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GUIA DE PODAS

Manejo da vegetação junto às redes elétricas

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ENEL Distribuição Goiás

Presidente e Diretor de Infraestrutura e Redes: José Luis Salas

Projeto 2020
Responsável Grupo: Túlio Teles Vieira
Responsável Iniciativa: Walleska Alves de Aquino Ferreira
Colaboradores – revisão técnica: Eugênia Maria de Faria I Guilherme Cauper
de Carvalho Pereira I José Erivaldo Sousa Filho I Luzia Moreira Barbosa I
Marcos Paulo dos Santos Pereira
Colaboradores – revisão designer: Maria Fernanda Carvalho I Tatianna Togashi
Com a colaboração especial do Responsável da Unidade Operativa Centro Goiás:
Emiliano Campani

Ecobrasil Consultoria Ambiental


Diretoria: Conrado Martignoni Spínola I Thiago Bartolomeu Brasil Pacheco
Colaborador: Alessandro Dias Pio
Designer: Jones Gedeão Heiderich Filho

Agência Municipal de Meio Ambiente de Goiânia


Prefeito
Iris Resende Machado
Presidente
Gilberto Martins Marques Neto
Coordenador Técnico
Antonio Esteves dos Reis
Colaborador técnico
Leandro Georges de Paula

Ministério Público do Estado de Goiás


Área de Atuação do Meio Ambiente e Consumidor do Centro de Apoio Operacional
Unidade Técnico-Pericial Ambiental da Coordenação de Apoio Técnico-Pericial

Enel Distribuição Goiás


Rua 2, Quadra A-37, nº 505, Jardim Goiás
74.805-180 – Goiânia – GO
Telefone: 0800 62 0196
www.eneldistribuicao.com.br
guiadepodas.go@enel.com

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SUMÁRIO

1 Apresentação I 5

2 Introdução I 7
2.1 A Enel no Mundo I 8
2.2 A árvore e sua importância para o ambiente urbano I 9
2.3 A energia elétrica e sua importância para a sociedade I 11
2.4 Convivência entre as árvores e as redes de distribuição de energia elétrica I 12

3 Aspectos Legais relacionados à Arborização Urbana I 14


3.1 Leis Federais, Estaduais e atribuições de responsabilidades I 15
3.2 A responsabilidade e atuação dos municípios I 18

4 Espécies Ocorrentes na Arborização Urbana I 20


4.1 Descrição sobre a introdução da arborização urbana em Goiás I 21
4.2 Descrição sobre as espécies ocorrentes na arborização urbana I 22
4.3 Abordagem sobre a situação da convivência entre a arborização
e as redes de distribuição de energia elétrica nos municípios goianos I 27
4.4 Espécies inadequadas para a arborização urbana I 28
4.5 Espécies adequadas para substituição I 31

5 Manejo da Vegetação em Áreas Urbanas I 40

6 Por que Podar? I 42

7 Planejamento e Segurança I 44
7.1 Equipamentos de Proteção Individual I 48
7.2 Equipamentos de Proteção Coletiva I 50
7.3 Fiscalização e Controle de Qualidade I 51

8 Podas I 52
8.1 Principais tipos de podas I 53
8.2 Como as árvores reagem as podas I 64
8.3 Técnicas de poda I 68
8.4 Equipamentos I 72
8.5 Execução dos Serviços I 75
8.6 Exemplos de podas mal executadas I 80
8.7 Extirpação I 82
8.7.1 Técnicas de Execução de Remoção de Árvores I 82

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9 Limpeza de Vegetação na Faixa de Servidão das Linhas de Distribuição
de Alta, Média e Baixa Tensão em Área Rural I 84
9.1 Objetivo da Limpeza I 85
9.2 Definições I 85
9.2.1 Faixa de Domínio I 85
9.2.2 Faixa de Servidão I 85
9.2.3 Faixa de Segurança I 86
9.2.4 Limpeza da Vegetação na Faixa de Servidão I 86
9.2.5 Corte ou Poda de Árvores I 86
9.2.6 Execução dos Serviços I 86
9.2.7 Orientações Gerais I 88

10 Limpeza de Vegetação de Faixas em Unidades de Conservação I 90


10.1 Descrição das Unidades de Conservação e Parques no Estado de Goiás I 91
10.2 Legislação I 91

11 Destinação de Resíduos I 92
11.1 Destinação de Resíduos I 93
11.2 Legislação e classificação dos resíduos de podas e remoções de árvores I 94
11.3 Sugestão de aplicação dos resíduos de podas I 94

12 Referências I 96

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1
APRESENTAÇÃO

5
A relação entre a arborização urbana e a instalação e manutenção das redes elétricas
aéreas tem apresentado um processo histórico de conflitos, quase sempre decorrentes
do não planejamento da arborização e do próprio espaço urbano.

Nesse contexto, a busca pela harmonização e convivência do sistema de distribuição


de energia elétrica passa, necessariamente, por intervenções constantes no espaço
urbano.

As redes elétricas urbanas são fundamentais para o abastecimento de estabelecimentos


residenciais, comerciais e por vezes até industriais onde, especificamente no Estado
de Goiás, são predominantemente aéreas, o que tem sido um grande desafio para os
procedimentos de manutenção.

A vegetação arbórea introduzida nos ambientes urbanos requer atenção especial, uma
vez que existem diferentes características do ambiente que levam a escolha da espécie
ao local onde será implantada.

No que diz respeito ao convívio da rede elétrica aérea com a arborização urbana,
ambas fundamentais às condições de vida atual dos seres humanos, entende-se
que o manejo da vegetação é essencial para garantir uma convivência harmônica,
possibilitando qualidade de vida às populações.

Preocupada com a arborização urbana, a Enel Distribuição Goiás, em parceria com a


Agência Municipal de Meio Ambiente, apresenta o manual para manejo da vegetação
junto às redes elétricas, também denominado Guia de Podas Enel, que tem por
objetivo indicar as melhores práticas quanto a arborização urbana nas cidades goianas
e sua convivência com as redes elétricas aéreas, onde a Enel é a concessionária
responsável pelo fornecimento de energia.

Isto posto, este guia foi estruturado considerando os diversos aspectos técnicos de
relevância existentes nas normas e na literatura brasileira, com o objetivo de estabelecer
metodologias adequadas para a execução de poda de árvores, sob ou próximas às redes
de distribuição, visando reduzir as interrupções acidentais do sistema elétrico, preservar
a integridade física dos trabalhadores, minimizar os riscos provenientes de condutores
rompidos pela ação de galhos, além de indicar espécies adequadas de acordo com as
características de cada local, sem deixar de levar em consideração os aspectos de
segurança e ambientais inerentes a esta atividade.

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2
INTRODUÇÃO

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2.1 | A Enel no Mundo

Somos uma das principais empresas globais de energia e gás. Estamos presentes em
mais de 30 países, em 5 continentes e atendemos cerca de 65 milhões de clientes.
Somos mais de 62,9 mil pessoas trabalhando os valores: Responsabilidade, Inovação,
Confiança e Proatividade.

A Enel no Brasil

No Brasil, o Grupo atua em 18 estados. Em distribuição, a empresa possui cerca de


17 milhões de clientes atendidos pelas empresas Enel Distribuição Rio (RJ), Enel
Distribuição Ceará (CE), Enel Distribuição Goiás (GO) e Eletropaulo (SP). Em geração de
energia térmica, a Enel Brasil opera a usina Enel Geração Fortaleza (CE).

Em transmissão, opera a Enel Cien (RS) e também possui uma empresa de soluções
em energia, a Enel X. No mercado de geração, através da Enel Green Power Brasil,
somos líderes em energia solar no país em capacidade instalada e portfólio de projetos
e estamos entre os maiores players eólicos do mercado brasileiro. Temos também,
Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH’s) em diversos estados e uma Usina Hidrelétrica
(UHE) em Goiás.

A Enel Distribuição Goiás

A Enel Distribuição Goiás distribui atendidos pela companhia. A distribuidora


energia elétrica para 237 municípios do também desenvolve um programa de
estado, abrangendo 98,7% do território, Responsabilidade Social que é baseado
cobrindo uma área de 336.871 km². no tripé da sustentabilidade, que abrange
A Região Metropolitana de Goiânia os aspectos sociais, econômicos e
representa a maior concentração ambientais.
do total de 2,9 milhões de clientes

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2.2 | A árvore e sua importância para o ambiente urbano

A importância da cobertura vegetal no espaço urbano, levando em consideração as


espécies arbóreas, envolve duas situações distintas: a primeira relacionada aos aspectos
ecológicos e a segunda aos aspectos paisagísticos e arquitetônicos.

Quanto aos aspectos ecológicos, do ponto de vista das relações planta, ambiente e
ser humano, são observados benefícios imensuráveis, resultando significativamente na
qualidade ambiental urbana.

SOM
Focado na importância das árvores no espaço
urbano, estas atuam no controle da poluição sonora,
uma vez que servem de obstáculos à propagação
das ondas sonoras.

SOL
Reduz a radiação solar e
consequentemente
ameniza a temperatura.

UMIDADE
Melhora a umidade e qualidade do ar, por liberar
moléculas de água por meio da transpiração e ao
mesmo tempo absorve gases poluentes (CO2, SO2 e NO2).

VENTOS
Age como elemento controlador dos ventos,
direcionando e criando correntes de ar provocando
a dispersão da poluição e retendo as partículas
sólidas em suspensão nas folhas.

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INFILTRAÇÃO
Contribui para reduzir processos erosivos, sobre ambientes
permeáveis, diminuindo a velocidade de descida da água na
superfície do solo, permitindo uma melhor infiltração.

EFEITO VISUAL
Contribui para reduzir o efeito visual negativo
propiciado pelas grandes edificações e dos espaços
impermeabilizados, sobretudo estacionamentos,
passeios e vias pavimentadas.

ÁRVORES
As esculturas e formas geométricas das árvores também
propiciam efeitos arquitetônicos de maior beleza cênica.

ASPECTOS PAISAGÍSTICOS
No tocante aos aspectos paisagísticos e arquitetônicos,
exerce função complementar ao espaço edificado,
conferindo maior beleza e harmonia.

FAUNA
Servem de abrigo e fonte de alimentação para espécies da fauna
que habitam e/ou que frequentam esporadicamente o espaço
urbano, sobretudo espécies de aves, pequenos mamíferos
terrestres, como por exemplo, primatas (micoestrela, macaco-
prego, guariba) e também voadores (morcegos).

PSICOLÓGICO
Por fim, estes aspectos, atuam no plano psicológico,
uma vez que ameniza o sentimento de opressão do
homem em relação às grandes edificações.

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2.3 | A energia elétrica e sua importância para a sociedade

Historicamente o homem tem buscado fontes diversas de energia para suas


atividades do cotidiano, que têm passado por um processo evolutivo de descobertas,
acompanhando a história da humanidade. Com isto, as primeiras fontes de energia
utilizadas pelo homem tiveram sua origem na utilização da própria força muscular e do
calor do fogo. Após esse período, animais foram domesticados e o homem passou a
utilizar a força muscular animal como fonte de energia para desenvolver suas tarefas
cotidianas.

Com a Revolução Industrial, na metade do século XVIII, apareceram as máquinas a


vapor, mudando por fim o modo de produção e possibilitando o surgimento das fábricas.
Nesta época, introduziu-se a utilização do carvão mineral e daí por diante, motores a
combustão que produziam eletricidade.

O aparecimento da eletricidade gerou mudanças substanciais no modo de vida das


pessoas, proporcionando o desenvolvimento da humanidade e melhoria na qualidade
de vida.

Atualmente a relação do homem com a energia elétrica é cada vez mais sólida e
crescente, sendo utilizada nos ambientes familiares, nas escolas, no trabalho ou lazer.
São incontáveis as aplicações que se dá atualmente a energia elétrica no cotidiano da
população, não diferentemente do que ocorre com a sociedade goiana.

O que se tem buscado para que a energia elétrica seja sustentavelmente importante
para a sociedade é a substituição gradativa das fontes de energia não-renováveis
(petróleo, carvão mineral, entre outras) por fontes de energia renováveis (hídricas,
energia eólica, solar, entre outras), o que garantiria uma diminuição dos impactos
ambientais, possibilitando sua contínua utilização pela população.

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2.4 | Convivência entre as árvores e as redes
de distribuição de energia elétrica

Nos 246 municípios goianos e Esse problema se agravou nos últimos


seguramente nas maiorias das cidades anos, a medida que novas espécies foram
brasileiras a relação entre as redes de introduzidas pelos moradores, como forma
energia elétrica e a arborização urbana não de preservar o meio ambiente e atender
é harmoniosa. A implantação dos sistemas aos interesses estéticos pessoais.
elétricos de distribuição e energia ocorreu
no passado de forma independente ao Nesse contexto, as espécies foram
estabelecimento da arborização urbana. plantadas seguramente sem obedecer
aos critérios técnicos ao local de
Excetuando-se alguns centros históricos, plantio que evitariam os conflitos com
onde as redes aéreas foram substituídas os equipamentos de infraestrutura,
por redes subterrâneas, em todas as sobretudo, redes de distribuição aéreas
outras cidades predominam um sistema e subterrâneas, bem como as rede de
de distribuição aéreo. esgoto.

O predomínio de rede aérea associada a Critérios básicos como a largura de


uma arborização urbana, composta quase calçadas e ruas, distância entre a
sempre por espécies exóticas de médio e construção e o limite do lote, a escolha
grande portes, desencadeou um processo adequada da árvore para cada uma das
de conflito constante, por disputarem o situações existentes no espaço urbano,
mesmo espaço físico. na sua maioria, não foi obedecida.

Diante do exposto, o grande desafio da concessionária é manter


os índices de confiabilidade do sistema de distribuição de energia
dentro dos padrões de qualidade exigidos pelos consumidores
sem, contudo, descaracterizar a arborização existente nos
diversos espaços urbanos dos municípios goianos.

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Frente ao problema de conflito existente, sobretudo no período chuvoso, iniciativas
emergenciais são necessárias, sendo que a poda se desponta como uma alternativa
para minimizar os problemas que afetam severamente a concessionária, o poder público
e principalmente o usuário do sistema de energia.

Para tanto, técnicas menos agressivas de podas, efetuadas por mão de obra
especializada, tendo o uso de equipamentos e ferramentas adequadas, são
elementos primordiais que contribuem para diminuir os efeitos danosos desse
tipo de ação sobre as árvores em situação de conflito.

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3
ASPECTOS LEGAIS
RELACIONADOS À
ARBORIZAÇÃO
URBANA

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3.1 | Leis federais, estaduais e atribuições de responsabilidades

Com o crescente aumento das cidades, os espaços verdes deixaram de ter função
apenas de lazer, passando a ser uma necessidade urbanística, de higiene, de recreação
e de preservação do meio ambiente urbano. Alguns aspectos legais voltados a
arborização urbana, podem ser mencionados indiretamente, os quais se mostram como
um instrumento coletivo de bem-estar, tais como:

Constituição Federal de 1988 - em seu art. 225, menciona que todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, o qual propicia funções e características que
reforçam seu caráter de bem difuso, ou seja de todos, afinal o meio ambiente sadio é
um direito de todo cidadão.

Lei 6.766/79 - Lei do Parcelamento do Solo Urbano impõe para o registro de


parcelamento a constituição e integração ao domínio público das vias de comunicação,
praças e dos espaços livres.

Lei 18.104/13 - Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa no Estado de Goiás, a


qual estabelece em seu art. 2º, que todas as formas de vegetação nativa existentes
no território do Estado de Goiás constituem bens de interesse coletivo, observando o
direito de propriedade, com as limitações que a legislação em geral e, especialmente,
esta Lei estabelecem.

Por se tratar de uma atividade de ordem pública imprescindível ao bem estar da


população, nos termos do Art.30, inciso VIII, da Constituição Federal, que trata em
promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento
e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano, bem como o
Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01), cabe ao Poder Público municipal em sua política de
desenvolvimento urbano, entre outras atribuições, criar, preservar e proteger as áreas
verdes da cidade, mediante leis específicas, bem como regulamentar o sistema de
arborização. Outros aspectos legais de relevância são:

Lei 9.605/98 - Dispõe sobre crimes ambientais, no qual em seu art. 29, Parágrafo 1º,
inciso II; regulamentada pelo Decreto 6.514/2008 menciona, matar, perseguir, caçar,
apanhar, utilizar espécimes de fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a
devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo
com a obtida” resulta em pena de “Detenção de seis meses a um ano e multa (R$
500,00 por unidade acrescido de R$ 5.000,00 por unidade de espécime constante
na lista oficial de fauna brasileira ameaçada de extinção). Ainda, o Art. 49 dispõe:

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“Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de
ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia. Pena –
detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Parágrafo único: No crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa.”

Decreto 24.643/34 - Dispõe sobre o Código das Águas, no qual é regulamentado pelo
Decreto nº 35.851 de 16 de julho de 1954, atendendo ao disposto no art. 151, alínea
c, decreta em seu art. 1º que as concessões para o aproveitamento industrial das
quedas d’água, ou, de modo geral, para produção, transmissão e distribuição de energia
elétrica, conferem aos seus titulares o direito de constituir as servidões administrativas
permanentes ou temporárias, exigidas para o estabelecimento das respectivas linhas de
transmissão e de distribuição.

Lei complementar 140/11 - Dispõe sobre a cooperação entre a União, os


Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações administrativas decorrentes
do exercício da competência comum relativas à proteção das paisagens naturais
notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer de
suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora. O art. 9º elenca as
ações administrativas dos municípios e o seu inciso XV dispõe: “observadas as
atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Complementar,
aprovar:

a) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em


florestas públicas municipais e unidades de conservação instituídas pelo Município,
exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); e

b) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações sucessoras em


empreendimentos licenciados ou autorizados, ambientalmente, pelo Município.”

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Por fim, em função das
legislações acima mencionadas,
é necessária a autorização
do órgão ambiental competente
para a realização do manejo da
vegetação.

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3.2 | A responsabilidade e atuação dos municípios

Como já mencionado, ao todo, no Estado de Goiás, há 246 municípios, sendo 95,54%


atendidos pelas redes de distribuição Enel e 11 municípios atendidos pela empresa
CHESF. Contudo, em todos os municípios há de certa forma uma relação direta e
indireta com a arborização urbana e potenciais conflitos às redes elétricas aéreas, no
qual em sua grande maioria não há legislação específica para os atos de arborização e
seu manejo.

A atuação do poder público municipal na gestão e planejamento do espaço urbano é


fundamental para o processo de arborização urbana. Prevê-se na Lei Complementar
140/2011, incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23, que ações
administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção
das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente são de responsabilidade
da União, Estados e Municípios, por meio de instrumento de cooperação.

A arborização bem planejada é muito importante


independentemente do porte da cidade,
pois, é mais fácil implantar quando se tem um planejamento. Caso contrário, passa a
ter um caráter de remediação, à medida que tenta se encaixar dentro das condições já
existentes e solucionar problemas de toda ordem. O município de Goiânia apresenta
regras mais claras no processo de arborização urbana, com destaque para o Plano
Diretor de Arborização, que apresenta um conjunto de métodos e medidas indicados
para a preservação, manejo e plantio de árvores na cidade, de acordo com as demandas
técnicas pertinentes e as manifestações de interesse das comunidades locais.

Ainda, de acordo com o art. 68 do Código de Posturas do Município de Goiânia é


proibido: danificar, de qualquer forma, os jardins públicos; podar, cortar, danificar,
derrubar, remover ou sacrificar qualquer unidade da arborização pública; fixar, nas
árvores e demais componentes da arborização pública, cabos, fios ou quaisquer outros
materiais e equipamentos de qualquer natureza; plantar nos logradouros públicos
plantas venenosas ou que tenham espinhos; e cortar ou derrubar, para qualquer fim,
matas ou vegetações protetoras de mananciais ou fundos de vale.

Conforme o art. 9 da referida Lei, os municípios possuem a prerrogativa de promover


e orientar a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização
pública para a proteção do meio ambiente. Dessa forma, cabe aos municípios orientar a
população sobre a plantação de espécies adequadas ao meio urbano.

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Entretanto, o que pode ser observado em muitos municípios, principalmente aqueles
de pequeno porte é a atuação direta da população na escolha das espécies a serem
plantadas, segundo o interesse pessoal, sem consulta ao ente público, desconstruindo
por vezes qualquer possibilidade de planejamento.

De acordo com Amir e Misgav (1990), há três tipos de critérios que devem ser
considerados no planejamento da arborização urbana: (i) definir o tipo de árvore que
melhor se adequa ao local em termos paisagísticos; (ii) considerar as limitações físicas
e biológicas que o local impõe ao crescimento das árvores; (iii) avaliar quais espécies
seriam mais adequadas para melhorar o microclima e outras condições ambientais.

Partindo dessas premissas e apesar da falta de leis específicas a respeito do manejo da


vegetação urbana nos municípios goianos, o Guia de Podas Enel, tem como principal
objetivo apresentar técnicas adequadas para a execução de podas de árvores para
desobstrução do sistema elétrico, conforme orientação da literatura e profissionais
especializados, de modo que seja oferecido a população um serviço de energia elétrica
com qualidade.

Entretanto, antes da execução dessa atividade em áreas urbanas, é primordial que


haja uma comunicação por escrito, podendo ser em meio digital, junto a prefeitura do
município, informando os bairros que serão alvos do manejo da vegetação, uma vez
que as árvores são de propriedade do poder público, cabendo aos municípios permitir
sua realização, tendo em vista o bem-estar coletivo. O prazo de antecedência deverá
ser acordado com cada Prefeitura, devendo ser no mínimo com uma semana de
antecedência da execução dos serviços. Nos casos emergenciais, a comunicação será
feita posteriormente.

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ESPÉCIES
OCORRENTES
NA ARBORIZAÇÃO
URBANA

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4.1 | Descrição sobre a introdução da arborização
urbana em Goiás

A árvore no ambiente urbano é bastante recente, tem-se notícias que as primeiras


árvores tenham aparecido nas vias públicas da Pérsia, Egito e Índia, mas a arborização
urbana teve seu início e desenvolvimento somente no século XV na Europa, sendo
que sua prática tornou-se mais comum a partir do século XVII, nas cidades de Londres
e Paris, com seus squares e boulevards. No Brasil, quando não existiam os centros
urbanos, os ambientes naturais, como a água, fauna e flora, conviviam harmonicamente
entre si. Com o surgimento das cidades, os ambientes naturais foram sendo
modificados e, consequentemente, o padrão do ambiente urbano foi se tornando inferior
ao necessário para as adequadas condições de vida humana (NEGREIROS, 2006).
Alguns historiadores consideram que a primeira cidade brasileira a dispor de arborização
de rua foi Recife, no século XVII, no período da ocupação holandesa, por obra do
governador João Mauricio de Nassau-Siegen, que construiu o primeiro parque público
ao redor do Palácio de Friburgo, onde o governador residia. Ao redor do palácio foram
plantadas centenas de palmeiras, laranjeiras e granadilhas (TERRA, 2000 apud
NEGREIROS, 2006).

A introdução da arborização urbana em Goiás não foi diferente do que ocorreu no


restante do país, ou seja, não havia uma preocupação dos antigos governantes com a
inserção de vegetação nas cidades históricas.
No início da construção da sua capital a preocupação era com a abertura das ruas e
construção dos prédios públicos e das residências. Apenas nas décadas de 40 e 50
ocorreram os primeiros plantios em algumas ruas do Setor Central, utilizando espécies
exóticas, como por exemplo, os Flamboyants (Delonix regia) nas Avenidas Tocantins
e Araguaia e o Ficus (Ficus microcarpa) na Avenida Goiás (PDAU, 2006). Nas Ruas
20, 16 e outras plantou-se Ligustro ou Alfeneiro (Ligustrum japonicum) e na Rua 24
o Saboneteiro (Sapindus saponaria). Mais recentemente plantou-se a Munguba ou
Manguba, denominada cientificamente como (Pachira aquatica), especialmente na
Avenida Paranaíba.

Goiânia, como capital do Estado, influenciou as cidades do interior em relação à


arborização urbana. Observa-se que, nas cidades do interior, em especial as de maior
porte, como Aparecida de Goiânia, Anápolis, Itumbiara, Jataí e Rio Verde, foram utilizadas
espécies existentes nas ruas de Goiânia.

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4.2 | Descrição sobre as espécies ocorrentes
na arborização urbana

A arborização urbana pode ser definida como uma comunidade vegetal urbana, pois
segundo Odum e Barrett (2011) uma comunidade, no sentido ecológico, constitui um
sistema interativo e interdependente de populações que ocupam uma determinada área.
Desta forma, independente do componente que se está estudando, se áreas verdes ou
arborização de ruas, haverá interações entre organismos e interdependência entre eles,
variando apenas conforme as condições da estrutura urbana (espaços reduzidos,
ilhas de calor, impermeabilização, redução da umidade, entre outros).

A seleção das espécies a serem empregadas na arborização urbana, deve considerar


alguns critérios importantes como: capacidade de adaptação, sobrevivência e
desenvolvimento no local destinado para plantio, além de outras características como
porte, tipo de copa, folhas, flores, ausência de toxidade, ausência de frutos, aspecto
de crescimento das raízes, adaptabilidade, resistência a pragas e doenças, tolerância a
poluentes e a baixas condições de aeração do solo.

Considera-se que a variedade de espécies é um dos principais alvos do processo de


gestão da arborização nas cidades, uma vez que a manutenção da diversidade biológica
é o que determina a estabilidade, a resistência e a resiliência diante de situações
desfavoráveis que afetam a comunidade vegetal.

Considerar a adaptabilidade das espécies faz-se importante, pois escolhas inadequadas


podem aumentar as taxas de mortalidade, reduzir a expectativa de vida das árvores
e aumentar os custos de reposição ou de indenização por danos causados com suas
quedas, que podem atingir carros, casas, e demais patrimônios.

Comumente os projetos de arborização estabelecem para cada rua um padrão, seja


um tipo de espécie seja o porte a ser plantado, em ambos lados da rua, e em algumas
situações é possível notar espécies diferentes por quarteirões ou misto (Figura 1).

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Figura 1. Diferentes padrões de projetos utilizados na arborização urbana.

Segundo o Plano Diretor de Arborização Urbana de Goiânia, a


arborização da Capital está concentrada em poucas espécies,
conforme apresentado na tabela abaixo, sendo a mais abundante
a Monguba (Pachira aquatica).

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Tabela 1. Relação das quinze espécies mais abundantes no município de Goiânia.

Nº Espécie Nome Científico %

01 Monguba Pachira aquatica Aubl. 19,15


Caesalpinia pluviosa var.
02 Sibipiruna 17,05
peltophoroides Benth.
03 Guariroba Syagrus oleracea (Mart.) Becc. 7,84
04 Ficus-benjamina Ficus benjamina L. 6,37
05 Sete-copas Terminalia catappa L. 4,86
06 Ipê-de-jardim Tecoma stans Griseb 3,05
07 Quaresmeira -roxa Tibouchina granulosa Cogn. 2,99
Roystonea borinqueana (N.J.Joacquin)
08 Palmeira-imperial 2,59
O.F. Cook
09 Pata-de-vaca-lilás Bauhinia variegata L. 1,72
10 Mangueira Mangifera indica L. 1,71
11 Oiti Licania tomentosa (Benth.) Frtsch. 1,51
12 Flamboyant Delonix regia Rafin 1,49
13 Areca-bambu Dypsis lutescens H. Wendl. 1,36
14 Pata-de-vaca-rosa Bauhinia blakeana Dunn. 1,07
Syzygium malaccense (L.) Merr. & L.
15 Jambo-do-pará 0,97
M. Perry
Fonte: Plano Diretor de Arborização Urbana de Goiânia (2006).

O levantamento mostrou que as espécies mais frequentes na arborização são exóticas,


havendo baixa incidência de espécies nativas do cerrado. De modo similar, ao se
observar a arborização urbana do interior de Goiás, principalmente nos centros urbanos
de maior porte, o padrão da arborização urbana não difere muito daquele detectado na
capital, conforme alguns estudos abaixo demonstrados:

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• Anápolis, no inventário da arborização urbana realizado numa grande área da cidade (SILVA
& ANGELINI, 2012), foram identificados 632 indivíduos de 17 gêneros e 18 espécies,
apresentando com maior número de exemplares as espécies Monguba (Pachira aquatica),
Lingustro (Ligustrum lucidum) e Aroeira-salsa (Schinus molle) representando 36,3%,
31,6% e 13,1% da amostragem respectivamente. Dentro desse aspecto, a Monguba
foi a espécie mais abundante. A predominância de apenas uma espécie pode facilitar
a propagação das pragas. A Pachira aquatica mostrou-se prejudicial à estrutura viária da
cidade, sendo observados danos ao calçamento e conflitos com as redes aéreas (SILVA &
ANGELINI, 2012).

• Catalão, segundo (ROCHA, 2011), no estudo realizado na arborização urbana as espécies


mais abundantes foram Aroeira-salsa (Schinus molle) (39,1%), Oiti (Licania tomentosa)
(17,6%), Quaresmeira-roxa (Tibouchina granulosa) (6,4%), Murta (Murraya exotica) (4,3%),
Monguba (Pachira aquatica) (3,1%), Sete-copas ou amendoeira (Terminalia catappa)
(2,7%), Ficus (Ficus sp.) (2,3%), Sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides) (1,8%) e Palmeira-
imperial (Roystonea borinqueana) (3,8%). Neste estudo, detectou-se que estas nove (9)
espécies representaram 81,1% dos indivíduos arbóreos levantados, mostrando a grande
concentração em poucas espécies.

• Goiandira, no diagnóstico da arborização urbana realizado no município (PIRES TEIXEIRA


et al., 2012) foram registradas 1.440 plantas arbóreas e arbustivas nas vias públicas e
praças do município, as quais totalizaram 105 espécies, sendo seis (6) mais abundantes
tais como o Oiti (Licania tomentosa), Sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides), Murta
(Murraya paniculata), Sete-copas (Teminalia catappa), Aroeira-salsa (Schinus molle) e
Palmeira-leque (Wallichia disticha) responsáveis por 50,1% dos espécimes levantados. A
espécie de maior abundância foi o Oiti (Licania tomentosa), representando 20,1% do total.
Das espécies encontradas 50% são de origem exótica, tanto para o Cerrado quanto para
o Brasil, 14% são exóticas para o cerrado, mas nativa do Brasil, e apenas 10% são nativas
para o Cerrado, consequentemente nativas para o Brasil.

• Rio Verde, na avaliação da arborização urbana do setor central do município (CABRAL


et al., 2012), verificou que ao longo das ruas e avenidas objetos do estudo, foram
encontradas 1.113 árvores de 42 espécies diferentes, com predominância do Oiti (Licania
tomentosa) responsável por 29,11% do total de indivíduos identificados, seguido pelas
seguintes espécies Palmeira-imperial (Roystonea borinqueana) (18,95%), Sibipiruna
(Caesalpinia pluviosa) (8,62%), Monguba (Pachira aquatica) (5,30%), Ficus-benjamina
(Ficus benjamina) (4,58%), Setecopas (Terminalia catappa) (4,13%), Palmeira-fenix
(Phoenix roebelenii) (3,77%), Aroeira-salsa (Schinus molle) (2,87%).

25
• Nerópolis, no estudo de arborização urbana realizado na cidade (TAKAHASSI ITII et al.,
2012) constatou-se na área estudada a presença de 166 árvores, com 21 espécies, sendo
que deste total apenas 2 espécies são nativas do bioma cerrado, 07 espécies são nativas
de outros ecossistemas brasileiros e 12 espécies são de origem de outros continentes
(América Central, Ásia e Oceania), ou seja, exóticas. A espécie que foi mais encontrada
foi o Oiti (Licania tomentosa) com 64 exemplares, seguida da Sibipiruna (Caesalpinia
peltophoroides) com 9 exemplares, Murta (Murraya paniculata) com 6, Bacuri (Scheelea
phalerata) com 5, e Monguba (Pachira aquatica) com 4 exemplares.

Os estudos acima apresentados demonstram que a arborização urbana nas cidades de


Goiás concentram poucas espécies, sendo na sua maioria exóticas ao bioma cerrado.

Esta situação pode ter sido influenciada por alguns fatores, em primeiro lugar pela
arborização urbana de Goiânia ter servido como exemplo para as outras cidades, sendo
implantada uma baixa diversidade de espécies, na sua maioria exóticas, e pela carência
de estudos em relação as espécies do Cerrado adequadas a arborização urbana.

Diante do exposto, observa-se que as espécies ocorrentes na arborização urbana das


cidades goianas são praticamente as mesmas, e na sua maioria são exóticas, como por
exemplo: Monguba (Pachira aquatica), Oiti (Licania tomentosa), Sibipiruna (Caesalpinia
pluviosa var. peltophoroides), Ficus (Ficus benjamina), Sete-copas (Terminalia catappa),
Palmeira-imperial (Roystonea borinqueana), Aroeira-salsa (Schinus molle), Flamboyant
(Delonix regia), Guariroba (Syagrus oleracea), Cedrinho (Tecoma stans), Quaresmeira-
roxa (Tibouchina granulosa), Jambo-do-pará (Syzygium malaccense), dentre outras.

Embora os municípios do Estado apresentem semelhança na composição de espécies


na arborização de ruas e praças, não existe uma padronização na seleção das espécies.

Outras espécies além de sua beleza e fácil adaptação, são empregadas para redução da
poluição, devido as suas características morfológicas adaptadas para esta função, pois
as folhas das árvores podem absorver gases poluentes e prender partículas sobre sua
superfície, especialmente se estas forem pilosas, cerosas ou espinhosas. Nesta
composição tem-se as Quaresmeiras (Tibouchina granulosa e T. sellowiana), Araçá
(Psidium cattleyanum), Chuva-de-ouro (Cassia multijuga), Guabiroba-folha-miúda
(Campomanesia rhombea), Tarumã (Vitex montevidensis).

26
4.3 | Abordagem sobre a situação da convivência entre
a arborização e as redes de distribuição de energia elétrica
nos municípios goianos

A energia elétrica é fator fundamental para o desenvolvimento e a qualidade de vida da


população, fazendo parte da rotina diária das pessoas em suas casas e no trabalho.
A energia elétrica é necessária para funcionamento de televisores, geladeiras, chuveiros,
computadores, celulares e demais equipamentos, propiciando conforto e qualidade de vida
à população.

Entretanto, para que a energia chegue até as pessoas ela faz um grande percurso, indo
desde as fontes geradoras, passando por linhas de transmissão e redes de distribuição
de energia elétrica. Nos centros urbanos, pode-se destacar a presença das redes de
distribuição.

As redes de distribuição são posicionadas nos passeios públicos, sendo mais um elemento
ou equipamento urbano. Da mesma forma, estão os elementos paisagísticos, no qual
a arborização faz parte, elemento importante que proporciona a qualidade de vida da
população, no entanto seu convívio com as redes de distribuição é algo desafiador.

Com isto, o grande desafio atual vivido por muitas prefeituras e pelas concessionárias de
energia é a convivência harmônica entre as redes de distribuição de energia e a arborização
urbana. Este problema se agrava quando as implantações da arborização urbana e as redes
de distribuição de energia são planejadas e executadas de forma independente.

Observa-se que na maioria das vezes a situação está consolidada e o conflito entre as redes
de distribuição e a arborização, já existentes. Para minimizar este conflito são executadas
podas nas árvores, o que interfere no aspecto visual das mesmas e afeta diretamente na
redução dos ciclos de vida dos exemplares da arborização urbana, além de ser uma atividade
onerosa.

Para melhorar a convivência entre a arborização e as redes de distribuição urbana, o


planejamento da arborização deve considerar os sistemas de distribuição de redes elétricas
afim de evitar potenciais conflitos.

27
4.4 | Espécies inadequadas para a arborização urbana

Alguns fatores de interferência na arborização urbana são de natureza biológica, como


o ciclo biológico das espécies, sistemas radiculares, cor da folhagem, flores, frutos,
desenvolvimento e longevidade, enquanto fatores externos, tais como incidência de
ventos, largura dos passeios indicam elementos antagônicos que devem ser conciliados.

Dentre os motivos para enquadramento das espécies como inadequadas à arborização


de ruas geralmente são consideradas características como possuir espinhos, possuir
frutos grandes, porte excessivamente grande, possuir eixo ortotrópico1 e copa larga ou
densa, possuir crescimento irregular, além daquelas que apresentam toxicidade.

Outros atributos indesejáveis também são considerados como aquelas de conformação


arbustiva e que necessitam de poda constante para apresentar formato arbóreo,
apresentam desrama2 natural excessiva, sistema radicular superficial, presença de
sapopemas3, baixa resistência ao ataque de organismos xilófagos4, e que por outras
razões são incompatíveis com o calçamento.

Abaixo, segue algumas espécies consideradas inadequadas para uso em projetos de


arborização próximo as redes elétricas urbanas (Figura 2).

28
Figura 2. Espécies consideradas inadequadas para uso em projetos de arborização
próximo as redes elétricas urbanas.

Sibipiruna (Caesalpinia pluviosa var. Oiti (Licania tomentosa)


peltophoroides)

Ficus (Ficus benjamina) Mangueira (Mangifera indica)

1
Ortotrópico: órgão vegetal que se desenvolve em linha reta, especialmente vertical.
2
Desrama: Efeito de desramar, de cortar os ramos, poda.
3
Sapopemas: Cada uma das raízes que se desenvolvem com o tronco de muitas árvores,
formando em volta dele divisões achatadas.
4
Xilófagos: inseto que se alimenta de madeira.

29
Tabela 2. Algumas espécies consideradas inadequadas para uso em
projetos de arborização próximo as redes elétricas urbanas..

Nome
Espécie Floração Frutificação Motivos
Científico
Grande
susceptibilidade
ao ataque do
Pachira aquatica
Monguba Set./Nov. Abr./Jun. coleóptero
Aubl.
(Bezouro)
Euchroma
gigantea
Caesalpinia Grande
pluviosa var. susceptibilidade
Sibipiruna Ago./Nov. Jul./Set.
peltophoroides a ataque de
Benth. cupins
Sistema
Delonix regia
radicular [1]
Flamboyant (Bojer ex Hook.) Out./Dez. Mar./Jul.
superficial e
Raf.
agressivo
Sistema
Ficus-benjamina Ficus benjamina L. Set./Dez. Dez./Fev. radicular
agressivo
Mangifera indica Frutos grandes e
Mangueira Jul./Ago. Set./Dez.
L. carnosos
Spathodea
Frutos grandes e
Espatódea campanulata P. nd nd
carnosos
Beauv.
Nerium oleander Princípios
Espirradeira Jul./Ago. Set./Dez.
L. tóxicos [2]
Chapéu-de- Hibiscus rosa- Princípios
Dez. Fev.
napoleão sinensis L. tóxicos
Roystonea
Palmeira- Folhas grandes e
borinqueana O.F. Set./Fev. Nov./Ago.
imperial pesadas
Cook
Holocalyx Presença de
Palmeira-
glaziovii Taub. ex Out./Nov. Jan./Dez. espinhos no
imperial
Giaz. tronco e galhos

[1] Radicular: que diz respeito a raiz.

[2] Tóxicos: que produz efeitos ruins ou nocivos para o organismo.

30
4.5 | Abordagem sobre a situação da convivência entre
a arborização e as redes de distribuição de energia elétrica
nos municípios goianos

Grande é o número de fatores que deve ser levado em consideração para a indicação
adequada de espécies em projetos de arborização urbana, uma vez que uma arborização
correta e harmoniosa, ao mesmo tempo que espelha a cultura e o grau de civilização de uma
cidade, constitui-se num dos mais sólidos elementos de sua valorização (SOARES, 1998).

Assim, para que se possa indicar seja pelas condições de sombreamento,


espécies adequadas para tal situação pelas condições de desenvolvimento das
tem-se que avaliar alguns elementos, raízes e consequentemente danos a
tais como largura e orientações das encanamentos e alicerces das
ruas, altura das edificações, natureza construções, bem como pelas instalações
do tráfego, extensão dos passeios e elétricas que são indicadas de forma
situação do bairro a arborizar. Está inadequadas fatalmente poderão ser
nisso tudo a dificuldade de escolha de mutiladas.
uma espécie vegetal para cada caso. Para o estado de Goiás, algumas
espécies indicadas por Pereira (1997)
Para tanto, não se conhecem regras podem ser utilizadas na arborização
absolutas para a distribuição das árvores urbana, ainda mais por serem de origem
de alinhamento nas ruas. nativa, o que propicia melhor adaptação
Por isso, face a esta situação, ficam as condições ambientais.
algumas indicações gerais sobre o
assunto, no qual o primeiro fator a ser Sendo assim, citam-se algumas
considerado é: o conforto da comunidade. espécies indicadas para a implantação
em passeios públicos e que esteja sob
A arborização dos passeios ou calçadas, linhas de distribuição (Tabela 3 -
muitas vezes requer cuidados especiais, Figura 3, Tabela 4 - Figura 4).

31
Tabela 3. Espécies de pequeno porte: adequadas para plantios debaixo de redes de
energia elétrica de baixa e média tensão.

Nome
Espécie Família Floração Frutificação Altura
Científico
Acerola Malpighia glabra L. Malpighiaceae Ano todo Ano todo 5m
Tecoma stans
Cedrinho Bignoniaceae Jan./Mai. Jun./Ago. 4m
(L.) H. B. K.
Pingo-de-ouro Duranta repens L. Verbenaceae Set./Fev. Out./Mar. 5m
Callistemon
Escova-de-
citrinus (Curtis) Myrtaceae Jun./Ago. nd 4,5 m
garrafa
Skeels
Callistemon
Escova-de-
viminalis (Sol. Ex Myrtaceae Set./Dez. nd 4,5 m
garrafa
Gaerttn.) G. Don
Caesalpinia
Flamboyant-
pulcherrima (L.) Fabaceae Set./Fev. Mai./Jun. 4m
mirim
Sw.
Grevillea banksii
Grevilea-anã Proteaceae Ano todo Ano todo 6m
R. Br.
Hibiscus rosa-
Hibisco Malvaceae Jun./Ago. nd 5m
sinensis L.
Handroanthus
chrysotrichus
Ipê-tabaco Bignoniaceae Jul./Ago. Set./Out. 6m
(Mart. ex DC)
Standl.
Jasmim- Plumeria rubra
Apocynaceae Set./Dez. nd 6m
manga (L,) Woodson
Lagerstroemia
Resedá Lythraceae Out./Abr. nd 6m
indica L.
Handroanthus
Ipê-rosa-anão heptaphyllus var. Bignoniaceae Jun./Set. Jul./Nov. 3,5 m
paulensis
Eugenia
Cagaita Myrtaceae Jul./Set. Set./Out. 6m
dysenterica DC.
Amoreira Morus alba L. Moraceae Out./Nov. Dez./Jan. 6m
Tabebuia aurea
(Silva. Manso).
Caraíba Benth. &. Bignoniaceae Jul./Set. Set./Out. 4m
Hook.f. ex.
S.Moore
Vochysia rufa
Pau-doce Vochysiaceae Nov./Jan. Jun./Ago. 6m
Mart.

nd.= Não determinado

32
Figura 3. Espécies de pequeno porte.

Pingo-de-ouro Escova-de-garrafa Grevilea-anã


(Duranta repens) (Callistemon citrinus) (Grevillea banksii )

Hibisco Ipe-tabaco (Handroanthus Jasmim-manga


(Hibiscus rosa-sinensis) chrysotrichus) (Plumeria rubra)

Resedá
(Lagerstroemia indica)

33
Tabela 4. Espécies de médio porte: adequadas para plantios debaixo de
redes de energia elétrica de baixa tensão.

Nome
Espécie Família Floração Frutificação Altura
Científico
Schinus
Aroeira-
terebinthifolius Anarcadiaceae Set. Dez./Jan. 9m
pimenteira
Raddi
Aroeira-salsa Schinus molle L. Anarcadiaceae Ago./Nov. Dez./Mar. 8m
Senna
macranthera
Cássia-são-joão Fabaceae Dez./Mar. Mai./Ago. 10 m
(Collad.) Irwin et
Barn..
Chuva-de-ouro Senna fistula L. Fabaceae Out./Nov. Dez./Jan 10 m
Escumilha- Lagerstroemia
Lythraceae Out./Dez. Jan./Jul 10 m
africana speciosa Pers.
Jacaranda
Jacarandá-
cuspidifolia Bignoniaceae Set./Dez. Jun./Set. 10 m
mimoso
Mart.
Bauhinia
Pata-de-vaca-
variegata L. var. Fabaceae Jun./Set. Jul./Ago. 7m
branca
candida
Pata-de-vaca- Bauhinia
Fabaceae Jul./Out. Jul./Ago. 7m
lilás variegata L.
Pata-de-vaca- Bauhinia blakeana
Fabaceae Jul./Set Jul./Ago. 7m
rosa Dunn
Tibouchina Melastoma-
Quaresmeira Dez./Mar. Abr./Mai. 8m
granulosa Cogn. taceae
Pterodon
Sucupira-
pubescens Fabaceae Set./Out. Mai./Jun. 10 m
branca
Benth.
Licania kunthiana Chryso-
Rapadura Ago./Set. Abr./Mai. 10 m
Hook balanaceae
Cassia multijuga
Aleluia Fabaceae Out./Abr. Mai./Set. 10 m
Rich.
Guabiroba Campomanesia
Myrtaceae Ago./Dez. Jan. 7m
miúda rhombea O.Berg.

34
Figura 4. Espécies de médio porte.

Cássia-são-joão Jacarandá-mimoso Quaresmeira


(Senna macranthera) (Jacaranda cuspidifolia) (Tibouchina granulosa)

Pata-de-vaca lilás Pata-de-vaca branca Pata-de-vaca rosa


(Bauhinia variegata) (Bauhinia variegata) (Bauhinia blakeana)

Aroeira-pimenteira Aroeira-salsa
(Schinus terebinthifolius) (Schinus molle)

35
Tabela 5. Espécies de grande porte: adequadas para plantios em passeios públicos,
grandes canteiros centrais e praças sem rede de distribuição de energia elétrica.

Nome
Espécie Família Floração Frutificação Altura
Científico
Ligustrum
Alfeneiro Oleaceae Ago./Set. Out. 12 m
japonicum Thunb.
Amendoim- Pterogyne nitens
Fabaceae Nov./Fev. Mai./Ago. 13 m
bravo Tul.
Myroxylon
Bálsamo Fabaceae Jul./Ago. Out./Nov. 20 m
peruiferum L.F.
Handroanthus
Ipê-branco roseoalbus (Ridl.) Bignoniaceae Ago./Set. Set./Out. 16 m
Mattos
Syzygium
malaccense (L.)
Jambo-do-pará Myrtaceae Ago./Fev. Jan./Mai. 15 m
Merr. & L. M.
Perry
Lophantera
Lanterneiro Malpighiaceae Mar./Ago. Abr./Out. 15 m
lactescens Ducke
Magnólia- Michelia
Magnoliaceae Out./Nov. Dez./Mar. 30 m
amarela champaca L.
Maclura tinctoria
Moreira Moraceae Ago./Out. Dez./Jan. 12 m
D. Don ex Steud.
Physocalymma
Nó-de-porco Lythraceae Ago./Set. Nov./Fev. 17 m
scaberrimum Pohl
Licania tomentosa
Oiti Chrysobalanaceae Jul./Set. Jan./Mar. 15 m
(Benth.) Fritsch.
Sapindus
Saboneteiro Sapindaceae Mar./Abr. Jul./Dez. 14 m
saponaria L.
Copaifera
Copaíba Fabaceae Dez./Fev. Abr./Set. 25 m
langsdorffii Desf.
Handroanthus
impetiginosus
Ipê-roxo Bignoniaceae Jul./Ago. Set./Out. 20 m
Mart. ex. DC
(Mattos)
Delonix regia
Flamboyant (Bojer ex Hook.) Fabaceae Out./Dez. Mar./Jul. 12 m
Raf.
Mangifera indica
Mangueira Anacardiaceae Jul./Ago. Set./Dez. 15 m
L.
Jacarandá- Platypodium
Fabaceae Ago./Set. Jul./Ago. 20 m
canzil elegans Vog.
Hymenaea
Jatobá Fabaceae Nov./Dez. Jul./Ago. 25 m
courbaril L. Vog.

36
Figura 5. Espécies de grande porte.

Oiti Jambo-do-Pará
(Licania tomentosa) (Syzygium malaccense)

Flamboyant Mangueira
(Delonix regia) (Mangifera indica)

37
Apesar da arborização ser comum em locais como praças, parques e passeios
púbicos, é neste último onde ocorre os maiores transtornos. Alguns critérios devem
ser avaliados quando a arborização se dá nestes locais.

Assim, faz-se algumas recomendações quanto aos plantios de árvores em áreas


urbanas considerando o espaço público e as características das árvores a serem
plantadas, tais como:

Espaço Urbano e Árvores

• Verificar equipamentos urbanos (redes elétricas, tubulações, ponto de ônibus, entre


outros);

• Espaçamento e distâncias mínimas de segurança;

• Espaço livre mínimo para trânsito de pedestres em passeios de 1,20 m (NBR 9050/94);

• Indicação dos locais de plantio e espécies escolhidas;

• As mudas devem ser adaptadas ao clima local;

• Apresentar tronco único, retilíneo, altura mínima de 2,5 metros e copa definida;

• Diâmetro a altura do peito (DAP) com no mínimo 3 cm;

• Abertura das covas com 0,60 x 0,60 x 0,60 m e colocar a muda no centro da cova;

• Adubação de correção apenas se a planta apresentar alguma deficiência nutricional;

• Realizar a poda da raiz (se necessário), retirar a embalagem (sacos plásticos, baldes,
etc) e efetuar a rega logo após o plantio;

• Colocar um tutor ao lado da muda para estabilização inicial;

• Proteção da muda de pelo menos 1 metro de altura;

• É recomendando realizar o plantio em períodos chuvosos.

38
39
5
MANEJO DA
VEGETAÇÃO EM
ÁREAS URBANAS

40
As características de uma árvore, tais como porte, formato da
copa, disposição de galhos, altura do tronco, queda de folhas, tipo
de raiz, de flor, tamanho e tipo do fruto, de sementes, presença
de princípios ativos, aromáticos ou tóxicos, entre outras, são
elementos fundamentais na indicação para arborização e manejo
da vegetação. Estas características estruturais são comuns a
todos os indivíduos de uma mesma espécie.

Conhecer as características das


espécies, do objetivo e do local de
plantio deve ser a base para a escolha
da arborização urbana, visando
melhor aproveitamento dos atributos
existentes, reduzindo os custos de
manutenção e melhorando a
vitalidade das árvores em geral.

Desta forma, no desenvolvimento


de uma árvore, em ambiente urbano,
há vários tipos de intervenções
possíveis, de modo a garantir
sua saúde, segurança e aspecto
visual agradável ou até mesmo sua
remoção, quando necessário.

Assim, as podas são ações


fundamentais no manejo da
arborização urbana.

41
6
POR QUE
PODAR?

42
Na arborização as podas são utilizadas visando compatibilizar a existência
das árvores no meio urbano em virtude dos diversos equipamentos públicos,
principalmente com as redes de distribuição de energia elétrica, com a iluminação
pública, com a sinalização de trânsito e até mesmo com as edificações.

A poda ideal é aquela feita em galhos com diâmetros menores, pois favorece o
processo de fechamento da lesão provocada pelo corte. Quando a poda é realizada
em galhos grossos o fechamento da lesão pode não se fechar por completo,
favorecendo a entrada de organismos decompositores de madeira ou causadores
de doenças.

A poda pode estimular a brotação de ramos epicórmicos7, também denominados


de ramos ladrões, que são mais susceptíveis a quebras, principalmente em
períodos chuvosos.

Para que as podas produzam os resultados


esperados, devem ser utilizadas com
moderação, executadas por pessoas
treinadas e que conheçam o crescimento
natural das árvores, pois se mal
executadas causam agressões, podendo
levar o exemplar arbóreo a morte.

7
Epicormicos: vulgarmente conhecidos
como ramos ladrões, são rebentos vigorosos
provenientes de um gomo dormente que
concorre com os ramos vizinhos.

43
7
PLANEJAMENTO
E SEGURANÇA

44
Antes do inicio da atividade as equipes de poda
deverao fazer a APR-Análise Preliminar de Riscos,
visando antecipar e tomar as medidas de controle
necessárias para evitar acidentes do trabalho.

Para execução dos serviços de poda, todos os passos


do WKI-HSEO-HSE-17-0088-EDBR - Poda e Manejo
da Vegetação pertinentes ao desenvolvimento das
atividades deverão ser rigorosamente seguidos.

Os funcionarios deverao ser transportados em veículos


adequados, seguindo as normas estabelecidas no
Código Nacional de Transito, os quais deverão estacionar
corretamente. Os caminhões utilizados na coleta dos
galhos nao poderão transitar com pessoas
na carroceria.

E expressamente proibido o trabalho em condições


climáticas adversas, como chuva e/ou ventos fortes.
Após chuvas, como os galhos se encontram molhados,
deverão ser utilizados caminhões equipamentos com
cestas aéreas, com o objetivo de evitar acidentes
(escorregões e quedas).

45
A área deverá ser devidamente isolada e, caso exista
algum veículo particular na área de trabalho, deverá
ser providenciada a sua retirada, antes de iniciar a
execução dos serviços.

Outro passo importante é analisar previamente as


condições físicas da árvore, verificando o estado
fitossanitário do exemplar arbóreo que será podado,
em especial o estado físico do tronco (oco, podre,
rachado, etc), existência de galhos secos ou mortos
e galhos epicórmicos. Verificando algum risco na
estrutura da árvore e possibilidade de acidentes,
a poda deverá ser realizada utilizando caminhões
equipados com cestas aéreas.

Compete ao encarregado da equipe verificar a existência


de elementos estranhos que ofereçam riscos, tais como
abelhas, marimbondos, insetos nocivos, dentre outros.
Em caso de constatação, deverá ser informado ao
representante da ENEL para que seja providenciada
a sua remoção antes da execução do serviço.

46
Nos casos de existência de abelhas nativas, as colmeias deverão ser removidas,
contudo os órgãos ambientais deverão ser previamente comunicados, para as
devidas providências ou autorizações.

O controle de abelhas africanizadas poderá ser efetuado conforme Instrução


Normativa IBAMA nº 141, de 19 de setembro de 2006, assim, a remoção da colmeia
para outro local poderá ser feita através de solicitação aos órgãos de governo
da saúde, da Agricultura e do Meio Ambiente. Caso seja realizada por empresa
responsável pelas podas, esta deverá obter autorização/licença específica.

Árvores que tenham ninhos de passarinhos, deverão ser verificados se os mesmos


encontram-se ocupados (ovos e filhotes) e, em caso positivo, estas árvores
não poderão ser podadas. Caso o ninho esteja na extremidade de um galho,
possibilitando a execução da poda, cuidados deverão ser tomados para que o ninho
não seja atingido.

Os galhos cortados deverão ser imediatamente recolhidos em caminhões


apropriados para o transporte e, em casos excepcionais, deverão ser removidos em
no máximo 12 horas após o corte.

47
7.1 | Equipamentos de Proteção Individual

Os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) conforme a NR 06 devem ser utilizados para


que os trabalhadores envolvidos na execução dos serviços de poda estejam devidamente
identificados e protegidos de qualquer risco de acidente de trabalho. Assim, tem-se abaixo a
lista dos equipamentos necessários ao uso da atividade de poda:

CAPACETES DE SEGURANÇA, CLASSE 2

ÓCULOS DE SEGURANÇA, LENTE CINZA OU GRAFITE

PROTETOR AURICULAR TIPO CONCHA

PROTETOR FACIAL TIPO TELA DE NYLON

PROTETOR AURICULAR TIPO CONCHA

48
LUVAS DE COURO

CALÇAS DE NÁILON ANTI-CORTE PARA


MOTOSSERRISTAS

CALÇADO DE SEGURANÇA ADEQUADO


A ÁREA ELÉTRICA

CINTO TIPO PARAQUEDISTA

TRAVA-QUEDAS

49
7.2 | Equipamentos de Proteção Coletiva

O objetivo do uso de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC’s) é o mesmo que o


uso de EPIs, possibilitando a diminuição de riscos de acidentes às pessoas. Quando
as podas são realizadas em locais de grande circulação de pessoas tais equipamentos
devem ser utilizados com a finalidade de sinalizar o local onde está sendo realizado
uma operação de risco. O isolamento da área também oferece proteção aos podadores
contra a invasão de veículos e transeuntes. São Equipamentos de Proteção Coletiva os
seguintes itens:

• Cones de sinalização;

• Fitas refletivas para sinalização;

• Cavaletes e bandeirolas
com suporte para isolamento
da área;

• Cesto aéreo isolado;

• Escadas e cordas.

ZL
Para realizar as atividades de poda, são aplicáveis
obrigatoriamente as Normas Regulamentadoras
Rc ZC
ZL do Ministério do Trabalho e emprego, sendo
ZR as principais: NR-06, NR-10, NR-12 e NR-35.
Ainda conforme estabelece a NR10 que trata da
PE
Rr segurança em instalações e serviço em eletricidade
SI tem-se as seguintes zonas de riscos:

Figura 6 - Distâncias no ar que delimitam


radialmente as zonas de risco.

ZL = Zona livre | ZC = Zona controlada, restrita a trabalhadores autorizados. | ZR = Zona de


risco, restrita a trabalhadores autorizados e com a adoção de técnicas, instrumentos
e equipamentos apropriados ao trabalho. | PE = Ponto da instalação energizado. |
SI = Superfície isolante construída com material resistente e dotada de todos dispositivos
de segurança. Rc = Raio de delimitação entre zona controlada e livre em metros. | Rr = Raio
de delimitação entre zona de risco e controlada em metros.

50
7.3 | Fiscalização e Controle de Qualidade

A fim de possibilitar um melhor controle da qualidade dos trabalhos e da segurança,


cada equipe de poda contratada terá um representante formalmente designado. Cada
contratada deverá ter um responsável técnico, de nível superior, com experiência na área
e devidamente registrado no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia – CREA ou
Conselho Regional de Biologia – CRBio, sendo necessária a expedição de Anotação de
Responsabilidade Técnica (ART).

A ENEL também designará fiscais, responsáveis pelos contratos e fiscalização das podas
em campo, incluindo o monitoramento da qualidade dos trabalhos, os quais farão a
supervisão das atividades da empreiteira e, quando necessário, reportarão ao representante
da contratada.

Os responsáveis pelas regionais da ENEL serão responsáveis pela interlocução junto aos
órgãos públicos municipais representantes pelas atividades relacionadas com a arborização
urbana, para solicitação das devidas autorizações de poda e outros assuntos pertinentes aos
trabalhos.

Para avaliação dos serviços executados, serão analisados os seguintes parâmetros:

• Distância mínima estabelecida de acordo com a modalidade da rede;


• Consideração da estrutura (forma específica) natural da árvore durante a execução
da poda;
• Se foi executada destopo nas árvores;
• Utilização de ferramentas de impacto (facão, foice, etc);
• Execução da poda dentro do limite de 25% da copa;
• Autorização do responsável para execução da poda de conformidade,
visando o equilíbrio da árvore;
• Dispor dos seguintes documentos:
• Convênio ou Autorização para a realização do serviço de poda; Autorização
para o descarte dos resíduos;
• Documento de porte obrigatório de motosserra ou motopoda;
• Retirada dos tocos secos que estejam próximos à rede, oriundos de podas anteriores;
• Execução dos cortes sem provocar lascas;
• Execução dos cortes sem deixar degraus ou ressaltos;
• Execução dos cortes sem promover danos às estruturas da crista e/ou do colar;
• Execução dos cortes sem provocar lesões de casca;
• Remoção de galhos danificados da copa após o término do serviço;
• Realizar a limpeza final retirando todo o material podado da copa da árvore
e do solo e destinar os resíduos para local autorizado pela Prefeitura.
51
8
PODAS

52
8.1 | Principais tipos de podas

Para que as áreas verdes e árvores no ambiente urbano cumpram


com as suas funções e se mantenham em estado adequado
e sadio é necessário a adoção de práticas sistematizadas de
manutenção, como a poda.

A poda de árvores é uma atividade inevitável na arborização urbana, e esta técnica


apresenta diversos tipos possíveis e a escolha mais adequada é aquela que permite
um desenvolvimento sadio da planta, podendo considerar também o seu estágio de
amadurecimento, capacidade de recuperação, estádio fenológico e equilíbrio estrutural.

A sua limpeza, por meio da eliminação de ramos deverá obedecer uma técnica de corte
que considere o tamanho do galho e a posição adequada, de modo que não cause
lesões em outras partes da árvore e ocorra a cicatrização completa da casca.

Assim, há diferentes tipos de poda, podendo ser classificadas em podas de formação


e podas de condução. A poda de formação é essencial, pois condiciona todo o
desenvolvimento da árvore e sua adaptação às condições em que vai ser plantada
definitivamente. É realizada no viveiro, onde as mudas são produzidas dentro de padrões
técnicos, sendo conduzidas no sistema denominado “haste única”, que consiste na
desbrota permanente num caule único e ereto, até atingir a altura mínima de 2,5 metros.

Já a poda de condução é quando a muda já está plantada no local definitivo, a


intervenção deve ser feita com precocidade, para conduzir a planta em seu eixo de
crescimento, retirando os ramos indesejáveis e ramificações baixas, direcionando
o desenvolvimento da copa para os espaços disponíveis, sempre levando em
consideração o modelo arquitetônico da espécie. É um método útil para compatibilização
das árvores com os fios da rede aérea e demais equipamentos urbanos, prevenindo
futuros conflitos.

Contudo, para realizar as podas de condução, existem diversas técnicas que poderão ser
utilizadas, conforme pode ser abaixo descrito.

53
Poda de correção
Esta técnica visa eliminar problemas estruturais, removendo parte da árvore em
desarmonia ou que comprometam a estabilidade do indivíduo, como ramos cruzados,
codominantes e aqueles com bifurcação em “V”, que mantém a casca inclusa e formam
pontos de ruptura.

Poda de limpeza
É realizada para eliminação de ramos secos, velhos e mortos, que perderam sua função
na copa da árvore e representam riscos devido a possibilidade de queda e por serem
foco de problemas fitossanitários. Também devem ser eliminados ramos ladrões e
brotos de raiz, ramos epicórmicos, doentes, praguejados ou infestados por ervas
parasitas. Servem também para retirada de tocos e remanescentes de podas mal
executadas, no qual estes galhos podem em algumas circunstâncias ter dimensões
consideráveis, tornando o trabalho mais difícil do que na poda de formação.

Poda de adequação
A poda de adequação é comumente empregada para solucionar ou amenizar conflitos
entre equipamentos urbanos e a arborização, como por exemplo, rede de fiação aérea,
sinalização de trânsito e iluminação pública. É utilizada para remover ramos que crescem
em direção a áreas edificadas, causando danos ao patrimônio público ou particular.
Caso não seja possível realizar essa poda, é importante verificar a possibilidade na
remoção e substituição por uma espécie que seja compatível ao local.

Poda de levantamento
Consiste na remoção dos ramos mais baixos da copa. Geralmente é utilizada para
remover parte da árvore que impeça a livre circulação de pessoas e veículos.
É importante restringir a remoção de ramos ao mínimo necessário, evitando a retirada
de galhos de diâmetro maior do que um terço do ramo no qual se origina, bem como
o levantamento excessivo que prejudica a estabilidade da árvore e pode provocar o
declínio de indivíduos adultos.

Poda de emergência
É realizada para remover parte da árvore como ramos que se quebram durante a
ocorrência de chuva, tempestades ou ventos fortes, que apresentam risco iminente de
queda podendo comprometer a integridade física das pessoas, do patrimônio público
ou particular. Embora tenha um caráter emergencial, sempre que possível devem ser
considerados os aspectos morfológicos da copa da árvore, visando um restabelecimento
da copa e minimizando riscos posteriores.

54
Poda de desobstrução
Visa reduzir o tamanho da árvore. É frequentemente utilizada para desobstrução da fiação
das redes de distribuição de energia elétrica. A redução da altura ou diâmetro da árvore é
melhor obtida pelo corte do galho líder ou de galhos terminais junto a outro galho lateral a
ele e de dimensão suficiente para assumir o papel de líder.

Poda de desobstrução de redes


de distribuição de energia elétrica
A poda de desobstrução de redes de distribuição de energia elétrica tem o objetivo de cortar
os galhos que estejam em conflito com as redes aéreas de energia elétrica e também
galhos que com o vento durante chuvas fortes possam tocar ou cair sobre a rede.

Este tipo de poda tem caráter emergencial e geralmente prejudica a estética da árvore,
por isso ao se realizar este tipo de poda deve-se ao final da operação procurar manter
a estrutura da copa das árvores, o equilíbrio da copa, pois a árvore encontra-se em
ambiente urbano e, uma poda mal executada pode ocasionar a sua queda, podendo
causar acidentes com sérios danos materiais e humanos. Abaixo tem-se a copa
de um exemplar de Flamboyant (Delonix regia) com a rede de distribuição
de energia elétrica (Figura 7).

Figura 7. Exemplo de conflito da copa de um exemplar de Flamboyant


com a rede de distribuição de energia elétrica.
55
Os principais tipos de redes elétricas utilizadas no Brasil são:

• Convencional ou nua – caracterizadas por condutores nus, ou seja, sem proteção,


dispostos horizontalmente nos circuitos de média tensão e verticalmente naqueles de
baixa tensão (Figura 8).

Figura 8. Rede
elétrica convêncional

• Isolada ou multiplexada – rede isolada de média ou baixa tensão constituída por cabos
isolados e multiplexados em torno de um cabo mensageiro de sustentação (Figura 9).

Figura 9. Rede Isolada


ou multiplexada

56
• Protegida ou Compacta – a rede protegida ou compacta é constituída por um cabo
mensageiro de aço que sustenta espaçadores losangulares feitos em polietileno de alta
densidade, instalados a cada 8 a 10 metros, que sustentam os três condutores fases
cobertos com polietileno de baixa densidade. Esta rede permite o contato eventual
de galhos sem que ocorra a interrupção do fornecimento de energia, substituindo a
necessidade de podas de maior intensidade por serviços mais simples de retirada
de galhos que estejam em contato direto com a rede. Essas redes oferecem maior
confiabilidade e qualidade no fornecimento de energia, reduzindo a duração das
interrupções. São mais seguras para o público, convivem melhor com o ambiente, custam
menos e requerem menor número de intervenções, o que favorece o programa de
manutenção (Figura 10).

Figura 10. Rede


elétrica Protegida
ou Compacta

• Subterrânea – rede semelhante à isolada, porém distribuída sob o solo. Este tipo de rede
evita conflitos com as copas das árvores, mas está sujeita a conflito com raízes. Além
disso, seus custos são superiores às demais.

57
Ao executar este tipo de poda deve-se conhecer a distância mínima entre o condutor
elétrico e a extremidade da vegetação, o chamado “Limite de Segurança”(Figura 11).
Os galhos, depois de podados, deverão ficar a uma distância mínima em relação às
partes energizadas, não inferior a:

• 2,0 metros para redes de média tensão 13,8 kV;

• 2,0 metros para redes de média tensão 34,5 kV;

• 1,0 metro para redes de baixa tensão.

Figura 11. Limites de Segurança entre as partes energizadas e vegetação.


Nota: Para as redes com 13,8/34,5 kV não é permitido a poda de árvores
em formato de túnel.

58
Quando for necessário podar árvores, cujas copas estejam em conflito com a rede
elétrica aérea, são recomendados pelo setor elétrico os seguintes critérios:

• baixa tensão (BT) isolada, protegida ou canaletada sem média tensão (MT) – neste caso,
cortar apenas os galhos que estejam forçando os condutores;

• baixa tensão (BT) nua (com ou sem média tensão) – neste caso manter a copa a uma
distância igual ou maior a 1,0m da baixa tensão;

• baixa tensão (BT) isolada, protegida ou canaletada com média tensão (MT) nua – neste
caso manter a copa a uma distância igual ou maior a 2,0m da média tensão.

Este tipo de poda é realizado para resolver uma emergência, a duração da interferência
é curta e, normalmente, o efeito estético é desagradável. Posteriormente, deve-se
tentar uma poda corretiva buscando manter o formato original. A copa deve manter uma
distância mínima de 1,0m da rede aérea, podendo ser feita em vários formatos: V, Furo,
L e U (Figura 12 a Figura 16).

Figura 12. Formato da poda em “V”. As podas em formato “V” deverão


ser utilizadas em Redes de Média Tensão - MT (Rede Convencional).
8
Fenológico: refere-se à parte da botânica que estuda as diferentes fases do crescimento e
desenvolvimento das plantas, tanto a vegetativa (germinação, emergência, crescimento da parte
aérea e das raízes) como a reprodutiva (florescimento, frutificação e maturação), demarcando-lhes
as épocas de ocorrência.

59
Figura 13. Formato de poda em “Furo”. As podas em formato em “Furo”
deverão ser utilizadas em Redes de Baixa Tensão - BT (Rede Multiplexada).
O manejo em formato “FURO” em redes convencionais deverá ser evitado.

Figura 14. Formato de poda em “L”. . As podas em formato em “L” deverão


ser utilizadas em Redes de Baixa Tensão – BT e de Média Tensão - MT (Rede
Convencional).

60
Figura 15. Formato de poda em “U”. As podas em formato em “U” deverão ser
utilizadas em Redes de Baixa Tensão - BT (Rede Convencional) e em casos específicos
onde a copa da árvore permitir, poderá ser executada em Redes de Média Tensão (Rede
Convencional).

Em casos excepcionais, em especial em árvores que apresentam copas cônica ou


colunar, poderão ser adotadas podas de rebaixamento de copa, respeitado os limites
de segurança.

Figura 16. Exemplo de poda executada próximo à rede de Média Tensão


(Rede Convencional).

61
IMPORTANTE:

A poda de desobstrução da rede de distribuição de energia elétrica é emergencial,


visando eliminar o contato da copa da árvore com a rede de distribuição de energia
elétrica, compatibilizando a copa com a referida fiação;

Este tipo de poda em geral não segue as técnicas de podas relatadas para Podas
de Formação/Condução e de Manutenção/Limpeza, pois poderá remover quase que
totalmente a copa da árvore. Ao realizar esse tipo de poda deverá se ter bom senso;

Na poda de desobstrução da rede de energia elétrica deverá utilizar um dos tipos


mencionados: em “V”, “U”, “L” e em “Furo”, devendo previamente verificar o tipo de copa
da árvore e analisar qual tipo deverá ser utilizado, com o objetivo de proporcionar melhor
aspecto visual da copa da árvore, após a poda:

Poda em “V” Poda em “U”


para rede de para rede de Baixa
Média Tensão e Média Tensão

Poda em “L” Poda em “Furo”


para rede de Baixa para redes de
e Média Tensão Baixa Tensão

• Ao final da poda, a copa da árvore deverá ficar equilibrada. Uma copa desequilibrada
poderá causar a queda natural do exemplar arbóreo. Deve-se lembrar de que a árvore está
em ambiente urbano e a sua queda poderá causar acidentes sérios, ocasionado prejuízos
materiais e até humanos;

• Planejar o tipo de poda que a árvore irá receber antes da execução;

• Tomar os devidos cuidados em relação a possíveis riscos de origem elétrica (choques).

62
A poda deverá ser executada de maneira a não comprometer a estabilidade da árvore,
devendo ser realizada em toda circunferência da copa e de forma a não provocar o
seu desequilíbrio, não retirando mais que 25% da copa. Ainda que, a NBR 16.246-1
recomenda que não se retire mais que 25% da folhagem de um galho, quando este é
cortado junto a outro galho lateral.

Entretanto, em casos visíveis de desequilíbrio da copa de árvores verificados pelos


técnicos da ENEL, conforme as diretrizes da NBR 16.246-3:2019, poderá ser realizada a
poda de conformação, visando uma poda harmônica e proporcionando segurança pública
ao evitar o risco de queda (Figura 17).

Figura 17. Poda de conformação em ‘L’ e ‘U’ para estabilidade da copa.

Em casos onde a poda não resolva o conflito entre a vegetação e a rede de distribuição,
a ENEL encaminhará ao órgão competente a solicitação de remoção do espécime,
emitindo laudo assinado por profissional habilitado da parceira ou da própria empresa,
informando os motivos da remoção.

Em casos emergenciais ou em situação de risco as podas serão


realizadas sem prévia comunicação e da melhor forma sanar o
risco imediato, com posterior comunicação ao órgão ambiental,
caso necessário.

63
8.2 | Como as árvores reagem as podas

A perda de galhos em uma árvore é um processo natural, que na maioria das vezes
é causado pelo sombreamento em condições naturais, reduzindo sua capacidade de
realizar fotossíntese e por consequência, a sua queda. A poda é a retirada de galhos ou
ramos vivos ou mortos de uma árvore. Para que esta ação tenha o sucesso esperado,
deve-se atentar para algumas características importantes dos galhos ou ramos e sua
relação com a árvore, tais como:

• a crista de casca: originada do acúmulo de casca na parte superior da base do galho, na


inserção no tronco. Devido ao crescimento em diâmetro do tronco e do galho, adquire
desenho de meia-lua, com as pontas voltadas para baixo (Figura 18).

• o colar: é a porção inferior da base do galho, na inserção do tronco. Quando é pouco


perceptível, com clara e harmônica passagem do tronco para o galho, este está em franca
atividade assimilatória. Quando o colar se destaca do tronco, sendo claramente visível, o
galho está em processo de rejeição, embora ainda possa ter folhas verdes e brotações
novas (Figura 18).

• a fossa basal: é o colar inverso, ou seja, uma depressão no tronco abaixo da base do
galho. Quando presente, indica uma falta de fluxo de seiva elaborada do galho para o
tronco, mostrando que o galho já não contribui mais nada para o crescimento da árvore,
estando prestes a secar (Figura 18).

crista de
casca

colar
fossa basal

Figura 18. Representação esquemática da crista da casca, colar e fossa basal.

64
Para realizar a poda de forma correta, faz-se necessário observar o que naturalmente
ocorre nas árvores antes e após a perda de um galho. Como todo ser vivo, a árvore
tem mecanismos e processos de defesa para reduzir os riscos de morte total após uma
lesão, em função da ação de organismos decompositores. São reações fisiológicas
que ocorrem nas células do tronco e da base do galho, criando barreiras para impedir
o avanço de organismos, como fungos e bactérias. Este processo é denominado de
compartimentalização, que segue um modelo constituído por quatro etapas:

Reação 1: As células antes de perderem sua função (vida)


ou próximas de uma lesão alteram seu metabolismo,
passando a produzir taninos, para dificultar a dispersão
de organismos contaminantes para o interior do tronco,
quando da queda ou corte de um galho.

Reação 2: Os vasos que dão acesso ao interior do tronco


são bloqueados, através da deposição de resinas, gomas
ou cristais.

Reação 3: Aumenta a atividade metabólica


das células adjacentes à lesão, com produção
de substâncias mais eficientes para conter o
avanço dos fungos e também para dar início ao
processo de cicatrização da lesão.

Reação 4: As células do câmbio e parênquima floemático


se multiplicam em velocidade maior, para recobrir a lesão.
O fechamento da lesão, embora se processe em todos
os lados, é mais ativo nas laterais da lesão, sendo menos
intenso na parte superior e inferior. Nesta fase ocorre o
recobrimento total da lesão, isolando o interior do tronco
ao ambiente externo.

65
Os processos de compartimentalização dependem da atividade metabólica, portanto
de células vivas. Quando ocorre uma lesão, as células inertes no interior do tronco não
podem mais se proteger, estando, portanto sujeitas à ação de fungos decompositores.
Para a poda, esta compartimentalização é fundamental, pois evita a dispersão da
degradação da madeira a partir da superfície do corte. Galhos com células vivas em toda
a sua seção transversal conseguem compartimentalizar a lesão, através da mudança do
metabolismo destas células. Quando os galhos atingem diâmetros maiores (idade
mais avançada), ocorrendo a morte das células no centro do galho, esta
compartimentalização é incompleta, trazendo riscos para a estabilidade da árvore. Este
é, portanto, um dos motivos para promover a poda dos galhos o mais cedo possível, não
deixando que estes se desenvolvam atingindo grandes dimensões.

Quando realizada a poda em galhos grossos, há maior probabilidade de a


compartimentalização ser incompleta, devido a presença de células mortas no centro do
galho. Pode ocorrer também a brotação de gemas epicórmicas, dando origem a galhos
que apresentam uma ligação deficiente com a parte central do tronco, constituindo
risco futuro de quebras de galhos e também a queima de casca, devido a exposição
súbita dos galhos remanescentes a temperaturas mais altas geradas pela insolação
direta (Figura 19).

Figura 19. Compartimentalização incompleta e brotação epicórmica.

Os galhos produzidos a partir destas gemas possuem uma ligação deficiente com
sua base, constituindo fator de risco mais tarde. Evitam-se ramos epicórmicos com
podas menos severas e na fase jovem da árvore. Nesta fase, as árvores possuem boa
capacidade de desenvolvimento das gemas na parte externa da copa. Existem alguns
fatores que favorecem a compartimentalização adequada da lesão:

66
• diâmetro do galho retirado: a poda deve ocorrer em galhos mais novos (mais finos).

• época do ano: as células têm mais atividade no período vegetativo, sendo a época mais
propícia para a realização de poda. A melhor época para a poda é a compreendida entre o
início do período vegetativo e o início do florescimento. A época em que a poda mostra-se
mais prejudicial à planta é compreendida entre o período de pleno florescimento e o de
frutificação.

• realização da poda no local correto (junto ao colar e crista da casca): lesão no colar
ou na crista da casca pode se tornar entrada de agentes causadores de doenças para o
interior do tronco.

Há no entanto, diferentes fases ou etapas do processo de


compartimentalização, no qual pode ser demonstrada na (Figura 20).

Figura 20. Etapas de compartimentalização (Etapa Inicial, Avançada e Completa).

67
8.3 | Técnicas de poda

A poda dos galhos deve ser realizada o mais cedo possível, para evitar cicatrizes muito
grandes, desnecessárias. Os galhos com diâmetros menores devem ser cortados no
limite entre o colar e o galho, sem lesionar a crista e o colar. Estes cortes normalmente
são oblíquos em relação à superfície do tronco (Figura 21).

Os galhos pesados, com diâmetro acima de 5 centímetros,


exigem cortes em três etapas:

1º corte: inferior: para 2º corte: superior: mais 3º corte: acabamento:


evitar danos ao colar, na afastado do tronco, para junto ao colar e a crista
quebra. eliminação do galho. da casca.

Figura 21. Exemplo de corte para realização de poda.

68
Algumas situações podem fazer com que a técnica de poda demonstrada
nas ilustrações acima seja implementada, podendo ser citado nos casos
onde o ângulo de inserção for muito pequeno, não posicionando
corretamente o equipamento de corte.
Esta técnica deve ser implementada com o objetivo de preservar intactos o
colar e a crista da casca, como também de evitar lascar galhos, o que pode
provocar a entrada de organismos decompositores.
Com a execução do primeiro e segundo cortes pode-se direcionar a queda do
galho, desviando de possíveis obstáculos, em especial as redes de
distribuição de energia elétrica, de edificações, de veículos e de outros
equipamentos públicos.
Na execução de poda alguns cuidados devem ser tomados, pois a qualidade
da poda é definida por cortes bem feitos. Na execução devem ser
observados:

• Executar cortes sem fiapos;

• Executar cortes sem deixar degraus ou ressaltos;

• Executar cortes sem promover danos as estruturas da crista da casca e/ou colar;

• Executar cortes sem provocar lesões de casca.

Os defeitos mais comuns nos cortes são:

• Tocos residuais – quando o corte foi executado muito afastado do tronco, dificultando
o processo de cicatrização da lesão;

• Desproporção entre os diâmetros dos galhos – quando a poda é realizada muito


tardiamente, em galhos de maiores diâmetros;

• Lesões – geralmente são causados pelos equipamentos de poda inadequados, ou


pela execução errada, lesionando a crista da casca e/ou colar;

• Lascas – quando o galho quebra ou quando o corte não é executado tecnicamente


correto;

• Linhas de cortes irregulares - geralmente são causados pelos equipamentos de poda


inadequados.

69
Para que uma poda seja executada de forma adequada,
os trabalhadores envolvidos nesta atividade devem passar
periodicamente por treinamentos, além de dispor de
equipamentos adequados e em perfeitas condições de uso.

É importante ressaltar que podas mal executadas, de alta intensidade e feitas


periodicamente podem diminuir o ciclo de vida do exemplar arbóreo.

Ao executar uma poda deve-se atentar se a árvore está inserida em um ambiente


urbano, perto de residências, próximas a redes de distribuição de energia elétrica,
localizadas em passeios públicos e em vias públicas, visto que podas mal executadas
podem ocasionar o desequilíbrio da copa, causando quedas naturais de galhos ou da
árvore inteira, podendo provocar acidentes graves, e ser a causa de danos materiais
e humanos.

IMPORTANTE:
A poda aplicada a um ramo vital, de grandes dimensões, que não está preparado
pela planta para remoção, deve ser realizada sempre que possível em duas etapas
(Figura 22).

Na primeira etapa, o ramo é cortado à distância de 0,5 m a 1,0 m do tronco. Esse


primeiro corte debilitará o ramo e ativará os mecanismos de defesa e rejeição desse
ramo, estimulando o destaque visual da crista e colar.

Na segunda, um ou dois períodos vegetativos após o primeiro corte, é


concluída a remoção do ramo cortando-o junto ao tronco, sempre mantendo
intactos a crista e o colar da base do ramo.

etapa 1
Figura 22. Etapas de corte em galhos
etapa 2 vitais e de grandes dimensões (Fonte:
Manual Técnico de Podas de Árvores.
Prefeitura de São Paulo).

70
Medidas para minimizar a necessidade de podas

A poda causa uma série de reações fisiológicas na árvore e expõe seus tecidos
internos ao ataque de organismos patogênicos, desta forma algumas medidas
devem ser priorizadas, com o objetivo de minimizar a atividade de podas visando
preservar a integridade da planta.

A realização de podas iniciais (formação e condução) de maneira correta diminui


a frequência, a severidade e a intensidade de futuras podas nas árvores adultas.
Árvores jovens tem uma capacidade de regeneração maior que árvores adultas, além
da poda apresentar menor custo operacional.

Parcerias entre o poder público e as concessionárias de energia elétrica, visando


implantar uma arborização planejada, com plantios de espécies adequadas a cada
local, diminui drasticamente a necessidade de podas e minimiza os custos com esta
atividade e danos as árvores.

Uma das medidas mais eficientes é a escolha correta da


espécie a ser plantada, observando o local de plantio e os
equipamentos públicos ali existentes, evitando futuros conflitos e
consequentemente a necessidade de podas.

A utilização de mudas saudáveis, com copas bem conduzidas, é fundamental na


consolidação e pleno desenvolvimento da árvore, minimizando as intervenções
de poda.

71
8.4 | Equipamentos

Para a execução correta de poda de árvores devem ser utilizados equipamentos de corte
adequados. Existem atualmente diversos equipamentos e no momento da poda deve
ser analisado o equipamento ideal, levando em consideração a espécie a ser podada e o
diâmetro do galho que será cortado.

Equipamentos utilizados durante a poda:

Caminhão Caminhão
de carroceria com lona e escadas dotado com cesto aéreo,
manuais (linha desenergizada) conforme anexo XII da NR-12

Escadas Carretilhas
em fibra de vidro extensível para içar ferramentas

Cordas de Sisal Podão manual


(fina e grossa) ou corta-galhos adaptável à
vara de manobra

Bastão podador Serra hidráulica


Epóxi com bastão

Lima Arco
para afiar serrote com serra de 21” ou 24”

Motopoda Vara de manobra


Podão pneumático Motosserra
Serras manuais Loadbuster*

* que é um dispositivo portátil, leve e fácil de ser utilizado, além de que apresenta corta-circuitos, chaves e limitadores
de fusíveis. Ela tem capacidade de seccionamento de cartas e sistemas de distribuição aérea de até 34,5 kV.

72
Em ramos maiores que 15 cm de diâmetro, recomenda-se a utilização de motosserra
por operadores capacitados (NR 12 – Máquinas e Equipamentos), com a devida licença
de porte e uso concedida pelo IBAMA (Instrução Normativa nº31, dezembro de 2009).

Ainda, há equipamentos ou ferramentas que são utilizadas para


coleta e beneficiamento de ramos (no chão), tais como:

Foice Garfo
com cabo de madeira de com 4 dentes e cabo de
comprimento médio madeira comprido

Vassoura Triturador
de piaçava de galhos e ramos

Arco de serra

Podas em redes primárias – média tensão MT (13,8 kV E 34,5 kV)


É obrigatória a utilização do serrote de poda acoplado a uma vara (isolante) de manobras
com no mínimo três elementos (gomos) para podar os galhos de árvores que estiverem
localizados abaixo dos condutores das redes primárias (média tensão), convencionais
ou compactas e, dentro da “zona controlada” (2,0 metros em 13,8 kV e 34,5 kV), bem
como dos galhos que estiverem crescendo de baixo para cima em sua direção.

OBSERVAÇÃO 1: Essa poda só é permitida caso os galhos não estejam tocando


nos condutores e caso não haja possibilidade de haver toque dos galhos nos condutores
durante a execução da tarefa.

73
OBSERVAÇÃO 2:
No caso de os galhos estarem dentro da “zona controlada”, porém abaixo dos
condutores, e sem risco de toque dos mesmos nos condutores, é obrigatória a utilização
de luvas isolantes de borracha compatíveis com o nível de tensão da rede.

A parte mais alta do corpo do podador, inclusive com os braços levantados, deverá se
manter afastada do condutor energizado a uma distância mínima de segurança de 2,0 m
em 13,8 kV e 34,5 kV, conforme MITs 160912 e 160913. Para os casos em que:

• Os galhos estejam tocando nos condutores da rede primária (média tensão);

• Haja possibilidade de toque dos galhos nos condutores durante a execução da tarefa.

Para os galhos que estejam acima dos condutores, mas dentro da zona
controlada a poda somente poderá ser realizada:

• Com a rede desenergizada;

• Por equipes de Linha Viva conforme em item específico deste manual.

Os galhos altos que estão sobre as redes primárias podem causar danos ao sistema
elétrico ou a terceiros se podados sem o uso de cordas. A descida ao solo de galhos
altos deverá ser feita por meio de duas cordas, uma próxima ao corte e a outra próxima
às pontas do galho a ser cortado.

As cordas devem ser passadas sobre os ramos ou forquilhas mais altos e amarrados no
tronco das árvores. Uma terceira corda deverá ser utilizada como guia, de forma a não
permitir a aproximação do galho podado aos
condutores ou construção de terceiros.

Podas em redes secundárias – baixa tensão (BT)


Os galhos de árvores que estiverem próximos aos condutores das redes secundárias
(baixa tensão) convencionais devem ser podados. No caso de Rede Secundária Isolada
(RSI) devem ser podados os galhos que estiverem forçando fisicamente os condutores.

74
8.5 | Execução dos Serviços

Utilização de motosserras
As motosserras só devem ser operadas por profissionais habilitados segundo Anexo
V da NR-12 do Ministério do Trabalho e Emprego e devidamente equipados com os
Equipamentos de Proteção Individuais – EPI’s necessários, indicados pela ENEL.

As motosserras deverão estar devidamente cadastradas no


órgão ambiental competente, devendo o cadastro ser renovado
conforme legislação.

Todo pessoa que realizar poda junto às redes elétricas deverá possuir treinamento
específico, com carga horária de 16 horas, abordando no mínimo os seguintes temas:

• Aspectos legais;
• Comportamento em público – direitos e deveres dos podadores, do cidadão
e da Prefeitura;
• Noções básicas da biologia e desenvolvimento das árvores;
• Formas de podas conforme tipos de redes;
• Procedimento operacional ENEL;
• Normas Regulamentadoras pertinentes;

O treinamento deverá contemplar aula prática.

Quando utilizar a motosserra dentro da cesta aérea, a mesma sempre deverá ser
amarrada em algum ponto que impeça sua eventual queda ao solo, bem como ser içada
através de corda já em funcionamento devidamente travada.

Com relação às podas com equipes de Linha Viva, é recomendada a utilização de


equipamento (motosserra, motopoda) hidráulico isolado para classe 4.

Execução da atividade de poda


Antes da execução da tarefa, deverão ser observados todos os procedimentos citados
neste Manual. A atividade de poda poderá ser executada a partir do solo, ou da árvore,
através de escadas ou utilizando cestas aéreas.

75
Independentemente do tipo de poda a ser realizada, os seguintes
cuidados devem ser tomados:

• Os podadores deverão sempre estar em contato visual e auditivo com o encarregado;

• Deverão ser utilizadas ferramentas de corte apropriadas;

• É proibido o contato dos podadores com qualquer tipo de condutor ou cordoalha;

• Os componentes da equipe que estiverem no solo não podem permanecer na


trajetória dos galhos que estiverem sendo cortados;

• Para a descida dos galhos podados, deverá ser feita uma avaliação criteriosa das
condições do local (trânsito de pedestres e veículos, componentes ativos da rede,
patrimônio público/privado, etc.);

• Fracionar e amontoar os galhos junto ao meio fio, deixando livre a entrada de veículos,
portões e passagem de pedestres, devendo ser providenciado o seu recolhimento o
mais rápido possível.

Tarefa executada a partir do solo

Para execução da tarefa a partir do solo é obrigatória a utilização do serrote de poda


acoplado a uma vara (isolante) de manobras com no mínimo três elementos (gomos).

Essa poda só é permitida caso os galhos não estejam tocando nos condutores e caso
não haja possibilidade de haver toque dos galhos nos condutores durante a esxecução
da tarefa.

No caso dos galhos estarem dentro da “zona controlada“, porém abaixo dos condutores,
e sem risco de toque dos mesmos nos condutores, é obrigatória a utilização de luvas
isolantes de borracha compatíveis com o nível de tensnao da rede para a execução da
tarefa.

Para galhos próximos à Média Tensão, observar as orientações no item relacionado à


Podas em Redes Primárias - Média Tensão.

76
Tarefa executada a partir de escada
Para poda de desobstrução de fiação com utilização de escala, deverão ser observados
os seguintes passos que constam do WKI-HSEQ-HSE-17-0088-EDBR - Poda e Manejo da
Vegetação, que deverá ser de conhecimento dos trabalhadores e estar disponível para consulta
pela equipe:

• Transportar a escada de fibra, utilizando dois funcionários;

• A escada deverá ser levantada e posicionada em um galho/tronco que suporte o seu peso;

• Amarrar a escada na árvore, no topo e na basa da escada;

• Quando a situação permitir a correta amarração da escada num galho/tronco, utilizar a linha de
vida na escada e equipar-se com cinto paraquedista e conectar o trava quedas à linha de vida;

• Quando não for possível a correta amarração da escada num galho/tronco, utilizar vara
telescópica e os ICC’s e instalar a linha de vida em um galho sadio e que suporte o peso do
podador, devendo conectar o trava quedas à linha de vida;

• Utilizar todos os Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC’s e de Proteção Individual – EPI’s,


necessários para a execução deste tipo de poda;

• Passar o talabarte ao redor do topo da escada, quando a mesma estiver corretamente


amarrada a árvore ou passar ao redor de um galho sadio e que suporte o peso do podador.
Instalar a fita de ancoragem e nela a carretilha de dupla ação (kit de resgate);

• Não é permitido que o podador saia da escada para a árvore para efetuar a poda. Todos os
cortes deverão ser realizados da escada;

• Receber do parceiro, que encontra-se no solo, todos os equipamentos necessários para a


poda (motosserra ou motopoda), içando pela carretilha de dupla ação;

• Iniciar a poda pelos galhos mais finos;

• Amarrar as cordas guias nos galhos grossos a serem cortados e, se for necessário, em outros
pontos, esta amarração deve ser realizada do solo com auxílio de ICC, mosquetão e vara
telescópica;

• Devolver a motosserra ou motopoda e demais ferramentas, para o membro de apoio, com


auxílio de carretilha de duplo apoio;

• Retirar a kit de resgate e prendê-lo, soltar o talabarte e prendê-lo no cinto paraquedista;

• Descer a escada;

• Soltar a corda de serviço do cinto paraquedista e desinstalar a linha de vida.

77
Tarefa executada a partir de Caminhão acoplado com cesto aéreo
(Linha Morta) (Figura 23).

• No planejamento da poda deve-se dar atenção ao posicionamento do cesto aéreo para


a correta realização da atividade e para evitar que os galhos podados possam atingir a
cabine do veículo após o corte;

• Na execução deste tipo de poda seguir as orientações do MIT 161613 – Conjunto


de Segurança para Trabalhos em Altura, como também todos os passos dos
Procedimentos Operacionais Padrões (POP’s) pertinentes ao desenvolvimento das
atividades deverão ser rigorosamente seguidos;

• Quanto utilizar a motosserra dentro do cesto aéreo, a mesma deverá sempre estar
amarrada em algum ponto que impeça sua eventual queda ao solo, bem como ser
içada através de corda já em funcionamento devidamente travada;

• Havendo necessidade de poda emergencial (galhos dentro da “zona controlada” ou


tocando nos condutores) na rede de Média Tensão - MT, observar o contido no item
que descreve as Podas em redes primárias – média tensão MT (13,8 kV e 34,5 kV),
deste Manual;

• O operador deverá equipar-se com cinto paraquedista, antes de subir no cesto;

• Havendo necessidade de poda emergencial em galhos que estejam próximos ou


tocando nos condutores de Média Tensão (MT) energizados, deve-se observar o
contido no item que descreve as Podas em redes primárias – MT (13,8 kV e 34,5 kV);

• Equipar-se com os equipamentos recomendados para atividade de poda de árvore,


conforme NTS - 13 – Conjunto de Proteção para Operador de Motosserra;

• Passar o talabarte no ponto de ancoragem da lança e prendê-lo ao cinto paraquedista;

• Instalar a carretilha de dupla ação (kit de resgate) e somente após elevar o cesto até o
ponto de trabalho;

• Içar ferramentas através da carretilha de dupla ação (motosserra, motopoda, etc.);

• Cortar os galhos, iniciando pelos mais finos;

• Com auxílio dos ICC’s, mosquetão e vara telescópica, amarrar cordas guias
nos galhos mais pesados;

• Após a finalização dos cortes, descer as ferramentas através da carretilha de dupla ação;

• Descer o cesto e posicioná-lo na posição de repouso. Soltar o talabarte e prendê-lo no


cinto de paraquedista e descer do cesto.

78
Tarefa executada a partir de Caminhão acoplado com
cesto aéreo (Linha Viva)
• Com relação às podas com equipes Linha Viva, é recomendada a utilização de
equipamento (motosserra e motopoda) hidráulico isolado para classe 4;

• Para execução de serviços com equipes de linha viva, seguir as orientações do


MIT 161613 – Conjunto de Segurança para Trabalhos em Altura, como também
todos os passos dos Procedimentos Operacionais Padrões (POP’s) pertinentes ao
desenvolvimento das atividades deverão ser rigorosamente seguidos;

• Durante o planejamento da tarefa, deve-se dar especial atenção ao posicionamento do


cesto aéreo para a correta realização da atividade e para evitar que os galhos podados
possam atingir a cabine do veículo após o corte;

• Devem-se utilizar EPC’s adequados, em especial as coberturas de LV, bastões isolados


e luvas de borracha com classe conforme nível de tensão da rede. Os bastões
podadores, motopoda e motosserra hidráulicos deverão possuir isolação classe 4;

• Quando necessário instalar primeiramente espaçadores nos condutores secundários


(baixa tensão) a fim de ser evitado fechamento de curto circuito entre fase-fase e
fase-terra. Em seguida, proteger os condutores primários (média tensão) com as
coberturas adequadas conforme o nível de tensão da rede;

• Equipar-se com os equipamentos recomendados para atividade de poda de árvore,


conforme NTS-13 – Conjunto de Proteção para Operador de Motosserra;

• O operador deverá equipar-se com cinto paraquedista, antes de subir no cesto;

• Passar o talabarte no ponto de ancoragem da lança e prendê-lo ao cinto paraquedista;

• Instalar a carretilha de dupla ação (kit de resgate) e somente após elevar o cesto até o
ponto de trabalho;

• Içar ferramentas através da carretilha de dupla ação (motosserra, motopoda, etc.);

• Cortar os galhos, iniciando pelos mais finos; com auxílio dos ICC’s, mosquetão e vara
telescópica, amarrar cordas guias nos galhos mais pesados;

• Após a finalização dos cortes, descer as ferramentas através da carretilha de dupla ação;

• Descer o cesto e posicioná-lo na posição de repouso. Soltar o talabarte e prendê-lo no


cinto de paraquedista e descer do cesto.

Figura 23. Caminhão


utilizado na atividade
de poda com cestos
aéreos. 79
8.6 | Exemplos de podas mal executadas

Ao executar uma poda deve-se ter em mente que a árvore está inserida em um
ambiente urbano, perto de residências, próximas às redes de distribuição de energia
elétrica, localizadas em passeios públicos e em vias públicas. Podas mal executadas
poderão ocasionar o desequilíbrio da copa, causando quedas naturais de galhos ou
da árvore inteira, podendo provocar acidentes graves, com sérios danos materiais e
humanos.

Geralmente as podas mal executadas estão relacionadas com cortes inadequados,


causando lascas, deixando as copas desequilibradas e com a execução do destopo, com
remoção superior a 40% da copa da árvore. Nas Figuras 24 a 27 estão alguns exemplos
de podas mal executadas.

Figura 24.
Execução de
destopos.

Figura 25.
Execução de
destopos.

80
Figura 26. Poda mal
executada, causando
desequilíbrio da copa.

Figura 27. Poda mal


executada, causando
desequilíbrio da copa.

81
8.7 | Extirpação

8.7.1 Técnicas de Execução de Remoção de Árvores


A remoção de árvores normalmente é executada por meio de ações de podas
sucessivas até sua retirada total, o que de outra forma devem ser repetidamente
podadas certamente propiciando a economia de recursos orçamentários no futuro,
mesmo que o custo de remoção seja consideravelmente maior que o das podas.
Porém, quando se decide sobre a alocação de recursos para a remoção em detrimento
das podas, é importante considerar o efeito da decisão sobre todos os objetivos do
programa de manejo.

A remoção de qualquer árvore somente será permitida


com prévia autorização do órgão ambiental do município.

Por meio de avaliação técnica, em casos que o estado fitossanitário da árvore não
permitir controle, a árvore, ou parte significativa dela, apresentar risco de queda, ou
ainda, estiver causando danos comprovados ao patrimônio público ou privado, não
havendo alternativa, tratar de espécies invasoras, tóxicas e/ou com princípios alérgicos,
com propagação prejudicial comprovada, constituir-se em obstáculo fisicamente
incontornável ao acesso e à circulação de veículos, construção de obras de interesse
público e/ou social, deverá ser removida.

As palmeiras são utilizadas no paisagismo e assim como as árvores, devem ser


plantadas em locais adequados.

As palmeiras não são adequadas para arborização de calçadas, pela queda de folhas,
frutos e pela impossibilidade de serem conduzidas sob fiação e, quando possuem várias
estipes, dificultam a circulação de pessoas no passeio.

Nas espécies cuja desfolha é um processo natural, o arranque da folha com a bainha já
seca não constitui uma poda. A retirada das folhas secas evita acidentes principalmente
em locais com constante movimentação de pessoas.

82
Quanto às palmeiras, espécies que não apresentam a constituição troncoramos
como as árvores:

• Não podem ser rebaixadas em altura ou direcionadas como as outras árvores;

• Não são recomendadas podas laterais pois a recomposição das folhas podadas é
rápida e tornará a poda ineficiente;

• Recomenda-se avaliar a possibilidade de sua remoção ao invés da poda, após obtida a


autorização de corte.

Nos casos de conflitos entre as palmeiras com as redes de


distribuição de energia elétrica, recomenda-se uma parceria entre
a ENEL com as Prefeituras Municipais visando a substituição de
exemplares de palmeiras por espécies adequadas à arborização
urbana, em especial para as que estejam sob as redes de energia
elétrica (Figura 28).

Figura 28. Presença de Palmeira-imperial


sob rede elétrica de distribuição.

83
9
LIMPEZA DE
VEGETAÇÃO NA
FAIXA DE SERVIDÃO
DAS LINHAS DE
DISTRIBUIÇÃO DE
ALTA,MÉDIA E BAIXA
TENSÃOEM ÁREA
RURAL

84
9.1 | Objetivo da Limpeza

O objetivo da limpeza das faixas de servidões é de promover a segurança na operação


da transmissão de energia, visando um bom desempenho das redes de distribuição.
Essa atividade é permitida conforme o Decreto nº 35.851, de 16 de julho de 1954, art.
3º, §2º, o qual dispoem: Aos concessionários é assegurado o direito de mandar podar ou
cortar quaisquer árvores, que, dentro da área da servidão ou na faixa paralela à mesma,
ameacem as linhas de transmissão ou distribuição.

9.2 | Definições

9.2.1 Faixa de Domínio


Faixa de terra ao longo do eixo da rede, declarada de utilidade pública, averbada
na matrícula como servidão de passagem, com restrição de construções e plantio
de espécies vegetais de grande porte, com largura, no mínimo igual à da faixa de
segurança. Em síntese, é a área sob a rede de distribuição da ENEL, que é adquirida
pela concessionária.

9.2.2 Faixa de Servidão


As faixas de servidão caracterizam-se como locais com restrições, com limitações no
tocante à implementação de uso e ocupação que configurem violação dos padrões de
segurança estabelecidos nas normas técnicas e procedimentos da ENEL.

O uso compartilhado destes locais depende de análises técnicas e de segurança, não


sendo vedada, entretanto, usos que não exponham pessoas a condições de risco, nem
venham a representar impedimento a operação da atividade. Em algumas condições,
como no caso das faixas instaladas em áreas rurais, a convivência com a linha de
distribuição é assegurada, embora o proprietário ou usuário da terra deva se atentar a
restrições quanto a determinadas atividades, tais como plantio de vegetação de grande
porte arbóreo, implantação de edificações e realização de queimadas, no caso de
cultura de cana.

O referido direito sobre o imóvel alheio pode ser instituído através de instrumento
público, particular, prescrição aquisitiva por decurso de prazo ou ainda por meio de
medida judicial, mediante inscrição a margem da respectiva matrícula imobiliária,
permanecendo a posse com o proprietário rural. Neste caso, a concessionária, além do
direito de passagem da linha, possui o livre acesso às respectivas instalações.

85
9.2.3 Faixa de Segurança
É o espaço de terra transversal ao eixo das redes e linhas de distribuição determinado
em função de suas características elétricas e mecânicas, necessárias para garantir o
seu bom desempenho, sua inspeção e manutenção e a segurança das instalações e de
terceiros

9.2.4 Limpeza da Vegetação na Faixa de Servidão


Compreende a roçada, o rebaixamento de toda e qualquer vegetação, inclusive a poda
ou supressão de árvores, a uma altura máxima de 30 cm do solo, situada dentro dos
limites das faixas das redes e linhas de distribuição sob concessão da ENEL.

9.2.5 Corte ou Poda de Árvores


O corte ou poda de árvore isolada, dentro ou fora da faixa de servidão, que pelo seu
porte ou pela ação de agentes externos, tais como ventos, erosão, entre outros, possam
atingir a estrutura e/ou cabos e interferir na operação da rede ou linha de distribuição de
energia.

O corte de árvores devem ocorrer em casos onde não há solução para o convívio
harmonioso entre a arborização e as redes elétricas, ou ainda, até mesmo quando
apresentar algum risco a população. No caso das podas, estas devem ocorrer
frequentemente, uma vez que são fundamentais para a manutenção e funcionamento
das linhas de distribuição.

Esta atividade poderá ocorrer tanto em redes urbanas ou redes e linhas de distribuição
rurais e inclui os serviços de desbaste de galhos, corte de toras, quando necessário.

Os requisitos legais para sua realização estão preconizados de acordo com o tópico que
trata da legislação pertinente a atividade, inclusive para as situações em que as redes
elétricas de distribuição situam-se em Área de Preservação Permanente.

9.2.6 Execução dos Serviços


Antes do início dos trabalhos deve ser realizada reunião com a contratada, tendo a
presença do fiscal da ENEL, do encarregado da equipe e do responsável legal da
contratada, explicitando e orientando sobre as informações contidas neste manual
acerca dos procedimentos que serão adotados. Desta forma, deve-se executar algumas
ações considerando as seguintes situações:

• Faixa Central: Deve ser feita limpeza ao nível do solo com remoção de todo o
resíduo dentro da faixa central que é coincidente com a faixa de segurança, no qual
é estabelecido no mínimo 6 (seis) metros para cada lado da linha, bem como das
situações em que estiver próximas das estruturas;

86
• Grotas ou fundos de vale: Quando uma rede ou linha de distribuição rural passar
por um local com topografia acidentada, em que esteja acima do limite de
desenvolvimento da vegetação, priorizar a execução apenas da limpeza da faixa
central ou de segurança;

• Poda de Árvores: As árvores que estão com sua base fora da faixa de segurança,
com os galhos projetados para dentro da faixa, podendo interferir na continuidade
de fornecimento de energia elétrica, devem ser podadas. Não devem ser cortadas
árvores além do estritamente necessário, mesmo que solicitado pelo proprietário;

• Caso a equipe da ENEL constate que, após a execução dos serviços de manutenção,
foi executado algum corte de árvore por terceiros, proprietário ou não, com o intuito
de imputar ônus a ENEL, deve-se registrar o ocorrido (fotografar) e comunicar
imediatamente o responsável pelo contrato, o qual deverá tomar as providências
cabíveis.

Árvores que tenham ninhos de passarinhos, deverão ser verificados se os mesmos


encontram-se ocupados (ovos e filhotes) e, em caso positivo, estas árvores não
poderão ser podadas. Caso o ninho esteja na extremidade de um galho, possibilitando a
execução da poda, cuidados deverão ser tomados para que o ninho não seja atingido.

Caso o ninho esteja em um galho que não será podado, devem ser tomados todos
os cuidados para que o mesmo não seja atingido, sob pena de incorrer em sanção
conforme a Lei de crimes ambientais nº 9.605/1998, Art. 29, Parágrafo 1°, inciso II.

Nos casos de emergência em que a poda resolva o problema imediato e seja necessário
o corte da árvore, deve-se realizar o manejo mais adequado.

A distância a ser mantida entre os galhos podados e as redes de distribuição deve ser
compatível com o tipo de montagem (redes convencionais, compactas e isoladas). Após
o serviço, recolher os resíduos que porventura tenham sido gerados no local, como
marmitex, copos, garrafas, e destinálos em local adequado.

Os resíduos provenientes das podas, folhagens e galhos com menor diâmetros, poderão
ser mantidos organizadamente no local, a fim de propiciar a proteção do solo. Os
resíduos que possam gerar aproveitamento de material lenhoso (galhos com diâmetro
acima de 5cm) deverão ser enleirados na faixa da linha de distribuição.

A medição da área onde foi realizada a roçada deve ser feita com trena de no
mínimo 50 metros. Os tipos de roçada devem ser atribuídos à roçada executada,
independentemente da posição em que se encontra na faixa de segurança.

87
9.2.7 Orientações Gerais

• É proibido o uso de fogueiras por parte do pessoal de campo;

• É proibida a captura de animais silvestres e a extração de plantas;

• É obrigatório o porte dos documentos autorizativos (licenças/autorização) para


execução dos serviços e uso de motosserra e a ART nas frentes de trabalho;

• É necessária a solicitação de permissão para adentrar em propriedade privada rural e


realizar os serviços de limpeza de faixa, quando o acesso for distinto da faixa de servidão.
É imprescindível manter a integridade dos bens de terceiros (cerca, colchete, porteira,
cadeado, etc.);

• É proibido dispor os resíduos em mananciais(rios, córregos, lagos, nascentes e brejos)


e nas áreas de preservação permanente (APP);

• Nos casos em que as atividades de poda/ supressão gerar rendimento lenhoso, a


madeira será cubicada e doada ao proprietário, conforme Termo de Doação padrão.
Esta doação é com a finalidade de uso interno na propriedade, quaisquer outros
usos contrários ao especificado por esse Termo de Entrega de Material Lenhoso e
que venham a ser de interesse do beneficiado deverão ser comunicados junto ao
órgão ambiental, para as devidas tratativas e obtenção das licenças que se fizerem
necessárias.

9.2.8 Fiscalização e Controle de Qualidade

Para aferir a qualidade dos servicos relacionados à limpeza de faixa devem ser considerados
os seguintes critérios:

• Dispor dos seguintes documentos: Autorização do órgão ambiental para a realização


da limpeza de faixa; Documento de porte obrigatório de motosserra ou motopoda;

• Declaração de entrega do material lenhoso ao proprietário conforme padrão ENEL;

• Distância mínima estabelecida de acordo com a modalidade da rede;

• Consideração da estrutura (forma específica) natural da árvore durante a execução


da poda;

• Se foi executada destopo nas árvores;

88
• Utilização de ferramentas de impacto (facão, foice, etc);

• Autorização do responsável para execução da poda de conformidade, visando o


equilíbrio da árvore;

• Retirada dos tocos secos que estejam próximos à rede, oriundos de podas anteriores;

• Execução dos cortes sem provocar lascas;

• Execução dos cortes sem promover danos às estruturas da crista e/ou do colar;

• Execução dos cortes sem provocar lesões de casca;

• Remoção de galhos danificados da copa após o término do serviço;

• As galhadas devem ser picadas e espalhadas juntamente com os demais materiais


orgânicos (folhas e pequenos cavacos), garantindo o manejo ambiental adequado para
que este material venha se incorporar no solo;

• A madeira resultante do corte das árvores deverá ser cubada e empilhada


organizadamente em local previamente definido dentro da faixa de serviço, afastado
das frentes de trabalho e próximo da faixa de servidão;

• Caso haja recursos hídricos, os resíduos deverão ser dispostos fora das áreas de
preservação permanente.

89
10
LIMPEZA DE
VEGETAÇÃO
DE FAIXAS EM
UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO

90
10.1 | Descrição das Unidades de Conservação
e Parques no Estado de Goiás
Em Goiás, as Unidades de Conservação existentes são de gestão federal, estadual e
por vezes municipais. Entende-se por unidade de conservação o espaço territorial e
seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais
relevantes, legalmente instituída pelo Poder Público, com objetivos de conservação e com
limites definidos, sob regime especial de administração, à qual se aplicam garantias
adequadas de proteção. As unidades de conservação são divididas em dois grupos: Proteção
Integral e Uso Sustentável.

O que difere uma categoria da outra é que a de Proteção Integral tem como principal
objetivo preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos
naturais, ou seja, aquele que não envolve consumo, coleta ou dano aos recursos naturais:
recreação em contato com a natureza, turismo ecológico, pesquisa científica, educação e
interpretação ambiental, entre outras, enquanto a de Uso Sustentável tem como objetivo
compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável dos recursos, conciliando
a presença humana nas áreas protegidas. Nesse grupo, atividades que envolvem coleta e
uso dos recursos naturais são permitidas, desde que praticadas de uma forma a manter
constantes os recursos ambientais renováveis e processos ecológicos.

Para retratar a realidade deste cenário, hoje no Estado de Goiás são noventa (90) unidades
de conservação, conforme está discriminado na Tabela 6.

Tabela 6. Distribuição das Unidades de Conservação no estado de Goiás.

Unidades de
Quantidade Total Proteção Integral Uso Sustentável
Conservação
Federal 8

Estadual 23
33 57
Municipal 16
Particulares 43
Total 90 90

10.2 | Legislação
• Lei nº 9.985/2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de conservação da
Natureza - SNUC.

• Lei nº 12.247/2002, regulamentada pelo Decreto Estadual nº 5.806/03, que institui o


Sistema Estadual de Unidades de Conservação - SEUC.

Para realizar o manejo da vegetação nas Unidades de Conservação é necessário que


se faça uma consulta e comunicação prévia junto as instituições gestoras das unidades
de conservação no âmbito federal, estadual e municipal,além da autorização do órgão
ambiental competente.

91
11
DESTINAÇÃO
DE RESÍDUOS

92
11.1 | Gestão de resíduos

A destinação dos resíduos gerados pelas podas de árvores urbanas devem apresentam
o melhor aproveitamento possível, sendo utilizado para lenha, compostagem ou outro
uso, caso não tenha aplicação possível. Com isto, os resíduos produzidos pelas podas
realizadas pela Enel, sempre que possível políticas voltadas ao gerenciamento de
resíduos, indo desde a coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final.

Como nem sempre é possível dar o melhor aproveitamento ou reaproveitamento dos


resíduos gerados, os mesmos acabam sendo triturados em caminhões específicos, bem
como acondicionados, no qual são depositados em lixões e aterros sanitários.

Por estes motivos a destinação atualmente dada na maioria dos municípios goianos nem
sempre apresenta um aproveitamento específico desta atividades.

A compostagem é uma técnica que vem sendo pesquisada e desenvolvida cada


vez mais ao decorrer dos anos, ela tem como objetivo principal a valorização e o
reaproveitamento de matéria orgânica, originando um produto suficientemente
estabilizado, designado “composto”, que pode ser aplicado no solo com várias vantagens
sobre os fertilizantes químicos. Pode-se dizer que o fertilizante orgânico é mais indicado
por ser e ter um processo mais natural, garantindo proteção ao solo. No aspecto
nutricional o solo fica mais enriquecido por mais tempo, uma vez que no processo de
decomposição, este libera aos poucos nutrientes para as plantas. Assim sendo, aumenta
a resistência das plantas às doenças, pragas e aos climas adversos, além de aumentar
também a capacidade do solo em armazenar água.

Segundo a NBR 10.004/2004 os resíduos de poda são classificados como resíduos


sólidos classe II, que são aqueles considerados não perigosos, segundo os impactos e
riscos que podem causar. Mesmo assim, sabe-se que a disposição deste tipo de resíduo
em locais abertos como lixões ou aterros podem provocar uma série de problemas,
pois estes se misturam com outros resíduos preexistentes (como por exemplo,
substâncias perigosas e materiais biológicos biodegradáveis), que interagem química
e biologicamente, como um reator, causando impactos sobre a qualidade do ar, do
solo e da água. Além disso, a disposição dos resíduos de poda no aterro pode gerar o
aparecimento de vetores, como insetos.

Desta forma a gestão dos resíduos sólidos, com indicação de locais apropriados para a
disposição dos resíduos provenientes da poda de árvores e com utilização das técnicas
para seu tratamento constituem-se os pilares principais para solucionar este problema
enfrentado pela maioria dos municípios, havendo a necessidade de parcerias entre a
ENEL e os municípios goianos, para solução desta situação.

Assim, a ENEL destinará os resíduos provenientes das podas conforme local autorizado
pelo município.

93
11.2 | Legislação e classificação dos resíduos
de podas e remoções de árvores

A Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) dispõem
sobre a prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática
de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o
aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor
econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente
adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado).

Segundo a NBR 10.004/2004 os resíduos de poda podem ser classificados como


resíduos sólidos classe II, que são aqueles considerados não perigosos, segundo os
impactos e riscos que podem causar.

Uma vez que estes resíduos são classificados como não perigosos, podem apresentar
diversas aplicações quanto ao uso e disposição final, tais como: produção de energia
(lenhas e cavacos), insumos orgânicos (produção de substrato) para uso e manutenção
em parques e jardins, além de servir como matéria orgânica para compostagem na
utilização de produção de mudas e hortaliças.

11.3 | Sugestão de aplicação dos resíduos de podas

O aproveitamento dos resíduos oriundos das podas, através da separação para


diferentes destinações, propiciará retorno econômico e ambiental. O aproveitamento
poderá ser realizado da seguinte forma:

• Conhecer o material para definir as potencialidades de uso;

• Separar os resíduos gerados por diâmetro e qualidade das toras;

• Indicar os resíduos com potencial energético, especialmente como lenha, para


serem utilizados por pequenos e médios consumidores, que utilizam a lenha no
desenvolvimento de suas atividades econômicas;

• Indicar os resíduos mais finos, com possibilidade de produzir composto orgânico;

• Descartar de forma adequada, em local apropriado, com segurança, os resíduos


oriundos das podas;

• A concessionária de distribuição de energia elétrica poderá estabelecer parcerias


com os municípios, incentivando a utilização de compostagem, para utilização do
94
composto orgânico, nos jardins públicos ou viveiros;
• Verificar consumidores potenciais do material oriundo das podas, já picados, que
poderão ser utilizados, como por exemplo, viveiros de produção de mudas públicos e
particulares, reduzindo a pressão sobre os aterros públicos;

• Utilizar o resíduo da poda como cobertura morta, que é uma prática fácil e muito
útil, que traz inúmeros benefícios ao solo. O resíduo necessita de ser reduzido às
dimensões adequadas para essa finalidade, com o uso de trituradores;

• A utilização dos trituradores diminuirá substancialmente os custos de transporte


dos resíduos, e possibilitará a destinação adequada e melhor aproveitamento deste
material.

Os resíduos oriundos das podas de árvores, picados ou não, deverão ser


adequadamente transportados e acondicionados em caminhões apropriados a este tipo
de transporte, com o objetivo de evitar queda de galhos ou troncos nas vias públicas,
podendo causar acidentes.

Os funcionários envolvidos nesta atividade deverão utilizar os Equipamentos de Proteção


Individual e de Proteção Coletiva adequados.

Como as atividades de transporte dos resíduos oriundos das podas geralmente ocorrem
simultaneamente aos trabalhos de poda, os funcionários que estão no solo devem usar
coletes refletivos e atentar para riscos de atropelamento e também estarem atentos em
relação a queda de galhos, para tanto não devem ficar debaixo da árvore que está sendo
podada.

Os galhos mais grossos e mais compridos, que não são triturados, deverão ser cortados
em pequenas toras, facilitando o seu transporte.

95
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REFERÊNCIAS

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