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Processo saúde/doença e sua relação

com o trabalho

Profª. Enfª. Pabloena Pereira


Biossegurança

• A Biossegurança teve sua gestão iniciada por


necessidade de proteção ao trabalhador no
sentido universal.

• Entretanto, os riscos gerados pelos agentes


químicos, físicos, biológicos e a seguir o
ergonômicos e de acidente tornou mais
evidente a necessidade de uma legislação
especifica. 
Biossegurança
• No âmbito de saúde global, considerando o meio ambiente surgiu a
lei da biossegurança especificamente para Organismos
Geneticamente Modificados em 1995, e reeditada a Lei de
Biossegurança nº 11.105 de 24 de março de 2005.

• Cabe salientar que pela sua abrangência


e a complexidade fica difícil e
contraproducente as ações gerenciais
isoladas da biossegurança e a
preservação ambiental (HIRATA, 2011).
Processo Saúde/Doença
• As variáveis envolvidas no estado de “saúde” e “doença” de um
indivíduo ou população, levando-se em conta que ambos os
estados estão interligados e que são consequências dos
mesmos fatores.

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Processo Saúde/Doença
• Segundo Laurell (1983), o termo “processo saúde-doença”
refere-se ao modo pelo qual ocorre nos grupos da
coletividade, o processo biológico de desgaste e reprodução,
destacando como momentos particulares a presença de um
funcionamento biológico diferente, com consequências para o
desenvolvimento regular das atividades cotidianas, isto é, o
surgimento de doença.

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As Relações Entre Trabalho e Saúde/Doença 
• Trabalho como determinante da Saúde

• Saúde como condição de Trabalho

• Trabalho como causa de Doença

• Doença como impedimento ao trabalho


Fatores Universais Intervenientes no Processo Saúde/Doença

“A saúde e a doença dependem das condições socioeconômicas,


ainda que não somente delas.”
“Escolas” que estudaram o que foi denominado “determinação
social do processo saúde e doença”:
 “Medicina Social Latino-americana”
 “Saúde Coletiva”
 “Movimento de Promoção da Saúde”
 Outras
Fundamentação Conceitual
• “Medicina Social”: centralidade no conceito
de “classe social”.

• “Saúde Coletiva”: priorização do conceito de


“coletivo”; “Universalidade”; “Integralidade”.

• “Promoção da Saúde” (ou à Saúde): “estilo de


vida”, “ação intersetorial”.
Determinantes do Estado de Saúde
• Raciais e antropológicas • Físico
• Genéticas e hereditárias • Biológico
• Sexo e idade • Socioeconômico
(ocupação, salário,
etc.)
BIOLOGIA AMBIENTE

ESTILO DE SERVIÇOS
VIDA DE SAÚDE
• Hábitos, vícios, abusos de drogas • Prevenção e promoção
• Lazer, recreação • Tratamento
• Alimentação e exercícios,etc. • Reabilitação.
Fundamentação Conceitual
“As várias correntes englobadas sob o rótulo de “determinação social do
processo saúde/doença” têm e não têm razão, sua capacidade explicativa
tem limites e potência:

• É potente quando ressalta a importância dos fatores de ordem


universal na gênese da saúde e da doença;

• Reduz sua capacidade explicativa quando subestima o peso dos


sistemas de saúde e dos fatores subjetivos nesse processo.”

(Campos, 2006)
Fundamentação Conceitual
 “A corrente que prioriza os fatores biológicos tem e não tem
razão, sua capacidade explicativa tem potência e limites.

 É potente quando ressalta a importância das variações biológicas


ou orgânicas na gênese da saúde e da doença;

 É reduzida quando subestima a importância dos fatores políticos,


sociais e subjetivos neste processo.”

(Campos, 2006)
Fundamentação Conceitual
 “As correntes que pensam o processo/doença muito centradas na
subjetividade têm e não têm razão.

 Têm razão quando enfatizam a influência do subjetivo nos estados de


saúde de indivíduos e coletividades;

 Mas, na sua racionalidade tem limites importantes, quando pensam


modelos explicativos ou de atenção invariavelmente centrados em
variáveis subjetivas, seja da ordem do interesse pragmático, seja da
ordem do desejo subversivo.”
(Campos, 2006)
Fundamentação Conceitual
A “subjetividade” como fator particular que influencia a co-produção da
saúde de indivíduos e de coletividades -> “teoria da co-produção singular da
saúde e doença”:
 Importância do sujeito na co-constituição de si mesmo e dos processos
de saúde/doença;

 “Dialética Multifatorial”: interferência simultânea de fatores de ordem


social, subjetivos e orgânicos (=> “teoria da complexidade”);

 Resultantes singulares: cada caso será um caso específico.


(Campos, 2006)
Saúde/Doença dos Trabalhadores
• Etimologia de “trabalho”, “travail”
• Trabalho como “maldição” e “castigo”?
• Execução de trabalhos pesados e de risco
por operários pobres e escravos das
nações/pessoas subjugadas
• Poucas ou escassas referências à
importância do trabalho como
determinante da saúde - doença
Saúde/Doença dos Trabalhadores
• Primeiros registros: a visão do poeta
romano Lucrécio (98-55 a.C.):
• “Não viste nem ouviste como morrem em
tão pouco tempo, quando ainda tinham
tanto vida pela frente?”
• Morte prematura: “anos potenciais de vida
perdidos” (APVP)
Saúde/Doença dos Trabalhadores
• Observações de Georgius Agrícola (1494-1555),
livro De Re Metallica (1556):

• “Aqueles que desentranham minerais são vítimas,


pois, de grandes riscos; as mulheres que com eles
casam estão sujeitas a contraírem novas núpcias,
porque ficam logo viúvas, como aconteceu nas
minas dos Montes Cárpatos que, houve mulheres
que chegaram a ter sete esposos.”
Saúde/Doença dos Trabalhadores
• Contribuições de Bernardino Ramazzini (1633-1714),
livro De Morbis Artificum Diatriba (“As Doenças dos
Trabalhadores”):

• Preocupação e compromisso com uma classe de


pessoas habitualmente esquecida e menosprezada
pela Medicina;

• Compreensão sobre a “determinação social da


doença”.
Saúde/Doença dos Trabalhadores
•  Contribuições de Percival Pott (1713-1788): câncer de escroto em ex-
limpadores de chaminés (importância da anamnese ocupacional;
importância do tempo de latência).

• Contribuições de Louis René Villermé (1782-1863): “...descrição


comparativa das similaridades e diferenças entre trabalhadores da mesma
atividade mas que trabalham em diferentes locais, e trabalhadores do
mesmo estabelecimento, mas em atividades diferentes...”

• Contribuições de William Farr (1807-1883): estudos de mortalidade geral e


específica (doenças respiratórias) em áreas de mineração; ideia de “risco
relativo” e “risco atribuível”.
Classificações de Adoecimento
Relacionado ao Trabalho
• Classificação de Ramazzini (1700)
• Classificação Médico-Legal Clássica
• Classificação Legal (Lei 8.213/91)
• Classificação de Ivar Oddone (1977)
• Classificação de Schilling (1984)
• Sistemas “abertos”, sistemas “fechados”
ou de “listas”, e sistemas “mistos”
(fechados com cláusula aberta)
Saúde/Doença dos Trabalhadores:
Classificação de Ramazzini (1700)

Grupo 1: Doenças diretamente causadas pela


“nocividade da matéria manipulada”, de
natureza relativamente específica;

Grupo 2: Doenças produzidas pelas condições


de trabalho: “posições forçadas e inadequadas”,
“operários que passam o dia de pé, sentados,
inclinados, encurvados, etc”.
Saúde/Doença dos Trabalhadores:
Classificação Médico-Legal Clássica

Grupo 1: “Doença Profissional” típica,


clássica ou “Tecnopatia”;

Grupo 2: “Doença do Trabalho”, ou “Doença


Adquirida pelas Condições Especiais em que
o Trabalho é Realizado”, ou “Mesopatia”.
Saúde/Doença dos Trabalhadores: Classificação
Legal Brasileira(Art. 20 da Lei 8.213/91)

Grupo 1: Doença Profissional, “assim


entendida a produzida ou desencadeada pelo
exercício do trabalho peculiar a determinada
atividade e constante da respectiva relação
elaborada pelo Ministério do Trabalho e da
Previdência Social”.
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Saúde/Doença dos Trabalhadores: Classificação
Legal Brasileira(Art. 20 da Lei 8.213/91)

Grupo 2: Doença do Trabalho, “assim


entendida a adquirida ou desencadeada
em função de condições especiais em
que o trabalho é realizado e com ele se
relacione diretamente”
Saúde/Doença dos Trabalhadores: Classificação
Legal Brasileira(Art. 20 da Lei 8.213/91)

• O Decreto 3.048/99, assinado pelo Presidente da República e


Ministro da Previdência Social
• O Anexo II do Decreto regulamenta o Art. 20 da Lei 8.213/91, que
equipara as “doenças profissionais ou do trabalho” a “acidente do
trabalho”
• A Lista restringe-se a doenças que produzem “incapacidade
laborativa”...
Saúde/Doença dos Trabalhadores: Classificação
Legal Brasileira (Art. 20 da Lei 8.213/91)

... em trabalhadores “segurados da Previdência


Social” (INSS), nos quais...

...A Perícia do INSS deve fazer o “reconhecimento


técnico do nexo causal entre a doença e o
trabalho” (Art. 337 do Decreto 3.048/99) ou “nexo
técnico”, que complementa, confirma ou exclui o
“nexo causal” feito ou suspeitado por quem
diagnosticou a doença (SUS, SESMT, etc.)
Saúde/Doença dos Trabalhadores:
“Doenças Relacionadas ao Trabalho”

A Portaria 1.339/99 é do Ministro da Saúde,


no cumprimento do Artigo 6º., parágrafo
3º., Inciso VII da Lei 8.080/90

Visa atender, também, Resolução do


Conselho Nacional de Saúde (nº. 220, de
5/5/97)
No seu conteúdo é semelhante à Lista da Previdência Social
(Decreto 3.048/99), mas tem finalidades distintas:
A Portaria estabelece que a Lista deve ser “adotada como
referência (...) no Sistema Único de Saúde...”
“...para uso clínico e epidemiológico.”
A “nova lista” é de doenças e não apenas de “agentes patogênicos”

A “nova lista” é de dupla entrada, isto é, para cada “agente patogênico”


lista as doenças etiologicamente relacionadas (Lista A), e para cada
“doença” (segundo a CID-10), lista os agentes patogênicos que podem
causar a doença ou podem se constituir em fator de risco (Lista B).
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O conceito de “nexo causal com o trabalho”
foi ampliado, no sentido de incluir não apenas
as “doenças profissionais” - senso estrito - mas
também as “outras doenças relacionadas com
o trabalho”, adotando-se, para tanto, as
possibilidades sistematizadas por Richard
Schilling (1984)
Adoecimento relacionado ao Trabalho:
Classificação de Ivar Oddone (1977)
GRUPO I – Acidentes e doenças inespecíficas
causadas por agentes nocivos ambientais que
existiam também fora do ambiente do trabalho (luz ,
condições de ventilação, umidade, temperatura,
barulho etc.).

GRUPO II – Doenças inespecíficas e doenças


profissionais causadas por agentes nocivos exclusivos
do ambiente de trabalho (gases, poeiras químicas,
vapores etc.).
Adoecimento relacionado ao Trabalho:
Classificação de Ivar Oddone (1977)
GRUPO III – Acidentes de trabalho, doenças
inespecíficas e profissionais que são
relacionadas com agentes físicos.

GRUPO IV – Acidentes e doenças inespecíficas


causadas por condições de trabalho que
promovam estresse (ritmos acelerados
excessivos, repetitividade, ansiedade etc.).
Adoecimento relacionado ao Trabalho:
Classificação de Schilling, (1984)
Referências
• HIRATA, M. H. & MANCINI FILHO, J. Manual de biossegurança.
2. ed. São Paulo: Manole, 2011.

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Exercício de fixação
1. Qual a definição de Saúde/Doença?
2. Quais os principais determinantes do estado de saúde?
3. Quais as principais classificações de adoecimento relacionado ao
trabalho?
4. Um profissional de saúde pode adquirir tecnopatias no trabalho?
5. Quais os principais determinantes da Classificação de Ramazzini
(1700)?
6. Quais as cincos primeiras doenças que levam a aposentadoria e ao
auxilio doença?
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