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Câncer de Colo Uterino/Cervical

Câncer de Colo Uterino/Cervical

Curso de Enfermagem na Saúde da Mulher


Assistência Ginecológica

Professora: Elaine Abidoral

2024
Câncer de Colo Uterino

No Brasil, excluídos os de tumores de pele não melanoma, o câncer do


colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres.
Para cada ano do triênio 2023-2025 foram estimados 17.010 casos
novos, o que representa uma taxa bruta de incidência de 15,38 casos
a cada 100 mil mulheres (INCA, 2022).
Câncer de colo Uterino/ Cervical
A estratégia global proposta pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) para acelerar a eliminação da doença como
problema de saúde pública inclui as seguintes metas, que devem
ser alcançadas até 2030:
• 90% das meninas totalmente vacinadas contra HPV aos 15
anos;
• 70% das mulheres submetidas a um teste de rastreamento de
alta performance aos 35 e aos 45 anos;
• 90% das mulheres identificadas com lesões precursoras de
câncer, recebendo tratamento.
Útero

◼ O útero é um órgão pertencente ao aparelho reprodutor feminino e


é situado no abdome inferior, na frente do reto e por trás da bexiga.

O útero é dividido em duas partes:

◼ Corpo – Porção do útero que se situa dentro da cavidade pélvica; e

◼ Colo – Trata-se da porção mais inferior do útero que se localiza


dentro do canal vaginal.
Colo Uterino / Histologia

Tr

Ectoc(ext)
Epitélio
Escamoso
Endocérvice
Epitélio Glandular
(muco)
Junção Escamo Colunar - JEC

◼ JEC –Junção escamocolunar – É o ponto de transição entre a ectocérvice


e endocérvice. Cerca de 90% dos casos de câncer de colo uterino iniciam-
se neste local.

◼ É importante mencionar que a junção escamocolunar muda de lugar de


acordo com a situação hormonal da mulher

◼ Na infância e no período pós-menopausa, geralmente, a junção


escamocolunar encontra-se dentro do canal cervical;

◼ Vida reprodutiva da mulher, a junção escamocolunar encontra-se no nível


do orifício externo ou mesmo fora desse.( Presença Metaplasia/ectopia) –
ferida no colo)
Colo Uterino/Cervical

OI

O
E
Junção Escamo Colunar ( JEC)
É a região de Transição dos dois tipos de epitélio

ZT(região)
Obstrução glandulas
Cisto de naboth
Câncer de Colo Uterino/Cervical

É uma neoplasia maligna, localizada no epitélio da cérvice uterina,

originada de alterações celulares que apresentam atipias


progressivamente maiores. Elas evoluem de modo imperceptível,

terminando no carcinoma cervical invasor em 10 ou 20 anos.


Câncer de Colo Uterino/Cervical

◼ O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é


causado pela infecção persistente por alguns tipos papilomavírus
humano, chamados de tipos oncogênicos , além da influência de
outros fatores para iniciar as alterações celulares. O HPV é
considerado um fator necessário, mas não suficiente para o
desenvolvimento do câncer do colo do útero;

◼ Os principais tipos histológicos são: o carcinoma epidermoide,


tipo mais comum e que acomete o epitélio escamoso (representa de
80% a 85% dos casos) e o adenocarcinoma, tipo mais raro e que
acomete o epitélio glandular (cerca de 10% a 25% dos casos).
Câncer de Colo Uterino/Cervical
É o único tipo de câncer que a prevenção é uma realidade

◼ É o câncer de > potencial de cura

◼ Mais comum em países em desenvolvimento.


Câncer de Colo Uterino/Cervical

As células do colo do útero são dispostas em várias camadas de


células epiteliais pavimentosas, arranjadas de forma ordenada, o HPV
provoca uma desordem nessas camadas e alterações celulares e
evolui diante de :

◼ Infecção do epitélio metaplásico da zona de transformação


cervical;

◼ Persistência da infecção viral;

◼ Progressão do epitélio persistentemente infectado a pré-câncer


cervical;
HPV -Papiloma Vírus humano

◼ Principal fator de risco para CA de colo uterino (99,7% dos casos)

◼ Principal transmissão : Sexual

◼ 80% das pessoas sexualmente ativas vão entrar em contato com o


vírus

◼ 10% terão infecção persistente ( Imunossupressão, tabagismo,

ISTs, baixo nível socioeconômico)


Infecção pelo HPV

◼ Exerce o papel central da carcinogênese

◼ Existem mais de 200 tipos de HPV

◼ Menos frequentemente orofaringe, ânus, vagina pênis

◼ Os 6 e 11, encontrados na maioria das verrugas genitais


(condilomas)

◼ Alto risco: 16,18,45,31,33,52,58,35


Infecção pelo HPV

◼ As infecções que persistem estão relacionadas a HPV 16 e 18 e


têm maior risco de progressão para lesões precursoras que, se não
identificadas, confirmadas e tratadas, podem evoluir para o câncer
ao longo de vários anos .
PREVENÇÃO PRIMÁRIA

◼ A prevenção primária do câncer do colo do útero está relacionada à


diminuição do risco de contágio pelo papilomavírus humano (HPV);

◼ A transmissão da infecção pelo HPV ocorre por relação sexual e é


de difícil prevenção, pois depende do contato de pele doente com
pele sadia e não depende da ejaculação ou penetração;

◼ A principal forma de prevenção é a vacina contra o HPV.


Vacinação HPV
◼ O Ministério da Saúde implementou no calendário vacinal, em 2014,
a vacina Quadrivalente contra o HPV ;
◼ Esta vacina protege contra os subtipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Os
dois primeiros causam verrugas genitais e os dois últimos são
responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do
útero;
◼ O grupo etário alvo da vacina são as meninas e os meninos com
idade entre 9 e 14 anos, pois esta vacina é mais eficaz se usada
antes do início da vida sexual. Devem ser tomadas duas doses,
com intervalo de seis meses;
◼ Mulheres e Homens que vivem com HIV, transplantados de órgãos
sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos na faixa etária
de 9 a 45 anos, com esquema de três doses ( 0,2,6 meses) ,
independentemente da idade;
Vacinação HPV

◼ Desde o início de agosto/2023, vítimas de violência sexual passam

a ser grupo prioritário para vacinação contra o HPV. A medida vai

garantir proteção a pessoas de nove a 45 anos de idade que ainda

não são vacinados ou que não completaram o esquema de

imunização contra o vírus.(Ministério da Saúde, 2023)


Formas de apresentação HPV
◼ Clínica – Condilomas

◼ Subclínica – Lesões intraepiteliais

◼ Latente - Diagnósticos por métodos moleculares


Câncer de Colo Uterino/Cervical

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as


estratégias para a detecção precoce são o diagnóstico precoce e o
rastreamento

◼ Diagnóstico precoce – abordagem de pessoas com sinais e


sintomas da doença.

◼ Rastreamento - exame em população assintomática, identificar


lesões sugestivas, investigação e tratamento.
PREVENÇÃO SECUNDÁRIA -
Rastreamento
◼ O exame citopatológico é o método de rastreamento do câncer do

colo do útero, indicado para a população alvo de 25 a 64 anos, uma

vez a cada três anos, após dois exames anuais consecutivos

normais . Essas recomendações visam garantir o balanço favorável

entre riscos e benefícios do rastreamento.


Rastreamento

◼ Os exames periódicos devem seguir até os 64 anos de idade e,


naquelas mulheres sem história prévia de doença neoplásica pré-
invasiva, interrompidos quando essas mulheres tiverem pelo menos
dois exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos ;

◼ Para mulheres com mais 64 anos de idade e que nunca se


submeteram ao exame citopatológico, deve-se realizar dois exames
com intervalo de um a três anos. Se ambos os exames forem
negativos, essas mulheres podem ser dispensadas de exames
adicionais .
Papanicolaou ou Citologia Oncótica

O QUE É?

◼ Exame simples e barato no qual são coletadas células esfoliadas


do colo uterino para avaliação ao microscópio.

O QUE ELE IDENTIFICA?

◼ A presença de lesões neoplásicas ou pré-neoplásicas

◼ Processos inflamatórios
Fases do exame

◼ Humanização do atendimento:

◼ Ambiente acolhedor

◼ Cortesia

◼ Respeito

◼ Privacidade

◼ Oferecer informações

◼ - Preenchimento do formulário

◼ - Identificação da lâmina
Fases do exame
CONDIÇÕES IDEAIS PARA A COLETA:
◼ Não estar menstruada
◼ Não ter relação sexual de 48 a 72 h antes do exame
◼ Não ter realizado ducha
◼ Não usar cremes vaginais 2 dias antes

Coleta:
◼ Introdução do espéculo
◼ Iniciar coleta (ectocérvice e endocérvice)
◼ Fixação do material
◼ Retirada do espéculo
◼ Orientações quanto ao resultado
Coleta
Coleta do Exame
Rastreamento

◼ Diagnóstico citológico : Sistema de Bethesda-

◼ LIE de baixo ou alto grau( nomenclatura citológica)

◼ Diagnóstico histológico: NIC (I,II,III) (biopsia)

◼ Lesões precursoras são totalmente curáveis

◼ Carcinoma invasor pode ser curado


Citologia Oncótica-
Classificação Bethesda
Câncer de Colo Uterino
Rastreamento
A colposcopia é realizado diante de achado anormal na
citologia. O procedimento deve ser realizado ambulatorialmente,
nas unidades de nível de atendimento secundário, permitindo o
tratamento imediato das lesões - prática chamada “Ver e Tratar”
Iodo consegue impregnar celulas ricas em glicogenio, mantendo-
as escuras, células cancerígenas ou pré cancerígenas são pobres
em glicogênio , não se impregnam. Realiza a biópsia.
.
Colposcopia/ Biópsia
Neoplasias Intraepitelial Cervicais - NIC

Atinge membrana
Progressão do câncer
de colo de útero
Avaliação pré-analítica e
adequabilidade da amostra

Avaliação da amostra

Amostra rejeitada ou
insatisfatória Amostra satisfatória

Repetir imediatamente
Epitélios representados
o exame

escamoso Escamoso e Escamoso e Escamoso,


glandular metaplásico Glandular e
metaplásico

Não há
representação A JEC foi representada
da JEC
Nova nomenclatura

Amostra satisfatória

Dentro dos Alterações celulares


limites da benignas reativas
normalidade ou reparativas

Avaliação
Repetir em 1 Repetir em Ginecológica
ou 3 anos 1 ou 3 anos Ou tratamento
Nova nomenclatura

◼ Resultados com alterações pré-malignas ou


malignas

Amostra satisfatória

Atipias de significado Atipias de significado Lesão intra-epitelial


indeterminado em células indeterminado em: de alto grau
Possivelmente não neoplasicas Células escamosas, Ca micro invasor
LIE de baixo grau glandulares ou indefinidas Ca epidermóide invasor

Repetir o exame
em 6 meses Colposcopia
Orientações

◼ Amostra rejeitada ou insatisfatória

◼ Resultados normais

◼ Agentes patogênicos

◼ Células atípicas de significado indeterminado

◼ Lesão intra- epitelial de baixo grau, LIEBG (HPV e NIC I)

◼ Lesão intra-epitelial de alto grau, LIEAG, (NIC IIe III)


Câncer de Colo Uterino

Fatores Protetores Fatores de risco


◼ Atividades físicas; ◼ Infecção pelo HPV;
◼ Alimentação; ◼ Baixo nível
socioeconômico;
◼ Multiplicidade sexual;
◼ Início precoce da vida
sexual;
◼ Fumo;
◼ Multiparidade;
◼ Uso de contraceptivo oral
◼ Imunossupressão
Câncer de Colo Uterino
Quadro clínico;

• Assintomático na fase pré-invasiva;( Prevenção Secundária)


•O câncer do colo do útero é uma doença de desenvolvimento lento, que pode
não apresentar sintomas em fase inicial. Nos casos mais avançados, pode
evoluir para sangramento vaginal intermitente (que vai e volta) ou após a
relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada a
queixas urinárias ou intestinais

•Corrimento; prurido; odor, irritação vulvo-vaginal;dor nas relações sexuais e


lesões condilomatosas.
Câncer de Colo Uterino
Diagnóstico:

Seguimento da Prevenção Secundária –

CO+COLPO+BIOPSIA

Visualizaçao Direta – Lesões Avançadas


Câncer de Colo Uterino
Tratamento

◼ Entre os tratamentos mais comuns para o câncer do colo do útero

estão a cirurgia e a radioterapia. O tipo de tratamento dependerá do

estadiamento da doença, tamanho do tumor e fatores pessoais,

como idade e desejo de preservação da fertilidade (INCA, 2000).


Tratamento

Cirúrgico:

◼ CAF ( cirurgia de alta frequência);

◼ Cone a frio ( NIC II e III) e ou conização,

traquelectomia;
Tratamento

◼ Histerectomia (prole definida e carcinoma microinvasor);

◼ Wertheim- Meigs (vasos linfáticos e capilares comprometidos);


Câncer de Colo Uterino
tratamento
•Ácido tricloroacético

•Laser de dióxido de carbono. com o laser


Região genital após o tratamento
Assistência de enfermagem
Pré Operatório
▪ Empatia, respeito, privacidade;

▪ Orientações e esclarecimentos sobre cirurgia a ser


realizada;

▪ Solicitação e/ou avaliação de exames pré-


operatórios;

▪ Jejum;

▪ Controle de sinais vitais;


Assistência de enfermagem
Pós Operatório
◼ Controle de sangramento/sinais vitais rigorosos na 1 ª hora;

◼ Controle com drenos;

◼ Orientações quanto a radioterapia e/ou quimioterapia;

◼ Orientações quanto retorno à atividade sexual


Estudo de caso
MBG, 32 anos, solteira, sem filhos,obesa, menarca aos 10
anos, doméstica, residente em SP, capital. Compareceu a
UBS para realização do seu primeiro exame de
Papanicolaou. Refere ter iniciado a vida sexual aos 13
anos, ter tido 7 parceiros sexuais até hoje e que sempre
fez uso de pílula anticoncepcional. Informa relação
sexual na noite anterior e estar no final da menstruação.
Ao ser indagada sobre o auto conhecimento da mama
informou que sua mãe morreu de câncer de mama e que
tem medo de fazer o exame e descobrir alguma
alteração.
Questões:
a) Quais os fatores de risco para o câncer de colo de útero e
de mama desta cliente?
b) A cliente está na fase ideal de sua vida, para coleta do
1º exame? Justifique.
c) Ela está preparada para a coleta do exame? Por que?
d) Levante os problemas justificando-os e dê as suas
intervenções como enfermeiro.
e) Que orientações você daria a esta cliente quanto ao
câncer de mama?

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