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Lista UNICAMP e Outros Vestibulares – 2024/ 2023 Pré Colonial - Ocupação -1ª e 2ª Fase sem as do simulado

1) UNICAMP 2024 1ª Fase -No processo de Independência, várias tropas indígenas foram recrutadas para proteger o
território contra uma possível invasão portuguesa no litoral cearense entre setembro e novembro de 1822. Já os
índios da vila de Cimbres, em Pernambuco, se posicionaram em 1824 a favor de Dom João VI, opondo-se à
Independência e à Constituição. No entanto, o que parecia ser mais comum era o engajamento dos índios no projeto
de Brasil independente, identificando-se como “brasileiros”. Nas revoltas, buscavam muito menos se contrapor aos
europeus e, assim, lutar por uma nova posição social que não mais os obrigasse ao trabalho forçado.

(Adaptado de: COSTA, J. P. P. “Povos indígenas e a Independência”. Disponível em:


https://bicentenario2022.com.br/textos/. Acesso em 21/05/2023.)

Tendo em vista seus conhecimentos sobre a participação dos povos indígenas no processo de Independência, e
considerando o texto do blog citado, assinale a alternativa correta.

a) As disputas dos ameríndios em torno do “ser brasileiro” visavam à manutenção da ordem social vigente.
b) As populações indígenas participaram, com projetos políticos específicos, dos processos da Independência.
c) A independência era entendida pelos indígenas como uma ameaça a Dom João VI, símbolo da nação brasileira.
d) A diversidade da ação indígena se relacionava à distribuição de terras e títulos estabelecidos pela Corte
portuguesa.
Nos últimos anos, a imprensa brasileira tem escrito sobre os mantos tupinambás.

2) UNICAMP 2024 2ª Fase


Texto 1

Na revista Piauí, em 2021, lia-se: Cerca de 4,2 mil penas rubras da ave guará compõem um dos onze mantos
tupinambás existentes no mundo. Há exemplares do século XVII conservados no Museu Nacional da Dinamarca.
Outros mantos de que se tem notícia também estão em instituições públicas europeias. No Brasil, já não há nenhum.
Os tupinambás confeccionaram esse artefato possivelmente em algum lugar de Pernambuco, do Sergipe ou da
Paraíba. Quando os colonizadores não os matavam, os convertiam à fé cristã. Assim, por muito tempo, parte da
historiografia ocidental acreditou que os tupinambás haviam desaparecido. Em 2001, no entanto, a Funai (Fundação
Nacional do Índio) reconheceu como membros desse povo os moradores de 47 mil hectares localizados no Sul da
Bahia.

(Adaptado de: ROXO, E. “Longe de casa: o fascínio, a dor e o equívocos dos mantos tupinambás na Europa”. Revista
Piauí, ed. 182, nov. 2021.)

Texto 2

Artefato que está em um museu de Copenhague há mais de três séculos deve retornar ao Brasil no início de 2024. ‘A
gente acredita que seja um ancestral. Não se trata de uma obra de arte, de um mero objeto’, diz Glicéria Tupinambá,
liderança deste povo.

(Adaptado de: SETA, I. “Raríssimo manto tupinambá que está na Dinamarca será devolvido ao Brasil; peça vai ficar no
Museu Nacional”. Portal Portal G1, 28 de junho de 2023. Diponível
em: https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2023/06/28/rarissimo-manto-tupinamba-que-esta-na-dinamarca-sera-
devolvido-ao-brasil-peca-vai-ficar-no-museu-nacional.ghtml. Acesso em:
28/06/2023.)

A partir de seus conhecimentos e das notícias acima,

a) Identifique dois aspectos da conversão dos povos originários à fé cristã. Com base nos textos 1 e 2, indique e
explique uma forma de desaparecimento dos tupinambás.
b) Cite dois significados dos mantos tupinambás presentes nos textos 1 e 2. Explique a noção de política de
repatriação de artefatos históricos.
3) UNICAMP 2024 2ª Fase - A extraordinária história de Catalina de Erauso (1585? – 1650) é bem conhecida. Quando
jovem, escapou do convento para buscar aventuras no Novo Mundo. Para poder realizar suas façanhas, se vestiu e
viveu como homem por quase vinte anos, adotando o nome de Erauso. Erauso era um soldado sanguinário e
conquistador, lutava contra os indígenas araucanos. Por seus feitos, conseguiu o título de alferes. Quando, por fim,
sua identidade primeira foi descoberta, recebeu do rei Felipe IV, por seu heroísmo, uma pensão alimentar e do Papa
Urbano VIII uma dispensa e uma permissão para se vestir de homem pelo resto de sua vida.

(Traduzido e adaptado de: GÓMEZ, M. A. “El problemático ‘feminismo’ de La Monja Alférez de Domingo Miras”. Em:
Espéculo: Revista de Estudios Literarios, nº. 41, 2009.)

a) Com base em seus conhecimentos sobre o mundo moderno europeu e as instituições citadas no texto, explique
por que a autora classifica a história de Catalina de Erauso como extraordinária.

b) O chamado novo mundo trouxe mudanças práticas e simbólicas para a vida no Atlântico. Nesse contexto, explique
duas funções das monarquias europeias e o papel desenvolvido pela Igreja na expansão territorial europeia
moderna.

4) UNICAMP 2024 2ª Fase - Quando completei dez anos, comecei a adestrar bois. Foi assim que aprendi que
adestrar e colonizar são a mesma coisa. Tanto o adestrador quanto o colonizador começam por desterritorializar o
ente atacado quebrando-lhe a identidade, tirando-o de sua cosmologia, distanciando-se de seu sagrado, impondo-
lhe novos modos de vida e colocando-lhe outro nome. O processo de denominação é uma tentativa de apagamento
de uma memória para que outra possa ser composta. Há adestradores que batem e há adestradores que fazem
carinho.

(Disponível em: SANTOS, Antônio Bispo dos. A terra dá, a terra quer. São Paulo: Ubu Editora/PISEAGRAMA, p.11 –
12, 2023.)

Antônio Bispo dos Santos, nascido no Piauí, é escritor, mestre, quilombola e lavrador. A partir de conhecimentos em
História que você adquiriu ao longo de sua formação e da reflexão apresentada no texto,

a) explique a comparação entre o “adestrar” e o “colonizar” feita por Antônio Bispo dos Santos. Indique um processo
histórico do período colonial em que “adestradores fazem carinho” e justifique sua resposta.

b) mencione um grupo minoritário brasileiro da segunda metade século XX cuja luta possa ser compreendida a partir
das reflexões de Antônio Bispo dos Santos. Explique como duas ações citadas pelo autor podem ser identificadas na
trajetória desse movimento.

UNICAMP 2023 - 2ª Fase


1) Quando os europeus começaram a ocupar o atual território brasileiro, ao longo do século XVI, encontraram dois
grandes complexos de florestas tropicais: a Mata Atlântica e a floresta amazônica. O destino diverso desses dois
complexos florestais é um dado muito significativo para o entendimento da história. Ao contrário da Mata Atlântica,
a floresta amazônica manteve-se praticamente intacta até poucas décadas atrás. No início da década de 1970,
apesar dos séculos de exploração econômica no contexto da moderna economia-mundo, apenas 1% da sua
cobertura original havia sido destruída.

(Adaptado de PÁDUA, J. A. Biosfera, história e conjuntura na análise da questão amazônica. História, Ciências, Saúde-
Manguinhos, vol. 6 (suplemento), p. 793-811, 2000.)

A partir da leitura do texto e de seus conhecimentos,

a) cite e explique duas razões para a destruição da Mata Atlântica entre os séculos XVI e XIX.

b) identifique e explique uma mudança no contexto nacional e outra no quadro internacional que podem ser
analisadas como impulsionadoras da destruição da floresta amazônica entre os anos de 1970 e 2000.
2) A história ambiental examina tanto a interação humana com o mundo natural ao longo do tempo quanto as
formas como as pessoas moldam o meio ambiente e são moldadas por ele. As paisagens são profundamente
moldadas pela cultura, migração humana, relações de poder e redes imperiais. Estudos ambientais das antigas
sociedades de plantation têm incentivado uma perspectiva atlântica transnacional.

(Referência do mapa e do excerto: CARNEY, J. A.; WATKINS, C. Arroz, protagonismo africano e a transformação ecológica das Américas.
Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 16(2), 2021, p. 12. / Adaptado de: CAÑIZARES- -ESGUERRA, J.; BREEN, B. Hybrid
atlantics: future directions for the history of the Atlantic World. History Compass, 11(8), 2013, p. 597-609.)

a) O mapa sintetiza os circuitos de difusão do arroz africano (o.glaberrima) nas Américas desde a segunda metade do
século XVII. Cite e analise um aspecto da difusão do arroz nas Américas que evidencie a relação entre o trânsito de
pessoas e seu impacto na transformação ecológica do Novo Mundo.

b) Identifique o continente de origem do milho e, com base no excerto, analise um elemento do processo de
transmissão dos saberes em torno de sua cultura nas Américas do período colonial.

3) UNESP 2023 - 2ª Fase- Observe a gravura “A amazona americana”,


incluída no Grande Atlas de Johannes Blaeu, de 1662. Essa gravura,
produzida no século XVII, permite identificar

a) o desenvolvimento de relações religiosas harmoniosas, obtidas a partir


de contratos firmados entre os conquistadores e as lideranças nativas, e o
compartilhamento das tarefas cotidianas.
b) a ambiguidade do imaginário europeu sobre a América, expressa na
combinação de elementos reais e fabulosos e na percepção de nativos e
africanos como escravos e guerreiros.
c) a consolidação da hegemonia europeia na América, manifesta no
estabelecimento de padrões de comportamento do Velho Mundo e na
erradicação das tradições nativas.
d) o reconhecimento da peculiaridade da fauna e da flora locais,
representadas de forma realista e com o intuito de revelar aos europeus as
características físicas do Novo Mundo.
e) a presença dos esforços catequizadores na América, caracterizados pela
submissão das populações nativas às regras de vestimenta e à ética do
trabalho como garantia da salvação eterna.
.

4) No início do século XVI, o português Duarte Pacheco Pereira descreveu o estabelecimento português de Arguim:
E os alagarves e azenegues trazem a Arguim ouro que ali vem resgatar, e escravos negros de Jalofo e de Mandinga. E
couro de antas para as adagas, e goma arábica e outras cousas; e de Arguim levam panos vermelhos e azuis, de baixo
preço, e lenços grossos e bordados, e mantas de pouca valia que fazem em Alentejo, e outras cousas desta
qualidade.

FLORENTINO, Manolo. Aspectos do tráfico negreiro na África Ocidental. In: FRAGOSO, João; GOUVÊA, Maria de
Fátima (Org.). O Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.

Levando em consideração a descrição, é correto afirmar que Arguim era um(a)


A) entreposto comercial nas Índias Orientais, dedicado ao comércio de especiarias.
B) colônia portuguesa na África, dedicada à lavoura para exportação em larga escala.
C) feitoria, local de comércio com africanos e inserido nas rotas comerciais atlânticas.
D) estabelecimento português na América, dedicado à lavoura e utilizando escravos.
E) fortificação militar em constante conflito armado com os habitantes de locais vizinhos.

5) UNESP 2023- O diabo parece ter sido estranho tanto para os tupis do Brasil quanto aos nauas, maias, incas e
demais povos americanos. O cosmos maia era neutro, as forças e os seres sagrados “não eram nem bons, nem ruins,
mas apenas caprichosos”. [...] A cosmologia das populações andinas não contava com a noção de mal personificada
num ser satânico [...].
(Laura de Mello e Souza. Inferno atlântico. Demonologia e colonização: Séculos XVI-XVIII, 1993.)

O excerto permite afirmar que

a) os sacrifícios humanos realizados por alguns povos nativos da América eram destituídos de significado religioso.
b) a influência do catolicismo europeu na colonização da América facilitou a preservação de elementos religiosos
nativos.
c) a carência da noção de mal nas culturas originárias da América indica a ingenuidade e a pureza dos povos nativos.
d) os povos nativos americanos tinham uma visão religiosa binária e incompleta das forças que os afetavam.
e) a presença de representações do diabo no imaginário americano derivou do processo colonizador.

6) (UNESP 2022) [O rei D. João III] ordenou que se povoasse esta província, repartindo as terras por pessoas que se
lhe ofereceram para as povoarem e conquistarem à custa de sua fazenda, e dando a cada um 50 léguas por costa
com todo o seu sertão [...]; são sismeiros das suas terras, e as repartem pelos moradores como querem, todavia
movendo-se depois alguma dúvida sobre as datas, não são eles os juízes delas, senão o provedor da fazenda, nem os
que as recebem de sesmaria têm obrigação de pagar mais que dízimo a Deus dos frutos que colhem [...].

(Frei Vicente do Salvador. História do Brasil (1500-1627).


In: www.dominiopublico.gov.br.)

O excerto, do século XVII, caracteriza a

a) definição de rigoroso sistema tributário voltado aos interesses da Coroa portuguesa.


b) autorização para a instalação de sesmarias destinadas exclusivamente ao cultivo de algodão e tabaco.
c) constituição de um regime fundiário apoiado na pequena propriedade rural.
d) atribuição de poder político, econômico e jurídico aos senhores de engenho.
e) criação das capitanias hereditárias e a atribuição de direitos aos donatários.

Gabarito 2024:

1) B - O texto da questão apresenta o processo da independência a partir da participação diversa dos povos
indígenas. Ainda assim, fica ressaltado que, para os povos indígenas, a busca por uma nova posição na sociedade era
mais relevante do que se contrapor ao europeu (colonizador). Com isso, fica claro que a participação dos povos
indígenas contou com projetos específicos dentro dos processos da independência, para além daquele proposto em
torno da luta contra a dominação metropolitana.

2) a) Um aspecto da conversão dos povos indígenas ao cristianismo durante a colonização portuguesa sobre o Brasil
(séculos XVI a XIX) foi a expansão da religião católica sobre os territórios conquistados colonialmente na América, de
modo a fortalecer a autoridade da Igreja (e dos monarcas europeus associados a ela) perante os povos originários.
Junto a isso, a catequese pressupunha que as inúmeras formas como os indígenas expressavam suas próprias
crenças e religiosidades fossem desconsideradas em nome da afirmação do cristianismo sobre a colônia.
Com base nos textos 1 e 2, uma ação que contribuiu com o desaparecimento dos tupinambás foi o massacre imposto
sobre os membros desse grupo que não aderiram às crenças religiosas dos colonizadores e, consequentemente, uma
forte desestruturação da cultura tupinambá.
b) Um significado do manto tupinambá é o fato de que ele consiste em “um ancestral” em si, como a própria líder
tupinambá afirma. Além disso, ele também possui um caráter sagrado, ou seja, está inserido em rituais que
expressam a religiosidade dos tupinambás. Nesse sentido, considerando ainda os textos 1 e 2, o manto não pode ser
interpretado como uma obra de arte (voltado à contemplação estética), mas sim como um artefato cultural
originalmente destinado a rituais que afirmem a ancestralidade desse povo indígena.
A ideia de repatriar artefatos históricos parte de dois pressupostos: primeiramente, que esses objetos não deveriam
ter sido retirados dos povos que os produziram originalmente (pois representam as expressões étnico-culturais
desses grupos); em segundo lugar, um reconhecimento de que a retirada desses artefatos de seus locais de origem
se deu através de um processo violento de colonização e, portanto, a repatriação seria uma das formas de a
sociedade contemporânea corrigir posturas do passado que passaram a ser consideradas inadequadas.

3 a) Ao apresentar a trajetória de Catalina de Erauso, o texto destaca suas relações com duas instituições: a Igreja
Católica e o Estado espanhol. Em ambas as instituições, prevalecia a cultura patriarcal, de submissão e
marginalização das mulheres ao universo masculino. A trajetória de Catalina, que assumiu um figurino masculino e
atuou em espaços de presença exclusiva dos homens, já seria um feito singular, mas, ao garantir o reconhecimento
de seus feitos por parte de instituições marcadamente patriarcais, como o Estado e a Igreja, adquiriu um caráter
extraordinário.
b) No convívio entre Europa e América, através do oceano Atlântico, a monarquia espanhola e a Igreja Católica
desempenharam papel central nos âmbitos práticos e simbólicos.

Em relação às funções das monarquias, o candidato poderia destacar:

- O papel do Estado em articular a exploração colonial através de práticas mercantilistas.


- A construção de modelos de urbanização que trariam alterações significativas na ocupação do território.
- A organização da transferência de parcelas da população europeia que garantiriam a formação de uma elite local
vinculada à cultura metropolitana.
- A organização de um sistema jurídico visando submeter o continente americano aos interesses metropolitanos.
- A estruturação dos regimes de trabalho compulsório visando às atividades agrícolas e mineradoras.
Em relação ao papel da Igreja, o candidato poderia destacar:

- Uma atuação, articulada ao Estado espanhol, na construção de um discurso, com base no Cristianismo, que
justificava a expansão europeia em direção à América.
- A catequização das populações indígenas, que pode ser vista como uma ferramenta de submissão das sociedades
americanas aos valores europeus.
- O suporte religioso à dominação europeia, através da presença de inúmeras igrejas em espaços urbanos e rurais.
- A organização de festividades, dentro do calendário católico, que contribuíam na construção de um senso de
identidade em torno do catolicismo.

4 a) Antônio Bispo dos Santos estabelece uma equivalência entre os conceitos de "adestrar" e "colonizar",
destacando que, em essência, ambos buscam a "desterritorialização" do indivíduo, rompendo com sua identidade,
afastando-o de sua cosmologia e impondo-lhe novos modos de vida e denominações. Podemos exemplificar os
"adestradores que fazem carinho" através do sincretismo religioso, construção de escolas e práticas de aculturação.
Essas estratégias foram notadamente empregadas pela Companhia de Jesus durante o processo de catequização de
indígenas no contexto do Brasil colonial, evidenciando que nem todo ato de adestrar envolve necessariamente
violência física, mas também a imposição de valores e práticas culturais.
b) Descendentes de africanos escravizados, que se rebelaram contra o sistema escravista e construíram
comunidades livres e autônomas no período da escravidão, podemos identificar as comunidades quilombolas, como
um grupo social cuja luta se insere no contexto das reflexões apresentadas pelo autor. Na segunda metade do século
XX, o movimento quilombola ganhou força com a luta pelo direito à terra e ao reconhecimento de sua identidade
cultural, e suas ações se alinham com as reflexões apresentadas. Duas ações que ilustram essa luta no período citado
são: a busca pela titulação e pela garantia das terras quilombolas, especialmente após a Constituição de 1988 — que
reconheceu a importância histórica e cultural dos quilombos e assegurou aos remanescentes de quilombos o direito
à propriedade definitiva de suas terras —, e a valorização e a preservação de suas tradições culturais, como o jongo,
o samba de roda e outras manifestações culturais, fundamentais para a manutenção de sua história e de sua
identidade, em um processo de reterritorialização e de fortalecimento de suas memórias e laços comunitários frente
a tentativas externas de apagamento ou assimilação.

Gabarito 2023/ 2022

1 a) O projeto de colonização do Brasil foi construído a partir dos interesses econômicos e territoriais da monarquia
portuguesa; desse modo, podemos citar como razões para a destruição da Mata Atlântica, entre os séculos XVI e XIX,
o extrativismo do Pau-brasil, madeira que possuía valor comercial atrativo nos países europeus, o desenvolvimento
do complexo agroexportador no litoral, fenômeno que levou à destruição da mata nativa para a construção de
latifúndios, notadamente de açúcar, tabaco e posteriormente de café (século XIX). Essas atividades econômicas,
associadas à preocupação lusa em ocupar para defender o território de invasões, fomentou a construção de vilas e
um maior adensamento populacional no litoral, colaborando ainda mais para a destruição da Mata Atlântica.

b) Entre 1964 e 1985, a Ditadura Militar brasileira apostava na exploração da Amazônia como forma de alavancar o
desenvolvimento econômico nacional. Com o discurso de modernização e de “integrar para não entregar”, foi criada
a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), através da qual o governo oferece uma série de
incentivos aos interessados em produzir na região, expandindo significativamente o desmatamento e o garimpo
Ainda nesse cenário, foi construída a Transamazônica (1972), com o intuito da facilitar a ocupação e a exploração da
região. Já no início dos anos 2000, a alta no preço internacional das commodities levou a um novo avanço do
desmatamento principalmente ao norte do Estado do Mato Grosso e Rondônia, com a expansão da soja e da
pecuária extensiva em áreas florestais.

2) a) De acordo com as informações do mapa, o circuito de difusão do arroz através do Atlântico segue, em linhas
gerais, a mesma rota do tráfico negreiro para a América partindo da África Ocidental. Nesse sentido, a migração de
espécies vegetais segue a dinâmica dos fluxos populacionais produzidos por interesses econômicos, e o impacto da
presença africana na agricultura na América foi além do trabalho, chegando a promover transformações ecológicas.

b) O milho é originário do continente americano, onde teve grande importância não só como alimento, mas também
no uso ritualístico. A partir dos povos originários, a cultura do milho se disseminou não apenas entre europeus e
descendentes, mas também entre escravizados de origem africana, que incorporaram inclusive sua potencialidade
simbólica.

3) B- A gravura retrata o imaginário europeu sobre a América, no século XVII, fazendo uso de elementos “fabulosos”
e ligados ao cristianismo e a elementos reais, como os escravos e nativos que compunham a sociedade americana.
Entre os elementos fabulosos e religiosos, destacam-se os anjos que aparecem na parte superior, entre as nuvens,
segurando uma cruz (figura central) e uma faixa em que se lê “América” (canto direito). Por fim, também são
representados, no céu, indígenas, que olham com devoção a figura que carrega a cruz e um soldado europeu, o qual
aparenta estar brigando com uma criatura cujo rosto é encoberto e é representado como se estivesse caindo das
nuvens (canto esquerdo).
No que diz respeito aos elementos reais, destacam-se as pessoas feitas escravas, espalhadas pela imagem,
exercendo atividades laborais. A figura central representa uma nativa, trajada com plumas e carregando um arco e
flechas, e abaixo de seus pés repousa a cabeça de um europeu, ilustrando, desse modo, o caráter guerreiro dos
nativos.
Por fim, ainda é possível destacar nessa imagem elementos que reforçam que se trata de uma imagem que
representa a visão do colonizador sobre a América, tal como a embarcação ancorada na costa (fundo esquerdo da
imagem) e a forma como os personagens europeus são retratados, vide as fisionomias do guerreiro e da figura com a
cruz.
Destacamos que a imagem poderia estar com uma definição melhor, pois os detalhes são fundamentais para
compreender e acertar a questão.

4) C

5) E- O excerto apresenta uma breve discussão sobre a religiosidade entre povos nativos da América. Nele é
ressaltada que a ideia de diabo como personificação do mal não fazia sentido entre essas comunidades, pois o
conceito de polarização entre o bem e o mal não existia entre os povos americanos. Essa situação não indica
“ingenuidade e pureza” entre os nativos, tampouco que os sacrifícios humanos eram “destituídos de significado
religioso”. A leitura permite concluir que a presença do diabo no imaginário das comunidades locais seria resultado
da colonização europeia cristã.

6) E- Objetivando assegurar o domínio lusitano sobre os territórios recém-conquistados na América (1500), o rei D.
João III criou o sistema de capitanias hereditárias. Por meio dele, membros da nobreza de Portugal receberam lotes
de terra no Brasil Colônia. Esses nobres receberam o título de capitães donatários e passaram a ter direitos
administrativos sobre suas respectivas capitanias. Seu dever era o de assegurar que os objetivos portugueses fossem
concretizados na colonização do novo te

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