Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 6

MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA CIVIL | 2o ANO

EC0011 | ANÁLISE MATEMÁTICA 3 | 2016/2017 - 1o SEMESTRE

• Duração: 1h 30m (+30m).


• Responda aos Grupos I, II, III em folhas separadas.
• Prova sem consulta. Não é permitido o uso de máquina de calcular.

• Justifique convenientemente as suas respostas.

Grupo I [7 valores]

1. (4 val)
(a) Verifique que a função y(t) = t−2 , t > 0, é solução da equação diferencial t3 y 0 +2t2 y = 0.

Solução: A função y = t−2 , t > 0 é solução da equação diferencial dada se e só


se t3 (t−2 )0 + 2t2 (t−2 ) = 0, ∀t > 0. Ora, para qualquer t > 0 temos que t3 (t−2 )0 +
2t2 (t−2 ) = −2t3 t−3 + 2t2 t−2 = −2 + 2 = 0. Logo y = t−2 , t > 0 é solução da
equação diferencial dada.

(b) Resolva a equação diferencial linear homogénea

t3 y 0 + 2t2 y = 0, t > 0

Solução: Como se trata de uma equação diferencial linear homogénea de primeira


ordem, basta encontrar uma solução não nula para se obter o conjunto fundamental
de soluções. Assim a função y = t−2 , t > 0 é geradora do espaço de soluções da
equação diferencial dada. Logo a solução geral é y = Ct−2 , t > 0, onde C é uma
constante real que fica determinada se for conhecida a condição inicial.

(c) Mostre que a função u = t−1 é um fator integrante da equação diferencial linear não
homogénea
t3 y 0 + 2t2 y = 3tet , t > 0

Solução: Multiplicando ambos os membros da equação diferencial dada por u =


t−1 obtemos t2 y 0 + 2ty = 3et ⇔ dt
d 2
(t y) = 3et o que permite resolver a equação.
Logo u = t−1 é um fator integrante da equação dada.

(d) Determine a solução geral da equação diferencial t3 y 0 + 2t2 y = 3tet , t > 0.

Solução: Como vimos na alínea anterior a equação diferencial é equivalente a


d 2 t
dt (t y) = 3e . Integrando em ordem a t ambos os membros obtemos a solução
geral, y(t) = Ct−2 + 3t−2 et , t > 0.

AMAT3-MIEC, EC0011, MAdSM-MCC-VGS 31/10/2016, Página 1 de 6


2. (3 val) Seja I um intervalo de R. Considere a equação diferencial

ty(t) cos(t2 ) + sin(t2 )y 0 (t) = 0, t ∈ I

(a) Diga, justificando, se a equação diferencial dada é exata.

Solução: A equação diferencial dada é exata se e só se


∂  ∂ 
sin(t2 ) = ty cos(t2 ) , ∀t, y.
 
∂t ∂y
∂ ∂
sin(t2 ) = 2t cos(t2 ) e ∂y ty(t) cos(t2 ) = t cos(t2 ). Pelo que
   
Ora ∂t

∂  ∂ 
sin(t2 ) = 2 ty cos(t2 ) .
 
∂t ∂y
∂ ∂
sin(t2 ) 6= ty cos(t2 ) . Portanto a equação diferencial dada é não exata.
   
Logo ∂t ∂y

(b) Verifique que o fator µ(y) = y transforma a equação dada numa equação diferencial
exata.

Solução: Multiplicando ambos os membros da equação diferencial dada por y ob-


temos a equação diferencial equivalente ty 2 cos(t2 ) + sin(t2 )yy 0 = 0.
∂ ∂
y sin(t2 ) = 2yt cos(t2 ) e ∂y
 2
ty cos(t2 ) = 2yt cos(t2 ). O que mostra que a
  
Ora ∂t
equação diferencial dada é exata.

(c) Resolva a equação diferencial dada pelo método que achar apropriado.

Solução: Para determinar a solução geral da equação diferencial dada basta re-
solver a equação diferencial exata da alínea anterior pois são equações diferenciais
equivalentes. O conjunto solução de uma equação diferencial exata é o conjunto
de todas as curvas de nível de f onde f é tal que ∇f = (ty 2 cos(t2 ), sin(t2 )y).
2
Deste modo, facilmente se conclui que f for f (t, y) = y2 sin(t2 ) é tal que ∇f =
(ty 2 cos(t2 ), sin(t2 )y) e portanto a solução geral é a família de funções definida por
y 2 sin(t2 ) = K.

Grupo II [7 valores]

3. (1 val) Dê exemplo, justificando, de uma equação diferencial autónoma de primeira ordem,


sabendo que o único ponto de equilíbrio dessa equação diferencial é um atrator.

Solução: Por exemplo y 0 = 1−y. O único ponto de equilíbrio é y = 1 a que corresponde


a solução constante y = 1. Facilmente se observa que se y < 1 então y 0 > 0 e se y > 1
então y 0 < 0. Assim as soluções cujo gráfico se situa no semi-plano y < 1 são crescentes
e as que têm um gráfico no semi-plano y > 1 são decrescentes. Logo o único ponto de
equilíbrio (y = 1) da equação diferencial autónoma y 0 = 1 − y é um atrator.

4. (2.5 val) Considere a família de curvas F definida pela equação (x − 2)2 + y 2 = a2 onde a é
uma constante real.

AMAT3-MIEC, EC0011, MAdSM-MCC-VGS 31/10/2016, Página 2 de 6


(a) Indique uma equação diferencial de primeira ordem que tenha como conjunto de solu-
ções a família de curvas F.

Solução: Derivando de modo implícito ambos os membros da equação dada em or-


dem a x obtemos a equação diferencial de primeira ordem que tenha como conjunto
de soluções a família de curvas F, isto é, 2(x − 2) + 2yy 0 = 0.

(b) Determine a família de curvas G ortogonais à família de curvas F.

Solução: A equação diferencial 2(x−2)+2yy 0 = 0 define em cada ponto (x, y), y 6=


0 o declive da reta tangente nesse ponto à curva de F que passa nesse ponto. Esse
declive é y 0 = −(x−2)
y . As curvas G ortogonais terão, nesse ponto um declive simétrico
do inverso deste, logo impondo a ortogonalidade (em termos de declives, mort = −1 m)
definimos uma nova uma equação diferencial de primeira ordem que tem como
conjunto de soluções a família de curvas G. Essa nova equação diferencial éR a equação
y
de variáveis separáveis y 0 = x−2 . Temos então que y(x) = 0 ou dy dx
R
y = x−2 . Isto
define a família de curvas G, ou seja, a família de retas y(x) = K(x − 2).

(c) Indique duas curvas, uma pertencente a F e outra a G, que passam pelo ponto
Q = (0, 1). Diga quais os declives das respetivas retas tangentes em Q às duas curvas.

Solução: A curva de F que passa em Q = (0, 1) é a circunferência de centro (2, 0)



e raio 5, x − 22 + y 2 = 5. O declive da reta tangente em Q é y 0 = −(0−2)
1 = 2. A
curva de G que passa em Q é a reta y = − 12 x + 1 com declive − 12 .

5. (3.5 val) Considere a família de equações diferenciais dependentes do parâmetro real k ≥ 0


 
dP P
= 0.1P 1 − −k
dt 400

onde P (t) indica a população de crustáceos num viveiro no instante de tempo t. O parâmetro
real k designa o número de capturas a que se procede por unidade de tempo.
(a) Considere k = 0. Represente a linha de fase, classifique os pontos de equilíbrio e esboce
no plano tP o gráfico de algumas soluções que podem ocorrer dependendo das condições
iniciais.

Solução: Para k = 0 obtemos a equação de variáveis separáveis P 0 = 0.1P 1 − 400 P



.
Esta equação possui 2 e só 2 pontos de equilíbrio P = 0 ou P = 400. O P 0
 sinal de
é o sinal da parábola de concavidade voltada para baixo 0.1P 1 − 400P
logo P 0 > 0
entre as raízes e P 0 < 0 fora. Deste modo o ponto de equilíbrio P = 0 é uma fonte
(repulsor, assintoticamente instável) e P = 400 um poço (atrator, assintoticamente
estável). Como se trata de uma população podemos supor P (t) ≥ 0, ∀t. A figura 1
mostra a linha de fase e o esboço de algumas soluções.

(b) Determine o valor de bifurcação. Faça o diagrama de bifurcação. No contexto deste


modelo, qual o significado do valor de bifurcação?

AMAT3-MIEC, EC0011, MAdSM-MCC-VGS 31/10/2016, Página 3 de 6


Figura 1: Gráficos de algumas soluções (à esquerda) e Linha de fase (à direita)

P 0.1 2

Solução: Observe-se que 0.1P 1 − 400 − k = 0.1P − 400 P − k. Deste modo o
número de pontos de equilíbrio depende do valor de k pois

P 0 = 0 ⇔ P = 200 ∓ 20 100 − 10k.

Consideremos os 3 casos distintos:

• Se 100 − 10k = 0 então a ED tem 1 e só 1 só ponto de equilíbrio, P = 200.

• Se 100 − 10k < 0 então a ED não tem pontos de equilíbrio.

• Se 100 −√10k > 0 então a ED tem 2 √e só 2 só pontos de equilíbrio, P1 =


200 + 20 100 − 10k ou P2 = 200 − 20 100 − 10k.

Como 100 − 10k = 0 ⇔ k = 10 dizemos que k = 10 é o valor de bifurcação.


O sinal de P 0 (sinal da parábola −P 2 + 400P − 4000k) permite para cada um dos
casos classificar os pontos de equilíbrio. Assim:

• Se k = 10 então a ED tem 1 e só 1 só ponto de equilíbrio, P = 200. e P 0 < 0


para P 6= 200. Logo o ponto de equilíbrio P = 200 é um ponto de sela.

• Se k > 10 então a ED não tem pontos de equilíbrio e P 0 < 0 o que corresponde


a soluções decrescentes.

• Se√k < 10 então a ED tem 2 e só 2 √só pontos de equilíbrio, P1 = 200 +


20 100 − 10k > 0 ou P2 = 200 − 20 100 − 10k. O ponto P1 é um poço,
ou seja, atrator (assintoticamente estável) enquanto que P2 é uma fonte, ou
seja, repulsor (assintoticamente instável). Observe-se ainda que P2 > 0 para
0 < k < 10. Para k < 0 este ponto é negativo e deixar de ter significado físico
no contexto do modelo.

A figura 2 mostra o diagrama de bifurcação. O valor de bifurcação, k = 10 re-


presenta o número máximo de capturas por unidade de tempo. Para k > 10 a
população extingui-se-á qualquer que seja a população existente no instante ini-
cial. Para 10 capturas por unidade de tempo a população só não se extingue se no
momento da introdução de captura a população for superior ou igual a 200. Para
qualquer outro valor de k, 0 < k < 10 se a população inicial for inferior P2 teremos
a extinção da espécie.
AMAT3-MIEC, EC0011, MAdSM-MCC-VGS 31/10/2016, Página 4 de 6
Figura 2: Diagrama de Bifurcação

Grupo III [6 valores]

6. (3 val)
(a) Verifique que y1 (t) = t−4 e y2 (t) = t3 são funções linearmente independentes em R+ .

Solução: As funções y1 e y2 são funções linearmente independentes em R+ se e


t−4 t3
só se Wy1 ,y2 6= 0, ∀t ∈ R+ . Calculemos o wronskiano, Wy1 ,y2 = =
−4t−4 3t2
3t−4+2 + t−5+2 = 5t−2 . Logo Wy1 ,y2 6= 0, ∀t > 0, o que mostra que y1 (t) = t−4 e
y2 (t) = t3 são funções linearmente independentes em R+ .

(b) Seja y(t) = C1 t−4 +C2 t3 a solução geral de uma equação diferencial linear homogénea de
segunda ordem definida em R+ . Determine a solução que satisfaz as condições iniciais
y(1) = 0, y 0 (1) = 1.

Solução: Calculemos y 0 , y0 (t) = −4C1 t−5 + 3C2 t2 . As condições iniciais y(1) =
C1 + C2 =0
0, y 0 (1) = 1 conduzem a Logo (multiplicando a primeira
−4C1 + 3C2 = 1
equação por 4 e somando com a segunda) C2 = 71 . Substituindo na primeira temos
C1 = −1 7 pelo
 que a solução que satisfaz as condições iniciais dadas é y(t) =
1 −4 3 +
7 −t + t com t ∈ R .

(c) Dê exemplo, justificando, de uma equação diferencial linear homogénea de segunda


ordem que admita a solução y1 (t) = t−4 .

Solução: Calculemos y10 e y100 . Ora y10 (t) = −4t−5 e y10 (t) = 20t−6 . Uma equação
diferencial linear homogénea de segunda ordem tem a forma a(t)y 00 +b(t)y 0 +c(t)y =
0, t ∈ I. Escolhamos as funções a, b, c ∈ C 1 (I) tal que a(t)y100 + b(t)y10 + c(t)y1 =
0, ∀t ∈ I. Por exemplo, se I = R+ e a(t) = 1, b(t) = t−1 e c(t) = −16t−2 facilmente

AMAT3-MIEC, EC0011, MAdSM-MCC-VGS 31/10/2016, Página 5 de 6


se verifica que 20t−6 + t−1 −4t−5 + −16t−2 t−4 = 0, ∀t ∈ I. Assim a equação
 

diferencial linear homogénea de segunda ordem y 00 + t−1 y 0 − 16t−2 y = 0, t ∈ I.


admite a solução y1 (t) = t−4 .

7. (3 val) Considere a equação diferencial linear homogénea

t2 y 00 − 5ty 0 + 9y = 0, t > 0

(a) Determine a constante real r de modo que a função definida por y1 (t) = tr seja solução
da equação diferencial.

Solução: Calculemos y10 e y100 . Ora y10 = rtr−1 e y100 = r(r − 1)tr−2 . Substituindo na
equação dada, temos que y1 (t) = tr é solução de t2 y 00 − 5ty 0 + 9y = 0, t > 0 se e só
se
t2 r(r − 1)tr−2 − 5trtr−1 + 9tr = 0, ∀t > 0
o que equivale a tr r2 − 6r + 9 = 0, ∀t > 0. Ora tr 6= 0, ∀t > 0 pelo que r deverá


ser tal que r2 − 6r + 9 = 0. Ou seja r = 3.

(b) Encontre uma segunda solução da equação diferencial, linearmente independente de y1 ,


com a forma y2 (t) = u(t)y1 (t).

Solução: De acordo com a alínea anterior y1 (t) = t3 é solução da equação dife-


rencial dada. Procuremos uma segunda solução, linearmente independente desta
com a forma y2 (t) = u(t)t3 . Calculemos y20 e y200 . Ora y20 = u0 t3 + 3ut2 e y200 =
u00 t3 + 6u0 t2 + 6ut. Substituindo na equação dada,

u00 t5 + 6u0 t4 + 6ut3 0 4


|{z} −5u t −15ut
|
3 3
{z+ 9ut} = 0, ∀t > 0

Deste modo, u deve ser tal que u00 t + u0 = 0. Fazendo v = u0 obtemos a equação
diferencial de primeira ordem v 0 t + v = 0 ou seja dt d
(vt) = 0. Pelo que vt = K e
u(t) = K ln t+C. Escolhendo u(t) = ln t obtemos uma segunda solução, linearmente
independente de y1 , a função y2 (t) = t3 ln t, t > 0.

(c) Escreva a solução geral da equação diferencial.

Solução: Uma vez que se trata de equação diferencial linear homogénea de se-
gunda ordem, duas soluções linearmente independentes são geradoras do espaço de
soluções. Assim a solução geral é y(t) = t3 (C1 + C2 ln t) , t > 0.

FIM

AMAT3-MIEC, EC0011, MAdSM-MCC-VGS 31/10/2016, Página 6 de 6

Você também pode gostar