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ÊXODO

Introdução
Para quem considera a teologia essencialmente uma narração dos atos salvíficos de Deus,
Êxodo 1–15 representa o exemplo supremo em torno do qual o restante da narrativa bíblica
se desenvolve. Para quem o Antigo Testamento é o produto da vida de adoração da
comunidade, Êxodo apresenta em seu cerne o relato da instituição da Páscoa, a maior e mais
característica festa de Israel […]. Para quem considera a Torá (a lei) de Deus o elemento central
da vida e do pensamento de Israel em sua história posterior, Êxodo destaca o momento em
que ela é outorgada ao povo, tendo os Dez Mandamentos por seu núcleo.

R. Alan Cole

I. Posição singular no cânon

Êxodo (gr., “saída”) retoma a narrativa dos israelitas depois da morte de José. A origem da
Páscoa judaica está ligada à fuga do povo de Israel após quatro séculos de escravidão no
Egito. Esse fato, porém, ocorreu somente depois que o obstinado Faraó desafiou o Deus dos
hebreus e sofreu dez pragas terríveis, as quais devastaram o Egito (nação que, do ponto de
vista bíblico, representa o mundo).
O restante do livro relata a travessia do mar Vermelho, outros milagres grandiosos, a
outorga da lei no monte Sinai e instruções minuciosas para a construção do tabernáculo.

II. Autoria

Apoiamos a tradição judaico-cristã de que Êxodo, assim como o restante do Pentateuco, foi,
de fato, escrito por Moisés. O leitor encontrará uma defesa dessa posição em “Introdução
ao Pentateuco”.

III. Data

Estudiosos da Bíblia têm considerado datas para o êxodo que variam entre c. 1580 e 1230
a.C. Primeiro Reis 6:1 registra que o êxodo ocorreu 480 anos antes da construção do templo
de Salomão. Considerando que o templo foi construído por volta de 960 a.C., o êxodo teria
ocorrido c. 1440 a.C. (data mais conservadora.

IV. Contexto e tema

Prosseguindo com a narrativa de Gênesis, Êxodo começa retratando os israelitas no Egito.


O contexto histórico, porém, é totalmente diferente: quatro séculos depois, o texto mostra
os hebreus escravizados e forçados a fabricar tijolos para o vasto programa de construção
de Faraó.
Os temas mais importantes de Êxodo são a redenção e o estabelecimento de Israel como
nação. Há 3.400 anos, judeus ao redor do mundo vêm celebrando a fuga do Egito, com poder
e sangue, e o início de Israel como nação, por ocasião da Páscoa.
A ceia cristã (que também celebra a redenção do povo de Deus ocorrida com poder e
sangue) tem origem no episódio histórico e teológico da Páscoa. Até certo ponto, o pão e o
vinho fazem referência aos mesmos elementos rituais daquela primeira Páscoa.
Após a saída do Egito, os israelitas são guiados para o deserto, onde Moisés recebe a lei
de Deus para entregar ao povo. Quase metade do livro se dedica ao tabernáculo e ao
sacerdócio (cap. 25–40). Esses detalhes não são simples fatos históricos.
A fim de apreciarmos Êxodo, precisamos procurar Cristo na narrativa. Moisés, o cordeiro
pascal, a rocha e o tabernáculo são apenas alguns dos tipos (símbolos) de Cristo, muitos
deles mencionados em outras passagens das Escrituras (cf., p. ex., 1Co 5:7; 10:4; Hb 3–10).
Que o Senhor faça em nossa vida o que expôs aos dois discípulos a caminho de Emaús:
ajude-nos a interpretar “o que a seu respeito constava em todas as Escrituras” (Lc 24:27). 1

ESBOÇO DE ÊXODO

I. Israel no Egito
a. Escravidão no Egito (1)
b. Nascimento, juventude e chamado de Moisés (2-4)
c. Opressão do faraó sobre Israel (5.1-6.13)
d. Genealogias (6.14-27)
e. Pragas e Páscoa (6.28-12.36)
II. Jornada do Egito ao Sinai
a. Êxodo do Egito (12.37-14.31)
b. Cântico de Moisés (15.1-21)
c. Deserto de Sur (15.22-27)
d. Deserto de Sim (16)
e. Rocha em Refidim (17)
f. Jetro e Moisés (18)
III. Aliança e lei no Sinai
a. Preparativos para a aliança (9)
b. O decálogo (20.1-17)
c. Código da aliança (20.18-23.33)
d. Ratificação da aliança (24)
e. Tabernáculo (25-40)
1. Normas (25-27)
2. Sacerdotes (28 e 29)
3. Utensílios (30)
4. Artesãos (31.1-11)
5. Sábado (31.12-18)
6. Quebra da aliança da parte de Israel com o bezerro de ouro
7. Javé e Moisés (33)
8. Renovação da aliança (34)
9. Construção do tabernáculo (35-38)
10. Vestes sacerdotais (39)
11. Conclusão e dedicação do tabernáculo (40)

1
William MacDonald, Comentário Bíblico Popular: Antigo Testamento, 2a edição. (São Paulo:
Mundo Cristão, 2011), 51.

Walton, John. Panorama de Antigo Testamento. Editora Vida; 1ª edição (1 janeiro 2006)

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