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Cadernos do Cuidado

ISSN 2595-0886

RELATO DE EXPERIÊNCIA

HISTÓRIAS QUE FICARAM PELOS CAMINHOS

Carlos Winston Guedes Bezerra1

RESUMO
Todas as pessoas contam histórias, quer para dar conta do cotidiano, quer para buscar compreender suas
experiências pessoais e coletivas. As histórias de agora dizem respeito ao processo de tutoria de sete turmas
do Projeto “Caminhos do cuidado: formação em saúde mental (crack, álcool e outras drogas) para agentes
comunitários de saúde e auxiliares/técnicos de enfermagem da Atenção Básica” no estado do Ceará. Pre-
tendemos compartilhá-las como forma de disseminar a experiência e o saber apreendido com os agentes
comunitários de saúde (ACS) e auxiliares e técnicos de Enfermagem (ATENF) referente às suas práticas e
concepções de trabalho em saúde mental, bem como de compreender possíveis impactos do curso nestas.
Ao final, a experiência vivida entre alunos e tutores proporcionou um processo de aprendizagem ativa que
resgatou os saberes contidos em suas histórias, que não só viabilizaram como potencializaram a aprendiza-
gem de novas perspectivas tecnopolíticas de cuidado em saúde mental na atenção básica.

Palavras-chave: Educação permanente. Saúde mental. Álcool e outras drogas. Atenção básica.

1
Psicólogo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFCE) – Campus Cedro. Graduado em Psicologia
pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), especialista em Psicopatologia Clínica pela Universidade Paulista (UNIP) e
mestrando em Avaliação de Políticas Públicas pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Contato: cguedesbezerra@
gmail.com.
Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na comunitários de saúde (ACS) e auxiliares e técnicos
palavra, no trabalho, na ação-reflexão. de Enfermagem (ATENF) referente às suas práti-
Paulo Freire (1987, p. 44) cas e concepções de trabalho em saúde mental;
compreender possíveis impactos do curso nestas.
O “Caminhos do Cuidado” compreendia uma
PARA SISTEMATIZAR A EXPERIÊNCIA carga horária de 60 horas, sendo 40 h presenciais
VIVIDA NO “CAMINHOS DO CUIDADO” e 20 h de atividades de dispersão, com uma temá-
Em outro lugar (BEZERRA, 2014), atentava que tica relativa a um problema de saúde emergente
o ato de narrar histórias é algo que faz parte de nos- no Brasil (LAVOR, 2010). A formação contemplava
sas vidas, quer para dar conta do nosso cotidiano todos os ACS das equipes de saúde da família e
com “seus hábitos e revezes” (CHEOLA, 2006, p. pelo menos, dentre elas, um auxiliar/técnico de
47), quer para buscar compreender acontecimen- enfermagem, com o intuito de:
tos rotineiros e/ou estranhos aos nossos esquemas
referenciais, que são o “conjunto de experiências, [...] desenvolver uma estratégia de educa-
conhecimentos e afetos com os quais o indivíduo ção permanente para àqueles profissionais
de saúde que, em sua essência, represen-
pensa e atua” (BLEGER, 1980, p. 67). O ato de con- tam a porta de entrada para o Sistema
tar histórias implica o coletivo e atravessa tempos e Único de Saúde: os agentes comunitários
culturas, como afirmam Brockmeier e Harré (2003, de saúde (ACSs) e os auxiliares e técnicos
de enfermagem (Atenfs) das equipes de
p. 527): “Todas as culturas das quais temos conhe- atenção básica em todo o país (FIOCRUZ,
cimentos são culturas contadoras de estórias”. 2014, p. 14, grifos nossos).
Portanto, é uma prática que conecta a experiência
individual e singular à coletiva em um determinado A expressão “porta de entrada” ressalta, ao nosso
espaço temporal que evidencia os valores culturais ver, um lugar e um fazer próprio desses profissio-
dos sujeitos envolvidos. nais na Atenção Básica (AB), que demonstraremos
As histórias de agora são as vividas no projeto no decorrer de nosso relato. Intentamos atingir o
“Caminhos do cuidado: formação em saúde men- sentido das vivências proporcionadas pelo curso,
tal (crack, álcool e outras drogas) para agentes sabendo que elas são únicas e encontram-se embe-
comunitários de saúde e auxiliares/técnicos de bidas em aspectos de nossa personalidade, biografia
enfermagem da Atenção Básica” (FIOCRUZ, 2014; e participação na história; todavia, apesar de pessoal,
BRASIL, 2016a, 2016b), no qual trabalhei enquanto “toda vivência tem como suporte os ingredientes do
tutor2 em sete turmas (2014-2015) de municípios coletivo em que o sujeito vive e as condições em que
do Ceará (Fortaleza, Caucaia, Itapajé, Independên- ela ocorre” (MINAYO, 2012, p. 622).
cia). Pretendemos: compartilhar histórias escuta- Faremos uso das histórias coletadas a partir de
das no percurso de tutoria, visando à disseminação anotações in loco que consubstanciaram os relató-
da experiência e do saber apreendido; conhecer rios das atividades em sala de aula. Outros materiais
as experiências individuais/coletivas dos agentes foram produzidos, tais como: fotos, gravações em

2
O processo de tutoria do curso foi realizado em pares, experiência muito significativa e acertada, pois possibilitou
uma troca de ideias, conhecimentos e experiências ainda maior nas turmas. Deixo aqui um abraço fraterno aos
companheiros(as) de tutoria.

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Histórias que ficaram pelos caminhos
sala de aula, escritos/impressos/vídeos feitos pelos usam drogas4, que muitas vezes não são acolhidas
ACS e ATENF, alguns desses já compartilhados nos serviços de saúde5. Uma das propostas era
na Comunidade de Práticas (CdP)3 entre tuto- o desenvolvimento de dispositivos pedagógicos
res, orientadores de aprendizagem e equipe que contextualizassem e apresentassem “novas
técnico-pedagógica responsável pelo projeto nacio- perspectivas tecno-políticas de cuidado em saúde
nalmente (BRASIL, 2013a). As histórias ficaram mental” (BRASIL, 2013a, p. 13) pelos ACS e ATENF,
sujeitas ao percurso da escrita, às construções da melhorando a visualização e a conexão dessas
memória e à tentativa de empreender uma narrativa perspectivas com a atenção básica.
descritiva que compreendesse aspectos sensíveis, O processo de seleção/formação de tuto-
relacionais e teórico-práticos da experiência edu- res e orientadores seguiu a mesma proposta
cacional. Para além do movimento de coleta e da teórico-metodológica do curso intencionalmente,
construção narrativa individualizada, o anonimato pois, como atenta Pekelman, coordenadora pedagó-
de quaisquer dos materiais será mantido como gica do projeto: “A proposta de condução dialógica,
empreendimento ético e força da circularidade de valorização da experiência, de reflexão sobre o
coletiva do relato. cotidiano do trabalho e sua relação com a temática
Devemos agora explicitar nossa inserção no do curso proporcionou debates sobre as concep-
Projeto Caminhos do Cuidado com seus determi- ções do cuidado e de situações-limite” (BRASIL,
nantes que promoveram um fazer e sua sistema- 2016a, p. 15). Os tutores foram selecionados entre
tização posterior, que Holliday (2006, p. 72) aponta profissionais de saúde e/ou educação que tinham
como terceiro tempo do processo: “a recuperação experiência mínima de um ano na Atenção Básica,
do processo vivido”. na Saúde Mental ou na Gestão de estados ou muni-
cípios, de preferência com especialização em áreas
da saúde. A formação inicial presencial de 40 horas
E POR FALAR DOS CAMINHOS DE foi parte do processo seletivo, durante a atuação,
CONCEPÇÃO, DE SELEÇÃO/FORMAÇÃO/ houve uma segunda de 84 horas, na modalidade de
ATUAÇÃO DO/NO PROJETO educação a distância (EAD), em que utilizamos a
As diretrizes da Reforma Psiquiátrica anti- plataforma Comunidade de Práticas (CdP).
manicomial brasileira nortearam o “Caminhos A seleção/formação/atuação aconteceu de
do Cuidado”, apostando no fortalecimento da forma integrada objetivando não só a compreen-
desinstitucionalização e na quebra de paradigmas são teórica dos conteúdos, mas a mudança e/ou o
relativos à saúde mental (LANCETTI et al., 2013), fortalecimento de práticas nos serviços voltadas
especialmente os que envolvem as pessoas que à escuta das singularidades, ao deslocamento da

3
Mais informações sobre a Comunidade de Práticas (CdP) do “Caminhos do Cuidado” podem ser obtidas no sítio: <https://
www.caminhosdocuidado.org/comunidade-de-praticas/>. Acesso em: 31 jan. 2018.

4
Apesar da política do Ministério da Saúde (BRASIL, 2003) se referir à atenção integral para usuários de álcool e
outras drogas, utilizaremos no texto a expressão “pessoas que usam drogas” por refletir uma discussão atual quanto ao
enfrentamento de estigmas e por ser um termo utilizado no material do curso.

5
Mais à frente, retomaremos este ponto com uma história passada em uma das turmas do curso.

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volta na boca. Seu irmão mais velho, talvez
substância droga ou da doença para o sujeito que quatro anos de idade, sentava-se próximo
sofre, à construção de projetos terapêuticos, à ao forno, com a fumaça em torno dele.
defesa da cidadania e da reinserção social/familiar, Ouvi a irmãzinha deles chorando na rede e
observei o xixi vazando até o chão. A mãe
à efetivação de redes de cuidado. A metodologia deles finalmente chegou cansada e suada,
do curso se centrava nos alunos e priorizava suas com um bebê no braço e no outro uma lata
experiências, não trazia respostas prontas, e sim d’água que ela acabara de recolher de uma
fonte distante. (FREEDHEIN, 1993, p. 12).
proporcionava o movimento da práxis (FREIRE,
1987) de refletir criticamente sobre o próprio fazer.
À época, trabalhava em um Centro de Atenção A cena anterior faz parte do diário de campo
Psicossocial Álcool e outras Drogas de Fortaleza e, da autora, datando-se de julho de 1992, quando
durante a formação inicial do projeto, quando abor- acompanhava uma agente de saúde comunitária
damos a construção da Rede de Atenção Psicos- em uma visita domiciliar no município de Iguatu,
social (BRASIL, 2013a), compartilhei uma imagem Ceará. Nessa época, o Programa de Agentes de
com os demais tutores e profissionais da equipe Saúde (PAS) já existia há cerca de 5 anos no estado
técnico-pedagógica, referente à efetivação desta: e havia salvo a vida de muitas crianças que ado-
os serviços são ilhas no oceano e os profissionais, eciam com quadros de diarreia grave ou doenças
para efetivarem o funcionamento da Rede, devem infecciosas, porque as mães tinham sido instruídas
transpor as distâncias marítimas que os separam, a ferver e filtrar a água para o consumo, a ter cui-
enfrentando os riscos das travessias. dados pré-natais e a vacinar seus filhos. Depois,
Transpomos essa imagem de aprendizagem para o Programa foi implantado em todo o país com a
o momento de nos situarmos ante o vivido durante denominação de Programa de Agentes Comunitá-
o curso, trazendo histórias para sintetizarmos, ana- rios de Saúde (PACS) integrantes do Programa de
lisarmos e interpretarmos o que foi e como se deu Saúde da Família (BRASIL, 1997), hoje Estratégia
esse processo com suas tensões e contradições, Saúde da Família (ESF).
buscar atravessá-lo sem temer os riscos. As problemáticas de saúde no país mudaram
(BRASIL, 2011), não são mais as mesmas enfrenta-
das nas décadas passadas: doenças, como dengue/
HISTÓRIAS DE ANTES, HISTÓRIAS DE zika/chikungunya; adoecimentos crônicos, como
AGORA: NOVAS ROTAS E FORMAS DE diabetes e hipertensão; mortes decorrentes de aci-
NAVEGAR ENTRE A SAÚDE MENTAL E A dentes e violências; danos à saúde devido a hábitos
ATENÇÃO BÁSICA e estilos de vida, como o uso de álcool e outras dro-
Recordemos de um outro tempo: gas, são prevalentes. Um ACS de uma das turmas
relatou que seu irmão era dependente de drogas e
Quando acompanhei o agente de saúde à que sua família já tentara muitas coisas para que
casa de taipa, o fedor de urina, de barro parasse, mas sem sucesso, sendo, inclusive, uma
seco e de lenha queimada me abateu for-
temente, fazendo arder os meus olhos e das suas motivações para participar do curso,
deixando-me com falta de ar. Uma galinha aprender mais e ver o que podia fazer, ressentia-se
que bicava detritos no chão correu até o da dificuldade e incerteza da empreitada (a história
centro da cozinha quando entramos e um
garotinho, nu e sujo, ficou de pé olhando teve lugar no 3º encontro – redução de danos).
fixamente para mim. Os olhos dele per- Ao acolhermos sua história pessoal, desembo-
maneceram colados em mim enquanto camos na condição de autonomia das pessoas que
sua chupeta caía ao chão e ele a punha de

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Histórias que ficaram pelos caminhos
usam drogas para decidir situações de sua vida. num terreno baldio, onde mora em uma Brasília 79.
Ele acabou afirmando que seu irmão só poderia ser No contato com a técnica de enfermagem, a enfer-
ajudado quando quisesse e sua fala nos remeteu à meira e a médica do posto, sua situação de saúde
leitura do texto “Paixões e Químicas” (TOROSSIAN, e de vida é exposta e os alunos eram questionados
2013), em que a autora aproxima as paixões huma- quanto à efetivação do cuidado, depois deviam
nas do consumo de drogas no intuito de questionar levá-lo às suas equipes de saúde para discussão,
as políticas de cuidado limitadas à restrição exclu- como atividade de dispersão, e apresentar o resul-
sivamente, alvo de debate na turma. tado no encontro seguinte.
Na mesma turma, outra ACS relatou o acom- Nos seus relatos, predominaram as dificuldades
panhamento que realizava a uma criança de sua de se reunir com os demais membros da equipe
área, filha de um traficante. Uma vez, a esposa para apresentar e discutir o caso. As estratégias de
disse ter vergonha pelo fato dela saber que seu resolução da tarefa demonstraram um viés espe-
marido era traficante, a ACS não emitiu nenhum cializado/técnico, apressado e duro dos demais
tipo de julgamento e permaneceu tendo acesso profissionais que subsumiam outros saberes mani-
à casa, ao ponto de presenciá-los embalando festados, como o “saber-cuidador”, centrado em
drogas. Entrou de férias e sua substituta não con- tecnologias mais relacionais presentes no fazer
seguiu permissão para acompanhar a criança, que dos alunos, mas nem sempre reconhecidas e/ou
voltou a ser acompanhada quando retornou das valorizadas pela equipe (FERREIRA et al., 2009).
férias (história coletada no 4º encontro – caixa de Para eles, os casos promoviam a percepção de
ferramentas dos ACS, ATENF). outros presentes no dia a dia de suas comunidades
Fica evidente no relato o uso de pelo menos três e por vezes desconsiderados em sua complexidade.
ferramentas para o trabalho em saúde mental: a Um dos casos emblemáticos foi o de um senhor
escuta, o acolhimento e o vínculo (FONSECA et al., que trabalha com reciclagem e faz serviços na
2013). Poder escutar da esposa do traficante sua comunidade, como limpar quintais e carregar
vergonha, e não a julgar como menos merecedora entulho no seu carrinho, que ele, “cavalo”, puxa. No
de cuidado por isso, abriu espaço para a sedimen- carro, há um “radinho” que ele escuta a todo volume
tação do vínculo entre ela e a família atendida, ao quando sai catando material reciclado à noite. Mora
ponto de circular livremente sem temer por si ante em frente à creche, em um casebre construído com
o que presenciava. Além disso, o fato proporcionou materiais reciclados, onde vende drogas e man-
a efetivação do acolhimento como meio de acesso tém relações sexuais com as prostitutas. Por um
e inclusão da família enquanto participantes ativos lado, é uma situação que aflige a comunidade e os
de seu processo de produção de saúde. profissionais da escola, que se sentem ameaçados.
Uma estratégia educativa utilizada no curso foi o Por outro, há o estabelecimento de vínculo com a
estudo de casos, construídos pela equipe de apoio comunidade ao fazer determinados serviços. A ACS
pedagógico para serem trabalhados em sala com conta que certa vez tinha um bêbado armado com
os ACS e os ATENF como forma de correlaciona- um facão, caído na calçada da casa de sua mãe, e
rem os conteúdos textuais com suas realidades de ele o desarmou (relato presente no 4º encontro –
trabalho. O mais conhecido foi o de Ueslei (BRASIL, caixa de ferramentas dos ACS e ATENF).
2013b, p. 109), homem de 32 anos que vai a um “Não somos bicho nem lixo, temos voz. Por den-
posto de saúde para fazer um curativo na perna tro da caótica selva, somos vistos como fantasma”
devido a um corte acidental em um caco de vidro (BRASIL, 2014, p. 7). Esse é um pequeno trecho do

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poema “Não somos lixo”, de Carlos Eduardo Ramos, saúde mental e política de atenção integral a usuá-
morador das ruas de Salvador, que abre a cartilha rios de álcool e outras drogas).
publicada pelo Ministério da Saúde, intitulada Sua aparição presentificava os conteúdos lidos
Saúde da população em situação de rua: um direito e as históricas contadas, víamos situações-limite
humano (BRASIL, 2014, p. 7). Entre os objetivos da (FREIRE, 1992) de sua vida: identificava-se de
cartilha, estão o combate ao preconceito dirigido à forma negativa “ninguém”, portanto, não portava
essa população no SUS e a garantia de acesso aos voz e necessitou de uma intervenção para tanto:
serviços de saúde de forma integral e humanizada. és alguém; então, disse seu nome e atrelado a
Parece que a história do senhor vai de encontro à ele algo que o identificava e o diferenciava: sou
proposta da cartilha até o momento do curso em usuário de drogas, atualmente, apenas álcool; não
que a ACS o percebe e dá voz à sua existência, questionamos sua forma de existir no mundo e ele
rompendo um pouco sua invisibilidade e trazendo trouxe outras coisas significativas: a amizade, a
os olhares de soslaio, amedrontados e/ou precon- perda do pai, seu adoecimento, sua religiosidade.
ceituosos que fazem parte de estigmas presentes Poderíamos considerar sua aparição como obra do
em nosso meio (RONZANI, 2014). acaso, mas nos colocou na continuidade da con-
Os alunos notavam que suas práticas manti- versa, que estava pelas ruas e ficou sabendo do
nham proximidade com o universo da saúde mental, curso e de sua temática, resolvendo ir até o local
as histórias diziam disso. Em outra turma, durante para ver do que se tratava. Assim, a sua ida e os
a leitura de trechos da política de atenção integral a seus ditos não eram à toa.
usuários de álcool e outras drogas (BRASIL, 2003), As ACS e ATENF indagaram se gostaria de
percebemos a presença de um jovem que entrara e parar o uso, ao que respondeu afirmativamente.
parara recostado às primeiras cadeiras, silencioso Convidamo-lo a ficar e compartilhar conosco a
e atenciosamente escutando o que falávamos. leitura e a discussão dos textos. Ele aceitou, mas
Dirigimo-nos a ele, que perguntou se estávamos depois de um tempo pediu licença e saiu. Os alunos
falando de drogas, respondemos que sim e o convi- relataram mais coisas a seu respeito e, nesse dia,
damos a sentar. Dirigiu-se à frente, sentou e falou não conseguimos finalizar as atividades previstas,
que podíamos continuar, fizéssemos de conta que adiando-as para o próximo encontro, cujo tema era
não era “ninguém”. Retorquirmos não ser possível, Redução de Danos e estratégias de intervenção,
pois ele era alguém. Disse então seu nome e que era todavia sentia que o evento disparara um apren-
usuário de drogas, atualmente, apenas de álcool. dizado único relativo à própria perspectiva da RD
Tinha amizade com um jovem que vivia nas ruas da enquanto estratégia voltada à valorização do desejo
cidade do qual tinha pena, mas que, naquele dia, e das possibilidades dos sujeitos de lidarem com
estava feliz – ao dizer isso, chora -, pois o jovem tinha seus usos de drogas e com os fatores decorrentes
mantido contato com o pai e este vinha buscá-lo disso (BRASIL, 2013c).
para que retornasse à casa. Colocou que morava Acolhíamos literalmente a proposta do curso de
com a mãe e que seu pai era falecido (cirrose) em cuidar de forma integral das pessoas que faziam uso
decorrência do uso de álcool, mesmo adoecimento de álcool e outras drogas em seus territórios de vida
que descobriu recentemente ter. Falou de sua pro- a partir da escuta e de olhares outros que ampliavam
ximidade com a religião e de um padre que sempre as relações entre saúde mental e atenção básica.
o acolhia, mas, lamentavelmente, deixara a cidade Uma ACS falou daquelas pessoas que sempre vão
(história vivida no 2º encontro – políticas públicas ao posto e não são escutadas em suas queixas por
de atenção básica, política de atenção integral à supostamente não terem nada, outra se queixou de

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não ser bem acolhida quando ela mesma vai: “lá vem política de atenção integral à saúde mental e
ela de novo!”. Elas concluíram que o acolhimento é o política de atenção integral a usuários de álcool e
início, o meio e o fim de todo e qualquer atendimento, outras drogas).
é o que define adoecimentos e melhoras. Podemos considerar que é uma história de um
Recordaram de pessoas com sofrimento mental outro tempo distante, no entanto, recordamos de
e de suas situações de acolhimento no posto de vivências pessoais no campo da saúde mental e de
saúde. Uma delas costumava ir ao posto e, um dia, notícias de pessoas que usam drogas aprisionadas
nitidamente constrangida, pediu para falar com a em seus domicílios por parentes e/ou internados a
médica, mas como ela estava atendendo, foi infor- contragosto, inclusive judicialmente. As notícias de
mada que ia ter de esperar. Quando a médica saiu, operações policias na Cracolândia, em São Paulo
ela a interpelou e pediu que lhe passasse aquele (GARCIA, 2017), são recentes e apontam para a
remédio para não pegar menino. Vemos que o “concretização dos novos caminhos manicomiais
acolhimento pressupõe um olhar integral para as de uma sociedade que mudou a figura do anormal,
necessidades dos sujeitos que procuram as unida- do da desrazão para o do desejo, do manicômio pri-
des de saúde, deve favorecer a não cristalização são para uma prisão Comunidade” (MERHY, 2012,
identitária destes aos seus adoecimentos, uma vez p. 17). Os anormais da vez são essas pessoas toma-
“doente mental, drogado, bêbado”, para sempre e das não pela falta do/a amado/a, e sim pelo excesso
sempre atendidos nesse ideário. da substância entorpecente ao ponto de não serem
Em nossa primeira turma, um relato chamou mais reconhecidas como sujeitos desejantes, pas-
atenção. Uma ACS trouxe uma situação de quando sam a ser objetos inertes, irresponsáveis, incapa-
começou a trabalhar. Havia uma família no território zes de responder por seus atos, portanto passivos
que era conhecida por ter uma filha louca, presa em de todo tipo de interdição e exclusão.
um quarto nos fundos da casa. Combinou, então, A saída encontrada pelas ACS no caso retrata
com uma colega uma visita domiciliar, pois receava as possibilidades de desentorpecimento da vida.
ir sozinha. Nas primeiras visitas, a família se esqui- Será que a melhor saída para essas pessoas é
vou do assunto da filha, mas, um dia, permitiram mesmo a repressão forçada das autoridades poli-
sua ida ao quarto dos fundos. A filha ficava presa ciais, judiciais e manicomiais da sociedade? Não é
e o único contato era a partir de uma portinhola a droga um dos meios de aplacar os sofrimentos,
por onde recebia comida e outras coisas. À pri- o mal-estar inerente à condição humana na con-
meira vista, elas próprias se assustaram com seu temporaneidade? Os homens sempre mantiveram
aspecto. O motivo do enlouquecimento fora uma contato com as drogas desde o princípio de sua
“desilusão amorosa”, um mal de amor que os levou história, porém, a partir do final do século XIX, elas
a aprisioná-la por não saberem o que fazer. Havia passaram a ser alvo da preocupação da sociedade
mais de cinco anos e ela estava irreconhecível: por seu aumento exponencial e seu consumo exa-
obesa, precisando de cuidados de higiene, cuidados cerbado (FARIA; FARIA; TÓFOLI, 2014). Parece que
de saúde, entre outros. Elas se empenharam junto assinalamos uma problemática extremamente
à família e acionaram outros serviços. Aos poucos, atual: acréscimo de sofrimentos e mal-estar geram
a situação foi mudando: findou seu aprisionamento maior consumo de substâncias psicoativas.
domiciliar, ela usufruiu de cuidados de saúde, con- Não cremos que a solução recaia no combate à
seguiu um domicílio para si, um benefício do INSS produção, na proibição do consumo, na interdição
e retomou seus estudos (história relatada no 2º e/ou na exclusão das pessoas, poupando os demais
encontro – políticas públicas de atenção básica, humanos do fardo dos sofrimentos e do mal-estar

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da convivência com os anormais do momento. O cesso seleção/formação/atuação concebida pelo
“Caminhos do Cuidado” provocava a todos a abra- projeto e que nos remete mais uma vez a Paulo
çar tal problemática sem desviar o olhar ou nossa Freire (1996) quando fala das exigências da prática
rota, nas palavras do poema “Massa Instantânea” de ensinar, acentuando: o respeito aos saberes dos
(BRASIL, 2013b, p. 9), de Carlinhos Guarniere, Redu- educandos, o saber escutar, a disponibilidade para o
tor de Danos, que abre o caderno do aluno, olhar diálogo, a aceitação do novo e a rejeição a qualquer
para massa: “[...] Boicotada, atrofiada, que não é forma de discriminação, a reflexão crítica sobre a
valorizada, a elite tem nojo, seu paraíso é a praça. prática, a convicção de que a mudança é possível e
Vem agora e abraça a massa instantânea, que não a compreensão de que a educação é uma forma de
quer ficar no molho, mas transcender o teu olho, intervenção no mundo.
tua atitude espontânea, vem agora e ABRAÇA!”. Podemos perceber que a aprendizagem dos
ACS e ATENF foi significativa e cunhou elementos
próprios da educação permanente em saúde como
CONTAR HISTÓRIAS É PRECISO, estratégia de transformação das práticas partindo
VIVER NÃO É PRECISO da aprendizagem-trabalho (BRASIL, 2005). Acre-
Uma das primeiras atividades do curso era uma ditamos que as histórias trazidas viabilizaram o
dinâmica de apresentação na qual um rolo de bar- conhecimento de parte do labor diário desses
bante era arremessado e cada um, de posse dele, profissionais na atenção básica e nos permitiram
apresentava-se e dizia algo que gostava de fazer na identificar concepções e elementos de saúde
vida. Recordo que, em uma das turmas, realizamos mental: o fortalecimento da autonomia dos usuá-
a dinâmica em um espaço externo debaixo de uma rios de drogas; a escuta na efetivação do cuidado;
árvore, o que me remete à leitura de Paulo Freire a sedimentação do vínculo baseado no respeito à
(2006) ao falar do quintal de sua casa na infância vida do outro; a reconfiguração de nossos olhares
como seu primeiro mundo de folguedos, sombras para quebrar a invisibilidade de alguns usuários; a
arborizadas, aromas, sabores, cores, ruídos, espaço valorização das histórias de vida de cada sujeito; a
de aprendizagem das primeiras letras escritas no integralidade do acolhimento; a mudança de para-
chão. Falando disso, ele atenta que o desdobra- digma no cuidado em saúde mental da interdição
mento dessa experiência em espaços futuros pode ou exclusão para a inclusão e a efetivação dos direi-
produzir mudanças: “Rever o antes visto quase tos e da cidadania.
sempre implica ver ângulos não percebidos. A Referimo-nos aos impactos do curso no traba-
leitura posterior do mundo pode constituir-se de lho dos ACS e ATENF durante o percurso narrativo,
forma mais crítica, menos ingênua, mais rigorosa” outra prova foi a grande quantidade e qualidade
(FREIRE, 2006, p. 24). dos materiais produzidos (textos, vídeos, músicas
As histórias compartilhadas apontam para a etc.) que atestam o envolvimento, a aprendizagem
relação estabelecida entre alunos e tutores – aque- e a efetivação de outras práticas em saúde mental.
les que amparam, auxiliam e defendem – enquanto Para finalizar, no 5º encontro (rede de cuidado; atri-
uma relação que viabilizou um processo de apren- buições dos ACS e ATENF na rede de cuidados em
dizagem ativa (MITRE et al., 2008) dos ACS e saúde), os alunos participavam da avaliação quali-
ATENF, sustentada no respeito aos seus saberes e tativa do curso, contudo, para além do formulário
na escuta empática de suas histórias que não só que preenchiam, muitos a fizeram de uma forma
viabilizaram, como potencializaram a proposta de mais criativa e pessoal, ratificando o que conside-
aprendizagem. Faz sentido a integralidade do pro- rávamos há pouco:

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Histórias que ficaram pelos caminhos
Para o agente de saúde
Não existem barreiras não.
Estamos na sede, serras,
Assentamentos, litoral e sertão.

Os Caminhos do cuidado
Nos trouxe fascinação,
Para cuidar do ser humano
Sem qualquer distinção.

As drogas estão em toda parte


E não é só entorpecente não:
Elas estão no remédio, café, chocolate
E pasmem: até na televisão.

A procura do prazer desmedido


Até virou compulsão;
Tomar umas aqui,
Cheirar mais um pouquinho ali.

Pronto! Todos vivem na ilusão.


Buscam corpos sarados não verdadeira emoção;
Buscam o prazer momentâneo não o fogo de uma paixão;
Se iludem com prazeres forjados,
Mas estão sempre na solidão.

Aos professores queridos


Só nos resta agradecer seu empenho
E o trabalho que vieram oferecer
E esperamos que em tempos vindouros
Possamos ainda nos ver.

(Poema de uma ACS de uma das turmas)


Esperamos sim que a vida siga pulsando menos
restrita às necessidades, pois, se é necessário
viver, é fundamental contar histórias para ressig-
nificar o vivido.

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Histórias que ficaram pelos caminhos
REFERÊNCIAS
BEZERRA, C. W. G. Enquanto a gente espera: histórias de saúde-doenças-cuidados em uma unidade básica de
saúde. Revista subjetividades, Fortaleza, v. 14, n. 2, p. 223-230, ago. 2014.

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INFORMAÇÃO SOBRE ARTIGO

Recebimento – 07-09-2017

Aceite – 27-11-2017

Caminhos do Cuidado – Suplemento 52


Histórias que ficaram pelos caminhos

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