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Ciências Humanas e suas

Tecnologias - História
Ensino Médio, 2ª Série
Organização dos trabalhadores industriais do século XVIII
tendo em vista as melhores condições de vida
História - 2º ano
Organização dos trabalhadores industriais no século XVIII tendo
em vista as melhores condições de vida.

O artesanato: forma de produção industrial


característica da Baixa Idade Média
• O artesanato, primeira forma de produçã o
industrial;
•produçã o independente, onde o produtor possuía
os meios de produçã o: instalaçõ es, ferramentas e
matéria-prima;
•em casa, sozinho ou com a família, o artesã o
realizava todas as etapas da produçã o (1).
A produção artesanal
• O produtor realizava desde o preparo da matéria-prima, até o
acabamento final;
• não havia divisão do trabalho ou especialização;
• o artesão tinha um ajudante, porém não assalariado, pois
realizava o mesmo trabalho pagando uma “taxa” pela
utilização das ferramentas;
• a produção artesanal estava sob controle das corporações de
ofício;
• o comércio também se encontrava sob controle de
associações, limitando o desenvolvimento da produção (2).
As primeiras manufaturas
As primeiras unidades de
produção capitalista,
antecessoras das fábricas
modernas, constituíam-se
de trabalhadores em um
mesmo local, recebendo
salários pagos pelos
mercadores, burgueses,
que viam a produção Imagem: Elmf / Public Domain

artesanal como uma


atividade lucrativa.
Inglaterra: política de
cercamentos de terras
Cercamentos são o processo de
exclusão dos trabalhadores de seu
meio de sustento, as terras produtivas,
na transição do Feudalismo para o
Capitalismo, mediante sua
transformação em propriedade (3)
Lei de Cercamento de Terras
Medida implementada pela Inglaterra, no século
XVII, que consistiu na expulsão de camponeses do
campo e beneficiou os ricos proprietários de terras,
que se apossaram das terras e criaram a sua
propriedade privada no campo. Os camponeses
foram obrigados a irem para as cidades, buscando
empregos com baixos salários nas manufaturas e nas
pequenas fábricas que iam surgindo. Dessa forma, os
industriais e os comerciantes enriqueceram
rapidamente (4). 
Da manufatura à maquinofatura
Imagem: Hogarth / United States Public Domain
Capitalismo
Modo de produção ou um sistema
econômico e social, que se baseia na
propriedade privada dos meios de
produção, na existência de um mercado no
qual se realizam as trocas de mercadoria
por meio de moedas e na separação entre
trabalhadores, também chamados de
proletários e capitalistas.
Relações bancárias

Moeda
Busca de lucros Um sistema capitalista...

Uso de mão-de-obra assalariada

Desigualdades sociais
Fortalecimento da burguesia
Etapas do processo de industrialização da produção

• A ampliação do consumo levou o artesão a aumentar a


produção e o comerciante a dedicar-se à produção industrial;
• ocorreu um aumento na produtividade do trabalho; devido à
divisão social da produção, cada trabalhador realizava uma
etapa na confecção de um único produto;
• surgiram depois as primeiras fábricas, com trabalhadores
assalariados, que não tinham controle sobre o produto de seu
trabalho, pois cada um deles só realizava uma etapa da
produção (5).
“De forma pela qual a fabricação de alfinetes é
hoje executada, um operário desenrola o
arame, outro o endireita, um terceiro o corta,
um quarto faz as pontas, um quinto o afia
nas pontas para a colocação da cabeça do
alfinete e assim por diante.”

Adaptado de: SMITH, Adam. A riqueza das nações. São Paulo:


Nova Cultural/Círculo do Livro, 1996, p 65-6
Na maquinofatura (ou “maquinismo”), o trabalhador passou a estar
submetido ao regime de funcionamento da máquina e à gerência
direta do empresário (6).
Cada trabalhador realizava
Uma etapa da produção;
A disciplina é rigorosa;
As mulheres formavam mais de
metade da massa trabalhadora;
Eram ambientes com péssima
Iluminação, abafados e sujos.

Imagem: Lewis Wickes Hine / Public Domain


Depois da política de cercamento
• A consolidação das grandes propriedades, com a expulsão de um grande
número de camponeses, deu-se origem à massa de "homens livres", no sentido
de estarem desprovidos de qualquer propriedade e desligados da autoridade
de um senhor; prontos, portanto, a se tornarem mão de obra industrial.; 
• nas fábricas, os empresários impuseram-lhes duras condições de trabalho, com
baixos salários, para assim aumentar a mais-valia e, através do investimento, a
produção, garantindo um lucro crescente;  
• a disciplina fabril era rigorosa, e as condições de trabalho quase nunca
ofereciam a menor segurança.;
• em algumas fábricas, a jornada ultrapassava 15 horas, os descansos e férias
não eram cumpridos, mulheres e crianças não tinham tratamento diferenciado
(7).
 
 
Uma produção em série
Dentro das fábricas, cresceu
rapidamente a divisão do trabalho,
levando à “produção em série”. Para
maximizar o desempenho dos
operários, as fábricas subdividiram a
produção em várias operações, cada
trabalhador executando uma única
parte do processo, sempre da
mesma maneira.
O aparecimento da
máquina não só revolucionou o
sistema de produção, como
transformou os donos de forjas, de Imagem: Lewis Wickes Hine / Public Domain

fiações e de tecelagens numa forte


burguesia industrial (8).
A mecanização da produção:
• Criou o proletariado rural e urbano, composto de
homens, mulheres e crianças, submetidos a um
trabalho diário exaustivo, no campo ou nas fábricas.
• surgiam, como figuras dominantes da vida econômica
(produção), o capital industrial e o trabalho assalariado;
• a Revolução Industrial encerrou a transição entre
feudalismo e capitalismo, a fase de acumulação
primitiva de capitais e de preponderância do capital
mercantil (8). 
 
Realidade social no século XVIII
 A mecanização desqualificava o trabalho, o que tendia a reduzir o salário.;
 havia frequentes paradas da produção, provocando desemprego;
 nas novas condições, caíam os rendimentos, contribuindo para reduzir a média de vida.
Uns se entregavam ao alcoolismo;
 outros se rebelavam contra as máquinas e as fábricas, destruídas em Lancaster (1769) e
em Lancashire (1779);
 proprietários e governo organizaram uma defesa militar para proteger as empresas;
 as fábricas pareciam prisões e o serviço era árduo, daí a dificuldade inicial em se
encontrar trabalhadores em número suficiente;
 os industriais passaram a empregar mulheres e crianças, cujo salário era menor, em
larga escala;
 as crianças, por sua maior flexibilidade e menor porte, eram usadas para puxar as
vagonetes nos túneis das minas ou para consertar fios quebrados atrás das máquinas
(9).

 
Imagem: Autor desconhecido / United Kingdom Public Domain

As crianças submetiam-se ao trabalho com maior facilidade e eram selecionadas entre


as crianças amparadas pelas paróquias. Estas faziam contratos com o fabricante que
se comprometia a alimentar e educar os meninos e meninas cedidos para o trabalho.
Na realidade, os "aprendizes" de paróquias ficavam confinados nas fábricas, isolados
da sociedade e ao arbítrio dos patrões. Nos relatos sobre o emprego de crianças nos
primeiros anos da Revolução Industrial, não foram raras as denúncias sobre torturas e
maus tratos dispensados a elas.
Exploração do trabalho infantil ainda é uma realidade
Crianças numa fábrica da Inglaterra no Crianças numa pedreira do interior do
século XVIII. Brasil no século XXI.

Imagem: Lewis Hine / National Child Labor Imagem: Zouavman Le Zouave / GNU
Committee collection at the Library of Congress Free Documentation License
As fábricas impunham uma
disciplina de trabalho mais rígida
do que a existente nas oficinas
manufatureiras. O operário foi
obrigado a ser assíduo e ajustado
às novas necessidades da produção
fabril, com ponto diário de entrada
e de saída e descontos nos salários
em caso de faltas ou desatenção.
As extensas jornadas de trabalho
se estendiam por 12 a 16 horas
diárias, sem feriados ou férias, não
se respeitando nem mesmo os Imagem: Autor desconhecido / Public Domain

domingos. Acidentes ocorriam com


frequência, devido aos curtos
períodos de descanso (10).
A classe operária
É dentro das fábricas que surge a nova classe social, a classe operária,
submetida, nesta fase inicial, a esgotantes jornadas de trabalho (que
variavam de 12 a 16 horas diárias) e sem descanso semanal. Sem
instalações apropriadas e nenhuma segurança, as fábricas ofereciam
risco de danos à saúde e à integridade física dos operários. As mortes e
doenças contraídas nas fábricas reduziam consideravelmente a
expectativa de vida de um operário (11).
A reação dos operários
As condições de trabalho contribuíam para o sentimento de revolta:

• Salários baixos;
• jornadas de trabalho extensas;
• lei da oferta e da procura;
• trabalho de menores (de seis, oito, dez anos) e o da mulher;
• meio ambiente do trabalho invariavelmente insalubre.
Embora o movimento da classe operária tenha se concentrado,
inicialmente, no plano secreto, à margem da lei que o perseguia, a
reação veio de forma atuante. Era comum ver protestos de
trabalhadores, pois não restava a eles outra defesa, movimentos
grevistas, sabotagem e boicote, além de alguns convênios
coletivos e as primeiras associações.

Imagem: Autor Desconhecido / Public Domain


Movimentos organizados
  O Ludismo estourou em 1811. O nome dado a esse
movimento é deriva do de um dos líderes, Ned Ludd.
Esse movimento foi uma das primeiras revoltas dos
operários que não concordavam com os avanços

o
tecnológicos, que substituíam homens por máquinas.
Esse movimento foi feito constituído por revoltas radicais,

sm
em que os trabalhadores invadiam as fábricas e destruíam as

i
máquinas, ficando conhecidos como “quebradores de

d
máquinas”. Existiam esquadrões ludistas, que

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andavam armados com martelos, pistolas, lanças, e, durante

L
a noite, andavam de um distrito ao outro, destruindo tudo
que encontravam. Porém, muitos manifestantes foram
condenados à prisão, à morte, à deportação e até à forca.
O Ludismo ocorreu durante alguns anos, mas, aos poucos, os
manifestantes constataram que não eram contra as
máquinas que deveriam reagir, e sim ao uso que os
proprietários faziam delas, abusando da mão-de-obra dos
operários (12). 
Movimentos organizados De forma um pouco mais organizada, em
1836, surgiu o Cartismo, constituído pela
“Associação dos Operários” e liderado por Feargus
O’Connor e William Lovett.
Eles reinvidicavam direitos políticos, como

mo o sufrágio universal (direito de voto), o voto secreto,

s
melhoria das condições e  jornadas de trabalho. E

r ti para isso, eles redigiram a “Carta da Povo”,

a
solicitando um conjunto de reformas junto ao

C
Parlamento. 
Depois de muitas tentativas e lutas, o
Cartismo foi se dissolvendo até chegar ao fim.
Porém, o espírito do movimento não se perdeu, e
ganhou maior presença política depois de um
tempo, fazendo com que algumas leis trabalhistas
fossem criadas (13). 
Movimentos organizados
Os “trade-unions”, associações formadas
pelos operários, possuíam uma evolução muito
lenta nas
reivindicações que faziam. Porém, evoluíram e
formaram os sindicatos, que eram sistemas de
organização que defendiam  seus direitos, além
de serem os focos de resistência à exploração
capitalista. Mas, diferente dos sindicatos de

-
hoje, os “trade-unions” tinham muita dificuldade

d e e
de atuação.

a ns os
Em 1824,  diante de todo esse crescimento das

r
T nio cat
lutas operárias, a Inglaterra acaba aprovando a
primeira lei, que permite a organização sindical

U ndi
dos trabalhadores. Depois dessa conquista, o
sindicalismo se fortalece ainda mais.

S i A partir desse momento, começaram a surgir


organizações de federações que unificavam
várias categorias dos trabalhadores, e em 1830
foi fundada a primeira entidade geral dos
operários ingleses. Chegou a ter cerca de 100 mil
membros (14).
O
M
LIS
TA

A situação de extrema exploração na


PI

qual se encontrava os trabalhadores


CA

fez surgir também teorias que


condenavam o sistema capitalista e
as desigualdades sociais provocadas
ou acentuadas por esse sistema, que
propunha uma nova organização da
sociedade. O
I S M
ANARQUISMO AL
CI
SO
Anarquismo

Movimento político que defende uma


organização social baseada em consensos e na
cooperação de indivíduos livres e autônomos, sendo
abolidas, entre eles, todas as formas de poder. A
Anarquia seria assim uma sociedade sem poder, em
que os indivíduos de uma dada sociedade se auto
organizariam, de tal forma, que garantiriam, em todas
as circunstâncias, a mesma capacidade de decisão a
todos os membros. Essa sociedade apresenta-se como
uma "Utopia” (15).
Graças à influência desses movimentos, os operários
conseguiram uma série de vitórias, como a redução
da jornada de trabalho para dez horas, a proteção ao
trabalho de mulheres e crianças, a reforma do código
penal e a regulamentação das associações políticas.
Essas reformas abrangeram toda a vida social,
consolidando a ordem burguesa. Os sindicatos foram
fortalecidos, a liberdade de opinião foi
regulamentada e o sistema de cooperativas
defendido (16).
Tabela de Imagens
Slide Autoria / Licença Link da Fonte Data do
Acesso
       
4 http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Telers_ 02/04/2012
Elmf / Public Domain
mec%C3%A0nics.JPG
8 Hogarth / United States Public Domain http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hand- 02/04/2012
loom_weaving.jpg
13 http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Camde 03/04/2012
n,_New_Jersey_-
Lewis Wickes Hine / Public Domain _Radio._RCA_Victor._End_of_Chassis_assembly
_line_-_assembling_5-tube_radio_chassis._-
_NARA_-_518700.jpg
15 http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Camde 03/04/2012
n,_New_Jersey_-
Lewis Wickes Hine / Public Domain _Radio._RCA_Victor._End_of_Chassis_assembly
_line_-_assembling_5-tube_radio_chassis._-
_NARA_-_518700.jpg
18 Autor desconhecido / United Kingdom Public http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jaggers 03/04/2012
Domain _Cop_tubing_TM.png
19.a Lewis Hine / National Child Labor Committee http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mill_C 03/04/2012
collection at the Library of Congress hildren_in_Macon.jpg
19.b Zouavman Le Zouave / GNU Free Documentation http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Young_ 03/04/2012
License girl_working.jpg
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20 http://commons.wikimedia.org/wiki/File:1950s_ 03/04/2012
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23 http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Revolu 03/04/2012
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%C3%85bo_29_mars_1917.jpg

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