidade e os serviços de ecossistema.
Neste contexto, o planeamento territorial é uma peça chave na criação de territórios
sustentáveis e bem ordenados, com base no conhecimento, na preservação e valorização dos
recursos territoriais e dos valores naturais e culturais existentes, criando espaços de qualidade
para comunidades coesas, inovadoras, justas e prósperas.

Em Portugal, a Lei de Bases do Clima de 2021 define o contexto para a atuação climática e
para o seu enquadramento nos Instrumentos de Gestão Territorial.
A ação climática à escala local, enquadrada na Agenda para o Desenvolvimento sustentável,
deve ter em conta as noções de comunidade, identidade, proximidade, acessibilidade,
diversidade de funções, valorização das atividades económicas, nomeadamente a agricultura
e a floresta em modos de baixo impacte ecológico, assentes no mosaico da paisagem.
Pretende-se, igualmente, desenvolver a continuidade e a sinergia entre os espaços urbanos e
rurais, alicerçada em processos de participação ativa que promovam uma mudança
transformadora no estilo de vida da população, de forma a que estes territórios se tornem
resilientes a eventos futuros.

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5. Dimensão dos grupos
Os grupos devem ser de 4 alunos.

6. Critérios de avaliação
O desenvolvimento do projeto do grupo (correspondente a 60% da nota final da disciplina) e
a sua apresentação e discussão (40%) serão avaliados considerando a estrutura, objetividade,
profundidade e capacidade de pensamento crítico demonstrada. Os pesos na nota final do
projeto são:

Progressão do projeto por fases (no Miro) (G) 20%


“Pitch” semanal sobre o progresso do projeto (I) 20%
Participação e criatividade individual no grupo (I) 20%
Apresentação do poster do projeto (I) 20%
Perguntas dirigidas sobre o projeto durante a apresentação (I) 20%
(I) Avaliação Individual; (G) Avaliação do Grupo.

7. Metodologia de trabalho
A metodologia de trabalho estrutura-se em quatro etapas fundamentais que se organizam ao
longo do semestre da seguinte forma, em articulação com os temas incluídos na programação
das aulas:
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

I. Identificação e Exploração dos


Problemas
II. Estruturação e análise dos Problemas
III. Soluções
IV. Conclusões e perspetivas futuras A
A - Apresentação Oral com base no Poster.

As quatro etapas identificadas incluem as tarefas seguintes:


I. Identificação e Exploração de problemas na área de estudo (um município não
exclusivamente urbano) orientados para a mitigação e a adaptação às alterações climáticas:
• Discussão prévia sobre quais os principais problemas a abordar na área de estudo,
tendo em conta as alterações climáticas no contexto dos ODS;
• Recolha de informação sobre a área de estudo a partir de várias fontes (e.g., sites
institucionais, relatórios técnicos, meios de comunicação, outros);
• Elaboração de esquema com a espacialização dos problemas identificados e
identificação das relações entre os problemas e com os diferentes ODS;
• Sistematização e priorização dos problemas de maior relevância para caracterização e
análise com vista à definição a intervenções de mitigação e adaptação às alterações
climáticas.
II. Estruturação e análise dos problemas e oportunidades
• Identificação das estratégias, medidas e ações já levadas a cabo pelo município em
termos de ação climática, no que diz respeito aos problemas identificados;
• Caracterização e análise dos problemas identificados, segundo as dimensões de maior
relevância, de entre as seguintes: Biodiversidade, Energia, Recursos Naturais,
Urbanização, Mobilidade ou Demografia.

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• Análise SWOT com vista à elaboração de estratégias para valorizar os pontos fortes
existentes, mitigar os pontos fracos, aproveitar as oportunidades e a antecipar
eventuais ameaças.
III. Soluções
• Definição do programa de ação climática, com base nos instrumentos de planeamento
e ordenamento do território, de forma a contribuir para atingir a neutralidade climática
e proteger pessoas e bens dos efeitos das alterações climáticas.
• Desenvolvimento, na ótica do planeador/projetista, de um conjunto integrado de
propostas de desenho, zonamento e regulação de usos e utilizações do solo, de
infraestruturação do território e ou medidas de valorização dos serviços de
ecossistemas.
• Definição de prioridades de execução.
• Representação espacial das várias propostas, evidenciando a sua articulação e relação
com os demais ODS.
IV. Conclusões e perspetivas futuras
• Análise crítica das propostas apresentadas na ótica dos ODS: Reflexão sobre os
potenciais impactes e limitações.

8. Técnicas
Nas diferentes etapas de desenvolvimento do projeto, os alunos poderão utilizar várias
técnicas como, por exemplo:
• Análise espacial sincrónica (num dado momento) e/ou diacrónica (ao longo do tempo):
ocupação do solo, urbanização, etc.
• Análise tipo-morfológica
• Recolha de informação, contagens, etc.
• Delimitação de áreas de irradiação
• Projeções demográficas
• Realização de inquéritos (questionários ou entrevistas)
• Observação sistemática
• Técnicas de estruturação: Brainstorming, Mind mapping, post-it sessions, etc.
• Análise estatística
• MIRO Board (www.Miro.com)

9. Algumas fontes de informação


• https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpgid=ine_main&xpid=
• https://www.dgterritorio.gov.pt/?language=en
• https://www.pordata.pt
• https://apambiente.pt/en
• https://apambiente.pt/clima/acao-climatica
• https://www.copernicus.eu/en
• https://odslocal.pt
• https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes&PUBLICACOESp
ub_boui=332274994&PUBLICACOESmodo=2&xlang=pt

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• https://urban.jrc.ec.europa.eu/sdgs/?lng=en
• https://urban.jrc.ec.europa.eu/?lng=en&ctx=udp
• https://www.ipcc.ch

10. Entrega final: Apresentação Oral Final [Semana 15, 22 de janeiro a 26 janeiro de 2024]

• A apresentação dos alunos tem um tempo máximo de 15 minutos (todos os elementos


do grupo devem participar) com base num poster digital que sintetiza a frame do Miro
elaborado ao longo do semestre;
• A ordem de apresentação dos elementos do grupo é definida pelos docentes na hora e
seguida de um questionamento individual (oral) numa duração de 15 minutos.

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