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A Bíblia não foi escrito como um dos nossos livros autorais, divididos em

capítulos, nem tampouco foi utilizado um papel com os que facilmente


conseguimos ter em mãos. Na época em que a Bíblia foi escrita utilizou-se como
matéria-prima para escreve-la pedaços de pedra, tábuas de argila e de madeira
e, mais tarde, pergaminhos (peles de animais) e papiros.

Os textos originais da Bíblia foram escritos em três línguas: o hebraico, o


aramaico e o grego. O hebraico é uma língua muito antiga, que surgiu em torno
de 1200-1400 a.C. Nela foi escrito quase todo o Antigo Testamento, porém
chegaram até nós apenas em aramaico, uma outra língua adotada mais tarde
pelo povo judeu. O aramaico era muito parecido com o hebraico, inclusive
utilizavam o mesmo alfabeto. É como hoje em dia que temos o português e o
espanhol. Ambos utilizam o mesmo alfabeto e a mesma grafia. Em aramaico
temos cinco capítulos do Livro de Daniel (2,4-7,28) e algumas passagens do
Livro de Esdras (4.7-6,18).

Já no Novo Testamento foi escrito originalmente em grego, que era a língua mais
usada no tempo de Jesus.

O Antigo Testamento e o Texto Hebraico

Foi em hebraico, língua considerada sagrada pelos judeus, que os escribas


escreveram a Tanach, a Bíblia judaica (para nós o Antigo Testamento). Assim
como as outras línguas semitas, ou seja, as línguas que eram faladas pelos
povos antigos do Oriente Médio, o hebraico não tinha letra maiúscula seguidas
de minúsculos, como em nossa escrita. Todas as letras do alfabeto era
maiúscula e não utilizavam qualquer espécie de pontuação nem tampouco
espaços brancos entre as palavras, como utilizamos hoje.

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Entretanto, com o passar do tempo, houve a necessidade de se inserir na língua
os sinais vocálicos, assim como os de pontuação. Infelizmente, isso não foi
suficiente para popularizar a língua e, já na época de Jesus, ele havia caído em
desuso, ficando restrito à sinagoga, onde se lia, explicava e estudava a Tanach.

Durante anos os judeus substituíram o hebraico pelas línguas dos países nos
quais viveram. Todavia, com a fundação do Estado Judeu, em 1948, o hebraico
voltou a ser uma língua completa, tanto falada como escrita. Nessa mesma
época essa fascinante língua foi modernizada e incluíram-se nela vocábulos que
não existiam na Bíblia, como computador, televisão, rádio, sofá, nome de países,
etc.

O Novo Testamento e o Texto Grego

Língua dos filósofos Platão, Aristóteles e Sócrates, o grego era falado em toda a
Grécia. Em Atenas, o principal centro cultural, no período de 500-300 a.C., ele
tornou-se o ático falado, dialeto que é tomado como ponto de partida para o
estudo do grego antigo.

No período helenístico (330 a.C.- 330 d.C.), coma a difusão da cultura grega por
toda a bacia do Mediterrâneo, foi criado um novo dialeto que teria por função ser
uma espécie de língua internacional, comum a todos (koiné). O dialeto Koinê foi
o veículo para a tradução das escrituras do Antigo Testamento feita em
Alexandria por volta de 280 a.C. por um grupo de eruditos judeus (LXX).

Todos os livros do Novo Testamento, foram escritos originalmente nessa língua,


o dialeto grego Koinê, justamente para que tivessem a maior divulgação. Uma
língua cujos registros escritos vão desde o século XV até o século VI d.C., o
grego Koinê foi utilizado em grande número de textos, entre eles os dos Pais da
Igreja, isto é, os textos patrísticos.

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Clique na imagem abaixo para acessar Bíblia em Hebraico transliterado ou faça
a leitura pelo Qr Code.

Versão é a tradução duma língua para a outra, geralmente feita para suprir
necessidades. Com o passar dos anos, a Bíblia ganhou várias versões e
traduções.

Versões Antigas do Antigo Testamento

O Pentateuco Samaritano é uma versão antiga importante do Antigo


Testamento. É o texto hebraico do Pentateuco escrito em um hebraico antigo,
surgindo com a mistura do povo assírio trazido para Samaria, por Sargão II. É
uma mistura do antigo hebraico com assírio. Ela era a Bíblia dos samaritanos.

A mais importante tradução para o grego do Antigo Testamento foi a Septuaginta


(ou LXX), feita por setenta escribas judeus. Isso se fez necessário porque a
grande maioria dos judeus que residiam na cidade de Alexandria, no Egito, falava
grego em vez do hebraico assim os livros bíblicos, apesar de continuarem a ser
sagrados e lidos, nem sempre eram compreendidos. A tradução da LXX foi
iniciada entre 250e 200 a.C. e continham sete livros que não fazem parte da
nossa Bíblia (os livros apócrifos).

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Segundo os estudiosos, a Bíblia dos primeiros cristãos foi a Septuaginta. O
melhor manuscrito da Septuaginta é o Vaticanus (códice B) datado de 325 d.C.

Outras importantes versões do Antigo Testamento foram as versões gregas de


Áquila (excessivamente literal, feita por volta de 100 da nossa era), a de Símaco
(feita em 170da nossa era), a de Teodócio (feita em 200 d.C., mais livre e mais
idiomática para o grego). Uma importante versão grega foi a Hexapla, de
Orígenes, feita em 283 d.C., por um padre da Igreja em Alexandria. É uma Bíblia
poliglota diagramada em seis colunas: uma com o texto original em hebraico,
outra com uma transliteração grega do hebraico, e quatro outras colunas com as
traduções gregas de Áquila, Símaco e Teodócio e o texto da Septuaginta.

Os Targuns Aramaicos também foram importantes versões do Antigo


Testamento, pois os judeus palestinos, babilônico e sírios, falavam o aramaico
desde o tempo de exilio da Babilônia. Por isso, os livros sagrados, escritos em
hebraico, eram lidos na Sinagogas e tinham que ser traduzidos para o aramaico.
O Targum mais importante foi o de Onkelos da lei e o Targum de Jonathan dos
profetas.

Além dos Targuns, tem-se ainda a Peshita, tradução do hebraico para os cristãos
sírios feita no século II d.C., e também as versões do Antigo Testamento em
língua copta: a saídica ou tebaica (feita no sul do Egito, no século II d.C.) e a
boárica ou menfítica (feita no norte do Egito no século IV d.C.).

Entre as versões latinas, tem-se a Vulgata, escrita em latim, língua oficial do


Império Romano e da Igreja. A Vulgata é a tradução de Jerônimo, feita em
400d.C., que acabou por substituir as antigas versões latinas.

Versões Antigas do Novo Testamento

Escritos em grego em papiros ou pergaminhos, os manuscritos do Novo


Testamento, à semelhança do que aconteceu com o Antigo Testamento, não
tinham suas palavras separadas por espaço em branco, não tinham sinais de
pontuação e acentuação. Entre os mais de dois mil manuscritos conhecidos
atualmente, quatro são muito importantes. O primeiro é o Vaticano (século IV),
que, diga-se de passagem, é o mais antigo escrito em pergaminho, e que esta

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conservado na biblioteca do Vaticano. O segundo é o Sinaíticus (século IV), que
foi descoberto em Alexandria, no Egito. Ambos os manuscritos estão em British
Museum, em Londres. E o quarto é o Códex Ephrem (século V).

Com relação às versões antigas, pode-se dizer que o Novo Testamento foi
traduzido para alguns importantes idiomas antigos. A primeira foi a Latina, na
qual se encontraram cerca de 10.000 manuscritos. A segunda é a Siríaca, que
tem dois manuscritos dos séculos IV e V. a terceira é a copta, ou seja, é o Novo
Testamento versado no Egito, que tem manuscrito em saídico, feitos no sul do
Egito, e o boárico, feitos no norte do Egito. A quarta versão importante é a
armênia, da qual tem-se cerca de dois mil manuscritos. A Etíope é a quinta
versão. Nela tem-se cerca de 1000 manuscritos desde o século XIII.

João Ferreira de Almeida foi uma pessoa de importância singular para a tradução
da Bíblia para o português. Foi ele quem traduziu, pela primeira vez, todo o Novo
Testamento para nossa língua. A primeira edição completa do Antigo
Testamento, segundo a versão de João Ferreira de Almeida, saiu em 1748-53,
em dois volumes.

João Ferreira de Almeida foi, sem dúvida, um grande nome para os protestantes
brasileiros, pois é dele a tradução bíblica que as Igrejas, em sua maioria, utilizam.

Português, João Ferreira, que era um católico convertido ao protestantismo,


morreu na Indonésia há aproximadamente 300 anos. Aos 18 anos sentiu vontade
de começar a fazer a tradução para o português dos Evangelhos e cartas. Para
fazer sua tradução, utilizou várias versões da Bíblia: latina, francesa, italiana, e
uma em espanhol. Após vários anos de persistência, em 1645 ele terminou seu
trabalho, mais, infelizmente, não conseguiu publica-lo.

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Ordenado pastor presbiteriano em 1656, Almeida, em 1676 finalizava a sua
primeira tradução do Novo Testamento todo. Apesar dessa grande vitória, a sua
obra só foi impressa em 1681.

Após essa longa luta, Almeida começou a fazer seu trabalho de tradução do
Antigo Testamento e, em 1683, conseguiu fazer a tradução do Pentateuco.
Novamente, não conseguindo publicar sua tradução. Almeida não desanimou e
continuou seu trabalho com o restante de Antigo Testamento. Mas infelizmente,
em outubro de 1691, quando trabalhava em Ezequiel 48.21, Almeida veio a
falecer.

Foi somente em 1694 que Jacobus den Akker, um pastor holandês, completou
o trabalho de Almeida, dando por finda a tradução do Antigo Testamento.

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