O IMPACTO DOS TRATAMENTOS ESTÉTICOS EM PACIENTES COM

DEPRESSÃO

THE IMPACT OF AESTHETIC TREATMENTS ON PATIENTS WITH DEPRESSION

Débora Nogueira Gomes1, Karlyanne de Jesus Oliveira Sousa1, Mayra Bianca Nunes
Corrêa1, Vitória Fonseca do Nascimento1, Aliny Oliveira Rocha2

1 – Discentes do Curso de Estética e Cosmética da Faculdade Florence

2 – Mestre em Saúde e Ambiente e Docente da Faculdade Florence

Resumo
O presente estudo aborda o tema dos Impactos dos tratamentos estéticos em
pacientes com depressão, com o objetivo central de investigar como os
procedimentos estéticos influenciam a saúde e o bem-estar de indivíduos
diagnosticados com depressão. Para atingir esse objetivo, foi empregada uma
metodologia de revisão de literatura, que envolveu uma análise crítica de pesquisas
e estudos publicados em diversas fontes acadêmicas. A pesquisa examinou uma
ampla variedade de fontes, incluindo pesquisas empíricas, revisões sistemáticas e
estudos teóricos relacionados ao tema. A análise desses dados permitiu identificar
tendências, padrões e conclusões relevantes sobre os efeitos dos procedimentos
estéticos em pacientes com depressão. Os resultados obtidos sugerem que os
procedimentos estéticos podem ter impactos significativos na saúde física e mental
dos pacientes. Por um lado, esses procedimentos podem proporcionar satisfação
emocional e melhorar a autoestima, o que é especialmente relevante para aqueles
que buscam melhorar sua imagem corporal. No entanto, para alguns pacientes, a
falta de sucesso ou a insatisfação com os resultados pode intensificar sintomas
relacionados à ansiedade e depressão, principalmente quando já há um histórico ou
diagnóstico desses distúrbios. Portanto, este estudo destaca a importância de uma
abordagem cuidadosa e informada para a saúde estética em pacientes com
depressão, enfatizando a necessidade de profissionais da área compreenderem os
indicativos e manifestações dos distúrbios psiquiátricos, além de considerarem as
potenciais desvantagens e benefícios dos procedimentos estéticos antes de sua
realização.

Palavras-chave: Tratamentos estéticos. Saúde Mental. Depressão. Saúde física.

Distúrbios mentais.

Abstract: The present study addresses the topic of the Impact of aesthetic
treatments on patients with depression, with the central objective of investigating how
aesthetic procedures influence the health and well-being of individuals diagnosed
with depression. To achieve this objective, a literature review methodology was used,
which involved a critical analysis of research and studies published in various
academic sources. The research examined a wide variety of sources, including
empirical research, systematic reviews, and theoretical studies related to the topic.
The analysis of these data allowed us to identify trends, patterns and relevant
conclusions about the effects of aesthetic procedures on patients with depression.
The results obtained suggest that aesthetic procedures can have significant impacts
on the physical and mental health of patients. On the one hand, these procedures
can provide emotional satisfaction and improve self-esteem, which is especially
relevant for those looking to improve their body image. However, for some patients,
lack of success or dissatisfaction with results can intensify symptoms related to
anxiety and depression, especially when there is already a history or diagnosis of
these disorders. Therefore, this study highlights the importance of a careful and
informed approach to aesthetic health in patients with depression, emphasizing the
need for professionals in the field to understand the indicators and manifestations of
psychiatric disorders, in addition to considering the potential disadvantages and
benefits of aesthetic procedures beforehand. of its realization.

Keywords: Aesthetic treatments. Mental health. Depression. Physical health. Mental

disorder.

1 INTRODUÇÃO
Afirma-se que o Brasil se destaca, de maneira crescente, como um dos países
que mais realiza intervenções de estéticas em escala global, além de ocupar a
segunda posição no ranking dos países com maior número de procedimentos não
cirúrgicos, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Diversos fatores demográficos,
sociais e psicológicos têm sido apontados como precursores da busca por
procedimentos estéticos, entretanto, é relevante observar que esses elementos
podem variar em função do tipo de procedimento, da cultura e das convicções
religiosas em uma determinada sociedade 1.
Os avanços no campo da estética têm aberto portas para a realização de
procedimentos cada vez mais diversos. Nesse contexto, os tratamentos estéticos,
sejam eles cirúrgicos ou não invasivos, oferecem a possibilidade de abordar uma
ampla gama de imperfeições corporais e questões estéticas, incluindo, mas não se
limitando a problemas como acne, marcas de estiramento, celulite, depósitos de
gordura localizada, cicatrizes e outros desafios estéticos. Destaca-se que, muitas
vezes, a motivação dos pacientes para se submeterem a procedimentos e cirurgias
estéticas reside na esperança de alcançar maior contentamento com sua própria
aparência e aprimorar seu bem-estar psicossocial 2.
O progresso na área da saúde voltada para a estética não só contribui para a
construção da imagem corporal, mas também fomenta a reabilitação e o
aprimoramento da saúde física, mental e social das pessoas. Nesse sentido, é
inquestionável a satisfação emocional em indivíduos que se submetem a
intervenções estéticas. Em contrapartida, a falta de sucesso ou a insatisfação do
paciente após um procedimento pode resultar na intensificação de sintomas
relacionados à ansiedade e depressão, especialmente quando o paciente já possui
um histórico ou diagnóstico existente de certos distúrbios psiquiátricos 3.
 Salienta-se que, apesar da frequência desses distúrbios, a abordagem estética
em tal população pode apresentar-se como um desafio considerável. Isso se deve,
sobretudo, à circunstância de que, em sua maioria, os pacientes mantêm uma
preocupação excessiva com sua aparência física e não obtêm satisfação com os
desfechos dos procedimentos 4.
Nesse contexto, o conhecimento e o discernimento dos indicativos e
manifestações de distúrbios psiquiátricos revestem-se de significativa
importânciapara os profissionais que atuam na área estética. Tal compreensão visa
não somente evitar que os pacientes se submetam a intervenções que não atendam
às suas expectativas, mas também, em face da crescente relevância das
implicações legais na medicina 5.
Além disso, a influência das normas sociais e o impacto das mídias
desempenham um papel de considerável magnitude na determinação de algumas
pessoas em buscar intervenções estéticas. A sociedade frequentemente enfatiza a
importância da juventude e da estética, o que pode criar uma pressão suplementar
sobre os indivíduos que enfrentam a depressão, levando-os a considerar esses
procedimentos como uma medida para obter reconhecimento social. Tal fator pode
se revelar como prejudicial, já que os tratamentos estéticos não abordam a raiz
subjacente da depressão e podem instaurar um ciclo ininterrupto de insatisfação 6.
Também merece consideração a reflexão sobre os perigos e impactos
adversos inerentes aos procedimentos voltados à estética. Cada ação estética
comporta potenciais ameaças, que incluem possíveis complicações médicas e a
eventual frustração decorrente dos resultados obtidos. Quando se trata de pacientes
que enfrentam a depressão, essas ameaças podem exercer um impacto ainda mais
profundo em seu estado emocional. Portanto, torna-se essencial realizar uma
minuciosa análise das potenciais desvantagens e benefícios antes de se submeter a
qualquer procedimento estético 7.
Frente a tais considerações, a problemática que irá nortear a construção do
presente estudo caracteriza-se por compreender quis os impactos dos
procedimentos estéticos em pacientes diagnosticados com depressão?
Através de tal indagação, o objetivo central da pesquisa caracteriza-se por
discorrer acerca da influência dos procedimentos estéticos e os seus impactos para
a saúde de pacientes com depressão, destacando as formas de intervenção,
modalidades de procedimentos e a influenciam que desempenham nos pacientes
com transtornos psíquicos.

2 METODOLOGIA
A pesquisa se caracteriza como um processo perene e inacabado, no qual é
realizada por meio de aproximações sucessivas da realidade, fornecendo subsídios
para uma intervenção concreta e uma ligação da teoria à prática. Com isso, a
metodologia utilizada no presente estudo caracterizou-se por um estudo
bibliográfico, o qual fora realizada uma revisão de literatura narrativa.
A revisão de literatura caracteriza-se como uma pesquisa holística de estudos,
de modo a serem rastreadas as pesquisas mais pertinentes para extração de dados,
interpretação de resultados, análise e apresentação de conteúdo. Dessa forma, a
revisão, sendo um método bibliográfico, objetiva, sobretudo, identificar, selecionar,
avaliar e sintetizar as evidencias colhidas no decorrer da pesquisa.
Com isso, a revisão de literatura pode ser conceituada como a modalidade de
pesquisa que busca protocolos e entendimentos acerca da logicidade de
documentos, possuindo um caráter de reprodutibilidade de outras pesquisa
analisadas. Além disso, demonstra de forma efetiva bases de dados bibliográficos e
as exigências de inclusão, exclusão e processos de seleção de artigos e estudos
variados, como alude o quadro a seguir:

Quadro 1. Protocolo da Revisão integrativa de literatura.

Base de dados Google acadêmico, Scielo (Scientific Electronic Library Online), Livros
impressos.
Tipo de documento  Artigo científico
Áreas de concentração  Tratamentos estéticos; Distúrbios psicológicos; Depressão.
Período  2018- 2023
Idioma  Português
Palavras-chave  Tratamentos estéticos. Saúde Mental. Depressão. Saúde física.
Distúrbios mentais.
Critério de inclusão  Artigos publicados em português e inglês com resumos disponíveis nas
bases de dados selecionadas;
 Artigos com período compreendido entre os anos de 2016 e 2023;
 Artigos publicados com metodologias que possibilitassem obter
evidências fortes de recomendação, revisões sistemáticas e não
sistemáticas, estudo de caso e pesquisas bibliográficas.
Critérios de exclusão  Artigos com ano inferior a 2016;
 Estudos que não abordem assuntos do tema;
 Pesquisas que não agreguem valor ao conteúdo escolhido.
Fonte: Autoras (2023).

Além disso, a revisão de literatura aborda e debate as limitações de cada artigo

e pesquisa analisada, avaliando conjuntos de dados advindos de distintas analises
ecoletando fatos empíricos para embasar seus critérios e análises, de modo que
seja solucionada a problemática norteadora de um trabalho. Assim, afirma-se que
esse tipo de metodologia se caracteriza como o principal método de busca e
apuração de evidencias.
Torna-se fundamental demonstrar o processo ocorrido no desenvolvimento de
pesquisa do presente estudo. Com isso, pode-se notar no quadro a seguir a
metodologia detalhada e como ocorre tais passos, sendo ordenado por: fórmula de
pergunta; definição de estratégias de busca; analise de dados; identificação de
artigos; recuperação de artigos; extração de dados; concretização da síntese;
interpretação e produção do resumo. Para melhor ilustrar, foram listados abaixo de
forma mais detalhas, por meio de um fluxograma, as etapas da elaboração da
revisão de literatura:

Figura 1 - Processo de revisão integrativa de literatura

Fonte: Autoras (2023).

Aliado a esses fatores, houve a etapa da estratégia de busca, no qual foi

analisado com base em artigos, caracterizando, portanto, a pesquisa metodológica
integrativa. Para efetivar a pesquisa, foi realizada a busca das publicações
compreendidas entre os anos de 2018 e 2023 no idiomas português.
Posteriormente, foram buscados artigos que adentrassem na temática
abordada de maneira abrangente, no qual realizaram-se a procura dos
assuntosconforme os títulos e resumos dos estudos. Por meio desta revisão,
buscaram-se artigos listados nas bases de pesquisas eletrônicas como literatura em
estética, Tratamento da Depressão e artigos que abordassem a influência dos
tratamentos estéticos em pacientes com depressão, bem como em biblioteca física e
virtual de dados e livros relacionados ao tema proposto.
Por meio da concretização da revisão de literatura, a pesquisa resumiu
diversos conteúdos relacionados ao estudo de maneira imparcial e holística. Além
disso, a pesquisa foi realizada de maneira formal e meticulosa, como forma de tornar
concreta e efetiva a análise acerca do impacto dos tratamentos estéticos em
pacientes com depressão.

3 DESENVOLVIMENTO

3.1 Beleza e Saúde

A íntima conexão entre a estética e a autoconfiança resulta no processo interno
de autoestima de um indivíduo. Através da autoconfiança, a pessoa começa a
enxergar a si mesma com valor e aos outros com aceitação, impulsionando seu
desempenho em ambientes sociais e nas relações humanas. Conforme apontado
por Faria 8, a autoestima pode ser definida como o sentimento de autocompaixão, e
sua ausência ou deficiência pode gerar um complexo de inferioridade com o
potencial de desencadear apatia e tristeza, afetando negativamente tanto a saúde
mental quanto a física, manifestando-se por meio de condições como ansiedade,
temor e angústia, por exemplo.
O que estabelece uma diferença entre a definição de autoestima e a definição
de autoimagem reside no fato de que a autoestima está relacionada à maneira pela
qual o indivíduo percebe a si próprio, enquanto a autoimagem diz respeito à forma
como os outros o enxergam. Como alternativa para melhorar a autoestima, o
mercado de produtos cosméticos e avanços tecnológicos disponibiliza dispositivos e
itens em resposta à crescente demanda por revitalização e aprimoramento da
aparência facial e traços físicos. Além disso, observa-se uma busca crescente por
intervenções cirúrgicas com propósitos estéticos 9.
O crescimento na demanda por intervenções, embora não associado à
correção de qualquer anomalia, mas sim motivado pelo anseio de aprimorar alguma
área do corpo ou do rosto que não contribui positivamente para a autoestima,
contribui unicamente para a sensação de conforto e integração social 2.
A influência do comportamento dos consumidores desempenha um papel
crucial na formulação de novos produtos cosméticos e inovações tecnológicas,
levando em consideração sua relação com uma ampla gama de estímulos e fatores
motivacionais para a compra. Estes fatores podem ser categorizados como
antropológicos e culturais, relacionados aos grupos sociais e às crenças religiosas;
biológicos, que envolvem mudanças comportamentais ligadas a situações
específicas, como o caso das gestantes influenciadas por flutuações hormonais;
ambientais, abrangendo as condições geográficas e climáticas do local de residência
do indivíduo; psicológicos, ligados à formação desde a infância e às características
emocionais da pessoa; e socioeconômicos, determinados pelo padrão de consumo
em função do poder aquisitivo 10.
Por meio da análise profunda do perfil e dos hábitos de consumo do mercado
em relação a produtos cosméticos, aliada à observação das tendências em vigor, a
indústria se empenha em despertar o anseio de aquisição e, posteriormente, em
estabelecer a lealdade de um público mais amplo. O avanço contínuo no âmbito
estético não apenas propicia o desenvolvimento de novas mercadorias e produtos
de cuidado com a aparência, mas também possibilita a execução de procedimentos
distintos, que variam de intervenções minimamente invasivas até intervenções
cirúrgicas, capacitando a abordagem de questões de estética facial e discrepâncias
físicas 4.
Tal abordagem auxilia na formação da imagem corporal e, simultaneamente,
apoia a recuperação tanto da saúde física quanto da saúde mental das pessoas,
uma vez que as irregularidades estéticas exercem um impacto profundo na saúde
psicológica, com potencial para desencadear problemas como transtornos de
ansiedade, depressão, traumas e outras condições correlatas 1.
De acordo com pesquisas, é possível observar que metade das pessoas que
procuram procedimentos e cirurgias estéticas apresentam diagnósticos de
transtornos psiquiátricos ligados à percepção da própria imagem corporal. Isso as
leva a desenvolver uma obsessão pela imagem corporal e, como resultado, uma
insatisfação contínua após os procedimentos 6.
Dentre os distúrbios obsessivo-compulsivos (DOC) relacionados à imagem
corporal, merece destaque o transtorno de dismorfofobia corporal (TDC), que se
caracteriza pela intensa preocupação com imperfeições na aparência não
percebidas por outros, o que leva a pensamentos e comportamentos repetitivos que
consomem várias horas diárias. O que distingue o TDC de distúrbios como anorexia
e bulimia é o foco na insatisfação com áreas e aspectos específicos do corpo,
enquanto os últimos afetam pessoas insatisfeitas de forma mais geral com sua
região inferior corporal 7.
O transtorno de dismorfofobia corporal (TDC) exibe uma prevalência citada por
11
Strehlau entre os pacientes que buscam tratamentos dermatológicos e cirurgias
plásticas, variando de 5% a 15%, o que é notavelmente alto quando comparado à
média global da população. Outro aspecto relevante que impacta a decisão de
prosseguir com procedimentos cirúrgicos estéticos é a avaliação inicialmminuciosa
conduzida pelo profissional de saúde, com o propósito de investigar o histórico de
intervenções anteriores. Essa avaliação desempenha um papel essencial na
detecção de eventuais sinais de distúrbios psicológicos com características
dismórficas, visando evitar possíveis decepções após a conclusão dos
12
procedimentos .
Face ao exposto, é crucial abordar a decisão de alterar a própria aparência
com uma abordagem equilibrada, de forma a permitir não apenas a conquista de um
corpo mais atraente, mas também a conquista de uma mente isenta de tormentos.
Isso se deve ao fato de que uma busca excessiva pela perfeição estética, buscando
de forma subserviente aceitação e apreço social, pode acarretar na perda de
autodomínio e independência, transformando o indivíduo em um mero observador
da sociedade 13.

3.2 Estética e Saúde Mental: riscos e cuidados

Os procedimentos de aprimoramento estético são fortes aliados da autoestima
feminina, contudo, é preciso compreender que tais intervenções também podem
exercer uma influência sobre a autoestima e o bem-estar psicológico das mulheres,
uma vez que a saúde mental das pessoas está intimamente ligada às suas atitudes
em relação ao próprio corpo 14.
No âmbito estético, as opções de tratamento são variadas, abrangendo tanto a
diversidade das preferências individuais quanto as expectativas das mulheres. No
entanto, frequentemente, há uma falta de ênfase adequada na promoção da saúde
mental nesse contexto. As campanhas de marketing tendem a se concentrar
predominantemente na aparência exterior, negligenciando a importância de reforçar
o cuidado com o bem-estar psicológico das mulheres 15.
Muitas mulheres acabam se desiludindo com os desfechos dos procedimentos
estéticos, resultando em desafios de ordem psicológica, como depressão, ansiedade
12
e, em casos extremos, síndrome do pânico. Segundo as observações de Campos ,
a sociedade está progressivamente sendo orientada pela cultura do espetáculo,
priorizando principalmente o desejo de adquirir bens materiais e imagens. O espelho
torna-se um refúgio para aqueles que buscam alcançar um padrão corporal
praticamente inatingível, uma concepção de beleza que frequentemente negligencia
aspectos internos e é frequentemente promovida pelos meios de comunicação.
Desde o instante em que uma pessoa vem ao mundo, até o momento de sua
partida, a sua aparência física assume uma relevância intrínseca em sua identidade,
tanto para o próprio indivíduo quanto para os demais. Contudo, os potenciais
impactos na saúde mental exercem uma influência direta na construção da
personalidade, moldando a maneira como essa pessoa percebe, pensa e reage
diante da sua imagem física 15.
No que tange a essa questão, é importante ressaltar a importância da
autoestima, que guarda uma estreita relação com o bem-estar psicológico, uma vez
que molda a confiança do indivíduo em sua habilidade de raciocinar, agir e enfrentar
os desafios cotidianos. A aparência física surge como um dos principais fatores que
influenciam a autoestima do sujeito. Qualquer indício de descontentamento nesse
aspecto pode afetar a imagem que a pessoa tem de si mesma, resultando na
diminuição da autoconfiança quando ela percebe que seu corpo não se alinha com o
padrão de beleza idealizado pela sociedade 8.
Portanto, a saúde mental encontra-se inteiramente vulnerável e sujeita a riscos
significativos, uma vez que tem um impacto direto na autoestima e na percepção
pessoal da própria imagem corporal. Consequentemente, o indivíduo pode ser
levado a buscar aprimoramentos em sua aparência física por meio de uma
variedade de procedimentos estéticos, na tentativa de resolver e atender às
necessidades oriundas de seus desafios psicológicos 15.
Terminologias como Vigorexia, ciência da beleza, complementação nutricional,
planos alimentares em voga, perda de peso, fortalecimento dos músculos, distúrbios
alimentares, excessos alimentares seguidos de purgação, e infusões de ervas
"curativas" são apenas algumas das expressões presentes no repertório ligado às
promessas da busca pela perfeição corporal na contemporaneidade. Nesse cenário,
é indispensável ressaltar o papel crucial do especialista em estética na condução da
educação em saúde como uma medida preventiva e direcionadora de cuidados 14.
3.3 O Impacto dos Tratamentos Estéticos em Pacientes com Depressão
A depressão é uma condição de saúde mental amplamente difundida e
debilitante que afeta mais de 264 milhões de pessoas em todo o mundo, de acordo
com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa doença não se limita a
prejudicar o estado de ânimo de um indivíduo, mas também tem implicações
profundas em sua qualidade de vida e bem-estar geral. No tratamento convencional
da depressão, são utilizadas terapias psicológicas e medicamentos, como
antidepressivos. No entanto, à medida que a pesquisa em saúde mental avança,
novas abordagens complementares e alternativas começam a surgir, entre elas, os
tratamentos estéticos 15.
A autoestima desempenha um papel crucial na depressão, e frequentemente, a
depressão está associada a uma baixa autoestima. Os sintomas da doença, como
sentimentos de tristeza, culpa e desesperança, podem minar a confiança e a
autoimagem de um indivíduo. Esse ciclo negativo, no qual a depressão afeta a
autoestima e vice-versa, pode ser extremamente debilitante 16.
Os tratamentos estéticos têm o potencial de melhorar a autoestima das
pessoas, o que pode ser particularmente benéfico para pacientes com depressão.
Ao melhorar a aparência física, esses tratamentos podem ajudar os pacientes a se
sentirem mais confiantes e satisfeitos consigo mesmos. A relação entre a aparência
física e a autoimagem é complexa e multifacetada. Muitas pessoas têm uma ligação
profunda entre sua aparência e sua identidade, e as mudanças na aparência podem
ter um impacto significativo na autoestima e no bem-estar emocional. Para alguns
pacientes com depressão, melhorar a aparência física pode ser um passo
importante na recuperação 7.
É importante destacar que a melhoria da autoestima não é uma solução única
para a depressão, e os tratamentos estéticos não devem ser considerados uma cura
completa. No entanto, podem ser uma ferramenta adicional na abordagem
multifacetada do tratamento da depressão. Existem várias opções de tratamentos
estéticos disponíveis para pacientes com depressão, cada uma com suas próprias
vantagens e considerações. Alguns dos tratamentos estéticos mais comuns incluem
cuidados com a pele, cirurgia plástica, tratamentos capilares, tratamentos dentários,
maquiagem e cuidados com o corpo 1.
Cuidados com a pele, como limpezas faciais, peelings químicos e tratamentos
de rejuvenescimento, podem melhorar a saúde e a aparência da pele, o que pode
aumentar a confiança dos pacientes. A cirurgia plástica oferece a possibilidade de
fazer mudanças mais significativas na aparência física. Procedimentos como
rinoplastia, abdominoplastia e lifting facial podem melhorar a autoestima de
pacientes insatisfeitos com aspectos específicos de sua aparência 12.
Para aqueles que lidam com a perda de cabelo, os tratamentos capilares,
como a restauração capilar, podem ter um impacto positivo em sua autoimagem e
autoestima. A estética bucal também desempenha um papel importante na
autoconfiança. Tratamentos dentários, como clareamento dental e restaurações
estéticas, podem melhorar a estética do sorriso e a autoestima de um paciente 17.
Além disso, técnicas de maquiagem e cuidados com o corpo, como
bronzeamento e depilação a laser, também podem desempenhar um papel na
melhoria da autoimagem e autoestima. Os tratamentos estéticos oferecem uma série
de benefícios potenciais para pacientes com depressão. Entre esses benefícios
estão a melhoria da autoestima, a redução da ansiedade social, o sentimento de
controle sobre a própria vida e o estímulo ao autocuidado 2.
Entretanto, é fundamental abordar essa abordagem com cuidado e
considerações éticas. Os pacientes devem ter expectativas realistas sobre os
resultados dos tratamentos estéticos, compreendendo que eles não são uma cura
completa para a depressão. É importante que os profissionais de saúde mental
estejam envolvidos no processo para garantir uma abordagem holística do
tratamento da depressão, integrando os benefícios dos tratamentos estéticos com
outras intervenções terapêuticas 11.
Com isso, os tratamentos estéticos têm o potencial de desempenhar um papel
positivo no tratamento da depressão, melhorando a autoestima e a autoimagem dos
pacientes. No entanto, eles não devem ser vistos como uma solução única, e uma
abordagem multidisciplinar, envolvendo profissionais de saúde mental, é essencial
para o tratamento eficaz da depressão 8.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo investigou os impactos dos procedimentos estéticos em
pacientes com depressão, considerando como essas intervenções afetam a saúde
física e mental desses indivíduos. Foi observado que, embora os tratamentos
estéticos possam temporariamente melhorar a autoestima e a imagem corporal, eles
não abordam as causas subjacentes da depressão. Além disso, a insatisfação com
os resultados dos procedimentos estéticos pode agravar os sintomas da depressão,
criando um ciclo de insatisfação e ansiedade.

Portanto, é essencial que os profissionais da área estética estejam

conscientes dos indicadores e manifestações de distúrbios psiquiátricos para tomar
decisões éticas e responsáveis em relação aos tratamentos propostos. As normas
sociais e a influência da mídia desempenham um papel importante na busca por
procedimentos estéticos por parte de pessoas com depressão, mas a verdadeira
superação da doença requer abordagens terapêuticas mais abrangentes. Também é
crucial considerar os riscos e impactos adversos associados aos procedimentos
estéticos, especialmente quando se trata de pacientes com depressão. A
conscientização, aconselhamento e orientação adequada são fundamentais para
garantir que esses pacientes recebam o suporte necessário para abordar sua saúde
mental de forma abrangente e eficaz.

REFERÊNCIAS

1. Coelho FD, Carvalho PHB, Paes ST, Ferreira MEC. Cirurgia Plástica
estética e (in)satisfação corporal: uma visão atual. Minas Gerais: Revista
Brasileira de Cirurgia Plástica 2017;(36): 1-6.

2. Floriani FM, Marcante, MDS, Braggio, AL. Autoestima e autoimagem: A

relação com a estética. Santa Catarina: UNIVALI Balneário Camboriú; 2016.

3. Pinheiro T, Piovezan N, Batista H, Muner L. A relação dos procedimentos

estéticos com satisfação da autoimagem corporal e autoestima de mulheres.
Roraima: Revista Cathedral 2020;(2): 1-31.

4. Alves VLP, Lima DD, Rivorêdo CRSF, Turato ER. Emoção e soma
(des)conectadas em páginas de revista: as categorias temáticas do discurso
prescritivo sobre os fenômenos da vida e da doença. Rio de Janeiro: Ciência &
Saúde Coletiva 2017;(18): 537-543.

5. Lemes DCM, Câmara SG, Alves GG, Aerts D. Satisfação com a imagem
corporal e bem-estar subjetivo entre adolescentes escolares do ensino
fundamental da rede pública estadual de Canoas/RS, Brasil. Canoas – Rio
Grande do Sul: Ciência & Saúde Coletiva 2018;(23): 4289-4298.

6. Mendes ED, Viana TC, Bara O. Melancolia e depressão: um estudo

psicanalítico. Brasília: Psicologia: Teoria e Pesquisa 2016; (2) 4-30
7. Almeida AP. A influência da mídia na distorção da imagem corporal de
adolescentes. Brasília: Faculdade de Ciências da Educação e Saúde Centro
Universitário de Brasília – UniCEUB; 2017.

8. Faria GEL, Bento AM, Santos DB, Tartare A, Boggio RB. Embelezamento
facial com injetáveis e principais diferenças entre os gêneros. São Paulo: Revista
Brasileira de Cirurgia Plástica 2021;(36): 1-8.

9. Silva-Nogueira-Barbosa BR, Vieira-Da-Silva L. A mídia como instrumento

modelador de corpos: Um estudo sobre gênero, padrões de beleza e hábitos
alimentares. Paraíba: Razón y Palabra 2016;(20): 665–679.

10. Tilio R. Padrões e estereótipos midiáticos na formação de ideais estéticos

em adolescentes do sexo feminino. Minas Gerais: Revista Ártemis 2016; (18):
147-159.

11. Strehlau VI, Claro DP, Neto SAL. A vaidade impulsiona o consumo de
cosméticos e de procedimentos estéticos cirúrgicos nas mulheres? Uma
investigação exploratória. São Paulo: Revista de Administração 2016;(50): 73-
88.

12. Campos JHD, Storrodumof PDS, Cavalcanti NBG. Visagismo, fisiognomia e

análise facial fundamentados no cruzamento de ferramentas diagnósticas.
Simmetria Orofacial Harmonization in Science 2020;(1): 96-110.

13. Jesus RDS, Lopes DP, Andradre FJ, Albieri GGAR, Alemida GA, Rocha
TAB. A influência dos padrões de beleza impostos pela mídia. São Paulo:
Universidade São Judas Tadeu; 2016.

14. Infante VHP, Calixto LS, Campos PMBGM. Comportamento de Homens e

Mulheres Quanto ao Consumo de Cosméticos e a Importância na Indicação de
Produtos e Adesão ao Tratamento. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de
Dermatologia 2016;(8): 134-141.

15. Souza JC, Lopes LHB, Souza VCRP. A Dimensão do Belo no Tempo. Minas
Gerais: Revista Psicologia e Saúde 2018;(10): 87-94.

16. Skopinski F, Resende TL, Schneider RH. Imagem corporal, humor e

qualidade de vida. Rio de Janeiro: Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia
2018;(18): 95-105.

17. Barros MAS. A relação dos padrões de beleza com a construção da

subjetividade da mulher. Rio de Janeiro: Revista Presença 2017;(3): 36-59.