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A Polícia Pode Atrasar
A Polícia Pode Atrasar
sempre ”
Manuela Mateus
A esquadra do Sequele tem conseguido dar resposta, com os meios que tem,
aos anseios que a população apresenta. Dizer que os meios são suficientes, não
iria por aí. Se são insuficientes, também não confirmaria. Contudo, posso dizer
que há um equilíbrio. Não podemos trabalhar a pensar que devemos ter, no
mínimo, três mil efectivos, porque o cidadão está habituado a olhar para o lado
esquerdo ou direito e [querer] ver ao seu lado um polícia, para se sentir seguro.
Não é o número de efectivos, nem de meios, que dá resposta aos problemas
que a população apresenta. São as estratégias, traçadas de acordo com os
problemas de que tomamos conhecimento. Por exemplo, o policiamento
[preventivo] tem sido feito de acordo com as informações de que tomamos
conhecimento. Ou seja, é um policiamento orientado pelas informações que são
recolhidas. Quem nos passa esta informação é a comunidade. Quando a
comunidade passa alguma informação, também por via da participação de algum
crime, a Polícia traça um conjunto de medidas, sem descurar os locais que não
são citados numa informação recolhida. Em função de uma informação
recolhida, direccionamos, inicialmente, o Patrulhamento Orientado para o
Problema (POP).
Apesar do esforço que tem sido feito pela Polícia para inibir a
criminalidade, a população nunca está satisfeita, algo que se pode apurar
em conversas com moradores da cidade do Sequele. Quais são, de uma
forma geral, as críticas e reclamações que chegam ao seu conhecimento
sobre o trabalho policial e qual é o grau de atendimento?
O apelo que faço é de que devem contar sempre com a Polícia e que devem ser
partícipes das acções policiais, denunciando tudo aquilo que altera a ordem, a
tranquilidade e a segurança no território. Devem estar mais próximos das acções
desenvolvidas pela Polícia. Não devem ficar em silêncio, quando tiverem
conhecimento da ocorrência de um crime, e não podem fazer justiça por mãos
próprias.
Qual é a faixa etária da maioria das pessoas detidas pela Polícia, por
suspeita de cometimento de crimes no distrito urbano do Sequele?
Há menores que entram em conflito com a lei. Esses não podem ficar detidos,
por serem inimputáveis. Temos conhecimento de casos de menores utilizados
por adultos, de quem recebem instruções de como utilizar o corpo franzino que
têm para entrarem, por exemplo, em frestas de gradeamentos colocados em
varandas e janelas. Quando se trata de menores [de 16 anos], a Polícia trabalha
com o Julgado de Menores, por serem inimputáveis. São recolhidos e os pais
notificados, para assinarem um termo de responsabilidade e compromisso. Se o
filho voltar a entrar em conflito com a lei, o pai pode ser investigado e,
provavelmente, indiciado, se houver a suspeição de que tenha sido ele a orientar
o filho a cometer um acto reprovável. Já tivemos situações de pais que
orientaram filhos a cometerem crimes. Situações envolvendo pais que dizem
algo do tipo: "Vá ao sítio tal, retire aquilo e traga para casa”. É triste, mas é uma
realidade, aqui, no município de Cacuaco. Nós, a nível criminal, devemos ver
que criminoso não é só aquele que comete a acção. Aquele que dá cobertura
também é criminoso. Temos o criminoso activo e o criminoso passivo. Se o
responsável por um menor não questionar onde o seu educando tirou um
determinado objecto que levou para casa e, ainda assim, faz uso do mesmo
objecto, é claro que é conivente. A Polícia, no âmbito da sua actividade, pode
proceder à detenção de um cidadão que não consiga declarar ou esclarecer a
proveniência de um meio que é encontrado na sua residência. Face ao tipo de
meio ou à relevância que esse meio tem, o cidadão é apresentado ao Ministério
Público.
Temos, sim, uma base de registo. Os elementos que já tiveram passagem pela
Polícia estão cadastrados, sendo que esta informação é partilhada a nível da
província. Se alguém cometer uma acção num outro município ou província, é
feito o levantamento no sistema e, se for constatado que o mesmo é reincidente,
a moldura penal pode ser agravada.
O que nos pode revelar sobre o consumo e tráfico de droga e a sua relação
com a criminalidade registada no distrito urbano do Sequele?
Todos os bairros merecem maior atenção por parte da Polícia. Existem, sim,
bairros com ocorrências criminais, como em toda a parte do mundo. Em
Cacuaco, existem bairros em que, no passado, não se podia entrar, como o
Paraíso, Belo Monte e Mulenvos de Baixo. Hoje em dia, estaríamos a errar se
falássemos que o município de Cacuaco tem algum bairro perigoso. Se forem
fazer uma radiografia destes locais, falem mesmo com os moradores, para
confirmarem o que digo. Pode ser que alguns moradores digam que precisam
de [mais] polícias, alegando que o crime está a aumentar. Existem alguns que
querem lá a Polícia constantemente e são estes que podem dizer-vos que o
crime está a aumentar, para receberem uma atenção diferente. Importa dizer
que nenhuma informação é ignorada. Toda a informação é analisada para que,
com base nisso, as nossas forças entrem para o terreno, a fim de aferirem a
veracidade. O município de Cacuaco, numa avaliação genérica sobre questões
de segurança, é considerado estável.
Trabalhamos com base em comparações, uma vez que a estatística é que nos
guia. Fazendo uma comparação entre o balanço do primeiro trimestre de 2023 e
o de 2024, posso dizer-vos que houve uma redução significativa do índice de
criminalidade. Os crimes com relevância conheceram uma redução significativa.
Os crimes com relevância, como já disse, são aqueles cometidos com recursos
a armas de fogo. Ou seja, os crimes de tamanha relevância que amedrontam a
comunidade estão em redução, no município de Cacuaco. No rol de crimes
registados estão alguns crimes passionais e violência doméstica. Temos
trabalhado sempre para reduzir ao máximo a criminalidade. É impossível eliminar
a criminalidade. Mas temos estado a reduzir. Aproveito a ocasião para pedir à
comunidade que colabore mais com a Polícia, porque a corporação precisa da
colaboração de toda a sociedade.
A Polícia é chamada para aqueles locais onde há desordem, porque é seu papel
garantir e manter a ordem, assim como a repor quando há alterações. Nos locais
com venda desordenada, o trabalho de organização é desenvolvido pelo Serviço
de Fiscalização. Quando o Serviço de Fiscalização desenvolve a sua actividade,
tem havido, às vezes, uma resistência por parte de vendedoras que vendem em
locais impróprios. Já tivemos cenários do género, de agressão a fiscais feita pela
população. Para a salvaguarda da integridade física dos fiscais, a Polícia tem
estado presente para garantir que os fiscais façam o seu trabalho de forma
segura.