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Testes de Apercepção/Testes Temáticos
06 de Novembro de 2007
Manuela Vilar
TEMA
ROBERTS APPERCEPTION TEST FOR CHILDREN - R.A.T.C.
[TESTE APERCEPTIVO DE ROBERTS PARA CRIANÇAS]
Sumário/ Síntese:
Caracterização geral
R.A.T.C. (cont.)
Caracterização geral
R.A.T.C. (cont.)
Aplicação: individual
Caracterização geral
Codificação/ cotação: categorias pré- definidas: 8 escalas
adaptativas; 5 escalas clínicas; 3 indicadores clínicos
Análise de dados:
frequência das escalas adaptativas, das escalas clínicas e
dos indicadores
conteúdos interpessoais/ análise das interacções (matriz
interpessoal)
medidas suplementares
Caracterização geral
Instruções: “Tenho algumas imagens que te vou mostrar, uma de cada
vez, e gostava que construísses uma história acerca de cada uma. É
importante que digas o que está a acontecer e o que aconteceu antes, o
que é que eles estão a sentir, o que estão a pensar e como acaba a
história”
(para crianças mais pequenas: “Para cada imagem que te mostrar,
quero que me contes uma história com princípio, meio e fim. Diz-me o
que é que as pessoas estão a fazer, a sentir e a pensar”)
Amostra:
80 crianças (crianças “bem ajustadas”, avaliadas em meio escolar)
6 aos 9 anos de idade
masculino/ feminino (20 de cada género x cada faixa etária: 6/7 anos e
8/9 anos)
região de Braga
considerada a variável meio socio-económico
considerada a variável área urbana- rural
Estudos Portugueses
Interpretação dos resultados/ dados disponíveis:
(a partir de pontos brutos/ frequências das escalas e indicadores, obtidos
para o conjunto das histórias…)
Estudos Portugueses
Dados psicométricos:
Estudos Portugueses
R.A.T.C.: CATEGORIAS DE CODIFICAÇÃO/ COTAÇÃO
ESCALAS ADAPTATIVAS
( 8 escalas)
Pedido de Ajuda (REL): alguma das personagens pede algo a outra (ex:
apoio, aprovação, material…)
Exemplos/ especificação:
- quando uma personagem procura ajuda de outros, para lidar com um
conflito intrapsíquico
- …para resolver um problema exterior/ externo
- …para completar uma tarefa
- pede autorização/ permissão
-pede aprovação ou objectos materiais/ coisas
pedir dinheiro; pedir autorização para ir brincar; pedir ajuda ao professor;
chamar o médico; etc…
Cotação/ Escalas Adaptativas
Suporte- Outros (SUP-O): alguma das personagens dá algo ou
interage positivamente com outra personagem
Exemplos/ especificação:
- quando uma personagem dá objectos ou faz algo pedido (um desejo)
- …dá compreensão, aceitação, conforto, amor
- …acredita nos sentimentos da pessoa, nas capacidades ou
comportamento dessa pessoa
- dá conselhos que encorajam a pessoa a enfrentar as exigências de
dada situação; explica algo
satisfazer um desejo; comprar um presente; dar ajuda profissional;
fazer amigos; tomar conta de alguém; ajudar nos deveres; etc…
abraçar; beijar; contar uma história; etc…
Exemplos/ especificação:
- quando uma personagem mostra resposta adequada de
autoconfiança, assertividade, perseverança, gratificação diferida,
capacidade de impôr limites a si mesma/ os seus próprios limites,
auto-suficiência
- …experiencia sentimentos positivos, entusiasmo, felicidade…
curiosidade construtiva; sentimentos positivos acerca de si; orgulho
no trabalho; alegria; expectativa positiva; sonhos bons; etc…
Exemplos/ especificação:
- quando, em resposta a uma violação de regras ou expectativas
“visíveis”, aparece uma colocação apropriada de limites e/ou
discussão construtiva
- …a criança é obrigada a corrigir o erro
- restringir uma actividade ou “suspender” uma necessidade ou
“prazer” da criança
- punir verbalmente e/ou fisicamente
- castigo (não definido)
no geral, quando uma figura de autoridade corrige o
comportamento da criança; dizer à criança que não pode fazer algo;
explicar-lhe o que fez de errado; ter de pagar algo que partiu; não
poder ir ver os amigos; ir de castigo para a cama; etc…
Cotação/ Escalas Adaptativas
Identificação de Problema (PROB): na história, existe uma
identificação diferenciada do problema com o qual as personagens se
confrontam
Exemplos/ especificação:
- quando uma personagem descreve/ “coloca”/ articula um problema
específico
- …se confronta com um obstáculo
- …experiencia sentimentos ou comportamentos contraditórios ou
opostos, em relação a si mesma ou entre pessoas
divórcio; não saber o que fazer; não conseguir fazer os deveres;
perder-se; mentir; catástrofes ambientais; ter acontecido algo de mal/
desagradável; etc…
ESCALAS CLÍNICAS
(5 escalas)
Exemplos/ especificação:
- …apreensão, preocupação
-…dúvidas acerca das suas próprias capacidades em lidar com a
situação problemática
- sentir-se culpado, pedir desculpas
- temas de morte, doença, acidentes
- medo, nervosismo
agitação; choque; preocupação; estar nervoso; etc…
Cotação/ Escalas Clínicas
Agressão (AGG): uma das personagens manifesta agressão aberta
(ex: agressão física), agressão coberta (ex: estar irritado) ou destrói
objectos; agressão verbal
Exemplos/ especificação:
- lutar, bater
- roubar
- armar confusão
- destruir coisas
Exemplos/ especificação:
- tristeza; infelicidade
- choro
- muito sono; cansaço/ fadiga; apatia
Exemplos/ especificação:
- rejeição interpessoal
- ciúmes
- não fazer algo que foi pedido
- separação/ divórcio
- separação prolongada dos outros
- discriminação racial
não ter amigos; não gostar de alguém; falhar na obtenção de atenção
desejada; etc…
INDICADORES CLÍNICOS
(3 indicadores)
Exemplos/ especificação:
- distorção perceptiva
- pensamento ilógico
- conteúdos irrealistas (excepto se em sonhos)
- morte da personagem (personagem presente no estímulo)
Cotação/ Exemplos
Sujeito A: António; 13 anos
Lâmina: 12-B (conflito parental/depressão)
Aqui, nesta imagem, é os pais que estão tristes e cansados e aqui o filho
está a ver o sofrimento deles e está triste e um bocado nervoso a pensar se vai
correr melhor a vida aos pais.
Cotação:
- …pais …tristes e cansados; /…filho está…triste: (DEP)
- …filho está a ver o sofrimento deles…a pensar se…: (PROB)
- …filho…está …um bocado nervoso: (ANX)
- (ausência de resolução): (UNR)
Cotação/ Exemplos
Sujeito B: Belmira; 11 anos
Lâmina: 3-G (atitude para com a escola)
Cotação:
- …a menina não acabou os trabalhos…não sabia …como os fazer:
(PROB)
- …chateada e zangada…: (AGG)
- …vai continuar e continuar …descobre: (SUP-C)
…consegue acabar…boa nota (RES-2)
Cotação/ Exemplos
Sujeito C: Carla; 10 anos
Lâmina 15 (nudez/sexualidade)
Ela está a tomar banho, a mãe, e o irmão entra e vê que ela está a
chorar porque não sabe o que fazer, está confusa com alguma coisa.
Cotação:
- …está a chorar…: (DEP)
- … não sabe o que fazer …confusa: (PROB)
- (ausência de resolução): (UNR)
Cotação/ Exemplos
Sujeito D: Duarte; 9 anos
Lâmina 7-B (dependência/ansiedade)
Este miúdo acordou, estava a ter um pesadelo e teve medo e não sabe o
que fazer e depois chamou pela mãe. Estava a sonhar que um monstro ia atrás
dele, mas depois viu que era só um sonho e ficou logo bem.
Cotação:
- …pesadelo…medo: (ANX)
- … acordou…não sabe o que fazer: (PROB)
- …chamou a mãe: (REL)
- …monstro ia atrás dele…: (AGG)
-…viu que era só um sonho: (SUP-C)
- …viu que era só um sonho e ficou logo bem: (RES-2)
Cotação/ Exemplos
Sujeito E: Elsa; 11 anos
Lâmina 10-G (rivalidade fraterna)
Ela teve um bebé. Por isso é que a miúda está triste. Agora ninguém liga
à miúda. A miúda a olhar. E a mãe: “olha! um bebé”. E a miúda triste. Já não a
querem por causa do bebé e já não quer que a mãe tenha um bebé pois sem ele nada
disto tinha acontecido.
Cotação:
- …triste: (DEP)
- …ninguém liga..;/ já não a querem: (REJ)
- …já não quer que a mãe tenha um bebé pois sem ele nada disto tinha
acontecido: (PROB)
- (não solucionado): (UNR)
Cotação/ Exemplos
Sujeito F: Francisco; 8 anos
Lâmina 2-B (suporte materno)
Este rapaz andou à bulha na escola e depois foi posto de castigo. Chega a casa
muito triste e a mãe abraçou-o e depois viveram felizes para sempre.
Cotação.
- …bulha: (AGG)
- …castigo: (LIM)
-… triste: (DEP)
- …abraçou-o: (SUP-O)
-…felizes para sempre: (RES-1)
Cotação/ Exemplos
ROBERTS APPERCEPTION TEST FOR CHILDREN
R.A.T.C.
[TESTE APERCEPTIVO DE ROBERTS PARA CRIANÇAS]
Dados:
L.B., 10 anos, masculino
(divórcio dos pais, quando L.B. tinha 4 anos; ambos os progenitores
reconstituíram família; L.B. ficou a viver com a mãe, o padrasto e o
irmão, visitando regularmente o pai e a madrasta; mantinha uma boa
relação com o padrasto, sendo este uma figura importante na vida de
L.B.; o padrasto morreu num acidente; L.B. não expressou
sentimentos relativamente à perda, o que causou preocupação, quer à
mãe, quer ao pai; na escola, é uma criança com boas notas, descrito,
pela professora como “algo adulto para a sua idade” e com
capacidade intelectual acima da média; tendo L.B., desde há muito
tempo, preocupações com a limpeza e o asseio, é pouco depois da
morte do padrasto que esses comportamentos se manifestam de
modo exacerbado, pelo que é trazido a uma consulta de Psicologia)
Exemplo/ Caso Prático 1
R.A.T.C.
Lâmina 7B (Dependência/Ansiedade)
Este rapaz... a mãe foi deitá-lo e ele teve medo, está com muito medo e agarrado,
assim, aos cobertores. É tudo.
Lâmina 11 (Medo)
A mãe desta menina disse-lhe para ela vir para casa às 5 horas mas ela não veio.
E a mãe: “porque não vieste às 5?”. E a menina disse que não tinha visto as
horas. E a mãe estava a passar a ferro e vai castigar a menina. Mas, depois,
começou a atirar com tudo, o ferro, tudo.
Exemplo/ Caso Prático 1
Lâmina 12B (Conflito Parental/Depressão)
A mãe parece que está a desmaiar e o pai está a ajudá-la. O rapaz está a ver e,
no início, a mãe estava a morrer em vez de desmaiar. E não se sabe como vai
acabar.
Procedimento de Interpretação
Procedimento de/para a interpretação
Passos:
1. Considerar o resultado total/frequência para cada um dos
indicadores clínicos: Resposta Atípica (ATY) e Resposta Mal-adaptada
(MAL) – para determinar a gravidade de distúrbio (ver: valores de
corte/pontos discriminantes). Considerar os conteúdos das respostas
ATY (para detectar aspectos de pensamento distorcido, interpretação
inadequada, violência extrema…- que caracterizam crianças com
perturbação grave/severa).
O Acting out e um fraco controlo de impulsos, que podem ser
identificados por um resultado elevado em MAL – indica um nível
moderado de distúrbio ou perturbação. De notar que uma criança com
perturbação moderada pode obter resultados/cotação relativos a vários
indicadores clínicos mas não apresentará distúrbio/distorção de
pensamento (ver: conteúdos).
Procedimento de Interpretação
2. Conteúdo sexual e/ou outros abusos físicos – poderá significar
abuso sexual.
Procedimento de Interpretação
4. Identificar áreas/domínios de problemas emocionais, indicados por
um nº elevado de resultados de escalas clínicas. Tais resultados
possibilitam uma perspectiva dinâmica da situação da criança, uma vez
que identificam possíveis razões para dado problema de
comportamento e descrevem os modos como a criança manifesta
esses mesmos problemas.
Procedimento de Interpretação
5. Ver: resultados nas escalas adaptativas – para identificação o nível geral
de maturidade/desenvolvimento da criança e o nível de funcionamento do
Eu/ como a criança lida com situações problemáticas. Crianças com
problemas graves têm, geralmente, resultados baixos nas escalas de
Resolução.
Procedimento de Interpretação
7. Comparar os resultados REL e SUP-O para avaliar o sistema de
suporte/apoio da criança.
Procedimento de Interpretação
10. Efectuar a análise de conteúdo para identificar aspectos
personalizados, invulgares e/ou temas recorrentes, nas histórias, bem
como o sentimento de “família” e a tonalidade emocional geral
predominante. Procurar identificar aspectos de criatividade que possam
ser redireccionados para modos construtivos de resolução de
problemas.
Procedimento de Interpretação
11. Observação do comportamento da criança durante a sessão de
teste – ver: nível de cooperação, motivação, concentração – atenção
na/para a tarefa, comportamento adequado, interaçção verbal…
(complemento de informação – interpretação).
Procedimento de Interpretação
Bibliografia/ documentos:
. Acetatos- Resumo(s)
. Exemplos de cotação/ análise de dados/ interpretação
. Anastasi, A., & Urbina, S. (2000). Testagem psicológica (7ª ed.). Porto Alegre: ArtMed
Editora.
.Gonçalves, M., Morais, A. P., Pinto, H., & Machado, C. (1999). Teste Aperceptivo
de Roberts para Crianças. In M. R. Simões, M. Gonçalves, & L. S. Almeida (Eds.),
Testes e provas psicológicas em Portugal (vol. 2, pp.185- 198). Braga: APPORT/ SHO.
. Kamphaus, R. W., & Frick, P. J. (1996). Clinical assessment of child and adolescent
personality and behavior. Boston: Allyn & Bacon.
. Lanyon, R. I., & Goodstein, L. D. (1997). Personality assessment (3rd ed.). New
York: John Wiley & Sons.
. McArthur, D. S., & Roberts, G. E. (1992). Roberts Apperception Test for Children.
Manual. L. A., California: Western Psychological Services.
. Roberts, G. E. (1990). Interpretative handbook for the Roberts Apperception Test for
Children. L. A., California: Western Psychological Services.
Bibliografia
... BONS PERCURSOS
AO REENCONTRO ...
Manuela Vilar