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ATV A - Assistência Farmacêutica I
ATV A - Assistência Farmacêutica I
Ribeirão Preto
2022
Ao assistir a reportagem do Fantástico sobre Empurroterapia, nota-se que
diversas infrações éticas são cometidas diariamente por alguns profissionais
farmacêuticos. É importante informar a população sobre o Uso Racional de
Medicamentos, uma vez que, sem terem conhecimento sobre, os vendedores se
aproveitam da inocência do consumidor para vender medicamentos de forma
desnecessária. A reportagem aborda essa situação de forma explicativa e
expositiva, para que os telespectadores tenham ciência sobre essa prática e ela não
continue se perpetuando.
Dentre as infrações identificadas, está a coerção ao paciente para ele
comprar medicamentos genéricos ao invés de medicamentos de referência ou
insistir para que ele compre remédios dos quais ele não está precisando no
momento, visando ganhar comissões. Esse fato é comprovado com o Art. 14 ítem
XXVII do Código de Ética Farmacêutico, “submeter-se a fins meramente
mercantilistas que venham a comprometer o seu desempenho técnico, em prejuízo
da sua atividade profissional”.
Além disso, outras infrações seriam forçar a venda de vitaminas C e D
alegando serem eficazes para a prevenção da Covid-19 e divulgar que alguns
medicamentos funcionam apenas em conjunto com outros suplementos vitamínicos.
De acordo com os ítens XXIII e XXXV, também do Art. 14, que relatam sobre a
ilegalidade de “fornecer, dispensar ou permitir que sejam dispensados, sob qualquer
forma, substância, medicamento ou fármaco para uso diverso da indicação para a
qual foi licenciado, salvo quando baseado em evidência ou mediante entendimento
formal com o prescritor” e “divulgar informação sobre temas farmacêuticos de
conteúdo inverídico, sensacionalista, promocional ou que contrarie a legislação
vigente”.
Já no caso da Valentina, o ocorrido foi semelhante ao caso da
Empurroterapia, pois o farmacêutico Manoel raramente questionava os pacientes
sobre qual o tipo de medicamento eles preferiam (genérico, similar ou referência),
visto que o lucro é muito maior na venda dos medicamentos genéricos. De acordo
com o Art. ítem XXVII do Código de Ética Farmacêutico, já citado acima, priorizar os
ganhos econômicos em detrimento da boa prática da profissão farmacêutica é uma
atitude totalmente antiética e desumana. Somado a isso, Manoel sugeria e vendia
remédios que necessitam de uma prescrição assinada por um profissional da Saúde
habilitado para serem comprados (tarja vermelha) sem apresentação de receita,
serviço fiscalizado e regulamentado de acordo com o artigo 54 do capítulo VIII, que
padroniza a dispensação de medicamentos sob controle sanitário especial.
Buscando por material extra, constatou-se também a transgressão da Lei nº 6.437,
de 20 de agosto de 1977, pois segundo ela é proibido a venda de medicamentos
que exigem uma prescrição médica sem a presença dela.
Tais hábitos antiéticos, analisados tanto na reportagem, quanto no caso da
Valentina, ocorrem por conta dos estabelecimentos de venda de medicamentos,
como farmácias, estarem inseridos no comércio, que busca sempre a lucratividade e
produtividade de vendas. Por conseguinte, os funcionários são instruídos apenas
que recebem comissão (valores a mais, e, às vezes maiores que os salários)
quando vendem alguns produtos em específico, sem considerar a necessidade,
vontade ou até mesmo a saúde do consumidor.
Considerando todas as infrações cometidas pelo Manoel, Valentina deve
descumprir a política da farmácia, que incentiva o uso de genéricos e similares e
deixar os paciente saberem que têm uma escolha, promovendo o uso racional de
medicamentos como manda o artigo 10 do capítulo III, seção 2. Além disso, cabe
denunciar o estabelecimento e não ser conivente com tais atos que vão contra os
postulados éticos da profissão farmacêutica, conforme o artigo 17 do capítulo 4,
título II. Dessa maneira, mesmo tendo ciência da possibilidade de demissão, o
correto seria reportar a farmácia pelos seus atos imorais.
Dessa forma podemos concluir que a prática da empurroterapia não se aplica
ao código ético do farmacêutico, que, ao infringir os artigos citados, pode perder a
sua CRF. Pois, de maneira geral, sabemos que é proibido incentivar a venda de
medicamentos desnecessários, apenas para lucro próprio, desrespeitando a saúde
do consumidor.
Abaixo deixamos os artigos que comprovam as Infrações identificadas no
documentário do Fantástico sobre Empurroterapia e no caso da Valentina:
CAPÍTULO IV DA FISCALIZAÇÃO
Art. 16 - É vedado ao fiscal farmacêutico exercer outras atividades
profissionais de farmacêutico, ser responsável técnico ou proprietário ou participar
da sociedade em estabelecimentos farmacêuticos.
CAPÍTULO VIII
Disposições Finais e Transitórias
Art. 54 - O Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia baixará
normas sobre:
a) a padronização do registro do estoque e da venda ou dispensação dos
medicamentos sob controle sanitário especial, atendida a legislação pertinente;
MATERIAL EXTRA
Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977 - Configura infrações à legislação
sanitária federal, estabelece as sanções respectivas, e dá outras providências.
Art. 10 - São infrações sanitárias:
XII - fornecer, vender ou praticar atos de comércio em relação a
medicamentos, drogas e correlatos cuja venda e uso dependam de prescrição
médica, sem observância dessa exigência e contrariando as normas legais e
regulamentares: Pena - advertência, interdição, cancelamento da licença, e/ou
multa.
Referências bibliográficas