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Munidos de princípios básicos e de novas técnicas que permitem encontrar pistas até em átomos, os

cientistas podem hoje datar qualquer espécie de matéria. Mas não é tarefa fácil, já que nem todos os
métodos podem ser adaptados a todas as situações. Uma coisa é certa nesta barra cronológica onde nos
encontramos: podemos não nos equiparar à vastidão do tempo, mas estamos a tentar medi-lo.
Quando me sinto prematuramente velho e ferrugento, olho para a pedra que guardo a um canto da
secretária. Este pedaço de rocha cinzento-escura parecida com granito, salpicada de feldspato, chama-se
gnaisse. Apanhei-o do chão quando passeava ao longo do rio Acasta, nos territórios do Noroeste, Canadá.
Assemelha--se em tudo a qualquer outro pedaço de gnaisse, excepto num aspecto: a formação geológica a
que pertence tem mais de quatro mil milhões de anos e é a rocha mais antiga até agora encontrada no
nosso planeta. A idade da Terra é tão antiga, que é quase impossível abarcá-la totalmente. Se
equipararmos um ano a um metro de cordel, necessitaríamos de um comprimento de fio equivalente a
doze vezes a distância entre a Terra e a Lua para obtermos uma idade idêntica à da rocha de Acasta! Os
cientistas determinaram a idade desta rocha servindo-se dos «relógios» que são os seus átomos.
É com a ajuda destes cronometras naturais que eles conseguem compreender a vida, a civilização humana,
a galáxia ou as forças que
modelaram os continentes. Para o período que se estende até há cerca de 40 mil anos, recorrem
habitualmente ao carbono radioactivo, muito utilizado para a datação de solos, conchas, sedimentos
marinhos, locais arqueológicos, ossos e têxteis.
No núcleo de cada átomo, existem diversas partículas subatómicas; entre as quais, protões com carga
positiva e neutrões com carga neutra (excepto no caso do hidrogénio). Regra geral, os átomos do mesmo
elemento têm igual número de protões e de neutrões. O carbono tem seis protões e seis neutrões, de cuja
soma resulta o nome dado a esta forma de carbono: carbono 12. Quando os átomos do mesmo elemento
apresentam um número diferente de neutrões no núcleo, chamam-lhes isótopos. O carbono 12 é um
isótopo de carbono. Outro isótopo é o carbono 14, que tem oito neutrões e é radioactivo. Os isótopos
radioactivos decompõem-se a um ritmo previsível, como sucede com o carbono 14, que, com o tempo, se
transforma em azoto 14. Se engarrafássemos um quilo de carbono 14, ao fim de 5730 anos só existiria
metade daquela quantidade na garrafa, e, decorridos mais 5730, apenas restaria um quarto do conteúdo
inicial. Os físicos chamam a estes períodos (que, no caso do carbono 14, têm a duração de 5730 anos) a
semivida dos isótopos.

CARL ZIMMER, National Geographic, Setembro de 2001

1. Que propriedade do carbono 14, não evidenciada pelo carbono 12, lhe permite ser usado em datação?
2. Por que razão o gnaisse de Acasta, a que o autor do texto se refere, não poderá ter sido datado com recurso
ao isótopo de carbono 14?
3. Porque se considera que a idade atribuída por este método de datação não é uma idade relativa?
4. Transcreva a frase do texto onde o autor melhor evidencia a importância científica das datações isotópicas.
5. Estime a distância aproximada entre a Terra e a Lua, com base na seguinte afirmação: «Se equipararmos um
ano a um metro de cordel, necessitaríamos um comprimento de fio equivalente a doze vezes a distância entre
a Terra e a Lua para obtermos uma idade idêntica à da rocha de Acasta!»

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