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I- A importância do idioma grego

Introdução:
Você está iniciando o estudo de um dos mais
importantes idiomas do mundo. Sua importância não
se baseia no número de pessoas que atualmente o
usam. O grego que você irá estudar não é falado nem
escrito como meio de comunicação moderno. Sua
importância se dá pelo fato de ser neste idioma que
os textos do Novo Testamento vieram a ser escritos.
Martinho Lutero certa vez afirmou que devemos
honrar as línguas em que a bíblia foi escrita, o
Hebraico e o Grego. Deus usou esses idiomas dentre
todos os outros que existem para através dos mesmos
tornar conhecida a sua Palavra.
A única maneira de honrar os
idiomas canônicos é dedicar-se de
todo coração no afinco de aprendê-
los, e assim tirar melhor proveito
do texto original na exposição
pública e devocional das Escrituras
Sagradas. A importância do estudo
do grego bíblico está ligada
diretamente ao processo de leitura
e aplicação da Palavra de Deus.
O Novo Testamento reflete o plano
soteriológico de Deus.
Compreender esse plano é de vital
importância para a humanidade e
especificamente para a vida da
igreja. A noiva de Cristo tem a
incumbência de repercutir o plano
de Deus exposto nas páginas das
Sagradas Escrituras.
De modo que é fundamental conhecer o
tecido textual no qual esse plano fora
revestido. E isso implica no estudo do grego
bíblico. Significa ir à fonte, ao texto original
numa tentativa de captar o verdadeiro
significado da revelação de Deus. De fato,
como afirmava Richard B. Ramsey, o
significado de algumas passagens do Novo
Testamento será de melhor entendimento à
medida que forem lidas na língua em que
originalmente foram escritas.
II-Porque estudar o grego bíblico?
Porque devemos reconhecer a
importância de sabermos o suficiente
de grego para produzirmos uma
exegese séria de uma passagem do
Novo Testamento. Uma vez que os
manuscritos originais foram escritos
em grego, é importante sabermos algo
deste idioma para realizarmos uma boa
interpretação do texto sagrado.
Paralelo ao fato de que devemos
conhecer o grego bíblico para
produzirmos exegeses mais
coerentes ao sentido primário do
texto bíblico. Quando estudamos o
grego, podemos ler o Novo
Testamento em sua forma de
escrita original, o grego. E assim, é
possível fazer uma tradução mais
fiel do texto.
A questão da tradução fiel do texto
grego é algo de muito debate em
nosso meio.
Temos dois textos gregos de onde
originam-se todas as versões da bíblia
que conhecemos hoje, são eles:
1) Texto tradicional ou Textus
Receptus- que tem como referência o
texto bizantino ou majoritário
( está baseado na maioria dos
manuscritos)
O Receptus tem como
referência mais de 5.000
manuscritos que
sobreviveram até os nossos
dias.
O Textus Receptus foi o texto
usado por Erasmo, Beza,
Lutero e a versão inglesa da
bíblia chamada king James.
Texto Crítico- Nestle- Aland-
Popularizou-se entre os séculos
XIX e XX e é fruto da crítica textual
desenvolvida a partir do trabalho
de Westcott e de Hort. Eles
basearam seus trabalhos em uma
minoria de manuscritos datados do
4º séculos conhecidos como texto
alexandrino, que Westcott e Hort
chamaram de texto neutro.
Dois desses textos de
onde se baseiam o texto
crítico são o Sinaitucus e
o vaticanus
O Texto Crítico omite
muitas passagens,
versículos e palavras que
se encontram no Textus
Receptus e na tradição
que ele se baseia.
III-Como estudar o grego bíblico
Os estudiosos Lourenço Stelio
Rega e Johannes Bergmann
afirmam que para aja sucesso no
aprendizado do grego, deve haver
por parte do estudante Disciplina
e Perseverança:
Um provérbio, latino reza: Festina
lente”, “Apressa-te devagar”.
Progresso lento, mas persistente.
Em nenhum aprendizado isto é tão
importante quanto no estudo do grego
bíblico. Persistência , acompanhada de um
estudo minucioso e detalhista, é o primeiro
requisito que deve ser observado.
Para que isso se torne uma realidade, será
necessário dedicar ao estudo do grego do
N.T a cada dia pelo menos meia hora.
Lembre-se : 30 minutos de estudo durante 6
dias da semana
(total= 3 horas) é muito mais efetivo para o
aprendizado do grego do que dedicar 4
horas ao estudo num único dia da semana”.
IV-O grego em que foi escrito o Novo Testamento
O grego em que foi escrito o Novo
Testamento é conhecido como "Koinê"
que significa "Comum" era o dileto
comum a todos. Tem seu início datado
em 330 a.C até cerca de 330 d.C.
Alguns estudiosos sustentam que o
koinê era uma mescla de diferentes
dialetos gregos,dentre os quais
predominava o ático.( para estudo do ático
recomendo a obra de Herbert Smyth-Greek
Grammar for colleges)
Com o tempo o koinê se converteu
em língua internacional, com uma
importância que não tinha
nenhuma outra língua de sua
época. Tal foi sua extensão que os
decretos dos governantes imperiais
como os do senado romano eram
traduzidos para koinê para serem
distribuídos por todo o império
romano.
O Koinê foi o idioma de toda
literatura cristã até cerca de 330
d.C.Os escritores do Novo
Testamento usaram o grego
koinê em lugar do grego
clássico porque queriam
comunicar uma mensagem que
fosse entendida por todas as
pessoas.
Embora, esses escritores fossem em
sua maioria de origem judaica, seu
interesse não era difundir o semitismo,
mas, a verdade do cristianismo. Eles
entenderam que com a língua grega
poderiam alcançar um maior número
de pessoas. O grego koinê era um
instrumento ideal para expressar com
precisão sutil a complexidade dos
pensamentos bíblicos.
A origem do grego
A língua grega se falava na antiga Grécia e em
suas colônias. Os monumentos mais antigos que
dela possuímos são os poemas homéricos, de
data incerta, porém anteriores ao século VII a.C.
Fortemente transformada, é essa língua que falam
os modernos gregos. O grego pertence à grande
família de línguas derivadas de uma raiz comum
conhecida como indo-européias.
Os antigos gregos não falavam todos exatamente
a mesma língua; cada região tinha seu dialeto. Os
dialetos gregos compreendem quatro grupos
principais:
1°Jônico- Falado na Eubea e nas regiões da Ásia Menor
que compreende Esmirna, Éfeso e Mileto. Foi a base da
língua de Homero, Hesíodo e Heródoto.

2º Eólico- Era falado na parte norte da costa da Ásia


Menor, em Lesbos,Tesalia e na Beocia. Foi com esse
dialeto que Safo compôs suas poesias.

3º Dórico- Era falado na região do Peloponeso, na parte


sul da costa da Ásia Menor, em Creta e Rodes.

4º Ático- Falado em Atenas e em seus arredores. O Ático


superou todos os demais dialetos, principalmente no
século V. Em Ático escreveram: Esquilo, Sófocles,
Eurípides, Aristófanes, Tucídes, Xenofonte, Platão e
Demóstenes etc.
A partir da unificação da Grécia
sob o comando de Felipe da
Macedônia, o dialeto Ático,
levemente alterado em contato
com os demais dialetos, se impôs
como língua literária em toda
Grécia e se estendeu com as
conquistas de Alexandre Magno a
todo Oriente.
O dialeto ático se tornou a base do
dialeto koinê (Κοινή; "comum"). O
idioma foi aprendido pelos habitantes
das regiões conquistadas por
Alexandre, o que transformou o grego
numa língua mundial, cujo uso
continuou a prosperar por todo o
período helenístico.Foi durante este
período que a Septuaginta, a tradução
grega da Bíblia hebraica, surgiu.
Nota: Diferentemente de
Platão, que escreveu a sua
obra no elegante dialeto
ático, Aristóteles utilizou o
grego Koinê, a língua
comum.

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