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A Polícia pode atrasar-se, mas aparece

sempre ”
Manuela Mateus

O comandante da Polícia Nacional no município de Cacuaco, superintendente


Júlio Gomes, defendeu, numa entrevista concedida ao Jornal de Angola, que
não é o número de efectivos, nem de meios, que dá resposta aos problemas
que a população apresenta. Na entrevista, o oficial superior da Polícia, que
desempenha, também, o cargo de delegado do Ministério do Interior no
município de Cacuaco, realçou a importância das estratégias no combate à
criminalidade e lamentou que ainda haja cidadãos que não têm a cultura de
fazer participação à Polícia quando são vítimas de crimes, tendo acentuado
que, entre os cidadãos com esse tipo de conduta, estão moradores da cidade
do Sequele. O superintendente Júlio Gomes falou, também, da importância das
denúncias no combate à criminalidade, defendendo que “os cidadãos devem
agir como polícias uns dos outros”. “Se alguém notar que o vizinho ao lado tem
um comportamento desviante, deve comunicar à Polícia”, recomendou o oficial
superior da Polícia Nacional.

19/05/2024 ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO 09H43

© Fotografia por: Adriano Cahuli | Edições Novembro

Como caracteriza a actual situação operativa do distrito urbano do Sequele,


sobretudo da sua sede, que é a cidade com o mesmo nome?
Caracterizamos como regular. A Polícia tem traçado medidas que respondem
aos anseios dos moradores do distrito urbano do Sequele.

Quais são as principais dificuldades encontradas no terreno pela Polícia,


no âmbito da missão de manter a ordem e a tranquilidade públicas em todo
o distrito urbano do Sequele, em particular na cidade?

Uma das grandes dificuldades que a Polícia encontra no município de Cacuaco


e, em particular, no distrito urbano do Sequele é a falta de participação da
população. Por exemplo, há vítimas de furtos e de outros crimes, ocorridos
naquele território, que não são objecto de nenhuma participação à Polícia. O que
tem acontecido é que a Polícia, através das forças de especialidade no terreno,
nãocolhe informações que a população deveria trazer até à corporação. Temos
ouvido comentários de que a população está agastada com a Polícia, porque,
alega-se, não trabalha e demora a dar resposta às situações que surgem.
Importa explicar que a investigação criminal é um processo, mas as vítimas de
crimes querem que a solução para o problema que participam à Polícia seja no
momento que se quer. Não é assim que funciona nem nos países mais
desenvolvidos. É bom que se faça aqui uma nota: também há cidadãos que,
depois de feita uma participação, numa esquadra policial, simplesmente
esquecem o processo. Um processo deve ser acompanhado, desde a sua
abertura, devendo o lesado conhecer o instrutor processual e saber como deve
acompanhar o processo e como está a decorrer.

O que se deve dizer a um cidadão, desconhecedor da lei, critica a Polícia


depois de tomar conhecimento da libertação de um presumível autor de um
crime?

Desde sempre, trabalhamos de acordo com os preceitos legais. Estamos a falar


de toda a legislação sobre a Justiça Criminal, assim como a relacionada com a
actividade policial. Um cidadão detido, por cometer, supostamente, um furto, por
exemplo, pode ser libertado se o Ministério Público determinar que não há
elementos suficientes para se efectivar a detenção ou a prisão do infractor,
sendo, assim, posto em liberdade. Devemos respeitar aquilo que são os direitos,
liberdades e garantias do cidadão. É isso que a população deve ter em conta.
Também importa referir que, mesmo sendo posto em liberdade, o processo não
está fechado. O processo continua até termos provas suficientes para serem
apresentadas ao Ministério Público e este ordenar a prisão efectiva daquele
cidadão, de acordo com os preceitos legais do Código Penal. Imaginemos que
tenha sido condenado por furto simples, sendo que a moldura penal vai até um
mês. Ele, depois de cumprir um mês [de prisão], é posto em liberdade. Ainda
assim, o lesado pode não ficar satisfeito, pelo facto do cidadão ter sido posto em
liberdade um mês depois. Imaginemos, também, que, por via de uma denúncia,
fizemos a detenção de um cidadão. Se não aparecer no piquete, num espaço de
seis horas, um participante, para fazer a abertura do processo, relatando o facto
relacionado com a denúncia, devemos colocar [o suspeito] em liberdade. E,
quando isso acontece, o que se ouve da população é que, mesmo tendo havido
uma denúncia, a Polícia leva para a esquadra o presumível marginal denunciado,
mas, horas depois, é posto em liberdade. Há cidadãos que, acredito,
desconhecem que devemos respeitar todos os preceitos legais. Por isso é que
quem é vítima de um crime deve deslocar-se até a uma esquadra e fazer uma
participação, para a abertura de um processo criminal. Subsequentemente, são
traçadas medidas para o esclarecimento do crime. E o esclarecimento do crime
que chega ao nosso conhecimento não é nada mais, nada menos que a
detenção do infractor e a apreensão dos meios ou a sua recuperação.

Como avalia a relação de trabalho entre a Polícia e o Ministério Público no


município de Cacuaco?

A relação entre a Polícia e o Ministério Público é uma relação positiva, sendo


prova disso a celeridade processual.

Os meios técnicos e humanos de que a Polícia dispõe, no distrito urbano


do Sequele, estão à altura de assegurar, cabalmente, a cobertura policial
de todo o território?

A esquadra do Sequele tem conseguido dar resposta, com os meios que tem,
aos anseios que a população apresenta. Dizer que os meios são suficientes, não
iria por aí. Se são insuficientes, também não confirmaria. Contudo, posso dizer
que há um equilíbrio. Não podemos trabalhar a pensar que devemos ter, no
mínimo, três mil efectivos, porque o cidadão está habituado a olhar para o lado
esquerdo ou direito e [querer] ver ao seu lado um polícia, para se sentir seguro.
Não é o número de efectivos, nem de meios, que dá resposta aos problemas
que a população apresenta. São as estratégias, traçadas de acordo com os
problemas de que tomamos conhecimento. Por exemplo, o policiamento
[preventivo] tem sido feito de acordo com as informações de que tomamos
conhecimento. Ou seja, é um policiamento orientado pelas informações que são
recolhidas. Quem nos passa esta informação é a comunidade. Quando a
comunidade passa alguma informação, também por via da participação de algum
crime, a Polícia traça um conjunto de medidas, sem descurar os locais que não
são citados numa informação recolhida. Em função de uma informação
recolhida, direccionamos, inicialmente, o Patrulhamento Orientado para o
Problema (POP).

Em função da informação que o senhor comandante tem sobre o número


oficial de habitantes do Distrito Urbano do Sequele, qual é, actualmente, o
rácio polícia-cidadão?

Vou responder a esta pergunta, baseando-me em estudos científicos que


defendem o rácio "um polícia para 250 cidadãos”. Será que é suficiente?
Imaginemos um bairro dividido por quarteirões. Será que eu, como polícia,
consigo controlar um quarteirão, com 250 habitantes? Será que vão ter
problemas ao mesmo tempo? Importa referir que os cidadãos devem agir como
polícias uns dos outros. Se alguém notar que o vizinho ao lado tem um
comportamento desviante, deve comunicar à Polícia.

Quantas viaturas e motorizadas operacionais fazem patrulhamento e como


se desdobram por todos os bairros que compõem o distrito urbano do
Sequele?

Temos disponíveis, dentro do distrito urbano do Sequele, duas viaturas do tipo


turismo e uma do tipo jipe, assim como cinco motorizadas. Nos locais ou bairros
de difícil acesso, a Polícia está também presente. A Polícia desenvolve
patrulhamento auto e apeado. O patrulhamento auto facilita a resposta rápida às
solicitações feitas à Polícia. O patrulhamento apeado é destinado,
principalmente, às zonas suburbanas e de difícil acesso. O número de meios
rolantes é suficiente, porque temos conseguido dar resposta aos problemas das
comunidades.

Apesar do esforço que tem sido feito pela Polícia para inibir a
criminalidade, a população nunca está satisfeita, algo que se pode apurar
em conversas com moradores da cidade do Sequele. Quais são, de uma
forma geral, as críticas e reclamações que chegam ao seu conhecimento
sobre o trabalho policial e qual é o grau de atendimento?

A maioria das críticas e reclamações sobre o trabalho da Polícia é feita por


pessoas que dizem que a Polícia demora a chegar ao local de uma ocorrência;
que, quando se liga para os terminais 111 e 113, a Polícia não atende num curto
espaço de tempo e que, quando se vai para uma esquadra, a fim de se fazer
uma participação, demora-se muito tempo para se ser atendido. Toda a
informação que a Polícia recebe é valorizada e filtrada, para poder dar uma
resposta. Mas temos situações em que se perde muito tempo quando se atende
pessoas que só ligam para gozar com os operadores em serviço, o que é
lamentável. Além dos terminais 111 e 113, nós colocamos, também, à disposição
da população os números de telefone de cada esquadra e do próprio Comando
Municipal de Cacuaco da Polícia Nacional. Os contactos são distribuídos em
forma de cartilha, de onde constam os números de cada esquadra, do Comando
Municipal e dos chefes de proximidade. O cidadão que pensa que a Polícia
demora a chegar deve fazer uma reflexão, perguntando-se: Será que a Polícia
não foi responder a uma outra ocorrência? Embora não chegue, às vezes, em
tempo oportuno, a Polícia sempre aparece.

A qualidade de vida dos cidadãos é medida também por um aspecto que


só pode ser assegurado pela Polícia, que é a garantia do sentimento de
segurança. Que resposta pode dar, com pendor pedagógico, aos
moradores que dizem ter a criminalidade tomado conta da cidade do
Sequele e que a Polícia não tem sido capaz de a controlar?

O apelo que faço é de que devem contar sempre com a Polícia e que devem ser
partícipes das acções policiais, denunciando tudo aquilo que altera a ordem, a
tranquilidade e a segurança no território. Devem estar mais próximos das acções
desenvolvidas pela Polícia. Não devem ficar em silêncio, quando tiverem
conhecimento da ocorrência de um crime, e não podem fazer justiça por mãos
próprias.

Qual é a faixa etária da maioria das pessoas detidas pela Polícia, por
suspeita de cometimento de crimes no distrito urbano do Sequele?

Há menores que entram em conflito com a lei. Esses não podem ficar detidos,
por serem inimputáveis. Temos conhecimento de casos de menores utilizados
por adultos, de quem recebem instruções de como utilizar o corpo franzino que
têm para entrarem, por exemplo, em frestas de gradeamentos colocados em
varandas e janelas. Quando se trata de menores [de 16 anos], a Polícia trabalha
com o Julgado de Menores, por serem inimputáveis. São recolhidos e os pais
notificados, para assinarem um termo de responsabilidade e compromisso. Se o
filho voltar a entrar em conflito com a lei, o pai pode ser investigado e,
provavelmente, indiciado, se houver a suspeição de que tenha sido ele a orientar
o filho a cometer um acto reprovável. Já tivemos situações de pais que
orientaram filhos a cometerem crimes. Situações envolvendo pais que dizem
algo do tipo: "Vá ao sítio tal, retire aquilo e traga para casa”. É triste, mas é uma
realidade, aqui, no município de Cacuaco. Nós, a nível criminal, devemos ver
que criminoso não é só aquele que comete a acção. Aquele que dá cobertura
também é criminoso. Temos o criminoso activo e o criminoso passivo. Se o
responsável por um menor não questionar onde o seu educando tirou um
determinado objecto que levou para casa e, ainda assim, faz uso do mesmo
objecto, é claro que é conivente. A Polícia, no âmbito da sua actividade, pode
proceder à detenção de um cidadão que não consiga declarar ou esclarecer a
proveniência de um meio que é encontrado na sua residência. Face ao tipo de
meio ou à relevância que esse meio tem, o cidadão é apresentado ao Ministério
Público.

Quais são os crimes registados frequentemente pela Polícia no distrito


urbano do Sequele, em particular na cidade do Sequele?

Os crimes que acontecem no distrito urbano do Sequele, conforme a estatística,


não são crimes considerados relevantes. Quando dizemos "crimes considerados
relevantes”, estamos a falar de crimes cometidos com recurso à arma de fogo e
que levam a vida. Moradores dos blocos três e nove da cidade do Sequele estão
entre os que mais apresentam reclamações, sendo que algumas das
reclamações estão relacionadas com a existência de algumas cifras criminais,
envolvendo consumo de drogas e condutas anti-sociais associadas ao consumo
de bebidas alcoólicas. Temos trabalhado com as comissões de moradores e com
as autoridades tradicionais, no âmbito do policiamento de proximidade. Aos
sábados, é realizado um encontro com as comunidades, com o objectivo da
Polícia inteirar-se do que se passa de concreto dentro daquela localidade. O
policiamento de proximidade é a aproximação do polícia ao cidadão, o que
facilita o seu trabalho e a tranquilidade naqueles locais que podem ser alvo de
crimes. No município de Cacuaco, a Polícia desenvolve programas como
"Comunidade Segura”, "Comércio Seguro” e "Praia Segura”. A Polícia vai ao
encontro das comunidades, porque, o que me parece, há cidadãos que têm
medo ou têm aquela imagem de que o polícia é um monstro. Devemos ter em
atenção que o polícia representa a paz e que, onde há um polícia, o cidadão
deve sentir-se em paz e seguro. A figura do polícia é a representação da paz
numa determinada comunidade.

Há uma base de dados com informações de pessoas que já foram detidas


pela Polícia, para facilitar o combate e o controlo da criminalidade, no
âmbito do trabalho de inteligência policial?

Temos, sim, uma base de registo. Os elementos que já tiveram passagem pela
Polícia estão cadastrados, sendo que esta informação é partilhada a nível da
província. Se alguém cometer uma acção num outro município ou província, é
feito o levantamento no sistema e, se for constatado que o mesmo é reincidente,
a moldura penal pode ser agravada.

A taxa de reincidência é alta?

A taxa de reincidência criminal no município de Cacuaco é variável. Digo


"variável” porque existem elementos que, aqui [em Cacuaco], já não cometem
acções criminosas, mas fazem-no noutros sítios.

O que nos pode revelar sobre o consumo e tráfico de droga e a sua relação
com a criminalidade registada no distrito urbano do Sequele?

O consumo de drogas, no distrito urbano do Sequele, é um dos factores para o


cometimento de crimes. Mas, no distrito urbano do Sequele, não temos registado
a comercialização e consumo de drogas pesadas, como cocaína e haxixe.

O município de Cacuaco é, possivelmente, o mais populoso da província


de Luanda. Como avalia a cobertura policial que é feita em todo o município
de Cacuaco?

O município de Cacuaco tem cinco distritos e todos têm esquadras policiais.


Quais são os bairros do município de Cacuaco que têm merecido maior
atenção da Polícia Nacional, por serem, digamos assim, os mais
problemáticos em matéria de segurança pública?

Todos os bairros merecem maior atenção por parte da Polícia. Existem, sim,
bairros com ocorrências criminais, como em toda a parte do mundo. Em
Cacuaco, existem bairros em que, no passado, não se podia entrar, como o
Paraíso, Belo Monte e Mulenvos de Baixo. Hoje em dia, estaríamos a errar se
falássemos que o município de Cacuaco tem algum bairro perigoso. Se forem
fazer uma radiografia destes locais, falem mesmo com os moradores, para
confirmarem o que digo. Pode ser que alguns moradores digam que precisam
de [mais] polícias, alegando que o crime está a aumentar. Existem alguns que
querem lá a Polícia constantemente e são estes que podem dizer-vos que o
crime está a aumentar, para receberem uma atenção diferente. Importa dizer
que nenhuma informação é ignorada. Toda a informação é analisada para que,
com base nisso, as nossas forças entrem para o terreno, a fim de aferirem a
veracidade. O município de Cacuaco, numa avaliação genérica sobre questões
de segurança, é considerado estável.

Uma alta patente da Polícia de Segurança Pública (PSP) portuguesa chegou


a afirmar o seguinte, num debate sobre a segurança pública em Portugal:
"O que dá segurança não é a esquadra, mas, sim, os agentes na rua”.
Concorda com esta posição?

Concordo com este ponto de vista. É como já expliquei, anteriormente. Não é,


por exemplo, o número de esquadras móveis que dá resposta aos problemas
das comunidades. Se estiver um polícia num determinado ponto, qualquer
cidadão fica com a certeza de estar seguro, uma vez que o polícia está em
condições de dar resposta rápida a situações que surgirem ali. Então, a presença
policial dá resposta, sim, aos anseios que a comunidade apresenta e é
considerada um factor de prevenção.

O município de Cacuaco está bem servido de esquadras móveis?


No município de Cacuaco não há esquadras móveis. Sinto-me sempre na
obrigação de explicar. Qual é o conceito de esquadra móvel? A esquadra móvel
deve ser colocada onde se registam, com frequência, crimes ou onde há um
aumento das cifras criminais. Se uma esquadra móvel for colocada, por exemplo,
na sede do município de Cacuaco, tem de ser, mais tarde, transferida para um
outro ponto, depois da situação estar controlada. Este é o conceito de esquadra
móvel. Mas a população não olha desta forma. A população quer que a esquadra
móvel esteja lá como fixa. [Já] tivemos nos municípios [da província de Luanda]
muitas esquadras móveis. Estamos a falar de despesas. Se houver, em todos
os municípios, muitas esquadras móveis, precisaremos de recursos humanos. E
não temos recursos humanos suficientes para cobrir todas as esquadras móveis.
O que nós adoptamos é o patrulhamento apeado no interior das comunidades
ou dos bairros. Eu deixo de ter um polícia fixo numa área porque tem que
patrulhar um raio de acção. É este o nosso modelo de trabalho.

Gostaria que nos fornecesse o balanço da criminalidade registada no


distrito urbano do Sequele, assim como em todo o município de Cacuaco,
no primeiro trimestre deste ano e no período homólogo de 2023.

Trabalhamos com base em comparações, uma vez que a estatística é que nos
guia. Fazendo uma comparação entre o balanço do primeiro trimestre de 2023 e
o de 2024, posso dizer-vos que houve uma redução significativa do índice de
criminalidade. Os crimes com relevância conheceram uma redução significativa.
Os crimes com relevância, como já disse, são aqueles cometidos com recursos
a armas de fogo. Ou seja, os crimes de tamanha relevância que amedrontam a
comunidade estão em redução, no município de Cacuaco. No rol de crimes
registados estão alguns crimes passionais e violência doméstica. Temos
trabalhado sempre para reduzir ao máximo a criminalidade. É impossível eliminar
a criminalidade. Mas temos estado a reduzir. Aproveito a ocasião para pedir à
comunidade que colabore mais com a Polícia, porque a corporação precisa da
colaboração de toda a sociedade.

Quantas gangues existem no município de Cacuaco?

No verdadeiro sentido da palavra, não temos gangues no município de Cacuaco.


Temos, sim, elementos que se juntam, em número de dois ou três, para a
realização de assaltos. Temos o controlo destes potenciais marginais. Tanto é
assim que alguns já se encontram na Cadeia de Viana. Temos mantido encontro
com aqueles que querem sair do mundo da criminalidade. Os que querem sair
da criminalidade precisam de ser acompanhados. E o nosso acompanhamento
é feito por via do contacto permanente com eles. Aqui, no município de Cacuaco,
sentimos que temos o controlo de determinados potenciais marginais. Devemos
acompanhar, milimetricamente, esses elementos. Há casos de marginais que
saem da cadeia ainda mais com apetência de querer fazer mais do que aquilo
que já faziam. Tem havido um acompanhamento policial dos elementos que são
soltos. Temos, por exemplo, o controlo das residências e de alguns pontos que
frequentam. É assim que a Polícia consegue ter o controlo, não na generalidade,
mas de forma parcial.

Existe alguma articulação entre a Polícia e o Serviço de Fiscalização, no


combate à venda desordenada e em lugares impróprios?

A Polícia é chamada para aqueles locais onde há desordem, porque é seu papel
garantir e manter a ordem, assim como a repor quando há alterações. Nos locais
com venda desordenada, o trabalho de organização é desenvolvido pelo Serviço
de Fiscalização. Quando o Serviço de Fiscalização desenvolve a sua actividade,
tem havido, às vezes, uma resistência por parte de vendedoras que vendem em
locais impróprios. Já tivemos cenários do género, de agressão a fiscais feita pela
população. Para a salvaguarda da integridade física dos fiscais, a Polícia tem
estado presente para garantir que os fiscais façam o seu trabalho de forma
segura.

O que nos pode dizer sobre o trabalho desenvolvido pelo Serviço de


Protecção Civil e Bombeiros no município de Cacuaco, em particular no
distrito urbano do Sequele?

O Serviço de Protecção Civil e Bombeiros tem um destacamento na cidade do


Sequele, que tem conseguido dar respostas às situações diversas de que tem
tomado conhecimento. Está equipado e preparado para dar respostas às
solicitações que recebe. Tem os meios para extinção de incêndios e para
abertura de portas. Na cidade do Sequele, há moradores que têm o hábito de
deixar portas trancadas com crianças sozinhas no interior. No município de
Cacuaco, o Serviço de Protecção Civil e Bombeiros está, também, presente na
orla marítima, no âmbito do programa "Praia Segura”, porque muita gente se
faz ao mar.

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