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Corpos sadios, corpos doentes – Mark Mazower

Dez Mandamentos para a escolha do cônjuge (Manual da família alemã)


Saúde e felicidade doméstica não eram mais uma questão individual

A ideia de que o Estado tinha de interferir na vida privada para mostrar às pessoas como
deviam viver percorria o espectro político da Europa do entreguerras

O Estado incentivou e exortou as pessoas a ter mais filhos, ao mesmo tempo que desencorajou
e criminalizou o aborto e a contracepção.

O desenvolvimento da política social também teve um lado mais sombrio: salvaguardar a


“qualidade” e a quantidade do estoque humano da nação – como recomendavam médicos,
cientistas e políticos – implicava reduzir os perigos que ameaçavam a saúde pública.

Indivíduos física e mentalmente enfermos, delinquentes juvenis, cidadãos considerados


sexualmente promíscuos também eram vistos como ameaça à estabilidade familiar e à ordem
pública.

O terceiro Reich conjugou antisemitismo biológico com aparelho estatal eficientre para
produzir a forma mais moderna desse tipo de Estado assistencial racial

A Alemanha de Hitler menos excepcional e mais próxima da principal tendencia do


pensamento europeu do que se imaginava.

8 milhões de homens perderam a vida na Primeira Guerra mundial


Outros conflitos e doenças – totalizam 13 milhões
A França perdeu 10% da população masculina ativa

Mudanças nos papéis de gênero


As viúvas de guerra

O Estado reconhece que, com sua vida no recesso do lar, a mulher proporciona ao Estado um
esteio sem o qual não se pode alcançar o bem comum” Constituição alemã de 1937

A mulher solteira trabalhadora era enxergada como egoísta


A forma heróica da vida cotidiana encarnada pela esposa e mãe
A maternidade é o patriotismo das mulheres – propaganda fascista

Ideologia da maternidade na Europa

A crescente importância dos exércitos de conscrição obrigatória converteu o tamanho e a


saúde da população de um país em questão de segurança militar e nacional

O governo nazista aprovou lei contra a contracepção e restringindo o aborto.


“O bem estar geral do Estado deve ter precedência sobre os sentimentos das mulheres” dizia a
lei.
Mussolini ordenou às líderes das organizações femininas fascistas “Agora vão e digam às
mulheres que preciso que ponham filhos no mundo!”

Os franceses e os italianos distribuíam medalhas para as mulheres que tivessem grande


quantidade de filhos

Iniciava-se o maternalismo nas escolas com as disciplinas “femininas” como “puericultura” e


“economia doméstica”

1936 – o aborto foi criminalizado na URSS, como já havia sido em grande parta d Europa.
Importante destacar que os países católicos sempre condenaram o aborto, porém no período
entreguerras adotaram uma política ainda mais repressiva graças à intervenção do Vaticano

Em toda a Europa os desejos do Estado e os das mulheres estavam longe de coincidir

Na Alemanha ocorriam 800 mil abortos anualmente. Ou seja, o aborto acontecia, as leis não
o barraram apenas o tornaram mais difícil e mais arriscado.
A França baniu a venda e propaganda de contraceptivos em 1920

O governo fascista decidira cobrar imposto dos solteiros.


O estado enfatizava a ideia de “dever” e “responsabilidade” na questão dos filhos.

A esquerda, tanto quanto a direita, acreditava que a “família era a unidade social, natural,
primária e fundamental”

E a saúde fa família estava estreitamente relacionada às condições de vida nas construções que
a rodeavam.
As casas, os edifícios e a própria cidade converteram-se em laboratórios para novas
formas de vida “aprimoradas e mais saudáveis”.
Obsessão pelo sol e pela boa forma física – prática de esportes.

O Estado – de forma geral – do entreguerras justificou suas intervenções na vida privada


apelando para noções de profissionalismo, de conhecimento científico e competência
apolítica.

As ambiguidades desse tipo de abordagem eram mais evidentes entre os especialistas em


eugenia – gente que, tanto na esquerda como na direita, acreditava na possibilidade de
produzir seres humanos MELHORES mediante uma política social adequada.

HAVIA OS QUE INSISTIAM EM MEDIDAS NEGATIVAS, COMO ESTERILIZAÇÃO, E OS QUE


DEFENDIAM ESTRATÉGIAS POSITIVIAS PARA APRIMORAR A BOA FORMA FÍSICA, A NUTRIÇÃO
E A SAÚDE PÚBLICA, ACREDITANDO QUE AR PURO, EXERCÍCIOS CONSTANTES E BANHOS DE
SOLA EVITARIAM O DECLINIO RACIAL.
O cinema representava uma influencia perniciosa, condena pela igreja e por políticos
conservadores.
Em todo o continente o caráter modernista da década de 1920 (internacionalista, mecanizado)
cedia lugar na artes a uma preocupação mais nacionalista com o orgânico e com uma vida mais
ligada à natureza.
Mesmo na Itália que criara o futurismo, mas na década de 1930 vai abraçar o
classicismo, a história e a terra.

Aos olhos dos Estados-nação decididos a lutar por seu lugar no mundo, as cidades eram
indispensáveis, ainda que perigososas para a saúde e a força nacional

O autor chama a atenção para as demonstrações de coletividade. Grandes concentrações de


pessoas em manifestações, em jogos esportivos. Exaltação da forma físicas

Era função do estado tanto promover o corpo sadio como impedir a contaminação pelos
corpos doentes.

Os especialistas da Eugenia insistiam para que o Estado agisse no sentido de impedir a


reprodução dos racialmente inferiores

Na Inglaterra ANTES AINDA DE 1914 o governo analisou o problema do que chamou de


“débeis mentais”
Em 1913 foi aprovada uma lei determinando a internação dos “deficientes mentais” em
instituições especiais a fim de evitar que tivessem filhos.

MULHERES JOVENS QUE DE UM MODO OU DE OUTRO AMEAÇAVAM AS NORMAS SOCIAIS


VIGENTES CORRIAM O RISCO DE SER CAPTURADAS AO MENOR PRETEXTO – POR
DETERMINAÇÃO DO PAI, DO MARIDO, DO MÉDICO OU DO PATRÃO – E MANTIDAS DURANTE
ANOS ENTRE AUTÊNTICOS PORTADORES DE PROBLEMAS MENTAIS.

A solução britânica de manter as pessoas em asilos, era um meio custoso.


A solução mais barata era a ESTERELIZAÇÃO (Alemanha, países da Escandinávia e alguns
Estados dos EUA).
Na Inglaterra não teve adesão
Na Alemanha teve largo espaço
1939 o regime passou da ESTERILIZAÇÃO AO EXTERMÍNIO EM MASSA EM ASILOS E
CLÍNICAS

Antes de 1933 o Estado alemão já demonstrava capacidade de organizar políticas sociais


repressivas. Na Bavaria, ciganos, viajantes, vagabundos eram caçados.

A nautrreza racial do Estado do bem estar nazista visava sobretudo a todos os judeus do país,
que foram gradativimanete excluídos da comunidade nacional
1935: as lei de Nuremberg apresentou a definição de judeu e segui com a
CRIMINALIZAÇÃO DAS RELAÇÕES SEXUAIS INTER-RACIAIS E A PROIBIÇÃO DOS CASAMENTOS
MISTOS
A arianização das propriedades pertencentes aos judeus também fazia parte

Uma questão político-ideológica importante: O PENSAMENTO LIBERALISTA CONSIDEROU


APENAS OS DIREITOS DO INDIVÍDUO E PREOCUPOU-SE MAIS COM A PROTEÇÃO DOS
DIREITOS EM FACE DO ESTADO DO QUE COM O BEM ESTAR DA COMUNIDADE. NO
NACIONAL-SOCIALISMO O INDIVÍDUO NÃO CONTA NO QUE CONCERNE À SOCIEDADE”

Essa ideia de darwinismo social está muito forte na época em função do imperialismo, tanto
à direita quanto à esquerda
Os antropólogos alemães que cunharam a política racial da SS na Europa Oriental,
durante a Segunda Guerra Mundial, iniciaram sua carreira com artigos acadêmicos sobre
“mestiçagem” na África e na Ásia coloniais anteriores a 1914

Em poucos países o RACISMO BILÓGICO foi tão importante para a definição de nação como na
Alemanha.
Os italianos eram favoráveis a mestiçagem
Os ingleses estavam mais preocupados com as taxas de natalidade diferentes entre as
classes
Na França definia-se nação por língua e cultura
Nos bálcãs por língua e religião
Mas o terceiro Reich fez escola e movimentos radicais surgem

No período que separa os dois conflitos mundiais, bem-estar social e guerra estavam
intimamente relacionados, e as políticas sociais para aumentar a população e sua saúde
refletiam as ansiedades dos Estados-nação dispostos a se defender

Após Segunda Guerra mundial descobertas genéticas e cientistas politicamente engajados


fizeram essas atititudes do entreguerra serem desacreditadas

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