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Educacao em Os Maias
Educacao em Os Maias
n’OS MAIAS
A EDUCAÇÃO
Eusebiozinho
EDUCAÇÃO
Educação “à Portuguesa” valoriza:
A memorização de conhecimentos;
EDUCAÇÃO
A moral do catecismo e da devoção
religiosa com a concepção punitiva
do pecado:
"(...) — Quantos são os inimigos da
alma?
E o pequeno, mais dormente, lá ia
murmurando:
— Três. Mundo, Diabo e Carne... (...)“
EDUCAÇÃO
Desvalorização do contacto com a
Natureza:"(...) tinha medo do vento e
das árvores (...)“
Exercício físico;
Superprotecção materna;
Refúgio no colo das criadas;
Influência religiosa: Padre Vasquez;
O estímulo do espírito boémio do romantismo;
Sofre com a morte da mãe e com a traição de Maria.
FALHA NA VIDA
Suicídio
Educação “à Portuguesa”
Eusebiozinho:
Desde o berço que mostrava interesse pelo saber;
Ainda gatinhava e já gostava de folhear livros e permanecer
imóvel;
Quando crescido, permanecia inactivo numa cadeira a
desenhar letras;
Recitava versos sem qualquer expressividade.
FALHA NA VIDA
Educação “à Inglesa”
Carlos da Maia:
FALHA NA VIDA
Pag. 99
Carlos mobilou-o com luxo. Numa antecâmara, guarnecida de
banquetas de marroquim, devia estacionar, à francesa, um criado
de libré. A sala de espera dos doentes alegrava com o seu papel
verde de ramagens prateadas, a plantas em vasos de Ruão, quadros
de muita cor, e ricas poltronas cercando a jardineira coberta O luxo do consultório era mais
de colecções do Charivari, de vistas estereoscópicas, de álbuns de
actrizes seminuas, para tirar inteiramente o ar triste de consultório,
propício ao ócio, às actividades
até um piano mostrava o seu teclado branco. lúdicas do que ao trabalho.
O gabinete de Carlos ao lado era mais simples, quase austero,
todo em veludo verde-negro, com estantes de pau-preto. Alguns
amigos que começavam a cercar Carlos, Taveira, seu contemporâneo
e agora vizinho do Ramalhete, o Cruges, o marquês de Souselas,
com quem percorrera a Itália — vieram ver estas maravilhas.
O Cruges correu uma escala no piano e achou-o abominável;
Taveira absorveu-se nas fotografias de actrizes; e a única aprovação
franca veio do marquês, que depois de contemplar o divã do
gabinete, verdadeiro móvel de serralho, vasto, voluptuoso, fofo,
experimentou-lhe a doçura das molas e disse, piscando o olho a
Carlos:
— A calhar.
Não pareciam acreditar nestes preparativos. E todavia eram
sinceros. Carlos até fizera anunciar o consultório nos jornais; Maior preocupação com a
quando viu, porém, o seu nome em letras grossas, entre o de uma
engomadeira à Boa Hora e um reclamo de casa de hóspedes — aparência do que com a verdadeira
encarregou Vilaça de retirar o anúncio. finalidade.
Pags. 102/103
O seu gabinete, no consultório, dormia numa paz tépida entre
os espessos veludos escuros, na penumbra que faziam os estores de
seda verde corridos. Na sala, porém, as três janelas abertas bebiam
à farta a luz; tudo ali parecia festivo; as poltronas em torno da jardineira O ócio, a indolência
estendiam os seus braços, amáveis e convidativos; o teclado
branco do piano ria e esperava, tendo abertas por cima as Canções
de Gounod; mas não aparecia jamais um doente. E Carlos — exactamente
como o criado que, na ociosidade da antecâmara, dormitava
sob o Diário de Notícias, acaçapado na banqueta — acendia
um cigarro «Laferme», tomava uma revista, e estendia-se no divã.
A prosa, porém, dos artigos estava como embebida do tédio moroso
do gabinete: bem depressa bocejava, deixava cair o volume.
Do Rossio, o ruído das carroças, os gritos errantes de pregões, o
rolar dos americanos, subiam, numa vibração mais clara, por aquele
ar fino de Novembro: uma luz macia, escorregando docemente do
A influência do meio:
azul-ferrete, vinha dourar as fachadas enxovalhadas, as copas mesquinhas o meio circundante
das árvores do município, a gente vadiando pelos bancos: e
essa sussurração lenta de cidade preguiçosa, esse ar aveludado de ocioso e estagnado, pouco
clima rico, pareciam ir penetrando pouco a pouco naquele abafado dinâmico, o clima ameno e
gabinete e resvalando pelos veludos pesados, pelo verniz dos
móveis, envolver Carlos numa indolência e numa dormência... Com agradável acabavam por
a cabeça na almofada, fumando, ali ficava, nessa quietação de sesta,
num cismar que se ia desprendendo, vago e ténue, como o ténue e
influenciar Carlos
leve fumo que se eleva de uma braseira meio apagada; até que, com
um esforço, sacudia este torpor, passeava na sala, abria aqui e além
pelas estantes um livro, tocava no piano dois compassos de valsa,
espreguiçava-se — e, com os olhos nas flores do tapete, terminava
por decidir que aquelas duas horas de consultório eram estúpidas!
— Está aí o carro? — ia perguntar ao criado.
Acendia bem depressa outro charuto, calçava as luvas, descia, Pouca persistência e dedicação
bebia um largo sorvo de luz e ar, tomava as guias e largava, murmurando
consigo:
— Dia perdido!
Porque falhou Carlos?
Hereditariedade
Meio
Fracasso
existencial
Educação
Determinismo, de Taine
ue f
luvas.
Porq
Educação
Concluindo: