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DEPARTAMENTO DE ENSINO E INVESTIGAÇÃO EM ECONOMIA

TRABALHO DE FIM CURSO PARA OBTENÇÃO DE GRAU DE


LICENCIATURA EM ECONOMIA, ESPECIALIDADE DE ECONOMIA

OS EFEITOS DAS POLÍTICAS MONETÁRIAS E


FISCAIS SOBRE O DESEMPREGO EM ANGOLA,
NO PERÍODO 2002-2017

Autor: Hernany Emanuel Massala Vita


Orientador: Hélder Jonas Leonardo Chingunde Marcelino, MSc
Co-Orientador: Frederico Afonso Tusamba, Lic.
INTRODUÇÃO
Desde a fundação das primeiras sociedades a nível mundial, o homem
sempre se apercebeu da sua necessidade por trabalho pois, está nunca
esteve dissociada de si.
E o desemprego, tem sido nas sociedades modernas um dos maiores
problemas sociais com traços tão alarmantes jamais vistos nos últimos
tempos em todo o mundo.
Em Angola são sem sombras de dúvidas milhões as
pessoas que não têm condições nem meios aceitáveis para
ganharem a vida embora, estejam dispostas a dar de si
mesmo para atenderem aos problemas da sociedade.
De acordo com os dados estatísticos divulgados pela
Trading Economics, num raking liderado actualmente pela
República Democrática do Congo (RDC), Angola surge
como o 11° país a nível do mundo e, o 7° país da África
com uma taxa de desemprego acima do normal fixando-se
até então no ano de 2017 por volta dos 20%.
SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA

Em Angola, o problema do desemprego nunca foi uma


questão tão preocupante e que merecesse debates tão
abertos como nos últimos anos. E o grande objectivo até
2022, é que se criam cerca de 500.000 postos de trabalhos
em todo o país.
Tal pensamento seria um tanto realístico se, se conhece de
maneira exaustiva dados claros sobre o comportamento
das taxas de desemprego no país bem como os resultados
produzidos pelas políticas económicas levada a cabo até
então no ano de 2017.
Pois, pelo que parece é que a medida que o tempo passa o
fenómeno desemprego tende a aumentar.
PROBLEMA CIENTÍFICO

Quais foram os efeitos da implementação das


políticas monetárias de fiscais sobre o desemprego
em Angola no período 2002-2017?
H0: As políticas monetárias e fiscais não
influenciaram significativamente na redução da taxa
de desemprego em Angola no período 2002-2017.
Hipóteses
H1: As políticas monetárias e fiscais influenciaram
significativamente na redução da taxa de desemprego
em Angola no período 2002-2017.

Avaliar os efeitos da
Objectivos implementação das políticas
Geral: monetárias e fiscais em Angola
entre 2002-2017 sobre o
desemprego.
1) Fundamentar teoricamente os conceitos
de desemprego, política económica e seus
instrumentos;
Objectivos
Específicos:
2) Diagnosticar a situação macroeconómica
de Angola no período 2002-2017 com
enfoque no desemprego;
3) Identificar as variáveis que
influenciaram no desemprego em
Angola;
Objectivos
Específicos: 4) Medir empiricamente o efeito da
utilização das políticas monetárias e
fiscais sobre as taxas de desemprego
no período 2002-2017.
JUSTIFICATIVA
O modo como o assunto é tratado durante décadas com
máxima seriedade e urgência a nível mundial por causa da sua
gravidade é um factor preponderante do desenvolvimento deste
estudo.

No caso de Angola os números das populações desempregadas


ao longo do tempo são de despertar o interesse de qualquer
curioso ou pesquisador.
E por fim a promessa dos 1.000.000 (um milhão) de empregos,
feita em 2008 e os 500.000 (Quinhentos mil) postos de empregos a
serem atingidos até 2022 levou-nos então a analisar o percurso das
políticas anteriormente adoptadas e os efeitos que tiveram sobre as
taxas de desemprego em todo o país, apresentar os pontos fortes e
as fraquezas na sua implementação e a partir dos resultados
apresentar um ponto de vista (possível previsão) sobre o rumo das
novas políticas que estão sendo levadas a cabo pelo actual Governo
de Angola.
Capítulo I: Política Económica, seus
objectivos e instrumentos. E o conceito
de desemprego, as suas tipicidades bem
como, as consequências delas advindas.
Capítulo II: Angola, evolução
ESTRUTURA económica (o crescimento do PIB, a
ESTRUTURA
variação da Inflação, o emprego e o
DO TRABALHO
DO TRABALHO desemprego).

Capítulo III: Metodologia


Capítulo IV: Análise e discussão dos
resultados, conclusões, sugestões e por
fim as limitações do estudo.
CAPÍTULO I- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1. Política Económica


De acordo com São Tomás de Aquino a política é a arte de
influenciar ou dirigir grupos de indivíduos visando a realização
de um bem comum (AQUINO, 1995).
Tinbergen (1961) apud Caleiro (2013, p. 6) define a política
económica como sendo: «a manipulação deliberada de um
certo número de meios para atingir determinados fins».
Numa abordagem mais recente, a política económica é definida
como: «A arte de escolher e implementar nos momentos
oportunos, as acções que melhor permitem atingir os
objectivos previamente definidos pelas autoridades tendo em
conta os constrangimentos existentes» (PINTO, 1999, p. 25).
Pleno Emprego
Pleno Emprego Crescimento Económico
Permanência de uma Crescimento Económico
Permanência de uma Aumento da renda, gerado por
elevada taxa de emprego na Aumento da renda, gerado por
elevada taxa de emprego na uma expansão da capacidade de
economia. É caracterizado uma expansão da capacidade de
economia. É caracterizado produção (PEREIRA, 2008).
por uma redução produção (PEREIRA, 2008).
por uma redução
considerável do desemprego
considerável do desemprego
de curto prazo (ROSSETTI,
de curto prazo (ROSSETTI,
1987). Objectivos
1987).
da Política
Económica
Estabilidade dos Preços
Estabilidade dos Preços
Ocorre quando os preços dos Equilíbrio da Balança de
Ocorre quando os preços dos Equilíbrio da Balança de
bens e serviços mantêm-se Pagamentos
bens e serviços mantêm-se Pagamentos
inalterados ao longo do tempo Ausência de Déficit ou Superávit
inalterados ao longo do tempo Ausência de Déficit ou Superávit
(BANCO CENTRAL nas contas com o resto do
(BANCO CENTRAL nas contas com o resto do
EUROPEU, 2009). mundo.
EUROPEU, 2009). mundo.
Instrumentos de Política
Económica

Política Monetária Política Fiscal


Despesas do Governo Receitas do Governo

 Operações de
Mercado Aberto
(Open Market)  Despesas
correntes
 Tributos
 Política de Directos
Redesconto  Despesas de
capital
 Tributos
 Reservas Mínimas Indirectos
Obrigatórias  Subsídios e
Transferências
Noção do Desemprego
O desemprego diz respeito a situação em que se encontra certo indivíduo em
idade economicamente activa, apto para trabalhar e disposto a oferecer a sua
força de trabalho ao salário vigente no mercado e que no entanto, procura por
um emprego mas não o encontra (SAMUELSON & NORDHAUS, 2010).
Sendo assim, para uma pessoa ser considerada desempregada ela deve atender
pelos menos a dois requisitos prévios: não deve estar a desenvolver qualquer
actividade económica e deve estar incansavelmente procurando por um
emprego.
O Desemprego Segundo a Teoria dos Clássicos
De acordo com Keynes (1973, p. 46) a análise dos clássicos
parte de dois grandes pressupostos, a saber:

I. O Salário é igual ao produto marginal do trabalho;

II. A Utilidade marginal do salário, quando se emprega


determinado número de trabalhado, é igual a desutilidade
marginal desse mesmo volume de emprego;
Na visão dos clássicos há existência do desemprego voluntário
pois, os trabalhadores estão sujeitos a se recusarem a trabalhar
para determinados níveis salariais equivalentes a sua
produtividade marginal (CHIK 1993 apud DATHEIN, p. 2).
Somente factores que estão fora do livre mercado privado
(salários acima do nível de equilíbrio, intervenções por meio de
sindicatos e o Governo) são capazes de explicar no sentido
próprio o mau funcionamento do mercado. Caso contrário a
economia sempre se situaria no pleno emprego de trabalho
conforme previsto por Jean Baptiste Say (A oferta cria a sua
própria procura) (NERY, 2012).
Para Sawaya (2015), na análise clássica as empresas sempre
promovem o emprego ao nível máximo e, só não contratam
mais trabalhadores por causa de problemas de salários elevados
exigidos pelos trabalhadores e que esse aumento de custo de
contratação não é compensado nem mesmo com aumentos do
nível de produção.
Sendo assim, quando o assunto é desemprego, da concepção
clássica pode-se tirar os seguintes pontos:

1. É originário do mercado de trabalho.

2. É gerado só e somente pelos mecanismos inerentes a oferta


de trabalho nomeadamente os trabalhadores que muitas vezes
são tomados de comportamentos irreflectidos.

3. Existência de rigidez no mercado em relação a função de


oferta de trabalho.
Os clássicos não admitem o desemprego involuntário.

A abordagem clássica leva perceber que o desemprego é um


assunto de carácter individual (de empresa para empresa e de
indivíduo a indivíduo) e não um problema que se estende a toda
a esfera económica. É um problema originário de um
desequilíbrio no mercado de trabalho (nada tem a ver com os
demais mercados existentes na economia) ocasionado pela
função de oferta sendo que depende dos níveis salariais
(DATHEIN, p. 3).
O Desemprego Segundo os Keynesianos

Na sua “Teoria Geral do Emprego”, Keynes atribui a


problemática do desemprego como sendo uma questão do
empresariado e não dos trabalhadores como afirmam os clássicos
« [...] pois o nível de emprego depende dos níveis de receita que
as empresas esperam receber decorrente da sua produção»
(KEYNES, 1973, p. 60).
Os empresários sempre se esforçam para fixar o volume de
emprego ao nível em que esperam maximizar a diferenciação
entre a receita e os custos de factores e, o incentivo para a
contração de mão-de-obra é dado exactamente quando a procura
pelo produto é maior que a oferta disponível. Sendo que as
empresas estão interessadas em aumentar o volume do emprego
afim de garantir níveis de produção correspondente a essa
procura (KEYNES, 1973).
Na visão de John Keynes, a contratação de trabalhadores por
parte das empresas é uma variável independente do preço do
trabalho no momento da contratação da mão-de-obra já que
Keynes concorda com o primeiro postulado dos clássicos «o
salário real de um trabalhador é igual ao seu produto
marginal» mas sim, o quanto irão arrecadar em termos de
receitas com a venda da produção num futuro próximo e
desconhecido.
Uma vez que os trabalhadores não têm qualquer poder sobre o
mercado de trabalho, decisões sobre o nível de investimento
da empresa e a quantidade de trabalho a alocar, são variáveis
dependentes unicamente da procura agregada que se espera
existir no futuro. A procura agregada futura dependerá do
consumo futuro sendo esta uma variável ainda mais incerta
porque o seu estímulo jaz do nível de emprego e este último é
gerado pelas empresas em escala global (macroeconómica) e
não de forma singular (microeconómica) (KEYNES, 1973).
O desemprego segundo Keynes (1973) pode ser involuntário
porque os trabalhadores nem sempre encontram emprego
mesmo vendendo a sua mão-de-obra a preços muito abaixo
dos níveis salariais estabelecidos pelo mercado. O que faz
perceber que não é o salário que está a determinar o
desemprego mas sim, a demanda agregada que se encontra em
níveis desconsideráveis (abaixo do esperado).
Tipos de Desemprego:

Friccional

Cíclico

Estrutural

Sazonal
Interação entre as Políticas Monetária, Fiscal e o
Desemprego

Foi em Keynes, que nasceu a ideia da articulação das políticas


monetária, fiscal e o desemprego.

A ocorrência de ciclos de expansão e contração tanto da renda,


quanto do investimento e do emprego no sistema capitalista,
trazem à tona a necessidade da intervenção estatal na economia
afim de garantir a estabilidade destas e demais variáveis que se
julguem relevantes.
Na fase expansiva do ciclo económico, Keynes propõem que
as políticas monetária e fiscal devem ser ambas restritivas
(redução da oferta de moeda e aumento das taxas de juros,
bem como o aumento da carga tributária e a redução dos
gastos públicos). Tal medida combateria a tendência de efeitos
inflacionários e consequentemente uma redução do emprego.
Em época de recessão, as medidas tomadas devem passar por
adoptar e introduzir mecanismos expansionistas (redução das
taxas de juros e aumento da oferta de moeda por uma lado e,
dever haver um aumento dos gastos públicos e redução da
carga tributária por outro lado), o que teria como resultado a
redução das taxas de desemprego (PEREIRA, 2006).
CAPÍTULO II- DIAGNÓSTICO DO DESEMPREGO EM
ANGOLA

Embora esteja a viver um período de 17 anos de paz efectiva, a


economia angolana apresenta traços de precariedade resultante
do seu ambiente político-militar. O país alcançou a sua
independência à 11 de Novembro de 1975 e desde aí viu-se
mergulhado num conflito armado interno que é o responsável
pelas distorções verificadas no desempenho da economia até a
altura da paz (GONÇALVES, 2010).
O ambiente político-militar outrora vivido em Angola
provocou destruições e inibiu possibilidades de produção em
diversos lugares e trouxe novas formas de distribuição da
riqueza.
2.4. O Desemprego

O desemprego incide sobre uma parte da população de um país,


população essa que denominamos como economicamente activa
e que é composta por pessoas com idade compreendida entre os
14 e os 65 anos respectivamente.

A população economicamente activa é composta de dois grupos:


os empregados e os desempregados.
A taxa de desemprego é determinada pelo rácio entre o número
desempregados e a população economicamente activa.

Algebricamente vem:

Número de desempregados
Taxa de Desemprego = X 100
População economicamente activa

Fonte: (PAIVA & CUNHA, 2008)


O Período 2002-2017

Figura 12- Estimativas do desemprego em Angola 2002-2017


35

30

25
Taxa de desemprego (%)

20

15

10

0
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Fonte: Elaboração própria com base nos dados do INE e Trading


Algo positivo verificado aqui, é que com excepção do período
2003-2004, as taxa desemprego apresentaram um decrescimento
contínuo ao longo do tempo (a taxa média de desemprego foi de
22,80).
De negativo, destaca-se o facto de que apesar de registarem
decréscimos, as taxas de desemprego ainda se mantêm com
registos de 2 dígitos. Tal tendência no caso de Angola pode
residir no facto de ter uma economia menos diversificada e
pouco produtiva (sendo que depende maioritariamente das
importações) situações estas que não abrem espaço para a
geração de mais empregos.
CAPÍTULO III- METODOLOGIA
O objectivo principal deste capítulo é a verificação empírica
do efeito quantitativo das políticas monetárias e fiscais na
redução do desemprego em Angola.
3.1. Tipo de Pesquisa
A pesquisa em estudo é do tipo correlacional.
A pesquisa correlacional propõe-se a descobrir e/ou medir o
grau de relação entre duas ou mais variáveis numa única
amostra. Tem como propósito fazer predições e, em estudos
exploratórios, determinar se existe e, qual é o grau de relação
entre variáveis (SIGELMANN, 1984).
3.2. Variáveis
Uma variável pode ser considerada uma medida; uma
quantidade que varia e passível de mensuração (ZASSALA,
2012).
Tabela 8 – Variáveis da pesquisa (%)
Ano Taxa de desemprego Despesa pública* Oferta da Moeda*
2002 25,6 31,2 16,1
2003 25,7 34,4 13,4
2004 29,8 29,8 12,4
2005 24,4 26,5 12,14
2006 23,7 30,6 14,65
2007 23,1 38,1 17,04
2008 23 52,7 21,34
2009 22,7 45 41,34
2010 22,3 39,4 34,1
2011 21 37,4 33,51
2012 21 37,2 31,39
2013 21,9 37,1 33,31
2014 21,5 36,5 35,63
2015 21,3 27,1 40,89
2016 21,4 22 39,43

Fonte:2017 20 Global Economy23,8


Trading Economics, 34,52
& BNA (* em proporção do PIB)
3.2.1. Variável independente
É aquela que influencia, determina ou afecta uma outra variável;
É a causa ou estímulo de um determinado fenómeno.
As variáveis independentes serão representadas da seguinte
forma:
- Como variável representativa da política fiscal optou-se pela
despesa pública em valor percentual do PIB.
- Como variável representativa da política monetária optou-se
pela Oferta de moeda designado pelo agregado monetário M2
em valor percentual do PIB.
3.2.2. Variável Dependente
É o valor a ser explicado ou descoberto, em virtude de ser
influenciado, determinado ou afectada pela variável
independente, é a resposta a algo que foi manipulado (variável
independente).

A variável dependente deste estudo é a taxa de desemprego.


3.3. Métodos e Técnicas de Pesquisa Utilizados
Nesta pesquisa foram utilizados os seguintes métodos e
técnicas:
- Observação Indirecta
Com esta pesquisa, a partir de documentos, observou-se o que
aconteceu entre a despesa pública, oferta de moeda (M2) e o
comportamento da taxa de desemprego de Angola. Procurou-se
descobrir a frequência com que os fenómenos ocorreram, suas
causas e relações.
- Pesquisa Bibliográfica
A investigação bibliográfica permitiu a estudar e analisar de
forma crítica as obras bibliográficas consultadas que abordam o
tema em estudo, o que constituiu o suporte essencial e a
fundamentação teórica da elaboração do corpo do trabalho.
- Análise Estatística
A partir desta técnica procurou-se testar, avaliar e medir as
correlações entre a taxa de desemprego, a despesa pública e a
oferta de moeda, com o auxílio do software Eviews10,
utilizando a análise de regressão múltipla por intermédio dos
Mínimos Quadrados Ordinários para facilitar a determinação
do modelo de pesquisa e aplicando os testes estatísticos.
•   Modelo de Pesquisa
3.4.
O modelo em economia, é uma representação esquematizada
ou matemática de uma determinada teoria económica,
captando as relações entre variáveis independentes e
dependente (KICK et al, 2010).
De acordo com a teoria de Keynes, o modelo é determinado
da seguinte forma:
Onde:
 

é a taxa de desemprego referente ao período t;


é a taxa do desemprego autónomo;
despesa pública em valor percentual do PIB ao período t;
M2 em valor percentual do PIB ao período t;
são propensões marginais a reduzir a taxa de desemprego;
é o termo do erro ou resíduos ao período t.
CAPÍTULO IV- ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1. Modelo Estimado


Tabela 9-Modelo Inicial
 
Função Estimada
27,75

T-student: 12,804 -0,1101 -4,2899


Desvio padrão: 2,1673 0,0548 0,0390

Prob: 0,0000 0,9140 0,0009


         
 
R2 =0,5869 R2 aj=0,523 F-sta=9,23 Prob=0,003 DW=1,8

Fonte: Elaboração própria com base nos resultados do Eviews


4.2. Validação dos Parâmetros Estimados
4.2.1. Validação dos Parâmetros Individuais

Tabela 10-Teste de significância dos parâmetros


Parâmetro t-stat calculado t-stat Probabilidade Resultado
tabelado

β0 12,804* 2,160 0,000 RH0

β1 [-0,1101] 2,160 0,914 AH0


[-4,2899]* 2,160 0,0009
β2 RH0

Fonte: Elaboração Própria com base nos resultados do Eviews


Nota: (*) representa valor significativo à 5%
Interpretação da tabela 10:
O T-student ligado ao parâmetro β1 não é estatisticamente
significativo (uma vez que o teste t-static calculado para este
parâmetro é inferior ao tabulado), ele aceita a hipótese nula.
Porém, o t-student ligado ao parâmetro β0 e β2 são
estatisticamente válidos, já que, eles rejeitam a hipótese nula
(RH0) o que significa dizer que, o intercepto e a variável
independente representado pelo M2 (stock de moeda) têm
influência significativa na determinação da variável explicada.
4.4.2. Validação Global
Tabela 11-Teste de Fisher
Teste de Fisher
Fisher Fc = 9,23 > F(2;13) = 3,81
Decisão RH0

Interpretação da tabela 11:


Da tabela acima observa-se que o Fcalculado > Ftabelado para um nível de
significância de 5%. Quando assim ocorre, rejeita-se a hipótese nula
(RH0) com um nível de confiança de 95% e conclui-se que existe uma
relação linear entre as variáveis explicativas e explicada selecionadas
no modelo, ou seja, o modelo é válido.
4.3. Teste de Violação de Hipótese do MQO
4.3.1. Teste de Durbin-Watson
Na tabela 9, a estatística DW = 1,8 ≈ 2, significando que o modelo
estimado não apresenta a existência de autocorrelação de resíduos ou
erros.
4.3.2. Teste de ARCH
Tabela 12-Teste ARCH
Teste de heterocedasticidade ARCH
Parâmetro T-stat T-stat Probabilid Resultado
Ɵ = - calculado tabelado ade Aceitamos
0,121862 -0,1218 2,160 0,6640 H0

Fonte: Elaboração própria com base nos resultados do Eviews


Interpretação da tabela 12:
Pelo teste de ARCH verifica-se que o parâmetro obtido na
estimação do modelo da regressão dos quadrados dos resíduos
não é significativo ao nível de significância de 5%. Daí que
conclui-se que a variância residual é constante ao longo do
tempo, ou seja, a variância residual é homocedástica.
4.3.3 Teste de Klien
Tabela 14-Matriz de regressão auxiliar
  despp m2 Tdes
Despp  1,000000    
m2  0,0011624  1,000000  
Tdes  0,0020919  0,5865155  1,000000

Interpretação da tabela 14:


Analisando os resultados da matriz de regressão auxiliar
notamos que o coeficiente de determinação geral R 2G = 0,5869
é superior a todos os valores da tabela, pela regra de Klien
confirma-se a não existência de multicolineariedade.
4.4. Pertinência Económica dos Resultados
Tal como esperado, no modelo obtido a despesa pública é
estruturalmente negativa. O que significa que quando a
despesa pública aumentasse em 1%, a taxa de desemprego em
Angola diminuía em 0,006%, ceteris paribus.

De igual modo, a oferta de moeda também é estruturalmente


negativa. Quando a oferta de moeda medida pelo agregado M2
crescesse em 1%, a taxa de desemprego em Angola reduzia em
0,167%, ceteris paribus.
O poder explicativo do modelo é igual a 58,69%, significando
que no período em análise, a adopção de políticas fiscal e
monetária de uma forma expansionista contribuiu para reduzir a
taxa de desemprego em Angola. 58,69% da variação da taxa de
desemprego são explicadas pelo comportamento da despesa
pública e da oferta da moeda (M2) enquanto que, 41,31% são
representados pelas variáveis não selecionadas neste modelo,
ceteris paribus.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho buscou analisar e explicar a influência das
políticas monetárias e fiscais sobre o desemprego em Angola.
O levantamento bibliográfico do estudo, permitiu verificar que
a teoria keynesiana aponta que a expansão quer seja monetária,
quer fiscal tem efeitos inversamente proporcionais (reduzem)
em relação ao desemprego.
Com base na análise empírica foi possível observar que o
modelo estimado cumpriu com os pressupostos da teoria
keynesiana no caso de Angola, onde as políticas adoptadas
durante o período 2002-2017 tiveram efeitos consideráveis de
reduzir o desemprego.
Foi possível observar de acordo com os valores dos parâmetros do
modelo estimado pelo MQO, que durante o período em referência a
variável oferta da moeda representada pelo M2 (em proporção do
PIB) foi a variável que teve maior influência na redução do
desemprego em Angola.

A variável despesa pública apresentou um coeficiente de correlação


muito fraca (quase inexistente) em relação a variável desemprego.
Talvéz seja essa a razão da sua não significância na explicação do
modelo e, isso levou a aceitação da hipótese de que o verdadeiro
parâmetro desta variável no modelo seja nulo.
Sendo assim, tais informações levam então a concluir que deve-
se rejeitar a hipótese H0 levantada no princípio deste trabalho e,
aceitar a hipótese H1 ou seja: As políticas monetárias e fiscais
influenciaram de modo significativo na redução das taxas de
desemprego em angola entre 2002-2017.
 
LIMITAÇÕES
 

Durante a compilação deste trabalho foram encontrada as


seguintes debilidades:
• Falta de acesso a um conjunto matérias diversificadas cujo
foco de abordagem está directamente orientada para a
economia angolana como tal.
• A falta de uma base de dados, com dados reais e actualizados
sobre os agregados macroeconómicos que compõem a
economia nacional.
• A discrepância entre os valores de um mesmo dado,
apresentados pelos diferentes portais (principalmente os
nacionais).
• A ausência de informações completas e as constantes
alterações destas informações por parte dos portais
nacionais, o que levou a recorrer em parte a dados de portais
internacionais.
SUGESTÕES
Após a construção deste trabalho de pesquisa seguem algumas
sugestões pertinentes:
• Dado o fraco poder explicativo da variável despesa pública na
redução do desemprego, sugere-se o redimensionamento no
seu modo de execução e uma maior fiscalização da mesma
por parte da autoridade governamental.

• Maior articulação entre as variáveis das políticas monetárias e


fiscais afim de se obterem resultados ainda mais satisfatórios
na redução do desemprego.
• A criação de uma base dados confiável com informações
pertinentes e verdadeiras sobre os verdadeiros valores dos
agregados macroeconómicos do país.
• A contínua realização de estudos científicos em torno do
desemprego afim de trazer à tona aspectos relevantes sobre
o tema em questão.
TUTONDELE!

OBRIGADO!
“Recessão é quando o seu vizinho perde o
emprego; Depressão é quando você perde o seu
próprio emprego”, - Harry S. Truman

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