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Síntese da

Unidade
Camilo Castelo
Branco
Síntese da unidade

Camilo

Castelo

Branco
Síntese da unidade

Camilo Castelo Branco

 Nasce, em 1825, em Lisboa.

 Após a morte dos seus pais, vive grande parte da sua vida no Norte do país, em
casa de uma tia que o acolhe.

 Constrói uma carreira nas letras, a par da sua atividade jornalística.

 É preso entre 1860 e 1861, na Cadeia da Relação do Porto, devido à relação


adúltera que mantém com Ana Plácido.
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É na cadeia da Relação que escreve Amor de perdição, em apenas 15 dias,


publicando-o em 1862.

Suicida-se, em 1890, em S. Miguel de Ceide.


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O confronto obra-biografia, em Camilo, sustenta o quadro fundamental de


referências para a leitura dos seus textos.

Circunstâncias biográficas que se salientam nas suas obras:


Bastardia;
Orfandade;
As tradições romanescas da família;
Educação religiosa;
Convívio com a paisagem física e humana das províncias do Norte;
Conhecimento íntimo do meio portuense;
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 Aventuras sentimentais;

 Lances da vida boémia e turbulenta;

 Pobreza;

 Desgostos;

 Doença;

 Isolamento;

 Profissionalismo na carreira das letras.


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A obra O autor

Simão é preso na cadeia da Relação do Porto Camilo é preso na cadeia da Relação


pelo facto de ter assassinado o homem que se do Porto, no seguimento do seu caso
interpunha entre si e Teresa. adúltero com Ana Plácido.

Simão sente-se abandonado por toda a Camilo fica órfão em tenra idade.
família.
Simão sente que fez muita gente à sua volta Camilo envolveu-se com várias mulheres
desgraçada. que acabou por abandonar.

O irmão mais velho de Simão, Manuel, era o pai de Camilo. A irmã mais nova de Simão e de Manuel,
Rita, foi a tia que acolheu Camilo depois da morte dos pais. Foi esta tia que contou a história que
serviu de mote à obra Amor de perdição.
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Camilo Castelo Branco serve-se de um registo real, existente na Cadeia do Porto, e


opta pela sua transcrição, assumindo, desde o início, que aquilo que vai narrar é
baseado numa história verídica.

«Folheando os livros de antigos assentamentos, no cartório das


cadeias da Relação do Porto, li, no das entradas dos presos desde
1803 a 1805, a folhas 232, o seguinte: Simão António Botelho, que
assim disse chamar-se, ser solteiro, e estudante na Universidade
de Coimbra, natural da cidade de Lisboa, e assistente na ocasião
de
sua prisão na cidade de Viseu, idade de dezoito anos, filho de
Domingos José Correia Botelho e de D. Rita Preciosa Caldeirão
Castelo Branco; estatura ordinária, cara redonda, olhos castanhos,
cabelo e barba preta, vestido com jaqueta de baetão azul, colete
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Ação

Os filhos de duas famílias inimigas – Simão Botelho e Teresa Albuquerque – apaixonam-se e


estão dispostos a morrer pelo seu amor.

Tadeu de Albuquerque, pai de Teresa, descobre a relação e tenta levar a filha a casar com seu
primo, Baltasar. Perante a recusa de Teresa, o pai condena- a à clausura do convento.

Simão, numa tentativa de visita que faz a Teresa, no Convento de Viseu, discute com Baltasar,
mata-o e é preso.

Simão é abandonado pela família na prisão e é condenado a 10 anos de degredo, na Índia.


Mariana, a filha de João da Cruz que entretanto se apaixonara incondicionalmente por
Simão, mas que tudo fez para ajudar o par enamorado, acompanha-o. Simão parte, Teresa
morre. Depois de 9 dias no mar, Simão acaba por sucumbir e Mariana suicida-se.
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«Amou, perdeu-se, e morreu amando.»

Simão apaixona-se por O amor será a causa da Desenlace trágico com a


Teresa. destruição das morte, por amor.
personagens.
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Personagens

Simão Botelho
•Forte de compleição.
•Belo.
•Parecido com a mãe.
•Estudante de Humanidades, em Coimbra.
•Adepto dos ideais liberais.
•Jovem rebelde e turbulento, que acaba transformado pelo amor que sente por Teresa.
•Tio de Camilo Castelo Branco, com quem mantém algumas semelhanças biográficas (daí
que o subtítulo de Amor de perdição seja “Memórias de uma família”).
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Simão Botelho
•Personagem modelada.
•Com características de anti-herói (arruaceiro, responsável pela
morte de Baltasar).
•Homem sensível.
•Corajoso; determinado; digno; responsável e ansioso por
liberdade.

A construção deste herói romântico pode ser um reflexo do


próprio autor.
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Personagens

Teresa de Albuquerque

•Filha única de Tadeu de Albuquerque.


•Órfã de mãe.
•Fidalga.
•Herdeira de um grande património.
•Bonita.
•Mártir e anjo.

Simão e Teresa são ajudados por João da Cruz e Mariana. Como


opositores, surge o pai de Teresa, Baltasar e os pais de Simão.
Contudo, o Destino é o oponente invencível.
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Personagens

Mariana

•Filha de João da Cruz.


•Jovem do povo.
•Bela e de formas bonitas.
•Mártir e anjo.
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Personagens

Tadeu de Albuquerque

•Fidalgo de Viseu.
•Viúvo.
•Pai de Teresa.

Domingos Botelho

•Fidalgo de linhagem e um dos mais antigos solarengos de Vila Real.


•Magistrado e corregedor em Viseu.
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Personagens

Baltasar Coutinho
•Fidalgo de Castro Daire.
•Primo de Tadeu de Albuquerque.
•«refalsado, imagem odiosa, pessoa com absoluta carência de brios».

João da Cruz

•Mestre ferrador, com oficina perto de Viseu.


•Alberga Simão em sua casa, pois deve a sua liberdade e a sua vida a
Domingos Botelho.
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Herói romântico

 A solidão caracteriza-o, mesmo que não se trate de uma solidão física. O herói
romântico tem predisposição para o isolamento.

 É dotado de um dinamismo orientado para a superação de adversidades.


 O seu individualismo surge associado a um egocentrismo que remete para o
idealismo, provocando no herói romântico a ambição do infinito.

 Quando os seus ideais não são atingidos, o herói romântico entrega-se à destruição e
desilusão.

 O suicídio, comum no Romantismo, surge como solução.


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Em suma, são características do herói romântico a defesa da liberdade, que


pode conduzir a comportamentos de:
-rebeldia,
-individualismo,
-Idealismo,
-ânsia pelo absoluto,
traduzíveis no vigor anímico e na tentativa de superação do herói ou no seu
isolamento e desistência, quando finda a esperança de atingir certos ideais.
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Amor-Paixão

 Núcleo da ação.
 Sentimento avassalador, febril e egoísta.
 Condição que desperta o desejo de vingança e de conservação da honra.
 Responsável pela sacralização dos amantes, por aproximação com a paixão de Cristo.
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Amor de perdição - crónica de mudança social

Acusação contra a subordinação do amor a preconceitos de geração ou cálculos


materiais.

Crítica à sociedade aristocrática e fradesca, anterior a 1832, e à nova sociedade


burguesa do Constitucionalismo.

Condenação dos privilégios da aristocracia em relação a outras classes sociais.

Crítica ao sistema judicial e burocrático que se deixa dominar pelos poderosos.


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Amor de perdição - crónica de mudança social

Em suma, Amor de perdição apresenta-se como crónica da mudança


social, pois na obra critica-se a estrutura social da época, refletida nos
casamentos de conveniência: honra/estatuto social vs. amor; denuncia-se
a corrupção da justiça, à mão dos poderosos e satiriza-se o
comportamento inadequado
e mundano dos membros religiosos.
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Amor de perdição – Linguagem, estilo e estrutura


Narrador Diálogo Tempo Linguagem

Convoca frequentemente o Permite o avanço da Capítulo I – 40 anos Permite a identificação do


narratário ação (antecedentes) estatuto social das
personagens
– povo (viva, popular, familiar)
– nobreza, burguesia (cuidada,
literária)

Tece juízos de valor Imprime ritmo e Capítulos I a XX


dinâmica 7 anos (1801-1807)
teatral à narrativa
Flutua entre os diferentes Reflete o estatuto Conclusão
tipos de focalização social 9 dias
(predomínio da de quem fala
omnisciência)

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