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Resumos definitivos para o teste

Idade Média Portuguesa I (Universidade do Minho)

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Espaço geográfico
Onde?
(no ano de 395 o Império romano vai se dividir para sempre em 2, o império romano do ocidente e o império
romano do oriente (ocidente – Roma como capital, oriente- Constantinopla como capital).
Esta divisão dá-se em 395 que com a morte de Teodósio divide estre os seus 2 filhos o império, ficando este
repartido em 2
A metade ocidental dura menos de 1 século, em 476 o império romano do ocidente politicamente desaparece,
transformando-se numa variedade de reinos ditos bárbaros. O império romano do oriente pelo contrário vai
durar até 1453 (mais de 1000 anos), não com o seu tamanho inicial, pois vai ser o seu tamanho reduzido com a
expansão islâmica no séc. VII, mas com um território reduzido vai se manter como território independente até
ao século XV)

• Reinos Bárbaros (séculos V e VI)


• Império Islâmico – século VIII (expansão islâmica começa no século VII e atinge a sua máxima
extensão no século VIII)

Os Antecedentes
- A presença romana na península inicia-se através das guerras púnicas entre Cartago e Roma.
-Os romanos vão dividir esta zona em 2 grandes províncias, a Espanha citerior e a Espanha ulterior (a Hispânia
citerior é aquela que é mais próxima de Roma). A maioria da península ainda não é dominada por Roma
- Os romanos não têm no início um objetivo de conquista sistemática da península ibérica, eles começam apenas
a dominar as zonas costeiras no contexto das guerras púnicas com Cartago, vão acabar por dominar toda a zona
da costa mediterrânica, mas no século III não têm nenhuma política de expansão para a península ibérica toda.
A sua estratégia é no mediterrâneo, é a guerra com Cartago
- Temos então uma 1ª ocupação do espaço (zona mediterrânea) no século III a.C. e não de forma sistemática,
aos poucos, em função dos contextos e dos interesses romanos ao longo dos séculos II e I a.C. acabarão por
conquistar aos poucos a península ibérica toda no séc. I

Divisão provincial de Augusto da Hispânia (27 a.c.)

Os romanos vão proceder a uma divisão administrativa em 3 províncias por César Augusto
– A Tarraconenses, cuja capital é tarraco (incluindo uma grande parte de Espanha, toda a atual Galiza e ainda
todo o atual norte de Portugal a norte do rio douro);
- A província Lusitânia com capital em emérita Augusta (também aqui se incluía o que é hoje o território
português a sul do douro (algarve), mas incluindo também um espaço da atual Espanha), portanto aquilo que
será mais tarde e que é hoje Portugal, está aqui dividido em 2 províncias romanas distintas (o Norte de Portugal,
Norte do Douro incluída na província da Tarraconenses e Portugal a sul do douro até ao algarve incluindo
também o espaço central da atual espana, a província da Lusitânia);
- A província no Sul, a província da Beática com capital em córdoba.
-A dominação romana ocorre entre séc. I – V d.C)
*Dessas províncias duas (Tarraconenses e Lusitânia) são províncias com o estatuto de províncias imperiais (o
seu governador depende diretamente do imperador e tem efetivos militares, tem legiões romanas estacionadas),

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enquanto que a Baetica desde muito cedo foi província senatorial, isto é, sob a administração direta do senado,
não tendo por essa razão guarnição militar em permanência
Ao longo dos séc. I e V d.C. podemos verificar uma crescente desmilitarização da península ibérica, ou seja,
nos séc. I / II e mesmo III ainda existe uma componente militar estacionada sobretudo na Lusitânia e na
Tarraconenses, a partir do séc. III e IV os efetivos militares são cada vez mais reduzidos, porque não há a
necessidade deles na península ibérica, devido a pacificação e hibridização cultural com os romanos.

Divisão em conventos da Hispânia

-Esta palavra não tem nada a ver com a igreja, o conventus é uma divisão territorial romana com fins de justiça,
são províncias judiciais, zonas das jurisdições dos tribunais
Originalmente o termo diocese (em grego: dioikesis) era um termo usado no direito romano para designar
o território e a jurisdição de uma cidade (civitas). Esse nome também foi dado à subdivisão administrativa
de algumas províncias governadas por legados (legati), sob a autoridade do governador da
província. Diocleciano designava de "diocese" as doze grandes divisões no Império

-Estes conventos são subdivisão dentro da província, mas não são hierarquicamente dependentes do governador
da província, são coisas diferentes.

-No entanto a divisão provincial das 3 províncias e a sua subdivisão judicial independente (conventos) vai sofrer
uma forte alteração nos fins do séc. III, séc. IV com a divisão provincial de Diocleciano.

Divisão provincial de Diocleciano (finais séc. III)

• 5 províncias na Hispânia
• Diocese da Hispânia (6 províncias)
• Prefeitura das Gálias
- No tempo do imperador romano diocleciano em finais do séc. III, temos uma divisão em 5. A Lusitânia e a
Baetica continuam iguais, a grande diferença é que a grande província da Tarraconenses com o diocleciano
(quase 300 anos depois) é subdividida em 3. Portanto, as 5 provincias do tempo do diocleciano são a Lusitânia,
Baetica, Gallaecia, Tarraconenses (mais reduzida) e Cartaginensis.
-Conjunto de províncias que constituem uma diocese e um conjunto de dioceses que constituem uma prefeitura.
- A diocese da Hispânia (com os 5 da península ibérica mais a tingitania) faz parte da prefeitura das gálias que
inclui a Inglaterra, a França, a Península Ibérica e o Norte de África marroquino
- A igreja cristã quando se vai desenvolver e vai adotar esta mesma divisão administrativa romana em certo
sentido se se prolongando quase até hoje, porque o império romano vai desaparecer no século V, estas divisões
administrativas, passados alguns séculos do ponto de vista civil vão desaparecendo, mas vão se mantendo como
unidades administrativas religiosas
*Esta divisão diocleciana é importante porque é ela que vai marcar muito mais a divisão administrativa
dos séculos seguintes e depois da própria idade média*
- A diocese (divisão romana, a igreja cristã á medida que se foi desenvolvendo e que vai copiar a organização
administrativa romana nos seus territórios e nos seus nomes) da Hispânia inclui-se as 5 províncias da península
ibérica mais a mauretânia- tingitânia que está também incluída na diocese da Hispânia.

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-Ordenamento e controlo dos espaços e da sociedade: cidades e redes de estradas. A cidade romana e as
alterações no povoamento e controlo do território.
*civitas / civitates, (oppidum);
*municipia, colonica,
*villa / villae;
*vicus; castella
Organização social e económica, economia mundo (império romano).

Vias romanas (simplificado)


rede de estradas, viárias, construídas pelos romanos
Dos aspetos mais importantes e duradouros que o poder romano vai deixar é precisamente a construção de uma
forte rede de estradas. Essa rede de estradas inclui estradas mais importantes e menos importantes, em que as
principais ligam as capitais de províncias
Uma das formas que os romanos vão desenvolver/formar o território vai ser muito relacionado com uma
hierarquia de cidades, uma verdadeira constelação de cidades, em que temos também cidades principais, cidades
secundárias, cidades mais pequenas, pelo menos 3 níveis de cidades e por sua vez ligadas entre si também por
uma rede hierarquizada de estradas e essa forma de construção de cidades com importâncias diferentes (cada
cidade domina um território independente rural e que também pode incluir cidades mais pequenas) é uma das
caraterísticas do domínio romano sobre o território
-O estabelecimento de este tipo de ligações hierárquicas irá também explicar o desenvolvimento populacional
regional diferente, pelo acesso a comunicação

-O conceito de centro urbano romano implica um conjunto de características e ideologias. É um símbolo do


poder romano e é espalhado estrategicamente.
-A cidade romana costuma localizar-se em planície, por isso de forma violenta ou não a população era
incentivada ao deslocamento dos assentamentos em altura, as cidades da Hispania devido a pax romana (2
motivos) e a sua zona periférica não usufruem de muralhas.
As cidades mais importantes têm o estatuto de civitas (são as cidades de nível 1 em termos de hierarquia.
São as cidades de nível principal que tem um território mais vasto sobre o qual a sua jurisdição se exerce,
incluindo esse território zonas rurais, aldeias, mas também cidades mais pequenas. As capitais de
província e capitais de convento também são civitas (apesar de haver algumas que não o são)
- Outros estatutos paralelamente ao de civitas, também há outros que surgem, mas é outro tipo que é o de
municipia e colónica (que no fundo são cidades que no seu início foram sobretudo formadas por romanos que
imigraram de Roma e Itália ou então de outras partes do império, mas já com estatuto de cidadãos romanos e
instalam-se e detém um nível de autonomia superior porque são romanos- colónica
- Os municipia são um outro tipo de cidade também com um outro significativo de autonomia governativa, mas
que podem não ser colónias. No início esta divisão entre quem tem estatuto romano e quem não tem é muito
forte, no entanto a partir do séc. III o estatuto de cidadão romano vai ser alargado a todos e estas diferenças vão
se esbater)
- A nível rural temos as villa (espécie de quinta, temos uma estrutura central chamada de vila urbana que não é
uma cidade é apenas a parte central dessa vila, onde tem os edifícios de habitação quer dos senhores que viviam
lá quer dos seus dependentes (quer escravos, quer livres), tem todas as estruturas (armazéns, etc.) e depois tem
um território agrícola dependente (como se fosse mesmo uma quinta). São estruturas agrícolas

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-O império romano terá uma forte economia baseada na circulação populacional, de bens e uma manufatura em
massa.

Divisão administrativa eclesiástica cristã (desde séc. III/IV )

-A partir do séc. IV o imperador Constantino despenaliza o cristianismo.


-Temos a organização da Igreja Cristã, que se vai organizar:
*Em um conjunto de comunidades locais mais tarde chamadas Paróquias
*Em escala regional com os bispos (governo a nível de administração cristã um conjunto de igrejas)
*Acima dos Bispos temos os arcebispos que superintendem conjunto de Bispos.

Essa mesma lógica é a lógica romana da administração civil. Século IV a divisão administrativa da
religião cristã, ela decalca quase que inteiramente a divisão romana civil. Dentro da província
dominada pelo arcebispo há uma subdivisão em bispos. Em parte, corresponde à divisão dos
conventos
Ex: Temos uma província da Galécia cujo Arcebispo está em Braga, dependendo do arcebispo de
Braga temos o de beteca e Aquae Flaviae e temos sobretudo o de lucus e o de Astúrica e outros. o
que importa é que não é exatamente igual, mas corresponde aos conventus e o seu conjunto que
forma a província da Galécia

-Os bispos e elementos eclesiásticos terão uma forte importância política e social no império, pois
com a desestruturação do sistema representativo e a fuga dos membros de adm. romana, estes serão
os únicos com capacidade intelectual de representação e defesa da pop.

Romanização da Península Ibérica – grandes linhas

- Religião, cultura, classicismo, arte, latim, ideia de estado e de urbanismo


- A perseguição religiosa, difusão, heresias, paganismo
- Org. institucional e territorial da igreja cristã
- O urbanismo (o tipo de cidades romanas), os suevos e visigodos, dentro dos possíveis vão tentar mantê-las.
Vão ser muito alteradas depois, mas é com a ocupação islâmica.
- O orgulho municipal coletivo, que vem muito da cultura grega e romana (pólis e mecenato), também isso se
vai instalando em todo o Império, à medida que todo o processo de romanização se desenvolve
-Movimento de legiões para o lado do território português para a exploração de ouro

Reinos Suevo e Visigótico na Península Ibérica

409-411 Invasão da Hispânia por Suevos, Vândalos, Alanos e Visigodos.


Reino dos Suevos: 411/456 - 585
- Suevos pacto hospitalidades em 411 – Braga 456 Suevos derrotados pelos visigodos; mas conflitos internos
salvam os Suevos, pacto que mantem reino Suevo até 584/5.

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* Durante o reinado de Réquila os suevos conquistaram algumas das mais importantes cidades romanas,
como Mérida (439), capital da Lusitânia, Mértola (440) e Sevilha (441), capital da Hispânia Bética. No entanto,
em 456 os suevos são derrotados por um exército de federados enviado pelo imperador Ávito (r. 455–456).
- A execução do rei Requiário deu origem a uma crise de sucessão e guerra civil no reino suevo, em que duas
fações competiram pelo trono. Em 460, Remismundo uniu as duas fações e tornou-se rei, tendo conquistado as
cidades romanas de Conímbriga (468) e Lisboa (469).
Em 419, depois da partida de Vália para o território da Aquitânia, irrompeu um conflito entre os Vândalos,
liderados pelo rei Gunderico, e os Suevos, liderados pelo rei Hermerico. Os dois exércitos defrontaram-se
na Batalha dos montes Nervasos, mas a intervenção das forças romanas comandadas pelo general Astério foi
decisiva no conflito, atacando os Vândalos e forçando-os a deslocar-se para sul, na atual Andaluzia, o que deixou
toda a Galécia praticamente na posse dos Suevos
O restante reinado de Hermerico foi dedicado à consolidação do governo Suevo na província da Galécia. Em
430 rompeu com a paz mantida com os povos locais, pilhando a Galécia central e forçando os galécios, pouco
romanizados, a ocupar os antigos castros da Idade do Ferro
Embora tenha sido estabelecida uma nova paz, firmada com a troca de prisioneiros, em 431 e 433 surgiram
novos focos de conflito.[26] Em 438, Hermerico adoece. Tendo anexado ao seu reino a totalidade da antiga
província romana da Galécia, estabeleceu a paz com a população local e abdicou do trono dos Suevos em favor
do seu filho Réquila.
Réquila viu a oportunidade para expansão do reino e começou a avançar para outras regiões da Península Ibérica.
No mesmo ano liderou campanhas militares em Bética, derrotando em batalha o duque romano (Romanae
militiae dux) Andevoto nas margens do rio Genil.[27] No ano seguinte, os Suevos invadiram a Lusitânia e
conquistaram a capital, Mérida, que se tornou por um breve período de tempo a nova capital do reino Suevo.
Réquila continuou a expandir o reino e, por volta de 440, tinha cercado e forçado a rendição do general
romano Censório na cidade estratégica de Mértola. Em 441, poucos meses após a morte de Hemerico, o exército
suevo conquista Sevilha, a capital da Hispânia Bética, permitindo aos suevos ter algum domínio não só sobre a
Hispânia Bética como também sobre a Hispânia Cartaginense.[nt 4]
Em 446, os romanos enviam para as províncias hispânicas um mestre dos soldados (magister utriusque militiae)
proveniente da Gália chamado Vito que, com a assistência militar dos Godos, tentou subjugar os Suevos e
restaurar a administração romana na Hispânia. Réquila marchou de encontro aos romanos e, após a derrota dos
Godos, Vito retirou-se em desgraça e não foram feitas mais tentativas do Império Romano para tentar recapturar
a Hispânia
- Rei Teodemiro (559/60-570) convertido ao catolicismo por S. Martinho de Dume (Bispo de Dume desde 556).
Até então maioria dos Suevos eram pagãos.
Reino dos Visigodos: 411-711/714
Visigodos: 411-507 - domínio sudoeste da Gália e parte da Hispânia;
Em 416, os Visigodos entram na Península Ibérica, enviados pelo imperador ocidental para combater os
bárbaros que aí chegaram em 409. Por volta de 418, os Visigodos, liderados pelo rei Vália, tinham devastado os
Vândalos Silingos e os Alanos. De parte desta campanha ficaram os Vândalos Asdingos e os Suevos, que
permaneceram as duas restantes forças na Península
507 - Derrota em Voile face aos Francos;
507-585 Reino dos Visigodos e reino dos Suevos na Hispânia;
585- Visigodos conquistam os suevos;
Presença Bizantina no sul da Hispânia 552-c. 620
Unificação total da Península Ibérica: 601/621-711

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-A partir da crise do séc. III o Império romano inicia um processo de destruturação que leva a sua decadência
económica, política e social. Por consequência os povos bárbaros arrastados pelos maus anos agrícolas, o
arrefecimento das suas terras e as invasões hunas aproveitam-se das debilidades romanas entrando no seu
império ocidental que termina desmoronado.
-Após a primeira entrada de alanos, vândalos e suevos de forma abruta, os contingentes militares romanos são
enviados para fronteira não conseguindo proteger as zonas mais periféricas do seu Império como a Península
Ibérica. Os romanos que haviam estabelecido acordos com os visigodos fazendo deles uma espécie de
contingente militar romano (ficção política), farão com que estes persigam os vândalos, e mesmo mantenham o
poder face aos suevos. (os acordos entre visigodos, adrianopólis, roma e foedus Aquitânia)
Leovigildo (572-586) e Recaredo (586-601) Unificação: termina maior parte da conquista do espaço Bizantino,
que se completa já em 621 ou ss.
Recaredo converte-se ao catolicismo em 587: até então Visigodos eram Arianos (os povos submetidos, como
os Suevos, eram católicos).
Século VII apogeu do Reino dos Visigodos (601-680). - Declínio dos Visigodos: 680-711; (711/14 conquista
islâmica)
(em 456 o Reino dos suevos quase que foi extinto e ocupado pelos visigodos, mas no fim acabaram por chegar
a um acordo. O Reino dos suevos existiu como Reino independente na península ibérica e o Reino dos visigodos
que começou aos poucos a instalar-se na península ibérica, em parte da península ibérica, por volta de 411, no
entanto é a partir de 430 que se instala em força na península ibérica, umas partilhando com outros reinos
Só a partir de 585 e depois 601/ 621 é que se tornará único, isto é, a unificação total da península ibérica pelos
visigodos apenas se irá efetuar com rigor a partir de 621 (só entre 621 e 711 é que o Reino dos visigodos
dominará a totalidade da península ibérica))
(o Reino dos suevos durante a sua existência corresponde mais ou menos à zona noroeste da península
ibérica, incluindo a parte norte centro norte que é o eixo de Portugal mais todo o noroeste peninsular e
o resto da península ibérica é dividido pelo Reino dos visigodos)

Reconquista de Justiniano (imperador em 527 -565)


• N. África/ vândalos - 533
• Itália -535; guerras góticas- 541 -554
• Sul Hispânia -554
-A partir de 554 a península ibérica vai estar então dividida em 3: o que já existia antes o Reino dos suevos a
noroeste, o Reino dos visigodos que dominava até então a maior parte da península ibérica e um pouco do Sul
da gália vai perder a província spaniae para o Império Romano do Oriente.
- Durante cerca de 50/60 anos o Império Romano do Oriente tem uma presença no sul da península ibérica, que
terminará com a conquista visigótica em 621 no entanto, isto significa nesta zona alguma influência bizantina
ainda que de forma efémera.
-Em 585, o Reino dos visigodos acabará por conquistar o Reino dos suevos
- A partir da altura que os reis visigodos se convertem ao catolicismo (587), independentemente de outras
questões há aqui questões políticas, a partir daqui todos os bispos e papa em Roma, passam a apoiar a monarquia
dos visigodos, a legitimá-la e apoia.la face a visigodos e hispano-romanos

Reino suevo
Situação religiosa: no início são pagãos

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• Rei Teodemiro (559 /60 -570) convertido ao catolicismo por São Martinho de Dume (bispo de Dume
desde 556)
• 1º concílio de Braga de 563
• parochiale suevum – 2º concílio de Braga de 572
• Leovigildo (572 -586 ) unificação territorial: conquista suevos (585) e quase expulsa bizantinos
• Recaredo (586 -601 ) unificação: termina maior parte da conquista do espaço Bizantino, que se completa
já em 621 já com outro rei
• converte-se ao catolicismo em 587: até então visigodos arianos (povos submetidos, como suevos, eram
católicos)

- O arianismo tem uma diferença teológica diferente (os arianos não têm o apoio dos bispos cristãos católicos,
tem o apoio dos bispos arianos, mas são uma minoria).
- Após a sua conversão ao cristianismo católico passam a ter o apoio da maior parte dos bispos que são católicos
e da maior parte do clero e população
priscilianismo deriva das chamadas teorias que derivam do o maniqueísmo, (maniqueus - acreditam em 2
princípios (não só num grande que é Deus), há o bem e o mal e a partir daí tudo se gera) isso vai contra o que já
foi definido pelo dogma cristão principal oficial, é uma outra e dizia que vai existir muito na península ibérica
que depois se associa a várias diferenças como o aparecimento de um clero prisciliano diferente do ariano e do
cristão católico
- Quando o rei se converte, normalmente por uma questão de fidelidade o poder militar converte-se com ele,
isto é, os seus guerreiros fiéis também se convertem, o que é importante na questão político-militar.
Inicia-se então o período designado de reino dos suevos. Este é um período, internamente, de paz e estabilidade
sobretudo entre os galaico-romanos e os suevos, mas externamente é um período de constantes invasões e
incursões dos suevos às cidades da Lusitânia e da Baética.
- Estes, assimilam grande parte da cultura latina, uma vez que se convertem ao cristianismo. Em 446 a Baética
e a Lusitânia são territórios suevos.
- No entanto, os hispano-romanos, procuraram combater a expansão do domínio suevo. É, de novo com a ajuda
dos visigodos, que os hispano-romanos vão travar o crescimento e poderio dos suevos na península ibérica.
- A Baética fica desde logo libertada do domínio suevo, mas passa para o domínio visigodo.
- Em relação a Lusitânia e a Gallecia, assistimos a uma fragmentação e uma série de conflitos entre os diversos
líderes políticos dos suevos.
- Externamente são acompanhados pelos conflitos contra as aristocracias hispano-romanos, que assistem ao
renascer da cultura romana nestes povos, o que lhes causou uma certa frustração por não possuírem instituições
políticas para os controlar.
- Assistimos ainda ao crescimento do poderio visigodo e a ao domínio da península ibérica, nomeadamente da
parte ocidental. A progressiva expansão do domínio visigótico na península ibérica produz nos suevos o receio
de perderem grande parte dos seus territórios conquistados.
- É precisamente neste contexto que surge uma aliança entre estes dois povos. No entanto a Lusitânia é palco de
avanços e recuos de ambos povos, portanto dos suevos e visigodos. Perto do fim do século V, a Lusitânia estava
dividida em dois grandes grupos, ocupados ambos pelos suevos e pelos visigodos. O reinado dos suevos é
também conhecido pela gradual perda da importância dos hispano-romanos no seu interior bem como a prova
cabal da decadência de todo o domínio de Roma no império a ocidente. Os suevos converteramse a todos os
aspetos culturais inerentes á civilização romana, incluindo mesmo o cristianismo.

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Reino Visigótico

Organização geral:

• Rei;
• Monarquia eletiva, papel nobreza e bispos, guerras civis e divisões entre filhos etc.
• Problemas religiosos entre católicos, arianos, maniqueus e pagãos.
• Organização eclesiástica: Bispos, dioceses, Províncias, papel dos bispos nas invasões, etc.
• Papel político dos bispos na monarquia visigótica: concílios de Toledo e arcebispo Primaz das
Espanhas.
• Organização social e económica: germanos e hispano-romanos.
- A sociedade visigótica e da maior parte destes reinos germânicos é uma sociedade fortemente e hierarquizada
em termos de aristocracias militares, isto é, o poder político e o poder militar (e ao contrário), não se distinguem
nesta altura. O rei é um chefe militar, mas está dependente dos grandes senhores da guerra (os chefes militares).
A aristocracia (a nobreza da altura) são todos eles (senhores da guerra, são os chefes de exércitos pessoais
grandes))
-Entre 601 -711 a Península sofre um período de unificação sobre o poder visigótico que é ainda capaz de ante
uma divisão territorial similar a romana.
-A conversão dos reis visigodos a partir de Recadero foi um ponto crucial naquilo que é a legitimação do império
e futura recuperação face ao islão, mas a par disso também trouxe uma nova influencia dentro do reino visigótico
que via agora o Concílio de Toledo tomar forte influência na sua intervenção política.
-Outro ponto importante que se inicia desde a unificação do reino visigótico é a grande rivalidade entre Santiago
de Compostela, Toledo e Braga pelo título de primaz das Espanhas. Esta discussão devia-se a Braga ter
claramente uma antecedência de carater forte com a ocupação romana e por outro Santiago de Compostela mais
tarde ser-lhe-á descoberto o tumulo do apostolo Tiago e Toledo seria a central do poder visigótico, onde
inclusive se realizaria os concílios religiosos durante o período de Recaredo
-Na tentativa de unir a população os Visigóticos passaram mais tarde abrir o casamento entre hispano-romanos
e godos não só as elites, mas as classes mais baixas.
monarquia eletiva – bispos tinham uma importância como conselheiros na sucessão eletiva, dependência dos
bispos e tentativa de favorece-los para ter o seu apoio- guerras civis devido a eleição (um grupo elegido).
Durante uma guerra civil, o mundo islâmico é convidado por uma das fações do reino visigótico, conquistando
e afirmando o seu poder na península ibérica em 3 anos.
- Conquistada parte da Lusitânia, já com a Baética no seu domínio, os visigodos, invadiram a anexaram as
províncias onde ainda persistiam as aristocracias hispano-romanos.
- De facto, conquistam a terraconense. Facto curioso é o tratado de paz assinado pelos hispano-romanos, e ainda
os visigodos.
- A península ibérica é somente palco das lutas entre suevos e visigodos. Dominada a terraconense, os visigodos,
vão fixar-se e inclinar-se sobretudo para a Península ibérica, deixando a Gália sobe o domínio dos francos.
- Entretanto, os ostrogodos fixaram-se na península itálica e chegaram a península ibérica, onde criaram uma
série de alianças com os visigodos. Neste período, os hispano-romanos, perdem todo o apoio prestado pelo
Estado de Roma, e ficam sem o seu representante local, de modo que são forçados a dirigirem-se aos visigodos
para resolverem os seus problemas.
- O reinado visigótico é caracterizado numa primeira fase por um período de estabilidade e de paz, e numa
segunda fase, transforma-se num período de relativa instabilidade, através da fragmentação do poder, e ainda

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de uma serie de calamidades e pestes que fragilizaram todo o reinado. A causa de toda esta 4 instabilidade reside
na existência de três focos políticos distintos na península ibérica que são, os hispano-romanos, os visigodos e
os ostrogodos.
- Se na Lusitânia assistimos a uma tendência para a formação de frentes contra os romanos e a presença do
cristianismo, na Gallecia assiste-se sobretudo a uma fixação de forças militares para evitar o renascimento do
poderio suevo. Talvez por ser uma área menos afetada pelas pragas de gafanhotos e outras calamidades á
agricultura. No entanto no Sul, persistem os grandes latifúndios, dos quais os pequenos campos agrícolas do
Norte não conseguem combater.
- Este período de fragilidade recorre na escolha entre o soberano, após a morte do rei Vitiza. Uns escolheram
como soberano Rodrigo, duque da Baética, enquanto outros optaram por Áquila, duque da terraconense. No
entanto, Rodrigo debate-se contra o domínio muçulmano enquanto Áquila se alia a este.

Consequências do governo germano


Decadência Urbana
- Assiste-se a uma construção cada vez mais intensiva de muralhas, sobretudo desde do século III. (nesta altura
existem constantes migrações de povos germânicos para o interior do império, nomeadamente nas áreas
fronteiriças).
- Já no período das invasões, século V, as muralhas são um elemento presente em todas as cidades do império.
Na península Ibérica, estas concentram-se sobretudo na parte ocidental e 5 serviram e proteção a muitos
povoados no decorrer da expansão dos domínios suevos e visigótico. (recorriam ao sul, mais romanizado para
efectuarem pilhagens).
- As cidades com muralhas apresentam grande disparidade entre si, ou seja, as cidades que se julgavam mais
importantes apresentam uma área muralhada de menor dimensão, enquanto as cidades menos importantes a área
muralhada é sempre de maior dimensão. Este facto pode julgar-se pela tendência, por um lado, da população
em fixar-se sobretudo no campo, e aqui assistimos a uma decadência da vida urbana, por outro lado, podemos
justificar a presença da muralha apenas numa área que podia não incluir toda a área habitável.
Unidade Topográfica
- A alteração da planta das cidades, dá-se pelo abandono ou ausência de uma autoridade municipal bem como
o abandono de grandes proprietários das cidades.
- Nesta época as cidades são completadas sobretudo pelos indivíduos mais pobres e a construção desta, é mais
desorganizada e também menos planeada. A par destas alterações temos a substituição dos edifícios públicos da
antiguidade pelos mosteiros, pelas albergarias, pelos hospitais, e pelos cemitérios.
- Abandono de os Edifícios Públicos Apesar de ainda permanecerem algumas termas, banhos públicos, teatros
e circos assistimos a sua lenta decadência e abandono. Desapareceram, no entanto, as lutas de gladiadores,
embora tenham permanecido às comédias, bem como as corridas de cavalos e lutas das feras. A ida aos teatros
e circos desaparecem sobretudo pela condenação religiosa a que estão sujeitos.
- Decadência Cultural Novas condições sociais
Há uma tendência para o abandono das cúrias municipais. (aristocracias curiais). A apresentação de membros
nestas cúrias era fundamental para o embelezamento e reconstrução, bem como de apoios monetários, para as
cidades.
- A aristocracia senatorial 6 não desaparece. Permanece e aliam-se ao monarca. O evergetismo, praticado
anteriormente pelos aristocratas, não desaparece, está agora nas mãos do clero, encarregue de construir as
basílicas, de atender aos pobres, de organizar sistemas de empréstimos, entre outras coisas.
Decadência Artística

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Uma vez que a riqueza se centrava agora nas mãos do clero, grande parte das oficinas artísticas desenvolveram
e centraram a sua técnica para a construção de monumentos religiosos.
Ex: A escultura acompanhou o mesmo caminho. As cenas mitológicas, representadas nas villae romanas, foram
substituídas pelos símbolos cristãos.
Mesmo as atividades mais apreciadas pelos visigodos, a metalurgia, os produtos realizados por esta aparecem
em pequenas quantidades para se falar em períodos de relativa riqueza artística. As oficinas monetárias também
desaparecem, centrando-se apenas nas grandes cidades. A moeda perde o carácter de troca comercial e adquire
um lugar de prestígio.
Degradação Administrativa
- A decadência do sistema administrativo deve-se, em larga medida, ao abandono das populações para os
campos, e sobretudo à alteração dos interesses da nobreza a par da ocupação de cargos administrativos por
indivíduos que não conheciam a lei romana.
- A organização provincial permanece intacta. De facto, é graças á apropriação do clero que esta organização se
mantém inalterável. Esta é a base da organização das dioceses. Estas constituíam as sedes de episcopados. As
únicas alterações decorridas foram no norte da península ibérica, todas elas por razões militares.
- Deste modo o norte foi dividido em três ducados e entregues a três duques diferentes, um com sede do poder
nas Astúrias, outro em cantábrica e por último, o da Gallecia.
- Esta divisão tem como fundamento uma ocupação ainda de povoados pouco romanizados, com o objetivo de
cristianizar estes aglomerados populacionais.
7 Órgãos Administrativos
- A nível dos órgãos administrativos assistimos a uma pura decadência destes. Os únicos cargos que mantêm
são os cargos militares que supervisionam todos os componentes e contingentes militares na península ibérica.
- No entanto, e com o crescimento do poderio, a par da apropriação de terras por parte dos bárbaros, assistimos,
a um desaparecimento gradual das tropas romanas na península ibérica.
- Assiste-se, no entanto, a uma tentativa por parte dos povos bárbaros, nomeadamente, os visigodos, de copiar
ou integrar-se em todos os aspetos da cultura romana. Fazem-no através da língua e da legislação, e da religião,
mas procuram copiar também o estilo de vida do imperador de bizâncio, presente na figura régia.
- As instituições fiscais e judiciais acompanham um lento caminho de decadência devido a inexistência de
indivíduos que desempenhassem as suas funções devidamente.
- De qualquer das formas, os visigodos e suevos, alteram estes sistemas, tendo sempre por base o sistema
romano. A nível militar assistimos á decadência deste quando as forças perdem o controlo de toda a situação na
península e simultaneamente o poder para os bárbaros.
MATÉRIA DO TESTE
- A crise económica, acompanhada pelas alterações sociais e instabilidade política, suprimem a herança deixada
pela cultura romana.
Teorização da justificação continuadora das Astúrias
- Este processo de invasões sucede-se agora no século VIII, tendo como protagonistas os muçulmanos. Estes
penetram com grande facilidade o reinado dos visigodos. Esta fácil penetração dos muçulmanos na península
ibérica é fruto de uma série de fatores, nomeadamente a instabilidade política, acompanhada de recessão
económica, pestes e fomes, que fragilizam o reinado visigótico.

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- Este processo dá-se no 8 reinado de Rodrigo, que se debate contra o domínio dos muçulmanos. O domínio
muçulmano estende-se sobretudo no sul da península ibérica. A tese tradicional defende de um modo geral a
existência de núcleos de resistência cristãs no norte da península ibérica que lutaram contra o domínio
muçulmano.
-Segundo estes, os núcleos de resistência tinham uma afinidade e quem sabe uma descendência direta dos
visigodos, e, portanto, possuíam o direito genuíno de reconquistar toda a península ibérica e restaurar Toledo
como a sede de poder. Porém, hoje reconhece-se esta área como uma área que nunca entrou no domínio dos
visigodos.
- De facto, os visigodos centraram grande parte das suas forças militares na Gallecia, de modo a evitar o
renascimento do reinado dos suevos, mas nunca havia possuído qualquer influência sobre as Astúrias.
- Muitos autores defendem que as Astúrias foram durante muito tempo uma região totalmente autónoma. A
tentativa de procurarem ascendência nas figuras régias visigóticas revela-se pouco credível.
- No entanto admite-se que a monarquia asturiana tinha descendência direta nos godos, que se impuseram ao
regime muçulmano e que lideraram a partir das Astúrias uma rebelião e todo o processo de reconquista do
território.
- Existem também algumas interpretações religiosas para justificar o processo de reconquista:
* Segundo estes autores, o ano de 800 seria fundamental para a história da península ibérica. Segundo estes
autores, o ano de 800 era marcado por um castigo divino que expulsava os muçulmanos da península. No
entanto, as novas interpretações referem o período de ocupação dos muçulmanos, como um castigo para os
godos, e viam neste meio uma forma de ressuscitar toda a monarquia visigótica.
* Toda esta interpretação resulta de uma ideia retirada de uma forma totalmente literal das crónicas que servem
como base a toda a historiografia desta época.
*Tese tradicional 9 Gallecia:
*No noroeste peninsular podemos fazer duas distinções regionais:
a zona bracarense, mais romanizada e a lucense, mais selvagem, com povoados dispersos e pouco definidos que
viviam sobretudo da pecuária. A zona bracarense, no domínio dos suevos e dos vândalos, sofre uma tendência
para a concentração de povoados, devidos as constantes invasões e sobretudo á instabilidade política. Assim
perante o domínio dos visigodos, um período mais pacífico, assistimos ao processo inversos em que as
populações se dispersaram pelo território.
*Porém, o abandono dos pólos urbanos, quer por razões políticas, quer económicas, contribuí em larga medida
para a dispersão dos povoados. A ausência de um município, e a concentração de poderes locais, são o ponto de
partida para a formação de povoados mais dispersos e menos concentrados. Esta tendência alarga-se sobretudo
no período de domínio dos muçulmanos.
* Concentrados sobretudo nas riquezas do sul peninsular, os árabes apenas mantinham a Gallecia no seu poder
através de uma ocupação militar.
* Uma tropa reduzida, num local de resistência ao domínio muçulmano, culmina com as conquistas de Afonso
I. Este anexou toda a região desde das montanhas cantábricas ate ao sul do vale do Douro. No entanto este
processo de reconquista é visto mais como uma ação de pilhagem por estes povos, do que um processo de
expansão dos cristãos.
*É importante referir que as crónicas de Afonso III referem a ida de cristãos para o norte da península após as
conquistas realizadas nesta região. Justifica-se, porém, a incursões cristãs para norte, devido às ações de
pilhagens bem como maus anos de colheitas associadas a fomes criando assim uma área menos povoada.
Admite-se assim a existência de uma região mais desorganizada que separava sobretudo o norte cristão do sul

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muçulmano. Porém não estava desocupado. Os povoados destas regiões dedicaram-se sobretudo às antigas
práticas de agricultura, à pecuária e também a recoleção, como meio de sobrevivência. Entregues a si, estes
povoados, procuram refúgio nos antigos castros existentes nesta região. Perdem-se as fronteiras entre as
comunidades.

Expansão Islâmica séculos VII – X


- Maomé começa pregação 611
- Hégira 622 (fuga de Meca para Medina): ano 1 Era islâmica
- Morre Maomé 632
-661 Morte Ali. Início dinastia Omeíada em Damasco
O grande problema gerado pela morte de Ali é a nova divisão religiosa entre Shitas e Sunitas
669 Cerco Constantinopla
711-14 Invasão e conquista da Espanha (Península Ibérica): al-Andalus
718-735 – Tentativa de conquistar a Gália / França (732, batalha de Poitiers)
-Esta batalha mostra um dos motivos pelo o qual a zona das Astúrias nunca havia sido conquistada. O povo
islâmico não teria interesse de uma expedição militar no território norte da pen
747 Começa o movimento Abássida
750 Início Califado Abássida em Bagdad
É um Califado agressivo, assassina todos os elementos da Dinastia anterior
Mas sobrevive em 756 Abd al Rahman I (Omeíada) que apoiado ainda na dinastia Omeída vai até a Península
Ibérica e passa a Emir em troca do reconhecimento do poderio do califado Abássida criando em Córdova
Emirato independente
- Quando Maomé morre em 632 a península arábica está unificada politicamente e religiosamente Maomé como
todos os seus sucessores serão simultaneamente líderes supremos do ponto de vista religioso e político
(teocracia)
- No início do século VIII todo o Reino dos visigodos é conquistado pelo islão
- depois da morte de Maomé temos o período dos 4 califas,
- Esses primeiros 4 califas entre 632 e 661 é o período da grande expansão islâmica na zona de todo o médio
Oriente e norte de África oriental (Egito, Império Bizantino, etc.)
- É nestes primeiros 4 califas que se dá esta grande expansão. Todos eles foram homens que conheceram Maomé
e são genros dele (casaram com as suas filhas)
- depois do ano de 900, temos a primeira grande traição dentro do próprio islão. A unidade única (de um só
califa) vai ser partida e vão passar a existir 3 califas. Entre o ano de 900 e 920 /925 continuará a existir o califa
único de Bagdade, mas vai deixar de ser único, vai surgir outro califa no Egito e na península ibérica
- Em 925 Abd Al Rahman III deixa de ser emir (tal como seus antepassados) para se proclamar califa
- O islão clássico ao medieval e quando passa a existir os 3 califados (início considera se que continuam os
princípios do islão clássico, modelo político imperial), mas a partir de meados do século X vai aos poucos mudar
para outro sistema que hoje em dia chamamos de islão medieval (os califas vão desaparecendo))
-A passagem para o islão medieval é vista como uma traição a primeira delas mais tarde

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Em 1031 inicia-se o período das Taifas


Onde se dá a diminuição do território, o menor poder do califa
-A fragmentação política com vários reinos islâmicos
Almorávidas
-São uma nova dinastia chamada ao auxílio de Al-Andaluz para operar contra Afonso VI, mas a chegarem que
consideram que o povo islâmico se encontrava corrompido e, por isso dominam a região dos islâmicos
-As relações e entre islâmicos e cristãos serão mais complicadas do que uma luta contra idelogias teológicas
diferentes. Várias vezes os auxílios de um outro eram chamados como forma de intervir contra aqueles que
supostamente combinariam consigo teologicamente. Uma das grandes provas de tal é o relacionamento
extraconjugal de Afonso VI, com supostamente uma princesa islâmica.

Al-Andalus: a península ibérica islâmica (século VIII)

- Em 711 no contexto de uma guerra civil dentro do Reino visigótico (por causa dos problemas de sucessão à
coroa do Reino visigótico), um dos partidos que queria substituir o rei visigótico atual, faz um pacto com as
forças islâmicas (que dominavam já a zona de Marrocos) e convidas a entrar (passam o estreito) numa primeira
fase para ajudar politicamente um dos pretendentes à coroa visigótica contra os outros visigodos. Depois de
entrarem acabaram por conquistar quase toda a península ibérica e o Reino dos visigodos desaparece
- 711-14 Invasão Islâmica da Hispania (forças Omeíadas chefiadas por Tarique)
- 750 Início Califado Abássida em Bagdad
- 756 Abd al-Raḥmān I (Omeíada) cria em Córdova Emirato independente

- 925 Fundação Califado de Córdova (Omeiada) Abd al-Raḥmān III (8º Emir e 1º califa de Córdova)
(Período dos 3 califados: Bagdad, Córdova e Cairo)
-Durante o islão Clássico verificam-se ainda características dentro da península ibérica de um estado romano,
através de um estado islâmico capaz de tributação, urbanismo, uma economia monetária e uma força adm.
contrariamente aos reinos germanos, sem noção do conceito de Estado que trarão a europa a privatização dos
poderes públicos até ao séc. XV-XVI
960-1030 fim do Islão Clássico – início do Islão Medieval
976 primeiras Taifas
Vários reis / governadores; nenhum se intitula Califa nem Emir
1030 – 1º Período das Taifas (1031-1086)
Dinastias Norte de África – Almorávidas (1040-1147; al-Andalus 1086-1125) e Almoadas (1121-1269; Al-
Andalus 1155-1212)

Evolução dentro da Península ou Al Andalus

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- Domínio árabe – dinastia Omeiada


*Forte desigualdade entre Árabes, sírios e berberes
- Al-Andalus Província do Império Omeíada (711/14-750)
- Emirato de Córdova (Omeíada )(756-925) (Abd al Rahman I) dependente do Califa Abássida.
*Menor desigualdade
- Califado de Córdova (Omeíada) (925-1031) (Abd al Rahman III)
- 1º Período das Taifas (1031-1086) mistura de dinastias árabes / berberes / hispânicos
Exemplos: Rei de Sevilha, Al Muthamid. (1085 Queda de Toledo: apelo aos Almorávidas 86) 1087 Zalaca
Afonso VI.
o Dinastias Norte de África – Almorávidas (1040-1147; no al-Andalus 1086-1125)
o 2º Período das Taifas (c. 1125 – 1155)
o Dinastias Norte de África - Almóadas ou Almorávidas (1121-1269; no Al-Andalus 1155-
1212)
o 3º Período das Taifas – Século XIII (1212-1238)
Dá-se aqui a conquista definitiva do Tejo do lado cristão
Almorávidas
Em 1094: Os reinos das Taifas na Península Ibérica, eram muito “relaxados”,(bebiam, dançavam, não
praticavam um islamismo rigoroso) mas existiam grupos que sim, que praticavam e defendiam um Islão mais
duro e convidaram os almorávidas para a Península Ibérica para ajudar a implementar isso.
- Os almorávidas invadem Sevilha e último a resistir é Badajoz (que é ajudado por Afonso VI).
- Em 1094 Badajoz é conquistado pelos Almorávidas como também Lisboa e Sintra.
- Com medo de uma invasão Islâmica (depois da investida almorávida e a derrota cristã na batalha de Zalaca)
vinda dos almorávidas, D. Afonso VI pede ajuda à Europa. Chega então a Península Ibérica vários guerreiros
(vários já com a ideologia da guerra Santa).
- De todos os militares que vieram destacam-se D. Henrique e D. Raimundo, vindos de França, de famílias
importantes, D. Henrique pertencia à família ducal de Borgonha e D. Raimundo pertencia à família condal de
Borgonha, ambos filhos segundos.
- Devido aos grandes feitos de armas que fizeram e por pertenceram a famílias importantes , receberam grandes
recompensas .
- D. Raimundo casa com D. Urraca (filha legitima de Afonso VI) e possivelmente futura rainha do reino de Leão
e Castela, dando ao casal o reino da Galiza.
- Mais tarde, D. Henrique casa com D. Teresa (filha ilegítima de Afonso VI com a moura Zaida) e recebem o
novo condado Portucalense.
- Costumava-se dividir a herança pelos filhos, porém na Europa a partir do século XI começou-se a escolher só
um filho.
- Esta solução permitiu parar com que a riqueza da família passado algumas décadas fosse dividida, ou seja,
queriam que a herança se mantivesse junta. Começa a existir o conceito de filhos segundos (forma que a
historiografia utiliza para designar os filhos que não herdam), estes ou herdam muito pouco ou nada e ainda tem

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2 opções: a primeira ficam sob as ordens do irmão que herdou tudo e a segunda é ingressarem na vida eclesiástica
ou militar.
- As filhas mulheres casavam-se e tinham o dote e se separassem do marido, este voltava para a família original
- Na Europa, um problema surge devido aos filhos segundos, pois muitos destes treinam desde crianças mas
depois o pai entrega a herança a outro e os 2 filhos perdem todo o poder, sem poder esses homens de guerra
andam pela Europa, (alguns roubam ou matam ou simplesmente criam problemas). Muitos também vem para a
Península Ibérica (que precisava de guerreiros para lutar contra o Islão) uma forma de enriquecerem e ganharem
prestígio se sucederem.
o Reino Nazarí / Reino de Granada – 1238-1492
As origens do reino de Granada encontram-se no desmembramento do Califado Almóada perante o avanço das
tropas castelhanas. Em 1232 Maomé I (r. 1232–1273) declarou-se sultão e tornou-se o fundador da dinastia
nacérida, que governaria o reino de Granada. Este rei ordenou a construção do Palácio da Alhambra onde se
instalou com a sua corte.

em 1031, a início século XI, vamos entrar num período, que do ponto de vista da organização política do al-
andaluz, entrámos no que se chama o primeiro período das taifas
em 1031 deixa de haver califa (último califa morre e seus sucessores não se vão intitular califas, por que o
Califado de Córdova a partir de inícios do século XI vai se começar a ter dentro do Califado divisões políticas,
vai haver territórios que sendo islâmicos deixam de obedecer ao califa de Córdoba
nas primeiras décadas do século XI ainda a califa, mas esse califa cada vez mais tem um poder de menor
como há divisões e passa a existir reinos pequenos, ninguém ousa chamar se a si próprio califa
taifas - nome que significa pequenos reinos, pequenos territórios independentes
almorávidas - nova dinastia islâmica com poder central muito forte no norte de África (são convidados em 1086
para ajudar no al-andaluz
almóadas- nova dinastia africana, depois da decadência dos almorávidas expulsam-nos e criam nova dinastia

Sociedade do al-Andalus
o Muçulmanos conquistadores:
▪ Árabes
▪ Sírios (povos do médio oriente)
▪ Berberes (povos do Norte de África)
o Mualadi / Mwaladi (Hispânicos convertidos ao Islão)
o Moçárabes (Hispânicos cristãos sob domínio islâmico)
o Judeus
A composição da sociedade do mundo Islâmico, do al-andaluz, é extremamente diversificada e complexa.
Em 711 /14 um exército muçulmano sobre as ordens de seu general, migra para a península ibérica após 714
com um conjunto de populações islâmicas, e esse grupo de conquistadores muçulmanos é já em si mesmo
extremamente diversificado (a mando do califa de Damasco).
- Este exército e os povoadores islâmicos que povoaram a península ibérica e se instalam e vivem lá a partir de
711 /14, são sobretudo todos eles islâmicos, mas divididos em 3 grandes grupos: árabes, sírios e berberes.
- A conquista é militar na primeira fase e política, mas depois com O Tempo há um forte incentivo a que os
povos conquistados se convertam ao islão.

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- A partir da altura em que os povos conquistados se convertem ao islão eles próprios são recrutados para o
exército e para a administração (um dos segredos do grande crescimento do Império Islâmico).
- A partir da altura que os hispânicos convertem ao islão passam a ter uma nova designação que é também um
novo estatuto jurídico e social económico, os mualadi (nome dado pelo poder Islâmico aos hispânicos
convertidos ao islão).
- dentro do Al-andaluz há uma forte pressão e incentivos para que a população hispânica, visigótica anterior,
toda ela cristã na altura da conquista se converta ao islão.
- As populações hispânicas ou hispânico- visigóticas que se mantém como cristãos tem uma outra designação
que corresponde a um outro estatuto jurídico e fiscal que são os moçárabes (são autorizados a manter o seu culto
cristão, mas são obrigados a pagar um imposto especial aos tal para manterem esse privilégio, coisa que mualadi
já não pagam, um dos incentivos à conversão ao islão é essa)
Durante o período dos Omeidas existe uma forte desigualdade, entre árabes sírios e berberes, este últimos vistos
como inferiores.
Este problema trará evoluções no território português durante o reinado de Afonso I, onde as tropas berberes
localizadas a norte saem da zona e revoltam-se contra os seus líderes apoiando uma nova dinastia que apelava
a uma igualdade entre o mundo islâmico os Abássida

Antecedentes da Organização territorial


-A divisão criada por Diocleciano terá um impacto na principal divisão administrativa eclesiástica, arcebispos
em Braga, Mérida, Córdova, Cartago e tarraco
- Questão da invasão islâmica em 711 /14 (contexto de guerra civil dentro do Reino visigótico e a conquista)
- 711 /14 temos essa conquista rápida em 3 anos do Reino visigótico que desaparece, excetuando as zonas
montanhosas do Norte Astúrias, cantábria e país basco
- Depois tentam avançar logo de seguida para a gália (para conquistar o resto da Europa) e entre 718 até 735 é
o período em que há forte conflitualidade militar no sudoeste francês, finalmente os francos acabarão por
conseguir expulsar e impedir o islão de entrar pela gália

1. Os séculos VIII a X
• Batalha de Covadonga, com Pelayo – c. de 722
• Reino Asturo-leonês
Reino das Astúrias (séc. VIII-X) / Reino de Leão (desde séc. X)
• Afonso I das Astúrias (ermamento?! c. de 740)
• Afonso II – descoberto túmulo Santiago (c. 820)
• Afonso III (866/910) Repovoamento até ao Douro e para sul (desde c. 866)
- Batalha de Covadonga, liderada por pelayo (batalha mítica) algures por volta de 722.
Nas Astúrias há conflitos, pequenas tentativas de domínio das Astúrias sobre a península, mas com pequenos
efetivos militares, não é propriamente um objetivo para o islão e haverá neste período alguns conflitos militares
de baixa intensidade em que o islão tentaria dominar as Astúrias não o conseguindo. O seu esforço militar a
partir de 714 (do islão) não será para as Astúrias, mas sim para a França. Pelaio rei fundador da dinastia asturiana
conseguirá uma pequena vitória militar face a o islão que será usada como fonte para o seu caráter e como
justificação genológica na cronista de Afonso III.
- Dentro deste período, do qual sabemos muito pouco, destaca-se essa batalha mítica de Covadonga (perto de
congas de anis) em que terá sido o mítico pelayo (sabe-se muito pouco dele e não se sabe se existiu sequer),
figura muito mítica para um período para o qual não temos registo escrito. Na escrita dos reinos cristãos do

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Norte vão considerar essa batalha como uma grande Vitória destes redutos cristãos do Norte sobre o islão e
posteriormente associam pelayo como mítico fundador da dinastia dos reis das Astúrias (domínio do mito feito
pelo próprio Reino das Astúrias) - Pelayo será essencialmente utilizado na cronista como legitimador da futura
conquista em nome visigótico e das Astúrias
- a partir de 739 temos alguém que se intitula rei das Astúrias, com um poder muito fraco, mas reconhecido
como chefe pelas várias chefias locais independentes que aos poucos vão aceitando um deles como chefe,
sobretudo quando havia interesses comuns, em particular militares
(anteriormente estas comunidades também de poder enfraquecido juntavam se apenas em momentos de
necessidade), a partir daí nasce aos poucos a estrutura muito ténue que no início não se chamaria rei, mas aos
poucos vai tentando impor essa ideia de ser o rei das Astúrias, Afonso I (período anterior muito nebuloso)
Possível mito construído para dar uma origem ao Reino de Astúrias. Desde do século IX e VIII que o reino de
Astúrias vai difundir uma propaganda que afirma que eles eram continuadores do antigo reino Visigótico.
Considera-se Reconquista porque no passado nunca existiu Reino de leão, das Astúrias, nada disso, são
reinos novos. Mas se são reinos novos por que chamar Reconquista e não conquista?
- Porque eles para se legitimar politicamente vão começar a divulgar (fins do século IX e X, sobretudo) a
perspetiva de serem continuadores do velho Reino visigótico. Ora se forem aceites como continuadores do velho
Reino visigótico então desse ponto de vista podiam falar em Reconquista, Reino dos visigodos desapareceu,
mas estes reinos cristãos novos, das Astúrias e depois de leão afirmando se como continuadores podiam falar
em Reconquista pois perderam um território que anteriormente tinha sido seu. Afonso I vai casar com uma filha
de Pelaio sendo assim também continuadora a sua dinastia dos reis das Astúrias.

Afonso I (740-789)
- Em 740 dá-se uma grande revolta dos berberes dentro do próprio emirado de Córdoba, berberes revoltam se
contra o poder de Córdoba, dos emires (poder dominado sobretudo pelos árabes e em segundo lugar pelos sírios
em nome do califa que está em Damasco) há uma guerra civil dentro do islão a partir de 740 e durante uns 5 ou
6 anos
- Como as guarnições no Norte eram quase todas elas constituídas por berberes, com a grande revolta berbere
contra o poder central árabe Islâmico no sul da península ibérica, as guarnições berberes vão abandonar os seus
castelos no Norte para seguirem juntar aos berberes no centro e sul e reforçar a revolta militar contra os árabes,
o que significa que para os reinos cristãos do norte de repente vai haver um vazio de poder militar
- Afonso I verificando que as guarnições desapareceram e que há um vazio de poder grande vai proceder a
amplas atividades militares entre 740 e 752
- No final de por volta de 750 /755 quando o problema de revolta foi sendo mais controlado as guarnições vão
de novo para o norte (os berberes ) e a partir daí o exército cristão recua para as Astúrias pois não tem condições
de manter o espaço (levando consigo todos os habitantes cristãos que viviam nos territórios (que teve de
abandonar ), dando origem ao famoso ermamento (tornar o local deserto, desertificar ), uns foram de livre
vontade e outros obrigados (isto segundo uma crónica, o que não se verificou na realidade, mas a ideia ficou e
até aos anos 80 /90 do século XX grande parte da historiografia levava a letra e este acontecimento, esta teoria
só faz sentido o reverso da medalha que é cerca de 150 anos depois já no tempo de Afonso III com condições
diferentes conseguiu-se mesmo avançar até ao Douro (definitivamente ), fez-se o repovoamento, ou seja, os
territórios ermados anteriormente por Afonso I (estrategicamente ), com Afonso III voltou a trazer pessoas para
repovoar o vale.
É neste contexto que se daria a famosa presúria de portucalia (fundação do condado portucalense).
A data de 868 marca um facto importante no território que hoje habitamos – o Porto e o Norte de Portugal.
Trata-se da presúria, ou seja, a reconquista do território, por parte dos cristãos, após a ocupação pelos
muçulmanos.

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- Desde anos 60 /70 esta interpretação de ermamento e posterior povoamento não é aceite. O que se aceita. Hoje
em dia é que nunca houve um despovoamento total, houve sim com Afonso I uma tentativa de desorganização
administrativa e com Afonso III impõe-se uma administração civil e militar em nome do rei até ao vale do Douro
O Túmulo do Apóstolo Santiago
Afonso II por volta de 820 quando cristãos começaram a dominar mais ou menos noroeste da Galiza,
onde no território próximo de Santiago de Compostela descobre-se o túmulo do apóstolo Tiago (Máxima
importância)
A descoberta do túmulo do ponto de vista político vai ser da maior importância. Isto dar uma importância enorme
à escala europeia a região de Santiago (verdadeira Finisterra da cristandade Latina) e por via disso ao próprio
Reino das Astúrias (Santos há muitos, apóstolos só a 12, são os que viveram mesmo com Cristo e destes da
maioria não se sabe onde estão nem se conservou os túmulos, portanto os locais de Peregrinação à escala da
cristandade sempre foram Roma (túmulo apóstolo Pedro e depois de Paulo) e Jerusalém (sítio onde Cristo foi
morto e ressuscitado) - Santos Peregrinação escala regional, apóstolos mundial.
Junta-se a isto a ideia de que efetivamente a cristianização da península teria começado a norte dando ainda
mais relevância para a legitimação da dinastia Asturiana-leonesa, e de que efetivamente é esta dinastia que pelo
seu caráter católico devia restaurar a fé um dia proclamada por Santiago
Este passou também a ser um importante centro de Peregrinação (Santiago de Compostela)
a partir do século X e XI vai dar origem ao enorme desenvolvimento dos caminhos de Santiago)

Ermamento e repovoamento- Reconquista


Crónica de Afonso III e crónicas anteriores; crónicas clericais elaboradas em mosteiros do Norte Peninsular.

• Crónica Albeldense 881 (mosteiro de Albelda próximo da Cogolla na Rioja): História da humanidade
com base em Isidoro de Sevilha e continuação posterior até 881 no tempo do Reino Godo de Oviedo.
• Crónica Profética de 883.
• Crónica de Afonso III (pouco posterior a 884) conhecida em duas versões: versão crónica Rotense
(Mosteiro da Roda) e versão Crónica Ovetense (ou de Sebastião, porque dedicada a um clérigo
Sebastião);
A Crónica de Afonso III utiliza a Crónica Albeldense e a Crónica Profética e desenvolve-as desde Pelaio a
Afonso III.
Ideia-chave: - Pecados dos godos levam à conquista islâmica (castigo divino); agora os novos reis asturianos,
livres desses erros e pecados, vão trazer de novo a vitória de Cristo e do bem. - Reis asturianos são continuadores
da monarquia visigótica cristã que unificara a Península no passado (568-711).
é um debate historiográfico, muito debatido no século XIX e ao longo do século XX até aos anos 70 /80,
mas que tem por origem as crónicas (as diversas crónicas feitas no tempo de Afonso III). Estas crónicas
constituem os documentos que de alguma forma dão origem /alimentaram esse debate historiográfico.
Em parte este debate está ultrapassado, no entanto, não surge do nada. O seu surgimento deve-se à
existência de documentos que induziram durante muito tempo a historiografia com uma determinada
interpretação a que posteriormente se acrescenta motivações ideológicas, por parte dos próprios
historiadores.
Ermamento vem da palavra ermare (os documentos da época são todos escritos em latim), que coloca
desde início um problema, que é o da tradução.
A palavra populare significaria povoar, por parte dos historiadores do século XIX e XX foi com frequência
não traduzido como povoar, mas como repovoar.

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Este debate do Ermamento e repovoamento tenho a ver com a zona do vale do Douro (em termos
ibéricos e não português, até porque ainda não há Portugal nesta altura).
Na teoria do Ermamento nas crónicas quando Afonso I volta para trás leva consigo a quase totalidade
da população Cristã destas zonas (o tal despovoamento), uns foram de LIVRE vontade com ele e com os
seus homens sabendo que em breve viriam forças islâmicas, e os que não quiseram foram forçados a ir.
No fundo, Afonso I teria de forma deliberada provocado ou tentado provocar uma realidade de um
deserto humano em toda a zona do vale do Douro até perto das zonas montanhosas (Reino das Astúrias
), para que quando a força islâmica chegasse ao território não encontrasse nenhuma população para
exercer a sua autoridade (uma ocupação político-militar permanente de um território não se faz apenas
como ocupação militar, é necessário que exista uma população que lá reside para que esse poder militar
possa exercer isso possa manter.
Nesse sentido um século e meio depois (com o Afonso III) o repovoamento do vale do Douro faria todo
o sentido. Afonso III já num contexto político militar diferente, tinha capacidade militar para ocupar um
território que entretanto já estava quase abandonado ou muito pouco ocupado pelo poder militar
Islâmico, era um pouco Terra de ninguém (durante grande parte do século IX) e Afonso III já tinha recursos
para ocupar o espaço e mantê-lo militarmente face aos previsíveis ataques islâmicos do sul e aí terá
avançado o seu domínio militar até ao vale do Douro, até para lá dele, e com ele vindo uma série de
povoadores do norte das Astúrias, povoar uma Terra que estaria deserta (lógica do repovoamento).
Esta teoria do repovoamento só faz sentido se aceitarmos a teoria do Ermamento. O ponto de partida
deste modelo interpretativo são as crónicas do tempo de Afonso III.
Esta ideia vai ser retomada no século XIX, fins do século XIX e grande parte do século XX historiadores
portugueses e espanhóis irão maioritariamente (não de forma unânime) desenvolver a teoria do
Ermamento quase total no tempo de Afonso I e o repovoamento no tempo de Afonso III.
Depois nos anos 70 começou a haver muitos autores quer em Portugal quer em Espanha a porem em
causa o modelo e durante os anos 80 /90 o modelo foi fortemente posto em causa e hoje em dia quase
ninguém o defende nesta matriz tão radical de um despovoamento total e de um repovoamento também
ele total.
Hoje falamos num Ermamento não uma desorganização administrativa e política, ou seja, as estruturas
de poder político militar cristãos desaparecem, vão todas para norte e depois o repovoamento de Afonso
III é voltar em pôr um poder dos reinos cristãos das Astúrias, poder administrativo, militar, justiça sobre
o território que até então era Terra de ninguém.
Em vez das expressões ermar e populare hoje em dia não se interpretam no sentido literal de
despovoamento total e repovoamento quase total, machinho de uma desorganização, de uma ausência
de poder cristão (quer militar quer político) nesta zona com Afonso I e depois com Afonso III voltarem a
pôr esse poder.
As próprias crónicas descrevem no processo de presúria (Tomar posse em nome do rei sobre um
território que até então não era de ninguém ou era (em termos gerais) Islâmico, mas na prática era um
território que já há muito não tinha um poder organizado regional ou central nem cristão nem
muçulmano)
o que vai acontecer é impor um poder militar e político e administrativo onde ele não existia antes sobre
as populações que lá viviam, é nesse sentido que Hoje em dia se entende essas presúrias e a instituição
dos condados, dos quantos que a nível regional em nome do rei garantem esse exercício desses poderes
(militar, político, administrativo e judicial).

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Juntamente com essa presúria e tomada de posse do território, da população que lá vive, em nome do
rei das Astúrias é evidente que aos poucos vai também ser seguida de migrações e colonização de
populações cristãs do norte das Astúrias que vem compor.

Ermamento
Esta teoria assenta, antes de mais, na existência de um pequeno território que separava o domínio muçulmano
dos núcleos de resistência cristã no Norte. Era um território desocupado, mas provavelmente habitado.
Geralmente é conhecido como a terra de ninguém, e apresenta todos os indícios do período de instabilidade
política desde do século V, até ao período das invasões muçulmanas. Primeiramente é necessário referir o
lançamento desta tese historiográfica a Alexandre Herculano.
Foi este que atribuiu uma suposta área (entre o Mondego e o Tejo) totalmente desocupada, no século XII, sendo,
portanto, um deserto estratégico. No entanto, investigações mais profundas e menos literais, desencadearam
uma nova teoria. Primeiro o deserto estratégico referido por Herculano, não existiu, ou pelo menos, não neste
século, e não como uma região de ninguém.
Assume-se esta região como ocupada, embora não pertencesse a nenhum estado, era autónoma e independente,
constituída apenas por alguns núcleos populacionais muito dispersos e pouco concentrados.
É ainda importante reter o trabalho de Claudio Sánchez Albornoz.
- Para este não havia qualquer dúvida de que a monarquia asturiana descendia dos visigodos, e que, estes núcleos
de resistência eram os cristãos que possuíam o direito genuíno de expulsar todos os muçulmanos da península
ibérica. Este refere-se, porém ao deserto estratégico no vale do Douro, pois acentuava as diferenças entre o
mundo muçulmano a sul e o cristão a norte.
- Deste modo, estes núcleos de resistência teriam repovoado essa região com o simples objetivo de reconquistar
toda a península ibérica. Torquato de Sousa Soares defende vivamente a teoria do ermamento, mas aplica-lhe
novas atenuantes. A continuidade de povoamento, para este autor, era fruto de uma ocupação moçárabe (cristãos
não convertidos).
- Alberto Sampaio é um nome a reter na formulação de uma tese historiográfica que integra e explica também
a questão de Herculano. Desta vez, o palco da acção não é a região entre o Mondego e o Tejo, mas sim o Minho.
Apresenta esta região como sendo uma região sempre habitada e que daria continuidade as populações que aqui
residiam desde da civilização romana.
- Pierre David, e os seus discípulos, apresentam uma nova tese interpretativa sobre esta época. Fazem-no através
da rede diocesana apresentada nesta região. Este, refere- 11 nos uma serie de igrejas e de cultos locais que estão
dependentes dessa continuidade habitacional desde da ocupação visigoda.
- Existiam ainda outros autores que referem que a descendência visigótica dos monarcas asturianos era de facto
meramente ideológica e que funcionava como propaganda política para justificar todo o processo de reconquista.
A vitória é conseguida por Angel Barros García. De facto, os seus estudos assentam numa profunda investigação
sobre as listas de paróquias da idade média. Pode determinar com dados muito precisos a todas as paróquias
criadas pelos romanos, da época moçárabe e ainda depois da reconquista. O resultado foi um efetivo
esvaziamento, mas não total, da área leonesa e sobretudo da área castelhana e do vale do Douro.
Este refere a existência de povoados locais e também á sua ocupação no decorrer de todo o processo de
reconquista. No entanto salienta dois aspetos muito importantes, por um lado, refere esta região como muito
instável e fruto de constantes invasões, e por outro, refere a criação de novos povoados no entre o século VIII e
XI.
- Acrescentados os dados portugueses é apresentado um panorama mais completo. Assim, a região portuguesa
fora menos afetada pelo ermamento ou pelo despovoamento castelhano. Deste modo, as teorias lançadas por

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outros historiadores confirmam de facto o processo de continuidade populacional desde da ocupação barbara na
península ibérica.
Teorias que defendem o ermamento: Claudio Sanchez albonoz, Torquato De Sousa Soares e Alexandre
Herculano.
Teorias que se opõem ao ermamento: José Angel Barros Garcia, Pierre David, e ainda Alberto Sampaio.
Testemunhos documentais: As fontes escritas ou documentais referem a existência de uma região despovoada
que fora conquistada por Afonso I. (crónicas de Afonso III). Este refere ainda a delegação de poderes aos
aristocratas asturianos, de modo a que estes iniciassem um intenso processo de repovoamento destas regiões.
Refere ainda locais espanhóis bem como portugueses que incluíam esta região desocupada.
No entanto, a referência de supostas rebeliões ocorridas nestes locais, demonstra, como referiam os defensores
das teorias de continuidade, a existência de povoados organizados, que sobre a força destes nobres delegados
pela monarquia asturiana se revoltaram.
Assim, podemos concluir, que as fontes nos apresentam uma dualidade de realidades.
Por um lado, os defensores do ermamento estavam corretos, pois existiu uma tendência para a desertificação de
determinadas regiões, mas no, entanto, também os criadores das teorias que defendem a continuidade de
povoados revelam algum ponto de credibilidade. Justifica-se, portanto, esta dualidade através de interpretações
incorretas em relação a determinados termos.
Assim, o objetivo dos monarcas asturianos, seria ocupar e organizar um território que não pertencia a qualquer
Estado, administrativamente.
Porém, estas regiões nunca estiveram desertas, existiam povoados, embora, estes não tivessem qualquer
organização administrativa. Eram no fundo povos rurais, ou agricultores que não possuíam uma autoridade
régia.
Demografia
A maior concentração de povoados no território português é justificada pela existência de um território mais
fértil do que na região espanhola. Conhece-se a existência de povoados nesta região, e do mesmo modo de
incursões e invasões a esta região já dentro do domínio muçulmano.
- Regiões como o Porto ou Chaves eram parcialmente ocupadas, embora entregues a um conde, nomeado por
Afonso III, com o objetivo de repovoar esta região e de a organizar integrando-a assim, sob a autoridade régia.
- No entanto, outras regiões menos ricas, como Viseu e Coimbra, eram constituídas por uma densidade
populacional mais reduzida. A decadência da vida urbana desde a ocupação dos Romanos em meados do século
III, desencadeou, por um lado, a dispersão de povoados e, por outro, os movimentos migratórios para as áreas
mais rurais.
- Por sua vez o período de invasões bárbaras e muçulmanas, cria, um processo inverso, que tende a formar, para
sua defesa pequenos núcleos populacionais. Conclui-se, portanto, que a forma mais natural de habitat entre o
século VIII e o século X são as aldeias. (é difícil determinar as regiões onde se verificou uma tendência para a
dispersão e as regiões onde se verifica a criação e formação de aldeias.)
Como hipótese apresenta-se a região a norte do Douro (Minho) como uma região constituída por povoados
dispersos, enquanto o sul deste era constituído por pequenas aldeias.
- A Galiza, região mais selvagem que a área bracarense acolheu sobretudo nobres e clericais pouco depois das
invasões muçulmanas. Julga-se que esta área era ocupada por populações autóctones nunca romanizadas que se
opuseram a todo o domínio asturiano. A região bracarense, no entanto, alberga todo o território desde do Douro
até ao Minho e era constituída por pequenas aldeias, mais ou menos dispersas.

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Eram povos que viviam da agricultura e que se encontravam distribuídos pelo grau de riqueza e fertilidade dos
solos. Esta foi a região mais procurada pelo processo de repovoamento referido e realizado por Afonso III.
No entanto as populações locais, permaneceram hierarquicamente superiores, aos cristãos do Norte e aos
refugiados moçárabes do sul.
É importante reter ainda, a existência de povoados fortificados, nomeadamente nos antigos castros, que se
opuseram a ocupação e à autoridade régia asturiana. A sua integração no processo de reconquista é muito mais
tardia e ronda o século XI.
- Viseu e Coimbra assumem um papel de grande relevo neste processo de repovoamento. São dois polos
fundamentais de tal modo que a figura régia, Ramiro II, altera a sua residência para esta região (Viseu).
- O processo de Repovoamento Quando os documentos se referem á palavra repovoamento, procuram sobretudo
referir um processo de colonização, pois estas áreas eram já ocupadas por populações autóctones. É um território
que alberga sobretudo moçárabes e povoados neogodos, embora não se possa determinar com coerência e
precisão a origem dos núcleos de resistência cristã.
- A cultura cristã foi mantida sobretudo pelos moçárabes que no início de toda a invasão muçulmana migraram
para norte. Os neogodos, na verdade, traziam consigo aspetos mais relacionados com a cultura romana do que
os aspetos visigóticos.
Conclui-se, portanto, que a sua origem não é visigótica, mas sim, de povos locais, como os cantábricos.
No entanto, e sendo esta área protetora de diversos moçárabes, com a intensificação deste processo de migração,
verifica-se uma assimilação de costumes e tradições muçulmanas. Como vimos este território tornou-se um
pouco a terra de ninguém. Primeiro porque não era uma organização política nem sequer administrativa, não
tinha um sistema comercial bem consistente nem desenvolvido, na verdade eram pequenos povoados que viviam
ainda sobre formas muito rudimentares. Viviam sobretudo da agricultura e da pastorícia, eram no fundo,
pequenas comunidades agrícolas. As populações que afluem a estes espaços demonstram, no entanto, um grau
de sofisticação e de civilização maior do que estes que residem este espaço.
- Ora, as populações vindas do sul da península ibérica, aparecem sobretudo organizados em famílias ou
comunidades. Albergam diversos membros que não apenas os de sangue e, partilham tudo entre si. Uma vez
instalados numa região estavam subordinados às populações locais.
- O objetivo desta colonização ou repovoamento é exatamente criar uma hierarquia e organizar estes territórios
ocupados. Essa hierarquia é mais facilmente obtida quando estas áreas já se encontram sobre um domínio de
um conde ou outro ripo de autoridade.
- Viviam da agricultura, da pastorícia, e do desbravamento de alguns bosques. Possuíam, no entanto, uma
agricultura mais requintada e simultaneamente mais desenvolvida. Quanto a apropriação da terra, seguiam dois
moldes distintos. Ou reservavam um espaço para toda a família e cultivavam esse espaço ou então criavam
pequenos espaços individuais. Quando estas famílias se agrupavam em regiões onde não existiam povoados,
tornavam as suas propriedades como suas e passaram a integra-las no seu património e por sua vez a transmiti-
las de geração em geração.
A evolução das villae
Segundo consta e, através dos vestígios arqueológicos, as villae romanas situadas no norte da península ibérica,
em comparação com as do Sul, eram na verdade centros de pequena e media exploração. Este facto deve-se
sobretudo às características do solo e do clima do norte da península que evitou a construção de grandes
latifúndios como no sul.
As villae podiam e estavam organizadas de duas maneiras distintas. A primeira estava centrada no senhor, e era
constituída por diversos campos agrícolas a par de áreas arbóreas e mais selvagens. Aqui a mão-de-obra abrangia
os homens livres, que mais tarde vieram a constituir os famosos casais, eram estes que praticavam a agricultura,

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para si e para o seu senhor. Esta mão-de-obra incluía ainda uma grande força de escravos (villae domínio). A
segunda podia incluir uma comunidade de homens livres que se haviam unido com o objetivo de explorar de
uma forma intensiva a terra. (villae comunidades) Pensa-se, no entanto, que os antigos limites das villae foram
ocupados pelos condes nomeados por Afonso III no processo de repovoamento, e que foi a partir daqui que se
mantiveram algumas destas villae. (villae fiscais). Crê-se, portanto, que no século VIII e sobretudo a partir deste,
as populações fixaram-se em pequenas aldeias que haviam evoluído a partir dos centros das villae. Isto é,
continuaram a praticar a agricultura, mas devido aos dois fenómenos antagónicos já referidos, por um lado a
decadência urbana e por outro as constantes invasões, levaram á concentração de pequenos povoados. O mais
certo foi os grandes proprietários abandonarem estes locais e estes terem sido tomados pelos seus trabalhadores.
As estruturas do parentesco de facto e um pouco em consequência da instabilidade económica e política, surgem
povoados muito dispersos, formando assim pequenas comunidades sobretudo familiares. Como já vimos as
correntes migratórias do Sul também eram constituídas por estes núcleos familiares. O estabelecimento de uma
hierarquia mais definida desencadeou o encurtamento destas unidades familiares. De facto, o processo de
repovoamento feito tanto pelos condes como pelos bispos, ou outras entidades eclesiásticas, e a sua necessidade
de encontrar mão-de-obra para trabalharem nos seus campos, levou a formação de casais entregues a pequenas
unidades familiares. As populações que habitavam já estas regiões acabaram por se integrar neste mesmo
modelo. Este processo ocorre com menor intensidade nas áreas montanhosas onde ainda se verifica uma
organização em comunidade familiar.
Poderes (organização civil)
Através do capítulo anterior foi possível estabelecer um quadro sociopolítico de toda a região da galécia. As
regiões mais a norte, eram de facto regiões menos povoadas ou com uma tendência para a desertificação. No
entanto as regiões que abrangem o território português demonstram claras evidências da existência de povoados
desde da ocupação sueva.
Apesar da grande divergência dos autores face a este problema do ermamento, todos se encontram unânimes
num aspeto: estas regiões, desertas ou não, eram regiões sem alguma autoridade que as controlasse ou que
exercesse algum tipo de domínio. Domínio senhorial (desconhecimento das fronteiras, sem quaisquer objetivos
de repor a antiga organização territorial). Em relação à organização do território pelas autoridades asturianas,
encontramos a fusão de dois tipos de divisão fronteiriça.
Assim, se permaneceram as antigas fronteiras romanas, pois os condes e monarcas asturianos reconheciam a
divisão e as fronteiras que separavam a galécia da Lusitânia, por outro lado também se fixaram novas fronteiras
mais definidas e concretas.
No entanto a divisão fronteiriça através de acidentes geográficos e rios ainda está longe de acontecer. A melhor
prova do conhecimento destas fronteiras está na ocupação dos condes enviados por Afonso III em locais
verdadeiramente estratégicos: Porto, transferido para Guimarães, e Viseu e Coimbra. Estas regiões sem uma
autoridade consistente foram tomadas pelas autoridades asturianas e entregues a diversos condes que de uma
forma geral se estabeleceram sobre os mesmos parâmetros fronteiriços existentes desde da ocupação sueva. Este
fenómeno de transmissão de poder é algo complexo. Por um lado, as famosas dioceses existentes já
apresentavam uma hierarquia estabelecida, que foram integradas nos vastos domínios, condados, e que por sua
vez se dividiam em pequenos territórios onde uma autoridade local demarcava o seu poder através da delegação
feita pelos condes. A transmissão destes territórios incluía geralmente o filho primogénito do sexo masculino.
Porém nem sempre foi assim, reconhecesse que a herança destes domínios é um fenómeno algo controverso e
complexo que nem sempre passou de pai para filho. Poder delegado aos condes e a outras classes
hierarquicamente inferiores. 17 Poder religioso (poder eclesiástico) Domínio religioso (dirigidas pelas
autoridades episcopais que se perdem neste período de instabilidade desde da ocupação do território pelos
muçulmanos até ao processo de repovoamento de Afonso III). Em relação à rede diocesana, acredita-se que esta
foi fundada sobretudo a partir das vilas romanas. No entanto, admitem a existência de pequenas redes diocesanas
acrescidas e criadas sem qualquer base, ou seja, não a partir de uma vila romana, mas sim, criada num território
e depois rodeada pelos habitantes da aldeia. Estas igrejas que cresceram no âmbito de uma região totalmente

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despovoada ou sem terem origem numa vila romana eram consideradas hierarquicamente inferiores as igrejas
fundadas através das vilas romanas. Muitas destas não integravam o plano diocesano, e só, eram conhecidas as
igrejas descendentes destas vilas romanas. Só dados e vestígios recentes nos podem dar o conhecimento da
construção destas igrejas o que vem confirmas as teses de muitos autores que defendem a continuidade de
povoamento, nomeadamente a de Alberto Sampaio, Pierre David e angel barros Garcia. Estas foram no entanto
construídas sobretudo no período de domínio suevo e visigótico não esquecendo o período das invasões
muçulmanas. Dioceses (tentativa de repor a organização diocesana) Ora no processo de reorganização do
território tomou-se no fundo a velha organização episcopal ou rede diocesana. A herança desta rede diocesana
deve-se no entanto á sua perseverança mesmo após a fuga de alguns bispos nomeadamente o de braga e de dume
para o interior peninsular. A fuga destes pode ter originado a eleição de outros bispos o que pode também ter
conduzido á permanência deste sistema até ao repovoamento de Afonso III. Clero regular - completam as elites
religiosas.
Clero secular
mais próximo dos leigos. Estado religioso
Estado diocesano
é a unidade geográfica mais importante da organização territorial da igreja 18 Mosteiros Desde já é importante
referir a discrepância de construções entre o norte e o sul. Ao contrário do que se julga, existem, no período
entre o século VIII e IX, poucas construções de mosteiros por parte das autoridades clericais moçárabes. No
entanto, no norte, nomeadamente nas Astúrias, existe um processo totalmente inverso. Julga-se porém, que esta
discrepância é fruto das perseguições muçulmanas a alguns moçárabes o que pode ter conduzido a sua fuga para
o norte, nomeadamente nas regiões mais povoadas e mais cristianizadas. Conhecem-se também construções de
mosteiros patrocinadas pelas famílias condais, tanto de portucale como de Coimbra. Este facto indica-nos que
o processo de repovoamento, para além de constituir uma forma de consolidação política tem também uma
consolidação religiosa e cultural, uma vez que o clero era o portador da cultura. Melhor do que as construções
mosteiros, conhece-se sobretudo as empresas levadas a cabo por estas entidades religiosas. Temos o exemplo
de chaves em que foram construídas diversas igrejas dedicadas aos santos patronos. Poder militar O processo
de reconquista do território é algo complexo. Primeiro Este inicia-se em 718 com a revolta de pelágio e termina
com a conquista de granada em 1492. Entende-se por este processo um processo de reconquista dos cristãos aos
muçulmanos que ocupavam a sua região. Antes de Afonso III, não existia a ideia de reconquista do território
aos muçulmanos, quer o entendam como reconquista cristã, ou como descendência directa dos visigodos. Crê-
se, portanto, que a acção de Afonso I ou de Afonso II fosse mais uma acção de pilhagem do que um inicio do
processo de reconquista. A acção de Afonso III, no entanto, apesar de ser considerado o pioneiro no processo
de reconquista foi mais uma ocupação de um território que não possuía a um estado. Talvez o seu sucesso possa
ter desencadeado nos monarcas seguintes uma força de expansão de reconquista do território. A primeira acção
de reconquista começa com Fernando Magno, que anexa e consolida toda a região em torno de Coimbra. 19
(No entanto o termo reconquista do território talvez não signifique a verdadeira acção dos monarcas. As guerras
que se seguem, nomeadamente a endémica, são mais acções de pilhagem e de apropriação de bens materiais, o
que resulta na verdade numa forma de economia.) O conceito de reconquista cristã surge apenas no século XIII
com o final objectivo de expandir todo o domínio cristão e de expulsar os muçulmanos. Guerra permanente
Apesar do conceito de reconquista ainda não incidir nesta altura sobre os objectivos dos monarcas asturianos, a
verdade é que, este período é um período de constantes acções bélicas de ambas facções. Os monarcas
asturianos, mesmo antes e depois de Afonso III realizaram uma série de expedições com o objectivo de pilhar
algumas cidades muçulmanas, sem nunca desejarem anexá-las. Não nos podemos esquecer que a guerra era
também uma forma de economia. Ora a verdade é que os muçulmanos respondiam na mesma moeda. O período
desde do século VIII ao século IX é um período de guerra constante mas no entanto constitui sobretudo uma
guerra endémica, ou seja, frutuosas batalhas com o objectivo de repelir acções de pilhagem ou então com o
objetivo de pilhar ou de apropriar alguns bens. Composição das forças militares Geralmente o monarca é visto
como aquele que concentra em si todo o poder militar. No entanto, nesta época, não foi assim que sucedeu.
Existem relatos de outras entidades que partilham também o poder militar, nomeadamente a aristocracia. O

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melhor exemplo está na delegação de determinados poderes a nobres, nomeadamente aos condes, que para além
de reorganizarem o território também o protegiam e em caso de invasão recrutavam os seus homens livres sem
uma única autorização do rei. Há indícios de que as autoridades locais também podiam recrutar um exercito em
caso de ocupação ou de invasão.

As presúrias de Afonso III (866-910):


• Portucale 868 Conde Vimara Peres (condado 868-1071)
Portucale 868, Conde Vimara Peres (condado 868-1071) ( Vimara Peres fez a presúria e funda o condado
Portucalense utilizando o nome da antiga civita Portucale, um pequeno território que aumenta depois,
desde o rio Lima até ao Douro)
Portucale: este nome deu origem ao nome do condado. O território situava-se entre o rio lima e o rio
douro. Vimara Peres torna-se conde do condado que, antes de tomar posse, era um território em que não
existia um poder definido. Em 1071 deixa de existir voltando em 1096 com D.Henrique) - Portucale: port

• Chaves 872, Conde Odoário


• Coimbra 878 conde Hermenegildo Guterres (condado de 878 a 987/988).
O rei não queria que o Condado Portucalense aumentasse, por isso, manda outro pressário, Guterres, e cria
o condado de Coimbra.
- Esta tinha uma grande comunidade moçárabe e ao contrário do resto do território (que é bastante rural e
quase não há cidades) é urbanizado ( por causa da influência islâmica). Esta urbanização é continuada
pelos moçárabes e aceitam facilmente a autoridade do rei. No condado Portucalense reforçam a união
entre Leão através de casamentos, aumentando a importância dos condes)
- No tempo de Afonso III, a partir de 868 (antes dele foi-se avançando um pouco para a zona do Norte da
Galiza), dar-se-á o avanço de novo até ao Douro, agora de forma definitiva (até ao Douro e para lá do Douro),
é neste contexto que se enquadra a presúria do condado portucalense em 868 por Vímara Peres e 10 anos depois
(878) Coimbra por Hermenegildo Guterres. De forma definitiva, o Reino das Astúrias vai conseguir controlar
até a zona do vale do Douro (120 /130 anos antes Afonso I tinha-o feito de forma ténue porque não tinha
capacidade militar para manter o território), incluindo algumas zonas a sul como é o caso de Coimbra (ainda
que Coimbra voltará a perder-se para o al-andaluz um século depois em finais do século X).
-É neste contexto que se cria o condado portucalense em 868 e o de Coimbra em 878, como um sistema de
organização da expansão do Reino das Astúrias vai se basear neste período na - Constituição de alguns condados
militares autónomos, nas zonas Oeste e na zona este com o condado de Castela, para que o próprio rei possa se
concentrar na zona mais central uma vez que não havia capacidade para o rei concentrar em si toda essa
dimensão.
- Em suma, a partir dos finais do século IX inícios do século X o avanço cristão de forma definitiva vai atingir
o vale do Douro, não o perdendo mais, a sul do Douro é que vai existir (nos tempos seguintes) avanços e
recursos)
Presúria de Castela.
Presúrias – é levar condes para gerir certos territórios que deflagram a bandeira do rei, mostrando e obrigando-
os a reconhecer o rei das Astúrias como seu senhor e o Conde como governador e representador local. Fariam
isto sempre com uma comitiva militar para assegurar que estas comunidades cristãs sobre o domínio islâmico,
mas autónomas e independe devido a uma ausência de guarnição.
Cronicas de Albeldense e Crónica de Alfonso III – reino godo de Oviedo – continuadores dos visigóticos que
erraram no passado e foram castigados por tal. Contudo, agora, Asturias retorna a um cristianismo “sacro” ganha

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várias vitórias ao Islão como prova de tal. De forma a legitimar-se internamente como também exteriormente
para com o Islão e os outros reinos cristãos da europa e da península ibérica.
Com Afonso III temos a consolidação pelo reino das Astúrias da zona até ao vale do Douro, incluindo zonas
mais a sul como Coimbra, apesar deste voltar para territórios do Al-Andaluz no século 10. Os condes e o
contexto das presúrias vão exercer o poder militar e administrativo nestes territórios em nome do rei. Durante
este período que se dá a ideia da reconquista e a associação deste como continuador do reino visigótico.

A evolução do nome portucale: de civitas, a condado e depois a reino


Cronologia:

• Portucale: portus cale romano, via romana e porto marítimo


• Portucale civitas (?) e diocese sueva e visigótica, depois cristã
• Portucale condado Condado portucalense 1: 868-1071
• Condado portucalense 2 – 1096 a 1128/1130-1139/1143
• Portucale regnum – Portugal
• portus cale é a região, (começou por ser uma localização, uma cidade, depois designado com o estatuto
de civitas) num mundo Romano que se centrava na zona onde é hoje o Porto (onde é hoje a cidade de
Porto e Gaia era o portus cale romano). ainda no período romano passou a ter o estatuto de civitas (civitas
não é sinónimo de cidade, é um núcleo urbano, mas com uma autoridade sobre o espaço envolvente). No
século IV ou V aparece já como diocese, as dioceses com frequência vão aproveitar os territórios das
civitas romanas e o portus cale começa por ser um local muito específico, depois passará a ser uma civitas
romana com território envolvente e esse território será depois a diocese.
• Esse Portucale civitas que é uma civitas romana e depois também sede de um bispo (bispo do Porto), é
algo que começa no mundo Romano e continuará no período suevo visigótico. A designação portus cale
é apenas desse território.
• Portus cale começa por ser um núcleo urbano, quase proto urbano, começa apenas por ser um território
muito específico, porque era importante era um local de passagem de uma das principais vias romanas
(que nunca teve ponto e tinha-se de atravessar de barco) e sabemos que ao mesmo tempo era um Porto
Romano marítimo (encontrou-se vestígios arqueológicos de navios romanos afundados).
• Temos litígios entre o século XIII e XIV entre as dioceses do Porto e Braga por causa dos seus limites,
até se acordar que os limites são mais ou menos como hoje (a norte do Ave, Braga e a sul do Ave é
Porto).
• A grande questão é porque é que em 868 quando o Vímara Peres em nome do rei Afonso III das Astúrias
toma posse de todo o território do Minho ao Douro, porque é que este território (mesmo numa primeira
fase) do Lima ao Douro com o quando Vímara Peres em 868 “de repente “ vão chamar Portucale a
praticamente todo o espaço a que Hoje chamamos entre Douro e Minho quando a tradição desde o
mundo Romano e que se manteve no mundo suevo visigótico era deste território ser todo dos bracarus
(território bracara Augusta), sendo de portucale era precisamente no início só uma cidadezinha e depois
civitas e diocese que poderia ir no máximo até ao ave, mas nunca todo esse território.
• Porque é que “de repente “todo esse território se passa a chamar condado portucalense? A lógica
(seguindo a tradição antiga) seria chamar-se condado bracarense.
• Apesar de se chamar condado portucalense nunca (pelo menos que se saiba) o centro político militar do
condado foi Portucale, desde cedo (desde o século X) se dá Guimarães que vai assumir a centralidade
do condado (a centralidade devia ser de Braga, rutura com passado suevo visigótico e Romano.
• Em 868 quando se dá a presúria do condado portucalense por Vímara Peres o condado vai até ao Douro,
a sul do Douro continua a ser Terra de ninguém, só 10 anos depois em 878 é que surgirá o novo condado
de Coimbra com o Hermenegildo Guterres, a partir daí o condado portucalense tem um outro condado
a sul também ele cristão. Portucale era do ponto de vista militar em 868 e há anos seguintes uma zona

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muito exposta (do ponto de vista militar), não tinha de todo as características necessárias para que um
poder político militar tentasse concentrar-se nessa zona.
• É plana (Braga ), fica no local plano, é um vale, a velha cidade romana não estaria deserta, deveria ter
pouca população e muito provavelmente as suas estruturas defensivas também estariam muito
arruinadas e portanto na lógica político militar destes séculos os bons locais para centros políticos ou
militares seriam locais elevados (elevações naturais ), pequenos que associando as suas características
naturais e a construção de uma fortificação no topo (como é pequeno é mais fácil de manter ), é o local
ideal porque com uma pequena guarnição se consegue manter a segurança do espaço (enquanto que
Braga é muito grande para a época, romana com pouca população e com muralhas muito grandes e num
sítio plano) .
• O local tipo Guimarães seria o local ideal para o centro de um poder militar deste tipo que é um local
elevado, facilmente defensável, tem um afloramento granítico, no cimo do local facilmente se constrói
uma estrutura defensível (neste momento sobretudo em Madeira e Terra, o castelo de pedra que
conhecíamos é muito posterior), suficientemente afastada do mar (para não haver acesso fácil da
pirataria), suficientemente afastado do Rio Douro (que era ainda a fronteira com o islão), tinha algum
distanciamento das zonas de maior perigo, mas ao mesmo tempo não está demasiado distante
permitindo do ponto de vista militar dar uma resposta militar coordenada quando necessário.
• Aparece em 1096 um outro condado portucalense (por questão de distinção chamamos de condado
portucalense 2) que é o do conde D.Henrique (vindo de França é-lhe dado por Afonso VI juntamente
com a mão da filha D.Teresa o governo deste novo condado portucalense) que durará entre 1096 até
1139 quando aqui Afonso Henriques começará já a intitular-se rei e passa a Reino de Portugal.
• A história do nome não é simples (de Portugal), a questão do nome é interessante).

• Porque é que D.Afonso VI divide o reino da Galiza em 2? Uma das hipóteses era porque queria limitar
o poder de D.Raimundo e D.Urraca pois Lisboa e Sintra foram conquistadas sob o governo deles. A
segunda hipótese era criar uma nova força militar para manter o território. Na Galiza havia conflitos
internos aos quais D.Raimundo ficou responsável de os resolver enquanto D.Henrique tratava da luta
contra o Islão. É certo que os condes da Galiza não ficavam felizes em ser afastados da luta contra os
muçulmanos, pois antigamente tudo era movido pela guerra, e era isso que trazia sucesso. Após do
“desastre de Lisboa” em 1094, e o recuo do fronteira para Coimbra, Afonso VI entrega em 1096, a D.
Henrique
1º condado portucalense
Do importante a saber sobre o condado de portucalense é dois aspetos fundamentais para a formação da
nacionalidade. Isto está naquele livrinho que o professor recomendou. Em 868, Portucalense forma-se nas
presurrias de Afonso III. Tendo como fundador Vimares Peres. Ganha um certo poder condal perante o rei e
outros elementos da corte. Principalmente depois de Almonzor conquistar Coimbra em 996. Dentro do condado
houve sempre a rivalidade de duas famílias que acabam por se juntar em matrimonio. Descendentes de Vimares
Peres e outra de AFonso Betores. Como todos os condados, perdem um pouco do seu poder durante o reinado
de Fernando Magno com a revolução dos infançoes. Daí a derrota do último conde Nuno Mendes contra o rei
Garcia. Os infançoes Portucalense trocam-no por um galego. Este aspeto é importante porque demonstra ainda
que não há uma consolidação nacional, que ainda não ocorreu uma necessidade de união estável dentro do
próprio território. O Matoso acredita que até mesmo a inde
*independência de Portugal ainda não exista nenhum sentimento unificador nacionalista na península Ibérica.
Na realidade, só houveram supressão e governo por forças exteriores até aquele momento num território
português que em si não é completamente homogéneo. Só com a revolta dos infançoes Portucalense durante o
reinado de Dona Teresa é que se ganha algum tipo de sentimento nacional, ou no mínimo, uma coligação
verdadeiramente local.
Em 1065, o Condado Portucalense e a Galiza fizeram parte do território atribuído por Fernando I ao seu filho
mais novo Garcia II. No entanto, ele lutava por controlar o conde Nuno Mendes. Com a sua vitória em 1071,

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na Batalha de Pedroso, entre a cidade de Braga e o rio Cávado, onde derrota Nuno Mendes, Garcia passa a
intitular-se "Rei de Portugal e Galiza" ( GARCIA REX PORTUGALLIAE ET GALLECIAE ), o Condado
Portucalense é extinto dado que os herdeiros naturais, Loba Nunes e Sesnando Davides, filha e genro do conde,
que tinham o direito de herdar o título, vêem boa parte dos bens confiscados por Garcia II.
Pouco depois, em 1071, os seus irmãos Afonso VI e Sancho II tomaram o reino de Portugal e Galiza,
expulsando Garcia. Na primavera seguinte, Sancho, por sua vez, expulsou Afonso, voltando a juntar os três
reinos, o de Leão, o de Portugal e Galiza e o de Castela. Sancho aparece identificado como rei num documento
português de 1072. Com o assassinato de Sancho, mais tarde, no mesmo ano, D. Afonso VI sucedeu na coroa
de Leão, que abrangia os três reinos

Em 1064 Fernando Magno consegue conquistar Coimbra, após seis meses de cerco e a vitória rende aos
cristãos milhares de cativos e um esplendido saque. O governo dessa cidade é entregue a um moçárabe,
Sisnando Davides, que era provavelmente natural da região. A Sisnando foi confiada também o governo de todo
o território a sul do Douro, logo, tudo o que antes fora o condado de Coimbra. A equiparação da sua autoridade
a nível de conde seria sancionada com o seu casamento com a filha do conde Nuno Mendes de Portucale. No
entanto, apesar de tudo, a sua autoridade não foi bem aceite pelos outros senhores.
A nobreza condal estava a perder poder e houve assim uma privatização dos poderes públicos: cobrar impostos,
Recrutamento militar e aplicação da justiça. As infanções passam a obedecer apenas ao rei e não ao conde, o
que faz com que o rei tenha maior poder militar e o que causa com que as infanções exerçam poderes públicos
e deixem de depender dos condes e que eles percam poder militar. Há a revolução das infanções, onde se vão
transformar na grande nobreza do sec. XI e inícios do sec. XII, acabando assim a nobreza condal.
Com Fernando Magno as, infanções aumentam a sua área, pois os reis dão autorização para eles conseguirem
impor o seu domínio sob um local que estivesse sob domínio muçulmano, isto tudo era uma estratégia para
aumentar o reino cristão, para ter o apoio das infanções que tinham um poder médio e para aumentar a economia
de guerra e beneficiar de saques, escravos e roubos.
À medida que se vão expandindo para sul vão encontrando territórios com comunidades de homens livres, que
vivem em aldeias fortificadas com uma economia de guerra, eles eram “militares, saqueavam territórios
islâmicos e onde permaneciam era entre territórios islâmicos e cristãos, eles eram designados de cavaleiros
vilãos, tinham poder militar próprio, não eram governados por ninguém.
O rei sendo eles cristãos queriam que eles reconhecessem o seu poder e quando as infanções chegavam a este
território de cavaleiros vilão tentavam impor o seu poder fazendo com que pagassem impostos, porem eles não
aceitavam e assim queriam a carta de foral que era uma coisa que o rei oferecia (reconhecia uma comunidade
de homens livres cristãos que se integram no reino e reconhecem o poder do rei) esta carta iria funcionar como
uma espécie de proteção jurídica contra as infanções, ou seja, os cavaleiros conseguiam assim manter a sua
autonomia e também beneficiavam os reis pois eles percebiam que era necessário existir outro poder para alem
dos das infanções, de modo a que as mesmas não aumentassem o poder. Magno com forte pressão militar
consegue transformar o reino de Toledo e de Badajoz em Párias, ou seja, estes reinos pagavam uma espécie de
imposto e o rei comprometia se a não os atacar.
Após a morte de D Fernando, ficou no governo do condado o rei Garcia. O conde de Portucale acabou por se
revoltar contra ele, até à sua morte, na Batalha de Pedroso, pelo rei e os seus apoiantes, nomeadamente os
senhores de Ribadouro, entre outros infanções, em 1071, acabando com a linhagem dos condes de Portucale.

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Braga (século IX (?) – XIV)


a Braga romana tem uma muralha construída no século III, até ao século III a maioria das cidades romanas não
tinham muralhas, vivia se na pax romana.
A partir do século III com as invasões grande parte das cidades romanas são amuralhadas.
Braga está num plano, numa zona baixa, é o próprio Mundo Romano que vai incentivar e obrigar o abandono
do povoamento em castros (em média altitude) para a planície.
Para os padrões medievais Braga é uma cidade muito grande. Durante o período Islâmico não sabemos, (até às
pressúrias e depois das presúrias) do ponto de vista material cumeira Braga.
Sabemos que Braga conhecida do ponto de vista arqueológico a partir dos séculos X e XI e mesmo XII é o
núcleo alto medieval (representado na figura).
Não basta deter muralhas, é preciso que elas estejam em condições e é preciso homens, um número de homens
para poder guarnecer a muralha. Se a muralha é muito grande e se exige uma guarnição militar também ela
muito grande, para o mundo romano isso não é problema, no mundo alto medieval é, porque com o processo de
ermamento a população não desaparece, mas reduz-se).

Afonso III das Astúrias (finais século IX)


Condados - unidades políticas
Territórios- unidades eclesiásticas
Civitates -unidades militares

Evolução dos sistemas de ordenamento territorial militar:


Civitates- Afonso III (fins século IX)
Terras- Fernando magno (meados século XI)

Algumas datas importantes:


1071 restauração diocese de Braga (Bispo D. Pedro)
Couto de Braga: 1109/1110; 1128
1090-1091 Raimundo casa e recebe governo da Galiza
1096 D. Henrique e D. Teresa e condado portucalense.
1096 Foral de Guimarães
1113 restauração diocese Porto D. Hugo
Couto Porto 1120
Foral Porto 1123

A evolução do ocidente ibérico entre os séculos VIII e XI


o século XI
Almançor (981 -1002)
(tínhamos o condado portucalense desde 868 entre o Minho e o Douro, o condado de Coimbra (878) entre o
Douro e o mondego e tínhamos uma situação de enfraquecimento no tempo de Afonso III em que se dá esta
expansão, a um período de enfraquecimento do al-andaluz, do emirato de Córdova.

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A partir de 925 transforma-se em Califado, quer dizer que a partir dos anos de 925 /930 o al-andaluz ganha mais
força.
O condado portucalense terá uma dinastia de condes e que se vão relacionando com a coroa de leão, ganhando
protagonismo grande dentro da coroa de leão durante o século X.
Durante o século X com frequência os condes portucalenses casam com membros da família real leonesa ou
tem o título de ducado de alferes mor e no caso de Afonso V, teve o conde portucalense a tutoria do Afonso V
na sua minoridade.
Surge, a partir sobretudo, de 980 um poder muito forte, há um califa em Córdoba desde 925. A partir de 981
surge um poder militar muito forte depois de resolver uma série de problemas internos dentro do al-andalus, vai
surgir como grande líder militar o famoso Almançor (conquistador) que é no fundo o comandante-geral que em
nome do califa comanda os exércitos islâmicos).
997 – Conquista do condado de coimbrã – os próprios filhos do conde de coimbra vão fazer um acordo com os
almorávidas, reconhecendo o califa como seu senhor – engrossando o próprio exército árabe.
Várias investidas militares contra o reino do León que não constituíam conquistas definitivas. Saques e captura
de prisioneiros – incapacidade de manter o território e uma necessidade de roubar e destruir. Chegando até
santiago de Compostela – saqueando a cidade e roubando ou destruindo objetos sagrados.

Crise e transformação de finais do século X/ início do século XI


Cronologia:

• Bermudo II de leão (984 -999)


• Almançor (981 -1002) (hajib ao governador em nome do califa Hisham II, do Califado de Córdoba) -
987 /988 – 1ª invasão (Coimbra, leão)
• 99 /999 2ª invasão de Almançor - Santiago compostela (filhos do conde de Coimbra associam-se a
almançor)
- Reorganização do mundo islâmico, modo ofensivo, reconquistam o território até ao Douro governada por
Almansor. Anos depois, consegue entrar em Leão, saqueando e também consegue chegar a Santiago de
Compostela, destrói e saqueia o monumento. Volta para sul, com isto, mostra a sua capacidade militar de
entrar no território porém não tem capacidade de conquistar)

• 999 - Rei Afonso de leão, na menoridade tutela de mendo Gonçalves, alferes do Reino e conde de
Portucale

Problemas com a nova conquista Árabe


Almançor enquanto hajib ou governador em nome do califa vai protagonizar entre 981 e 1002 (período em que teve
esse cargo de governador do comandante militar do al-andalus em nome do califa) vai assumir um poder militar
extremamente forte (até á sua morte em 1002) que darão origem a 3 grandes invasões do reino de Leão.
A sua primeira invasão (987- 988) marca o fim do condado de Coimbra.
Na maior parte do período de fins do século X e XI não existe em geral no ocidente nenhum conceito nem nenhuma
prática de guerra Santa. A guerra é muito política, muito em função das conjunturas e com frequência há alianças entre
cristãos e muçulmanos.
Almançor vai ter a capacidade de produzir várias investidas militares dentro do reino de Leão, muito para Norte, em
que os exércitos leoneses não se conseguem opor a essa invasão, mas não se traduziu, no entanto, em conquista
territorial definitiva.
Trata-se sobretudo de operações militares de roubo (saque), de destruições, de fazer cativos e de voltar de novo ao al-
andaluz.
O reino de Leão fica mais fragilizado após todas estas invasões.)

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Fernando Magno (1037-1065)

É um rei que vem das casas reais de Navarra e Aragón (de outra linhagem), casa com filha de Afonso V.
Afonso V quando morre divide o reino, mas o Fernando Magno acabará por eliminar o cunhado e torna-se
de novo o único rei de todo o reino de Leão.
Chegado ao trono do reino de Leão traz consigo toda uma dimensão cultural de influência política diferente,
nova.
Fernando Magno unifica de novo o reino de Leão, continua no seu tempo um sul islâmico dividido em
vários reinos.
Com o reinado de Fernando Magno a organização do condado do reino de Leão vai sofrer profundas
transformações, que tem haver com 2 grandes questões.
Por um lado, transformações que advém do facto de Fernando Magno trazer influências culturais e politicas
diferentes de influência Francesa, mas não só, quando Fernando Magno chega ao poder, desde o inicio do século
XI que dentro do reino de Leão se operava uma série de transformações, essas transformações no fundo quando
Fernando Magno fica rei vai continuar/solidificar um conjunto de transformações que se vão verificando desde
o inicio do Século, muito em consequência das invasões do Almançor.
Com as investidas do Almançor, com uma pirataria muçulmana e normanda, com a perda de autoridade,
prestígio e eficácia militar dos reis e dos próprios condes quem aos poucos vai ganhando um prestígio e uma
eficácia militar maior são estes tais senhores de nível local (são homens que comandam pequenos exércitos, que
vivem muitas vezes em quitas fortificadas de madeira) e a sua dependência em relação aos condes na prática
vai se tornando mais ténue. Estes homens lentamente durante o século XI começarão também a ser designados
como infanções, significa, portanto, uma aristocracia de âmbito regional curto, isto é, o local onde temos
pequenas regiões. Teoricamente continuam dependentes dos condes, mas a sua eficácia e a sua dependência real
são cada vez mais ténues.
Estes homens que com o tempo se vão chamando cada vez mais de infanções, ao longo da primeira metade
do século XI (atingindo o seu máximo no reinado de Fernando Magno), vão passar de uma aristocracia de
âmbito local dependente dos condes , vão se transformar-se (durante a 1ª metade do século XI) na grande
aristocracia que deixa de estar dependente dos condes e passa a estar dependente do rei, este último salto dá-se
precisamente no reinado de Fernando Magno, quando ele se torna rei e acaba por unificar o reino eliminando o
cunhado, está já em marcha este processo de crescente afirmação dos poderes dos infanções e enquanto que os
condes continuam a existir mas com poder efetivo cada vez mais reduzido.
O exército dos condes que era constituído pelo seu exército pessoal mais a soma do exército dos vários
infanções deixa de existir assim, passa a ser só o seu exército pessoal (condes).
A lógica do rei é que prefere ter vários pequenos senhores, vários pequenos chefes militares (cada um tem
o poder militar relativamente baixo) mas todos juntos formam um exército grande (como estava anteriormente
os condes tinham um poder muito equiparável ao do rei, com os exércitos dos pequenos senhores junto aos
deles). Grandes senhores rapidamente podem fazer face ao rei os pequenos senhores não podem.
Esta revolução dos infanções explica que durante o reino de Fernando Magno, os infanções vão se tornar
cada vez mais poderosos e vão acabar por se transformar, já no final do reinado de Fernando Magno e seus
sucessores, na grande aristocracia. O que era então a grande aristocracia eram os condes (aos poucos vão
desaparecendo, no caso do condado portucalense em 1071 o último conde portucalense é morto na batalha de
pedroso).

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Com Afonso VI (rei poderosíssimo que vai unificar Leão), que vai reinar entre 1065 e 1109, com Afonso
VI temos uma outra fase fundamental do reforço do poder régio.)
- Fernando Magno divide o reino pelos seus três filhos (algo que era bastante comum naquela época).
Afonso alia-se com Sancho e derrota Garcia, este foge para o reino de Sevilha, o que demonstra que não só
existia um clima de guerra entre os cristãos e os muçulmanos, mas também de amizade. Afonso entra novamente
em guerra contra Sancho, Afonso perde e foge para Toledo. Sancho entra em guerra com uma sua irmã, morre,
e Afonso volta para o poder. Unifica novamente o território. Em 1077 declara-se Imperator Hispaniae.) ( Em
1085, Afonso VI conquista Toledo. Esta conquista tem significado simbólico devido a ser capital do antigo
reino visigótico e da igreja católica na Península Ibérica, dando grande prestígio ao rei. Os reinos islâmicos
assustaram-se e ficaram indignados porque mesmo pagando as párias não estavam protegidos e, por isso, pedem
ajuda aos almorávidas. Dá-se a batalha de Zalaca em que Afonso VI perde, porém consegue manter Toledo.
Para ajudar a manter o território antigo e o recém conquistado é dado ao rei ajuda de vários cavaleiros, dentro
desses grupos vem D. Raimundo e D.Henrique. Passado algum tempo, os almorávidas vão conquistando alguns
territórios islâmicos na Península Ibérica fazendo a sua unificação. D. Afonso VI é solicitado para ajudar o reino
de Badajoz e como agradecimento pela a sua ajuda é dado ao rei cristão Santarém, Sintra e Lisboa.

Toledo (1085)
Após a derrota às mãos do seu irmão Sancho de Castela em 1072 (ajudado por Garcia II da Galiza) é
desterrado para a cidade de Toledo. - Em 1072, morre o seu irmão Sancho, rei de Castela, no cerco de Zamora.
- Após a prisão do seu irmão Garcia em 1073, torna-se rei da Galiza, de Leão e de Castela.
Com o reino de Afonso VI, reino de Leão unificado (não há condado portucalense), temos um poder do rei de
Leão crescente. Este reinado é um reinado marcante em toda a história destes reinos peninsulares.
Não por acaso que Afonso VI foi o 1º rei (destes reis cristãos ibéricos) que se irá intitular como imperador das
Espanhas, estamos a falar de um período que desde 1030 /1035 já não existe califado de Córdova, do lado
islâmico há vários reinos mas não há um poder islâmico central único, no Norte também não há, temos o reino
de Leão que é o maior mas continuamos a ter os reinos de Navarra, Aragão e os condados catalães e a sul uma
série de reinos islâmicos independentes uns dos outros.
Toledo tinha sido antiga capital política e religiosa do velho reino dos visigodos, reino esse em que a península
ibérica esteve unida num só reino cristão, Toledo era a sede do poder régio e também a sede do poder
eclesiástico. Era em toledo que vivia no tempo dos visigodos o arcebispo de toledo primaz das Espanhas
(designação dada pelo papa, dando primazia eclesiástica sobre todos os outros bispos e arcebispos da Península
ibérica), em que se reuniam os famosos concílios de Toledo, etc.
Em 1085, o rei Afonso VI, rei de Leão, conquista a cidade de toledo ao islão, a sua conquista foi uma marca
muito importante, a partir dai e nos anos seguintes Afonso VI vais e afirmando cada vez mais como grande rei
da península ibérica, porque quer os reinos cristãos quer os reinos islâmicos são mais pequenos.
O que é também importante destacar é que é também no tempo de Afonso VI, as relações com os reinos
muçulmanos eram muitas e variadas. Há vários reinos do lado islâmico e vários reinos do lado cristão, com
frequência há guerra entre eles (não só de islâmicos com cristãos, mas também de islâmicos uns com os outros
e cristãos uns com os outros) e por vezes encontramos alianças meramente conjunturais. Temos contingentes
militares cristãos que tanto combatem pelos ao serviço de reis cristãos como por dinheiro combatem integrados
nas forças islâmicas. É um período complexo, de fronteira, de Guerra em que a situação não é clara de cristãos
contra muçulmanos.
Ao mesmo tempo dessas relações militares complexas vão se havendo relações comerciais entre o Norte cristão
e o sul islâmico e até diplomáticas.

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Afonso VI (antes e depois de Toledo) muitas vezes vai cobrar as famosas párias (impor o pagamento de tributos
que os reinos islâmicos tem de pagar a Afonso VI anualmente em troca de não serem atacados, isto é, para não
serem atacados militarmente comprometem-se a pagar todos os anos uma determinada quantia em dinheiro ou
em bens ao Afonso VI.)

Século XI – As grandes mutações


▪ Crescimento demográfico, progresso económico, caminho de Santiago
▪ Regime senhorial em crescimento
▪ Os cavaleiros vilãos
▪ Fernando Magno e a influência aragonesa e extra-peninsular; a conquista de Coimbra (1064)
▪ A ascensão dos infanções e o fim da nobreza condal
- O tal processo de crescimento dos infanções e do reforço desses senhores que se vão tornar numa grande aristocracia
está associado por um lado a um crescimento demográfico. A cristandade europeia entre os séculos XI e XIII vai
conhecer um período de crescimento demográfico continuado e a península ibérica, pelo menos a parte cristã não foi
alheia a esse movimento e, portanto, esta forte expansão para sul do Fernando Magno e depois de Afonso VI não se
pode dissociar de um momento de crescimento demográfico do Norte cristão aparentemente não correspondido do
lado islâmico (não teve crescimento demográfico equiparável ao norte cristão). O próprio caminho de santiago ajudou
a que esse crescimento europeu também chegasse ao norte da Península Ibérica.
- Por regime senhorial entenda-se um regime no qual determinados poderes senhoriais, normalmente ligados á
nobreza guerreira ou aos senhores eclesiásticos, vão aumentando o seu poder sobre a terra e sobre populações de
homens livres, poder que forma através do imposto, do domínio da terra, rendas, mas também do exercício das
justiças privadas e do poder militar (poder de comando e recrutamento militar.
Ao descobrirem o túmulo do apóstolo Tiago em Santiago de Compostela, o reino das Astúrias a peregrinação
(Santiago de Compostela, Roma, Jerusalém). A peregrinação vai ajudar com que as cidades cresçam porque os
peregrinos fazem paragens, precisam de dormir, alimentar-se). A capital passa a ser Leão

Crescimento e renovação urbana : o surgimento da cidade medieval; carateristicas, processos evolutivos.


Aqui evidenciou-se a compactação do casario e o loteamento do espaço urbano.
A divisão social do trabalho o processo foi diferente entre cada cidade, existindo dois polos: uma escassa
variedade de atividades económica (pastorícia e da agricultura nas zonas de fronteira junto aos eslavos ou ao
Islão, na Espanha e Alemanha) e uma aguda divisão do trabalho mercantil e artesanal (Flandres e norte da Itália
com desenvolvimento de grémios e ofícios).
A atribuição de um foral às populações foi um rasgo essencial da cidade medieval e suscitava reivindicações
populares constantes. O foral podia incluir cinco aspetos principais: reconhecimento de uma fronteira municipal
privada; libertação em relação a uma série de imposições senhoriais; respeito pela inviolabilidade do domicílio;
estímulo à exploração de recursos do território do município e à atividade artesanal e mercantil; e uma cidadania
autónoma no exercício das competências do concelho urbano. Dão origem às “comunas” ou aos “concelhos”,
como comunidades de homens livres com organização, governo, leis e fiscalidade próprias.
A capacidade de ordenação do território rural em torno da cidade demonstrou-se sobre duas forma: uma
funcional (cuja maior demografia, número e variedade de atividades económicas, administrativas e políticas, do
núcleo urbano fazia-o irradiar sobre o núcleo rural) e outra político-institucional (cuja entidade fundadora
reconhecia ao núcleo urbano autoridade sobre as aldeias).

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As dimensões das cidades eram variáveis, mas diminutas comparando com as cidades bizantinas ou islâmicas:
nos finais do século XIII, só umas 70 cidades ultrapassavam os 10 000 habitantes, sendo que Milão e Veneza
poderiam ter 150 000.
As causas para a expansão urbana medieval predem-se entre a expansão europeia, ou seja, ocrescimento
económico, desenvolvimento social e político; e entre a expansão comercial, ou seja, fator artesanal/industrial.
A partir dos séculos XI e XIII verificou-se um crescimento geral da Europa, em termos demográficos,
económicos, urbanamente e é neste contexto que ha uma expansão da população e da economia rural. Por outras
palavras, verifica-se um aumento da produção agrícola e aumento demográfico que era apenas possível se
houvesse uma especialização da produção, com excedentes, que permita o acesso de todos aos produtos. O
comércio desenvolveu-se principalmente a partir dos séculos XI e XIII, fazendo com que as cidades fossem
grandes centros comerciais e surgiu assim uma hierarquia das mesmas, mediante a sua importância a nível de
atividades económicas. As peregrinações religiosas foram ainda um fator importante neste desenvolvimento,
como é o caso de Santiago de Compostela. As migrações do campo para a cidade tornaram-se cada vez mais
frequentes, pois as pessoas estavam em busca de melhores condições de vida.
As muralhas eram um aspeto muito presente nas cidades medievais e nelas viviam povoadores organizados em
familias nucleares, dedicados a atividades agricolas, mercantis e artesanais. Tinham funções militares e de
organização administrativa, social e até mesmo da aplicação de justiça. Havia também fiscalidade que se cobrava
entre os produtos que entravam e saiam. Aqueles que viviam dentro da muralha possuiam mais privilégios do
que aqueles que viviam fora.
Basicamente, uma cidade medieval é caraterizada por apresentar um povoamento organizado e compacto,
divisão social do trabalho, foro proprio, ordenação dos arredores rurais e orgulho municipal. Logicamente, estas
carateristicas não foram atingidas de repende pois até começos do século XIII a maioria destas cidades
medievais não apresentavam de forma clara estes traços em simultâneo. Muitas so nos séculos XIV e XV é que
desenvolveram os traços acima referidos na sua totalidade. Estas cidades tornaram-se verdadeiros centros de
trocas comerciais e financeiras, centros de especialização artesanal e industrial, centros financeiros, centros de
produção e centros de consumo.

A sucessão de Fernando Magno: da divisão á unificação com Afonso VI


Cronologia
▪ Morte Fernando Magno em 1065:
• Sancho II – Castela (1065-1072)
• Afonso VI – Leão (1065) unificado desde (1072/1073 – Imperator Hispaniae (1077)
• Garcia II – Galiza (1065-1073)
- Quando Fernando Magno morre o Reino de leão é dividido, a parte oriental do Reino que era então o condado
de Castela é precisamente entregue ao filho Sancho, a parte central do Reino que era o maior (a parte maior)
do Reino de leão entregue ao Afonso VI e a Galiza, incluindo o condado portucalense passa a ser um Reino
da Galiza.
- Esta partilha, no fundo, foi a última grande partilha que foi feita neste conjunto deste Reino de Leão nesta
fase, porque ele correspondia a um modelo anterior, de influências germânicas, de divisão, ou seja, á morte
do rei a tendência era dividir o Reino pelos seus filhos (como aconteceu várias vezes ao longo destes séculos
IX, X e XI), aqui mais uma vez aconteceu e que também como acontecia em muitas outras situações no final,
depois de alguns conflitos militares entre, neste caso, os 3 e acabará por voltar a ser unificado pelo Afonso
VI

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Filho de Afonso VI e a moura Zaida, com o nascimento da criança, o rei quer que esta seja o seu sucessor ao
trono (não há certeza que a criança é legítima , mas o rei passa sobre isso). Esta mudança na sucessão vai
contra as ambições de D.Urraca e D.Raimundo, pois se Afonso Raimundes não tivesse nascido seria o casal
os próximos reis.
- 1108-Cúria de Toledo sobre sucessão reunião convocada pelo rei com as famílias mais importantes, com a
morte do seu filho Sancho era necessário resolver a questão da sucessão do trono. Fica acordado que seria
D.Urraca mas esta precisava de casar-se. Casa-se com Afonso I, rei de Navarra e Aragão -1109- Morte de
Afonso VI Com a morte de Afonso VI, D.Urraca sobe ao trono mas o seu casamento dura menos de 1 ano (
o casal não se dava bem e havia forças políticas que não consentiram o casamento destes). A nobreza Galega,
a de Leão e a Portuguesa não aprovaram o casamento mas a de Castela sim. -1110 a 1112- Conflito entre
Urraca e Afonso I de Aragão Guerra civil- D.Urraca apoiada pela Galiza e Leão, D.Afonso I apoiado por
Castela. O papa aceitou o divórcio e dissolve o casamento. Quem ganha é D.Urraca.

Afonso VI de Leão (1065- 1109)


Rei de Leão (1065); Leão e Castela unificado desde 1072/1073; Imperator totus
Hispaniae (1077)
Cronologia:

▪ Após a derrota às mãos do seu irmão Sancho de Castela em 1072 (ajudado por Garcia II da Galiza) é
desterrado para a cidade de Toledo
▪ Em 1072, morre o seu irmão Sancho, rei de Castela, no cerco de Zamora
▪ Após a prisão do seu irmão Garcia em 1073, torna-se rei da Galiza, de Leão e de Castela
Ligações com França e com Cluny:
- À semelhança do que fazia o seu pai, Fernando Magno, também Afonso VI mantinha ligações a Clunny,
pagando uma série de tributos para ajudaram a financiar a construção da Abadia;
- Casa com Constança da Borgonha, sobrinha do poderoso Abade de Clunny, Hugo, e bisneta de Hugo Capeto
(Rei de França) em 1081.
- Os monges negros eram os paladinos da reforma gregoriana (aprovada no Concílio de Burgos de 1080), e
era seu objetivo implementá-la bem no seio da luta contra o Islão.
- A corte de Afonso VI era assim uma porta de entrada da reforma canónica, e igualmente para todos aqueles
que queriam lutar num contexto de “guerra santa”.
- Aumento da influência do reino dos francos e a partir pelos francos França uma influência crescente do
papado e de clunny
- O rei Fernando Magno é um rei originário da casa real de navarra, com ele a coroa e a corte de leão começa
a vir com uma forte influência quer política quer religiosa além pireneus
- Afonso VI continua e desenvolve esta tendência que vinha já desde O Tempo do pai Fernando Magno que é
uma crescente influência política e religiosa do mundo além pireneus (o mundo fora da península ibérica),
sobretudo da França em geral, em particular da borgonha e do papado.
- Esse aumento da influência da Europa além pireneus traduz-se de várias formas, em primeiro lugar Deus do
tempo do Fernando Magno e Afonso VI continuará existe uma forte ligação a abadia de clunny.

O impacto da Reforma Gregoriana na Península Ibérica no séc. XI


Cronologia:

• Adoção de uma nova liturgia (Rito Romano), abandonando assim o Rito Hispânico (visigótico);

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• Impulsionamento da fundação e construção de mosteiros ligados à casa-mãe de Cluny, fazendo chegar a


reforma a mais lugares;
• Apropriação, por parte dos religiosos de Cluny, dos cargos eclesiásticos mais importantes (ex: Bernardo foi
nomeado arcebispo de Toledo após a sua conquista);
• Recrudescimento da atitude dos cristãos face a outras ideologias religiosas em desfavor de outras políticas
de conciliação
- Estas novidades todas têm a ver com várias questões, um exemplo é questão da própria liturgia (a forma como as
próprias missas e o próprio ritual cristão era feito), a forma como se continuava a fazer na maior parte nas igrejas do
Reino de leão, era aos olhos da Europa central formas já antiquadas (isso leva as visigóticas que já se tinham
abandonado na Europa há muito tempo). No fundo trazem novas formas de culto.
- Aos poucos os muitos mosteiros que existiam todos eles ainda de um monarquismo do tipo visigótico vão quase
todos ao longo do tempo, do século XI e XII, transformar-se em mosteiros beneditinos de obediência a cluny. Portanto,
muitos mosteiros anteriores ainda de ritual visigótico e de influência visigótica é durante o século XI ou XII que vão
deixar as regras antigas ainda de influência visigótica ou hispânica, para adotar a regra de São Bento e seguindo a
interpretação cluniacense.

- Juntamente com estes monges que vem de França, (que trazem novas formas de monarquia, de ritual, etc) há também
a questão importante dos bispos, a questão dos bispos é fundamental.)
Aproveitando uma conjuntura política e militar favorável conquista de Toledo em 1085.
Em 1086, as forças cristãs sofrem um revés na sua ambição de conquistar praças aos muçulmanos, sendo derrotadas
pelos almorávidas na Batalha de Zalaca.
Na sequência desse desaire Afonso VI estabelece acordos com alguns chefes dos reinos taifa, o que leva a que a
segunda incursão almorávida não seja bem-sucedida. Contudo, em 1091, numa terceira “visita” à Península Ibérica,
os almorávidas conseguem derrotar as tropas cristãs tomando Granada, Sevilha e Málaga.
Com medo das represálias dos almorávidas o rei da taifa de Badajoz pede a proteção de Afonso VI, dando-lhe em
troca dessa proteção (em 1093), Lisboa, Sintra e Santarém.
-Outra dimensão fundamental dessas influências que vem do ocidente é juntamente com essa influência
religiosa, cultural, etc, a partir de 1086 (1085 Afonso VI conquista toledo) com a derrota face aos almorávidas,
toledo fica de novo em risco, a partir dai vem em força ajuda militar de além pireneus. E por tanto juntando á
tal influência que já vinha de trás religiosa, cultural, vindo da França, a partir de 1086 aumenta muito a
influencia, a ajuda, o envio de efetivos militares e civis de efetivos militares principalmente da França para a
península ibérica para ajudar a combater o islão, uma vez que depois da grande vitória de 1085 de Afonso VI
com a conquista de toledo, em 1086 com a derrota importante em zalaca há o perigo de novo de se perder
toledo, depois há um apelo, os próprios cluniacenses vão contribuir para incentivar esse pedido de apoio, que
vem a partir de 1086/1087 e nos anos seguintes vastos contingentes militares franceses para a península
ibérica, ajudar a combater o islão.)
- A conquista de Toledo em 1085, e depois com a derrota de Zalaca em 1086, pelo que representaram a nível
político, militar, ideológico e cultural, motivou a vinda à Península Ibérica, de homens de religião e de guerreiros, que
vieram, uns em busca do conhecimento escrito que anteriormente estava em posse dos muçulmanos, e outros à procura
de se fazerem valer pela espada, animados pelo êxito de Afonso VI.
- Numa destas vagas teriam chegado, para além de outros cavaleiros francos, monges e eventualmente
mercadores, os borgonheses D. Raimundo (filho do Conde de Borgonha), e D. Henrique (filho do Duque da Borgonha
e sobrinho neto de Hugo, Abade de Cluny).

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- Em 1090/91 Afonso VI concede o governo do reino da Galiza a D. Raimundo juntamente com a mão da sua
filha Urraca.
- Em 1094, com o intensificar da ofensiva almorávida, perde-se Lisboa e Sintra para as mãos dos muçulmanos
(Santarém mantem-se cristã até 1111, inserida no Condado Portucalense desde 1096).
- 1096 - Condado portucalense a D. Henrique (do Minho ao Tejo/Islão) e casa com D. Teresa. Raimundo continua
com condado da Galiza, mas reduzido, agora apenas até ao Rio Minho.
Maior parte dos cavaleiros que vem da frança, a maior parte deles (vem cavaleiros, monges, outro tipo de
pessoas, mas da parte militar vem sobretudo cavaleiros), são com frequência filhos segundos. Isto corresponde
a um modelo que se foi desenvolvendo na europa a partir sobretudo do século XI, aquilo que a historiografia
designa normalmente como o processo ou o fenómeno dos filhos segundos.
Este fenómeno é sobretudo no âmbito da nobreza, a partir do século XI (no conjunto da europa, particularmente
nas zonas da França) começa a haver a tendência (ao contrário da tendência antiga germânica de dividir o poder
e os bens entre os vários filhos) dentro da nobreza a deixar o principal do património do poder a um só filho,
criando assim o fenómeno dos filhos segundos.
Qual o problema dos filhos segundos? Os filhos segundos dentro da nobreza, dentro da aristocracia guerreira
deste período, são indivíduos que desde criança são educados para uma única coisa que é a guerra, são ensinados
desde pequenos na arte da guerra e o comando de homens na guerra.
Com o processo de transmissão do património a um só filho quer dizer que vai haver o tal fenómeno dos filhos
segundos, que são aqueles que sendo educados desde criança para a atividade militar não vão ser, ao contrário
do que se passava no passado não vão ter grande poder (ou não tem poder, ou comandam meia dúzia de homens
e pouco mais do que isso). Portanto das duas uma, ou vão ficar sempre subordinados ao irmão que vai herdar a
maior parte do património ou então vão partir para outras aventuras, ou possibilidades.
Em 1093 o reino de Badajoz (que ainda resistia como reino islâmico independente dos almoravidas) faz um
pacto com Afonso VI de Leão (rei cristão), em troca do Afonso VI de Leão se comprometer a ajudar o reino de
Badajoz contra os almorávidas o rei de Badajoz oferece a Afonso VI as cidades de Santarém, Sintra e Lisboa e
territórios envolventes (não é uma conquista é uma cedência pelo rei de Badajoz).
Em 1096, apenas 2 anos depois Afonso VI vai casar a sua filha Dª. Teresa com D. Henrique de borgonha e nesse
mesmo ano, divide o condado da Galiza que tinha dado a D. Raimundo em 1090/ 1091 que incluía desde o Norte
da Galiza até á fronteira com o islão, em 1096 vai dividi-lo em 2, ou seja, o D. Raimundo continua como conde
da galiza, no condado da Galiza que vai só até ao rio Minho e do rio Minho para baixo cria um novo condado
que vai voltar a chamar condado portucalense.

1096–Criação do (novo) Condado Portucalense (2)


Após o “desastre de Lisboa” em 1094, e o recuo da fronteira para Coimbra, Afonso VI entrega em 1096, a D.
Henrique da Borgonha, todo o território englobando os antigos Condado Portucalense e o Condado de Coimbra,
concedendo-lhe ainda a mão da sua filha Teresa.
O novo conde teria como responsabilidade o de assegurar a fronteira meridional, manter Santarém, contendo e
estabilizando a ofensa almorávida. Além disso, como vassalo de Afonso VI teria de lhe prestar auxilium et
consilium sempre que lhe fosse requerido.
O conde D. Henrique tem obrigações.
D. Henrique recebe o condado e a mão de Dª. Teresa.
Enquanto conde tem o poder de governar em nome do rei o território e o que implica uma autonomia
administrativa e militar.

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O auxilium et consilium é obviamente a obrigação do auxílio, antes de mais militar, mas também económico ou
outro em relação ao seu superior, ao seu senhor e o consilium que é o dever de aconselhamento.
Conde D. Henrique sempre cumpriu de forma rigorosa estas obrigações feudais para com o rei Afonso VI.

D. Henrique – Conde de Portucale (1096-1112)


Política interna do condado:

• Com infanções e senhores (nobreza): coutos e privilégios.


• Com cavaleiros-vilãos e comunidades de homens-livres: forais.
• Com a Igreja: Questão religiosa: reforma de cluny e do papado
Ações no reino de Leão

• Obrigações de vassalo do Rei Afonso VI (auxilium et consilium) levam o conde D. Henrique a


presenças e intervenções ativas e frequentes no reino de Leão ao serviço de Afonso VI
Ações contra os Mouros

• Manter fronteira a sul. Coimbra local estratégico avançado

Introdução
Vamos distinguir o governo do condado portucalense pelo conde D. Henrique entre 1096- 1112 em 3 grandes
aspetos: a administração interna dentro do governo, do condado; a dimensão de ações no Reino de leão, ele é
quando, mas como quando tenho obrigações de servir Afonso VI; e finalmente ações contra os mouros.
No fundo, temos 3 grandes linhas de atuação do conde D. Henrique.
D. Henrique não terá condições para avançar o território, mas vai conseguir mantê-lo, e o manter significa
primeiro ter Coimbra e a zona envolvente como uma zona chave (necessidade de ir desenvolvendo fortificações
em torno de Coimbra

Política interna do condado:


Com infanções e senhores (nobreza): coutos e privilégios (exemplo: Couto de Santo Tirso 1097 e 1098)
As grandes famílias de Infanções: Maia, Ribadouro, Braganções, Sousa e Baião
Com cavaleiros-vilãos e comunidades de homens-livres: forais: foral de Guimarães e foral de Constantim 1096
Com a Igreja (couto de Braga – 1112)
Questão religiosa: reforma de cluny e do papado

Com Coimbra: moçárabes e cavaleiros - vilãos (foral de 1111 do conde D.Henrique e D.Teresa; “foral” de
1085 de Afonso VI e D. Raimundo confirmando documento anterior de 1064 (conquista de Coimbra, Fernando
Magno)
sisnando davides, “governador” de Coimbra de 1064 a 1091
- Dentro do condado portucalense podemos destacar:
- Primeiro o conde D. Henrique chega ao condado portucalense (em 1096), casa com Dª. Teresa e toma posse
do condado como conde servindo o rei. Ele vai se instalar no condado portucalense, onde existe já uma sociedade
estruturada e organizada dominada pelos infanções. A partir de 1071 já não existe nenhum conde, portanto o
território que é Portucale é dominado por um conjunto de famílias de infanções, que também dentro dos
infanções não são todos iguais, há famílias mais importantes do que outras.

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- Quando D. Henrique toma posse do condado e vem viver para o condado, na maior parte do condado sobretudo
na região entre Douro e Minho (até ao Vouga é um bocado diferente) nesta região domina um poder senhorial
(alguns autores preferem chamar feudal) e dentro das várias famílias as que dominam são estas 5.
- Cria em 1112 (já no fim do seu reinado) o couto de braga.
- Simultaneamente, a questão eclesiástica, tem a ver com a famosa reforma de clunny, ou seja, trata-se de uma
reforma que já vem de trás e a questão do papado, questão de nomeação dos bispos.
- Em Coimbra não há nesta altura poder efetivo de infanções, o poder dos infanções vai se espalhando para sul
do Douro lentamente até sobretudo a zona do Rio Vouga, mas Coimbra era um território muito de cavaleiros
vilãos (como unidades de homens livres, autónomas, que não estão dependentes de poderes senhoriais)).

➔ D.Henrique ao chegar ao Condado Portucalense vai-se deparar com uma sociedade organizada (com uma
história com mais de 200 anos). Esta sociedade não está habituada a obedecer a um conde mas sim ao rei. Por
isso o conde tem que arranjar uma solução para agradar e obter o respeito dos infanções e da Igreja. Vai
implementar ideias modernas e cria os coutos ( que são terras bem delimitadas governadas por um senhor que
pode criar regras ou impostos dentro daquele território). O conde entrega os coutos a nobres ou eclesiástico,
conseguindo assim a sua devoção. Esta prática já era habitual na Europa mas não na Península Ibérica. Para
proteger o poder dos homens livres, do poder dos infanções cria dois forais: o de Guimarães e o de Coimbra..-
➔ Contra os mouros: manteve as fronteiras com os islâmicos ( o conde e D.Teresa vão andar muito na zona de
Coimbra). Santarém vai resistindo, porém vai ser conquistada em 1111. Não aumentou o território mas houve
muita atividade militar para manter o território
Couto de Santo Tirso: - O conde deu o couto de Santo Tirso a Mendes Maia, que um pouco mais tarde o doou
ao Mosteiro de Santo Tirso. O mosteiro vai receber novos monges e vão adotar a ordem beneditina. Couto de
Braga: - Criam o couto de Braga, entregando-o ao Bispo de Braga entre 1109/1112.

O impacto da Reforma Gregoriana na Península Ibérica em finais do séc. XI:


• Adoção de uma nova liturgia (Rito Romano), abandonando assim o Rito Hispânico (visigótico);
• Fundação e construção de mosteiros ligados à casa-mãe de Clunny, fazendo chegar a reforma a mais
lugares;
• Apropriação, por parte dos religiosos de Clunny, dos cargos eclesiásticos mais importantes (ex:
Bernardo foi nomeado arcebispo de Toledo após a sua conquista);

Ações de governo (necessidade de captar a fidelidade dos principais focos do poder no novo território
(Igreja, Nobreza).

Igreja
o Através da política de concessão de terras (coutos imunes), juridicamente independentes do poder
central;
o Aliciando os membros da Igreja com cargos importantes na sua Corte recém-criada, estabelecida em
Guimarães

Nobreza:
o Capta o apoio das principais famílias de Entre Douro e Minho (Maia, Ribadouro, Sousa, Bragança e
Baião) para a sua esfera de influência.
o Não questionando o seu poder, chamando-os a ocupar cargos na sua corte, responsabilizando-os perante
si, e ao mesmo tempo prestigiando-os.
o Concedendo-lhes domínio sobre grandes extensões de terra, servindo estes como um braço, ou uma
extensão do governo central

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Políticas de povoamento e relações com os concelhos:


• Concessão de cartas de couto à Igreja e mosteiros não só como manifestação de apreço por algum
favor feito ou a fazer, mas sobretudo como parte de uma política de senhorialização do território, ou
seja, uma “fragmentação consentida” da autoridade política central, tendo como objetivo a
organização dos poderes, dada a limitação do governo condal se poder exercer de forma direta em
toda a sua extensão territorial.
• Outorga de cartas de foral ou de privilégios atribuídos a grupos de cidadãos (concelhos) que
respondiam diretamente ao Conde, devendo-lhe menagem. Esta outorga favorecia a fixação de
pessoas nas terras reguengas, levando, entre outras coisas, a um desejado dinamismo e crescimento
económico
• Carta de Couto de Braga 1112 D. Henrique e D. Teresa fazem doação do Couto de Braga à igreja de
Braga e seus Bispos. –Imunidade administrativa, jurídica, militar; –A imunidade do Couto não
poderia ser usurpada nem por rei nem por nenhum nobre; –O Bispo era senhor de pleno direito e de
facto, devendo todos os moradores responder e apelar perante ele e mais ninguém
Garantia jurídica que consignou os direitos, privilégios e deveres dos habitantes de Guimarães, cuja vila e
o seu termo pertenciam ao Conde, respondendo perante ele e os seus oficiais - 1.Promover o povoamento
e valorização social e económica de Guimarães e seu respetivo termo - 2.Proceder à administração da
justiça pelo juiz anualmente eleito que deveria respeitar o disposto no Foral; - 3.Respeitar a pauta
tributária do Foral; - 4.Cumprir os seus deveres militares definidos na carta de Foral.

A Arquidiocese de Braga e o Condado Portucalense


Conflitualidade entre Braga e Santiago pelos direitos metropolitanos do Noroeste
1071 Restauração da diocese de Braga (Bispo D. Pedro)
1099 – Restauração dos direitos metropolitas de Braga (Arcebispo, S. Geraldo)
1101 Diogo Gelmirez Bispo de Santiago (até 1140)
Couto de Braga: 1109/1110; 1128
1118 Paio Mendes arcebispo Braga
1120 – Santiago de Compostela ascende a arcebispado (desde 1118 forte campanha junto do papado nesse
sentido)

• 1113 restauração diocese Porto D. Hugo


• Couto Porto 1120
• Foral Porto 1123

Arcebispos de Braga
D. Pedro (1071-1091) (Bispo)
S. Geraldo de Moissac (1096-1108)
Maurício Burdino (1109-1118)
Paio Mendes (1118-1137)
D. João Peculiar (1139-1175

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- O que aqui é importante destacar, dentro de tudo isto e do governo interno do condado portucalense,
interno e externo, há uma questão muito importante que tem a ver com a afirmação da diocese de Braga
e a sua importância política no conjunto do Reino de leão.
- O problema é, cada vez mais, primeiro os condes e depois os reis vão querer que ao espaço político
um território, do ponto de vista civil, corresponda um território de administração eclesiástica

Foral de Guimarães (1096)


Garantia jurídica que consignou os direitos, privilégios e deveres dos habitantes de Guimarães, cuja vila e o seu
termo pertenciam ao Conde, respondendo perante ele e os seus oficiais.
1. Promover o povoamento e valorização social e económica de Guimarães e seu respetivo termo;
2. Proceder à administração da justiça pelo juiz anualmente eleito que deveria respeitar o disposto no
Foral;
3. Respeitar a pauta tributária do Foral;
4. Cumprir os seus deveres militares definidos na carta de Foral.

Carta de Couto de Braga 1112


D. Henrique e D. Teresa fazem doação do Couto de Braga à igreja de Braga e seus Bispos.

• Imunidade administrativa, jurídica, militar;


• A imunidade do Couto não poderia ser usurpada nem por rei nem por nenhum nobre;
• O Bispo era senhor de pleno direito e de facto, devendo todos os moradores responder e apelar perante
ele e mais ninguém

Cronologia
• Raimundo 1090/91 – Condado da Galiza e casamento com D. Urraca
• Em 1096 Condado portucalense a D. Henrique (do Minho ao Tejo/Islão) e casa com D. Teresa
• Raimundo condado da Galiza até ao Minho
• 1096 Foral Guimarães
• Couto St Tirso 1097 e 1098
• Couto de Braga 1109 e 1112
• Janeiro 1105 tratado Raimundo e Henrique
• 1105 nasce Afonso Raimundes
• Morte de D. Raimundo em 1107
• 1108 Batalha de Uclés e morte da criança Infante Sancho
• 1108 Cúria de Toledo sobre sucessão
• 1109 Morre Afonso VI
• 1109 (?) nasce Afonso Henriques
• 1111 Santarém
• 1112 Morre D. Henrique
• Conflito entre Urraca Afonso I de Aragão entre 1110 e 1112
• Morte de Henrique 1112
• D Teresa: 1112 a 1128: governa o Condado Portucalense
- Afonso Raimundes (filho de D. Urraca e D. Raimundo) é muito importante porque é o futuro rei Afonso VII
que também será intitulado imperador das Espanhas que é primo direito de Afonso Henriques e, portanto, com
quem Afonso Henriques vai ter uma forte interação político-militar durante décadas.
- Em 1108 Afonso VI manda reunir a Cúria em Toledo para discutir a questão da sucessão.

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- A solução que se vai arranjar é: (aparentemente Afonso VI quis esta solução) casar a filha viúva D. Urraca
com o rei de Aragão Afonso I. Portanto decisão que sai de toledo e aparentemente por vontade do rei Afonso
VI é que a filha casasse com o rei Afonso I Aragão.
- O Reino de leão divide-se em pelo menos 3 grandes áreas, a zona de leão propriamente dita (zona central), a
zona este o condado de Castela e a Oeste a Galiza e Portucale.
- Não sabemos a data exata, mas provavelmente nesse mesmo ano em 1109 terá nascido Afonso Henriques filho
da D. Teresa e do conde D. Henrique.
- Uns meses depois do casamento de ter celebrado há a rutura total entre os 2, houve rutura política e militar. E
estão casados há menos de 1 ano e entre 1110 e 1112 há uma guerra civil dentro do Reino de leão, em que de
um lado estão os que apoiam D. Urraca e do outro estão os que apoiam o marido que ela repudiou (Afonso I de
Aragão). Portanto aquilo que Afonso VI tentou evitar, que era uma guerra civil que ele previa que acontecesse
dentro do Reino de leão se casasse a filha com a família de Castela, de Leão, ou da Galiza, temos a mesma
consequência.
- O Reino de leão divide-se, um exemplo paradigmático disso é o próprio conde D. Henrique que na primeira
fase da guerra apoia Afonso de Aragão contra D. Urraca, depois mais ou menos a meio muda de campo e passa
para D. Urraca contra Afonso de Aragão.)

D. Teresa governa o Condado Portucalense (1112 a 1128)


Grandes problemas para garantir controlo do condado:
- Relações com Reino de Leão. - Relações com condado da Galiza.
- Contenda eclesiástica Braga /Santiago de Compostela.
- Investidas islâmicas a sul.
- Relações com nobreza (infanções) e burgos portucalenses (Entre Douro e Minho e Vouga / Viseu e Coimbra)
3 grandes períodos do governo condal de D. Teresa:

• 1112-1116
• 1116-1121
• 1121-1128
- Afonso Henriques foi criado desde criança por uma das principais famílias de infanções portucalenses – isto é
fundamental.
- Ficando D. Teresa como governante do condado, como viúva, exatamente como a sua irmã D. Urraca (com a
diferença que D. Urraca é a rainha do reino de leão e a D. Teresa (viúva desde 1112) fica a governar o condado
portucalense que por sua vez depende do reino de leão, a condessa D. Teresa deve vassalagem á rainha que por
acaso é sua irmã D. Urraca.
- D. Teresa era um bom partido, sendo governante de um condado, de um pequeno condado, mas
estrategicamente colocado em cima da fronteira com o islão, tinha outra questão muito importante, era
governante desse condado e, portanto, governando os recursos em particular militares e económicos que o
próprio condado proporcionava, mas além disso a D. Teresa, não esquecer, é filha do grande Afonso VI
imperador das Espanhas (que havia falecido, mas mantem o prestigio durante décadas) e portanto não é uma
pessoa qualquer.
- A partir de 1112 – 1116 temos um primeiro período do governo de D. Teresa que se costuma considerar um
período em que precisamente no essencial continua as principais tendências governativas e opções governativas
do marido já falecido, do conde D. Henrique, no sentido de manter aparentemente uma boa relação com os
infanções portucalenses, manter o seu apoio aparentemente como uma das bases principais do seu poder, etc.

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- 1116 – 1121 é um segundo período importante em que se dá uma mudança grande neste primeiro paradigma,
é um período extremamente conturbado, complexo, em que aos poucos o centro de influência dentro do qual se
move D. Teresa vai se deslocando de uma influência principalmente protagonizada pelos infanções
portucalenses, a partir de 1116 vai rodando para uma influência aos poucos cada vez maior junto de D. Teresa
de alguns setores da nobreza galega. Alguns setores da nobreza galega em particular da família dos Trava a
partir de 1116 vão aumentando o seu poder e a sua influência mesmo pessoal junto de D. Teresa.
- 1121 – 1128 é o terceiro período de governo de D. Teresa, é o período em que esta mudança primeiro lenta,
se torna obvia, absoluta e forte que é a partir de 1121- 1128 são os interesses dos principais setores da nobreza
galega, personalizados na figura de Fernão Peres de Trava, amante de D. Teresa e governante de facto com a D.
Teresa do condado portucalense. 1121- 1128 é o período de rutura entre D.Teresa e a nobreza portucalense.)

- A reconquista no século XI e XII


Desde o rio Minho até um bocadinho a sul de Coimbra é o condado portucalense tal como o D. Henrique o
recebeu em 1096, como vai manter durante a sua vida, excetuando Santarém que é um posto avançado que ele
recebe, mas que se perdem 1111.
- O território do condado portucalense no tempo de quando D. Henrique e no tempo de D. Teresa do ponto de
vista territorial praticamente não sofreu alterações. Portanto o que D. Henrique e D. Teresa vão conseguir de
facto é conseguir manter as fronteiras do condado, vão conseguir com que ele não perca território, não vão
conseguir aumentá-lo, mas também não vão perder território.
- Afonso Henriques vai para Coimbra em 1131 e torna Coimbra no seu local mais habitual de permanência 2
são as razões, uma tem a ver com a centralidade dada á guerra contra o islão e a outra fundamental é Afonso
Henriques no entre Douro e Minho está completamente condicionado pelas famílias dos infanções portucalenses
que de resto são elas que derrotam as forças de D. Teresa em S. Mamede e portanto são elas que dão o governo
do condado ao Afonso Henriques e portanto Afonso Henriques sente-se fortemente condicionado na sua ação
pelos infanções portucalenses e ao ir para Coimbra , cidade onde a influência senhorial é muito reduzida e pelo
contrário predominam forças de cavaleiros vilãos, de moçárabes , etc., é uma espécie de grito do Ipiranga do
Afonso Henriques ao ir para Coimbra.

D. Teresa governante do Condado Portucalense (1112 a 1128)


Breve cronologia
• (1112 – D. Henrique e D. Teresa fazem doação do Couto de Braga ao Bispo e Igreja da cidade.)
• 1112 – Morte do Conde D. Henrique, a viúva D. Teresa assume o governo do condado, uma vez que o
filho de ambos, Afonso Henriques, era ainda criança.
• 1116-17 incursões muçulmanas até Coimbra (Coimbra cercada, necessidade de apoio também das
forças galegas.)
• Desde 1116 associação com os Travas: Fernão Peres de Trava filho de Pedro Froilaz de Trava.
• Desde 1117 D. Teresa passa a designar-se de rainha (regina) assumindo os seus direitos como filha do
imperador Afonso VI de poder governar parte dos seus estados.
• 1117-1121 conflitos com D. Urraca e com Diego Gelmirez, Arcebispo de Compostela.
• Desde 1120/21: associação de Fernão Peres de Trava ao Governo Condado.
• Desde 1121 afastamento da cúria condal dos grandes senhores portucalenses.
• Desde 1125 afastamento da cúria condal da maior parte dos outros senhores.
• 1125 – Afonso Henriques arma-se cavaleiro em Zamora (?)
• 1126 – Afonso VII, rei de Leão e Castela por morte de D. Urraca.
• 1127 – Cerco de Guimarães por Afonso VII?

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• 1128 (abril)- Confirmação e ampliação do foral de Guimarães por Afonso Henriques (o foral tinha
sido outorgado pelo Conde D. Henrique em 1096).
• 1128 (junho) - Batalha de S. Mamede: Afonso Henriques governa o condado.
Uma mulher assumir naquela época um condado era difícil. As relações entre irmãs não são as melhores, o
que vai resultar em conflitos. D.Teresa vai evitar ao máximo declara diretamente obediência total à irmã.
Também vão existir conflitos entre os dois condados ( Portucalense e da Galiza). Como Galiza estava “
fechada”, ou seja, não podia expandir-se para o sul, viram na D.Teresa, viúva e com um condado nas mãos,
uma boa oportunidade para casar. Qualquer nobre portucalense ou galego queria casar com ela, pois era
apetecível a nível político ( ficava a governar o condado e casava-se com a filha de D.Afonso VI e irmã da
atual rainha. Estavam também presentes problemas religiosos entre Braga e Santiago de Compostela (Primaz
das Espanhas). D.Teresa também tinha de assegurar as fronteiras do condado e tentar protegê-las das eventuais
invasões do mundo Islão. Com a fronteira de Coimbra em perigo, a família dos Trava da Galiza ajuda
D.Teresa com a defesa do território.
O facto de usar o título de rainha ( D.Teresa) o objetivo não era ganhar a independência do condado, mas sim
para lembrar à irmã que também era filha de Afonso VI. D.Teresa continua a não declarar diretamente
obediência à irmã, o que faz com que ela faça uma investida contra D.Teresa que se refugia. Fernão Peres de
Trava( família importante da Galiza, família Trava) ajuda a proteger a fronteira do mundo Islão e
aproximando-se de D.teresa, acabando por se tornarem um casal. Passam a governar juntos o Condado
Portucalense mas a nobreza do condado não gostou, o que fez com que entre 1121 a 1128 as principais
famílias nobres não apareceram mais para assinar documentos e mais tarde as médias e pequenas famílias
nobres. A certo ponto, D.Afonso Henriques afastou-se. Mais tarde, D.Afonso Henriques vai aparecer,
nomeado líder pelos infanções que precisavam de uma figura que tivesse a legitimidade e o poder simbólico
para combater o poder de D.Teresa.

3 grandes períodos do governo condal de D. Teresa:


• 1112-1116 – Continuidade das tendências do governo do conde D. Henrique.
• 1116-1121 – As investidas muçulmanas até Coimbra; a aproximação aos Travas da Galiza; os conflitos
de D. Teresa com a irmã D. Urraca (rainha de Leão) e com Diego Gelmirez, Bispo de Compostela.
Braga perde para Compostela dioceses a sul do Douro; e Porto.
• Na Galiza: forte conflitualidade entre o Arcebispo de Compostela, Diego Gelmirez e a família dos
Travas: Pedro Froilaz de Trava, disputam influência sobre Afonso Raimundes e relações políticas
conturbadas com D. Urraca rainha de Leão.
• A partir de 1121 Diego Gelmirez e Travas unem-se politicamente.
1112- 1116, no geral o que se encontra neste período curto de 4 anos é, claro ela fica viúva, começa a governar
o condado, no essencial mantém-se as tendências de manter o governo do condado muito com base no apoio
dos infanções portucalenses (ela não se casou com ninguém das famílias dos infanções portucalenses).
2º período: 1116-1121 aos poucos D. Teresa aumenta a sua ligação, a sua influência à família dos trava da galiza
e inversamente começa aos poucos a criar algum mal-estar, algum afastamento com a nobreza portucalense que
só no terceiro período é que se nota de forma clara.
Neste período, anos, que estamos aqui a falar Pedro Froilaz de trava e o seu grupo são fortemente inimigos
políticos e não só dentro do Reino da galiza com outro bando chefiado Pelo arcebispo de compostela (Diego
gelmirez), ou seja, neste período o Diego gelmirez e o Pedro Froilaz de Trava encabeçam cada um deles 2
grupos políticos completamente distintos que inclui diferentes famílias da aristocracia de um lado e do outro
(sendo que do lado do arcebispo para além de uma parte da aristocracia esteja também uma parte da cúpula da
igreja, embora haja outras instituições eclesiásticas do lado de Pedro Froilaz) e que disputam antes de mais o
domínio da própria galiza. Há uma conflitualidade interna dentro da galiza.

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A partir de 1121 quando de forma clara ou Fernão Peres trava se assume como amante e não só, como
governante, juntamente com D. Teresa, do condado. Porque a partir de 1121 os documentos condais passam a
ser outorgados em conjunto por dona Teresa e Fernão Peres de trava, governantes do condado portucalense, e
aqui uma afirmação política plena da governação em conjunto do condado que vai levar no terceiro período ao
afastamento e descontentamento dos infanções portucalenses, mas curiosamente é a partir desta altura que o
Diego gelmirez passa a conciliar-se com os travas e faz-se uma frente comum com os travas e D. Teresa.
a partir de 1118 as pretensões de supremacia de Compostela no noroeste peninsular, a partir de 1118 - 1120 vão
ganhar um grande avanço.
1096 o ano em que o conde D. Henrique cria o condado portucalense, a partir deste ano de 1096 começámos a
encontrar em Braga bispos franceses
Diego Gelmirez, neste contexto, entre 1118/20 consegue aumentar muito o poder da sua diocese, consegue ver
reconhecidos alguns dos direitos primaciais e metropolitas da diocese de Compostela, que precisamente é em
1120, finalmente recebe o título de arcebispado (arquidiocese) e passa a ter jurisdição sobre as tais dioceses
sobretudo do Douro.
Resumindo, neste segundo período de governo do condado portucalense por D. Teresa em 1116- 1121 temos
por um lado as investidas dos almorávidas a Coimbra e a necessidade de D. Teresa e Fernão Peres de Trava
estarem em Coimbra fisicamente no momento do cerco e das invasões almorávidas, temos a partir dai a tal
crescente afirmação e influência da família dos Travas junto de D. Teresa. Numa primeira fase isto era visto
como algo de negativo e tem a oposição do Diego Gelmirez (não queria que os travas tivessem demasiado poder
e daí a tal intervenção militar de D. Urraca contra D. Teresa e os travas, aparentemente por sugestão do Diego
Gelmirez), mas depois isto muda a partir da altura em que precisamente a partir de 1121 com a afirmação política
clara e inequívoca do governo do condado juntamente D. Teresa e Fernão Peres de Trava, o Diego Gelmirez
que entretanto estava num contexto favorável (porque entre 1118- 21 conseguiu várias vitórias do ponto de vista
eclesiástico), aumentou a influencia eclesiástica de Santiago de Compostela e portanto já vê com outros olhos a
partir de 21 que se D. Teresa e os Travas estão a governar juntos Portucale, no futuro isso vai obviamente
significar um reforço do poder politico e militar galego e portugalense juntos e então nesta nova conjuntura o
arcebispo já entende que é do seu interesse apoiar D. Teresa e Trava como sendo uma forma de com o tempo a
cidade de Braga e a diocese de Braga passar a ser no futuro ela mesma dependente de Compostela (objetivo de
Diego Gelmirez, não chegou a acontecer, mas faz parte dos planos políticos dele.
1121-1128 – Afirmação do governo condal pela dupla D. Teresa / Fernão Peres de Trava.
Apoio da família dos Trava da Galiza e de Diego Gelmirez
Desde 1121 - afastamento das principais famílias de infanções portucalenses relativamente ao governo de D.
Teresa
Desde 1118 Paio Mendes arcebispo Braga (da família da Maia)
Desde c. 1125 Maioria das outras famílias de infanções afasta-se de D. Teresa
Afonso Henriques vai surgindo como líder dos infanções descontentes com o governo de D. Teresa / Fernão
Peres de Trava.
passamos então ao 3º grande período de governo da D. Teresa no condado Portucalense.
Este 3º grande período, entre 1121- 1128 temos o governo condal, que continua obviamente a ser D. Teresa a
governante do condado Portucalense, mas de forma ostensiva, de forma clara dizendo que governa o condado
juntamente com o Fernão Peres de Trava (são amantes)
O que acontece é que as 5 famílias sempre assinaram (subscreveram, a dizer que concordam) com esses
documentos, a partir de 1121 de forma sustentada essas grandes principais famílias dos infanções deixam de
subscrever a maior parte ou a totalidade dos documentos condais (sendo isto interpretado, por mattoso e por

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outros, como sendo uma demonstração de um afastamento político crescente das principais famílias dos
infanções do governo condal)
E a partir de 1125 além dessas famílias se irem afastando também encontramos aos poucos o Afonso Henriques
começando a ter sobretudo a partir de 1126 algum protagonismo em toda esta conjuntura.)
Afonso Henriques com o ato de se armar cavaleiro em Zamora em 1125 (não temos a certeza disto) quer mostrar
que não depende de ninguém.
Em 1126 morre D. Urraca, rainha de Leão, morrendo D. Urraca automaticamente Afonso Raimundes torna-se
rei de Leão, passando a ter o nome de Afonso VII (passados poucos anos também se intitula tal como o avô
Afonso VI imperador das espanhas)
Afonso VII é primo direito de Afonso Henriques.
A partir de 1125 a maior parte da nobreza portucalense vai se afastando do governo do condado por parte de D.
Teresa e Fernão Peres de Trava, a partir de 25/26 Afonso Henriques começa a aparecer com algum protagonismo
(ainda vai assinando numa 1ª fase, vai mantendo a sua própria assinatura nos documentos condais da mãe e do
Fernão Peres de Trava). A partir de 26/27 também começa, não desaparece, mas vai rareando e depois temos
um acontecimento importante que ainda hoje é objeto de diferentes interpretações.
1126 temo o novo rei de Leão, Afonso VII, em 1127 (provavelmente) temos um episódio conhecido (de toda a
tradição cronista, histórica e na memória coletiva dos portugueses) que é o famoso cerco de Guimarães por parte
de Afonso VII
Em 1128 Afonso Henriques já como governante do condado confirma e amplia o foral de Guimarães (foral
outorgado por D. Henrique em 1096) e diz expressamente nessa apropriação do foral que dá e amplia os direitos
de Guimarães “porque vocês, os habitantes de Guimarães, suportaram comigo o cerco e todas as dificuldades
que ele implicou”
A batalha de S. Mamede (também ela foi objeto ao longo dos tempos de forte leitura ideológica ao longo dos
séculos), foi uma batalha entre de um lado as forças militares fiéis a D. Teresa e ao Fernão Peres de Trava
(governantes do condado) e do outro lado as forças militares da maior parte dos infanções portucalenses que
queriam afastar D. Teresa e Fernão Peres de Trava do governo do condado e substituí-los por Afonso Henriques.
E Afonso Henriques surge como líder deste complô, que na realidade não foi, é muito claro que o complô foi
organizado e preparado pelos infanções portucalenses, mas os infanções portucalenses tinham um problema,
eles sentem-se muito prejudicados pelo governo de Teresa /Peres Trava, desde 21 que isto é claro, querem mudar
isso e portanto é preciso uma alternativa, nenhum deles ousa (nem tinha poder para isso) intitular-se a si próprio
conde (1º porque podia ser difícil entre si entenderem-se e depois porque o rei Afonso VII não ia aceitar que um
infanção ou rico homem qualquer de repente se lembrava e tornava-se conde, o rei é que tinha capacidade para
isso e mais ninguém), portanto Afonso Henriques é uma escolha óbvia.
De forma poética houve quem se referisse á batalha de S. Mamede como a primeira tarde portuguesa no sentido
que seria a partir dali que Portugal se transformou num reino independente, não foi.
Não podemos dizer que a batalha de S. Mamede é uma vitória contra o rei de Leão porque não é, e muito menos
uma batalha contra os espanhóis (não existe Espanha do ponto de vista político na idade média)
Quando Afonso VII se intitula imperador das Espanhas o que ele quer dizer é imperador da península ibérica
toda, Espanha quer dizer península ibérica.)
Foi buscar o nome do livro a uma pintura que representava a batalha. Refere- se à primeira tarde depois da
batalha de S.Mamede.
Vários autores afirmam que o processo de independência de Portugal começou em 1128, outros consideram que
foi após a Batalha de Ourique.

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Não há datas precisas do início do processo de independência, mas sim várias datas simbólicas. Lenda de D.
Afonso Henriques, que afirma que este colocou a mãe entre ferros, não está comprovado se é verdade, mas tem
como objetivo degredir. Associam este episódio ao acontecimento de Badajoz, não aconteceu no tempo de
D.Afonso Henriques mas sim no século XIII. Para entender a lenda temos que ter noção do que se passava no
século XIII, houve conflitos entre a nobreza e os reis, pois estes estavam a diminuir o poder dos nobres e então
para atingir os reis da sua época ( como por exemplo, D.Dinis) criam lendas sobre o seu poder régio. Querem
denegrir a imagem do rei e glorificar a imagem dos nobres que afirmam que D.Afonso Henriques fugiu e teve
de ser as famílias dos infanções a ganhar a batalha. Estas batalhas do passado , quer a de S.Mamede como a de
Ourique estão envolvidas em muitas lendas e mitificadas. A batalha de S.Mamede vai ser novamente falhada
com Alexandre Herculano ( este ligava mais a factos científicos do que a lendas), este rejeita Ourique ,
afirmando que a batalha de 1128 foi importante devido à sua simbologia coletiva. ( Alguns historiadores
afirmam que não davam importância à Batalha de S.Mamede, porque não era tão “ importante” para favorecer
a imagem da monarquia, então dizem que a de Ourique foi a principal). Ao longo dos tempos podemos ver uma
batalha entre as duas batalhas por parte dos pensadores. D.Teresa e Fernão Peres de Trava são afastados do
condado e D.Afonso Henriques passa a governar .
Cerco de Guimarães (1127) por D.Afonso VII.D.Teresa e Fernão Peres Trava encontram-se em Coimbra (
alguns historiadores afirmam que foi de propósito, outros dizem que foi uma casualidade. D.Afonso Henriques
luta contra o primo, o motivo do cerco é devido ao condado ainda não ter jurado obediência ao rei. ➔ A partir
de 1127-1128 as famílias de infanções começam a organizar- se militarmente( cada infançor tem um grupo de
homens livres para combater na guerra. A zona de Coimbra e Bragança não se envolvem na Batalha de
S.Mamede . Grupos populares que apoiavam D.Afonso Henriques - zona de Guimarães. ➔ Fernão Peres de
Trava e Diogo Gelmirez representam uma forma negativa para as pretensões dos nobres portucalenses , pois
tem interesses que querem conquistar. Diogo Gelmirez queria que Braga ficasse sujeita a Santiago de
Compostela e perdesse o arcebispado para a família dos Travas, que queriam acesso direto à fronteira do Islão,
guerra e riqueza. Os nobres portucalenses não queriam perder o seu poder político no condado, que já vinha
desde séculos, para os galegos, quando Afonso Henriques ganha a batalha de S.Mamede afirmam novamente o
seu poder. ➔ A nobreza do rio Lima não apoia a causa de D.Afonso Henriques. O apoio vem da nobreza entre
depois do Lima ao Douro, a região do Vouga e Santa Maria da Feira. Quando se fala de Peres Trava a oposição
não é a pessoa mas sim o que este representa, a influência da família Trava no condado. Ele atua no condado
portucalense como representação do poder. ➔ Em 1125 , não é certo o ano, D.Afonso Henriques arma-se
cavaleiro a si próprio, para dar a ideia que não deve respeito a ninguém , esta foi a narrativa que deram, deixa
de ser menor e entra na maioridade. Batalha de S.Mamede - governo passa para as mãos de Afonso henriques;
- os infanções que se mantiveram neutros ou apoiaram Peres Trava e D.Teresa aceitaram o novo poder: - os
infanções que se afastaram do poder do condado regressam.
Procuram evitar o contacto físico, guerras com pequenas acções e usavam o mínimo indispensável. Meio de
protecção Objectivo: pilhar Estratégias de combate •Hoste: levantamento dos homens livres para a frente de
combate. •Fossado: Expedição de ataque que pode decorrer vários dias e que inclui a participação de cavaleiros
e peões. È a partir daqui que surge aquele meio de protecção em que se escava um fosso no chão com o objectivo
de defender o acampamento/castelo. •Espionagem. •Meios de defesa. 21 •Muralhas: Fixação das populações
nos antigos castros. Construção de castelos muralhados. •A guerra como actividade económica. A guerra nesta
época não tem qualquer carácter de reconquista do território cristão. No fundo estamos perante acções
endémicas, ou seja, de verdadeiras pilhagens uma vez que tantos os muçulmanos como os cristãos não tinham
um exercito capaz de penetrar e de promover uma verdadeira campanha contra o domínio quer muçulmano quer
cristão. De facto as riquezas do sul, atariam em larga medida os exércitos do norte. Estes conseguiram muitas
vezes penetrar cidades bem consolidadas e protegidas. Se os guerreiros do norte pretendiam roubar as cidades
do sul, quando os muçulmanos invadiam as cidades do norte apenas desejavam destruir-las. Queimavam as
casas e os campos, matavam os homens e faziam escravos as mulheres e os seus filhos. Ora há relatos de vastos
tesouros trazidos do norte para o sul. As riquezas entregues às igrejas de facto mostram a quantidade de ouro
que estes podiam trazer nos seus saques. Os nobres localizados nas áreas fronteiriças podem ter beneficiado

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com estas pequenas e grandes acções de pilhagem. Muitos reinos, nomeadamente o de Castela, conseguem a
sua supremacia e independência de leão. (A agricultura e o pastoreio desenvolveram se significativamente nesta
época.) Para além das pilhagens, temos o pagamento dos reféns, que muitas vezes rendiam verdadeiras fortunas.
A cobrança do quinto do saque é uma introdução muçulmana no entanto adoptada pelas forças cristãs do norte.
Este quinto do saque era geralmente reservado para o rei. No entanto nas regiões fronteiriças podia ser partilhado
pelas autoridades locais, uma vez que não estavam sob o domínio régio. A concessão de foral, também implica
a reserva deste quinto do saque para o rei, e existe uma autoridade encarregue disso. (alcaide) 22 Poder senhorial
A sociedade asturo-leonesa é uma sociedade pouco consolidada, ou seja, pouco definida e sem uma estrutura
hierárquica muito clara. Existiam no entanto, dois grandes grupos, influenciados e criados devido ao panorama
que os rodeava, que eram, os camponeses, forçados a abandonar as cidades e a dedicarem-se a agricultura e ao
pastoreio, e a classe que acompanhava o rei nas suas acções de “reconquista”. Este último grupo completava o
poder económico, militar e religioso. Acontece que na sociedade asturiana os diferentes grupos sociais, não
estabelecem qualquer elo de ligação. De facto no processo de repovoamento assistimos a uma distanciamento
entre as comunidades agro-pastoris e os nobres encarregues de reorganizar o território. Na verdade estes
aristocratas são mais colonos do que verdadeiras entidades administrativas. A progressiva dominação do
primeiro grupo pelo segundo dará origem a sociedade feudal. Para muitos autores na península ibérica nunca
havia existido uma sociedade feudal. Alexandre Herculano: Defende a existência de um poder régio
suficientemente forte que evitou toda a fragmentação do Estado. Centram-se na figura régia e na sua supremacia.
Reconhecem a existência de um regime feudal. Assentam os seus estudos na existência de proprietários livres e
dos homens dos conselhos. Para outros autores não há dúvida que existiu de facto uma sociedade feudal. Estes
basearam os seus estudos numa historiografia verdadeiramente marxista, ou seja, a sociedade feudal é fruto de
uma produção feudal. No entanto as sociedades asturo-leonesas eram de facto, verdadeiramente feudais.
Primeiro, embora não estivesse totalmente estabelecido, o feudo era herdado, e depois, porque estas autoridades
aristocráticas exerciam verdadeiros poderes, quer administrativos quer militares económicos ou religiosos nas
terras sob o seu domínio. As dúvidas, porém, são apresentadas segundo os seguintes argumentos. Por um lado,
julga-se, que este regime feudal não englobava todo o território peninsular. Por outro não se conhece a
verdadeira função régia nem até que ponto o rei centrava os poderes em si. 23 Admite-se portanto a existência
de posse de terra por homens livres, que não senhores da terra, e que não exerciam as mesmas funções nem
representavam o mesmo poder. Evolução das comunidades rurais Este processo de apropriação dos poderes
feudais dá-se entre o século X/ XI. Apesar do desmantelamento das instituições do baixo império com as
invasões bárbaras, e embora as comunidades evoluíssem para comunidades unidas pelos laços de parentesco,
assistimos a uma continuidade no exercício de alguns poderes. Embora sem uma autoridade máxima, estas
comunidades, por uma questão de sobrevivência e de necessidade mantêm ainda um sistema de tributos. Estes
eram aplicados de diversas formas, como por exemplo, a troca de mulheres de uma comunidade para a outra.
No contexto do repovoamento e de reorganização do território, os condes apropriaram-se desta autoridade por
duas fases distintas. A primeira seria a demarcação do território através da construção de casas fortificadas. A
segunda engloba a apropriação dos poderes destas comunidades locais. A formação de grandes domínios
senhoriais Na verdade estes domínios senhoriais eram semelhantes às antigas vilas romanas. Estes incluíam no
seu interior casas monásticas, por exemplo os mosteiros, e ainda as comunidades locais, bem como todas as
unidades de exploração da terra. Todos estes componentes estavam dependentes do senhor que exercia o
domínio total sobre esta região. A formação destes grandes domínios dá-se pela apropriação de propriedades
aos homens livres. Este processo é realizado através de várias formas, quer pelos maus anos agrícolas, fomes,
endividamento, ou até pedidos de protecção face ao clima de instabilidade política. Em troca estes proprietários
recebiam protecção e trabalho. Este é um processo que incluí também as autoridades eclesiásticas. A apropriação
de terras, por si só não aumenta o Poder destes aristocratas, mas a produção destas terras e a apropriação da
maioria dos seus bens por estes, é que favorece e consolida o poder destes nobres. 24 Nova estruturação do
poder local Nesta época não existia uma grande distinção entre poder público o poder privado. No entanto e,
em simultâneo com a apropriação de bens e terras por parte das autoridades senhoriais, dá-se um outro fenómeno
de apropriação do poder público pelas entidades religiosas e pela nobreza infancionaria que passa a ocupar os
cargos das autoridades comunitárias locais. A apropriação do poder público por estas entidades dá-se através da
imunidade conseguida por estes. Assim, as entidades religiosas e nobres podem exercer todo o poder legislativo,

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judicial e até militar de uma forma independente sem recorrer nem ao senhor, neste caso conde, nem ao rei. Na
nobreza infancionária, encontramos uma ligeira alteração do poder, uma vez que estes passam a responder
directamente a figura régia. Nobreza infancionária – Vassalos dos grandes aristocratas. Factores que conduziram
à supressão da nobreza infancionária sobre a nobreza condal: Invasões normandas à Gallecia; Estes invadiram
esta região, pilhando, roubando, destruindo obrigando as populações locais a reforçarem as suas defesas;
Guerras entre os Reis e magnates, ou aristocratas acompanhadas entre as guerras civis com os pretendentes do
trono Ataques externos dos muçulmanos aos principais reinos cristãos. Este conflito gerou uma grande
instabilidade no interior do reino de leão. Esta instabilidade interna e externa favoreceu o carácter de imunidade
que os infanções começavam a deter face aos condes. Portanto perante este panorama agiram militarmente
autónomos. (Facto decorrido entre o século X e XI, que termina com a acção de Fernando, o magno.) A
implementação do regime senhorial A nobreza infancionária ganha relevo graças às funções prestadas por estas
aos grandes condes a que prestavam vassalagem. No entanto, e como formas de pagamento, 25 uma vez que a
moeda era rara (não a muçulmana que existia em abundância), recebiam terras ou outro tipo de bens como a
concessão de poderes. As moedas eram raras e geralmente constituíam o tesouro condal. A apropriação de terras
públicas e a sua transformação em domínio privado foi o ponto de partida para o desenvolvimento do sistema
feudal ou senhorial. No entanto a dominação da terra e o seu legado é que constituem já um sistema bem
consolidado. Uma nova estrutura económica: Assente na produção para consumo próprio em que as
comunidades foram forçadas a adoptar meios de subsistência como a caça, a agricultura rudimentar e o pastoreio
a par da recolecção. No entanto, o processo de repovoamento afirma uma nova organização económica, em que
um pequeno grupo de guerreiros se apropria da terra, e dos poderes públicos e através desta vai dominar toda a
produção. Este poder público é partilhado pelos condes e pela nobreza infancionária, sua vassala, que através
das funções que desempenha, consolida o seu poder militar e simultaneamente apropria grande parte das terras
aos proprietários livres. Deste modo a nobreza infancionária procura igualar o seu poder com a nobreza condal.
Poderes: judicial, legislativo, militar, religioso e fiscal.
Como se sabe, da Batalha de São Mamede, em 1128, resultou a substituição dos detentores do poder político
portucalense, tendo-se conjugado as forças sociais no sentido de proporcionar esta alteração. Como sabemos
também, a vitória nesta balha, que opôs as tropas de Afonso Henriques às de Fernão Peres, culminou numa
vitória, não exclusivamente do infante mas dos barões portucalenses, que rejeitavam a autoridade dos Trava e
esvcolheram Afonso Henriques para seu chefe. Contudo, não podemos deixar de encarar o caráter simbólico
presente neste dia, que parecia premonitório no sentido de um nascimento de um novo reino, destinado a ter um
lugar preponderante na Cristandade.
Assim, podemos constatar que, deste ano de 1128 até 1139, Afonso Henriques começa a tomar consciência da
sua crescente autoridade, e utiliza o título de principe ou infante nos documentos, não esquecendo e lembrando
sempre aos outros a sua escendencia régia: era, de fato, neto de imperador e, como tal, reivindicava o direito de
eventualmente suceder a Afonso VI nalgum dos estados governado por seu avô, além de, uma dignidade superior
aos seus pares, porém, continuando a professar vassalagem ao seu primo, Afonso VII (embora saibamos também
das suas tentativas de exandir o território e adquirir vassalos, junto às fronteiras leonesa e aragonesa, como no
caso de Límia e Toronho).
Observamos também que Afonso Henriques adota uma política de doações a mosteiros, igrejas e ordens
militares (ainda em 1129 confirma aos templários a doação que a sua mãe tinha feito anteriormente), sendo que
esras mesmas ordens terão uma importância crucial na “cruzada penínsular”.

Mas o que marca definitivamente a independência de Afonso Henriques é o título de rei. Embora a maior parte
das fontes não expliquem de que forma se deu esta passagem, a tradição portuguesa fala numa aclamação pelos
guerreiros depois da Batalhe de Ourique, em 1139, à boa maneira germanica, o que explicaria pelo menos a
ligação “quase mágica” de Afonso Henriques com o seu escudo. Este, juntamente com a sua espada, seriam
testemunhos eloquentes de que Afonso Henriques devia o título de rei às suas ações guerreiras. Isto também
explicaria a resitência do Papa a considerar Afonso Henriques como rei até 1179, em que a Bula Papal

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reconheceu o reinado de Afonso Henriques como fato consumado. Foi assim que, a partir do ano de 1139,
Portugal passara a ser um reino independente, não tardando a ser reconhecido como tal pelos imperador
(relembre-se que em 1135 Afonso VI tinha sido reconhecido como Imperador, tendo os outros reis penínsulares
prestado vassalagem ao primo de Afonso Henriques) e logo a seguir pelos outros reis da península.

Crescimento demográfico, progresso económico: caminho de Santiago

Crescimento demográfico
Apesar das evidentes dificuldades na quantificação da população nesta altura devido à escassez de fontes, parace
evidente, de acordo com os estudos efetuados com base em algumas observações, que a população do norte
cristão aumentou consideravelmente durande o século XI e que este aumento se prolongaria nos dois séculos
seguintes.
Podemos comprovar este crescimento a partir do aumento do número de paróquias rurais, do aparecimento de
novos topónimos, do aumento do número de filhos por casal, da criação de novos lugares habitados.
Este aumento demográfico terá, certamente, consequências: entre elas podemos identificar o alargamento da
área cultivada, maior rendimento dos senhores, que dispõem de mais mão-de-obra para os trabalhos que dirigem
e podem cobrar mais direitos, aumento do número de guerreiros e consequentemente maior eficácia militar,
necessidade de criar novas comunidades, necessidade de emigrar, aparecimento de bandos de marginais,
fundação de mosteiros e multiplicação do número de monges.

Progresso Económico
Para além das consequências de ordem humana, podemos evidencias várias consequências de ordem
económica. Uma das mais importantes será certamente a que se traduz no fenómeno do progressivo
desaparecimento da escravatura rural. De fato, no seguimento do movimento do crescimento das
alforrias, iniciado já no século anterior, e o transporte dos escravos para o domínio dos trabalhos
domésticos, parece levar, no século XI, ao quase total desaparecimento da escravatura como mão de
obra agrícola. Mesmo os escravos mouros, provindos das investidas cristãs, rapidamente são
absorvidos e assimilados aos outros casatos. Assim, a reserva senhorial deixa de ser cultivada
predominantemente por escravos e esta passa, muitas vezes, a ser loteada em unidades de exploração
familiares e entregues a dependentes ou, utiliza, a exemplo da paradigmática exploração carolíngia, o
trabalho dos colonos dependentes sob a forma de jeiras ou corveias, acontecendo predominantemente
o primeiro caso.
Assim, observa-se que os grandes senhores intervêm pouco na produção, limitando-se a cobrar os seus
direitos e aproveitando os seus rendimentos para a compra de mais terras, além do importante papel na
aquisição de armamento, cada vez mais abundante e poderoso. A cavalaria torna-se, assim, o corpo
fundamental da arte militar e os guerreiros cristãos parecem agora dispor de melhores espadas, de
armaduras, de escudos mais sólidos, enfim, de um armamento de maior qualidade. Claro que esta
disponibilidade económica não pode ser justificada apenas com o crescimento dos rendimentos
dominiais mas também, são fruto do sucesso da própria guerra e dos tributos em ouro das próprias
taifas, que assim tentam garantir a sua sobrevivência. Em termos gerais, assiste-se a uma maior
circulação de moeda.

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Caminho de Santiago
Mas este fenómeno nesta região está intimamente ligado com o sucesso europeu da peregrinação a Santiago de
Compostela, sendo que a imensa atividade económica e a ativa circulação monetária que se concentrou nesse
local, influenciou de sobremaneira o território que seria Portugal.
Assim, a conquista de Coimbra, em 1064, permitiu criar um polo que atraía depois os peregrinos e comerciantes
em direção ao sul, porque aquela cidade foi sempre um entreposto de penetração em território muçulmano.
Neste sentido, deve-se também à influência de Santiago o aparecimento, no fim do século XI, de burgos com
caraterísticas urbanas no Porto, em Guimarães, entre outros.

Regime Senhorial Em Crescimento (Fragmentação Consentida Do Poder)


As alterações observadas do ponto de vista da implantação de um regime senhorial trouxeram importantes
consequências para a organização da sociedade. Em termos gerais, pode dizer-se que se tende para uma
estratificação mais clara em que se podem definir com maior rigor as categorias sociais, através do surgimento
de um elemento separador nítido: o poder de mandar (o banum dos países do norte), ao qual corresponde o dever
de se sujeitar (servicium). Deste modo, a sociedade feudal tende a atribuir tal poder não só àqueles que possuem
efetivamente os meios de o exercer, ou seja, a riqueza e a força militar, mas também aos que lhes sucedem pelo
nascimento, ou seja, os membros da nobreza.
Paralelamente, equiparam-se-lhes os membros do clero que reivindicam um outro tipo de poder, o espiritual,
não obstante possuirem muitas vezes um verdadeiro poder temporal. Tendo, portanto, a fixar-se uma divisão da
sociedade em duas classes distintas e sobrepostas, tendo a dominante, por sua vez, duas categorias diferentes, a
nobreza e o clero, em virtude do tipo de poder exercido por cada uma, apesar das relações mantidas entre si.
Preparam-se, portanto, os fundamentos da ideologia das três ordens.

Os cavaleios vilãos
A intensidade da guerra nas regiões de fronteira, que representava áreas extensíssimas, levou muitos homens
livres, que não possuíam grandes domínios nem tinham qualquer espécie de delegação de autoridade por parte
do rei, a consagrarem-se também às armas. De entre estes, surgiriam grupos que quase se profissionalizavam
para a guerra e que, por isso mesmo, constituíam o grupo local dominante: os cavaleiros vilãos. Sendo que o
primeiro testemunho de que há registo data de 974, sabe-se que o reconhecimento dos seus privilégios vai-se
tornando cada vez mais frequente, sobretudo depois das primeiras décadas do século XI.
Os cavaleiros vilãos foram aqueles que melhor conseguiram resistir à maré avassaladora do regime senhorial,
através das alianças que íam fazendo com o rei e tentando impedir os nobres de se instalarem no âmbito dos
seus respetivos concelhos.

• Fernando Magno e a influência aragonesa e extra-peninsular:


A conquista de Coimbra (1064)
Fernando Magno subiu ao poder no ano de 1037, encerrando a dinastia asturiana e dando início à dinastia de
Navarra, com o cognome de O Magno. Nesta altura, ocorreram uma série de acontecimentos que marcaram o
período que antecedeu a entrega do condado portucalense a D Henrique (1037/1096).
Assim, os primeiros anos do seu reinado parecem sossegados, periodo durante o qual os senhores parecem ter
aproveitado para consolidar os seus poderes, com o apoio do próprio rei, que parece ter legitimado os seus
poderes nas terras governadas. Este fato parece ter sido influenciado pela discordia violenta em que os próprios
reinos taifa se encontravam, visto cada um deles tentar impor a sua hegemonia aos outros. A partir de 1056, o
rei começa a fazer as primeiras expedições de conquista, no extremo acidental do seu reino, continuando a
política dos seu antecessores, isto é, procurando dominar cada vez mais territórios, quer por acordos, quer
através da força. Em 1064 Fernando Magno consegue conquistar Coimbra, após seis meses de cerco e a vitória

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rende aos cristãos milhares de cativos e um explendido saque. O governo dessa cidade é entregue a um
moçarabe, Sisnando Davides, que era provavelmente natural da região. A Sisnando foi confiado também o
governo de todo o território a sul do Douro, logo, tudo o que antes fora o condado de Coimbra. A equiparação
da sua autoridade a nível de conde seria sansionada com o seu casamento com a filha do conde Nuno Mendes
de Portucale. No entanto, apesar de tudo, a sua autoridade não foi bem aceite pelos outros senhores.
Após a morte de D Fernando, ficou no governo do condado o rei Garcia. O conde de Portucale acabou por se
revoltar contra ele , até à sua morte, na Batalha de Pedroso, pelo rei e os seus apoiantes, nomeadamente os
senhores de Ribadouro, entre outros infanções, em 1071, acabando com a linhagem dos condes de Portucale.

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