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MECANISMOS DE

ADERÊNCIA E PERDA
DE ADERÊNCIA

Programa de Pós Graduação em Docente: Francisco Gabriel


Engenharia Civil (PPEC) – UFBA Discentes: Alanna Malta e Sabrina Andrade
DEFINIÇÃO:
■ A aderência é a propriedade resultante das ligações que ocorrem na
interface entre duas superfícies.
■ É regida por três leis fundamentais:
■ 1ª: “Todos os átomos e moléculas aderem com força considerável”;
■ 2ª: “A contaminação das superfícies reduz a aderência”; e
■ 3ª: “Alguns parâmetros dificultam o contato a nível molecular, como
textura da superfície, viscosidade do adesivo, sucção, dispersão de
partículas podendo reduzir a aderência se houver diminuição da área de
contato entre as superfícies”.
DEFINIÇÃO:
■ A aderência é, portanto, uma ligação atômica ou molecular que ocorre na
interface de uma superfície sólida e um outro elemento qualquer, sendo
essa ligação explicada por fenômenos físicos e/ou químicos, através das
forças eletrostáticas de Van Der Walls.
■ A NBR 13528 (ANBT, 2010) define aderência como a propriedade do
revestimento de resistir às tensões normais e tangenciais atuantes na
interface com o substrato.
■ No caso da argamassa, esse fenômeno é essencialmente mecânico –
sistema dos poros ativos, que ao hidratar-se, precipita hidróxidos e
silicatos, promovendo assim a ancoragem.
• Ancoragem mecânica da pasta nos poros do substrato;
• A seção das irregularidades superficiais for menor ou igual à das partículas
irá ocorrer o entupimento.
OBJETIVO:

■ Identificar e analisar parâmetros que influenciam a aderência de matrizes


cimentícias e apontar soluções técnicas para a melhoria de tal
propriedade contribuindo com o aumento da ecoeficiência de sistemas
cimentícios.
MATERIAIS:
■ Argamassa industrializada (Revest 2 – Concreto), disponível no mercado
nacional, de massa específica 2.78g/cm³, determinada por picnometria a
gás Hélio;
■ Argamassa com teor de água de 16,25% em relação à massa de sólidos,
misturada em reômetro rotacional com velocidade igual a 500 rpm
durante cinco minutos. Decorridos 30 s, a água era adicionada ao pó com
auxílio de funil de vazão média de 45 g/s.
■ Hidrofugante à base de uma emulsão de octiltrietoxisilano solúvel em
água – para impermeabilização de materiais porosos, o pH do
hidrofugante é de 4,93 e a densidade de 1,02 g/cm³.
CORPOS-DE-PROVA:
■ Foram moldados corpos-de-prova para ensaios de resistência de
aderência à tração – corpos-de-prova cilíndricos com diâmetro de 100
mm e altura de 20 mm,
preenchidos em camada única, aplicação de quinze golpes; com
nivelamento superficial executado no sentido centro-extremidade;
■ Após 24 h, os moldes eram retirados e os corpos-de-prova condicionados
em
embalagem plástica com umidade relativa igual a 100% e temperatura
ambiente de (23 ± 2)°C durante 28 dias;
■ Após moldados, os corpos de prova passaram pelo preparo superficial
dos substratos:
■ Base natural (BN) – somente com limpeza superficial com jato de ar;
■ Base hidrofugada (BH) – limpeza superficial mais aplicação de
hidrofugante em
emulsão a base de silicone, diluído em água, num teor de 10% em relação
à massa de água. A aplicação foi feita em três demãos com auxílio do
pincel, a secagem superficial foi feita ao ar;
■ Base hidrofugada e lixada (BHL) – decorridos 30 min da aplicação do
hidrofugante, a superfície foi novamente lixada com auxílio da politriz
empregando-se somente a lixa n° 240.
ENSAIOS:

Topografia da superfície
Distribuição do diâmetro de poros
Porosidade aparente
Ângulo de contato aparente
Absorção ao longo do tempo
Permeabilidade
RESULTADOS:

Observa-se que o tratamento superficial do substrato alterou


significativamente a quantidade de partículas depositadas na
superfície. As bases hidrofugadas (BH) e hidrofugadas e lixadas
(BHL) propiciaram um aumento de sete vezes no volume de
partículas em relação à base natural (BN).
■ Os resultados obtidos contrariam a hipótese de que a absorção
necessariamente aumenta a resistência de aderência. No entanto, o tipo de
tratamento superficial aplicado na superfície do substrato alterou
significativamente nos valores de resistência de aderência à tração.
■ Verificou-se que mesmo quando o hidrofugante é removido da superfície
por lixamento, mas permanece nos poros reduzindo a absorção (BHL), a
aderência aumenta. A base natural (BN) apresentou resistência de
aderência, 2,19 e 1,90 vezes menor em relação à hidrofugada (BH) e
hidrofugada+lixada (BHL).
■ Os resultados confirmaram que as bases hidrofugadas possuem maior
resistência de aderência em relação à natural, 47% superior. O acréscimo
da resistência de aderência pode ser explicado pelo aumento do contato
da matriz-substrato, houve maior deposição de partículas na superfície do
substrato com o uso do hidrofugante.
As Figuras 3.28 (a) e (b) mostram imagens representativas da interface argamassa-substrato
sem tratamento (BN) e com aplicação de hidrofugante (BH), respectivamente. Nas interfaces
com substrato sem tratamento observou-se maior incidência de defeitos, vazios oriundos da
falta de contato argamassa-substrato, enquanto que nas bases hidrofugadas a superfície do
substrato é toda recoberta pela argamassa.
CONCLUSÃO:
■ Verificou-se que a porcentagem de partículas que penetram nos poros de
substratos não atinge 1% do volume total de partículas lançadas na
melhor das hipóteses de penetração.
■ Mesmo se a composição cimentícia fosse projetada para preencher todos
os poros, a contribuição desta ancoragem mecânica na aderência seria
parcial, pois a mesma é limitada pela porosidade do substrato, que
segundo a literatura varia de 10-40%.
■ O uso de silano como tratamento superficial do substrato, sem e com a
remoção de parte deste com o lixamento, provou que pode haver
aderência da mesma ordem grandeza das bases absorventes.
■ A contribuição da penetração de partículas para a aderência só será
efetiva se houver compatibilidade geométrica entre a partícula e a
topografia do substrato, e a matriz apresentar características reológicas
adequadas para recobrir toda a superfície aumentando, assim a área de
contato entre ambos.
■ A aplicação de octiltrietoxisilano como tratamento superficial de
substratos cimentícios constitui-se numa alternativa para aumento de
aderência de matrizes cimentícias que precisa ser mais bem investigada.
■ Na medida em que a argamassa perde água para a base e/ou o ambiente,
as partículas se aproximam, perdem a mobilidade, provocando o
enrijecimento da argamassa e impedindo o fluxo da argamassa sobre o
substrato, o que pode aumentar a taxa de
defeitos na interface argamassa-substrato e, consequentemente diminuir a
aderência.
■ Além disso, uma das hipóteses é que o silano repele a água aproximando
as partículas da superfície (“adsorção”); ademais, é possível que haja
uma afinidade química entre o silano e a matriz cimentícia ou com o
próprio substrato.
■ Não foram obtidas correlações entre as propriedades mecânicas da
argamassa e a resistência de aderência à tração do sistema substrato-
matriz (4 a 13 vezes inferior à resistência à tração). O que indica a
magnitude que esta propriedade pode ser melhorada.
REFERÊNCIAS:
■ COSTA, Eliane Betânia Carvalho. Análise de parâmetros influentes na
aderência de matrizes cimentícias / E.B.C. Costa. -- versão corr. -- São
Paulo, 2014. 156p. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia de Construção
Civil.
■ GONÇALVES, S. R. C. (2004). Variabilidade e fatores de dispersão da
resistência de aderência nos revestimentos em argamassa – estudo de
caso. Dissertação de Mestrado. Publicação E.DM-004 A/04,
Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Brasília, Brasília,
DF, 148p.

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