AGRONEGOCIO - Parasitose

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO

SÃO FRANCISCO

COLEGIADO DE ADMINISTRAÇÃO

DISCIPLINA:GESTÃO E INOVAÇÃO NO AGRO NEGÓCIO

Como Gestão da Inovação pode beneficiar pequenos produtores de


caprinos ovinos no combate e prevenção de parasitoses gastrointestinais no
Submédio do vale do são Francisco.

Petrolina, Maio de 2021.

INTRODUÇÃO

A caprinocultura no Nordeste brasileiro, em suma de forma geral, é


desenvolvida em um sistema de criação extensivo, em que o ambiente de
exploração é, em sua maioria representado pela caatinga, sem divisões de
pastos, permitindo que os rebanhos de várias propriedades pastem em
conjunto. Esta cultura representa uma das principais atividades econômicas
das áreas mais secas do Nordeste. (NOGUEIRA FILHO, 2003).

As transformações necessárias à prática racional da caprinocultura no


Nordeste tende a conduzir as criações de forma intensiva e em espaços físicos
reduzidos, favorecendo de sobremaneira a incidência das parasitoses, as quais
ocupam um lugar de destaque entre os fatores que limitam a produção caprina
(PADILHA 1996).

Esta atividade constitui uma das formas básicas de subsistência das


populações de regiões semi-áridas, porém as helmintoses associadas com as
coccidioses contribuem para aumentar a mortalidade e baixar o rendimento do
rebanho caprino. As doenças parasitárias ocupam lugar de destaque entre os
fatores que limitam a produção caprina, sendo responsabilizada por elevadas
perdas econômicas, em decorrência de crescimento retardado, perda de peso,
redução do consumo de alimento, queda na produção de leite, baixa fertilidade
e nos casos de infecções maciças, altas taxas de mortalidade (VIEIRA e
CAVALCANTE, 1999).

Na mesorregião do sertão do São Francisco contamos com Associações de


criadores que juntos buscam soluções, através de trocas de experiências, para
combate e prevenção destes e outros problemas que afetam a criação. Estas
iniciativas tem ajudado uma vez que é cada vez maior o numero de criadores
que tem acesso a informação.

O controle parasitário envolve principalmente a gestão do rebanho, desde a


separação dos animais por espécie, reprodutor, lactantes, saudáveis e
infectadas, ao cronograma de plantio e inserção de alimentação por meio da
vegetação local. Na maioria dos casos, o ciclo de vida do parasita consegue
ser completo no espaço de pastagem dos caprinos/ovinos, sendo essa a
principal causa de contagio animal.

Reunindo informações através de experiências de criadores e estudos


científicos, pretendemos elaborar um material objetivo e com linguagem direta
afim de contribuir com a caprino ovinocultura em nossa região.
PERGUNTA PROBLEMA: Como Gestão da Inovação pode beneficiar
pequenos produtores de caprinos ovinos no combate e prevenção de
parasitoses gastrointestinais no Submédio do vale do são Francisco.

OBJETIVO GERAL: Estudos relacionados a criação de ovinos e caprinos,


nos relatam o grande problema que agricultores enfrentam no controle ás
pragas e doenças da criação. Em nossa região não é diferente. Entretanto,
observou-se que que em áreas de criação em que não se tem espaço amplo
de ao menos 1 ha por animal para que a produção se mantenham na
vegetação, ou anda em galpões de criação de rebanho de corte, devidamente
supervisionados, torna-se mais difícil o controle e prevenção de doenças, uma
vez que, seja por espaço limitado (inferior a 500m por cabeça) ou por falta de
informação no manejo, para tgestão adequada da criação, o pequeno produtor
sai em desvantagem nesse aspecto. O pequeno agricultor e agricultura familiar
veem sendo visados por pesquisadores no âmbito de pesquisa objetivando o
auxilio e melhoramento das condições de criação e cultivo, uma vez que
historicamente, são estes que mais saem prejudicados pela falta de
informação.

Diante disso, pretendemos buscar maneiras que venham a auxiliar esta classe
afim de evitar prejuízo comercial para as famílias, e consequentemente a
região que se beneficia do comércio destes animais. Faremos o levantamento
de dados, levando informação e apresentando tecnicas práticas de prevenção
e manutenção para ajudar o produtor neste aspeto.

OBJETIVO ESPECÍFICO: Levar ao pequeno produtor e de agricultura


familiar da região do vale do São Francisco medidas inovadoras e acessíveis
de combate e prevenção para diminuição da taxa e mortalidade dadas por
parasitoses gastrointestinais evitando prejuízo comercial a região.

JUSTIFICATIVA
Em estudo retrospectivo dos surtos de parasitose na região semiárida
constatou-se que as parasitoses gastrointestinais são as mais frequentes em
caprinos e ovinos,além das transmitidas por insetos e em principal algumas
espécies de moscas, e o número de casos de verminose foi crescente nos
meses de fevereiro a junho, sendo a maior frequência neste último, e que
praticamente todos os surtos são causados por Hemonchus spp., evidenciando
que qualquer plano de controle parasitário deve objetivar o controle deste
parasita (Costa et al. 2009). Nesse trabalho foi constatado, também, que os
caprinos são mais afetados que os ovinos e que em surtos em rebanhos mistos
de caprinos e ovinos é frequente que ocorram sinais clínicos somente nos
caprinos (Costa et al. 2009).

Observou-se ainda que a incidência é maior em animais que são criados em


área aberta inferior a 1ha por animal, tendo assim maior riso de contaminação
e ré-contaminação devido ao ciclo de vida do parasita, o que exige informação
para preparação destes agricultores afim de controlar a infestação preservando
a vida dos animais.

Em nossa região,o pequeno agricultor não dispõe, por sua vez, de grande
expansão de terra para destinar ao exclusivamente a caprino-cultura, temos
ainda o agricultor familiar que distribui a criação, outrora na caatinga, outrora
junto a plantação, variando conforme sazonalidade.

REFERENCIAL TEÓRICO

A caprinocultura é uma atividade pecuária em expansão e praticada em todo o


Brasil, com ênfase maior na região Nordeste, onde concentram-se sistemas de
exploração para a produção de carne e mais recentemente de leite. Esta
atividade constitui uma das formas básicas de subsistência das populações de
regiões semi-áridas, porém as helmintoses associadas com as coccidioses
contribuem para aumentar a mortalidade e baixar o rendimento do rebanho
caprino. Após infecções prévias por nematóides gastrintestinais os animais
jovens tornam-se menos sensíveis aos efeitos patogênicos desses parasitos.
No semi-árido nordestino, os animais que nascem no início do período seco
chegam ao período chuvoso sem terem sido previamente infectados por
nematóides, portanto, bem mais susceptíveis (VIEIRA, 1999). Segundo VIEIRA
et al. (1997), os caprinos da região semiárida do Nordeste são parasitados
pelos nematóides Haemonchus contortus e Trichostrongylus axei no abomaso;
Strongyloides papillousus, T. colubrifomis, Cooperia sp e Bunostomum
trigonocephalum, no intestino delgado e Oesophagostomun columbianum,
Trichuris ovis, T. globulosa e Skrjabinema sp, no intestino grosso. Desses
parasitos os de maior importância econômica são H. contortus, T.
colubriformes, O. columbianum e S. papillosus. BRITO et al. (1996) consideram
a infecção por O. columbianum como uma das mais severas e de difícil
controle, acarretando prejuízos à caprinocultura brasileira. A eimeriose caprina
é uma parasitose causada por coccídios do gênero Eimeria, apresentando
distribuição mundial, atingindo caprinos submetidos a diferentes sistemas de
produção (LIMA, 1980). Muitas espécies desse gênero são encontradas em
áreas produtoras do Brasil, com relatos de identificação publicados por
TORRES & RAMOS (1938), seguidos por vários outros pesquisadores
(PADILHA et al., 1980; CHAPLIN et al., 1985; BOMFIM & LOPES, 1994 e
HASSUM & MENEZES, 1999). O parasitismo concorrente de coccídios e
nematóides em caprinos é comum, sendo os efeitos, geralmente exacerbados
(HASSLINGER et al., 1993). Considerando que para práticas preventivas, é
necessário conhecer os gêneros e/ou espécies que ocorrem na criação, e que
por meio de estudos coproparasitológicos é possível identificar os parasitos
gastrintestinais, pode-se contribuir dessa forma na elaboração de estratégias
de controle. ((Rev. Bras. Parasitol. Vet., páginas 10, 1, 41-44 (2001) (Brazil. J.
Vet. Parasitol.))

No entanto, esta situação equilibrada Pode ser alterado por vários fatores
Como clima, estado fisiológico Animais etc. Mas destrua Na maioria dos casos,
esse equilíbrio é Inadvertidamente O próprio homem. Exemplos de
desempenho desfavoráv como no gerenciamento, no uso de medicamentos
antiparasitários, e etc. Por exemplo:

-Espécies de animais introduzidas de regiões climática diferente, onde abunda


parasitas trópicos. Esses animais são introduzidos considerando a alta
produtividade,porém as vezes a substituição de genótipos quando grande
número de animais são criados em áreas altamente produtivas, gerando
aglomeração ocasiona o aumento de contaminação ambiental com estagio de
vida livre do parasita.

Animais carregando cargas elevadas de parasitas podem vir a morte, em


especial os mais jovens e vulneráveis , por essa razão, o controle de parasitas
deve ser preocupação no manejo da criaçao. Dos parasitas causadores de
prejuízos econômicos, os nematódeos parasitas do trato gastrintestinal são os
mais comuns.

Principais nematódeos parasitas de ovinos:

“A elevada prevalência, associada à grande patogenicidade, faz de


Haemonchus contortus, de longe, a principal espécie endoparasita de ovinos
no Brasil. Este parasita do abomaso é hematófago, ou seja, durante toda a sua
vida parasitária, alimenta-se de sangue. Os animais portadores de carga
parasitária elevada podem apresentar anemia e edema submandibular e os
casos de mortalidade de ovinos causados por esse parasita são relativamente
comuns. Em seguida, em ordem de importância, aparece a espécie
Trichostrongylus colubriformis. Esteparasita do intestino delgado está presente
em praticamente todas as criações de ovinos. Estes vermes lesam a mucosa
intestinal provocando exsudação de proteínas séricas para a luz intestinal.
Dessa forma, em infecções com grande número de parasitas, os animais
podem apresentar anorexia, diarréia e edema submandibular (Reineck, 1983).”
(Amarante et al., Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal (v.1, n.2) p.
14 – 36, jul - dez (2007))

Os animais infectam-se ao ingerirem as larvas infectantes (L3) presentes na


pastagem. Os próprios animais são as fontes de contaminação do ambiente,
pois eliminam nas fezes os ovos dos nematoides, os quais irão se desenvolver
até darem origem às L3 (OLIVEIRA-SEQUEIRA; AMARANTE, 2001). Barger
(1989) descreveu que a seleção de ovinos resistentes, resulta em redução de
80 a 90% da carga parasitária, em comparação com rebanhos que não foram
submetidos à seleção. Além disso, a seleção de animais resistentes pode
reduzir significativamente os picos sazonais na carga parasitária, bem como o
número de larvas na pastagem. Portanto, o ideal seria evitar, ou pelo menos
reduzir, a contaminação da pastagem a partir dos animais nela colocados.
Nesse caso, animais mais resistentes ao parasitismo eliminariam menor
quantidade de ovos nas fezes, o que, em teoria, propiciaria redução na
contaminação das pastagens pelas L3. Estudos realizados na Nova Zelândia
comprovaram que a quantidade de L3 na planta forrageira, pastejada por
ovinos resistentes, foi 50% menor do que a que foi pastejada por ovinos
susceptíveis (BISSET et al., 1997). Além disso, um animal com carga
parasitária elevada de uma determinada espécie de nematoide apresenta
tendência de também albergar maior número das demais espécies de
nematoides (STEAR et al., 1998; AMARANTE et al., 2004).

Para que se possa encontrar alternativas de controle das parasitoses, é preciso


conhecer muito bem os parasitas e como eles vivem.Os parasitas
estrongilídeos passam por duas fases de desenvolvimento (Figura 9) - uma no
meio ambiente (fase de vida livre) e outra dentro do animal (fase parasitária).

Figura 1-Ciclo de vida dos parasitas estrongilíneos


Fase de vida livre
Os parasitas eliminam seus ovos nas fezes do animal. Em condições ade
quadas de oxigênio, umidade e temperatura, em 24 horas é formada uma larva
dentro do ovo. Esta larva eclode e necessita de microorganismos para se ali
mentar. É chamada de larva de primeiro estádio ou L1.
Se as condições do meio permanecerem favoráveis ao desenvolvimento
da larva, a L1 realizará duas mudas (trocas de cutícula), para L2 e L3. Isto
pode
variar em cinco a 10 dias normalmente. A L3 não mais se alimenta, é mais
resistente às condições do meio e mais móvel, movimentando-se para fora das
fezes. Esta mobilidade permite que ela se localize nas porções mais sombrea
das da pastagem e nas gotículas de orvalho. Estas larvas são muito pequenas,
L3
L4
L5
Machos e
Fêmeas
No Hospedeiro
penodo pré-patente de 18 a 21 dias.
Estádio
infectante
(L3) na
pastagem
No Ambiente
5 a 15 dias
L3
L2
Eclosão
de L1
L1
OVO
21
7. RESISTÊNCIA DOS PARASITAS AOS
VERMÍFUGOS
A resistência é um fenômeno que ocorre quando os vermífugos já não
funcionam mais. Ou seja, você dá o vermífugo para o animal, mas a maioria
dos parasitas não morre com o vermífugo utilizado. Isto não acontece para
todos os parasitas ao mesmo tempo. Na natureza já existem alguns (raros)
parasitas que são naturalmente resistentes aos vermífugos. O vermífugo não
consegue matar estes poucos parasitas porque eles têm, na sua genética, a ca
pacidade de processarem ou eliminarem os efeitos tóxicos dos vermífugos.
Cada vez que se utiliza o vermífugo, elimina-se os parasitas que são sensí-
veis (os que morrem) e deixa-se que somente os parasitas resistentes sobrevi
vam. Portanto, existem em todas as propriedades dois tipos de parasitas:
PARASITAS RESISTENTES – que não morrem com o vermífugo.
Atualmente, estes são os parasitas “bandidos”, nossos maiores inimigos,
pois quando percebemos que nossa cabra ou ovelha precisa ser desverminada
e usamos o vermífugo, estes parasitas não vão morrer.
PARASITAS SENSÍVEIS – que morrem com o vermífugo.
Atualmente, pode-se considerar estes parasitas como “amigos” ou parasi
tas “bonzinhos”, pois sabe-se que, ao fornecer o vermífugo, eles morrem.
É possível dizer que há resistência no rebanho quando o número de parasi
tas resistentes for maior que o número de parasitas sensíveis. Toda a vez que
o
vermífugo é utilizado, morrem os parasitas sensíveis e somente os resistentes
sobrevivem e vão deixando descendentes. Com o tempo, a maior parte da
população de parasitas é descendente dos resistentes. Portanto, quanto mais
usar o vermífugo, mais resistência haverá.
Atenção para dica:
EXCESSO DE DESVERMINAÇÕES
RESISTÊNCIA DOS PARASITAS AO VERMÍFUGO
MAIS VERMINOSE17
não sendo possível visualizá-las a olho nu, somente com o auxílio de um mi
croscópio. Somente a L3 pode se desenvolver quando ingerida pelo animal na
pastagem. Por isso é considerada a fase infectante. A evolução do ovo até L3
pode demorar de cinco a sete dias em condições ideais; ou até 30 dias na
ausência de temperatura ou umidade adequadas.
Em geral, são consideradas condições ideais de desenvolvimento uma tem
peratura de 18 a 30oC, com umidade acima de 70%. Existem parasitas que
são
mais sensíveis ao frio e à seca que os outros, e por isso ocorre uma variação
nos tipos de parasitas conforme a região do Estado e a estação do ano.
Haemonchus é o estrongilídeo mais sensível ao frio e à falta de umidade. Seu
desenvolvimento é inibido em temperaturas abaixo de 10oC.
O sombreamento também é um fator importante. Além de preservar um
microambiente de maior umidade, impede a ação dos raios ultra-violeta do sol
que podem eliminar os parasitas. Por este motivo as porções da pastagem
mais
próximas ao solo, bem como espécies forrageiras com mais ramificações per
mitem a presença de uma maior quantidade de larvas de parasitas.
O tempo de sobrevivência da L3 na pastagem depende das condições do
meio ambiente. Quando a umidade é alta (maior que 85%), até 40% das larvas
podem ficar viáveis por até 150 dias. No entanto, se a umidade é baixa (igual
ou menor que 35%), mais de 60% das larvas morrem em menos de um mês.
Portanto, atenção:
LARVAS DE PARASITAS FICAM VIVAS NAS PASTAGENS
POR CERCA DE 60 A 90 DIAS, MAS PODEM SOBREVIVER
ATÉ MAIS DE UM ANO.
Mais de 90% dos parasitas de uma propriedade se encontram na pastagem,
na forma de ovos e larvas. Apenas um pequeno número se encontra no interior
dos animais. Por isso é importante compreender a fase de vida livre dos para
sitas para instalar medidas de controle.
5.2 Fase parasitária
Inicia quando o animal ingere a L3 na pastagem ou, menos frequentemen
te, na água de bebida. A larva é carregada junto com o alimento ao abomaso
(coagulador, estômago verdadeiro) ou intestino, quando penetra na parede do
órgão para se alimentar. Neste momento, o animal já pode demonstrar alguns
sinais de parasitose. Após nova muda, a larva volta à luz do órgão onde se
20
6.3 Sistemas de produção
Os ovinos e caprinos podem ser criados em vários sistemas. Antigamente
os rebanhos eram acompanhados por um pastor durante o tempo todo e muda
vam o local de pastejo todos os dias, então a re-infecção dos animais por
larvas
de parasitas era muitíssimo pequena. Hoje, chega-se a ter mais de 30 ovelhas
pastejando continuamente em um único hectare! Com o grande número de
animais defecando (e depositando os ovos dos parasitas) em uma pequena
área que é repastejada praticamente todos os dias ou com intervalos pequenos
de 30 ou 40 dias (rotação de piquetes) é de se esperar que a re-infecção do
rebanho aumente consideravelmente.
Portanto, atenção:
QUANTO MAIOR A LOTAÇÃO (NÚMERO DE
ANIMAIS/HECTARE) MAIOR A PARASITOSE.
Como a forma mais comum de infecção do animal é o pastejo em áreas
muito contaminadas com larvas vivas de parasitas, é necessário criar alternati
vas para diminuir a contaminação da pastagem e/ou impedir que os animais
ingiram este pasto contaminado. Os sistemas de produção que utilizam o for
necimento de alimento exclusivamente no cocho, por exemplo, no confina
mento; o risco de infecção por parasitas diminui muito já que todo o alimento
fornecido está livre de larvas como: o feno, as capineiras, o alimento concen
trado ou mesmo a silagem.
6.4 Vermífugos
O uso indiscriminado de anti-helmínticos levou à resistência dos parasitas
aos diferentes princípios ativos (vermífugos). Atualmente, os parasitas gastrin
testinais dos rebanhos ovinos e caprinos paranaenses apresentam resistência
a
pelo menos um tipo de vermífugo. Por isso, observa-se, às vezes, que mesmo
após uma desverminação os animais ainda continuam anêmicos, magros ou
com diarreia. Este problema é muito difícil de solucionar, então, é preciso
desverminar os animais o menor número de vezes possível, para que os
vermífugos funcionem bem por muitos anos.
Por se tratar de um tema de extrema importância, o próximo capítulo intei
ro é reservado para explicar como ocorre a resistência dos parasitas aos
vermífugos.18
transforma em parasita adulto e inicia a postura dos ovos. O período desde
aingestão da larva até o início da eliminação dos ovos nas fezes pode demorar
de 18 a 21 dias.
Alguns fatores podem alterar o tempo de ocorrência deste ciclo e a viabili
dade dos parasitas e serão discutidos a seguir.
6. FATORES QUE INTERFEREM NAS
PARASITOSES
Quando se observa diferentes rebanhos de ovinos e caprinos nota-se que
em alguns deles o problema da parasitose é mais grave, enquanto em outros,
os animais aparentam estar sadios e produtivos. Estas diferenças acontecem
porque existem vários fatores que interferem com o aumento ou a diminuição
da infecção dos animais pelos parasitas.
6.1 Clima
Conforme já foi explicado, o parasita passa uma parte da vida no ambiente
(principalmente pastagens, água ou solo). Durante esta fase da vida, os parasi
tas estão na forma de ovos ou larvas, aguardando o momento de serem ingeri
dos por um ovino ou caprino. Porém, quando o ambiente não apresenta boas
condições, estas larvas morrem e não infectam um novo animal. Pensando
desta forma, pode-se criar condições no ambiente para eliminar o maior núme
ro de larvas possível, ou saber quais são os lugares ou épocas do ano em que
aumenta ou diminui a contaminação do rebanho.
As larvas dos parasitas precisam de oxigênio, boa umidade e temperaturas
amenas para sobreviver por vários meses nas pastagens. Por exemplo,
quando
se faz silagem, feno ou pré-secado de uma pastagem que estava contaminada,
elimina-se ou diminui-se grandemente o número de larvas vivas no alimento
que será servido aos animais (porque o oxigênio ou a água são tirados do
pasto) o que se refletirá em uma menor infecção do rebanho. Também se sabe
que secas prolongadas ou condições extremas, como clima desértico ou neve,
também diminuem muito o tempo de sobrevivência das larvas no pasto. Quan
do se cria pequenos ruminantes em áreas muito úmidas (baixadas, banhados
etc.) já se sabe com antecedência que as larvas sobreviverão mais tempo
neste
ambiente e que o rebanho estará sujeito a maior taxa de parasitismo. Portanto,
o tipo de solo, a topografia e o clima da região são fatores que influenciam no
tipo de parasitos e na sua sobrevivência. Portanto, é importante analisar cuida-
19
dosamente estas condições em cada propriedade para melhor planejamento
das medidas de controle dos fatores ambientais.
6.2 Suscetibilidade do hospedeiro
Nem todos os animais do rebanho são muito afetados por verminose. Ao
prestar atenção, verifica-se que algumas categorias, como fêmeas que estão
amamentando ou filhotes depois do desmame são aqueles que apresentam
com
maior frequência sinais de verminose (anemia, emagrecimento, papeira,
diarreia). Devido a uma série de fatores estas duas categorias são realmente
as
mais frágeis e passíveis de infecção e, por isso, é preciso ter maior cuidado no
controle de verminose destes animais. As fêmeas apresentam um aumento do
número de ovos de parasitas nas fezes aproximadamente três semanas após o
parto e, quando vão para o pasto, depositam todos estes ovos no ambiente,
fazendo com que a pastagem que seus filhotes ingerem esteja ainda mais con
taminada.

Portanto, atenção:
FÊMEAS EM LACTAÇÃO E FILHOTES APÓS O DESMAME
SÃO AS CATEGORIAS MAIS SUSCEPTÍVEIS ÀS PARASITOSES.
Outros fatores que fazem com que um ovino ou um caprino seja mais
sensível que outro na contaminação por parasitas estão ligados à nutrição.
Rebanhos bem alimentados possuem naturalmente maior resistência à
verminose, assim como os rebanhos que não possuem outras doenças como
foot rot, linfadenite caseosa, ectima contagioso, mastites, pneumonias etc.
Consequentemente, quando os animais são bem alimentados e há um cuidado
na prevenção das diversas doenças que afetam os pequenos ruminantes, previ
ne-se, também, as grandes infecções parasitárias. Também já foi observado
que animais de raças diferentes apresentam diferente sensibilidade às parasi
toses. Por exemplo, sabe-se que ovinos de raças deslanadas são mais resisten
tes à verminose. Mas também está comprovado que dentro de um rebanho da
mesma raça existem indivíduos naturalmente mais resistentes que outros. Esta
observação é importante já que esta característica pode ser transmitida de pai
e
mãe para os filhos. Então, é possível identificar quais são os animais mais
resistentes dentro do rebanho e cruzá-los entre si, descartando os mais
suscetí-
veis. Desta forma ao longo dos anos o rebanho todo vai se tornando cada vez
mais resistente (leia mais sobre este assunto na página 27, no item 8.2.3 -
Sele-
ção de animais resistentes aos parasitas).18
transforma em parasita adulto e inicia a postura dos ovos. O período desde
aingestão da larva até o início da eliminação dos ovos nas fezes pode demorar
de 18 a 21 dias.
Alguns fatores podem alterar o tempo de ocorrência deste ciclo e a viabili
dade dos parasitas e serão discutidos a seguir.
6. FATORES QUE INTERFEREM NAS
PARASITOSES
Quando se observa diferentes rebanhos de ovinos e caprinos nota-se que
em alguns deles o problema da parasitose é mais grave, enquanto em outros,
os animais aparentam estar sadios e produtivos. Estas diferenças acontecem
porque existem vários fatores que interferem com o aumento ou a diminuição
da infecção dos animais pelos parasitas.
6.1 Clima
Conforme já foi explicado, o parasita passa uma parte da vida no ambiente
(principalmente pastagens, água ou solo). Durante esta fase da vida, os parasi
tas estão na forma de ovos ou larvas, aguardando o momento de serem ingeri
dos por um ovino ou caprino. Porém, quando o ambiente não apresenta boas
condições, estas larvas morrem e não infectam um novo animal. Pensando
desta forma, pode-se criar condições no ambiente para eliminar o maior núme
ro de larvas possível, ou saber quais são os lugares ou épocas do ano em que
aumenta ou diminui a contaminação do rebanho.
As larvas dos parasitas precisam de oxigênio, boa umidade e temperaturas
amenas para sobreviver por vários meses nas pastagens. Por exemplo,
quando
se faz silagem, feno ou pré-secado de uma pastagem que estava contaminada,
elimina-se ou diminui-se grandemente o número de larvas vivas no alimento
que será servido aos animais (porque o oxigênio ou a água são tirados do
pasto) o que se refletirá em uma menor infecção do rebanho. Também se sabe
que secas prolongadas ou condições extremas, como clima desértico ou neve,
também diminuem muito o tempo de sobrevivência das larvas no pasto. Quan
do se cria pequenos ruminantes em áreas muito úmidas (baixadas, banhados
etc.) já se sabe com antecedência que as larvas sobreviverão mais tempo
neste
ambiente e que o rebanho estará sujeito a maior taxa de parasitismo. Portanto,
o tipo de solo, a topografia e o clima da região são fatores que influenciam no
tipo de parasitos e na sua sobrevivência. Portanto, é importante analisar cuida-
19
dosamente estas condições em cada propriedade para melhor planejamento
das medidas de controle dos fatores ambientais.
6.2 Suscetibilidade do hospedeiro
Nem todos os animais do rebanho são muito afetados por verminose. Ao
prestar atenção, verifica-se que algumas categorias, como fêmeas que estão
amamentando ou filhotes depois do desmame são aqueles que apresentam
com
maior frequência sinais de verminose (anemia, emagrecimento, papeira,
diarreia). Devido a uma série de fatores estas duas categorias são realmente
as
mais frágeis e passíveis de infecção e, por isso, é preciso ter maior cuidado no
controle de verminose destes animais. As fêmeas apresentam um aumento do
número de ovos de parasitas nas fezes aproximadamente três semanas após o
parto e, quando vão para o pasto, depositam todos estes ovos no ambiente,
fazendo com que a pastagem que seus filhotes ingerem esteja ainda mais con
taminada.
Portanto, atenção:
FÊMEAS EM LACTAÇÃO E FILHOTES APÓS O DESMAME
SÃO AS CATEGORIAS MAIS SUSCEPTÍVEIS ÀS PARASITOSES.
Outros fatores que fazem com que um ovino ou um caprino seja mais
sensível que outro na contaminação por parasitas estão ligados à nutrição.
Rebanhos bem alimentados possuem naturalmente maior resistência à
verminose, assim como os rebanhos que não possuem outras doenças como
foot rot, linfadenite caseosa, ectima contagioso, mastites, pneumonias etc.
Consequentemente, quando os animais são bem alimentados e há um cuidado
na prevenção das diversas doenças que afetam os pequenos ruminantes, previ
ne-se, também, as grandes infecções parasitárias. Também já foi observado
que animais de raças diferentes apresentam diferente sensibilidade às parasi
toses. Por exemplo, sabe-se que ovinos de raças deslanadas são mais resisten
tes à verminose. Mas também está comprovado que dentro de um rebanho da
mesma raça existem indivíduos naturalmente mais resistentes que outros. Esta
observação é importante já que esta característica pode ser transmitida de pai
e
mãe para os filhos. Então, é possível identificar quais são os animais mais
resistentes dentro do rebanho e cruzá-los entre si, descartando os mais
suscetí-
veis. Desta forma ao longo dos anos o rebanho todo vai se tornando cada vez
mais resistente (leia mais sobre este assunto na página 27, no item 8.2.3 -
Sele-
ção de animais resistentes aos parasitas).17
não sendo possível visualizá-las a olho nu, somente com o auxílio de um mi
croscópio. Somente a L3 pode se desenvolver quando ingerida pelo animal na
pastagem. Por isso é considerada a fase infectante. A evolução do ovo até L3
pode demorar de cinco a sete dias em condições ideais; ou até 30 dias na
ausência de temperatura ou umidade adequadas.
Em geral, são consideradas condições ideais de desenvolvimento uma tem
peratura de 18 a 30oC, com umidade acima de 70%. Existem parasitas que
são
mais sensíveis ao frio e à seca que os outros, e por isso ocorre uma variação
nos tipos de parasitas conforme a região do Estado e a estação do ano.
Haemonchus é o estrongilídeo mais sensível ao frio e à falta de umidade. Seu
desenvolvimento é inibido em temperaturas abaixo de 10oC.
O sombreamento também é um fator importante. Além de preservar um
microambiente de maior umidade, impede a ação dos raios ultra-violeta do sol
que podem eliminar os parasitas. Por este motivo as porções da pastagem
mais
próximas ao solo, bem como espécies forrageiras com mais ramificações per
mitem a presença de uma maior quantidade de larvas de parasitas.
O tempo de sobrevivência da L3 na pastagem depende das condições do
meio ambiente. Quando a umidade é alta (maior que 85%), até 40% das larvas
podem ficar viáveis por até 150 dias. No entanto, se a umidade é baixa (igual
ou menor que 35%), mais de 60% das larvas morrem em menos de um mês.
Portanto, atenção:
LARVAS DE PARASITAS FICAM VIVAS NAS PASTAGENS
POR CERCA DE 60 A 90 DIAS, MAS PODEM SOBREVIVER
ATÉ MAIS DE UM ANO.
Mais de 90% dos parasitas de uma propriedade se encontram na pastagem,
na forma de ovos e larvas. Apenas um pequeno número se encontra no interior
dos animais. Por isso é importante compreender a fase de vida livre dos para
sitas para instalar medidas de controle.
5.2 Fase parasitária
Inicia quando o animal ingere a L3 na pastagem ou, menos frequentemen
te, na água de bebida. A larva é carregada junto com o alimento ao abomaso
(coagulador, estômago verdadeiro) ou intestino, quando penetra na parede do
órgão para se alimentar. Neste momento, o animal já pode demonstrar alguns
sinais de parasitose. Após nova muda, a larva volta à luz do órgão onde se
20
6.3 Sistemas de produção
Os ovinos e caprinos podem ser criados em vários sistemas. Antigamente
os rebanhos eram acompanhados por um pastor durante o tempo todo e muda
vam o local de pastejo todos os dias, então a re-infecção dos animais por
larvas
de parasitas era muitíssimo pequena. Hoje, chega-se a ter mais de 30 ovelhas
pastejando continuamente em um único hectare! Com o grande número de
animais defecando (e depositando os ovos dos parasitas) em uma pequena
área que é repastejada praticamente todos os dias ou com intervalos pequenos
de 30 ou 40 dias (rotação de piquetes) é de se esperar que a re-infecção do
rebanho aumente consideravelmente.
Portanto, atenção:
QUANTO MAIOR A LOTAÇÃO (NÚMERO DE
ANIMAIS/HECTARE) MAIOR A PARASITOSE.
Como a forma mais comum de infecção do animal é o pastejo em áreas
muito contaminadas com larvas vivas de parasitas, é necessário criar alternati
vas para diminuir a contaminação da pastagem e/ou impedir que os animais
ingiram este pasto contaminado. Os sistemas de produção que utilizam o for
necimento de alimento exclusivamente no cocho, por exemplo, no confina
mento; o risco de infecção por parasitas diminui muito já que todo o alimento
fornecido está livre de larvas como: o feno, as capineiras, o alimento concen
trado ou mesmo a silagem.
6.4 Vermífugos
O uso indiscriminado de anti-helmínticos levou à resistência dos parasitas
aos diferentes princípios ativos (vermífugos). Atualmente, os parasitas gastrin
testinais dos rebanhos ovinos e caprinos paranaenses apresentam resistência
a
pelo menos um tipo de vermífugo. Por isso, observa-se, às vezes, que mesmo
após uma desverminação os animais ainda continuam anêmicos, magros ou
com diarreia. Este problema é muito difícil de solucionar, então, é preciso
desverminar os animais o menor número de vezes possível, para que os
vermífugos funcionem bem por muitos anos.
Por se tratar de um tema de extrema importância, o próximo capítulo intei
ro é reservado para explicar como ocorre a resistência dos parasitas aos
vermífugos.16
Figura 9 – Ciclo dos parasitas estrongilídeos
5.1 Fase de vida livre
Os parasitas eliminam seus ovos nas fezes do animal. Em condições ade
quadas de oxigênio, umidade e temperatura, em 24 horas é formada uma larva
dentro do ovo. Esta larva eclode e necessita de microorganismos para se ali
mentar. É chamada de larva de primeiro estádio ou L1.
Se as condições do meio permanecerem favoráveis ao desenvolvimento
da larva, a L1 realizará duas mudas (trocas de cutícula), para L2 e L3. Isto
pode
variar em cinco a 10 dias normalmente. A L3 não mais se alimenta, é mais
resistente às condições do meio e mais móvel, movimentando-se para fora das
fezes. Esta mobilidade permite que ela se localize nas porções mais sombrea
das da pastagem e nas gotículas de orvalho. Estas larvas são muito pequenas,
L3
L4
L5
Machos e
Fêmeas
No Hospedeiro
penodo pré-patente de 18 a 21 dias.
Estádio
infectante
(L3) na
pastagem
No Ambiente
5 a 15 dias
L3
L2
Eclosão
de L1
L1
OVO
21
7. RESISTÊNCIA DOS PARASITAS AOS
VERMÍFUGOS
A resistência é um fenômeno que ocorre quando os vermífugos já não
funcionam mais. Ou seja, você dá o vermífugo para o animal, mas a maioria
dos parasitas não morre com o vermífugo utilizado. Isto não acontece para
todos os parasitas ao mesmo tempo. Na natureza já existem alguns (raros)
parasitas que são naturalmente resistentes aos vermífugos. O vermífugo não
consegue matar estes poucos parasitas porque eles têm, na sua genética, a ca
pacidade de processarem ou eliminarem os efeitos tóxicos dos vermífugos.
Cada vez que se utiliza o vermífugo, elimina-se os parasitas que são sensí-
veis (os que morrem) e deixa-se que somente os parasitas resistentes sobrevi
vam. Portanto, existem em todas as propriedades dois tipos de parasitas:
PARASITAS RESISTENTES – que não morrem com o vermífugo.
Atualmente, estes são os parasitas “bandidos”, nossos maiores inimigos,
pois quando percebemos que nossa cabra ou ovelha precisa ser desverminada
e usamos o vermífugo, estes parasitas não vão morrer.
PARASITAS SENSÍVEIS – que morrem com o vermífugo.
Atualmente, pode-se considerar estes parasitas como “amigos” ou parasi
tas “bonzinhos”, pois sabe-se que, ao fornecer o vermífugo, eles morrem.
É possível dizer que há resistência no rebanho quando o número de parasi
tas resistentes for maior que o número de parasitas sensíveis. Toda a vez que
o
vermífugo é utilizado, morrem os parasitas sensíveis e somente os resistentes
sobrevivem e vão deixando descendentes. Com o tempo, a maior parte da
população de parasitas é descendente dos resistentes. Portanto, quanto mais
usar o vermífugo, mais resistência haverá.
Atenção para dica:
EXCESSO DE DESVERMINAÇÕES
RESISTÊNCIA DOS PARASITAS AO VERMÍFUGO
MAIS VERMINOSE15
Figura 8a e 8b - Diarreia
8a
8b
Normalmente, quando os animais apresentam estes sinais, se não forem
tratados, podem morrer. Nestes casos, é fácil perceber que as perdas são
decor
rentes das parasitoses. Porém, a maior parte dos animais não tem parasitas
suficientes para causar estes sinais. Quando em menores quantidades, estes
parasitas podem provocar uma absorção incompleta dos nutrientes da dieta.
Com isso, há maior consumo de alimento, mas, menor ganho de peso, retardo
da idade de cobertura ou abate, maior intervalo entre partos e menor índice de
partos gemelares. Em outras palavras, o animal não tem condições de expres
sar o seu potencial genético para maximizar a produção. Por isso, de nada
adianta investir em animais de alto potencial genético sem realizar o controle
das parasitoses.
5. CICLO DE VIDA DOS PARASITAS
Para que se possa encontrar alternativas de controle das parasitoses, é pre
ciso conhecer muito bem os parasitas e como eles vivem.
Os parasitas estrongilídeos passam por duas fases de desenvolvimento (Fi
gura 9) - uma no meio ambiente (fase de vida livre) e outra dentro do animal
(fase parasitária).
22
R (%) =
média de OPG antes
da desverminação
média de OPG depois
da desverminação
x 100
média de OPG depois da desverminação
()-()
Os vermífugos somente devem ser usados quando realmente for preciso.
E, mais importante ainda, os vermífugos não podem ser usados como a única
forma de controlar a verminose! Deve-se usar outras estratégias, num controle
integrado, conforme abordadas no item 8, adiante.
Para saber se há parasitas resistentes no seu rebanho, existem várias
metodologias. Porém, uma delas é bem simples e pode ser feita em qualquer
propriedade. É o chamado teste de redução da contagem de ovos (OPG) nas
fezes. Para cada vermífugo a ser testado, é necessário separar um grupo de
10
a 15 animais. No dia da desverminação, coletar amostras de fezes de todos os
animais individualmente para realizar o exame de OPG. Depois de 10 a 14
dias, coletar novamente as fezes dos mesmos animais. Se for comparado o
OPG antes e depois da desverminação, é possível calcular a porcentagem de
redução (R%), por meio da seguinte fórmula:
Por exemplo: se antes da desverminação a média de OPG era de 9.000 e
depois ficou em 1.500, a redução foi de 83,33%.
Se a redução na contagem dos ovos foi menor que 90%, isto indica que há
resistência dos parasitas àquele vermífugo testado. O produtor pode testar vá-
rios vermífugos ao mesmo tempo e até associações de vermífugos. Mas preci
sa prestar atenção: para cada um dos vermífugos testados, deve-se ter pelo
menos 10 animais disponíveis. Por exemplo: se o plantel é de 40 animais,
poderão ser testados três vermífugos ao mesmo tempo, pois um grupo deverá
permanecer sem ser desverminado, como testemunha. O ideal é que este teste
seja feito anualmente, para se escolher com qual vermífugo se vai trabalhar
naquele ano.
7.1 População refúgio
Ao tratar sobre o ciclo de vida dos parasitas (item 5, página 15), percebeu
se que a maioria deles está no ambiente, na forma de larva. Lembrando tam
bém que estas larvas podem ser de parasitas “bonzinhos” ou “bandidos”, é
preciso aprender outro conceito importante: POPULAÇÃO REFÚGIO.14
Figura 6 - Anemia - a mucosa
do olho fica branca
Figura 5a e 5b - Edema submandibular - conhecido como papeira
Figura 7a e 7b - Emagrecimento
5a
5b
7a
7b
23
Refúgio é a porção da população total de parasitas que não teve contato
com o vermífugo, ou seja, não sofreu a chamada pressão de seleção (que seria
o fato do vermífugo matar todos os parasitas “bons” ou sensíveis e deixar
vivos somente os parasitas “bandidos” ou resistentes se reproduzindo, ou seja,
os “bandidos” seriam os selecionados). A princípio, todas as larvas que estão
no ambiente (nas pastagens) compõem a população em refúgio, pois somente
os parasitas que estão dentro dos animais é que teriam contato com o
vermífugo.
É importante conhecer e preservar a população refúgio porque ela é a fonte
de parasitas “bons”, de parasitas que ainda são sensíveis aos vermífugos. Se
for para os animais se infectarem, é preferível que seja com os parasitas sensí-
veis, porque assim haverá a certeza de que, quando for necessário, será possí-
vel usar os vermífugos e eles realmente funcionarão. Neste sentido é impor
tante que sejam revistos alguns conceitos antigos, tais como o de trocar os
animais de piquete após a desverminação. Quando isto é feito, a nova pasta
gem, com pouca população em refúgio, será povoada somente por larvas de
parasitas resistentes.
Recomendação Antiga:
Desverminar e trocar de piquete
Menor população refúgio
Maior resistência ao vermífugo
Recomendação Atual:
Trocar de piquete e desverminar
Maior população refúgio
Menor resistência ao vermífugo
Neste raciocínio, também é importante que os animais adquiridos ou que
retornem à propriedade pastejem em áreas contaminadas com parasitos sensí-
veis (população refúgio).13
Figura 3 – Após a coleta,
inverte-se o saco plástico.
Figura 4 – Identificação da
amostra.
Como os estrongilídeos são os parasitas que mais causam prejuízos à pe
cuária paranaense, tudo o que será discutido a seguir fará referência a este
grupo. Caso o exame de fezes mostre a presença de outros parasitas em sua
propriedade, aconselha-se que o produtor consulte um médico veterinário.
Dependendo de quais parasitas estão acometendo seu rebanho, os prejuí-
zos serão distintos. Porém, na maioria das vezes, há vários tipos diferentes de
estrongilídeos ao mesmo tempo, o que faz com que, em geral, estes sejam os
principais sinais da parasitose gastrintestinal em ovinos e caprinos:
24
Outra forma de aumentar a população de refúgio é não desverminar todos
os ovinos e caprinos do rebanho. Se alguns animais forem deixados sem
desver
minar, os parasitas sensíveis (parasitas “bonzinhos”) que estão dentro destes
ovinos ou caprinos que não foram desverminados poderão continuar se repro
duzindo e também deixarão descendentes, aumentando o número de larvas de
parasitas sensíveis nas pastagens. Por isso, é muito importante estar atento à
condição sanitária dos animais e tratar somente aqueles que precisam ser
desver
minados. Agindo assim, o chamado TRATAMENTO SELETIVO estará sendo
utilizado. Existem vários critérios diferentes para esta decisão, mas o assunto
será tratado no capítulo 8.2.4 - Controle de verminose – tratamento seletivo.
8. FORMAS DE CONTROLE DAS PARASITOSES
EM OVINOS E CAPRINOS
É preciso lembrar que os rebanhos de ovelhas e cabras irão conviver sem
pre com os parasitas. Não é possível exterminar totalmente os parasitas. Por
tanto, deve-se instituir manejos para que os animais permaneçam em equilí-
brio com o parasitismo, não sofrendo grandes prejuízos. Há várias alternativas
diferentes de controle que podem ser adotadas, sendo importante avaliar quais
delas podem e devem ser usadas em cada propriedade. Não há uma fórmula
única. O consenso, entretanto, está no fato de que é necessário diminuir a
utilização dos vermífugos ao mínimo possível.
Para ser possível diminuir o número de animais desverminados, é necessá-
rio adotar manejos que diminuam o nível de infecção dos rebanhos, assim,
quando as cabras e ovelhas realmente precisarem de medicamentos eles
serão
utilizados com eficiência. Considerando esta linha de pensamento não se pode
considerar o vermífugo como única forma de controle de verminose e um
ovinocultor ou caprinocultor responsável, deve adotar o CONTROLE INTE
GRADO DE PARASITAS, que prioriza o controle dos parasitas baseado em
várias medidas diferentes de manejo e não somente pelo uso de drogas.
Dentre as muitas formas de auxiliar no controle das parasitoses gastrin
testinais, destacam-se as seguintes práticas:
8.1 Controle nas pastagens
a) Diminuir a lotação de animais nos pastos quando possível. Nas áreas mais
úmidas da fazenda ou em locais que sabidamente estão mais contamina
dos, como por exemplo, uma pastagem da qual o lote sempre sai com
anemia ou diarreia.12
Figura 2 – Coleta de fezes
diretamente do reto com auxílio de
saco plástico.
Fasciola hepatica
É um parasita de fígado. Em sua forma adulta é pou
co patogênico, mas pode ser associado à presença de
icterícia (amarelão).
O maior problema da Fasciola ocorre devido à ação
da forma jovem, que se alimenta de fígado e sangue.
Por este motivo, pode levar a um quadro de anemia e
hipoproteinemia (com papeira) e morte.
A Fasciola está presente em poucas regiões do Paraná,
sendo mais comum em áreas com banhado ou
alagadas. Ela depende da presença de um caramujo
(Lymnea), que se desenvolve em regiões alagadiças,
açudes e poças d’água. O animal se infecta ao ingerir
pastagem contaminada com a larva da Fasciola em
locais próximos àqueles que permitem o desenvolvi
mento dos caramujos.
É muito importante diagnosticar a presença deste pa
rasita porque, além dos prejuízos por ele causados, a
doença clínica é muito semelhante à do Haemonchus
e a forma de controle destes parasitas é diferente.
Para saber quais são os parasitas que estão infectando os animais em uma
propriedade, é necessário fazer o exame de fezes. Para realizá-lo, é preciso
coletar fezes do animal, com auxílio de saco plástico flexível, conforme
demostrado nas Figuras 2, 3 e 4. Este material deve ser mantido sob refrigera-
ção até realizar o exame ou enviar para o laboratório. O grau de infecção pode
ser medido pelo número de ovos de parasitas por grama de fezes (OPG).
Quanto
maior o OPG, maior o grau de infecção parasitária.
25
Figura 10
b) Utilizar pastoreio alternado com bovinos ou equinos adultos. Sabe-se que
o uso de pastejo concomitante de pequenos ruminantes com bovinos adul
tos ou equinos é de grande valia no controle das parasitoses. Melhor ainda
que o pastejo ao mesmo tempo, seria utilizar uma área onde inicialmente
pastejasse o rebanho de ovinos e caprinos e quando a forragem já estivesse
novamente em ponto de pastejo que fosse então destinada aos bovinos ou
equinos. Desta forma, em cada pastejo, uma espécie animal diferente seria
colocada controlando as larvas de parasitas da outra.
c) Há casos em que o confinamento se torna a opção mais viável. O confina
mento pode ser apenas das categorias mais sensíveis, como fêmeas em
lactação e filhotes em terminação. No confinamento, o fornecimento do
capim é realizado com volumoso livre de parasitas como relatado anterior
mente: feno, silagem, concentrado, pré-secado etc.
d) A separação das categorias também é uma prática interessante de manejo,
porque cada uma delas apresenta uma diferença de susceptibilidade. Quando
se deixam todos os animais do rebanho num mesmo pasto, a desverminação
é feita baseando-se na necessidade dos mais sensíveis, o que aumenta a
pressão de seleção de parasitas resistentes. Separar em lotes também ofe
rece a possibilidade de destinar os melhores pastos (mais nutritivos ou
menos contaminados) para as categorias mais sensíveis (fêmeas em lactação
e desmamados).
e) Escolher forrageiras
que possam ser ma
nejadas em pastejo
alto, acima de 15 cm
aproximadamente.
Como a maioria das
larvas se encontra
até 5 cm do solo,
quando se coloca o
rebanho em pasta
gens mais altas, di
minuí-se o número
de larvas ingeridas
pelos animais.11
Quadro 2 – Outros parasitas de ovinos e caprinos
Figura 1 – Proglotes de
Moniezia, visíveis a olho nu, nas
fezes de um ovino.
Além dos estrongilídeos, podem estar presentes outros parasitas de menor
importância, pois dificilmente se associa a sua presença ao desenvolvimento
de doenças (Quadro 2). Estes parasitas devem ser controlados quando presen
tes em grandes quantidades.
Strongyloides
É o único parasita capaz de se multiplicar por reprodu-
ção sexuada no meio ambiente (pastagem). Porém, isso
somente ocorre quando as condições do meio são ade
quadas, com alta temperatura e umidade. No Paraná,
essas condições ocorrem no verão.
É capaz de infectar os animais por penetração pela pele,
e da mãe para o filho (via leite ou placenta). Pode cau
sar diarreia intensa nos animais jovens, mas normal
mente é bem tolerado.
Moniezia
É parasita de intestino. Normalmente não causa lesão,
pois se alimenta apenas do quimo (resíduo do alimento
do ovino ou caprino). Pode atingir até 30 cm de com
primento e a presença de muitos parasitas pode causar
obstrução no intestino e raramente morte.
O parasita adulto elimina pedaços de seu corpo, os
proglotes, cheios de ovos nas fezes. Estes proglotes pa
recem grãos de arroz e podem ser vistos a olho nu (Fi
gura 1). Ácaros microscópicos das pastagens se alimen
tam dos ovos deste parasita e desenvolvem uma larva
no seu interior. Para o ovino se infectar, precisa ingerir
pastagem com ácaros contaminados.
26
f) Utilizar as restevas de agricultura. Algumas áreas apresentam pasto razoá-
vel após a colheita, por exemplo, o pasto que surge após a colheita do
milho para grãos. As áreas que permaneceram por longos períodos sem
animais, normalmente possuem poucas larvas e podem ser utilizadas com
segurança.
g) Formar pastagens anuais. Quando se implanta pastagens anuais (aveia,
azevém, milheto etc) especialmente quando a terra é revirada para o novo
plantio, também se tem uma pastagem com baixa contaminação por lar
vas.
h) Reservar para fenação ou silagem piquetes mais contaminados se possí-
vel. Estes processos eliminam o oxigênio do ambiente (silagem) ou dimi
nuem muito a umidade (fenação) matando a maior parte das larvas de pa
rasitas.
i) Eliminar as áreas de concentração de animais como solários ou piquetes
pequenos com pasto nos quais o rebanho permanece à noite ou nos dias
em que serão manejados. Se houver a necessidade de solário ou local para
os animais passarem a noite, deve-se planejar para que o piso seja ripado,
de cimento, areia etc, de forma que não apresente pasto. Desta forma não
haverá contaminação neste local.
j) Não depositar o esterco dos ovinos ou caprinos diretamente nas pastagens
ou capineiras. Este material contém milhares de larvas vivas. Para que seja
aproveitado como adubo, o esterco precisa ser fermentado e estar bem
curtido para eliminação dos ovos e larvas dos parasitas.
Portanto, atenção:
NÃO COLOQUE O ESTERCO DIRETAMENTE NO PASTO. ANTES,
ELE DEVE PASSAR POR UM PROCESSO DE FERMENTAÇÃO
(ESTERQUEIRA OU COMPOSTEIRA).
.
k) Não permitir que o esterco do aprisco “escorra” para os piquetes. É impor
tante planejar as instalações de forma que as fezes fiquem contidas e pos
sam ser retiradas para uma esterqueira sem que escorram diretamente para
o pasto.10
Quadro 1 - Principais parasitas estrongilídeos de ovinos e caprinos que
afetam os rebanhos paranaenses
Parasitas não sugadores de sangue
Existem vários outros tipos de parasitas estrongilídeos que não se ali
mentam de sangue. Estes parasitas se alimentam da parede do abomaso
(estômago ou coagulador) e intestino, causando úlceras. Com isso, di
minui a digestão e a absorção do alimento e da água, ocasionando
emagrecimento, papeira e diarreia.
Haemonchus – sugador de sangue
Parasita de abomaso (estômago verdadei
ro ou coagulador) que se alimenta de san
gue (desenho), causando anemia, edema
submandibular (“papeira”), emagreci
mento, e morte.
É mais comum durante o verão e outono.
Além de ser o mais perigoso dos parasi
tas, pois pode levar o animal à morte, é o
que está mais resistente aos vermífugos
nas propriedades do Paraná.
27
8.2 Controle nos animais
8.2.1 Adequada alimentação e condição sanitária
A adequada alimentação e sanidade são indispensáveis para um controle
eficiente das parasitoses gastrintestinais. Portanto, instituir programas de con
trole sanitário e nutricional para o rebanho é uma medida importante. O plane
jamento da alimentação em todas as épocas do ano, a implementação de um
calendário de vacinações, assim como o planejamento da higiene e ventilação
das instalações são exemplos destas medidas a serem adotadas nas proprieda
des.
É preciso pensar que muitas vezes o fato do animal estar magro é a causa
da parasitose, não a consequência. Ou seja:
NEM SEMPRE “MEU ANIMAL ESTÁ MAGRO PORQUE TEM
VERMINOSE!”, MAS “MEU ANIMAL TEM VERMINOSE
PORQUE ESTÁ MAGRO!”
8.2.2 Divisão em categorias
A separação dos animais em categorias é importante não somente para o
manejo correto das pastagens, mas para todas as atividades do rebanho. Ao
separar os animais pela idade e estado fisiológico, pode-se atender melhor às
exigências nutricionais de cada fase, cuidar melhor das categorias mais sensí-
veis e planejar estratégias de controle específicas para estes animais.
8.2.3 Seleção de animais resistentes aos parasitas
Uma importante forma de ajudar no controle da verminose dos ovinos e
caprinos é trabalhar com a seleção de animais resistentes aos parasitas. Em
um
rebanho existem animais (ovinos ou caprinos) que não ficam doentes, que não
têm parasitoses. Estes animais ingerem as larvas que estão na pastagem, mas
conseguem eliminá-las; ou seja, os parasitas não chegam à fase adulta e não
vão começar a sugar o sangue do animal. Diz-se que estes animais são resis
tentes aos parasitas e à verminose.
Preste atenção: agora é de ovinos e caprinos resistentes aos parasitas que
se está falando e não mais de parasitas resistentes aos vermífugos!
Esta situação de maior resistência pode não ocorrer durante toda a vida do
animal. Às vezes ele é muito resistente (não fica doente) e às vezes ele
adoece.9
Figura 1 – Presença de vários Haemonchus na
mucosa do abomaso.
4. PRINCIPAIS PARASITAS DOS OVINOS E
CAPRINOS E O QUE ELES CAUSAM
Parasitas internos (endoparasitas) são os que se desenvolvem nos órgãos
internos dos ovinos e caprinos (estômago, intestinos, pulmão, fígado e ou
tros). Parasitas externos (ectoparasitas) se distribuem sobre a pele. Os mais
comuns sãos os piolhos, bernes e sarna.
Devido à maior importância dos endoparasitas, esta cartilha tratará apenas
das parasitoses gastrintestinais.
O grupo de endoparasitas que mais ocorre em ovinos e caprinos são os
estrongilídeos. Existem estrongilídeos que podem causar diferentes lesões e
quadros clínicos (Quadro 1). O Haemonchus é o mais frequente durante o
verão paranaense e também causa a doença mais grave, por ser o único
parasi
ta que se alimenta diretamente de sangue. Estes parasitas não podem ser dife
renciados no exame de fezes porque os ovos deles são iguais. Por isso, para
saber quais são os estrongilídeos mais frequentes no rebanho é necessário
com
pletar o exame de fezes com uma cultura de larvas (coprocultura). Como al
guns estrongilídeos são mais resistentes ao frio, à seca e aos vermífugos do
que os outros, é importante solicitar ao veterinário que acompanha a proprie
dade uma coprocultura periódica, a fim de saber se a proporção de parasitas
estrongilídeos está modificando.
28
Isto vai depender de muitos fatores como:
- idade
- se é uma fêmea em lactação ou não
- se o animal está magro
- se o animal está com outras doenças
Nestes casos, deve-se dar mais atenção àqueles animais na fase em que
estão mais propensos a ficar doentes.
Porém, existem animais que SEMPRE são resistentes, que não ficam do
entes nunca. Em média, há 15 a 20% dos animais com esta característica. O
que se deve fazer é identificar quais são estes animais e escolhê-los para fica
rem no rebanho. Ou seja, é preciso selecionar os animais mais resistentes,
eliminando os que sempre estão doentes e com parasitoses. É exatamente a
mesma coisa que se faz quando se seleciona os animais que ganham mais
peso, produzem mais leite etc.
Mas há também outro tipo de animal, o chamado RESILIENTE. Os
resilientes são animais que apesar de estarem parasitados (com parasitas) con
tinuam produzindo bastante. É como se os parasitas não conseguissem preju
dicar estes animais.
Ao comparar um animal resistente com um resiliente, pode-se dizer que o
resistente é melhor, porque não fica doente e também não elimina ovos de
parasitas pelas fezes. O animal resiliente, apesar de não ficar doente, pode
estar contaminando a pastagem, pois elimina ovos de parasitas nas fezes. Mas
o animal resiliente é muito melhor que o animal totalmente susceptível, por
que este animal fica doente e pode até morrer. Além disso, o resiliente, por não
precisar ser desverminado constantemente, ajuda a preservar a população re
fúgio, pois quando elimina ovos de parasitas são somente de parasitas sensí-
veis aos vermífugos.
Então, resumindo, há três tipos de animais (ovinos e caprinos):
- O RESISTENTE: não tem pa
rasitas, não fica doente, não conta
mina a pastagem; não precisa ser
desverminado8
Esta situação é pior no Paraná, que tem um clima quente e úmido e onde
ovinos e caprinos são criados em pequenas áreas de pastagem, principalmente
de gramíneas, que ficam repletas de fezes e, consequentemente, de larvas
infectantes. Esta condição ambiental levou ao surgimento de graves proble
mas com as parasitoses, resultando no uso excessivo de vermífugos, em al
guns casos com mais de 15 tratamentos por ano. Isto deveria ter acabado com
o problema das parasitoses, mas infelizmente para ovinos, caprinos e produto
res, os parasitas adquiriram resistência aos vermífugos.
Atualmente convive-se com a seguinte situação: as condições ambientais
(temperatura, umidade e característica das pastagens) são muito favoráveis
aos parasitas, o que acarreta grande contaminação das pastagens, e os vermí-
fugos são parcialmente eficientes no controle das parasitoses.
É necessário que o produtor tenha consciência de que não é mais possível
controlar as parasitoses somente usando vermífugos. Portanto, para diminuir o
impacto deste problema sobre a produção, não há uma solução pronta, e sim,
propõe-se uma série de ações que devem ser desenvolvidas para controle das
parasitoses gastrintestinais.
29
Uma vez que há esses três tipos de animais (resistentes, resilientes e sus
ceptíveis) é possível optar quais serão mantidos no rebanho e quais serão des
cartados. E sabe por quê? Porque estas características são herdáveis, ou seja,
passam de pai para filho. Se for escolhido um animal mais resistente à
verminose, os filhos deste animal serão, na média, também, mais resistentes
que os filhos dos outros animais.
Portanto, os mais susceptíveis devem ser descartados sempre. Mas, quem
são estes animais? São aqueles que sempre estão com verminose, os que
ficam
doentes primeiro e os que demoram mais para se recuperarem.
Os animais resistentes e resilientes devem ser os escolhidos para permane
cer no rebanho. Eles quase não têm verminose e, quando têm, geralmente se
recuperam rapidamente.
Mas como é possível diferenciar o animal resistente do resiliente? Para
isto, basta fazer o exame de fezes e contar o número de ovos nas fezes (OPG)
de cada animal.
- O RESILIENTE: não fica doen
te, mas tem parasitas e, portanto, con
tamina a pastagem; porém não precisa
ser desverminado e ajuda a preservar a
população refúgio
- O SUSCEPTÍVEL: tem pa
rasitas, fica doente, contamina a
pastagem e sempre precisa ser
desverminado, aumentando o pro
blema da resistência aos vermí-
fugos.
Este animal deve ser descar
tado do rebanho.7
termo parasitose quebra o estigma da terminologia verminose, que remete a
uma falsa idéia de contaminação dos vermes dos ovinos e caprinos para os
humanos.
A criação de ovinos e caprinos só pode se expandir com o comércio de
carnes com nome, isto é, com uma marca forte e a garantia de qualidade ao
consumidor. Este tem sido o escopo da ação das instituições e da Câmara
Setorial
que orientam a organização das cadeias produtivas dos ovinos e caprinos.
Este manual não pretende encerrar a discussão sobre os procedimentos
adotados para combater as parasitoses gastrintestinais, mas espera despertar
a
atenção de criadores e técnicos para a importância do problema.
3. AS PARASITOSES DOS OVINOS E CAPRINOS
SÃO UM PROBLEMA?
Todos os criadores de ovinos e caprinos já devem ter enfrentado proble
mas importantes em sua criação devido aos parasitas gastrintestinais. Normal
mente, estes problemas são mais visíveis quando o animal está doente ou mor
re. Porém, outras perdas importantes podem ser calculadas quando se observa
com cuidado os índices produtivos e reprodutivos: as parasitoses causam di
minuição no ganho de peso, baixas taxas reprodutivas, menor aproveitamento
dos alimentos, entre tantos outros problemas, e ainda aumentam os custos
com
o tratamento dos animais doentes e as constantes desverminações.
Para entender por que ovinos e caprinos são tão sensíveis às parasitoses, é
preciso voltar um pouco no tempo e olhar de onde vieram estas duas espécies
e há quanto tempo convivem com o homem. Ovinos e caprinos surgiram em
uma região desértica da Ásia Central e foram as primeiras espécies de produ-
ção a serem domesticadas pelo homem. Portanto, na sua origem, viviam em
um ambiente desfavorável para os parasitas, pela falta de umidade e porque
pastavam mais arbustos (no caso dos caprinos) do que gramas. Estes fatos
determinaram que os ovinos e caprinos não desenvolvessem defesas naturais
(imunidade) muito embora os ovinos sejam mais tolerantes contra as infec-
ções parasitárias do que os caprinos.
Na natureza, estes animais tinham comportamento migratório, ou seja,
percorriam grandes áreas em busca da melhor pastagem e raramente
pastejavam
no mesmo local (uma ovelha caminha entre 6 e 15 quilômetros por dia). Quan
do surgiram os sistemas mais intensivos de criação, os parasitas foram benefi
ciados, pois os ovinos e caprinos passaram a pastar nos mesmos locais, o que
permite maior contaminação do meio e maior nível de infecção dos animais.
30
8.2.4 Manejo de vermífugos
Os vermífugos foram utilizados duran
te muito tempo como única maneira de
combater a verminose. Hoje já se sabe que
se os vermífugos forem usados indiscrimi
nadamente eles não funcionarão mais.
Portanto, a partir de hoje, comece a prestar atenção em seus animais e a
identificar quais são os mais resistentes. E não esqueça de incluir esta caracte
rística na lista de objetivos a serem alcançados pelo seu rebanho.
Em alguns países, como Aus
trália e Nova Zelândia, existem
provas oficiais (como as provas
de ganho de peso) para determi
nar quem são os animais mais
resistentes à verminose.6
2. INTRODUÇÃO
A verminose gastrintestinal é considerada o principal problema enfrentado
pelos criadores de ovinos e caprinos. Mesmo com a existência de inúmeros
tratados técnicos sobre o assunto, o conhecimento disponível é pouco aplicado
na prática para o controle eficaz dos parasitas.
A utilização de métodos inadequados no combate à verminose vem geran
do a resistência dos parasitas aos vermífugos. Nessa luta travada todos os dias
no campo, o criador ainda está perdendo para um adversário que ele mal con
segue ver, seja do ponto de vista econômico ou ambiental.
Diante desse quadro, quais os rumos que o controle parasitário está toman
do na atualidade? Cada vez são mais frequentes questões relacionadas ao
bem
estar animal e às possibilidades de existência de resíduos de vermífugos nos
subprodutos dos animais, como carne, leite e derivados, bem como no ambi
ente. As criações orgânicas estão ganhando espaço em função de uma popula-
ção consumidora mais exigente e se veem carentes de tecnologias relaciona
das ao controle de doenças para sua sustentabilidade.
O controle parasitário por meio de vermífugos comerciais é a forma mais
comum de tratamento dos animais infectados. Na atualidade, observa-se a
realização intensa de pesquisas que buscam alternativas de controle como ava
liação de fitoterápicos ou da ação de substâncias isoladas de plantas, além de
estudos com homeopatia e fungos nematófagos. Novos vermífugos surgirão
no mercado e, mesmo que alternativas a esse controle químico também sejam
disponibilizadas, seu uso inadequado fará com que em pouco tempo perca-se
a eficácia no controle parasitário. Portanto, é importante entender que o suces
so do controle dependerá de um conjunto de ações dentro da propriedade e,
para que esse sucesso de fato ocorra, a informação é a melhor ferramenta de
trabalho.
Este manual, elaborado por um grupo de profissionais especializados na
área oferece, à classe produtora e aos técnicos, alguns caminhos alternativos,
visando a reversão desta situação. O objetivo é fazer com que o criador consi
ga melhores resultados no manejo do rebanho, com ganhos na atividade pro
dutiva, melhoria na qualidade da carne e leite e preservação ambiental. Para
que isso ocorra efetivamente, é importante que se tenha acesso às
informações
técnicas e que se percebam as particularidades de cada propriedade relaciona
das ao sistema de produção, à raça, ao clima e à infraestrutura.
Vale ressaltar que o presente trabalho propõe substituir o termo verminose
por parasitose. A razão está no mercado. Não é raro ouvir comentários de
consumidores afirmando que as ovelhas e os cabritos têm muitos vermes, com
prometendo parte do crescimento do consumo das carnes. Portanto, utilizar o
31
Quadro 3 - Grupos e princípios ativos dos principais vermífugos utilizados
em ovinos e caprinos, com as respectivas doses recomendadas*
1 - Benzimidazóis 3 - Lactonas Macrocíclicas
- Albendazol (10 mg/kg) - Ivermectin (0,2 mg/kg)
- Fenbendazol (7,5 mg/kg) - Abamectin (0,2 mg/kg)
- Oxfendazol (7,5 mg/kg) - Doramectin (0,2 mg/kg)
- Moxidectin (0,2 mg/kg)
2 - Imidazotiazóis 4 - Salicilanilídeos
- Tetramisol (8 mg/kg) - Closantel (7,5 a 10 mg/kg)
- Levamisol (7,5 mg/kg) - Disofenol (7,5 mg/kg)
- Nitroxinil (13 mg/kg)
*doses para ovinos
Portanto, atenção:
OS VERMÍFUGOS NÃO DEVEM SER USADOS COMO A ÚNICA
FORMA DE CONTROLE DAS PARASITOSES DOS
OVINOS E CAPRINOS.
Os vermífugos podem ser de amplo espectro, ou seja, que têm ação sobre
várias espécies de parasitas, ou de ação específica (curto espectro) que agem
sobre um número menor de espécies. No mercado existe um grande número
de vermífugos à disposição do criador, mas todos eles pertencem a apenas
quatro grandes grupos químicos, que são: benzimidazóis, imidazotiazóis,
lactonas macrocíclicas (amplo espectro) e salicilanídeos/substitutos fenólicos
(curto espectro) (Quadro 3). Estas informações encontram-se na bula do
vermífugo. O grupo químico representa a forma de ação da droga sobre o
parasita, o que faz com que, quando os parasitas se tornem resistentes a um
vermífugo de determinado grupo, fiquem resistentes a todas as outras drogas
daquele mesmo grupo.
Existem características do vermífugo que são inerentes ao princípio ativo
e ao veículo que compõe a formulação comercial. Desta forma, um mesmo
princípio ativo pode ser apresentado da forma oral ou injetável, bem como
apresentar diferentes períodos de carência para a carne ou leite. Por isso, é
conveniente consultar os períodos de carência diretamente na bula do medica
mento utilizado.5
1. APRESENTAÇÃO
Em 2009, teve início o projeto “Treinamento de pequenos produtores de
ovinos e caprinos na utilização do método FAMACHA© como auxiliar no con
trole da verminose gastrintestinal”, projeto este financiado pela Fundação
Araucária, dentro do Programa Universidade Sem Fronteiras - Extensão
Tecnológica Empresarial da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Paraná
(SETI).
Ao se estabelecerem as parcerias entre os executores do projeto (Pontifícia
Universidade Católica do Paraná - PUC-PR, Instituto EMATER, Secretaria de
Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná - SEAB e Associação dos
Especialistas em Pequenos Ruminantes do Paraná - AVEPER), optou-se pela
ampliação do projeto original, que previa somente o treinamento do método
FAMACHA©, passando a englobar ações gerais de controle das parasitoses
gastrintestinais.
O projeto atual prevê a realização de seminários nas diferentes regiões do
Estado do Paraná sobre o tema “Parasitoses Gastrintestinais dos Ovinos e
Caprinos: Alternativas de Controle” e treinamento do método FAMACHA©
para criadores de ovinos e caprinos. Esses encontros serão compostos por au
las teóricas e pela aula prática do treinamento do método FAMACHA©,
totalizando 12 horas. A proposta é buscar a adesão da classe produtora às no
vas técnicas de controle da parasitose gastrintestinal, visando à obtenção de
um alto padrão sanitário, impulsionando ganhos para a atividade de ovinocul
tura e caprinocultura.
Outro cuidado que se deve ter é prestar atenção ao nome do princípio ati
vo, não ao nome comercial do vermífugo. Para um mesmo princípio ativo,
podem existir dezenas de produtos comerciais. Portanto, a escolha do
vermífugo
deve ser orientada por um profissional qualificado.
Atualmente existem no mercado muitos produtos comerciais, que são as
sociações de princípios ativos. Esses vermífugos devem ser utilizados com
cautela, pois quando desenvolvem resistência, atingem dois ou três princípios
ativos, o que pode se tornar um sério problema para os programas de controle
da propriedade. Esses produtos só devem ser utilizados após um teste de
vermí-
fugos indicar que princípios isolados não são eficientes.
Pode-se concluir que a utilização de um vermífugo de maneira eficiente,
depende de vários fatores, entre eles: a qualidade do produto, a dose e a eficá-
cia do produto no rebanho em que está sendo utilizado. Para que se tenha
certeza de que o produto é eficaz, deve-se realizar periodicamente um teste de
eficácia de vermífugos e, com base nisto, escolher o princípio a ser utilizado.
O mais importante, é ter em mente que os vermífugos, quando bem utiliza
dos, fazem parte das estratégias de controle da verminose, mas nunca devem
ser utilizados como a única ferramenta de controle. Para o emprego do vermí-
fugo de forma correta é importante considerar que:
a) A forma com que se utilizam os anti-helmínticos será decisiva para pro
longar o tempo de uso deste vermífugo. É necessário testar os princípios
ativos antes de decidir qual será o utilizado, devido ao problema de resis
tência já citado. Há necessidade de que este teste seja realizado em todas
as propriedades, pois nem sempre a droga que funciona em uma proprie
dade também funciona na outra. Deve-se somente utilizar vermífugos que
apresentem redução de OPG superior a 90%. Ou seja, se antes do trata
mento a média de ovos por grama de fezes era de 1.000, depois do vermífugo
pode ser de, no máximo, 100. Caso isto não ocorra, deve-se testar associ
ações de princípios ativos sob orientação técnica (usar mais de um
vermífugo ao mesmo tempo). O teste de vermífugos deve ser realizado
todos os anos.
b) Usar a dose correta do vermífugo. As dosagens dos principais princípios
ativos, recomendadas para ovinos, estão listadas no Quadro 3. Muitas ve
zes, utilizam-se estas mesmas dosagens para caprinos, ainda que alguns
considerem que estas devem ser mais altas. O exemplo do princípio ativo
levamisol ilustra esta situação. Enquanto o levamisol é indicado na dose
de 7,5 mg/kg para ovinos, há citações de doses de 10 mg/kg e até 12 mg/kg,
quando se trata de caprinos. Outro cuidado a ser tomado é verificar se
as doses indicadas nas bulas dos medicamentos estão corretas.
Sabe-se, também, que erros de dosagem podem ser cometidos por falhas
na estimativa dos pesos. Sempre que possível, deve-se pesar os animais
antes da desverminação. Quando isto não for viável, pode-se pesar o mai
or animal do lote e utilizar este valor como padrão para os demais. Caso
exista muita diferença entre animais do mesmo lote é necessário dividir a
categoria em leves, medianos e pesados, cada um com a sua dosagem.
c) Rotação de princípios ativos. Após o teste de vermífugos, sabe-se quais os
princípios ativos que podem ser utilizados. A rotação destes princípios ati
vos deve ser feita de forma lenta, sendo que o produtor pode manter o
mesmo principio por até três anos.
d) Utilização de vermífugos de curto espectro. Uma vez que Haemonchus é o
principal parasita, sempre que possível, deve ser utilizado um princípio
ativo de curto espectro (como o closantel e nitroxinil) que atingem mais
especificamente este parasita. Desta forma, há uma diminuição na pressão
de seleção para cepas resistentes dos demais parasitas presentes.
e) Momento e frequência de desverminações. O número de desverminações
deve ser o menor possível, uma vez que está comprovada a associação
entre resistência e número de tratamentos com anti-helmínticos. O critério
para determinar o momento do tratamento é muito importante e deve ser
feito somente quando realmente houver necessidade. O exame de conta
gem de ovos nas fezes (OPG) pode ser utilizado para esta finalidade. A
média de OPG acima da qual há a necessidade de desverminação depende
da categoria animal e do sistema de produção. Geralmente, médias abaixo
de 1.000 OPG não requerem tratamento. Tratamentos com curtos interva
los (a cada mês, ou a cada 15 dias, por exemplo) devem ser proibidos para
que não se reforce a resistência dos parasitas aos vermífugos.
Para ovinos e caprinos, o método FAMACHA© tem permitido a identifica-
ção individual dos animais que precisam ser tratados. Aprenda mais sobre este
método no item 8.2.5 – tratamento seletivo.
333

8.2.5 Tratamento seletivo


O tratamento seletivo consiste em desverminar somente animais que apre
sentem algum sinal de anemia, diarreia, queda na produção de carne ou leite,
deixando os outros sem tratar. O objetivo disto é preservar a população em
refúgio, ou seja, aumentar o número de parasitas sensíveis nas pastagens.
Há várias formas de fazer o tratamento seletivo. O melhor seria conseguir
identificar, dentro de um rebanho ou de um lote, quais são os animais que
realmente precisam de vermífugos.
O exame de fezes (OPG), por exemplo, poderia ser um destes critérios
para o tratamento seletivo. O problema do exame de fezes (OPG) é que fazer o
exame de todos os animais é muito demorado e caro. Se for feito o exame de
somente alguns animais não se saberá como está o nível de infecção dos ou
tros, o que não ajuda a identificar quem realmente precisa ser desverminado.

MÉTODOS ATUAIS DE PREVENÇÃO E CONTROLE


Existem métodos que permitem monitoramento de contaminação. Um
desses métodos é o “Famacha”, que permite tratar somente os animais mais
parasitados, além de permitir a seleção dos animais resistentes. Outra forma
de identificar os animais mais parasitados é pela observação dos sinais
clínicos, que pode ser feita por produtores experientes.

Estudos recentes realizados pela embrapa junto a criadores no estado da


paraíba, observou que a administração do rebanho em relação ao ambiente,
medicação preventiva, alimentação e manejo adequado mostraram-se
eficientes quando realizados de forma conjunta e disciplinada na prevenção e
combate a contaminação destes parasitas na criação.

METODOLOGIA

Para desenvolvimento deste trabalho usou-se de metodologia qualitativa; que


segundo Denzin e Lincoln (2006), a pesquisa qualitativa envolve uma
abordagem interpretativa do mundo, o que significa que seus pesquisadores
estudam as coisas em seus cenários naturais, tentando entender os
fenômenos em termos dos significados que as pessoas a eles conferem.

A partir de experiencias de produtores e relatos tomados junto a IRPA


( Instituto Regional de Pequena Agropecuária Apropriada), tomamos
conhecimento de métodos utilizados na prevenção e controle da contaminação
por meio das parasitoses no rebanho, utiizando-se de medicina natural e meios
químicos, além de técnicas de manejo e gerenciamento do rebanho e
pastagem.

Quanto a seus objetivos, esse estudo é definido como pesquisa exploratória e


descritiva. Segundo Gil (2002, p.41) pesquisas exploratórias têm como objetivo.

Além do método de Pesquisa Bibliográfica, conforme Marconi e Lakatos


(1992), a pesquisa bibliográfica é o levantamento de toda a bibliografia já
publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita.
Aprofundando através de artigos e pesquisas anteriores a eficácia de métodos
e inovações que venham a tendenciar o sucesso do objetivo deste trabalho.

SUGESTÕES DE SOLUÇÕES PARA A PERGUNTA PROBLEMA

Opção de Inovação na Gestao do Rebanho

A embrapa-Pi desenvolveu um modelo inovador de criação intensiva de ovinos


( o estudo foi realizado com a raça santa inês- comum na região), o novo
sistema beneficia agricultores que podem tirar proveito da pecuária das
pequenas áreas. realizado em area de 0,6ha dividido em 32 piquetes de
30x12m , 60 ovelhas passam 2 dias em cada piquete, plantada em capim
massai em sistema de irrigação por aspersão, por isso o pasto é mantido
sempre verde o ano todo, e palatável.os animais são criados no inovador
“sistema de criação rotacional e intensivo”, onde há uma divisão de áreas por
piquetes, divididos em dois módulos com período de pastejo de 2 dias,e que
traduz a realidade do estado do piauí, a embrapa possui um sistema
intensificado onde ocorre a maximização do terreno da área, a otimização dos
fatores climáticos para produção de proteína animal de carne ovina de
qualidade que tanto adapta-se a realidade da produção de massa, como se
adapta a terminação, como se adapta a cria, é um sistema versátil. como
destaque tem-se o ganho de peso em média de 200g com alimentação a base
da graminha e sal mineral, com período de 2 dias e período de descanso de 24
dias da área.
O pequeno pecuarista pode otimizar a sua área lançando mão da área,
lançando mão da irrigação, da divisão de pastagem , organizando sua
produção para que possa ter comida disponível os 365 dias do ano para seus
animais e garantir sua renda e progredir a criação.
apresentando sistemas sustentáveis para a produção, Além do capim irrigado
em áreas setorizadas, o capim também foi testado no estudo como fonte de
alimentação. em pequena área, pode-se ainda para o agricultor, plantar em
meio a graminha o cajucultura oferecendo assim, uma nova fonte de renda
além sombra aos animais.

No que se diz respeito ao tema deste trabalho, o sistema de criação rotacional


também se mostra eficaz na prevenção a parasitoses intestinais, uma vez que
os ovos dos vermes dura em média de 5 a 15 dias. Logo, uma vez que não
seja identificado a existência de larvas, esse sistema auxilia a prevenção pois o
período mínimo de descanso da área destinada a alimentação, ultrapassa o
tempo de ciclo de vida do ovo, não permitindo que ele eclode para larva,
considerando a umidade baixa da região.
Entretanto, para eficácia no combate da proliferação dos vermes parasitários,
seria necessário além do cuidado devido com os animais infectados,
separando-os para tratamento, um período de descanso de área, em que
constate-se infecção , médio de 30 a 60 dias.

INOVAÇÃO NA DETECÇÃO DE CONTAMINAÇÃO- MÉTODO FARMACHA

o método FAMACHA foi desenvolvido por pesquisadores sul-africanos e tem


como objetivo identificar clinicamente animais que apresentem diferentes graus
de anemia , possibilitando o tratamento de forma seletiva, sem a necessidade
de recorrer a exames laboratoriais., este método vem sendo usado como
como estratégia auxiliar no controle do parasita Haemonchus contortus em
ovinos e caprinos no Brasil.
O método FAMACHA© consiste em avaliar a cor da mucosa do olho de cada
um dos animais do rebanho e, ao comparar esta cor com a cartela do método,
decide se se o animal deve ser desverminado ou não.
Portanto, esta metodologia possui várias características desejadas para um
controle eficiente das parasitoses gastrintestinais. Em primeiro lugar, ela é uma
avaliação individual dos animais, sem a necessidade de estimar o grau de
infecção parasitária do rebanho pela média de poucos animais. Ou seja, avalia-
se cada animal para saber se ele precisa ou não ser desverminado.
Exatamente por ser individual, o número de animais desverminados é muito
pequeno. Às vezes, menos de 10% do rebanho precisa receber vermífugo. E
isto traz muitas vantagens: a primeira é que desverminando menos, há menos
resistência dos parasitas aos vermífugos; segundo, gasta-se menos porque a
maioria dos animais não recebe o vermífugo; terceiro, há menos resíduos de
vermífugos na carne e no leite dos animais. Além é claro, do tempo hábil do
diagnostico que o procedimento oferece.

Inovação no Tratamento - Uso de Plantas medicinais no Combate a


Parasitose em Caprinos e Ovinos

O controle das parasitoses de caprinos, ainda é realizado essencialmente com


drogas químicas, as quais resultam na liberação de resíduos tóxicos no animal
e no meio ambiente, além de elevarem os índices, tornando o custo de
produção irrecuperável (ECHEVARRIA, 1995)

Estudos recentes realizados pela Universidade Federal do Semi-àrido


(UFERSA), cou a eficácia da utilização d homeopatia como meio de tratamento
para pasitoses comuns a nossa região, este método já vem sendo adotado por
pequenos produtores da região do Mato Grande e Oeste Potiguar.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS

 ECHEVARRIA F. et.al. Situação da resistência de helmintos de bovinos e


ovinos no Brasil,. In: 9º Seminário Brasileiro de Parasitologia Veterinária,
Campo Grande, M, 1995. Anais... Campo Grande, 1995. p. 277-281.

 NOGUEIRA FILHO, A. Ações de fomento do banco do Nordeste e


potencialidades da caprinoovinocultura. In: Simpósio Internacional Sobre
Caprinos e Ovinos de Corte, 2. 2003. João Pessoa-PB. Anais... EMEPA.
2003. p. 43-55.

 SOUZA NETO, J.; BAKER G.A.; SOUSA F.B. Caprinocultura de duplo


propósito no Nordeste do Brasil: Avaliação do potencial produtivo. Relatório
Técnico do Centro Nacional de Pesquisa de Caprinos, 1987 - 1995,
EMBRAPA- CNPC. p.10- 212, 1996. VIEIRA, L.S.; CAVALCANTE, A.C.R.
Resistência anti-helmíntica em rebanhos caprinos no Estado do Ceará.
Pesquisa Veterinária Brasileira, v.19, n.3-4, 1999.

 Vasconcelos Fontes de Almeida, Wirllânea, Rodrigues Silva, Maria Luana


Cristiny, Bento de Farias, Eduardo, Rodrigues Athayde, Ana Célia, Wouflan
Silva, Wilson AVALIAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS EM CAPRINOS DA
REGIÃO DO SEMI-ÁRIDO PARAIBANO NATURALMENTE INFECTADOS
POR NEMATÓIDES GASTRINTESTINAIS. Revista Caatinga [en linea].
2007, 20(3), 1-7[fecha de Consulta 14 de Mayo de 2021]. ISSN: 0100-
316X. Disponible en: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=237117565001.

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