ARQUITETURA, TEMPO E CIDADE: Introdução
Um estudo sobre os inventários urbanos como forma
de preservação do patrimônio de Tupanciretã - RS
Marilia Gomes Ceolin¹ e Josicler Orbem Alberton²
Este trabalho foi desenvolvido para a disciplina de Imaginários e Imagens em
Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo: Procedimentos Metodológicos de Pro-
jeto e de Pesquisa e Experimentações do Programa de Pós-Graduação em
Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo da Universidade Federal de Santa Maria.
O trabalho apresenta o estudo de duas dissertações acadêmicas, as quais
abordam conceitos sobre patrimônio no âmbito do município de Tupanciretã,
interior do Rio Grande do Sul. Com o tílulo “Inventário urbano de Tupancire-
tã-RS: um olhar sobre o patrimônio arquitetônico e cultural da Terra da Mãe
de Deus”, a primeira pesquisa tem autoria de Tarcísio Dorn de Oliveira e foi
apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação Profis-
sionalizante em Patrimônio Cultural, da Universidade Federal de Santa Maria,
em 2011; a segunda, com o título “Produção de material didático-pedagógico
para a valorização do patrimônio histórico e cultural de Tupanciretã” e autoria
de Marilen Fagundes Peres, foi apresentada ao Curso de Mestrado Profissio-
nal em Ensino de História, da Universidade Federal de Santa Maria, em 2016.
O presente trabalho tem como objetivo realizar um comparativo entre as duas
dissertações, analisando como os dois autores abordam os conceitos de patri-
mônio e, também, considerando as vinte e duas edificações totais expostas por
eles, de maneira a elaborar um quadro com imagens das construções em dife-
rentes épocas. Foi considerado a relevância do assunto para pesquisas futuras
que também acontecerão no município de Tupanciretã, destacando, ainda, a
importância de pesquisas acerca do tema de patrimônio arquitetônico, as quais
possuem papel fundamental no estímulo às discussões sobre a preservação
de edificações históricas.
¹ Mestranda em Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo pelo Programa de Pós-Graduação em Ar-
quitetura, Urbanismo e Paisagismo (PPGAUP/UFSM) e Arquiteta e Urbanista pela Universidade
Franciscana (UFN/2018).
² Doutora em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM/2021), Mestre em
Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC/2006) e Arquiteta
e Urbanista pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC/2003).
Determinados edifícios, de valor arquitetônico significativo, despertam o inte-
resse e estimulam a busca por informações adicionais sobre o local e a me-
mória urbana. Essas edificações representam a concretização da cultura da
cidade, carregando em suas características e estilo arquitetônico a história das
pessoas envolvidas, como é o caso do município de Tupanciretã (VILLANI,
2013).
O ambiente urbano exerce certa influência no comportamento e nas experiên-
cias das pessoas que o habitam, considerando que, de acordo com Oliveira
(2011, p. 6), “a arquitetura e os diversos lugares da cidade constituem o cenário
de nossas lembranças e situam-se na medida em que as paisagens construí-
das fazem alusão a significados simbólicos, onde evocam narrativas relaciona-
das às nossas vidas”.
Em conformidade, Villani (2013) menciona que o conceito de memória urbana
e identidade cultural enquanto fenômeno social se apresentam como processo
histórico e tradicional que observam e analisam as diferentes características de
um determinado povo.
De acordo com Oliveira e Lopes (2018), a arquitetura, quando vista como um
bem patrimonial, apresenta-se como uma mediadora entre passado e presen-
te, funcionando como uma âncora que proporciona uma sensação de continui-
dade em relação às épocas anteriores. Os autores complementam, ainda que,
considerar a arquitetura como patrimônio, implica vê-la como um testemunho
concreto transmito às futuras gerações.
O patrimônio arquitetônico criado pelo Homem tem sua
existência física em certo espaço e tempo, onde por di-
versos motivos, muitos desses bens destroem-se e/ou de-
saparecem. Entretanto, outros sobrevivem acumulando e
evidenciando expressões como monumentalidade, valor e
poder (OLIVEIRA; LOPES, 2018, p.1).
Considera-se, então, o patrimônio arquitetônico como uma construção coletiva,
a qual possui grande relevância para a sociedade, visto que, a preservação da
arquitetura torna-se significativa quando está ligada à coletividade e à memória
urbana (OLIVEIRA; MUSSI; ENGERROF, 2020).
Dessa maneira, conforme Ceolin (2020), ao preservar uma edificação, não
apenas se restaura a funcionalidade ou se atribui novos propósitos a um edifí-
cio - frequentemente abandonado ou deteriorado -, mas também, resgata-se a
história e a cultura desse local, que, de certa forma, teve uma importância para
a comunidade, seja social, cultural ou historicamente.
Cabe-se ressaltar que a cidade é inegavelmente resultado de um desenvolvi-
mento acelerado e está sujeita a transformações decorrentes das ações hu-
manas, alterando o cenário urbano. Por vezes, tais mudanças ocorrem por
meio de um planejamento adequado, enquanto em outras ocasiões ocorrem de
forma desordenada (OLIVEIRA; MUSSI; ENGERROF, 2020).
Com isso, segundo Andrade (2012, p.5), “os trabalhos de inventários, assim
como, as ações efetivas para a preservação de imóveis são compreendidos
como parte de uma nova sensibilidade em relação ao patrimônio da cidade”.
Diante desse contexto, o objetivo desse trabalho é analisar as dissertações aca-
dêmicas que versam conceitos de patrimônio urbano no município de Tupanci-
retã, fazendo assim, um quadro comparativo entre os estudos, bem como, uma
comparação das edificações abordadas pelos autores em diferentes épocas.
1
Estudo das dissertações acadêmicas
O presente trabalho apresenta o estudo de duas dissertações acadêmicas,
as quais foram consideradas relevantes ao tema de pesquisa, pois abordam
questões relacionadas ao patrimônio arquitetônio do município de Tupanciretã,
aprensantando, assim, diversas edificações características da cidade. A primei-
ra pesquisa, de autoria de Tarcísio Dorn de Oliveira e com o tílulo “Inventário
urbano de Tupanciretã-RS: um olhar sobre o patrimônio arquitetônico e cultural
da Terra da Mãe de Deus”, foi apresentada ao Curso de Mestrado do Programa
de Pós-Graduação Profissionalizante em Patrimônio Cultural, da Universidade
Federal de Santa Maria, em 2011. A segunda, de autoria de Marilen Fagundes
Peres e com o título “Produção de Material Didático-Pedagógico para a Valo-
rização do Patrimônio Histórico e Cultural De Tupanciretã”, foi apresentada ao
Curso de Mestrado Profissional em Ensino de História, também da Universida-
de Federal de Santa Maria, no ano de 2016. A seguir serão, então, analisadas
as pesquisas em questão.
1. OLIVEIRA (2011)
Esta dissertação versa sobre um tema de grande importância para o município
de Tupanciretã, na qual o autor busca resgatar a memória urbana através de
um Inventário Arquitetônico e Cultural - principal objeto do estudo -, articulando
a preservação do patrimônio às demandas do desenvolvimento social e econô-
mico do município. Com foco nos aspectos históricos, socioculturais e arquite-
tônicos de cada edificação analisada, o pesquisador intenciona à participação
nas políticas públicas de desenvolvimento urbano de maneira articulada ao
plano diretor.
Segundo Oliveira (2011, p.11), "Inventário é um instrumento que tem como pro-
posta a apreensão dos valores do patrimônio arquitetônico e cultural de Tupan-
ciretã":
Pode ser entendido como um programa de pesquisa di-
nâmico e sistemático de conhecimento, identificação e
aspectos arquitetônicos, nos quais estão inscritos os vestígios da história, ofe-
recendo a oportunidade de rememorar acontecimentos passados e a própria
transformação urbana".
Com isso, para selecionar as edificações que foram analisadas, o autor desen-
volveu uma enquete à população tupanciretanense, para que os entrevistados
opinassem quanto à relevância ou significado arquitetônico de 57 imóveis pre-
viamente selecionados. Neste questionamento foram coletadas as opiniões de
360 cidadãos, de diversas classes sociais, graus de estudo e faixas etárias,
todos residentes da área urbana. Após a apuração dos resultados, foram in-
ventariadas na dissertação as 20 edificações mais votadas, as quais foram
separadas por década de construção - entre 1910 a 1950.
O autor considerou, então, que para um início de tombamento de prédios em
Tupanciretã, ainda era necessário um trabalho muito grande de conscientiza-
ção dos proprietários e da comunidade em geral, mas a investigação realizada
representa uma medida estratégia de preservação destes exemplares junto à
gestão pública municipal, através da elaboração de um plano de salvaguarda
aos bens inventariados e, também, de outros existentes na cidade.
Neste sentido, foram abordados pontos relevantes relacionados à realidade do
município de Tupanciretã, pois tratar de questões vinculadas à conservação do
patrimônio significa reconhecer e respeitar a história, as tradições e culturas
acumuladas ao longo do tempo.
De modo à compreender melhor o contexto da presente dissertação, foi elabo-
rado um mapa conceitual, no qual foi considerado como tema central do estudo
o Inventário Urbano, tendo como tópicos principais questões sobre: patrimônio,
sua história e preservação; arquitetura, relacionando-a com as edificações re-
levantes e com a influência na paisagem urbana e definindo-a como uma ex-
pressão cultural; memória, na qual foram abordados pontos sociais e de iden-
tidade; educação, buscando um maior conhecimento e conscientização sobre
o tema; e, urbanização, onde analisou-se como o crescimento da cidade causa
transformações no espaço urbano - como pode ser analisado na Figura 1.

Figura 1 - Mapa conceitual da dissertação de Oliveira (2011). Fonte: Elaborado

caracterização das diversas manifestações, expressões
e realizações artísticas e culturais, propondo identificar,
documentar e registrar sistematicamente os bens arquite-
tônicos e culturais expressivos da cidade em estudo (OLI-
VEIRA, 2011, p.11).
O objetivo do trabalho consistiu, então, em realizar pesquisas sobre a evolução
urbana na esfera dos diversos estilos arquitetônicos, identificando esses exem-
plares de interesse arquitetônico, cultural e histórico e, buscando promover a
manutenção da memória coletiva relacionada a estes espaços e a identidade
que essas edificações podem conferir aos seus usuários.
Para isso, o estudo foi estruturado em seis tópicos: introdução; revisão biblio-
gráfica; materiais e métodos; Inventário arquitetônico e cultural de Tupanciretã-
-RS; análise e discussão dos resultados; e, conclusões.
Diante das análises realizadas, observou-se que a escassa preocupação em
manter e preservar as edificações antigas, a memória urbana e a pouca educa-
ção em valorizar o patrimônio arquitetônico e cultural foram consideradas como

pela autora, 2023.

problemáticas de pesquisa, diante disso, o autor buscou a conscientização da
importância da restauração e preservação do patrimônio, além de mostrar as
bases arquitetônicas, históricas e culturais das construções.
De acordo com Oliveira (2011, p.29), "a área urbana de Tupanciretã abrange

2
 2. PERES (2016)
Esta pesquisa refere-se à questões ligadas ao patrimônio histórico e cultural do
município de Tupanciretã, a partir de uma visão voltada para educação pa-
trimonial, na qual a autora pretendeu fornecer recursos e informações para
professores e alunos, através de um material que valorizasse a história do
município, considerando seu patrimônio histórico e cultural. Para isso, a autora
fundamentou-se em alguns conceitos principais, como: ensino, história e patri-
mônio.
A pesquisadora considerou o ensino de História no município bastante com-
prometido, pois muitos elementos de suma importância não eram ensinados
aos alunos devido à falta de material apropriado para tal ensinamento, o que a
fez perceber a necessidade de produzir material apropriado para uso escolar.
Além disso, a autora buscou incentivar, através da valorização do patrimônio,
a história, cultura e todos os elementos étnicos que constituíram a cidade de
Tupanciretã. Dessa forma, o objetivo principal do trabalho consistiu na forma-
ção de uma identidade, por meio da valorização do patrimônio e história locais,
visando a coletividade.
Para isso, foi elaborado um roteiro de educação patrimonial, com sugestões de
nove edificações consideradas relevantes para visitação com os alunos, com
um modelo de ficha a ser preenchido pelos estudantes, analisando os apectos
positivos e negativos da visita, bem como, suas impressões sobre as obras e a
importância das mesmas para a comunidade tupanciretanense.
A fim de obter uma melhor compreensão sobre esta dissertação, também foi
elaborado seu mapa conceitual, como pode ser observado na Figura 2, con-
siderando como tópico central o produto disposto pela pesquisa - Material di-
dático-pedagófico - e relacionado-o com outros temas, como: a valorização da
identidade coletiva; a preservação do patrimônio por meio da história e cultura;
o pertencimento social de diversas etnias; a carência de materias na educação;
e o ensino de história como forma de ressignificação local.
Figura 2 - Mapa conceitual da dissertação de Peres (2016). Fonte: Elaborado
pela autora, 2023.
3. COMPARATIVO ENTRE AS DISSERTAÇÕES ACADÊMICAS
Para realizar o comparativo entre as pesquisas analisadas, além de suas leitu-
ras na íntegra, foi de extrema importância a elaboração dos mapas conceituais
de cada dissertação, os quais facilitaram a visualização das semelhanças e
distinções entre os trabalhos.
Com isso, percebeu-se que os dois autores abordaram conceitos de patrimô-
nio cultural, no qual consideraram que as noções sobre o termo são amplas e
abrangentes, compreendendo a ideia de um conjunto de bens, que podem ser
materiais ou imateriais e não se restringem apenas a imóveis.
Além de questões diretas sobre patrimônio, as pesquisas trataram, também,
sobre educação, as quais visam ações de educação patrimonial, buscando
reduzir a lacuna de conhecimento da população em relação à sua própria his-
tória, formando, assim, uma verdadeira identidade tupanciretanense.
Outros pontos que tiveram relevante presença em ambas pesquisas foram
concepções sobre imaginários e memória. Oliveira (2011, p.35) considerou
que "o patrimônio cultural edificado pode ser pensado enquanto suporte do
imaginário e da memória social de uma localidade, ou seja, os edifícios e áreas
urbanas [...] possuidores de valor patrimonial podem ser tomados como um
ponto de apoio da construção da memória social", e Peres (2016) citou que é
impraticável abordar o patrimônio sem considerar o papel do imaginário, uma
vez que as relações entre o conceito de patrimônio como uma representação
do que é significativo na memória e identidade de grupos sociais específicos
envolvem também representações baseadas no imaginário, que podem ser
tanto processos individuais quanto coletivos.
Ademais, os autores objetivaram promover a formação e/ou manutenção de
uma memória e identidade coletivas, a partir dos resultados de suas pesquisas.
Para elucidar melhor esse contexto foi, também, elaborado um mapa conceitu-
al relacionando os principais termos tratados em ambas pesquisas, como pode
ser analisado na Figura 3.
Figura 3 - Mapa conceitual das dissertações de Oliveira (2011) e de Peres (2016).
Fonte: Elaborado pela autora, 2023.
3
 De maneira a organizar o comparativo entre as dissertações, foi desenvolvido um qua-
dro relacionando as diferenças e/ou equivalências de alguns tópicos de cada pesquisa,
conforme apresentado no Quadro 1. Dessa forma, também podem ser idenficadas sete
edificações que foram citadas pelos dois autores.
Quadro 1 - Comparativo entre as dissertações de Oliveira (2011) e de Peres (2016).
OLIVEIRA (2011)
Área de
conhecimento
Arquitetura e Urbanismo
Resgatar a memória urbana do município Abordar questões relacionadas ao patrimô-
Tema nio histórico e cultural do município de Tu-
de Tupanciretã através de um Inventário.
panciretã, visando a educação patrimonial.
• Edificação
• Patrimônio
Palavras-chave • Memória
• Inventário
• Preservação
Há uma pequena, ou escassa, preocupa-
ção na manutenção e preservação dos
Problema de
prédios da cidade, da memória urbana, na
pesquisa
educação ou valorização do patrimônio ar-
quitetônico e cultural urbano
Articular a preservação do patrimônio ma-
terial edificado e a sustentação da memória
Objetivo geral urbana através de um Inventário dos pré-
dios históricos de relevância arquitetônica
e cultural no município.
Inventário Urbano dos Prédios de Interesse
Produto
Arquitetônico e Cultural
• Antiga Residência Major Antônio José da
Silveira;
• Antiga Residência Serafim Corrêa de Bar-
ros;
• Antiga Residência Coronel Marcial Gon-
çalves Terra;
• Antigo Banco Pelotense*;
• Antiga Farmácia Dionísio Krebs;
• Clube Comercial*;
• Igreja Matriz*;
• Edifício Solar da Praça*;
• Antiga Residência Zeca Pinto*;
Edificações • Antiga Residência Edemar Kruel;
analisadas • Antiga Residência Hermínio Beck;
• Antiga Residência João de Mello e Silva;
• Antiga Residência Pedro Pinto;
• Antiga Agência do Banco Estado do Rio
Grande do Sul;
• Antiga Agência do Banco Nacional do Co-
mércio;
• Antiga Residência Glória Carneiro Fogliat-
to;
• Antiga Residência Helena Fogliatto;
• Antiga Residência Nicanor Carlos Spre-
ckelsen;
• Antiga Estação Ferroviária*.
• Central de Correios e Telégrafos*;
*Edificações em comum em ambas dissertações.
PERES (2016)
História
• História local
• Patrimônio cultural
• Ensino
• Tupanciretã
Em que medida a valorização do Patrimô-
nio Histórico e cultural, assim como a His-
tória do município de Tupanciretã, podem
contribuir para a formação de uma identi-
dade coletiva positiva?
Promover a formação de uma identidade
coletiva, de um sentimento de pertença a
partir da produção de material que valorize
o patrimônio histórico e cultural do muni-
cípio.
Material Didático-pedagógico
• Antigo Banco Pelotense*;
• Central de Correios e Telégrafos*;
• Edifício Solar da Praça*;
• Antiga Residência Zeca Pinto*;
• Antiga Estação Ferroviária*;
• Igreja Matriz*;
• Antigo Frigorífico Serrana;
• Antigo prédio da Administração e Merca-
do da Cooperativa Serrana;
• Clube Comercial*;
Fonte: Elaborado pela autora, 2023.
Objetivos
OBJETIVO GERAL
O objetivo principal deste trabalho foi analisar duas dissertações que aborda-
vam conceitos sobre patrimônio, principalmente na esfera urbana de Tupanci-
retã, buscando organizá-las de forma comparativa através da elaboração de
um quadro.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Compreender a temática de patrimônio arquitetônico e sua relação com o
município de Tupanciretã;
• Coletar dados e informações sobre as edificações analisadas;
• Elaborar um quadro comparativo entre as edificações, considerando três es-
paços de tempo, através do uso de imagens.
Processos metodológicos
A questão que orienta esta pesquisa é o estudo de duas dissertações acadêmi-
cas, suas análises e comparativos.
Para a elaboração deste trabalho, foi realizada, primeiramente, uma revisão
bibliográfica acerca da temática, a qual engloba questões sobre patrimônio ar-
quitetônico, principalmente no âmbito urbano do município de Tupanciretã-RS.
Além disso, produziu-se um quadro comparativo entre as duas dissertações,
de maneira a compreender melhor suas abordagens. Também foram analisa-
das as vinte e duas edificações expostas pelos autores em suas pesquisas, de
forma a comparar as características de cada construção no decorrer do tempo,
apresentando-as em três períodos difentes: de época - entre 1920 a 1998; da
década de 2010; e, as atuais do corrente ano; organizadas em forma de qua-
dro. Para isso, foi necessário realizar um levantamento fotográfico de todas as
edificações analisadas. Foi também elaborado um mapa geral do município de
Tupanciretã, indicando a localização de cada edificação, as quais foram legen-
dadas com cores, números e imagens de forma a facilitar suas identificações.
A seguir será, então, apresentado o mapa de Tupanciretã - Figura 4 - com a lo-
calização e legenda das edificações. Posteriormente, estará disposto o quadro
comparativo de tais construções - Quadro 2 - com as imagens, informações e
legendas de cada obra.
4
Figura 4 - Mapa do município de Tupanciretã-RS com as localizações das edificações. Fonte: Elaborado pela autora, 2023.
LEGENDA:

1 12
2 13
3 14
4 15
5 16
6 17
7 18
8 19
9 20
10 21
11 22

11 15
18
16
19
4
7

5
20
14

12 6

17

8
10
13

22

21

5
 Quadro 2 - Comparativo entre as edificações em diferentes épocas.
(continua)

Antigamente Década de 2010 2023 Informações

1998

Antiga Residência Major Antônio José da Silveira

Construída na década de 1910, foi umas das primeiras da área urbana;
Serviu como moradia à família do fundador de Tupanciretã, o Major José Antônio da
Silveira;
1 O prédio possui estilo arquitetônico eclético e volumetria simples;
A edificação resistiu ao tempo e estão mantidas grande parte de suas características
originais.
Uso original/Atual: residencial.

Fonte: Acervo Juliana Gomes. Citada por Oliveira, 2010. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010. Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010.

Antiga Residência Serafim Corrêa Barros

Construída em meados da década de 1920, destinada à família Corrêa Barros;
Trata-se de um volume assimétrico, com estilo arquitetônico eclético e acesso marcado
pelo oitão ornamentado em alto-relevo;
2 A edificação apresenta ótimo estado de conservação.
Uso original/Atual: residencial;

Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010. Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010.

Antiga Residência Coronel Marcial Gonçalves Terra

Construída no início da década de 1920;
Tratava-se de um volume perfeitamente simétrico, com acesso marcado no centro da
fachada principal. Havia também ornamentos em alto-relevo centralizados acima da
3 porta de acesso, onde se encontrava marcado o ano de 1922 (término da construção).
Uso original: residencial;
Uso na década de 2010: CAPS – Centro de Atendimento Psicossocial de Tupanciretã.
Atualmente: inexistente.

Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010. Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010.
1920

Antigo Banco Pelotense

Edificação construída na década de 1920, para abrigar o Banco Pelotense - logo após
abrigou as instalações do Fórum de Tupanciretã por várias décadas;
Com estilo eclético, o imóvel possui um volume prismático marcando a esquina;
4 O prédio resistiu aos anos e está mantida grande parte de suas características
originais.
Uso original: Comercial - Banco Pelotense;
Uso na década de 2010/Atualmente: Brigada Militar.

Fonte: Acervo Juliana Gomes. Citada por Oliveira, 2010. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010. Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010.
6
 Quadro 2 - Comparativo entre as edificações em diferentes épocas.
(continua)

Antigamente Década de 2010 2023 Informações

1930

Antiga Farmácia Dionísio Krebs

5 O prédio possui as mesmas características originais, praticamente sem nenhuma
Fonte: Acervo Juliana Gomes. Citada por Oliveira, 2010.
1930
Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010.
Construída no início da década de 1920, sempre teve funções comerciais;
A fachada é fortemente marcada por elementos geométricos acima das aberturas e
sequencia de colunatas entre as esquadrias;
alteração.
Uso original: Comercial - Farmácia Dionísio Krebs;
Uso na década de 2010: Desocupado;
Uso atual: Comercial - Ótica Kroth.
Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010.

6 Com estilo arquitetônico eclético configura-se como um volume imponente e
Fonte: Acervo Juliana Gomes. Citada por Oliveira, 2010.
1975
Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010.
Clube Comercial
Construído no final da década de 1910 para ser o Clube Comercial de Tupanciretã;
O pavimento térreo abriga um restaurante e o hall de entrada do Clube, e o pavimento
superior é configurado por um grande salão de festas;
assimétrico;
O prédio resistiu ao tempo e estão mantidas grade parte de suas características
originais.
Uso original/Atual: Clube Comercial.
Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010.

7 A edificação se encontra composta por uma nave central, coro alto e altar-mor
Fonte: Acervo Juliana Gomes. Citada por Oliveira, 2010.
1945
Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010.
Igreja Matriz
Concluída em 1918, a edificação foi concebida para abrigar a Paróquia Mãe de Deus;
As fachadas do prédio são de grande ornamentação, destacando-se a torre central,
marcando o acesso ao templo;
Apresenta excelente estado de conservação devido ao projeto de restauro realizado no
ano de 2010;
Uso original/Atual: Igreja Matriz.
Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010.

Edifício Solar da Praça

8 marcando as esquadrias.;
Fonte: Acervo Juliana Gomes. Citada por Oliveira, 2010.
Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010.
A construção foi concluída na década de 1920, com predominância do estilo eclético e
traços da arquitetura imigrante italiana;
Possui ornamentações nos balaustres dos balcões, bem como traços e detalhes
A edificação apresenta bom estado de conservação;
Uso original: Centro Administrativo de Tupanciretã;
Uso na década de 2010/Atualmente: Secretaria Municipal de Assistência e Habitação e
CREAS – Centro de Referência Especializado em Assistência Social.
Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010.
7
 Quadro 2 - Comparativo entre as edificações em diferentes épocas.
(continua)

Antigamente Década de 2010 2023 Informações

1978

Antiga Residência Zeca Pinto

A construção foi concluída na década de 1930, com estilo eclético e com função de
servir como residência de Zeca Pinto, após algum tempo passou a servir como a
segunda Sede Administrativa da Prefeitura Municipal de Tupanciretã - até 1991;
9 Estão mantidas grande parte das características originais, porém sua conservação
está comprometida.
Uso original: Residencial;
Uso na década de 2010: Biblioteca Municipal de Tupanciretã.
Atualmente: Interditado.
Fonte: Moema de Andrade Gomes, 1996. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010. Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010.

Antiga Residência Edemar Kruel

A edificação foi construída no início da década de 1930;
Trata-se de um volume simétrico, com estilo eclético e acesso marcado no centro da
fachada frontal, possui ornamentos em alto-relevo marcando um ritmo e um oitão
frontal com um símbolo circular;
10
A edificação encontra-se em péssimo estado de conservação, porém estão sendo
feitas reformas no seu telhado para manutenção (2023);
Uso original/Atual: Residencial.

Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010. Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010.

Antiga Residência Hermínio Beck

A edificação foi construída no final da década de 1930;
A fachada frontal era marcada por saliências em alvenaria com predominância do
estilo eclético e assimetria dos elementos, também possuía ornamentações como:
11 frisos em arcos, estatuetas e colunatas fortemente rebuscadas em alvenaria;
Em 2010, Oliveira identificou que "a edificação apresenta regular estado de
conservação e apresenta risco de desaparecimento devido a especulação imobiliária
do entorno"
Uso original/Na década de 2010: Residencial | Atualmente: inexistente - ocupação comercial.
Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010. Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010.

Antiga Residência João de Mello e Silva

Construída em meados de 1930;
O edifício possui arquitetura eclética, com volume arredondado na esquina e
elementos estéticos marcando o frontão;
12 A edificação ainda apresenta bom estado de conservação.
Uso original: Residencial;
Uso na década de 2010: Comercial - Up News Informática;
Atualmente: Desocupado.

Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010. Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010.
8
 Quadro 2 - Comparativo entre as edificações em diferentes épocas.
(continua)

Antigamente Década de 2010 2023 Informações

Antiga Residência Pedro Pinto

Construída no final da década de 1930;
Marcada pela arquitetura eclética, pode-se perceber uma série de ornamentos, como:
as esquadrias arredondadas na parte superior, a sacada com pilastras finamente
13 rebuscadas;
A edificação apresenta bom estado de conservação;
Uso original/atual: Residencial;

Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010. Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010.
1978

Antiga Agência do Banco do Estado do Rio Grande do Sul

Construído no final da década de 1930, é marcado pela arquitetura eclética,
podendo-se perceber uma série de ornamentos, como: o ritmo nas esquadrias, o
balcão em alvenaria no pavimento superior e o acesso chanfrado marcando a esquina;
14 É possível observar que o prédio manteve grande parte das características originais e
apresenta bom estado de conservação.
Uso original: Residencial;
Uso na década de 2010/atualmente: Comercial (térreo) e Residencial (pav. superior).

Fonte: Moema de Andrade Gomes, 1996. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010. Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010.
1978

Antiga Agência do Banco Nacional do Comércio

Construído no final da década de 1930, é marcado pela arquitetura eclética,
podendo-se perceber uma série de ornamentos, como: volume arredondado na
esquina marcando o frontão, possui elementos geométricos salientes à fachada, ritmo
15 nas esquadrias e balcão em alvenaria no pavimento superior;
Manteve-se grande parte das suas características originais e possui boa conservação.
Uso original: Comercial (térreo) - Banco Nacional do Comércio e Residencial (pav.
superior);
Uso na década de 2010/atualmente: Comercial (térreo) e Residencial (pav. superior).
Fonte: Moema de Andrade Gomes, 1996. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010. Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2010.
[1978?]

Antiga Residência Glória Carneiro Fogliatto

A edificação foi onstruída no início da década de 1940;
Possui arquitetura eclética com elementos estéticos arredondados, acesso à área
coberta em arcos e cobertura em telhas cerâmicas do tipo capa-canal;
16 A edificação resistiu ao tempo e apresenta em grande parte suas características
originais;
Em 2023 foi possível verificar a alteração do gradeamento frontal original e o
fechamento da área superior com vidros e telhado.
Uso original/atual: Residencial.
Fonte: Moema de Andrade Gomes, 1996. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2011. Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2011.
9
 Quadro 2 - Comparativo entre as edificações em diferentes épocas.
(continua)

Antigamente Década de 2010 2023 Informações

1978

Antiga Residência Helena Fogliatto

A edificação foi construída em meados da década de 1940;
Possui arquitetura protomoderna com elementos estéticos arredondados, ritmo nas
esquadrias, acesso frontal com área coberta e cobertura em telhas cerâmicas;
17 A fachada frontal é fortemente marcada pelo número de esquadrias e pelo volume
cilíndrico localizado à frente esquerda do prédio;
O prédio resiste ao tempo e esta totalmente mantida as características originais.
Uso original/atual: Residencial.

Fonte: Moema de Andrade Gomes, 1996. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2011. Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2011.

Antiga Residência Nicanor Carlos Spreckelsen

A edificação foi construída em meados da década de 1940;
Edifício de arquitetura eclética, com assimetria dos elementos, marcada por uma
grande sacada curva que ocupa a frente e a lateral do prédio;
18 A residência resiste ao tempo e está mantida grande parte das suas características
originais, com bom estado de conservação;
Em 2023 foi possível verificar a alteração do gradeamento frontal original.
Uso original/atual: Residencial.

Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2011. Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2011.
1950

Antiga Estação Ferroviária

O edifício foi construído no final da década de 1940;
Possui ornamentações simétricas na fachada frontal, fortemente marcada pelo acesso
onde existe uma marquise sustentada por duas colunas.
19 Frontão com linhas retas e estrias verticais, salientando-se sobre a platibanda linear da
construção.
Uso original: Comercial e Serviços;
Uso na década de 2010/atualmente: Comercial e Residencial.

Fonte: Marilen Fagundes Peres. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2011. Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2011.
1978

Central de Correios e Telégrafos

Edificação concluída e inaugurado em meados de 1950;
O prédio revela uma arquitetura protomoderna, pois trata-se de um volume simétrico,
com grandes colunas sem ornamentações que nascem no térreo e alcançam a
20 platibanda proporcionando a idéia de verticalidade;
O prédio é considerado novo e estão mantidas as características originais.
Uso original/atual: Serviços (térreo) - Correios e Residencial (pav. superior);

Fonte: Moema de Andrade Gomes, 1996. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2011. Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Tarcísio Dorn de Oliveira, 2011.
10
 Quadro 2 - Comparativo entre as edificações em diferentes épocas.
(conclusão)

Antigamente Década de 2010 2023 Informações

Antigo Frigorífico Serrana

A construção do Frigorífico foi concluída em 1952 e em 1953 iniciou-se seu
funcionamento (GOMES, 1996);
Em 1978 a cooperativa tinha uma área de 15750m² de construção (GOMES, 1996);
Inicialmente o frigorífico foi administrado pelo instituto de carnes, depois passou pela
administração da Cocecal, para, então, ser administrado pela Cooperativa Rural
Serrana, quando viveu seu melhor momento;
21 Foi considerado, no seu ápice, o maior frigorífico da América Latina;
As atividades foram encerradas no ano de 2015 e desde então encontra-se fechado.
Uso original: Industrial.
Atualmente: Interditado

Fonte: Luís Afonso Costa, 2010.

Citado por Marilen Fagundes Peres, 2016. Fonte: Marilen Fagundes Peres, 2016. Fonte: Acervo da autora, 2023. Fonte: Marilen Fagundes Peres, 2016.

Antigo Edifício da Administração e Mercado da Cooperativa Serrana

O prédio foi contruído entre o final dos 1960 e início dos anos 1970;
Na época de sua construção, a edificação foi causadora de muita polêmica por contar
com sistema de ar condicionado central e elevador, considerado muito moderno para a
22 época e de custos altíssimos;
Uso original: Comercial e de Serviços - Sede Administrativa e Mercado da Cooperativa
Serrana;
Uso na década de 2010/Atualmente: E.M.E.F. Dr. Flory Druck Kruel e Museu Municipal
Fonte: Luís Afonso Costa, 2010.
Citado por Marilen Fagundes Peres, 2016. Fonte: Acervo da autora, 2023. Helio F. Fernandez. Fonte: Marilen Fagundes Peres, 2016.

Fonte: Elaborado pela autora, 2023.

11
Considerações finais
Com esta pesquisa foi possível analisar de que forma questões sobre o patri-
mônio arquitetônico de Tupanciretã estão sendo abordadas e quais suas dife-
renças em relação aos dias atuais, o que possibilitou uma aproximação teórica
sobre o tema exposto.
Fundamentando-se nas informações encontradas nas dissertações acadêmi-
cas analisadas, evidencia-se a importância de pesquisas acerca das transfor-
mações que ocorrem no ambiente urbano de Tupanciretã, considerando a ca-
rência de discussões acerca do tema no âmbito municipal, com a finalidade
de evitar perdas e descaracterizações do patrimônio, preservando, assim, as
edificações e suas arquiteturas como uma forma de ressaltar elementos identi-
tários à sociedade, o que contribui para revitalizar a memória coletiva.
No que tange as análises das pesquisas, foi possível obter como resultado o
quadro comparativo entre as dissertações, bem como as comparações das
edificações estudadas em períodos distintos.
A partir dos resultados obtidos nesta pesquisa, identificou-se alguns fatores
importantes, como, primeiramente ao ler a pesquisa de Oliveira (2011), consta-
tou-se que autor já notava um processo crescente de ocupação do solo, ame-
aças da especulação imobiliária, adensamento populacional e falta de polí-
ticas públicas adequadas em Tupanciretã, os quais já colocavam em risco o
patrimônio arquitetônico e cultural da cidade. Com isso, ao realizar a presente
pesquisa, percebeu-se que de vinte e duas edificações referidas na década de
2010, duas já foram demolidas, em pouco mais de dez anos desde a pesquisa
de Oliveira, além de outra construção que apareceu no entorno das imagens.
Outro aspecto importante verificado, foi o abandono do complexo do antigo Fri-
gorífico Serrana, onde percebeu-se a deterioração dos seus elementos cons-
trutivos, principalmente nas esquadrias e na chaminé e a relevante transforma-
ção no seu entorno, com a proximidade de novas construções.
Ademais, este trabalho possibilitou a compreensão de forma prática de como
o ser humano é movido por sensações, imagens e recordações, podendo ser
citado como exemplo a memória visual das duas edificações demolidas, que
foi percebida ao se fazer o levantamento fotográfico, no qual era sabido exata-
mente a localização de ambas, como se ainda lá estivessem. Assim, a sensa-
ção que ficou foi de que os espaços onde essas edificações estavam, hoje não
possuem significado algum, no sentido cultural, histórico e patrimonial.
Com isso, é importante ressaltar que o presente estudo representa uma análise
preliminar das pesquisas realizadas até o momento, sendo necessário aprofun-
dar ainda mais as discussões acerca desse tema, pois desempenham um pa-
pel fundamental no embasamento sobre a arquitetura, o patrimônio e a história
do município tupanciretanense.
Referências
ANDRADE, Paula de. O patrimônio da cidade: arquitetura e ambiente urbano
os inventários de São Paulo da década de 1970. 2012. 153f. Dissertação (Mes-
trado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo) - Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo. Disponível em: https://
www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16133/tde-01022013-154314/en.php.
Acesso em: 5 jul. 2023.
CEOLIN, Marilia Gomes. O município de Tupanciretã e a retomada cultural por
meio da preservação da identidade local. Disciplinarum Scientia, Santa Ma-
ria, v.21, n.1, p.45-56, 2020. Disponível em: https://periodicos.ufn.edu.br/index.
php/disciplinarumNT/article/view/3055. Acesso em: 5 jun. 2023.
GOMES, Moema de Andrade. Tupanciretã: alvorada de sonhos. Porto Alegre:
Editora Alcance, 1996.
OLIVEIRA, Tarcísio Dorn de. Inventário urbano de Tupanciretã/RS: um olhar
sobre o patrimônio arquitetônico e cultural da Terra da Mãe de Deus. 2011.
136f. Dissertação (Mestrado em Patrimônio Cultural) - Programa de Pós-Gra-
duação Profissionalizante em Patrimônio Cultural, Universidade Federal de
Santa Maria. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/handle/1/10983. Aces-
so em: 14 jun. 2023.
OLIVEIRA, Tarcísio Dorn de; LOPES, Caryl Eduardo Jovanovich. Monumento,
monumentalidade, valor e poder: interações com a memória e preservação
arquitetônica. METAgraphias: letra JK de JK de utopias políticas possíveis, [s.
l.], v.3, n.3, p.1-17, 2018. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/
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OLIVEIRA, Tarcísio Dorn de; MUSSI, Andréa Quadrado; ENGERROF, Francie-
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v.22, n.1, p.23-34, 2020. Disponível em:
PERES, Marilen Fagundes. Produção de material didático-pedagógico para a
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tação (Mestrado em Ensino de História) – Programa de Pós-Graduação Mes-
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Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/handle/1/13638. Acesso em: 2 jun.
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