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Análise Da Interlocução Entre A Política Habitacional de Juiz de Fora E O Programa Minha Casa, Minha Vida
Análise Da Interlocução Entre A Política Habitacional de Juiz de Fora E O Programa Minha Casa, Minha Vida
RESUMO
A cidade de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, exerce grande influência na região em que está
situada, e já realizou diferentes iniciativas referentes ao planejamento urbano. Na década de 1970,
com a definição da Secretaria de Planejamento e a criação do Instituto de Pesquisas e Planejamento
(IPPLAN), foram definidos órgãos específicos para a elaboração de planos para política urbana. Na
década seguinte, recebeu investimentos públicos pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH)/
Companhia de Habitação (COHAB), e foi criado um órgão, a EMCASA, para gerir a política
habitacional. No ano 2000, a prefeitura elaborou o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU),
que indicava a existência de áreas de ocupação urbana subnormal bem como a demanda de planos
específicos. Em 2007 foram lançados o Plano Estratégico Municipal de Assentamentos Subnormais
(PEMAS) e uma proposta de Política Municipal de Habitação para a cidade. Para reestruturar ações
que enfrentassem a problemática urbana e habitacional, o Governo Federal criou em 2003, o
Ministério das Cidades onde foi elaborada, em 2004, a Política Nacional de Habitação passando a
considerar os planos locais, fortalecendo as estruturas governamentais de planejamento, ao mesmo
tempo da incubação do Programa Minha Casa Minha Vida. Na implantação do PMCMV em Juiz de
Fora os planos até então desenvolvidos foram abandonados, da mesma forma que não houve
fortalecimento de nenhum órgão local para lidar com a questão da habitação. Ressalta-se que desde
1999 a cidade já contava com um Conselho Municipal de Habitação (CMH), vinculado à Secretaria de
Planejamento e Desenvolvimento Econômico, com atribuições de analisar, discutir e deliberar sobre a
Política Municipal de Habitação de forma geral, sendo responsável também por gerir o Fundo
Municipal de Habitação. Em 2013 o município instituiu o Comitê Técnico Intersetorial de Diretrizes da
Execução da Política Habitacional, que tem como atribuições definir critérios para a implantação de
habitações de interesse social ou de mercado popular, analisar os projetos de empreendimentos e
auxiliar o CMH. Esse trabalho busca discutir e compreender as interlocuções das políticas e planos
com o PMCMV, considerando os atores envolvidos com a habitação de interesse social e o processo
de viabilização e implementação via órgãos competentes e, ainda, discutir quais os papeis e
possíveis ações do Conselho frente às problemáticas habitacionais e à entrada do PMCMV no
município. Ele reflete parte das atividades desenvolvidas no âmbito do Programa de extensão
“Escritório-Escola Itinerante do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFJF: avaliação e assessoria
técnica em empreendimentos do Programa Minha Casa Minha Vida em Juiz de Fora - MG”, do
Núcleo de Estudos em Habitação (NEHab) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF),
finalizado em fevereiro deste ano. Resultados parciais apontam para desafios frente à articulação do
PMCMV com as políticas e planos de habitação, desde a esfera municipal à federal, já que a
implementação do programa tem seu funcionamento independente das políticas e planos, o que
promoveu uma quebra no seu processo de estruturação.
Através dele busca-se debater e compreender as interlocuções das políticas e planos com o
PMCMV ao longo do tempo, considerando os atores envolvidos com habitação de interesse
social no município e o processo de viabilização e implementação via órgãos competentes.
Pretende-se ainda discutir quais os papeis e possíveis ações do Conselho Municipal de
Habitação (CMH) frente às problemáticas habitacionais e à entrada do Programa Minha
Casa Minha Vida (PMCMV) no município.
O artigo desenvolve-se com base num pequeno estudo das tentativas de se propor uma
cidade igualitária para todos os seus moradores realizadas ao longo da história do Brasil:
levantaram-se as diferentes medidas tomadas com o intuito de se promover esta igualdade,
como a criação de entidades para a construção de casas populares, como o Sistema
Financeiro da Habitação e seu representante monetário, o Banco Nacional da Habitação
(BNH), na década de 1960, a execução de projetos isolados de urbanização de favelas,
entre os anos 1980 e 1990, a formalização do Estatuto das Cidades (EC), em 2001, até a
criação de uma Política Nacional de Habitação (PNH), em 2004, pelo Ministério das
Cidades.
Ao mesmo tempo, e como integrante desta Política, era gerado o PMCMV, com a repetição
de algumas fórmulas já utilizadas em nosso país, como o financiamento habitacional, mas
com o diferencial de se tentar alcançar as faixas de renda mais baixa, premissa do governo
Lula.
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Belo Horizonte, de 20 a 22 de outubro de 2015
ISSN 2359-0734
Um recorte histórico das políticas habitacionais
Conforme anunciado, este trabalho se baseia numa pequena revisão histórica de iniciativas
governamentais na área de habitação social. Entende-se que a moradia veio se
consolidando pelos anos como um direito social, ganhando efetivo destaque na Constituição
de 1988 e obtendo espaço na cena da reforma urbana e do Direito à Cidade, porém não se
pode desconsiderar a produção de Habitação de Interesse Social (HIS), antes do período da
Ditadura Militar, que foi fomentada pela criação da Fundação da Casa Popular (FCP),
porém, com escassos recursos, possibilitando a construção de poucas unidades (Brasil,
2004, pág. 09).
A partir de 1964, ano da implantação do regime militar, houve a criação do Banco Nacional
da Habitação (BNH) e de um Sistema Financeiro de Habitação (SFH), com política
habitacional, que, como afirma Cardoso (2011), teve “como objetivos, por um lado, o
estímulo ao crescimento econômico e, por outro, a ampliação da legitimidade do regime com
a ampliação do acesso à moradia para as camadas de baixa e média renda”.
Esse novo sistema de financiamento passa, no ano de 1967, a atuar com recursos do Fundo
de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e do Sistema Brasileiro de Poupança de
Empréstimo (SBPE), além da instituição de diretrizes nacionais para HIS. Entretanto,
ocorreram problemas de ordem urbana, arquitetônica e de gestão, além da utilização do
modelo funcionalista moderno, que gerou a reprodução serial valorizando estratégias de
mercado, já que esse modelo de financiamento tornou-se a principal fonte de recursos para
a impulsão imobiliária no contexto nacional.
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(OGU). Ampliaram-se, também as possibilidades de financiamento do setor privado ou
empréstimos.
Em 2003, com a criação do Ministério das Cidades, são formadas secretarias e elaboradas
políticas setoriais, inclusive para habitação, atreladas às políticas de desenvolvimento
urbano, a partir de um entendimento de que a habitação não se restringe à casa, incorpora
outros direitos _ aliado ao Direito à Cidade _ que foram debatidas nas Conferências das
Cidades, de onde se originou o Conselho das Cidades.
Uma destas iniciativas é a Política Nacional de Habitação (PNH), que, perante as más
condições de vida da população nas cidades, visava à retomada do planejamento no setor
habitacional, partindo da criação de um Sistema Nacional de Habitação (SNH), amparado
em um Fundo Nacional de Interesse Social (FNHIS) e na participação popular, através dos
conselhos.
A PNH pretendia a revisão dos principais programas existentes na época; a integração dos
três níveis governamentais, entidades privadas e sociedade civil; a superação das
intervenções pontuais; a discussão da questão fundiária, com regularização de
assentamentos informais e da previsão de localizações adequadas para as novas moradias;
a valorização da locação social e a ocupação de domicílios vagos _ gerados pela expansão
de novos centros; a melhoria das relações de mobilidade e transporte; a qualificação da mão
de obra e dos materiais utilizados nas obras.
Ou seja, a PNH era uma proposta que abordava as diferentes faces da habitação,
exaltando-a, como na Constituição, como um direito. Além disso, retomava o conceito do
Estatuto das Cidades (EC), de função social da propriedade, e elementos do Governo Lula,
de inclusão social, gestão participativa e integração da política nacional.
A PNH destacava, ainda, a Política Fundiária como base da Política Habitacional, onde,
cada município deveria criar planos habitacionais em consonância com o plano diretor, além
de regularização fundiária e leis urbanísticas para dar apoio à ela.
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precários e o planejamento do solo, viabilizando o acesso da baixa renda e sua inserção
urbana, com políticas fundiária e imobiliária. Também estava dividida em subsistemas, o
Subsistema de Habitação de Interesse Social (SNHIS) e o de Habitação de mercado (SMH);
e daria autonomia às construtoras.
Ele traça as primeiras linhas do PMCMV e o viabiliza, pois, vai de encontro ao que apregoa
o Ministério das Cidades ao priorizar municípios que implementaram instrumentos previstos
no EC, que ampliam o acesso a terra urbanizada, como as AEIS. Mas, como destacou
Rolnik (2010), a execução de tais instrumentos pressupõe a mobilização política ainda não
presente nas instâncias políticas brasileiras, sendo o acesso a terra secundário na execução
de programas.
Neste momento cabe ressaltar que as construtoras começaram num determinado momento,
a adquirir terras, o que, obviamente, refletirá na determinação dos locais onde seriam
viabilizadas as habitações de interesse social.
Neste sentido, o PMCMV foi finalizado em parceria com as maiores empresas da construção
civil e teve seu lançamento antecipado, assim como a definição das localizações dos
conjuntos em função do mercado imobiliário, a fim de aproveitar os estoques de terra
criados. (Maricato, 2011)
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Aqui, inicia-se o questionamento sobre a independência que tem o PMCMV, que é gerido
pelo Ministério da Fazenda, e demonstra uma desarticulação de programas habitacionais e
da política de desenvolvimento urbano, da mesma forma que abandona, praticamente, todas
as propostas da PNH, apesar de se basear nela e em seu principal produto, o PlaNHab.
O MCMV trás consigo diretrizes nacionais, aliando os setores público e privado, entretanto,
o crédito financeiro prevaleceu, pois não mudou a forma como se projeta, nem a forma de
como se financia HIS. Ela vem gerando danos sociais por se limitar a suprir o déficit,
diminuir custos e aumentar a rapidez na execução, buscando não só racionalidade, mas
simplificação, agravando o empobrecimento da paisagem, além de não se prever alterações
com o tempo _ por não incorporar os diferentes tipos de família, nem ter uma gestão
participativa que promoveria uma leitura social mais consistente_ tudo isto sem falar na
infraestrutura precária que é disponibilizada aos mutuários, na maioria dos casos, conforme
demonstram Arantes e Fix (2009) em texto escrito na época do lançamento do PMCMV.
A PNH foi finalizada em 2004 pelo Ministério das Cidades e consideraria os planos locais já
realizados, especialmente o zoneamento dos planos diretores, aliando as questões
habitacionais às outras temáticas da cidade, além de propor instrumentos para fortalecer as
estruturas governamentais de planejamento, ao mesmo tempo, que já estava sendo gestado
o PMCMV, ainda como um dos elementos da PNH. Porém, a questão da crise veio antecipar
a ação daquele, além de colocá-lo acima da Política que tinha sido elaborada.
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qualquer instrumento de planejamento habitacional. Nada diferente disso aconteceu em
âmbito local com as políticas existentes nos municípios.
Embora seja notável que nos anos recentes, dada a aplicação do programa federal, houve
avanços no que tange a justiça social, como afirma Bounfiglio (2011): “há um novo enfoque
na maior e melhor distribuição do acesso e atendimento à política habitacional voltada à
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demanda de baixos salários”. Dito em outras palavras, estamos diante de uma parcela de
justiça social restrita àquilo que se propõe a distribuir (Harvey, 1980).
Questionamentos
Com base neste breve histórico, este texto partirá para a análise dos instrumentos de
planejamento urbano e habitacional confeccionados no município, tentando desvendar a
articulação entre os planos e as ações e as possíveis falhas no planejamento, como a
indicação de soluções a curto prazo.
Em 2001 eram 87 AEIS e, com financiamento do BID, dentro do Programa Habitar Brasil, o
município elaborou o PEMAS, já mencionado, para atualização do cadastro, diagnóstico,
organização de um banco de dados com estas informações, urbanização de assentamentos
informais, construção de novas moradias _ quando necessário _ definição de parâmetros
urbanísticos para estas áreas e sua regularização fundiária, além da reestruturação do setor
responsável, do fortalecimento do Conselho de Política Urbana (COMPUR) e da formatação
da PMH. Entretanto, estes últimos itens, na implementação do PMCMV no município foram
abandonados.
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Mapa das localizações dos empreendimentos do PMCMV destacando as AEIS e o
centro da cidade (em roxo)
Fonte: Prefeitura de Juiz de Fora. Inserção: Nádia Camacho e Raquel Hellich, 2014.
A partir disso, é possível discutir que, mesmo quando uma intervenção é para os mais
pobres, favorece a construtora _ em geral, a proprietária dos terrenos, como visto
anteriormente, não a localização ideal. Mesmo sem se entrar no mérito da propriedade dos
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terrenos, é notável como eles não têm relação com a malha urbana consolidada, nem com
os planos desenvolvidos no município.
Destaca-se que, até este ponto, tudo acontece conforme orienta a própria legislação do
Programa. Também se ressalta que a empresa enxerga o PMCMV não apenas como um
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programa de habitação, mas de inclusão social, porque possibilita que pessoas que
moravam em áreas irregulares tenham acesso à cidade legal.
O PMCMV surgiu como um “rolo compressor”, mais preocupado com quantidade do que
com a qualidade dos conjuntos habitacionais, desarticulado da PMH _ não relaciona a
demanda das AEIS e a localização dos empreendimentos, por exemplo _ e do plano
nacional, segundo ele. Isto é enfatizado pela autonomia que o PMCMV dá às construtoras,
resultando na baixa qualidade dos empreendimentos; pela carência na infraestrutura _ só
obrigatória a partir do PMCMV II; pela má localização dos conjuntos; e do fato de a
prefeitura ter um papel “meramente administrativo”.
Por outro lado, ele mesmo diz que, se é um programa de cunho social, a prefeitura deveria
participar mais, mas isto não é demandado pelo Programa. Mesmo assim, ela criou o
Comitê Técnico Intersetorial (CTI) _ constituído de técnicos de diversas secretarias _ para
tentar evitar problemas na origem _ a questão da adequação a relação a uma serie de
aspectos, já citados anteriormente _ e que influenciou no estabelecimento da regionalização
dos sorteios.
Para ele, o maior problema nem está nesta questão _ pois pode ser que não haja
empreendimento planejado para determinada região e as famílias dela não sejam
contempladas _ mas sim, no projeto, que, em geral, é de má qualidade e repete modelos
antigos, a fim de reduzir os custos das construtoras; e a ausência de um projeto urbano que,
em alguns casos inclui a criação de ‘condomínio fechado’, forçando os moradores a se
adequarem a um modelo originado na classe média _ e que pode criar um gueto _ sendo
que os residentes deveriam ter direito a escolherem o padrão de casas onde querem morar.
Uma outra funcionária da prefeitura, que está envolvida com a revisão do PDDU, ratificou a
função da EMCASA e, também, que o PMCMV “atropelou” a PNH, e, ainda, lembrou que os
municípios que “aderem ao sistema nacional tem que ter um plano (de habitação) (...), um
fundo (...) e o conselho gestor”. Entretanto, no começo da aplicação do PMCMV, nos
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municípios onde as empresas manifestaram interesse em construir empreendimentos, e
tinham estoque de terreno, a implantação do Programa aconteceu independentemente disto,
como foi o caso de Juiz de Fora, que já tinha sua estrutura. Na cidade, a lei de uso e
ocupação do solo, que é de 1986, além disso, permitia a construção de empreendimentos
de grande porte. A prefeitura, também, doou terrenos em locais desconectados daqueles
propostos na PMH, como mencionado.
Segundo ela, o PDDU (2000) vai ter, em sua revisão, que absorver a atualização das AEIS e
indicar, se for o caso, alterações nos planos adjacentes à ele (no caso, a PMH, que
aconselha ações nestas áreas), abandonados pelo PMCMV. Ela enfatiza que não se utiliza
a Política Municipal de Habitação e que o município segue, exclusivamente, o que o
Programa recomenda para a sua atuação: o cadastro e seleção de beneficiários, como base
nos critérios indicados pelo CMH para selecionar as pessoas que irão morar nas unidades.
Ela conta que, quando veio o recurso, as prefeituras se propuseram a implantar o PMCMV,
mas sem a organização que determina a Política Nacional de Habitação. No caso de Juiz de
Fora, foi, unicamente, seguida a demanda por novas unidades que a PMH indicava, mas,
ela cita, também, que, apesar disso, foram feitas reuniões com as secretarias municipais a
fim de se considerar o impacto de novos moradores nos equipamentos das regiões onde os
conjuntos seriam construídos.
Na revisão do PDDU que está sendo feita, ainda segundo ela, pretende-se indicar medidas
para a edificação de novos empreendimentos, além de relacioná-los às AEIS; revisar a
classificação e recomendar os instrumentos necessários para se trabalhar nestas áreas;
investir na regularização dos assentamentos subnormais existentes, segundo outros
programas do governo federal disponíveis; além de rever pontos da PMH, como a
possibilidade de se viabilizar pequenos conjuntos com o recurso do PMCMV.
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Ressalta-se que há outros problemas nos conjuntos, porém, considera-se que estes itens já
são suficientes para demonstrar a desarticulação do PMCMV à política do município.
Considerações finais
Não se viu, ainda, em Juiz de Fora nenhuma interlocução entre as políticas e planos locais,
ou da estância maior _ a federal, com o PMCMV, a não ser no momento de se considerar o
déficit habitacional do município levantado na PMH.
Os maiores desafios que se apresentam são flexibilizar o papel da CAIXA, tornando-a mais
acessível nas negociações e na interpretação dos processos; e regularizar a atuação das
construtoras, primando por projetos participativos, assim como, definindo critérios para se
evitar problemas construtivos _ o último dependendo da reformulação do próprio Programa.
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Outro desafio seria interpretar e considerar o planejamento já existente no município,
revendo aquilo que se considere necessário: já existe um diagnóstico da situação
habitacional, que indica localizações possíveis para novos conjuntos, próximas à AEIS, e,
além disso, discrimina outras intervenções necessárias, afora a construção de novas
moradias, a serem feitas nestas áreas. Esta atualização também contribuirá para a
formulação de conjuntos mais eficazes economicamente e próximos da realidade dos
bairros existentes se integrando a eles, além, logicamente, de gerar bons projetos, que
abarquem equipamentos sociais, etc. Esta medida, por sua vez, já se relaciona com a
revisão do PDDU em curso e com a modernização da PMH existente.
Entende-se que há uma necessidade de se discutir política urbana de forma integrada, pois
não se resolve problema de habitação sem resolver os outros problemas de política urbana,
e tudo está relacionado à gestão do solo. É necessário pensar em alternativas de
parcelamento do solo pra que a própria população consiga acessar, a partir da redução do
preço da terra, tornando-a acessível para compra por qualquer faixa de renda, discussão
que estará, ao que parece, incluída na revisão do PDDU.
Além disso, todo o processo teria que ser feito com a participação popular, começando-se
com a melhoria do trabalho técnico social _ que deve ser realizado antes e depois da
construção do conjunto; aprimoramento dos critérios de seleção das pessoas; realização de
um trabalho com os antigos moradores do bairro onde o conjunto será implantado; e,
também, dar meios para a recente leva de moradores se organizarem e gerirem este espaço
novo, seja ele fechado ou não.
Questiona-se, ainda, se o projeto realmente atua como inclusor social, pois, como se sabe,
o direito à cidade, envolve o direito à moradia, mas abarca mais do que apenas a casa,
envolve o acesso aos serviços públicos e aos equipamentos sociais. Entretanto, como dito
acima, nem todos foram construídos com estes instalados e, a chegada de novos
moradores, sobrecarregou os existentes, trazendo outros problemas aos bairros onde eles
foram implantados, deixando em risco a garantia daquele direito.
Conclui-se, para o momento, que todos estes problemas seriam eliminados se consideradas
as intenções do governo federal materializadas na Política Nacional de Habitação e seus
desmembramentos nos planos locais de cada município. Aquelas existem e ainda não foram
colocados em práticas, a não ser o PMCMV _ porém, diferentemente da sua ideia original,
deixando de considerar, notadamente, os quesitos de planejamento.
ARANTES, Pedro Fiori. FIX, Mariana. 'Minha Casa, Minha Vida', o pacote habitacional de
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______ MEC/ SESu. ProExt. “EEI”. UFJF. FEng. DAU. Augusto, José. Entrevista com José
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