Teste 1206 Lusíadas-Mensagem

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ESCOLA SECUNDÁRIA D.

SANCHO I
Ano Letivo 2016/2017
PROVA ESCRITA DE PORTUGUÊS 12ºANO

5 GRUPO I
______________________________________________________________________
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.
______________________________________________________________________________
10
A
Leia o texto.

145 147
Nô mais, Musa, nô mais, que a Lira tenho Olhai que ledos vão, por várias vias,
Destemperada e a voz enrouquecida, Quais rompentes4 leões e bravos touros,
E não do canto, mas de ver que venho Dando os corpos a fomes e vigias,
Cantar a gente surda e endurecida. A ferro, a fogo, a setas e pelouros,
O favor com que mais se acende o engenho A quentes regiões, a plagas5 frias,
Não no dá a pátria, não, que está metida A golpes de Idolatras6 e de Mouros,
No gosto da cobiça e na rudeza A perigos incógnitos do mundo,
Düa austera, apagada e vil tristeza. A naufrágios, a pexes, ao profundo.

146 148
E não sei por que influxo de Destino Por vos servir, a tudo aparelhados;
Não tem um ledo1 orgulho e geral gosto, De vós tão longe, sempre obedientes;
Que os ânimos levanta de ledo 2 A quaisquer vossos ásperos mandados,
A ter pera trabalhos ledo o rosto. Sem dar reposta, prontos e contentes.
Por isso vós, ó Rei, que por divino Só com saber que são de vós olhados,
Conselho estais no régio sólio3 posto, Demónios infernais, negros e ardentes,
Olhai que sois (e vede as outras gentes) Cometerão7 convosco, e não duvido
Senhor só de vassalos excelentes. Que vencedor vos façam, não vencido.

Luís de Camões, Os Lusíadas, canto X

15
1. ledo: contente
2. contino: contínuo
3. sólio: trono
4. rompentes: que rompem, dilaceram ou investem
5. plagas: praias
20
6. Idolatras: idólatras, os que adoram os ídolos
7. Cometerão: acometerão

1. Refira dois dos sentimentos manifestados pelo poeta ao longo do texto, indicando um
25 motivo que esteja associado a cada um deles.

2. Sinalize a enumeração presente na estância 147 e indique o seu efeito expressivo.

30 3. Clarifique por que razão o poeta escolhe o Rei como destinatário do seu discurso.

35

1
B
40 o poema seguinte.
Leia

D. Fernando1, Infante de Portugal

Deu-me Deus o seu gládio2, por que eu faça


A45sua santa guerra.
Sagrou-me seu em honra e em desgraça,
Às horas em que um frio vento passa
Por sobre a fria terra.

50
Pôs-me as mãos sobre os ombros e doirou-me
A fronte com o olhar;
E esta febre de Além, que me consome,
E este querer grandeza são seu nome
Dentro em mim a vibrar.
55
E eu vou, e a luz do gládio erguido dá
Em minha face calma.
Cheio de Deus, não temo o que virá,
Pois, venha o que vier, nunca será
60 do que a minha alma.
Maior
Fernando Pessoa, Mensagem

1. D. Fernando, o Infante Santo (1402-1443): filho de D. João I e de D. Filipa de Lencastre. Morreu em cativeiro em Fez, no
65 Norte de África, onde ficou como refém da entrega de Ceuta.
2. Gládio: espada curta de dois gumes; [fig.] poder, força.

4. Comprove que D. Fernando é retratado como instrumento da vontade de Deus.


70
5. Em consequência da ação divina, o “eu” é consumido por uma “febre de Além”.
Explique a expressão e mostre de que forma essa “febre” se reflete na ação do “eu”.

75 GRUPO II
_____________________________________________________________________
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
Escreva, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção
escolhida.
80 _____________________________________________________________________

Leia atentamente o texto.

85 Descobrir ou encontrar? Descobrir ou achar? Quando na escola me ensinaram a aventura


dos Descobrimentos portugueses, fiquei na dúvida entre a arte de procurar, e por conseguinte
descobrir, e a sorte de partir, e por essa via encontrar…
… Não adianta voltar ao passado e confrontar as teorias, os argumentos e os factos que
sustentam uma tese e a outra. Mas vale a pena pensar, nos tempos de hoje, o que queremos
90 desta passagem pela vida, e acima de tudo como vamos cumprir o que queremos: deixar que o
acaso e o livre curso dos acontecimentos nos façam tropeçar no degrau certo, nos deixem
aberto o cofre onde está o tesouro ou, pelo contrário, lutar e estudar para atingir objetivos, não
acreditar no destino, traçar o caminho e segui-lo.
Os consultórios dos psicólogos estão repletos de histórias falhadas de quem seguiu uma
95 das vias cegamente, e nunca admitiu a outra.
Nessa medida, os Descobrimentos portugueses podem constituir, em si, o ensinamento
ideal para esta dúvida - para mais num tempo que, por ser de cise, obriga a repensar fórmulas,
processos de trabalho, maneiras de pensar. O que de mais fascinante tem o conhecimento das

2
aventuras portuguesas que o orgulho luso gosta de glorificar parecem efetivamente encerrar
100 um misto de acaso e convicção, de estudo e sorte, de paixão e pragmatismo. E essa pode bem
ser a fórmula mágica de uma qualquer ideia de felicidade: a fina mistura de ambos os
“misteres” – o que resulta do trabalho, do estudo, do rigor, e o outro, que aceita com humildade
os desígnios do acaso, do caos quase perfeito da existência. […]
O que de mais fascinante tem o conhecimento das aventuras portuguesas dos séculos
105 passados é esta ideia: a história pode não se repetir, mas os seus modelos e as formas de que
se revestem, com maior ou menos definição, voltam sempre ao mesmo quadro. Esse quadro
contempla habilmente o que depende do nosso esforço, e aquilo que nos escapa, aquilo com
que a natureza nos surpreende, o que chamamos sorte ou azar e destino porque não o
sabemos explicar.
110 E viver não é isso mesmo? No fim, a pergunta acaba por perder o ponto de interrogação:
viver é isso mesmo. Descobrir também.

DUARTE, Pedro Rolo, “Vivendo e aprendendo a viver”, in Nós, nº4, 30 de maio de 2009
115

1. No excerto “Mas vale a pena pensar, nos tempos de hoje, o que queremos desta
passagem pela vida “ (ll. 5-6), a expressão sublinhada desempenha a função sintática de
Segundo o texto, a capacidade do Homem se impor no mundo e governá-lo reside
120 (A) modificador do nome apositivo.
(B) complemento oblíquo.
(C) modificador do grupo verbal.
(D) modificador de frase.

125 2. O uso dos dois pontos na linha 6 justifica-se por


(A) marcar uma explicação
(B) preceder uma citação.
(C) anunciar a enumeração de alternativas.
(D) anteceder uma fala em discurso direto.
130
3. Com as expressões “degrau certo” (l. 7) e “cofre onde está o tesouro” (l. 8),
(A) o autor apresenta metaforicamente a sorte.
(B) o autor serve-se ad antítese para intensificar a ideia de acaso.
(C) o autor recorre à ironia para criticar o facilitismo.
135 (D) o autor usa a metáfora como representação das dificuldades.

4. Com o uso da forma do pronome “lo” (l. 9) para retomar o referente “caminho” (l. 9, o
enunciador serve-se da coesão referencial através do processo de
(A) elipse.
140 (B) correferência não anafórica.
(C) anáfora.
(D) catáfora.

5. Na afirmação “Esses tempos que o orgulho luso gosta de glorificar parecem


145 efetivamente encerrar um misto de acaso e convicção, de estudo e sorte, de paixão e
pragmatismo.” (ll.14-16) conjugam-se
(A) metáfora e quiasmo.
(B) enumeração e paradoxo.
(C) antítese e pleonasmo.
150 (D) hipérbole e enumeração.

6. A oração “[…]que aceita com humildade os desígnios do acaso, do caos quase perfeito
da existência” (ll. 17 e 18) é subordinada
(A) adverbial causal.
155 (B) substantiva completiva.
(C) adjetiva relativa restritiva.

5 3
(D) adjetiva relativa explicativa.

7. Na frase “viver é isso mesmo” (l. 26) o sujeito é


160 (A) simples
(B) nulo subentendido
(C) nulo indeterminado
(D) composto.

165 8. Classifique a oração introduzida por “porque” na linha 23.

9. Identifique a função sintática do segmento sublinhado em “O que de mais fascinante


tem o conhecimento das aventuras portuguesas” (l.19).

170 10. Indique o referente de “os seus modelos” (l. 21), tendo em consideração o uso do
determinante possessivo.

175

180

185

190

195

200

205

4
GRUPO III
210
Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
palavras, apresente uma reflexão sobre o estado de Portugal, destacando aquele que
considera o problema atual mais preocupante.

215 Fundamente o seu ponto de vista recorrendo, no mínimo, a dois argumentos e ilustre
cada um deles com, pelo menos, um exemplo significativo.

Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco,
220 mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única
palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2016/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas
palavras –, há que atender ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
225 − um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.

230 FIM

COTAÇÕES

235
Grup Item
o Cotação (em pontos)
I 1. a 5. 100
5 × 20 pontos
II 1. a 10. 50
10 × 5 pontos
III Item único 50
TOTAL 200

5
10

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