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Curso de Bacharelado em Teologia Claretiano Pentateuco e Historicos2
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Curso de Bacharelado em Teologia Claretiano Pentateuco e Historicos2
Organização e Legislação
do Povo de Israel
3
1. OBJETIVOS
• Reconhecer e interpretar chaves de leitura dos principais
preceitos, normas e leis do povo de Israel.
• Identificar e analisar a vivência da esperança diante de
dilemas, conflitos e problemas cotidianos e históricos.
2. CONTEÚDOS
• Tradição do Sinai.
• “Decálogo” e “Código da Aliança”.
• “Código da Santidade”.
• “Código Deuteronômio”.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Nesta unidade 3, concluiremos o estudo do Pentateuco e ve-
remos a legislação de Israel: do Êxodo ao Deuteronômio.
Como você pode constatar, o Pentateuco é um conjunto de
livros que aborda temas relevantes para o povo de Israel e para a
humanidade em geral.
Na Unidade 1, você estudou o livro de Gênesis, com ênfase
em temas sobre:
• origens da humanidade: Gn 1,1–11,26;
• matriarcas e patriarcas: Gn 11,27ss.
Na Unidade 2, você estudou:
• Êxodo (saída do Egito): Ex 1,1–15,21.
• Tradição do deserto: Ex 15,22–19,2; Nm 10,11–14,45;
20,1–22,1; 33,1–49.
Agora vamos conhecer um pouco as coleções de textos le-
gais que foram surgindo ao longo da história de Israel. Nesses có-
digos de leis, como são chamados, acham-se incluídos preceitos
muito relevantes para a vida da sociedade antiga, alguns dos quais
podem ser reinterpretados nos dias de hoje.
Entre esses códigos, podemos citar o “Decálogo”, “Código da
Aliança”, “Código da Santidade” e “Código Deuteronômico” Sur-
gidos em épocas diferentes, foram incluídos na redação final do
Pentateuco, acrescidos de introduções e conclusões que os trans-
portaram para a época mosaica, mais precisamente na tradição do
Sinai. Com isso, os códigos foram legitimados.
Hoje, não é simples para o leitor refazer a história da legis-
lação de Israel e até mesmo os estudiosos do assunto divergem
quanto a várias questões, a exemplo da datação dos códigos de
leis. Algumas suposições podem ser feitas, mas resta ainda muito
trabalho para a pesquisa bíblica.
100 © Pentateuco e Históricos
5. TRADIÇÃO DO SINAI
A tradição do Sinai atravessa uma grande seção do livro do
Êxodo, interligando os eventos: chegada ao Sinai (Ex 19,1–2); pro-
messa e preparação do “Pacto de Aliança" (Ex 19,3–15); teofania
(Ex 19,16–25); “Decálogo” (Ex 20,1–21); “Código da Aliança” (Ex
20,22–23,19); conclusão da "Aliança" (Ex 24,1ss) e assim por dian-
te, até o fim do livro. Dentro da mesma tradição, textos similares,
mas com pequenas variações, estão no livro do Deuteronômio (cf.
referência ao Horeb em Dt 5,1–5; “Decálogo” em Dt 5,6–22). Há
também prescrições do “Decálogo” e do “Código da Aliança” dis-
seminadas no livro do Levítico e de Números.
É necessário comentar, ainda que rapidamente, a respeito
do Sinai: é um dos nomes que os israelitas deram ao monte ou
montanha de Deus (o outro nome é Horeb , Dt 5,2).
O nome (Sinai) é derivado do hebraico seneh (sarça, Ex 3,1–
12); também pode ser uma referência ao culto do deus Sin realiza-
do naquele lugar (BORN, 1977, p. 1441).
É difícil precisar a localização do Sinai. A tradição cristã o co-
loca ao sul da península que leva o seu nome, mas há opinião de
que o Sinai podia se situar na Arábia. Outra tese diz que o Sinai
podia estar entre o Egito e o sul da Palestina, o que vários mapas
bíblicos indicam essa posição (confira naquele presente em sua Bí-
blia).
Seja como for, o mais importante é reter o significado do Si-
nai para a fé dos israelitas: trata-se do lugar onde Deus (Iahweh)
apareceu a Moisés e celebrou a "Aliança" com o povo de Israel,
selando a sua eleição e as promessas feitas em Ex 6,6–8.
Vós mesmos vistes o que eu fiz aos egípcios, e como vos carreguei
sobre asas de águia e vos trouxe a mim (Ex 19,4).
Tomar-vos-ei por meu povo, e serei o vosso Deus (Ex 6,7a).
Decálogo
O “Decálogo”, ou as “dez palavras” – conforme são denomi-
nadas em Dt 4,13 e 10,4, – traduzidas como “dez mandamentos”
e inscritas nas Tábuas do Sinai, é apresentado duas vezes: Ex 20,1–
21 e Dt 5,6–22.
No livro do Êxodo, o “Decálogo” antecede o “Código da
Aliança”; no livro do Deuteronômio, faz parte da introdução ao
“Código Deuteronômico”.
“Código da Aliança”
Para começar, vejamos o conceito de “Código da Aliança” (Ex
20,22–23,19).
Em linhas gerais, o código é uma composição de sentenças
jurídicas resultante de um processo de elaboração complexo. Data
dos primeiros séculos da monarquia de Davi. Sua incorporação no
contexto narrativo do Êxodo pode ser vista como um ato de auto-
rização canônica.
O “Código da Aliança” é considerado a legislação mais antiga
de Israel.
Com outras palavras:
Israel ligou seu direito, elaborado posteriormente (séculos X-VIII
a.C.), àquelas experiências que marcaram seu nascimento como
sociedade, em especial, à experiência da libertação da escravidão
no Egito (o êxodo histórico, em geral, é datado no fim do século XIII
a.C.) .
Manifesta-se, dessa forma, a convicção de que as leis aqui reunidas
são condizentes com o projeto do êxodo. Na realidade, a intenção
é transformar a experiência histórico-religiosa da libertação em um
projeto jurídico que, por sua vez, quer servir à construção de uma
sociedade alternativa, sendo esta última resultado e destino do
êxodo (GRENZER, 2007, p. 154-155).
7. CÓDIGO DA SANTIDADE
O livro do Levítico está organizado em quatro partes, acresci-
das de um apêndice, como podemos ver no Quadro 1:
priedade de sua terra; nesse ano, o terreno não deve ser cultiva-
do; as dívidas devem ser perdoadas; os devedores não devem ser
escravizados; enfim, as pessoas em situação de debilidade devem
ser resgatadas.
Desse capítulo, vamos aprofundar a perícope dos versos 23
a 38, que tratam do resgate da terra e dos empobrecidos, um dos
quesitos do “Ano Jubilar” (CUSTÓDIO, 2004, p. 89-105).
9. “CÓDIGO DEUTERONÔMICO”
O livro do Deuteronômio, ou “segunda lei”, apresenta discur-
sos de Moisés ao povo de Israel, contendo advertências, conselhos
e orientações à luz do êxodo.
O livro está organizado em quatro partes, como podemos
ver no Quadro 2:
5) Como você define o que é viver a santidade para o povo de Israel com base
no “Código de Santidade”?
9) Entre as variadas sentenças e temas das leis de Israel, quais servem de es-
tímulo pessoal para uma vivência cristã e cidadã?
10) O que você pensa a respeito de Lev 25? Há alguns preceitos que podem
servir de parâmetro para vivência ética hoje?
11) Você viu que o povo de Israel elaborou um “Credo Histórico” a fim de reto-
mar sempre a história de libertação da servidão e a promessa de terra? E
você, qual credo alimenta sua trajetória de vida?
11. CONSIDERAÇÕES
Ao finalizar esta unidade, centrada na legislação de Israel,
chegamos ao final de nosso estudo sobre o Pentateuco. Possivel-
mente, você fez uma travessia pelos temas, destacando em espe-
cial aqueles que lhe servem como estímulo para uma vivência mais
esperançosa e justa!
É nessa perspectiva que podemos abordar a legislação do
antigo Israel. Em outras palavras, a lei tem sentido à medida que
espelha o projeto do êxodo.
Sem êxodo, não há travessia pelo deserto nem chegada à
terra prometida, como também a legislação não é fonte de vida
nem liberta os oprimidos.
É o que testemunhou Jesus. Ele passou pelo deserto para
iniciar um projeto de missão libertadora inspirada no espírito de
misericórdia e solidariedade do direito de Israel (Mt 12,7s).
Essa é uma proposta e um apelo para as comunidades que
sonham e militam na construção da justiça e do direito.
Bom estudo e até a próxima unidade!