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Universidade de São Paulo

Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto

Atividade 1 - Empurroterapia: Caso Código de Ética

Trabalho apresentado à disciplina de


Assistência Farmacêutica sob a
supervisão dos docentes Fabíola Varallo,
Leonardo Pereira e Regina Garcia

Bruno Vinícius Bueno (12231251)


João Victor Alberghini (12607430)
Júlia Gaspari Pulcinelli (11782463)
Manuela Pezzato Toledo Prado (12534269)
Natália Brancaleoni Roxo (12534206)
Sayuri Noemi Otuka (12534280)

Ribeirão Preto
2022
Ao assistir a reportagem do Fantástico sobre Empurroterapia, nota-se que
diversas infrações éticas são cometidas diariamente por alguns profissionais
farmacêuticos. É importante informar a população sobre o Uso Racional de
Medicamentos, uma vez que, sem terem conhecimento sobre, os vendedores se
aproveitam da inocência do consumidor para vender medicamentos de forma
desnecessária. A reportagem aborda essa situação de forma explicativa e
expositiva, para que os telespectadores tenham ciência sobre essa prática e ela não
continue se perpetuando.
Dentre as infrações identificadas, está a coerção ao paciente para ele
comprar medicamentos genéricos ao invés de medicamentos de referência ou
insistir para que ele compre remédios dos quais ele não está precisando no
momento, visando ganhar comissões. Esse fato é comprovado com o Art. 14 ítem
XXVII do Código de Ética Farmacêutico, “submeter-se a fins meramente
mercantilistas que venham a comprometer o seu desempenho técnico, em prejuízo
da sua atividade profissional”.
Além disso, outras infrações seriam forçar a venda de vitaminas C e D
alegando serem eficazes para a prevenção da Covid-19 e divulgar que alguns
medicamentos funcionam apenas em conjunto com outros suplementos vitamínicos.
De acordo com os ítens XXIII e XXXV, também do Art. 14, que relatam sobre a
ilegalidade de “fornecer, dispensar ou permitir que sejam dispensados, sob qualquer
forma, substância, medicamento ou fármaco para uso diverso da indicação para a
qual foi licenciado, salvo quando baseado em evidência ou mediante entendimento
formal com o prescritor” e “divulgar informação sobre temas farmacêuticos de
conteúdo inverídico, sensacionalista, promocional ou que contrarie a legislação
vigente”.
Já no caso da Valentina, o ocorrido foi semelhante ao caso da
Empurroterapia, pois o farmacêutico Manoel raramente questionava os pacientes
sobre qual o tipo de medicamento eles preferiam (genérico, similar ou referência),
visto que o lucro é muito maior na venda dos medicamentos genéricos. De acordo
com o Art. ítem XXVII do Código de Ética Farmacêutico, já citado acima, priorizar os
ganhos econômicos em detrimento da boa prática da profissão farmacêutica é uma
atitude totalmente antiética e desumana. Somado a isso, Manoel sugeria e vendia
remédios que necessitam de uma prescrição assinada por um profissional da Saúde
habilitado para serem comprados (tarja vermelha) sem apresentação de receita,
serviço fiscalizado e regulamentado de acordo com o artigo 54 do capítulo VIII, que
padroniza a dispensação de medicamentos sob controle sanitário especial.
Buscando por material extra, constatou-se também a transgressão da Lei nº 6.437,
de 20 de agosto de 1977, pois segundo ela é proibido a venda de medicamentos
que exigem uma prescrição médica sem a presença dela.
Tais hábitos antiéticos, analisados tanto na reportagem, quanto no caso da
Valentina, ocorrem por conta dos estabelecimentos de venda de medicamentos,
como farmácias, estarem inseridos no comércio, que busca sempre a lucratividade e
produtividade de vendas. Por conseguinte, os funcionários são instruídos apenas
que recebem comissão (valores a mais, e, às vezes maiores que os salários)
quando vendem alguns produtos em específico, sem considerar a necessidade,
vontade ou até mesmo a saúde do consumidor.
Considerando todas as infrações cometidas pelo Manoel, Valentina deve
descumprir a política da farmácia, que incentiva o uso de genéricos e similares e
deixar os paciente saberem que têm uma escolha, promovendo o uso racional de
medicamentos como manda o artigo 10 do capítulo III, seção 2. Além disso, cabe
denunciar o estabelecimento e não ser conivente com tais atos que vão contra os
postulados éticos da profissão farmacêutica, conforme o artigo 17 do capítulo 4,
título II. Dessa maneira, mesmo tendo ciência da possibilidade de demissão, o
correto seria reportar a farmácia pelos seus atos imorais.
Dessa forma podemos concluir que a prática da empurroterapia não se aplica
ao código ético do farmacêutico, que, ao infringir os artigos citados, pode perder a
sua CRF. Pois, de maneira geral, sabemos que é proibido incentivar a venda de
medicamentos desnecessários, apenas para lucro próprio, desrespeitando a saúde
do consumidor.
Abaixo deixamos os artigos que comprovam as Infrações identificadas no
documentário do Fantástico sobre Empurroterapia e no caso da Valentina:

CAPÍTULO III - DOS ESTABELECIMENTOS FARMACÊUTICOS


Seção II - Das Responsabilidades
Art. 10 - O farmacêutico e o proprietário dos estabelecimentos farmacêuticos
agirão sempre solidariamente, realizando todos os esforços para promover o uso
racional de medicamentos.
Art. 11 - O proprietário da farmácia não poderá desautorizar ou desconsiderar
as orientações técnicas emitidas pelo farmacêutico. Parágrafo único - É
responsabilidade do estabelecimento farmacêutico fornecer condições adequadas
ao perfeito desenvolvimento das atividades profissionais do farmacêutico.
Art. 13 - Obriga-se o farmacêutico, no exercício de suas atividades, a:
III - proceder ao acompanhamento farmacoterapêutico de pacientes,
internados ou não, em estabelecimentos hospitalares ou ambulatoriais, de natureza
pública ou privada;
IV - estabelecer protocolos de vigilância farmacológica de medicamentos,
produtos farmacêuticos e correlatos, visando a assegurar o seu uso racionalizado, a
sua segurança e a sua eficácia terapêutica;
VI - prestar orientação farmacêutica, com vistas a esclarecer ao paciente a
relação benefício e risco, a conservação e a utilização de fármacos e medicamentos
inerentes à terapia, bem como as suas interações medicamentosas e a importância
do seu correto manuseio.
Art. 14 - Cabe ao farmacêutico, na dispensação de medicamentos, visando a
garantir a eficácia e a segurança da terapêutica prescrita, observar os aspectos
técnicos e legais do receituário.

CAPÍTULO IV DA FISCALIZAÇÃO
Art. 16 - É vedado ao fiscal farmacêutico exercer outras atividades
profissionais de farmacêutico, ser responsável técnico ou proprietário ou participar
da sociedade em estabelecimentos farmacêuticos.

TÍTULO I Do Exercício Profissional


CAPÍTULO I Dos Princípios Fundamentais
Art. 8º - A profissão farmacêutica, em qualquer circunstância, não pode ser
exercida sobrepondo-se à promoção, prevenção e recuperação da saúde e com fins
meramente comerciais.
Art. 9º - O trabalho do farmacêutico deve ser exercido com autonomia técnica
e sem a inadequada interferência de terceiros, tampouco com objetivo meramente
de lucro, finalidade política, religiosa ou outra forma de exploração em desfavor da
sociedade.
Art. 6º - O farmacêutico deve zelar pelo desempenho ético, mantendo o
prestígio e o elevado conceito de sua profissão.

CAPÍTULO II Dos Direitos


Art. 11 – É direito do farmacêutico:
II - interagir com o profissional prescritor, quando necessário, para garantir a
segurança e a eficácia da terapêutica, observado o uso racional de medicamentos;

CAPÍTULO III Dos Deveres


Art. 12 - O farmacêutico, durante o tempo em que permanecer inscrito em um
Conselho Regional de Farmácia, independentemente de estar ou não no exercício
efetivo da profissão, deve:
III - exercer a profissão farmacêutica respeitando os atos, as diretrizes, as
normas técnicas e a legislação vigentes;
IV - respeitar o direito de decisão do usuário sobre seu tratamento, sua
própria saúde e bem-estar, excetuando-se aquele que, mediante laudo médico ou
determinação judicial, for considerado incapaz de discernir sobre opções de
tratamento ou decidir sobre sua própria saúde e bemestar;

CAPÍTULO IV Das Proibições


Art. 14 - É proibido ao farmacêutico:
IV - praticar ato profissional que cause dano material, físico, moral ou
psicológico, que possa ser caracterizado como imperícia, negligência ou
imprudência;
VI - realizar ou participar de atos fraudulentos em qualquer área da profissão
farmacêutica;
XXIII - fornecer, dispensar ou permitir que sejam dispensados, sob qualquer
forma, substância, medicamento ou fármaco para uso diverso da indicação para a
qual foi licenciado, salvo quando baseado em evidência ou mediante entendimento
formal com o prescritor;
XXIV - exercer atividade no âmbito da profissão farmacêutica em interação
com outras profissões, concedendo vantagem ou não aos demais profissionais
habilitados para direcionamento de usuário, visando ao interesse econômico e
ferindo o direito deste de escolher livremente o serviço e o profissional;
XXVII - submeter-se a fins meramente mercantilistas que venham a
comprometer o seu desempenho técnico, em prejuízo da sua atividade profissional;
XXIX - utilizar-se de conhecimentos da profissão com a finalidade de cometer
ou favorecer atos ilícitos de qualquer espécie;
XXXV - divulgar informação sobre temas farmacêuticos de conteúdo
inverídico, sensacionalista, promocional ou que contrarie a legislação vigente;

TÍTULO II Das Relações Profissionais


Art. 17 - O farmacêutico, perante seus pares e demais profissionais da equipe
de saúde, deve comprometer-se a:
VII - denunciar atos que contrariem os postulados éticos da profissão;

TÍTULO III Das Relações com os Conselhos Federal e Regionais de


Farmácia
Art. 18 - Na relação com os Conselhos, obriga-se o farmacêutico a:
III - comunicar ao Conselho Regional de Farmácia em que estiver inscrito toda
e qualquer conduta ilegal ou antiética que observar na prática profissional;

CAPÍTULO VIII
Disposições Finais e Transitórias
Art. 54 - O Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia baixará
normas sobre:
a) a padronização do registro do estoque e da venda ou dispensação dos
medicamentos sob controle sanitário especial, atendida a legislação pertinente;
MATERIAL EXTRA
Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977 - Configura infrações à legislação
sanitária federal, estabelece as sanções respectivas, e dá outras providências.
Art. 10 - São infrações sanitárias:
XII - fornecer, vender ou praticar atos de comércio em relação a
medicamentos, drogas e correlatos cuja venda e uso dependam de prescrição
médica, sem observância dessa exigência e contrariando as normas legais e
regulamentares: Pena - advertência, interdição, cancelamento da licença, e/ou
multa.

Referências bibliográficas

CÓDIGO DE ÉTICA FARMACÊUTICA, 5a ed. São Paulo: LTDA, 2020.

CÓDIGO DE ÉTICA FARMACÊUTICA, edição comentada. São Paulo: LTDA,


2016.

Lei n° 6.437, de 20 de agosto de 1977. Brasília: Portal da Legislação - Planalto.


Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6437.htm>. Acesso em 23
mar. 2022.

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