Ebook03-Classe de Palavras

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classe de
palavras

Com Sérgio Nogueira,


o professor do Soletrando.
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Apresentação
Quer simplificar o português, aprender com mais prazer e acabar
com suas dúvidas?

Este e-book apresenta as dez classes gramaticais nas quais estão or-
ganizadas as mais de 400 mil palavras de nosso idioma. Você verá como
algumas dessas categorias variam em gênero, número e grau, enquan-
to outras são invariáveis.

As videoaulas ampliam o conteúdo do livro digital, discutem as dú-


vidas mais comuns e apresentam exemplos práticos para você enrique-
cer seu conhecimento.

É assim que o professor Sérgio Nogueira retoma os temas mais im-


portantes e mais cobrados em provas de concursos e vestibulares, para
que você possa (re)aprender sem dificuldades e sem traumas.

Tudo com a experiência de quem há mais de 40 anos aproxima os


brasileiros da língua portuguesa.

Bom proveito!
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Sumário
Dez classes de palavras................................................................ 4

Substantivo.......................................................................................... 6
1. Classificação dos substantivos................................................................... 8
2. Flexões do substantivo..................................................................................14

Artigo.....................................................................................................21

Adjetivo.................................................................................................23
1. Locução adjetiva................................................................................................24
2. Flexões do adjetivo..........................................................................................25

Numeral................................................................................................28

Pronome..............................................................................................30
Tipos de pronome..................................................................................................31

Verbo......................................................................................................33

Advérbio...............................................................................................36

Preposição..........................................................................................40

Conjunção...........................................................................................43
Tipos de conjunção...............................................................................................44

Interjeição...........................................................................................47
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Dez classes
de palavras

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É muito interessante pensar que todas as palavras da língua por-


tuguesa podem ser divididas em apenas dez categorias. Mais curioso
ainda é entender por que precisamos dividir as palavras em grupos e
qual o critério utilizado nessa classificação.

A necessidade de classificar as palavras deve ter surgido do desejo de


estudar a língua. Um bom começo para qualquer estudo é organizar o mate-
rial a ser analisado. Assim, se nosso objeto de estudo é a língua portuguesa,
devemos primeiro organizar suas palavras, pois elas são a base da língua.

Mas que método utilizar nessa organização? Ora, o método mais


eficiente é agrupar o material a ser analisado por semelhança. No caso
das palavras, podemos notar dois critérios: semelhança de significado
e semelhança de função.

Na semelhança de significado, as palavras foram agrupadas segun-


do aquilo que elas designam. Por exemplo, foram colocadas na mesma
classe as palavras que servem para dar nome às coisas; em outra classe,
as palavras que caracterizam essas coisas; e assim por diante.

Na semelhança de função, encontramos, por exemplo, as palavras


que indicam quem praticou a ação, quem recebeu a ação... A parte da
gramática que estuda a função que a palavra exerce na oração chama-
se sintaxe.

Aqui, vamos nos concentrar em conhecer as dez classes gramaticais


em que as palavras foram divididas de acordo com o significado. São
elas: substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio,
preposição, conjunção e interjeição.

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Substantivo

Você já notou que tudo que existe ou que imaginamos existir tem
um nome? Olhe a seu redor. Observe como tudo o que você vê tem
nome: cadeira, mesa, livro, palavra, mão... E não é só o que você vê. O
que você imagina existir também tem nome: duende, fada, anjo, alma...
Até o que você sente recebe um nome: amor, tristeza, esperança, decep-
ção... Todos esses nomes são substantivos.

Poderíamos então dizer que o substantivo serve para nomear tudo


o que existe, imaginamos existir ou sentimos. Mas isso ainda diz pouco,
pois o substantivo também nomeia:

>> Ações
A volta do capitão era esperada por todos.
Ninguém temia o ataque do inimigo.

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>> Conceitos físicos


A pressão atmosférica influencia a temperatura de ebulição.
A velocidade varia segundo a aceleração.

>> Qualidade ou estado


A beleza depende dos olhos que a veem.
A solidariedade é um artigo em extinção.

Um método infalível para reconhecer um substantivo é verificar se


a palavra aceita ser antecedida por um artigo ou modificada por um
pronome – possessivo, demonstrativo ou indefinido. Só o substantivo
pode ser determinado ou indeterminado pelo artigo e precedido de um
desses pronomes.

Assim, se você estiver em dúvida, por exemplo, se a palavra “pala-


dar” é ou não um substantivo, basta ver se ela aceita artigo ou prono-
me. Como você pode dizer “o paladar” ou “meu paladar”, não tenha dú-
vida: trata-se de um substantivo.

Essa relação do artigo e do pronome com o substantivo é tão forte


que, quando queremos que palavras de outras classes gramaticais fun-
cionem como substantivos, só precisamos acrescentar um artigo ou
um pronome para modificar a palavra.

Por exemplo: em “Ele comprou um carro azul”, “azul” é um adjetivo,


pois caracteriza o substantivo “carro”. Já em “O azul sempre foi conside-
rado uma cor de meninos”, a palavra “azul” funciona como substantivo,
pois está determinada pelo artigo.

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Confira outros exemplos:


Agora, ninguém mais quer você aqui. (“agora” e “aqui” são advérbios)
Ninguém mais se importa com o aqui e o agora. (“agora” e “aqui”
são substantivos)
A criança vai nascer às 18 horas. (“nascer” é verbo)
Aquele nascer do sol foi inesquecível. (“nascer” é substantivo)

1. Classificação dos substantivos


Os substantivos podem ser classificados em simples ou compos-
tos; primitivos ou derivados; comuns ou próprios; concretos ou abs-
tratos. E se você está se perguntando sobre os coletivos, não se preo-
cupe: não nos esquecemos deles. É que eles fazem parte do grupo dos
substantivos comuns.

Substantivos simples e compostos


São considerados substantivos sim-
ples aqueles formados por uma úni-
ca palavra. Por exemplo: tempo, sol,
amor, moleque, pé... Já os substanti-
vos compostos são constituídos por
mais de uma palavra ou radical, como:
girassol, amor-perfeito, passatempo...

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Substantivos primitivos e derivados


O substantivo primitivo é aquele que não deriva de outra pala-
vra, como:
pedra, escada, noite, lápis, vidro

O substantivo derivado, como o próprio nome diz, origina-se de ou-


tra palavra, deriva de outra palavra da língua. Exemplos:
pedrada, escadaria, noitada, lapiseira, vidraceiro

Substantivos comuns e próprios


Dizemos que um substantivo é comum quando ele nomeia, generi-
camente, todos os seres de uma espécie. Por exemplo:
país, planta, homem, animal, rio

Por sua vez, o substantivo próprio dá nome a um único ser da espécie:


Brasil, Flamengo, Carolina, Tietê

Substantivos concretos e abstratos


Talvez seja essa a classificação de substantivo que mais cause con-
fusão entre os falantes da língua portuguesa. Por que “fantasma”, que
eu nunca vi (graças a Deus!), é considerado concreto e “dor”, que infeliz-
mente todos já sentimos, é considerado abstrato?

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Para resolver esse problema, o primeiro passo é fugir da armadilha


muito comum de confundir substantivo concreto com o conceito usual da
palavra “concreto”, que designa tudo aquilo que é real e que se pode pegar.

Veja, por exemplo, as palavras “alma”, “fantasma” e “assombração”


(só para ficar no campo do sobrenatural). Todas são substantivos con-
cretos, embora não tenham existência comprovada. Esses substantivos
são considerados concretos por terem existência própria. Eles não de-
pendem de outro ser para se manifestar.

Agora, analise os substantivos “saudade”, “dor” e “frio”. Certamente,


todos concordam que eles existem. Mas perceba que designam seres
que, para existir, dependem de outros seres que os sintam. Eles não têm
existência própria e, por isso, são chamados de abstratos.

Assim, podemos dizer que o substantivo concreto dá nome a seres


de existência própria (real ou imaginária), que não dependem de outros
para existir. Já os abstratos são aqueles que expressam: ações (corrida,
viagem, choro...), sensações (tristeza, medo...), estado ou qualidade (bele-
za, riqueza, morte...), pois dependem de outro ser para existir.

UM SUBSTANTIVO NÃO RECEBE UMA ÚNICA CLASSIFICAÇÃO


Para classificar um substantivo, você deve lançar mão dos pares
apresentados nas páginas anteriores. Isso quer dizer que, para
cada par, o substantivo vai receber uma classificação. Como
nós temos quatro pares, cada substantivo deve receber quatro
classificações. Por exemplo, o substantivo marceneiro é simples,
derivado, comum e concreto.

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Substantivo coletivo
O substantivo coletivo é antes de tudo um substantivo comum, pois
nomeia os seres de uma única espécie. Mas é classificado à parte, pois apre-
senta uma característica bem particular: mesmo estando no singular, ele de-
nomina um conjunto de seres. Por exemplo, damos o nome de “enxame” a
um agrupamento de abelhas e chamamos de “vara” um conjunto de porcos.

Veja no quadro a seguir alguns coletivos de uso mais frequente.

Coletivo Conjunto de
acervo obras de um museu, de uma biblioteca

álbum fotos, selos, recordações

alcateia lobos

arquipélago ilhas

armada navios de guerra

atlas mapas

banda músicos

bando aves, meninos, macacos, ladrões

batalhão soldados, pessoas

biblioteca livros

cacho cabelos, flores, frutas

cambada meninos, gatos

cardume peixes

comunidade cidadãos, frades

constelação astros, estrelas

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Coletivo Conjunto de
cordilheira montanhas, serras

corja desordeiros, malfeitores, vadios

década dez anos

elenco artistas, atores

enxame abelhas, vespas

enxoval roupas de cama, mesa e banho

esqueleto ossos

exército soldados

falange anjos, soldados

fato rebanho pequeno (cabras, ovelhas)

feixe capim, gravetos, paus, lenha

flora plantas

frota caminhões, táxis, navios, ônibus

galeria estátuas, quadros, troféus

horda aventureiros, desordeiros

junta bois, médicos, examinadores

legião soldados, anjos

manada bois, búfalos, elefantes

matilha cães

molho chaves, rabanetes, cenouras

nuvem insetos, partículas (pó, fumaça, gases)

penca frutas, flores, chaves

quadrilha ladrões, assaltantes, malfeitores

vara porcos

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Observe que alguns coletivos são mais específicos, designam ape-


nas um tipo de ser. É o caso de “flora”, que ninguém ousaria empregar
para designar outro grupo que não fosse o de plantas.

Entretanto, temos coletivos que são indeterminados. São aqueles


que podemos empregar em diversas situações, para nomear seres mui-
to diferentes. Esse tipo de coletivo deve vir sempre especificado, pois
devemos esclarecer o tipo de ser a que se refere aquele conjunto. Veja
o caso do coletivo “bando”, que pode referir-se a um grupo de pessoas
ou de animais:
Um bando de aves agourentas sobrevoava aquela casa.
Um bando de crianças correu ao seu encontro.

Há ainda um tipo de coletivo que indica um número exato de


seres, como “dúzia”, “dezena”, “centena”, “par”. Nesse caso, é pre-
ciso tomar muito cuidado para não confundir esses coletivos com
numerais. Enquanto os numerais se ligam aos seres a que se refe-
rem sem o auxílio de preposição, os coletivos exigem a presença da
preposição “de”.

Confira:
Cem pessoas passaram por aqui hoje.
(numeral)

Uma centena de pessoas passou por aqui hoje.


(coletivo)

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2. Flexões do substantivo
O substantivo é uma palavra variável. Isso quer dizer que sua forma
flexiona-se, altera-se para expressar o gênero, o número e o grau.

O substantivo “menino”, por exemplo, quando sofre uma flexão de


gênero, vira “menina”. Com uma flexão de número, torna-se “meninos”.
E para variar o grau, há formas como “menininho” e “meninão”.

Vamos, então, conhecer um pouco melhor cada uma dessas flexões.

Flexão de gênero
Há basicamente dois gêneros: o masculino e o feminino.

E você deve estar pensando que é muito fácil distingui-los. Na ver-


dade, é fácil mesmo. Só devemos tomar cuidado para não cair em ar-
madilhas, pois como em nossa língua um grande número de palavras
masculinas termina em “o” e de palavras
femininas, em “a”, muitas pesso-
as, equivocadamente, ado-
tam esse critério para deter-
minar se um substantivo é
masculino ou feminino.

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Se esse método fosse confiável, “pijama” e “telefonema” seriam


palavras femininas. Mas não são. E como determinaríamos o gêne-
ro das palavras terminadas em “e” ou em consoante, como “mes-
tre” e “imperatriz”?

Na dúvida, é sempre bom consultar um dicionário. Na prática, você


verá que os substantivos do gênero masculino são antecedidos pelo
artigo “o”; e os do gênero feminino, pelo artigo “a”. Como dizemos “o
pijama” e “o telefonema”, sabemos que essas palavras, embora termi-
nadas em “a”, são masculinas. Do mesmo jeito, sabemos que “mestre” é
masculino (o mestre) e “imperatriz” é feminino (a imperatriz).

Alguns substantivos, denominados uniformes, apresentam uma


única forma para o masculino e o feminino. Esses substantivos depen-
dem de outras palavras – artigo, adjetivo, pronome e numeral – para
terem o gênero determinado. É o que acontece, por exemplo, com os
substantivos “estudante”, “dentista”, “colega”... O que determina o gê-
nero desses substantivos são as palavras que os acompanham: o es-
tudante, uma estudante, dentista famoso, dentista conhecida, minha
colega, colega novo.

Outros substantivos mudam de sentido quando mudam de gênero.


Veja, por exemplo, o que acontece com o substantivo “capital”. Quando
empregado no masculino, refere-se a bens materiais (Está baixo o capi-
tal da empresa). Já quando é empregado na forma feminina, indica uma
cidade (A capital da França é Paris). O mesmo ocorre com os substanti-
vos “cabeça” (“o cabeça” é o chefe e “a cabeça” é uma parte do corpo) e
“grama” (“o grama” é uma unidade de massa e “a grama” é uma planta),
entre outros.

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Existem, ainda, alguns


substantivos que comumente
nos deixam em dúvida quan-
to ao gênero. Não sabemos
se é masculino ou feminino,
nem como fazer a concordân-
cia correta, tanto na hora de
escrever como na hora de falar.

Veja a seguir uma pequena


lista de substantivos que geral-
mente causam dúvidas:

São masculinos São femininos


o alvará a alface

o clã a aluvião

o apêndice a apendicite

o dó a cal

o eclipse a comichão

o estratagema a dinamite

o guaraná a elipse

o lança-perfume a faringe

o magma a libido

o plasma a musse

o telefonema a omoplata

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Flexão de número

Quanto ao número, o substantivo pode se apresentar no singular


ou no plural. Geralmente, o que marca o plural é a presença da desi-
nência “-s” no final da palavra; e o que indica o singular é exatamente a
ausência dessa desinência.

Dizemos que isso ocorre geralmente, e não sempre, porque há ca-


sos especiais em que o plural se faz de forma diferenciada. Como o plu-
ral da palavra “qualquer”, que é “quaisquer”. Ou os substantivos termi-
nados com a letra “m”, em que a letra “m” deve ser substituída por “ns”,
caso de “um jovem” e “dois jovens”.

>> Palavras terminadas em Z, S ou X

Você sabe qual o plural de “gravidez”?

Por mais estranho que pareça, o plural é “gravidezes”. É que as pa-


lavras terminadas em “r” e “z” passam ao plural com o acréscimo de
“-es”. Temos assim: gizes, repórteres, juízes, flores, raízes...

E as palavras que já terminam em “s”, como formam o plural?

Nesse caso, há duas possibilidades. Se a palavra é monossílaba (consti-


tuída de uma única sílaba) ou oxítona (a sílaba tônica é a última), deve-
-se acrescentar “es”: mês/meses; francês/franceses.

Agora, se a palavra é paroxítona (apresenta a segunda sílaba tônica),


fica como está, é invariável. É o caso dos substantivos “pires” e “lápis”,
que não variam a forma no singular e plural: um pires, dois pires.

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Outro substantivo que não varia a forma no singular e no plural é o


terminado em “x”: o tórax, os tórax; o clímax, os clímax.

>> Nome de pessoas

E você se arriscaria a dizer qual é o plural de “João”?

Antes de matar sua curiosidade, vamos fazer duas observações. A


primeira é sobre o plural dos nomes próprios de pessoas. Embora
alguns estudiosos da língua digam que essas palavras são invariá-
veis, a maioria defende a formação do plural. Apoiados no exemplo
do grande escritor Eça de Queirós, que deu o título de “Os Maias”
para um de seus mais importantes romances, podemos dizer “os
Antônios”, “as Marias”, “as Joanas”, “os Marcelos”...

>> Palavras terminadas em ÃO

Agora que já concordamos que nome próprio tem plural, precisa-


mos saber formar esse plural. A nossa segunda observação refere-
-se, portanto, à formação do plural das palavras terminadas em “ão”.

Observe que há três possibilidades: grão/grãos; cão/cães; ação/ações.


Como saber qual utilizar?

Na verdade, o que determina a forma que se deve empregar é o uso. É in-
teressante observar que existe uma forte tendência, na língua corrente,
pelo emprego da terminação “ões”. Por isso, mesmo derivando da pala-
vra “mão” que tem como plural “mãos”, o plural consagrado do substan-
tivo “corrimão” é “corrimões”, ainda que também se registre “corrimãos”.

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Não podemos esquecer que existem algumas palavras que aceitam


as três possibilidades. É correto dizer “dois anciões”, “dois anciãos”
ou “dois anciães”.

Depois dessas duas observações, você já deve ter matado a charada.


O plural de “João” é “Joões”! Essa mesma forma você deve usar para
montar o plural de “joão-ninguém” e “joão-de-barro”: joões-ninguém
e joões-de-barro.

Flexão de grau
Varia-se o grau do substantivo para exprimir as diferenças de tama-
nho dos seres. Portanto, a partir da forma como aparece nos dicionários,
o substantivo pode flexionar-se nos graus aumentativo e diminutivo.

Há dois processos para expressar a flexão de grau. Podemos ex-


pressar o grau do substantivo pela forma analítica, que consis-
te em empregar adjetivos, como “grande” ou “pequeno”,
acompanhando o substantivo. Teremos, então,
“um gato grande” ou “um gato pequeno”.

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No processo chamado de sintético, acrescentam-se ao substantivo


sufixos que indicam o grau aumentativo ou diminutivo. Assim, se no
grau normal a palavra é “gato”, temos no aumentativo sintético a forma
“gatão” e no diminutivo sintético, “gatinho”.

Não podemos deixar de comentar o uso que os falantes, no decorrer


do tempo, fizeram dessa flexão do substantivo. Veja a grande diferença
que há quando se diz que um jogador de futebol “bate um bolão” ou
“bate uma bolinha”! Nesse caso, certamente ninguém associou o aumen-
tativo e o diminutivo ao tamanho da pelota. Todos perceberam que o co-
mentário refere-se, antes de tudo, à capacidade futebolística do jogador.

É muito comum flexionar o substantivo não para se referir ao tama-


nho do ser, mas para expressar sentimento. Como carinho, ternura em
frases como:
Sempre digo aos meus sobrinhos: qualquer problema, liga pro
tiozão que eu resolvo.
Eu adoro a comidinha que minha mãe faz.

Muitas vezes, utilizam-se as formas sintéticas para exprimir ironia


e desprezo.
Aquele seu timinho não joga nada!
Quanto você quer por esse carrão caindo aos pedaços?

Influenciadas pela fala, outras formas de aumentativo e diminutivo


dos substantivos adquiriram um significado totalmente novo. A pala-
vra “calção”, por exemplo, embora se apresente no grau aumentativo,
significa uma calça curta. Ou o substantivo “folhinha”, que, mais do que
uma folha pequena, designa um calendário.

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Artigo

É a palavra que antecede o substantivo para particularizá-lo ou ge-


neralizá-lo. Para entender esse conceito, leia o microconto a seguir.
“Era uma vez uma princesa que vivia na torre mais alta do
castelo. Seus pais a mantinham ali por temerem que algo ruim
pudesse acontecer com ela. Um dia, a princesa, cansada da
superproteção dos pais, entendeu que viver é correr riscos
e decidiu sair da torre.”

Observe a diferença entre “uma princesa” (na linha 1) e “a prince-


sa” (na linha 3). Na linha 1, trata-se de uma princesa indeterminada, que

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está sendo introduzida na história, apresentada ao leitor. Já a princesa


da linha 3 está particularizada pelo artigo “a”, pois já sabemos de que
princesa se trata.

Podemos, então, classificar o artigo em dois grupos:

>> artigos definidos: o, os, a, os


>> artigos indefinidos: um, uns, uma, umas

Fique atento, pois não são todos os substantivos que aceitam ser
precedidos por artigo. É o que acontece com substantivos próprios
que designam nomes de cidade e os que designam nomes de pessoas
famosas.
Leonardo da Vinci nasceu em 1452 numa pequena localidade
perto de Florença.

Mas se o nome da cidade ou da pessoa estiver caracterizado, deve-


mos usar o artigo.
O genial Leonardo da Vinci nasceu em 1452 numa pequena
localidade perto da Florença dos poderosos Médicis.

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Adjetivo

O adjetivo é a palavra que modifica o substantivo ou o pronome,


atribuindo-lhes uma característica, uma qualidade ou um estado.

Meu guarda-chuva é vermelho. Ele é vermelho.


14444244443 1442443 1442443
substantivo adjetivo adjetivo

Alguns adjetivos podem mudar de sentido quando mudam de posi-


ção na frase. Observe como é diferente dizer “ele é um grande atleta” ou
“ele é um atleta grande”.

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1. Locução adjetiva
A característica também pode se apresentar em uma locução. São as
chamadas locuções adjetivas. Essas locuções equivalem a um adjetivo e
podem ser formadas por uma preposição mais um substantivo. É o caso
de “amor de mãe”, que equivale a “amor materno”. Ou “estrela do céu”,
que pode ser substituída por “estrela celeste”. Podemos também encon-
trar locuções adjetivas formadas por uma preposição mais um advérbio.
Como em: “música de antigamente” no lugar de “música antiga”.

Cuidado! A locução adjetiva é uma expressão que exerce o papel do


adjetivo, mas nem todas as locuções adjetivas podem ser reduzidas a
um único adjetivo.

No emprego de algumas locuções adjetivas para


caracterizar, por exemplo, a origem da água, en-
contramos: “água do rio”, que podemos subs-
tituir por “água fluvial”; “água da chuva”,
que substituímos por “água pluvial”. Mas
e para “água da torneira” ou para “água
do poço”? Bem, essas, como muitas outras
locuções adjetivas, não têm um adjetivo
correspondente.

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Também pode ocorrer de a locução adjetiva ter um adjetivo equi-


valente, mas os dois não terem o mesmo significado. É o que acontece,
por exemplo, com a locução adjetiva “de infância”, que corresponde ao
adjetivo “infantil”. Perceba como querem dizer coisas diferentes: En-
contrei meu amigo de infância. / Encontrei meu amigo infantil.

2. Flexões do adjetivo
O adjetivo é uma palavra variável que pode flexionar-se em gênero,
número e grau. A flexão do adjetivo depende do substantivo que ele
modifica. Se o substantivo é masculino singular, a tendência do adjeti-
vo também é ser masculino singular.

Flexão de gênero
O adjetivo flexiona-se no masculino ou no feminino para acompa-
nhar o gênero do substantivo. Assim, se o substantivo for masculino, o
adjetivo também será. E apresentará sua forma feminina se estiver mo-
dificando um substantivo feminino. Teremos, então: prédio alto, árvore
alta, aluna preocupada, pai preocupado...

Existem alguns adjetivos que apresentam uma única forma para o mas-
culino e para o feminino. Dizemos “carro simples” e “casa simples”; “homem
sentimental” e “mulher sentimental”; “avião veloz” e “bicicleta veloz”.

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Flexão de número
O número do adjetivo deve concordar com o número do substantivo.
Substantivo no singular, adjetivo também no singular. Substantivo no plural
pede adjetivo no plural. Assim, dizemos “jornal antigo” e “jornais antigos”.

Os adjetivos que indicam cor também seguem essa regra: “vesti-


do vermelho” e “vestidos vermelhos”. Devemos tomar muito cuidado,
porém, quando o nome da cor deriva de um substantivo. Nesse caso,
o adjetivo não é flexionado: “calça laranja” e “calças laranja”; “casaco
creme”, “casacos creme”.

Flexão de grau
Varia-se o grau do adjetivo quando se quer expressar intensidades
diferentes de uma característica. Existem dois graus para o adjetivo: o
comparativo e o superlativo.

Grau comparativo

Como o próprio nome diz, é empregado para comparar. Pode ser uma
característica entre dois seres ou duas características de um mesmo ser.

Vamos ver primeiro as possibilidades de comparar a mesma caracte-


rística em dois seres. Confira:
Carla é gentil e Marcos é gentil.

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Podemos construir essa comparação com uma relação de igual-


dade: “Carla é tão gentil quanto Marcos”. De superioridade: “Carla é
mais gentil que Marcos”. Ou de inferioridade: “Carla é menos gentil
que Marcos”.

As três relações de comparação também se dão quando se trata de


duas qualidades do mesmo ser. Observe:
Joana é bonita e inteligente.

Se empregarmos uma relação de igualdade, teremos: “Joana é tão


bonita quanto inteligente”. De superioridade: “Joana é mais bonita que
inteligente”. De inferioridade: “Joana é menos bonita que inteligente”.

Grau superlativo

Expressa o grau mais intenso de uma característica. É o que acon-


tece, por exemplo, em “Joaquim é o aluno mais inteligente da classe”;
“Mariazinha é muito inteligente”.

Observe que nas duas frases o adjetivo “inteligente” foi intensificado.


Mas com uma diferença. Na primeira, temos que Joaquim é o mais inte-
ligente em relação à classe. Já na segunda, sabemos que Mariazinha é
muito inteligente, independentemente de qualquer tipo de comparação.

O primeiro caso, que resulta de uma espécie de comparação, recebe


o nome de superlativo relativo. E o segundo caso, em que o ser é consi-
derado sozinho, recebe o nome de superlativo absoluto.

O superlativo absoluto pode apresentar duas formas. A analítica


(Este livro é muito antigo) ou a sintética (Este livro é antiquíssimo).

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Numeral

Se procurarmos o conceito de numeral numa gramática ou enciclo-


pédia, encontraremos que é a palavra que indica a quantidade de se-
res ou a ordem deles numa sequência. Emprega-se o numeral cardinal
quando se diz “Mariazinha é exagerada, comprou vinte e cinco pães”;
e usa-se o numeral ordinal quando se fala “Júlia é muito estudiosa. Pas-
sou em primeiro lugar na faculdade”.

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Mas isso ainda diz pouco. O numeral não serve só para contar
quantos pães foram comprados ou informar a classificação de al-
guém no vestibular. Empregamos o numeral também para indicar o
aumento proporcional de uma quantidade: “O governo espera um au-
mento de 5% no PIB deste ano. Isso representa o dobro do previsto
pelos especialistas”. Ou uma divisão, uma fração da quantidade: “Um
terço da população pesquisada gasta com alimentação mais da me-
tade do que ganha”.

É interessante notar que só admitem a forma feminina os cardinais


“um” (uma), “dois” (duas) e as centenas a partir de duzentos (duzentas,
trezentas...). Já os ordinais variam em número e gênero; você pode dizer
“primeiro”, “primeira”, “primeiros”, “primeiras”.

Por que dizemos “Paulo sexto” (Paulo VI) e “Pio doze” (Pio XII), e não
“Paulo seis” e “Pio décimo segundo”?

Bem, essa regra é um pouco chatinha. Se for um numeral até dez


e vier depois do substantivo, como no caso de “Paulo VI”, deveremos
empregar os numerais ordinais (primeiro, segundo, terceiro...). Mas se
o numeral for acima de dez e também vier depois do substantivo, usa-
remos o numeral cardinal (onze, doze, vinte e três...), como em “Pio XII”.
Essa regra serve para reis, papas, séculos e capítulos.

No entanto, se o numeral vier antes do substantivo, deveremos em-


pregar sempre os ordinais. Assim, para “século XXI” dizemos “século
vinte e um” e para “XXI século” dizemos “vigésimo primeiro século”.

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Pronome

Geralmente, é identificado como a palavra que substitui o substan-


tivo. Veja o exemplo:
— Roberto está?
— Não, ele saiu mais cedo.

Observe que o pronome “ele” está substituindo o substantivo pró-


prio “Roberto”.

Mas o pronome também pode acompanhar o substantivo. Nesse


caso, concorda em gênero e número com o substantivo que acompanha.
Aquelas árvores caíram em cima de meu carro.

Note que “aquelas” concorda com o substantivo feminino plural


“árvores”. Já o pronome “meu” concorda com o substantivo masculino
singular “carro”.

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Tipos de pronome
Há seis tipos de pronome: pessoal, possessivo, indefinido, demons-
trativo, interrogativo e relativo.

>> Pronomes pessoais

Representam as pessoas gramaticais. Podem ser do caso reto ou do


caso oblíquo.

Para o caso reto, temos: eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas.

E no caso oblíquo: me, mim, comigo, te, ti, contigo, se, si, consigo,
nos, nós, conosco, vos, vós, convosco. Além dos pronomes o(s), a(s),
lhe(s), ele(s) e ela(s).

Os pronomes de tratamento (você, Vossa Alteza, Vossa Senhoria...)


também fazem parte dos pronomes pessoais.

>> Pronomes possessivos

Indicam o que pertence às pessoas gramaticais, estabelecendo, as-


sim, uma relação de posse.
Nossas certezas perderam-se com o tempo.
Recolha seus livros que estão espalhados em meu escritório.

>> Pronomes indefinidos

Referem-se à terceira pessoa gramatical de forma vaga, imprecisa.


São pronomes indefinidos: algum, nenhum, alguém, ninguém...
Alguém bateu em meu carro e ninguém viu?

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>> Pronomes demonstrativos

“Este”, “essa”, “aquele”, “isso”, “aquilo”, entre outros, indicam o posicio-


namento de um ser, tomando como referência as pessoas gramaticais.
Esta casa está à venda?
Aquilo não deveria ter sido dito.

>> Pronomes interrogativos

“Que”, “quem”, “qual” e “quanto” são empregados na formulação de


perguntas.
Quem falou isso?
Qual criança chegou primeiro?
Gostaria de saber quanto custam dois pãezinhos.

>> Pronomes relativos

Introduzem uma oração subordinada, referindo-se a termos já men-


cionados. São pronomes relativos: que, quem, onde, o qual, cujo...
Conheço todas as pessoas que viveram naquela casa.
A escola na qual estudei foi considerada modelo de educação.

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Verbo

Acostumamo-nos a ouvir que verbo é a palavra que exprime ação,


como em:
Todos os vizinhos espiaram para ver quem chegava àquela hora
da madrugada.

Mas o verbo também expressa:

>> estado
Estou feliz com o resultado das eleições.

>> mudança de estado


Os convidados ficaram decepcionados com a recepção.

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>> fenômeno natural


Nevou muito na Serra Gaúcha.

>> outros processos


Ninguém desejava
sua companhia.

É interessante notar que o verbo não é a única palavra que expressa


uma ação, um estado. Alguns substantivos, por exemplo, também po-
dem fazer esse papel. Veja: na frase “A crítica do técnico não foi ouvida
pelos jogadores”, a palavra “crítica” expressa uma ação, mas não é um
verbo, é um substantivo.

Se não é o significado que determina o que é um verbo, como fazer,


então, para distinguir o verbo no texto?

O que caracteriza um verbo são suas flexões. O verbo é a única clas-


se de palavra na língua portuguesa que aceita cinco flexões:

>> pessoa
primeira, segunda e terceira

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>> número
singular e plural

>> modo
indicativo, subjuntivo e imperativo

>> tempo
presente, passado e futuro

>> voz
ativa, passiva e reflexiva

Há quem diga que o verbo é a palavra que mais transmite informa-


ções na língua portuguesa. Além de exprimir um fato, o verbo, ao variar
em pessoa e número, diz com quem esse fato aconteceu. E não é só
isso; o verbo também localiza o fato no tempo. Ele nos conta se o fato
já aconteceu, se está acontecendo ou se acontecerá.

Assim, uma única palavra, um único verbo, como “Fui”, expressa não
só a ação de ir, de partir, mas também diz quem praticou a ação (nesse
caso, fui “eu” mesmo) e que a ação já aconteceu, é passado.

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Advérbio

É uma tarefa muito difícil tentar conceituar o advérbio. Se você


procurar em uma gramática, vai encontrar o conceito clássico: “é uma
palavra invariável que modifica um verbo, um adjetivo ou outro ad-
vérbio”. Mas esse conceito é confuso e não corresponde à realidade.
Vamos ver por quê.

Primeiro vamos analisar o que significa ser uma palavra invariável.


Bem, uma palavra invariável, diferentemente das classes gramaticais
que vimos até agora, não deve aceitar nenhum caso de flexão. Isso quer
dizer que não pode alterar sua forma para indicar determinados aspec-
tos gramaticais.

Acontece que alguns advérbios aceitam a flexão de grau. É o caso, por


exemplo, de advérbios como “perto”, “longe”, “devagar”. Não é nada estra-
nho dizermos que “A vovó chegou cedíssimo”, ou que “O acidente aconte-

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ceu pertíssimo de minha janela”. Nesses exemplos, os advérbios “cedo” e


“perto” foram flexionados no grau superlativo absoluto sintético.

É possível ainda flexionar o grau comparativo do advérbio do mes-


mo modo que fazemos com o adjetivo. Assim, temos para o grau com-
parativo de igualdade: “Raul trabalha tão longe de casa quanto você”.
Para o grau comparativo de superioridade: “Raul trabalha mais longe
de casa do que você”. Para o grau comparativo de inferioridade: “Raul
trabalha menos longe de casa do que você”.

É claro que, ao definirmos advérbio como uma palavra invariável,


estamos nos referindo à grande maioria dos advérbios que realmente
não alteram sua forma, não se flexionam. Só não podemos esquecer
que essa regra tem exceções.

E quanto ao fato de o advérbio modificar um verbo, um adjetivo


ou outro advérbio? Talvez fosse mais esclarecedor desenvolver esse
conceito e dizer que o advérbio pode tanto “intensificar” um verbo,
um adjetivo ou outro advérbio, como “acrescentar uma circunstân-
cia” ao processo verbal.

Quando dizemos, por exemplo, que “Maquiada, ela fica tão bonita”,
temos o advérbio “tão” intensificando o adjetivo “bonita”. Em “Os ado-
lescentes falam muito mal”, o advérbio “muito” está intensificando o
advérbio “mal”. E na frase “Todos leram bastante nas férias”, o advérbio
“bastante” está intensificando o verbo “ler”.

E o que significa dar uma circunstância ao processo verbal?

Isso é simples. Significa que o advérbio indica quando, onde, de que


modo... se deu a ação. Veja, por exemplo, quantas circunstâncias pode-
mos acrescentar a um fato verbal.

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Vamos pegar o fato verbal “voltei”. Perceba que ele tem sentido
completo, não necessita de complemento para transmitir uma mensa-
gem. A esse fato podemos acrescentar uma circunstância de lugar (de
Campinas), de tempo (ontem), de meio (de ônibus), de companhia (com
meus primos), entre outras. Acrescentando, assim, essas circunstâncias
(advérbios) ao nosso fato inicial, teremos:
Ontem, voltei de Campinas de ônibus com meus primos.

No exemplo acima, notamos que as circunstâncias em que ocorre


o fato verbal podem ser representadas por um advérbio ou por uma
locução adverbial.

Chamamos de locução adverbial o conjunto de palavras que fa-


zem o papel de um advérbio, como “de Campinas” (mais de uma pala-
vra para indicar o lugar), “de ônibus” (mais de uma palavra para indi-
car o meio) e “com meus primos” (mais de uma palavra para indicar a
companhia).

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Os advérbios e as locuções adverbiais são classificados segundo


a circunstância que exprimem. Veja as principais classificações na ta-
bela a seguir:

Circunstâncias Advérbios e locuções adverbiais


Afirmação sim, certamente, deveras, realmente, efetivamente,
incontestavelmente, com certeza, por certo, sem
dúvida etc.

Negação não, absolutamente, tampouco, de forma alguma, de


jeito nenhum etc.

Dúvida talvez, quiçá, porventura, acaso, provavelmente,


possivelmente etc.

Intensidade mais, menos, muito, pouco, bastante, demais, tão,


tanto, quão, bem, meio, demasiado, demasiadamente,
completamente, em demasia, em excesso, por
completo etc.

Modo bem, mal, depressa, devagar, melhor, pior, às cegas,


às claras, à vontade, a pé e quase todos os advérbios
terminados em -mente: calmamente, suavemente etc.

Lugar aqui, ali, lá, cá, aí, dentro, fora, perto, longe, atrás,
adiante, junto, aquém, além, acima, abaixo, defronte,
onde, de longe, de perto, em cima etc.

Tempo ontem, hoje, amanhã, cedo, tarde, antes, depois,


nunca, sempre, logo, já, agora, outrora, brevemente,
de repente, à tarde etc.

Companhia com um amigo, com a mãe, com o namorado etc.

Causa Morreu de fome. Ela chora de frio.

Finalidade Estudamos para a prova. Para alegria de todas, cheguei.

Instrumento Feriu-se com a faca. Escrevo a lápis.

Meio Viajo de ônibus. Passeamos de metrô. Ando de carro.

Assunto Discutimos sobre futebol. Falávamos acerca de política.

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Preposição

É uma palavra invariável que liga dois termos, estabelecendo uma


relação entre eles. Veja o exemplo:
Os livros de Marcos foram guardados em caixas de papelão.

Observe que o primeiro uso da palavra “de” relaciona as palavras “livros”


e “Marcos”, estabelecendo uma relação de posse entre elas. A palavra “em”
relaciona a locução verbal “foram guardados” com a palavra “caixas”, crian-
do uma ideia de lugar. Já o segundo uso da palavra “de” relaciona as palavras
“caixas” e “papelão”, exprimindo uma relação de matéria, de material usado.

Nesse exemplo, você também pôde perceber – pelo emprego da pre-


posição “de” – que uma mesma preposição pode estabelecer relações
diferentes entre as palavras.

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Confira algumas possibilidades:

>> preposição “de”


Esse prêmio é de todos os jogadores. (posse)
Detesto sair de noite. (tempo)
Ninguém falou de política. (assunto)
O passarinho morreu de frio. (causa)
O fado veio de Portugal. (lugar)
Suco de melancia é um pouco indigesto. (matéria)

>> preposição “para”


Ele estudou para o exame. (finalidade)
Foram todos para o Caribe. (direção)
Firmaram um contrato para dois anos. (tempo)

>> preposição “com”


Fui ao cinema com meu irmão. (companhia)
Com o mau tempo, ninguém saiu de casa. (causa)
Vá com calma. (modo)
Faça a prova com caneta azul ou preta. (instrumento)

As preposições podem ser classificadas em essenciais ou acidentais.

São chamadas de essenciais aquelas que só funcionam como pre-


posições. São elas:
a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante,
por, sem, sob, sobre

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São consideradas preposições acidentais palavras de outras classes


gramaticais que podem exercer o papel de preposição. Exemplos:
como, conforme, mediante, segundo

Às vezes, usamos mais de uma palavra para estabelecer a relação


entre os dois termos. Quando isso acontece, chamamos a expressão de
locução prepositiva.

São exemplos de locução prepositiva:


abaixo de, acima de, além de, apesar de, de acordo com,
depois de, embaixo de, em vez de, por causa de

Observe que a locução prepositiva termina sempre com uma prepo-


sição e que, na grande maioria, é a preposição “de”.

As preposições podem, ainda, unir-se a outras palavras, formando


uma única palavra. Veja a frase:
O atacante, ao receber a bola do companheiro, avançou pela área
e chutou na trave.

No exemplo acima, destacamos a palavra “ao”, formada pela prepo-


sição “a” mais o artigo definido “o”; a palavra “do”, formada pela prepo-
sição “de” mais o artigo “o”; a palavra “pela”, formada pela preposição
antiga “per” (hoje, “por”) mais o artigo “a”; e, por último, a palavra “na”,
formada pela preposição “em” mais o artigo “a”.

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Conjunção

Conjunção é uma palavra invariável que liga duas orações ou dois


termos de mesma função sintática. Na frase “Rita dança e canta”, a con-
junção “e” liga duas orações. Já na frase “Pedro foi à feira comprar maçã
e pera”, temos a conjunção “e” ligando duas palavras que exercem a
mesma função sintática. São objetos diretos.

A conjunção faz muito mais que ligar orações. Ela cria uma relação
de sentido entre essas orações, sendo, por isso, muito importante na
articulação lógica das ideias em um texto.

Veja as frases abaixo.


Marcos é político, mas é honesto.
Marcos é político, portanto é honesto.
Marcos é político porque é honesto.

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Observe como cada conjunção transmite uma informação dife-


rente. Na primeira frase, a conjunção “mas” passa a ideia de que a ho-
nestidade de Marcos é uma exceção dentro de um universo em que a
maioria é desonesta. Já na segunda frase, a conjunção “portanto” es-
tabelece uma relação de conclusão. Conclui-se que Marcos é honesto
pelo fato de ser político. A conjunção “porque” na terceira frase indica
uma circunstância de causa. É por causa da honestidade que ele se
tornou político.

Podemos, assim, dizer que a conjunção liga duas orações, esta-


belecendo entre elas uma relação de sentido. Portanto, na hora de
utilizá-las, preste muita atenção para não acabar dizendo algo que
você não pensa.

Quando utilizamos duas ou mais palavras para fazer o papel de uma


conjunção, temos uma locução conjuntiva. Essas locuções conjuntivas,
geralmente, terminam com a palavra “que”: visto que, uma vez que, a
fim de que, para que, à medida que...

Tipos de conjunção
As conjunções podem ser divididas em dois grupos: as coordena-
tivas e as subordinativas. As coordenativas iniciam uma oração coor-
denada e as subordinativas iniciam uma oração subordinada. Dentro
de cada grupo, as conjunções são classificadas segundo as relações
que estabelecem.

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Confira alguns exemplos de conjunção subordinativa no quadro abaixo:

Relação Principais Principais locuções


Classificação de sentido conjunções conjuntivas
Causais causa, motivo porque, pois, já que, uma vez que,
porquanto visto que

Comparativas comparação como, qual, que bem como,


assim como

Condicionais condição, se, caso desde que,


hipótese salvo se

Conformativas conformidade, conforme,


acordo segundo

Consecutivas consequência que (precedido de modo que,


de tal, tanto, tão) de forma que

Concessivas concessão, embora, ainda que,


contradição conquanto mesmo que,
se bem que

Finais finalidade porque para que,


(= para que) a fim de que

Proporcionais proporção à medida que,


à proporção que,
ao passo que

Temporais tempo quando, mal, logo que, assim que,


apenas depois que

Integrantes Não estabelecem que (certeza),


uma relação se (dúvida)
de sentido. Só
ligam orações.

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Veja alguns exemplos de conjunções coordenativas no quadro abaixo:

Relação Principais Principais locuções


Classificação de sentido conjunções conjuntivas
Aditivas adição, soma e, nem mas também

Adversativas oposição mas, porém, todavia, no entanto


contudo, entretanto

Alternativas alternância ou, ou...ou, ora...ora,


já...já, quer...quer,
seja...seja

Conclusivas conclusão logo, portanto, por isso, por


pois (posposto ao conseguinte
verbo), assim

Explicativas explicação porque, pois


(anteposto ao
verbo), porquanto

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Interjeição

Minha Nossa Senhora, como explicar a interjeição? Credo! Cruzes!


Será que essa tarefa é difícil ou é fácil? Que dúvida! Deus me livre! Urgh!

Na verdade, essa tarefa é bem fácil. Basta lembrar que a interjeição


é uma palavra ou um conjunto de palavras que exprimem sentimen-
to, emoção. Observe o primeiro parágrafo do texto. Veja como ele está
repleto de expressões que têm basicamente a função de expressar a
intensidade de um estado emotivo.

É muito interessante perceber que a interjeição tem o valor de uma


frase, ou seja, a interjeição, de forma reduzida, transmite uma ideia
completa. Quando dizemos, por exemplo, “credo, cruzes”, é como se
disséssemos “estou com medo, afaste isso de mim”.

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Concepção e realização: Gold Editora


Coordenação geral: Isabel Moraes

LIVRO DIGITAL
Texto: Sérgio Nogueira, Carla Tullio (redatora assistente)
Assistência editorial: Ana Beraldo
Arte: LIT Design
Foto de capa: Bel Pedrosa
Ilustrações: Marcos Müller
Revisão: Sandra Miguel

VIDEOAULAS
Apresentação: Sérgio Nogueira
Roteiro: Sérgio Nogueira, Carla Tullio, Bárbara Mello

EQUIPE DE ESTÚDIO
Produtora contratada: Uzumaki Comunicação
Direção: Jefferson Gorgulho Peixoto
Fotografia: Rodolfo Figueiredo
Som direto: Luiz Fujita Jr.
Produção e TP: Tainah Medeiros
Maquiagem: Luciana Sales

EQUIPE DE EXTERNAS
Fotografia: Christian Puig
Produção: Ana Beraldo
Assistência de produção: Luciana Sutil

EQUIPE DE EDIÇÃO E PÓS-PRODUÇÃO


Edição: Priscila Viotto, Christian Puig, Luciana Sutil
Locução: Ângela Benhossi
Ilustrações: Marcos Müller
Motion designer: Tiago Almeida Santos
Revisão: Bárbara Mello, Kiel Pimenta

ISBN: 978-65-80225-00-2

R. Elvira Ferraz, 250, conj. 505 – 04552-040 – São Paulo – SP


CNPJ 04.963.593/0001-42
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1. Ortografia 6. Análise sintática

2. Uso das palavras 7. Pontuação

3. Classe de palavras 8. Concordância

4. Verbos 9. Regência

5. Pronomes 10. Construção de texto

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