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Atendimento de Enfermagem no Manejo às

Infecções Sexualmente Transmissíveis

Prof. Averlândio
averlandio.costa@unp.br

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Objetivos de Aprendizagem
 Realizar atendimento em Enfermagem no manejo às
IST’s;
 Conhecer as IST’s mais comuns e o devido tratamento.

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IST´s

A terminologia Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) passa a ser


adotada no “PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS (PCDT):
ATENÇÃO INTEGRAL ÀS PESSOAS COM INFECÇÕES SEXUALMENTE
TRANSMISSÍVEIS (IST), 2015” em substituição à expressão Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DST), em consonância com a utilização
internacional empregada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pela
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), pela sociedade científica e
por alguns países.

• Nesse contexto, alerta-se a população sobre a possibilidade de ter e


transmitir uma infecção, mesmo sem sintomas, o que aponta para
estratégias de atenção integral, eficaz e resolutiva.

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IST´s

• As IST são causadas por mais de 30 agentes etiológicos


(vírus, bactérias, fungos e protozoários), principalmente,
transmitidas de uma pessoa a outra por contato sexual e, de
forma eventual, por via sanguínea. A transmissão ainda pode
acontecer, da mãe para a criança durante a gestação, o parto
ou a amamentação.

• Podem se apresentar sob a forma de síndromes: úlceras


genitais, corrimento uretral, corrimento vaginal e DIP (doença
inflamatória pélvica)

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Saúde Sexual: abordagem
centrada na pessoa
• Saúde sexual é uma estratégia para a promoção da
saúde e do desenvolvimento humano e integra
aspectos somáticos, emocionais, intelectuais e sociais
do ser sexual, de maneiras que são positivamente
enriquecedoras e que melhoram a personalidade, a
comunicação, o prazer e o amor (BRASIL. 2018).

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• O direito à vida, à alimentação, à saúde, à moradia, à
educação, ao afeto, aos direitos sexuais e aos
direitos reprodutivos são considerados Direitos
Humanos fundamentais. Respeitá-los é promover a
vida em sociedade, sem discriminação de classe
social, de cultura, de religião, de raça, de etnia, de
profissão ou de orientação sexual (BRASIL, 2018).

• É papel do profissional de saúde oferecer


orientações centradas na pessoa com vida sexual
ativa e em suas práticas, com o intuito de ajudá-la a
reconhecer e minimizar seu risco.

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• Comumente, as pessoas associam sexualidade
ao ato sexual e/ou aos órgãos genitais,
considerando-os como sinônimos. Embora o
sexo seja uma dimensão importante da
sexualidade, esta é muito mais que a prática
sexual e não se limita à genitalidade ou a uma
função biológica responsável pela reprodução
(BRASIL, 2018).

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• Orientação sexual: é a atração que alguém sente por
outros indivíduos. Geralmente, envolve questões
sentimentais, e não somente sexuais.
• Identidade de gênero: é uma classificação pessoal e
social das pessoas como homens ou mulheres, que
pode ou não concordar com o gênero que lhes foi
atribuído ao nascimento.
• Sexo designado ao nascimento: refere-se aos
aspectos anatômicos e morfológicos da genitália ao
nascimento.
• Expressão de gênero: é a forma como a pessoa se
apresenta, sua aparência e seu comportamento.

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PREVENÇÃO COMBINADA

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Imunização
• Vacina HPV
Meninas de 9 – 14 anos e Meninos de 11 – 14
anos.
• Vacina Hepatite B
3 doses em qualquer faixa etária.
• Vacina Hepatite A*

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Principais IST’s: manejo em
Enfermagem

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EXAME FÍSICO

Observar pele, particularmente a palma das mãos, plantas dos pés;


mucosas orofaríngea e dos genitais e palpar os gânglios de todos os segmentos
corporais (cabeça, tronco e membros).
• Quaisquer lesões (ulceradas ou não, em baixo ou alto relevo, hiperêmica,
hipercrômica, circular, irregular etc.), no abdômen, dorso, couro cabeludo, e
principalmente, na região perineal, deverão ser anotadas e correlacionadas
com a história em questão.

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EXAME GENITAL FEMININO

Avaliar a disposição dos pêlos,


conformações anatômicas (monte de
Vênus, grandes e pequenos lábios, O exame deve ser realizado com a
clitóris, hímen, períneo, borda anal), paciente em posição ginecológica.
distrofias, tumorações, ulcerações etc.
Realizar o exame especular.

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SÍNDROME: VERRUGA
ANOGENITAL

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CONDILOMA ACUMINADO (HPV)
O condiloma acuminado, conhecido também como verruga anogenital, crista de
galo, figueira ou cavalo de crista, é uma IST causada pelo Papilomavírus humano
(HPV). Atualmente, há mais de 200 tipos de HPV descritos, sendo que
aproximadamente 40 tipos infectam o trato anogenital e pelo menos 20
subtipos são associados ao carcinoma do colo uterino. Os fatores que
determinam a persistência da infecção e a progressão para neoplasias do
sistema geniturinário incluem infecção por HPV de alto risco oncogênico,
estado imunológico e tabagismo.

Sinais e Sintomas
• Normalmente causa verrugas de tamanhos variáveis.
• No homem cabeça do pênis (glande) e na região do ânus.
• Na mulher, os sintomas mais comuns surgem na vagina, vulva, região do ânus
e colo do útero.
As lesões também podem aparecer na boca e na garganta.

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TRATAMENTO

• O objetivo principal do tratamento da infecção pelo HPV é a


remoção das remoção das lesões condilomatosas, o que leva a
cura da maioria dos pacientes.

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SÍNDROME: ÚLCERAS
ANOGENITAIS

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LINFOGRANULOMA VENÉREO (LGV)

É uma infecção crônica causada pela bactéria Chlamydia trachomatis,


que atinge os genitais e os gânglios da virilha.

Sinais e sintomas

• A manifestação clínica mais comum é a linfoadenopatia inguinal e/ou


femoral.
• Os primeiros sintomas aparecem de 7 a 30 dias após a exposição à
bactéria. Caracteriza-se pelo aparecimento de uma lesão genital (lesão
primária) que tem curta duração e que se apresenta como uma ulceração
(ferida) ou como uma pápula (elevação da pele). Esta lesão é passageira (3
a 5 dias) e frequentemente não é identificada pelos pacientes,
especialmente do sexo feminino. Podem haver, também, sintomas gerais
como dor nas articulações, febre e mal estar.
• No homem, a linfadenopatia inguinal desenvolve-se entre uma a seis
semanas após a lesão inicial, sendo geralmente unilateral. Na mulher, a
localização da adenopatia depende do local da lesão de inoculação.

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TRATAMENTO:

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CANCRO MOLE
O cancro mole pode ser chamado de Cancroide e cancro venéreo, mas seu
nome mais popular é “cavalo”. Provocado pela bactéria Haemophilus ducreyi. A
transmissão ocorre pela relação sexual com uma pessoa infectada.

Sinais e Sintomas
• Os primeiros sintomas - dor de cabeça, febre e fraqueza - aparecem de dois a 15
dias após o contágio. Depois, surgem pequenas e dolorosas feridas com pus de
bordas irregulares nos órgãos genitais, que aumentam progressivamente de
tamanho e profundidade.
• Nem sempre, a ferida é visível, mas provoca dor na relação sexual e ao evacuar.
• As lesões são dolorosas, geralmente múltiplas, podendo ser única. A borda é
irregular, apresentando contornos eritemato-edematosos e fundo irregular
recoberto por exsudato necrótico, amarelado, com odor fétido que, quando
removido, revela tecido de granulação com sangramento fácil.

TRATAMENTO

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HERPES GENITAL
É uma doença causada por um DNA-vírus que, apesar de não ter cura, tem
tratamento. Depois que a pessoa teve contato com o vírus, os sintomas podem
reaparecer dependendo de fatores como estresse, cansaço, esforço exagerado,
febre, exposição ao sol, traumatismo, uso prolongado de antibióticos e
menstruação. Em homens e mulheres, os sintomas geralmente aparecem na região
genital (pênis, ânus, vagina, colo do útero). O herpes genital é transmitido por meio
de relação sexual (oral, anal ou vaginal).

Sinais e Sintomas
• Essa doença é caracterizada pelo surgimento de pequenas bolhas na região
genital, que se rompem formando feridas e desaparecem espontaneamente.

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TRATAMENTO:

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DONOVANOSE
É uma infecção causada pela bactéria Klebsiella granulomatis, que afeta a pele
e mucosas das regiões da genitália, da virilha e do ânus. Causa úlceras e destrói a pele
infectada.

Sinais e Sintomas

• Os sintomas incluem caroços e feridas vermelhas e sangramento fácil. Após a


infecção, surge uma lesão nos órgãos genitais que lentamente se transforma em
úlcera ou caroço vermelho. Essa ferida pode atingir grandes áreas, danificar a pele
em volta e facilitar a infecção por outras bactérias. Como as feridas não causam dor,
a procura pelo tratamento pode ocorrer tardiamente, aumentando o risco de
complicações.

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TRATAMENTO

Obs: PVHA = Pessoa vivendo com HIV/Aids

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SÍFILIS
A sífilis é uma infecção bacteriana, de caráter sistêmico, curável e exclusiva
do ser humano. É uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum.
Podem se manifestar em três estágios. Os maiores sintomas ocorrem nas duas
primeiras fases, período em que a doença é mais contagiosa. O terceiro estágio pode
não apresentar sintoma e, por isso, dá a falsa impressão de cura da doença.
A sífilis pode ser transmitida de uma pessoa para outra durante o sexo sem
camisinha com alguém infectado ( principal via de transmissão), por transfusão de
sangue contaminado ou em gestantes, a sífilis pode ser transmitida para o feto
(transmissão vertical), com mais frequência intraútero (com taxa de transmissão de
até 80%), apesar de também ser possível sua ocorrência na passagem do feto pelo
canal do parto. A probabilidade da infecção fetal é influenciada pelo estágio da sífilis
na mãe e a duração da exposição fetal.
Na gestação, essa infecção pode apresentar consequências graves, como
abortamento, parto pré-termo, manifestações congênitas precoces ou tardias e/ou
morte do RN.

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2. SEGUNDO AS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA SÍFILIS ADQUIRIDA:

a) SÍFILIS PRIMÁRIA: após o contato sexual infectante ocorre um período de


incubação de 10 a 90 dias (média de três semanas). A primeira manifestação é
caracterizada por uma erosão ou úlcera, no local de entrada da bactéria (pênis,
vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais do tegumento). É
denominada “cancro duro” e é geralmente única, indolor, com base endurecida,
fundo limpo, sendo rica em treponemas. Esse estágio pode durar de duas a seis
semanas e desaparecer espontaneamente, independente de tratamento.

b) SÍFILIS SECUNDÁRIA: os sintomas surgem em média entre seis semanas e seis


meses após a infecção. Podem ocorrer lesões cutâneo-mucosas e não-ulceradas,
febre, mal-estar, cefaleia, erupção cutânea em formas de máculas (roséola) e/ou
pápulas principalmente no tronco; eritemato-escamosas palmo-plantares (essa
localização sugere fortemente o diagnóstico de sífilis no estágio secundário); A
sintomatologia pode desaparecer espontaneamente em poucas semanas. Mais
raramente, observa-se comprometimento hepático, quadros meníngeos e/ou até
ocular. Estágio secundário dura em média de quatro a 12 semanas, porém as lesões
podem recrudescer em surtos subentrantes por até dois anos

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d) SÍFILIS TERCIÁRIA: ocorre aproximadamente em 30% das infecções não tratadas,
após um longo período de latência, podendo surgir de dois a 40 anos depois do
início da infecção. A sífilis terciária é considerada rara devido ao fato de que a
maioria da população recebe indiretamente, ao longo da vida, antibióticos com ação
sobre o T. Pallidum e que levam a cura da infecção. Quando presente, manifesta-se
na forma de inflamação e destruição tecidual. É comum o acometimento do sistema
nervoso e do sistema cardiovascular. Além disso, é caracterizada por formação de
gomas sifilíticas (tumorações com tendência a liquefação) na pele, mucosas, ossos ou
qualquer tecido. As lesões causam desfiguração, incapacidade e podem ser fatais.

e) SÍFILIS LATENTE: período em que não se observa nenhum sinal ou sintoma clínico
de sífilis, porém com reatividade nos testes sorológicos de detecção de anticorpos,
sendo o estágio em que ocorre a maioria dos diagnósticos. A sífilis latente é dividida
em latente recente (menos de um ano de infecção) e latente tardia (mais de um ano
de infecção).

f) NEUROSSÍFILIS: o envolvimento do sistema nervoso central (SNC) na sífilis pode ser


observado já nas fases iniciais da infecção. Só diagnosticada pela sorologia do líquor,
exteriorizando-se clinicamente em apenas 1% a 2% como meningite asséptica.

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DIAGNÓSTICO da sífilis, pode ser utilizados o teste treponêmico (ex: teste rápido
ou FTA-Abs ou TPHA ou ELISA ou EQL) e o teste não treponêmico que podem ser
qualitativos ou quantitativos (ex: VDRL ou RPR ou TRUST).

TRATAMENTO

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SÍNDROME: CORRIMENTO
URETRAL/VAGINAL

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CANDIDIASE
É uma infecção da vulva e vagina, causada por um fungo
comensal que habita a mucosa vaginal e a mucosa digestiva, que cresce
quando o meio torna-se favorável para o seu desenvolvimento. A relação
sexual não é a principal forma de transmissão, visto que esses micro-
organismos podem fazer parte da flora endógena em até 50% das
mulheres assintomáticas. Cerca de 80 a 90% dos casos são devidos à
Candida albicans e de 10 a 20% a outras espécies (C.tropicalis, C. glabrata,
C. krusei, C. parapsilosis).
É uma das causas mais frequentes de infecção genital.
Caracteriza-se por prurido, ardor, dispareunia e pela eliminação de um
corrimento vaginal em grumos, semelhante à nata do leite.
No homem apresenta-se com hiperemia da glande e prepúcio e
eventualmente por um leve edema e pela presença de pequenas lesões
puntiformes.

FATORES QUE PREDISPÕE:


Diabetes; gravidez; anticoncepcionais orais;
Uso de antibióticos; obesidade;
Medicamentos imunosupressivos...
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TRATAMENTO

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CLAMÍDIA
A infeção por clamídia, vulgarmente denominada apenas clamídia, é uma infeção
sexualmente transmissível causada pela bactéria Chlamydia trachomatis. A maior
parte das pessoas infetadas não manifesta sintomas.
Nos casos sintomáticos, os sintomas podem-se manifestar apenas ao fim de algumas
semanas após a infeção.
Em mulheres, os sintomas incluem corrimento vaginal ou ardor ao urinar. Em
homens, os sintomas incluem corrimento do pénis, ardor ao urinar ou dor e
inflamação de um ou dos dois testículos.
Em mulheres, há o risco da infeção se propagar para o trato genital superior e
causar doença inflamatória pélvica, o que pode posteriormente estar na origem
de infertilidade ou de uma gravidez ectópica.

Tratamento

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GONORREIA
A gonorreia tem como agente etiológico a bactéria Neisseria
gonorrhoeae. Pode infectar o pênis, o colo do útero, o reto, a garganta e os olhos.
Quando não tratadas, essas doenças podem causar infertilidade, dor durante as
relações sexuais, entre outros danos à saúde.

Sinais e Sintomas
• Nas mulheres, pode haver disúria, dor no baixo ventre, aumento de
corrimento com característica purulenta pela vagina e/ou uretra na mulher,
sangramento fora da época da menstruação, dor ou sangramento durante a
relação sexual.
• Nos homens, normalmente é precedido por prurido e frequentemente há
uma sensação de ardor e esquentamento ao urinar, podendo causar
corrimento ou pus, além de dor nos testículos.

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TRATAMENTO

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TRICOMONÍASE
É uma infecção causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis.
Nas mulheres, ataca o colo do útero, a vagina e a uretra, e nos homens, o
pênis. Transmissão contato sexual íntimo (oral, vaginal e anal).

Sinais e Sintomas
• Os sintomas mais comuns são dispareunia, disúria, polaciúria , prurido
e/ou irritação vulvar, corrimento vaginal amarelo ou amarelo
esverdeado, bolhoso; hiperemia da mucosa, com placas avermelhadas

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VAGINOSE BACTERIANA / GARDNERELLA VAGINALIS

É causada por um desequilíbrio da flora vaginal normal. Apresenta


corrimento vaginal de cor amarela, branca ou cinza, que apresenta
odor desagradável, tipo cheiro de peixe podre que aumenta depois da relação
sexual e na menstruação, que fica escura, com aspecto de borra de café. Apresenta
ainda, ardência ao urinar e/ou coceira no exterior da vagina.

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Referências

• Rotinas em obstetrícia. 6.ed. Porto Alegre: Artmed,


2011. 902p;
• BRASIL. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para
Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente
Transmissíveis (IST). Brasília, 2018.

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