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Reino

O mundo era governado inteiramente apenas pelo o deus do trovão, cujo todos
conheciam como Tupã, um ser magnifico de extremo poder. Venerado por todo o
mundo. Até a segunda linhagem de deuses se rebelarem contra ele. Tupã dizimou quase
metade dos deuses, que mesmo assim não se deram por vencido. Tauros o deus da
sabedoria arquitetou um plano em segredo durante a guerra de seiscentos anos junto de
seus irmãos; Zefirá a deusa da guerra, Lukanda a deusa dos corpos celestes, Yuma o
deus da confusão, Akinto o deus do vento, Abanã deus da beleza e Dení o deus dos rios.
Os setes durante mais de quinhentos anos usaram todo o poder que tinham para cansar o
deus Tupã no qual lutava bravamente todo o tempo. O plano de Tauros seria
extremamente simples, cansar o deus até que não restasse o que fazer, quando estivesse
fraco o jogaria sobre a terra para que os humanos terminassem o trabalho, não queria
que nenhum dos deuses no qual lutavam contra Tupã fossem manchados pelo seu
sangue.

Tauros nasceu com um dom extraordinário, além de ser dotado de toda a sabedoria, ele
previa o futuro, controlava as teias do destino de todos e o pior dos seus poderes era
saber como matar um deus. Desceu até a terra, escolheu entre todos os humanos, os sete
mais fortes e virtuosos, os levou em um monte distante e distribuiu entre eles os poderes
dos seus irmãos.

— Como podemos saber se depois que matarmos Tupã... você não virar matar todos
nós? Disse Tristán o que se tornaria o rei de toda a região norte, atualmente conhecida
como o reino de Mythoria.

— Não pretendo fazer isso... o que queres em troca? Pois pelo que percebi dá os
poderes dos meus irmãos a vocês parecem não bastar... — Bradou o deus

— Que faça todos os seres humanos terem poder, assim podemos nos igualar aos
deuses!

— Farei melhor, pois, sei que isso é o certo... quando vencermos a guerra, cada ser
humano ao completar dezoito anos irá ser julgado perante um deus, caso ele o julgue
bom de coração irá entregar um dom divino, mas caso seja ruim... irá receber uma
maldição, com exceção das futuras gerações de vocês, eles sempre receberam dons

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magníficos... se quiserem curvem-se perante a mim... agora se rejeitarem irei esperar até
aproxima geração.

Parado a frente dos humanos, esperava que os setes dissessem sim, pois eles eram o
melhor que existia em toda a humanidade, caso eles não aceitassem teriam que esperar
mais tempo até os humanos dignos nascessem de novo. Olhando entre si os humanos
entraram em concordância e se curvaram diante de Tauros, com os olhos fechados
respirou fundo e gritou pelos seus irmãos, aparecendo no mesmo instante um a um a
frente de cada um dos presentes.

— Irmãos esses são os primeiros adoradores, deem a eles os poderes de Selestina! —


pensativo, o olhar triste, queria apenas que tudo acabasse de uma vez

Os deuses escolheram de acordo com o que habitava no coração dos humanos, cada um
deles abençoou um dos primeiros adoradores, por ordem do mês do seu nascimento,
começando por Tauros pois havia nascido em março.

— Eu, Tauros o deus da sabedoria, entrego a ti Haruki o dom dos fios do destino, com
ele poderá controlar qualquer pessoal ao seu bel prazer.

Haruki passou a sentir uma enorme queimação por todo o seu corpo, como se estivesse
sendo queimado vivo, seus olhos antes negros agora eram brasa vivas, permaneceu
inconsciente por um longo período. Então consecutivamente os outros deuses fizeram o
mesmo.

— Eu, Lukanda a deusa dos corpos celeste, entrego a ti Mikhail o dom de criar
meteoros com qualquer mineral que exista na face da terra!

—Eu, Yuma o deus da confusão, entrego a ti Mattia o dom da palavra, toda palavra
lançada perante o inimigo se transformara em verdade.

— Eu, Abanã o deus da beleza, entrego a ti Meifen o dom da porção do amor, qualquer
pessoa que tocar morrera na mesma hora.

— Eu, Zefirá a deusa da guerra entrego a ti Lily a arma de selestina, com esse dom irá
controlar toda arma do mundo, junto com a força de um deus.

— Eu, Deni o deus dos rios, entrego a ti Alix o dom de controlar qualquer criatura
marinha.

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— Eu, Akinto o deus do vento, entrego a ti Tristán o dom dos furacões, com ele será
capaz de fazer enorme tornados.

Com todos os dons distribuídos os sete humanos demoraram para se recompor,


levantando um a um, até que todos reluziam como cristais, Tauros entregou a aquele que
foi nomeado líder da equipe o frasco contendo sangue dos deuses junto com lagrimas.

— Haruki, quando verem que Tupã estar fraco force ele a beber isso, só então ele irá
morrer, depois façam uma enorme fogueira e queime os restos mortais. — Olhava para
seus irmãos

— Sim, meu deus — curvou-se

Saíram todos da presença dos deuses, não poderiam sair daquela região, pois os deuses
iriam levar Tupã para aquele monte.

— Voltemos meus irmãos, precisamos pôr um fim nessa guerra, para podermos
vivermos em paz!

E assim fez, todos eles retornaram até Selestia o local que os deuses habitavam, Tupã
ainda lutava com bastante esforço, Tauros conseguia ver o sangue escorrer, sabia que ele
estava chegando ao seu limite, deuses não sangram a não ser se usarem muito além do
seu poder.

— Se entrega logo — gritou Zefirá — nenhum deus da sua geração estar mais vivo,
desista e morra com dignidade.

— Como vocês puderam fazer isso comigo? Nunca fui ruim para com vocês... por que
motivo sou tratado assim? — fala ofegante

— Acabou Tupã! — bradou Tauros

O deus da sabedoria, lançou fios de teias que em volveram Tupã, caindo de joelhos logo
foi espancado por todos os irmãos de Tauros. Cansado, respirava com dificuldade,
Tauros o jogou no meio dos sete adoradores, quando viram Tupã não perderam tempo,
usaram toda a força que tinham para terminar o serviço, o deus se entregou assim que
percebeu o plano de Tauros.

— Tauros! — gritou — como pode manchar a humanidade com essa atrocidade... não
devia ter dado os poderes a eles... iram usar uns contra os outros....

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Tauros olhava pelo rio da sabedoria a agonia no qual Tupã passava, ajoelhado perante os
humanos, as lagrimas corriam pela face. Os adoradores aproveitaram o momento de
fraqueza do deus e obrigaram ele a beber a poção, caído sobre o pó da terra, de olhos
fechados Tupã chorava, aos poucos seu corpo adornado de brilho, ficava opaco e sem
vida, em alguns segundos deu seu último suspiro, fazendo assim o céu chorar por toda
face da terra, o deus supremo estava morto.

Os adoradores olharam entre si com o peso no coração, sabiam que tinham feito algo
ruim, mas agora adoravam a outro deus, levaram o corpo do deus para uma caverna,
onde ali fizeram a fogueira e queimaram o deus como Tauros havia ordenado, estavam
ao redor da fogueira de tonalidade azul, o cheiro de orvalho da manhã que impregnava o
ambiente fazendo tudo ficar pior. Os filhos de Tupã desceram a terra, cavalgando
através de raios, uma imensa luz dominou todo o ambiente, prostados diante do fogo
choravam sangue. Os adoradores se afastaram, todos de cabeça baixa em modo
catatônicos, preenchiam todo o seu ser com grande amargura, um fardo que iriam
carrega pelo resto de suas vidas. O fogo dissipou as cinzas que restaram os filhos
levaram para si, espalhando por toda a terra. Os adoradores voltaram para suas terras
natais, tristes e cheios de arrependimentos.

Tauros agora era o deus supremo sobre toda a terra e Selestia. Os anos se passaram e
assim como prometido todo jovem que completava dezoito anos ganhava o dom, os
rituais que foram ensinados aos primeiros adoradores foram passando de geração em
geração. Os dias se transformaram em meses, os meses em anos, os anos em décadas, e
aquilo que um dia foi verdade, hoje era apenas uma lenda, deuses passaram a coabitar
com humanos criando assim várias espécies, ninfas, guerreiras amazonas, semideuses, e
várias outras criaturas.

No ano duzentos da era de Tauros, houve uma grande guerra, fazendo os descendentes
dos adoradores a se dividirem em três reinos, os descendentes de Haruki e Lily
formaram o reino de Lykira, Mikhail e Tristán o reino de Mythoria, Alix,Mattia e
Meifen o reino de Arkadia, esses eram os reinos principais de toda a terra, entre eles
existiam várias cidades cada uma com a sua cultura e crença em seu deus, porém, todas
passavam pelo processo dos deuses, onde eram lhe dado o dom ou a maldição, depois
da grande guerra os reinos conseguiam viver em paz, juntamente com toda a criatura
que surgiu na face da terra, mas o homem era invejoso, ciumento, traiçoeiro, por conta
disso conflitos internos eram constantes.
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O ano 600 da era de Tauros, é onde começa a nossa história, no reino de Mythoria o
berço de ninfas, gigantes e centauros, onde todos conviviam em “perfeita” harmonia,
governado pelo rei Alexander II, no qual guiado por seu ciúmes e inveja matou o
próprio irmão e tomou o trono para si, fazendo assim uma teia enorme de mentiras e
tramoias, envolvendo várias pessoas do alto escalão, um deles foi um homem chamado
Kaito, general do exército real, acusado injustamente de traição quando Alexander II
matou o irmão, que sem nem um pudor ou remoço mandou matar o homem na frente da
esposa e sua filha de apenas 8 anos. Por ter sido acusado de traição a mulher e a filha
tiveram que deixar o palácio e viverem nos campos de trabalhos que forneciam alimento
para toda cidade incluindo o palácio.

Arina odiava os deuses com todo o seu ser, nunca entendeu por qual razão seu pai deve
que morrer de uma forma tão desumana, sentada a frente da casa observava sua mãe
retornar do trabalho cansada, fadigada e suja de terra.

— Como foi seu dia mamãe? — eufórica ajudava a mãe carregar a sacola que trazia em
sua costa

— Bem minha boneca... e o seu dia como foi? Fez as preces para os deuses? —
afagando os seus cabelos

— Normal, fui a escola e...

— E? Não fostes adorar aos deuses, não é? — repreendia a filhar com um olhar severo

— Não preciso deles e tenho certeza que eles não sentiram a minha falta!

— Minha filha... não pode viver eternamente com raiva dos deuses... precisar esquecer
o seu rancor e adora-los, como pretende ter um dom bom se não pedes ou adora eles?

— Não preciso de dom nenhum, mãe... principalmente desses deuses fajutos!

A mãe de Arina entrou junto dela em casa, se prepararam para jantar, ela nunca gostou
de todas as tradições e cerimonias que sua mãe ainda fazia mesmo depois da morte de
seu pai, isso era uma constante lembrança de como o seu mundo havia sido destruído a
troco de nada. Ela passou o resto de sua adolescência travando uma batalha com todos
os tutores de ensinamentos sobre os deuses, pois a última coisa que ela queria era adorar
os deuses que deixaram seu pai morrer. Todo o ano no dia da morte de seu pai, Arina
subia ao monte Têre, chorava por horas lembrando de tudo que ela passou o dia no qual

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ceifaram a vida do seu amado pai, lamentar e gritar com os deuses que ignoraram seu
pedido era a única coisa que conseguia fazer naquele fatídico dia.

Logo ela iria completar dezoito anos e assim como todos os outros jovens teria que ir
até o santuário para receber seu dom ou sua maldição, Arina tinha quase certeza que
seria amaldiçoada. Deitada sob o sol, sobre o campo de girassóis, olhando as nuvens
passarem de modo lento, sentia seu estomago revirar, pois o dia de ir diante os deuses
estava chegando, fechou os olhos sentindo a brisa fresca tocar todo o seu corpo
juntamente com os lábios úmidos e quente de Dener.

— O que faz aqui! — o empurrou de cima dela

— Vi você ao longe, como está? — sentou ao seu lado

— Não seu bobo... quero saber como saiu do palácio?

— Minha mãe veio ver a sua! Estava morrendo de saudades de você — olhar fixo em
seus olhos.

Dener era um ano mais velho que Arina, de cabelos na altura dos ombros, dourado da
cor do sol quando amanhece, de olhos verdes, atlético, rosto delicado, parecia bastante
com sua mãe, ele tinha o dom das plantas, conseguia criar qualquer planta, flores,
arvores, frutos que fosse, até mesmo fazer hibrido de todo fruto. Com a mão sobre a
terra fez brotar uma pequena arvore na qual em menos de dois segundos deu um fruto
conhecido como, fruto dos deuses de coloração azul, suculenta, sem semente ou caroço,
tinha a mesma textura de uma manga, mas o gosto era algo incomparável com qualquer
coisa na face da terra e apenas Dener era capaz de fazer, colheu o fruto entregando na
mão de Arina.

— Coma — um sorriso gentil em seu rosto

— Por qual motivo acha que estou com fome... sempre que me ver faz algo para
comer... acha que passo fome? — gargalhou

— N-nã-não!! Você é tão sem graça

Com a mão sobre a dela segurou firme, beijando seus lábios em seguida

— Quando vamos fugir!? — olhava em seus olhos

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— Assim que receber seu dom... já preparei tudo, vamos pro reino de Lykira é o mais
longe de todos os reinos, mas...

— Eu sei o que vai dizer, porém sempre que estou com você esqueço aqueles malditos
homens

— Não achas melhor casarmos e ir viver comigo no palácio? Será mais fácil fazer o que
quer!

— Amo os nossos planos e pensamentos de algo que nunca vai acontecer... — levou as
mãos sobre o rosto — Sei que sua mãe nunca permitirá você fugir ou se casar comigo!

As lagrimas rolavam entre suas mãos e rosto, os soluços tomaram conta da sua voz, ele
a envolveu em seus braços a puxando para perto de si, apoiando sua cabeça sobre a dela.

— Não fala isso... não importa quando vai ser, mas algum dia vou ajudar você a matar
todos aqueles que feriram o seu coração e depois vamos fugir para longe daqui nem que
seja para Kanaja... nunca vou abrir mão dos sentimentos que tenho por você meu amor.

O sol cada vez menor, um lembrete, pois logo teria que voltar para o palácio, enxugando
as lagrimas dela. O sol se foi, levantaram, andando entre o campo de girassóis de mãos
dadas por todo o percurso, antes de entrarem na casa ele a abraçou fortemente, ouvindo
o som do seu coração acelerado Arina queria que o tempo congelasse, com a mão entre
seus cabelos levantou o rosto dela selando assim um beijo em seus lábios, o barulho da
porta se abrindo o fizeram se afastar, ambos olhando para suas mães que se despediam,
uma moça muito bonita saiu da casa, Arina olhou para Dener com uma das sobrancelhas
erguidas e a cabeça inclinada em direção a moça, ele apenas deu com os ombros e fez o
sinal como negativa.

— Mãe! Quem é a moça?

— Oh! Arina a condessa de Merloke veio me apresentar a sua futura nora... ela não é
adorável?

Por um breve momento Arina esqueceu como se respirava, todo o seu ser entrou em
colapso e sem perceber as lágrimas rolaram pelo o rosto, virou de frente para Dener.

— Veio se despedir! Como pode... ME ENGANAR ATÉ AGORA...

— Esculta, não sou eu que vou casar — tentava segurar ela

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— VAI EMBORA... não minta, você não tem irmão ou irmã, acha que vou acreditar
nessas suas palavras inúteis

Dener olhou para mãe assustado e furioso — Me ajuda, não a deixa pensar isso por
favor!!

— Desculpa Dener... é pro seu próprio bem, tens que esquece-la de uma vez!

A dom da mãe de Dener era controlar visões, tanto Arina quanto sua mãe estava sendo
controladas pelo tal poder, a mãe de Dener queria acabar de uma vez por todas com os
laços que eles tinham entre si.

— MÃE, não a faça ter raiva de mim... não ver que estou sofrendo.

— Não adianta envolver sua mãe nisso Dener, poderia ter me contado a alguns minutos
atras iria entender... seu covarde de merda, vai embora — empurrou ele

Arina foi para junto da mãe, enquanto Dener era arrastado pelos guardas, sua mãe
seguia em frente entrando junto com a “moça” na carruagem. Ele gritava e esperneava
de toda forma que podia, porém, a única imagem que Arina e sua mãe tinham era de
Dener de mãos dadas com a “moça”. Arina passou a semana inteira acuada nos cantos
da casa, chorava sempre que lembrava de Dener, os dias logo findaram e um novo mês
surgia, seu aniversário era em alguns dias. O dia da formatura chegou, concluiu os
estudos, poderia agora fazer a cerimônia e ganhar o seu poder, se vingar dos homens
que destruíram o seu mundo e ir embora daquela cidade, a única coisa que ela não
esperava seria o seu encontro com o deus da ira, mudaria todo o rumo da sua vida.

— Filha? Estou a ti chamar a horas não me ouviu! — sentada a mesa de frente para ela

— Desculpe mãe... pensava no D, como será que ele estar... é provável que já casou —
cabeça baixa tentando esconder as lagrimas

— Não sei Ari, esquece ele, você sempre soube que a mãe dele nunca iria permitir isso!
Levantou e foi até próximo a filha, afagando seus cabelos, tentando consola-la de
alguma forma — Tens que pensar na cerimônia de amanhã... é melhor dormir precisa
estar bem disposta... sabes que não vai ser fácil.

Arina pois se de pé, deu boa noite a mãe e foi para seu quarto, deitada sobre a cama,
pensava apenas em Dener, era difícil esquecê-lo de uma vez por todas, foram anos de

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amizade e amor. O sono surgiu lentamente e sem perceber mais um dia surgia diante de
todo o vale, hoje seria o dia no qual iria receber o dom divino dos deuses.

Poder

O alvoroço que se formava em volta de todo o santuário era uma lembrança de que o
grande dia havia chegado, em fim ela iria receber seus poderes, não apenas Arina, mas
como diversos jovens no qual acabaram de completar dezoito anos. Em fila indiana os
jovens subiam a escada sinuosa, o medo e ansiedade andavam lado a lado, foram
preparados para aquele glorioso momento toda a sua vida. Dentro do santuário cercado
por estatuas magnificas de todos os deuses, Arina começou a tremer diante de toda
aquela magnitude. Cada jovem foi separado de acordo com o mês do seu nascimento,
ela seria a quarta, em pé diante dos anciões aguardava sua vez. O seu antecessor saiu da
sala privativa, reluzente, o poder dado a ele pelo próprio deus da sabedoria, foi o dom
de prever o futuro, poucos dispunha de tal poder. Ela era aproxima, seu coração saltitava
de modo descompassado.

— Senhorita Kantos.... não me ouviu, é a próxima — vociferou o ancião

Ereta, nervosa, as mãos tremulas se dirigiu até a sala designada, adentrou, havia uma
pequena fogueira em sua frente, um vaso a sua direita, com a mão sobre o pó que havia
dentro do recipiente adornado por pétalas de cerejeiras vermelhas, submergiu a mão
entre as cinzas de antigos adoradores, mais conhecidos como os descendentes direto dos
deuses. Passou por todo o rosto, ajoelhada perante a fogueira, seu rosto começou a
queimar lentamente, em segundos o que era uma minúscula ardência tomou conta de
todo o seu corpo, a visão turva, os olhos lacrimejando, tentava resistir a toda aquela dor.
O ambiente ficava cada vez mais claro, com os punhos cerrados, feriu a palma da mão
com uma pequena adaga prateada, na qual estava ao lado do vaso de cerejeira,
colocando a mão em cima da fogueira, deixando assim nada mais que três gotas caírem
sobre ela, A fogueira transformou-se em um fogaréu, se espalhando por toda a sala,
sendo engolida por todas aquelas chamas, na qual agora de tonalidade azul, reconfortava
seu corpo como o ar refrescante da primavera.

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Surgiu diante dos seus olhos, uma figura de um homem. Com quase dois metros e dez
de altura, trajado por uma armadura preta com sangue em volta dela, na mão direita uma
espada, aparentava ser a extensão do seu braço, os cabelos longos e prateados levitavam
com a força da sua áurea. A máscara branca com o sorriso para baixo cobria seu rosto,
avistando Arina, ficou no meio da fogueira, com a cabeça inclinada a olhava de modo
continuo.

— Porque estou aqui! — voz severa — Humana imunda e insolente... como ousas
profanar o meu refúgio?

Curvada com o rosto prostado ao chã, ouvia a voz ecoar por todo o ambiente como
águas correndo por uma cachoeira, elevou o seu rosto por alguns centímetros, como um
gato assustado recuou, pois o deus da irá estava a apenas cinco centímetros de distância
dela. Voltou a prostar o rosto, com as palmas das mãos virada para cima.

— Perdoe-me... oh deus— voz embargada — vim diante de te pedir o que é meu por...
di-di-direito — gaguejou

— Veio até mim pobre humana... pedir seu poder? — olhar fixo sobre ela — Que direito
acha que tem de ganhar o tal poder?

— Rogo perante a ti por tudo o que seja sagrado e dai-me o direito... de receber o dom,
que foste entregues primeiro aos grandes adoradores da terra... os guerreiros supremos...
descendente dos próprios deuses... — respirava com dificuldade

— Acha que por saber recitar essa suplica medíocre, vai fazer alguma diferença? —
balançou a cabeça como negativa — Temo que não, pobre criatura, sem fé ou coração.

Arina nunca gostou dos deuses, e sabia que nem todos ganhavam o dom. Caso o deus a
considerasse impuro de alguma forma, você saia da presença dele com maldições
poderosas, e em vez de ajudar a sociedade colocavam você como desertor e o exilavam
na ilha de Kanaja, o berço de Lundaria a deusa do submundo. Seu coração carregava um
terrível rancor contra os deuses, fixou seu olhar, aos olhos de deus que mais pareciam
brasa viva.

— Não me importo com você ou suas bençãos... — levantou — não me entregue nada,
só vim até aqui por conta da minha mãe... odeio os deuses com todo o meu ser! —
respiração ofegante

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O som de risos se espalhou por todo o salão, uma cadeira dourada surgiu em um estalar
de dedos, sentando na mesma, retirou sua máscara, colocando sobre o braço da cadeira.

— Não gosta dos deuses e veio justamente perante a mim... sei muito bem o que carrega
em seu coração, diga-me o que queres de mim?

Fixando o olhar sobre Arina o deus passou assentir algo que não sentia a mais de
duzentos anos. Por outro lado, ela perdeu-se naquele belo rosto, os olhos que eram
brasa, agora estavam vermelho bordo, a estrutura de seu rosto parecia ser esculpida pelo
próprio Apolo, com o olhar sério, a olhava da cabeça aos pés.

— Apenas me der o que é meu por direito... — cabeça erguida, com os lábios entre
aberto

— Se eu lhe der algum tipo de poder, será minha para sempre... é isso que quer? —
cabeça inclinada apoiada sobre sua mão

— Não... prefiro uma maldição... mais poderosa que tudo nessa face da terra!

— Tem certeza criança? Em todos os meus anos vivente nunca me pediram isso... o que
vai fazer com a tal maldição se eu a lhe conceder?

— Matar todos que destruíram o meu mundo! — bradou

— Criança tola... es mesmo uma filha da ira... com tudo... não posso dar a você o que
quer, a troco de nada.

— O que eu posso dá a um deus? — bufou

— Filhos! — olhar baixo, cabeça curvada

— Filhos? — sorriu — sei... isso é algum tipo de piada?

— Não..., não conhece a minha maldição?

— Sim..., mas o que isso tem a ver comigo!? — olhos arregalados

— Se conhece a minha maldição... diga-me qual é ela?

Revirando os olhos, olhando diretamente para ele prosseguiu.

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— Sei o que qualquer ser de todas as espécies sabe... que o deus Tauros o maldiçoou por
desvirtua sua filha Lundaria, a deusa foi exilada para o submundo e você nunca mais
poderia amar ninguém que não fosse a deusa da solidão.... é isso que sei

— Criança quando aquele ser dos infernos me amaldiçoou, aquele imundo disse que...
eu nunca teria outra ereção... a não ser que fosse com Lundaria... por conta disso ele a
exilou naquele maldito lugar, no qual sou proibido de entrar... — respiração elevada

— Ainda não entendo...

— Simples... desde o momento em que a vir todo o meu ser queria arrancar a sua
roupa.... sabe a quantos anos não sinto meu ser vibrar desse jeito!

Arina corou no mesmo instante, virando seu rosto para a fogueira a sua frente.

—Não sei o que tens de diferente, mas quero que me dê um filho... se concorda com
isso darei a você o poder de Selestina, o que me diz? Aceita essa proposta Arina kantos?

Arina ponderou por um pequeno período, pensando em todos os homens que mataram
seu pai, por toda agonia na qual presenciou sua mãe passar, queria viver em paz com ela
mesmo, mas para isso teria que matar os homens com suas próprias mãos.

— Se aceitar o que me ofereces, como isso iria funcionar?

— Quer mesmo saber criança?

Levantou, foi até ela, segurou em sua mão, a puxou para perto da cadeira na qual
mesmo sentado Abnai era mais alto que Arina. Perto dele sentia o temor por todo o seu
corpo, suas mãos tremiam descontroladamente, com o olhar fixo nele temia que aqueles
fossem seus últimos instantes. Acariciando o seu rosto a fazia corar, os dedos longos
percorriam seus lábios.

— Feche os olhos Arina... — sussurrou com a mão embaixo de sua túnica, acariciava as
pernas dela, subindo de modo vagaroso, chegou entre o meio — Você já foi tocada por
alguém, minha doce criança?

— N-nã-não.... — Suspirou

— Tens que continua assim, pois somente eu tocarei em seu corpo!

Em anos Abnai não sentia desejo por mulher nenhuma que não fosse a deusa da solidão,
com o seu pênis ficando cada vez mais ereto passou a beijar toda a extensão do pescoço

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dela, suspirando, gemeu baixo, em seguida uma ardência junto de uma dor insuportável
no seu ombro direito, Abnai se afastou, olhando continuamente para ela na qual se
contorcia de dor. Rolava no chão segurando seu ombro, no mesmo local surgia um
camaleão em forma de tatuagem colorida. Sem folego, deitada em modo fetal, tentava
absorver sua agonia.

— Pronto Arina, carregas contigo agora a marca de selestina... quando sai daqui todos
saberão que carrega uma arma de extremo poder... — voltou a colocar a máscara —
Então temos um trato?

— Meu senhor... si-sim... temos um trato — puxava o ar com dificuldade

— Só um lembrete, quando terminar a sua vingança... eu voltarei para pegar-te, não


importa com quem esteja, quando eu retornar será minha, vai morar junto a mim em
Selestia!

— Sim meu deus! — deitada sobre o chão, olhava para o teto

— Mais uma coisa, irá esquecer de mim e de tudo que conversamos aqui... boa sorte
Arina de Kantos...

A sala foi tomada por uma extrema luminosidade, a deixando cega no mesmo instante.
Caída de frente agora para pequena fogueira, recobrava os sentidos com dificuldade, sua
respiração fazia a poeira levantar sobre seu rosto, virando o dorso para cima, respirava
fundo, o zumbindo no ouvido ainda era demasiado alto, respirou mais algumas vezes e
finamente pois se de pé. Saindo da sala um dos anciões estava a sua espera, de olhos
arregalados, com a mão a boca, gritou.

— Temos uma arma selestina, uma arma selestina — Bradava pelos quatros cantos

— Como assim? Não temos ninguém da realeza hoje! Quem conseguiu tal feito? —
exclamou o sacerdote dos anciões

— Foi a rejeitada pelo rei...

— Traga ela até mim...

O sacerdote era o homem escolhido pelos próprios deuses desde o seu nascimento, um
homem robusto forte de cabelos negros com fios pratas, aparentava ter no mínimo
cinquenta anos, doutor em filosofia e história de todos os deuses, não poderia se casar,

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por isso todo o sacerdote era eunuco, alto, de olhar expressivo, se chamava Kemon. Os
anciões eram homens escolhidos pelo povo de cada uma das cidades de todo o reino um
total de dez anciões, que todos os anos se juntavam no santuário para designar as
funções de cada dom, o tempo que passavam ali formavam um grande círculo de
adoração, no qual foi perturbado pelo ancião que bradava pelos quatros cantos. 2

— Essa é a moça sacerdote! — curvando-se deixou Arina em frente ao homem

— Quem es tu? E como conseguiu uma arma selestina? — Em pé a rodeava

— Não... lembro meu senhor... — olhar baixo, mão em frente ao corpo

— Não passa de uma plebeia, que mal adora os deuses... qual foi o deus que apareceu
perante a te? — um olhar de gavião sobre a pobre menina

— Não, lembro meu senhor... me perdoe — ajoelhou-se diante dos anciões

— Basta sacerdote... o que importa agora é que temos uma nova arma selestina... e
como todos aqui bem sabem, tal poder não pode vaguear por aí... querida qual é o seu
nome?

Arina estava completamente atordoada, o ombro latejava, o suor que escoria em sua
testa era uma fiel representação de todo o seu nervosismo, olhando por todos os lados,
via apenas rostos com expressões severas para com ela. De cabeça baixa e um olhar
confuso se dirigiu ao ancião.

— Arina kantos... senhor!

— Arina tens pais vivos?

— Apenas minha mãe, senhor...

— Bem sabes que agora não pertence mais a ela e sim ao Rei Alexander, por isso darei a
você o direito de se despedir dela..., mas ainda hoje será transferida para dentro do
palácio, antes que pense em protesta de alguma forma, nem perca seu tempo pois...
querendo ou não você é obrigada a se juntar a família real, sendo assim, conforme o
decreto real irá se casar com o segundo ramo... que é? — olhou pra o escrivão a sua
direita esperando que dissesse qual seria a família

— Perdoe ancião... de acordo com os livros o único disponível é o terceiro a sucessão


ao trono... o filho do Duque de Largos — o homem olhava direto para o ancião

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— É isso... assim como você está sendo informada a família real também será... —
olhar perdido entre Arina e os pilares — acho que por hora é só, os guardas vão lhe
acompanhar até sua casa, pode ir!

Arina não moveu nem um musculo, com a cabeça baixa seus olhos percorriam por todo
o chão tentando de alguma forma lembra o que havia acontecido na sala, percebendo
que se encontrava em um beco sem saída, a raiva tomou conta de seu coração. O ombro
no qual carregava a marca da arma começou a mudar de forma, passando a ser um anjo
de armadura e uma espada de fogo em suas mãos, uma luz extremamente clara surgiu
do seu braço, ofuscando todos a sua volta, em quanto a visões dos anciões se adaptavam
a todo aquele brilho, passaram a ver a figura de um anjo com asas negras, um elmo que
cobria toda a sua visão, todo tracejado pôr o que parecia espinhos, de cabelos
vermelhos, uma besta em sua mão esquerda e uma espada azul a sua direita, em frente a
ela tendo mais de dois metros e cinquenta de altura, urrava pelos quatros cantos fazendo
com que todo o templo tremesse. Todos congelaram, os olhos arregalados, não
conseguiam nem ativar seus poderes, o frio que pairava sobre as espinhas era algo
incomparável com qualquer medo conhecido na terra.

— Q-que-quem... conjurou essa monstruosidade! — berrou um dos anciões

— Vens até mim, ninfas dos setes adoradores, emprestem a me seu poder — bradou o
sacerdote

Surgiram sete ninfas de diferentes formas e tamanhos cada uma com um poder
específico, perante a todos, o sacerdote tinha a total certeza que as ninfas iriam aniquila
o tal anjo, porém, assim que surgiram diante do anjo todas elas gritaram de medo e
sumiram igual fumaça. O anjo ergueu sua besta em direção ao sacerdote que tremia
ajoelhado ao chão. O coração de Arina estava repleto de ódio por tudo aquilo,
lembrando do sorriso de seu pai e o quanto sua vingança era mais importante, deixou a
sua alma ser tomada por paz e tranquilidade, respirava fundo, ao mesmo tempo que ela
se acalmava o anjo mudava de forma, ficou menor, sua assas agora eram brancas, os
espinhos se transformaram em pétalas de cerejeiras, as armas e o elmo sumiram, os
cabelos antes vermelhos agora transmutava para azul celeste, por fim sentou diante dela
olhando para os anciões.

— Você! — gritou o sacerdote — desfaça isso... mande ele voltar para onde veio....
agora!

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Arina só viu o que se passava naquele momento, tomando um baita susto com o anjo
sentado à sua frente, que agora mais parecia uma criança feliz em ver a mãe.

— Não sei quem é ele e...

— Basta criança, é por esses motivos que tens que morar no palácio, lá vai aprender a
controlar suas emoções.... o mestre supremo vai ensinar a você como usar esse dom que
ganhou... por hora levem ela a presença do mestre, pois só ele sabe como mandar o anjo
de volta para o mundo dele — os olhos do ancião ainda refletiam medo.

Ela foi escoltada pelo sacerdote, cinco guardas e mais três magos que tremiam de medo
por conta do anjo, no qual caminhava a frente de Arina, olhava a todos com
superioridade, mesmo tendo diminuído ainda passava de um metro e noventa
centímetros, suas vestes o cobriam apenas da cintura para baixo, sendo assim via se
perfeitamente cada musculo que mais pareciam aços. Passando entre as pessoas que se
afastavam quando viam se aproximar em sua direção. Uma caminhada de cinquenta
minutos até o palácio, ela foi todo o tempo calada e retraída. Diante dos grandes portões
do castelo ficou aflita, fazendo o anjo transmutar de novo, os cabelos agora verdes, uma
adaga em sua mão e com apenas um arremessar destruiu os portões, todos se afastaram,
o pó da terra se ergueu, fazendo ela tossir, o anjo se aproximou dela e com um simples
gesto de mão a fastou toda a poeira de perto, só então Arina percebeu que o anjo
mudava conforme as emoções dela, mas ainda não sabia como fazer ele ir embora.

O mestre supremo os aguardava na entrada, com o olhar estreito tinha ao lado deles dois
girantes com tacos em suas mãos. O mestre era um homem novo, com seus trinta e
cinco anos, negro, com várias tranças em seu cabelo, com olhos que mais se pareciam
de um gato da cor amarela, forte e alto cujo o nome era Nekon, olhava atento para o
anjo que se aproximava, todos pararam diante de uma barreira invisível. O anjo inclinou
a cabeça para a direita com um sorriso largo, tocou na barreira e ela se desfez, Nekon
sorriu, aplaudindo o anjo ao mesmo tempo, frente a frente, analisava toda a sua áurea.

— Querida foi você que invocou esse ser? — esticando seu pescoço para olhar Arina

— Não sei bem... meu senhor — voz baixa

—Pelo que vejo foi você sim... consegue mandar ele de volta?

— Não... senhor!

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— Tudo bem, repita depois de mim, ok?

Sobrancelhas erguidas, um sorriso gentil, Arina apenas consentiu com a cabeça.

— Cairo estou segura agora, retorne para a presença de seu pai... entendeu criança?
Você também precisa colocar isso em seu coração, deixei seu coração ser inundado pelo
sentimento de segurança.

— E se o nome dele não for Cairo? — olhava aflita

— Só existe 2 anjos no mundo dos deuses, um é ele e a outra é Sam, ela nunca foi usada
como uma armar selestina... repita criança e não esqueça seu coração também tem que
sentir que está segura.

Arina passou a prender e soltar o ar por diversas vezes, preencheu seus pensamentos por
lembranças de quando era criança, viu seu pai junto com ela dentro de um lago,
jogavam pedrinhas ao longe, enchendo assim seu coração de felicidade, então olhou
para o anjo e disse em alto bom tom.

— Cairo estou segura agora, retorne para a presença de seu pai!

Cairo virou para ela, curvou-se e desapareceu como fumaça, a tatuagem voltou a ser um
camaleão colorido e pequeno, os presentes deram um suspiro alto de alivio, Nekon se
aproximou dela, colocando a mão sobre sua cabeça bagunçou seus cabelos dizendo.

— Bom trabalho criança... bem vinda ao palácio! — sorriso largo.

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Despedida

Havia passado mais de um mês que Arina estava dentro do palácio e as únicas pessoas
na qual tinha contato era Nekon e seu ajudante Aran, até aquele momento não tinha feito
nada além de controlar a sua respiração, queria de modo urgente vê a sua mãe, pois
durante aquele período havia apenas mandado uma carta explicando toda a situação na
qual estava vivendo. Presa em um quarto 24h, fadada a conviver apenas com seus
pensamentos. Um barulho repentino no trinco da porta, olhando para mesma parou de
escrever, acariciando sua mão esperava Nekon entra, porém, um rosto amigo surgiu
entre as sombras, sem ao menos se importa o que poderia acontecer ou não Dener
correu em direção a ela, no susto quando levantou esbarrou na cadeira que caiu atrás

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dela, fazendo o mesmo que ele, entre abraços e beijos, Arina esqueceu de toda raiva no
qual sentia dele até a alguns segundos atrás.

— O que faz aqui? — com os lábios colados ao dele

— Não tenho muito tempo, esculta... — se afastou dela segurando em seu rosto — vão
levar você para um lugar distante até que saiba controlar seus poderes, quando voltar vai
casar direto com o filho do Duque de Largos — olhava aflito em seus olhos

— O que isso te importa, já não estais casado com outra! — o empurrou

— NÃO, me perdoe por isso... minha mãe fez vocês... não sei dizer, pois não vi o que
você viu, mas não tinha ninguém conosco naquele dia... presta atenção... eu amo muito
você, não importa o que aconteça, quando você retornar vamos fugir! Entendeu!
Esqueça sua vingança, nunca vai dá certo

— Por qual motivo diz isso! — se aproximou novamente dele

— Descobrir... que... q-que... n-n-não

— Fala de uma vez!

— O senhor supremo de todo o vale foi quem mandou matar seu pai... sabe que nunca
vai conseguir chegar nem perto dele, não é? Por favor esqueça isso!

— Como tens coragem de pedir algo desse tipo... já estava ciente desse fato... e nada vai
mudar, assim que aprender a controlar o Cairo, vou matar todos... se for preciso até
mesmo o rei... se me amas de fato vai aceitar a minha decisão — respiração mais
elevada

— Saber que te amo desde de sempre... Arina, apenas volte pra mim! — a abraçou —
tenho que ir, Nekon me deu apenas alguns minutos.

Com as mãos entre seus cabelos a puxou para mais perto, tocando em seus lábios,
fechou os olhos absorvendo todo o perfume que exalava dos seus cabelos, um simples
toque no ar brotou um girassol em sua mão, entregando a ela se despediu com um beijo
envolvente, Arina o abraçou com mais força.

— Podemos consumar agora tudo!

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Nas pontas dos pés, perdida na vastidão do verde floresta que surgia nos olhos dele,
todas as vezes que se beijavam, era uma rara condição, a cor dos seus olhos mudava de
acordo com seus sentimentos

— O que mais quero é ter você toda para mim, mas Nekon já está perto, posso sentir —
a beijou uma última vez — um dia vamos ser apenas nos para sempre

— Amo você D — suspirou

— Amo muito mais Ari — saiu do quarto

Arina ficou parada segurando o girassol, olhava através da janela o sol se pôr. Nekon
surgiu ao seu lado sem fazer nem um único som.

— Bonito seu girassol — sorrindo

Arina recuou alguns centímetros olhando para ele de canto — Por qual razão sempre
chegar assim, o que achas que vai me ver fazendo?

— Nada criança... contudo se já soubesse controlar seu poder, saberias que chegaria em
breve — a olhava da cabeça até os pés — vá, arrume suas coisas, iremos partir em trinta
minutos

— Será que... poderíamos passar em minha casa... não sei quando vamos retornar e
preciso me despedir de fato da minha mãe — olhar doce para com ele

— Não precisar parecer um gato manhoso... vamos passar por lá — virou em direção a
porta — esperarei você lá embaixo criança... não demore.

Arrumando as poucas coisas que havia naquele pequeno quarto, pegou tudo que se fez
necessário, saiu do quarto, entregou a sacola para Aran, seguiram lado a lado por todo o
extenso corredor, descendo uma enorme escada sinuosa, passando por várias janelas em
uma delas conseguiu avistar sua antiga casa, seus pensamentos foram tomados por uma
imensa tristeza, abaixou-se, várias lagrimas rolaram em seu rosto, Aran abaixou
tentando olhar em seu rosto.

— Por que choras? Fiz algo a ti? — afagava seus cabelos

— N-nã-não — entre soluços — havia... es-esquecido... que morava tão... perto daqui!

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— Moravas aqui no palácio! — olhou ao redor — por qual razão fostes embora?

— Agora não importa mais — enxugou suas lagrimas

Passos pesados aproximavam deles, cada vez mais perto, por fim toda a corte do rei
surgiu diante deles, juntamente com o próprio rei, desceram ao ponto do rei sentar ao
lado dela

— Por qual motivo estais tão triste assim minha pequena flor? — pegou com sutileza a
mão de Arina

— Não é nada sua majestade — puxou sua mão da dele

— Arina... sei que tens raiva de mim..., mas algum dia vai descobrir toda a verdade —
com o olhar fixo sobre ela, levantou — podemos prosseguir — ordenou — faça uma
boa viajem pequenina — com o olhar triste voltou ao seu percurso

— Vamos Arina, o mestre nos aguarda! — com a mão estendida diante dela

Arina ergueu seus olhos e segurou a mão dele, levantou e votaram a descer a longa
escada, o som do vento esbarrando contra as paredes era a única coisa que se ouvia, de
cabeça baixa olhava seus pés chutarem o vestido, no qual ela detestava usar, o vento
passando entre seus cabelos, respirava fundo, queria apenas entender o que o rei havia
lhe dito a alguns minutos, perdida por toda vastidão de seus pensamentos não reparou
ao seu redor, quando deu por si, estava em um enorme campo de girassóis, atordoada
procurava por todos os lados por Nekon e Aran, porém nada se via além do vasto
campo.

— Estou aqui criança — tocando em uma mecha do cabelo dela — você estar tão triste,
por qual motivo? — disse Abnai

Assustada se afastou do deus — Onde estou?

— Esse é o jardim dos pensamentos... meu coração não aguentou vê-la tão triste... por
favor, o que posso fazer por você?

— Mas eu não clamei por nenhum deus... como posso voltar? — olhava aflita

— É terrível, eu poder lembrar do nosso beijo e você nem saber quem sou...

— Sei quem você é..., mas lembraria se tivesse beijado o deus da ira... por favor, meu
senhor, me leve de volta!

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— Não me chame assim! Me chame pelo meu nome

— Qual seria seu nome?

— Você sabe qual é, diga — aproximou-se, fazendo Arina parecer minúscula e indefesa,
diante de toda a sua magnitude

— Não é permitido falar os nomes dos deuses — o medo rodeava seu coração

— Não precisa ter medo de mim — sentou entre os girassóis — pronto, agora sou
menor que você

— Abnai... me leve de volta!

Ele pegou as mãos geladas e tremulas dela. Desde o dia em que se viram Abnai não
conseguia mais pensar em outra coisa que não fosse ela, a observava 24h, por pouco não
a tomou para si quando viu ela junto de Dener. Não sabia por qual motivo, mas Arina
quebrou sua maldição. Ainda segurando as suas mãos, olhava fixo em seus olhos azuis
intensos.

— Es tão linda, como tal criatura nasceu entre humanos, com uma beleza como a sua...
sei que prometi a ti... pega-la para mim apenas quando concluir sua vingança..., mas
diga-me, quem queres que mate e, estará feito em um segundo, apenas para tê-la em
meus braços

— Nã-não sei o que estai a me dizer — corou — nunca vi o senhor

— Vem aqui... vou fazer você lembrar.

Abnai a puxou para junto de si, a segurando entre seus braços acariciava seu rosto, o
medo no qual assolava seu coração transparecia em seu rosto. Com a mão entre seus
cabelos Abnai a beijou docemente, sentindo seus lábios quentes, suas memorias foram
voltando refratadas, até todo o quebra cabeça está completo, ele continuou a beijando,
deixando se envolver por todo o amor que ele entregava a ela, colocou suas mãos sobre
o rosto dele o beijando cada vez mais intenso. Envolvidos pelo vento gelado, a abraçou
mais forte, as memorias perdidas agora retornadas, Arina se afastou, fixando seu olhar
nele, seu peito subia e descia de modo bruto, enquanto era envolvida por ele.

— Sabes o que quero contigo e lembras de tudo... abra mão daquele que diz amar você,
pois, bem sei que sou o único que ama-te de verdade.

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— Disse que queria apenas um filho... por favor não mudes o trato... amo muito o D...

— Acredite quando digo que iras mudar de opinião antes de completar sua vingança —
a soltou dos seus braços — agora vá seu mestre está preocupado para com contigo...
verei você em breve.... Arina de Kantos.

Uma fumaça branca a rodeou, em alguns segundos estava de frente para Nekon que a
segurava pelos braços.

— Qual era o deus que você chamou? — seus olhos amarelos estavam arregalados

— Não clamei por nenhum... foi ele que me chamou até sua presença... me solta mestre!

— Perdoe-me, mas você ficou muito tempo inconsciente... o que ele queria?

— Recorda-me da promessa que fiz para com ele...

— Por qual motivo prometeu algo a algum deus!?

— Não... não posso dizer mestre... me perdoe — abaixou a cabeça

— Deixe como estar, se não podes falar, que assim seja. Vamos já perdemos muito
tempo aqui.

A carruagem balançava bastante, fazendo com que Arina ficasse extremamente enjoada,
por diversas vezes respirava fundo para não vomitar, mais alguns instantes e estariam
nos portões de sua aldeia, olhando através da pequena janela via os últimos raios do dia,
a escuridão tomava conta da vastidão do céu. Os portões estavam a diante deles, todos
olhavam com espanto a carruagem, pois não era algo que se via todos os dias, não pela
quela parte de cidade, a casa de Arina ficava depois dos campos de colheita, bem acima
do campo de girassóis, porém, bem menor do qual se encontrou com o deus da ira.

Sua casa estava à vista, o coração quase explodia em seu peito, a carruagem mal parou e
Arina correu para dentro da casa, porta dentro encontrou sua mãe sentada junto a lareira,
com os olhos arregalados e a boca entre aberta, mal acreditava em seus olhos, pois, bem
pensava que sua filha havia morrido, pondo se de pé em um salto abraçou com toda
força que tinha Arina.

— Pelos deuses achei que tinha morrido... — segurava em seu rosto a olhando por todo
canto — onde estavas, por que não retornaste a mim depois daquela carta?

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Entrou então o mestre e Aran, parados na entrada da casa, olhava a cena ambos em
silencio.

— Mãe... eu estava no palácio... — recuou — esses são o mestre Nekon e o seu pupilo
Aran

— Boa noite senhora! — disse o mestre

— Como ousas pisar em minha casa... não admito que a eleve de volta aquele lugar! —
bradou

— Senhora... Arina pertence ao rei agora e, não a nada que possas fazer contra isso —
baixou a cabeça

— Nunca ela irá pertencer aquele maldito homem... terá que me matar para isso
acontecer!

Nekon se ajoelhou perante a mulher — Querida mestra me perdoe..., mas é preciso...


não a nada que possamos fazer

— Mestra! — olhou para sua mãe — por que o senhor Nekon estar referindo a senhora
assim!

— Não creio que seja hora de você saber nada disso... levante Nekon — com os olhos
fechados cabeça erguida como se olhasse para o céu

— NÃO... chega de mentiras... por que nunca me contou que foi mestre suprema do
palácio, o que mais me esconde, achas que sou criança ainda... sabias sobre a mãe de
Dener? — sobrancelhas estreita olhava sua mãe — Sabias? Mesmo assim me deixou ser
enganada? Sabes o quanto sofri por isso.... mentes pra mim sob mais o que? — lagrimas
rolavam por todo o seu rosto

— Arina, não es como pensa... deixei tudo para trás quando fugir daquele maldito
lugar... não lembras das coisas ruins, pois fiz questão de apagar suas memorias —
tentava segurar no rosto da filha

— O que fez comigo... já não sei quem es tu, não se aproxime de mim — recuou mais
alguns centímetros

— Arina! Por favor... me esculta... amo você... tudo o que fiz foi para seu próprio bem!

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Calada sentia apenas as lagrimas rolarem de modo continuo, percebeu que toda a sua
vida foi cercada por mentiras e não saber de verdade quem era tomou conta de todo o
seu ser, enraizando dúvida em seu coração, o braço passou a brilhar de modo intenso,
surgindo Cairo diante de todos, ajoelhado perante Arina, criou uma barreira de proteção.

— O QUE É ISSO... — disse Nitara (mãe de Arina)

— Por esse motivo que ela precisa ficar no palácio... esse é Cairo o anjo do norte
protetor de toda Selestia, é a arma selestina da sua filha — olhava de canto para Nitara

— Não... por que ela? Meus deuses por qual motivo fizestes isso comigo! — Lamentava

— Arina? Diga a Cairo que estas segura...

— Mas não estou, estou com medo e perdida... até hoje sempre acreditei na senhora...
me diga o que apagou da minha memória? E por que não apagou aquele dia horrível no
qual sofro todos os dias por conta dele... achas justo eu ter tal lembrança?

— Sinto muito meu amor!

Tentou se aproximar, porém, Cairo aumentou o tamanho da barreira

— Não consegui apagar essa memória em especifico, tentei, mas todos os dias ela
retornava... então um dia desistir... não me veja como o monstro, pois não sou.

— Me diz... meu pai me amou mesmo ou você colocou essas lembranças lá?

— Nunca, seu pai sempre amou você... assim como eu... mande ele ir embora... vamos
conversar, irei lhe contar tudo o que desejas saber.

Arina, alegrou seu coração, mandando assim Cairo ir. Sentadas ambas a mesa, uma de
frente para outra, Nitara passou a transferir todas as antigas memorias que tinha
guardadas de Arina. O dom dela consistia em retirar e dá memorias novas para as
pessoas, mas nada era perdido, todas as memorias que retirava das pessoas eram
guardadas dentro de pequenos jarros, no qual Nitara guardava em um baú enorme, todas
as memorias que havia pegado para si. Arina foi inundada por um mar de informações,
Nekon e Aran observavam tudo sentados próximo a mesa. Todas as lembranças retiradas
agora montavam um quebra-cabeça único e completo, a dor antes intensa, agora era
insuportável, pois com clareza viu toda a dor e sofrimento no qual seus pais passaram

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no palácio, os anos felizes eram apenas dias felizes, entre vários sombrios e turbulentos,
sangue, clamor, sussurros eram constante em toda a sua infância, o pai antes sempre
alegre, brotava apenas alguns sorrisos, a mãe vivia preocupada, então surgiu a
lembrança que antes era fragmentos agora estava mais nítida que nunca.

A antiga casa, antes clara, ficou rodeada de uma completa escuridão, Kaido andava de
um lado para outro, olhar aflito segurava Nitara pelos braços.

— Precisamos sair do palácio sei que Alexander pretende me matar... me escuta Nitara,
precisa tirar Arina daqui ou ele nunca vai nos deixar em paz...

— Me prometeu que nunca iria desisti de nós...

— É diferente não tenho outra escolha... se não fugir agora, vai morrer junto comigo e
ele vai levar ela para sempre é isso que quer?

Um estrondo, a porta caiu diante deles, sua mãe a segurou em seus braços, surgiram
cinco homens bem vestidos.

— Como vai Duque de Kantos? Sabes porque estamos aqui, não é? — disse Bartov,
conhecido como o senhor de todo o vale

— Que honra... ter os novos Duques em minha residência... o que querem aqui tão
tarde?

Todos os cinco homens sorriram

— Sabes bem qual o motivo da nossa visita, agora cabe a você... vai ser rápido ou
doloroso?

— Diga você Bartov? — prostou sobre o chão e com apenas um toque tudo virou gelo
puro — Não pretendo morrer sem lutar Bartov!

Nitara correu para o segundo andar puxando a filha. Kaido congelou os homens, que
para o seu infortúnio eram considerados os dragões de Mythoria, respirando forte os
cincos descongelaram o gelo ao redor do corpo, soltando fogo pela boca e mãos
atacavam Kaido ao mesmo tempo, Kaido gerou uma avalanche, passou a resiti com
toda a força que tinha, mesmo estando em desvantagem matou dois dos cinco homens
ali presente, toda via, estava fraco, cansado, os homens restante se aproximaram dele,

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com as mãos flamejantes, cada um segurou em uma parte do corpo de Kaido que olhou
para Arina com um sorriso largo e sem transmitir um único som disse a ela “eu te
amo”, enquanto os homens arrancavam sua cabeça, junto com os outros membros do
seu corpo. Nitara levou mais tempo do que previu, mas por fim conjurou uma barreira
extremamente poderosa envolta delas, fazendo assim os homens serem expelidos do que
sobrou da casa.

— Olhe pra mim Arina... vai ficar tudo bem — beijou sua testa passando a retirar as
memorias.

As lagrimas não sessavam, todas as memorias estavam no seu devido lugar, Nitara
chorava igualmente Arina, levantou foi até a filha passando a mão por todo o seu cabelo
ondulado de cor marrom.

— Entende por qual motivo retirei suas lembranças, não queria que visse de fato como
sua infância foi cruel... preciso que esqueça o que aconteceu e viva sua vida, talvez essa
seja a última vez que veja você... pois quando retornar para o palácio ninguém que não
viva lá poderá entra em contato contigo, quero apenas que saiba que tudo que fiz foi por
amar você demais... — a abraçou, enxugando suas lagrimas.

Arina levantou, com a cabeça encostada no ombro de sua mãe sussurrou.

— Amo você... um dia vai me perdoar pelo o que preciso fazer... adeus mamãe.

Saiu sem ao menos olhar para trás, entrou na carruagem aguardando Nekon e Aran.
Ambos de novo sentados dentro da carruagem, com olhares apáticos e vazios rumo ao
monte de Nuria, lá dos gigantes.

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