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TRIBUNAL ADMINISTRATIVO

DA PROVÍNCIA DE GAZA
Fiscalização da Legalidade das Despesas Públicas
(Alguns aspectos relevantes na instrução processual
nas Instituições da Província de Gaza)
Formas de controlo exercidas pelo Tribunal
Administrativo da Província de Gaza

No âmbito das competências que lhe são conferidas nos termos do n.º 2 do

artigo 230 da Constituição da República de Moçambique e o n.º 1 do artigo 1

da Lei n.º 24/2013, de 01 de Novembro, que revoga a Lei nº 25/2009, de 28 de

Setembro, o T.A.G exerce fundamentalmente as seguintes formas de controlo:


 Prévia – artigo 59, da Lei 14/2014, de 14 de Agosto

 Concomitante – artigo 57, da Lei 14/2014, de 14 de Agosto

 Sucessivo – artigo 81, da Lei 14/2014, de 14 de Agosto.


FISCALIZAÇÃO PRÉVIA(art.59 da Lei
n.º14/2014, de 14 de Agosto)

NOÇÃO

A fiscalização prévia da legalidade das despesas públicas exerce-se


através da concessão ou recusa do Visto nos actos administrativos,
contratos e mais instrumentos emanados pelo Estado e demais
entidades públicas traduzindo-se na análise da legalidade e cabimento
financeiro dos mesmos e, relativamente aos contratos na indagação,
sobre se foram observadas as condições mais favoráveis para o Estado.
Momento em que ocorre

É posterior à pratica do acto ou celebração do contrato e em


regra, antecede o início da produção de efeitos.
COMPETÊNCIA PARA O EXERCÍCIO DA
FISCALIZAÇÃO
PRÉVIA
Quem exerce o poder de controlo da legalidade das despesas
Públicas a nível da Província de Gaza?

É o Tribunal Administrativo da Província de Gaza de acordo


com os art.228 e 230 CRM bem como, a alínea b), do nº 2, do
art. 4 da Lei n.º 24/2013, de 01 de Novembro, em atenção ao n.º
1 do art. 1 da mesma Lei.
Função da Fiscalização Prévia
 Controlar a legalidade das despesas públicas;
 Concorrer para uma gestão correta dos fundos
públicos com vista a salvaguardar o interesse público da
colectividade.
ÂMBITO SUBJECTIVO DA FISCALIZAÇÃO
PRÉVIA
Estão sujeitos à Fiscalização Prévia do T.A.G (art. 60 da Lei n.º
14/2014, de 14 de Agosto):

 O Estado e outras entidades públicas, designadamente, os


serviços e organismos inseridos no âmbito da Administração
Pública Central, Provincial e local, incluindo os dotados de
autonomia Administrativa e ou financeira e personalidade
jurídica;
Cont.

 Os institutos públicos;
 As autarquias locais;
 Outras entidades que a lei determinar.
ÂMBITO MATERIAL DA FISCALIZAÇÃO
PRÉVIA

Estão sujeitos à Fiscalização Prévia do T.A.G (art. 61 da Lei n.º


14/2014, de 14 de Agosto):

 Os actos administrativos de provimento do pessoal, civil ou


militar, designadamente os relativos às admissões de pessoal não
vinculados a função pública ou para categoria de ingresso,
aposentações, reformas, bem como de atribuição de pensões;
Cont.

 Actos de designação dos recebedores, tesoureiros, exactores e


demais responsáveis por dinheiros públicos;
 Os contratos de qualquer natureza ou montante,
designadamente os relativos a pessoal, obras públicas,
empréstimos, concessão, fornecimento e prestação de serviços;
Cont…
 As minutas de contratos de valor igual ou superior ao valor
fixado anualmente na lei orçamental, sem prejuízo das de
valor inferior ficaram sujeitas à fiscalização sucessiva;
 As minutas de contratos de qualquer valor que venham
celebrar-se por escritura pública e cujos encargos tenham de
ser satisfeitos no acto da sua celebração;
Cont…

 Documentos escritos avulsos, que conjugados entre si


consubstanciem um acordo de vontades e um contrato,
embora informal;

 Outros actos que a lei determinar.


Finalidade do Visto

 Prevenir a realização de despesas públicas que não tenham um


suporte legal;

 Assegurar que os dinheiros públicos postos à disposição dos


administradores do mesmo sejam geridos com transparência e
regularidade, tendo em atenção os interesses da colectividade.
EFEITOS DO VISTO
 Condicionar a eficácia global dos actos, contratos e mais instrumentos

legalmente sujeitos à Fiscalização pelo TA, conforme o disposto no art.

62 da Lei n.º 14/2014, de 14 de Agosto.

Nestes termos, nenhum acto, contrato ou outro instrumento jurídico

que, por Lei, está sujeito ao controlo financeiro, pode produzir os seus

efeitos antes da concessão do visto, salvo excepções que a própria lei

estabelece.
DOCUMENTOS PARA Á INSTRUÇÃO DO CONTRATO DE
ARRENDAMENTO

 A autorização para o procedimento da pré- contratação, nos termos


da alínea a), do artigo 15, das Instruções de Execução Obrigatória
do Tribunal Administrativo.
 Indicar e fundamentar o regime jurídico para contratação (ajuste
directo), nos termos do artigo 6, conjugado com alínea h) do nº 2, do
artigo 113, ambos do Decreto n° 15/2010, de 24 de Maio.
 Comunicação á Unidade Funcional de Supervisão de Aquisições,
nos ternos do n° 1, do artigo 118, do Decreto n° 15/2010, de 24 de
Maio.
 Informação de cabimento de verba, nos termos do artigo 67, da Lei
n° 14/2014, de 14 de Agosto .
CONT…
 A declaração que não há execução judicial do seu património que
afecte a sua situação financeira, segundo o ponto iii), da alínea a),
do n°1, do artigo 23, do Decreto n° 15/2010, de 24 de Maio.
 Os encargos totais do contrato conforme o previsto na alínea f),
do n° 1, do artigo 45, do decreto 15/2010, de 24 Maio.
 As cláusulas contratuais devem obedecer o previsto, nos artigos
45 , do Decreto 15/2010, de 24 de Maio, conjugado com nº 2, do
artigo 65, da Lei 14/2014, de 14 de Agosto.
CONT…
 O acto de adjudicação e respectiva fundamentação, nos
termos da alínea e), do artigo 15 das Instrução de Execução
Obrigatória do Tribunal Administração.

 Declaração do responsável dos serviços provando a


capacidade do adjudicatário quanto aos requisitos legais de
habilitações e contratação, nos termos da alínea m), do artigo
15 das Instruções de Execução Obrigatória do Tribunal
Administrativo.
CONT…
 A certidão válida de aquisição emitida pela Administração

Fiscal, nos termos da alínea d) do n° 1 do artigo 65, da

14/2014,de 14 Agosto, conjugado com alínea a) do artigo 25

do Decreto n° 15/2010, de 24 de Maio

 O titulo de propriedade que atesta que a mesma pertence a

contratada.
Fundamentos da recusa do visto (artigo 78 da
Lei n.º 14/2014, de 14 de Agosto)

 A desconformidade do acto ou contrato, traduzida em absoluta


falta de forma, impossibilidade do objecto ou vício
determinante de inexistência ou nulidade absoluta;
 Intempestividade da submissão a fiscalização prévia,
decorrente de execução prévia ilegal;
Cont...

 A mera anulabilidade, legitimamente invocada por


interessado;

 A ofensa ao caso julgado;

 A falta de cabimento financeiro.


Efeitos da Falta ou Recusa do Visto (artigo 79 da Lei
n.º 14/2014, de 14 de Agosto)

 Os actos e mais instrumentos subtraídos à fiscalização prévia


ou objecto de recusa do visto não são exequíveis, sendo
insusceptíveis de quaisquer efeitos financeiros;

 A recusa do visto determina a cessão de quaisquer abonos, a


partir da data em que, da respectiva decisão, for dado
conhecimento aos serviços;

 A execução de um acto ou contrato, objectos de recusa do


visto, ofende o caso julgado e determina a nulidade dos actos
de execução.
Excepções ao visto (art. 73 da Lei n.º
14/2014, de 14 de Agosto)

Não estão sujeitos à fiscalização prévia:


 Os diplomas de nomeação emanados do Presidente da
República;
 Os diplomas relativos a cargos electivos;
 Os contratos celebrados ao abrigo de Acordos de
Cooperação entre Estado;
Cont...

 Os actos administrativos sobre a concessão de vencimentos


certos ou eventuais resultantes do exercício de cargo por
inerência legal expressa, com excepção dos que concedem
gratificação;

 Nomeações definitivas dos Funcionários do Estado;


Cont...
 Os títulos definitivos de contratos cujas minutas hajam sido
objecto de visto;

 Os diplomas e despachos relativos a promoções, progressões,


reclassificações, substituições e transferências(sujeitos á
anotação, vide o n.º 1 do art. 72 da Lei n.º 14/2014, de 14 de
Agosto).
Nota:

A Lei que aprova o Orçamento do Estado estabelece anualmente


um valor abaixo do qual ficam isentos da fiscalização prévia
contratos não relativos a pessoal, quando celebrados com
concorrentes inscritos no cadastro único (Passado pela UFSA),
conforme o nº 2, do artigo 73, da Lei 14/2014, de 14 de Agosto.
De salientar que os mesmos devem dar entrada no Tribunal
Administrativo da Província de Gaza, até 30 dias após a sua
celebração, para efeitos de Anotação com forme o artigo 72, e o nº 2,
do artigo 73, da Lei 14/2014, de 14 de Agosto.
PRESTAÇÃO DE CONTAS, INFRACÇÕES
E RESPONSABILIDADE FINANCEIRA
Prestação de contas

Estão sujeitos à prestação de contas os recebedores,


tesoureiros, exactores e demais responsáveis pela cobrança,
guarda ou administração de dinheiros públicos, bem como os
responsáveis pela gestão das entidades sujeitas ao controlo
financeiro da jurisdição administrativa, qualquer que seja o
grau da sua autonomia, ainda que as suas despesas sejam,
parcial ou totalmente cobertas por receitas próprias ou que,
umas e outras, não constem do Orçamento do Estado. (Art.
81, da Lei 14/2014, de 14 de Agosto)
Princípio de contraditório

Tribunal Administrativo, conferem o direito de audição prévia


e de defesa aos responsáveis pelas contas e aos eventuais
suspeitos de infracções financeiras, garantindo o contraditório
e a ampla defesa (Art. 5, da Lei nº 14/2014, de 14 de Agosto)

Sempre que da instrução resultem factos que envolvam


responsabilidade financeira ou qualquer juízo de censura,o
relator ordena a citação dos responsáveis para, no prazo de
trintadias, contestarem e apresentarem os documentos que
entendam necessários. (Art. 43, da Lei nº 14/2014, de 14 de
Agosto)
Prestação, certificação e julgamento de
contas

 As contas das entidades sujeitas ao controlo da jurisdição


administrativa devem dar entrada nesta, no prazo de três
meses, contados a partir da data do termo da gerência, (n.º 1,
art 84, da Lei nº 14/2014, de 14 de Agosto).
 A requerimento dos interessados que invoquem motivo
justificado, o Tribunal Administrativo, podem fixar prazo
diferente, (n.º 1, art 84, da Lei nº 14/2014, de 14 de Agosto).
Prestação, certificação e julgamento
de contas
Cont...
O Tribunal Administrativo deve apreciar as contas recebidas,
para fins de certificação prevista no artigo 96, até 31 de
Dezembro do ano em que forem entregues, (n.º 4, art 84, da
Lei nº 14/2014, de 14 de Agosto).
Prestação, certificação e julgamento de
contas
Cont...
O Tribunal Administrativo deve apreciar as contas
recebidas, para fins de certificação prevista no artigo 96, até
31 de Dezembro do ano em que forem entregues, (n.º 4, art
84, da Lei 14/2014, de 14 de Agosto).
Modalidades de responsabilidade
financeira

A responsabilidade financeira pode ser de tipo


reintegratório ou meramente sancionatória, (art. 106,
da Lei nº 14/2014, de 14 de Agosto).
Infracções e Resp. financeiras
sancionatória, (Art 99, da Lei 14/2014 de
14 de Agosto)
Cont...
 A não liquidação, cobrança ou entrega nos cofres do
Estado das receitas devidas;
 A violação das normas sobre a elaboração e execução
dos orçamentos, bem como da assunção, autorização
ou pagamento de despesas públicas ou compromissos;
 A não efectivação ou retenção indevida dos descontos
legalmente obrigatórios a efectuar ao pessoal;
Infracções e Resp. financeiras
sancionatória (Art 99, da Lei nº 14/2014, de
14 de Agosto)
Cont...

A falta injustificada de:


 remessa de contas ao Tribunal (...);
 remessa tempestiva ou a sua apresentação com deficiências
tais que impossibilitem ou gravemente dificultem a sua
verificação;
 comparência para a prestação de declarações ou de
colaboração devida ao tribunal
Infracções e Resp. financeiras
sancionatória (Art 99, da Lei 14/2014, de 14
de Agosto)
Cont...
 O extravio de processos ou documentos e sonegação ou
deficiente prestação de informações ou documentos pedidos
pelo tribunal competente ou exigidos por lei;
 A introdução nos processos de elementos que possam
induzir o tribunal em erro nas suas decisões ou relatórios,
ou que dificultem substancialmente ou de todo obstem o
julgamento das contas;
 A publicação, no Boletim da República, de actos ou
contratos sujeitos ao visto, sem a prévia concessão do
mesmo;
Infracções e Resp. financeira sancionatória
(Art 99, da Lei nº 14/2014, de 14 de Agosto)
Cont...
 A execução de actos ou contratos a que tenha sido recusado
o visto ou de actos ou contratos que não tenham sido
submetidos à fiscalização prévia quando a isso estavam
legalmente sujeitos;
 A violação de normas legais ou regulamentares
respeitantes à gestão e controlo orçamental, de tesouraria e
de património;
 O adiantamento por conta de pagamentos nos casos não
expressamente previstos na lei;
Infracções e Resp. financeira sancionatória
(Art 99, da Lei nº 14/2014, de 14 de Agosto)
Cont...
 A utilização de empréstimos públicos em finalidades
diversas das legalmente previstas, bem como pela
ultrapassagem dos fundos legais da capacidade de
endividamento;
 A utilização indevida de fundos movimentados por
operações de tesouraria para financiar despesas públicas;
 A utilização de dinheiros ou outros valores públicos em
finalidades diferentes das legalmente previstas.
Resp. financeira reintegraria
(Art 100, 101, 103 e 111; n.º 2 art. 115,
todos da Lei nº 14/2014, de 14 de Agosto)

 Alcance
 Desvio de dinheiros ou valores públicos
 Pagamentos indevidos
 Não arrecadação de receita
Resp. financeira reintegraria
Factos constritivos
(Art 100, da Lei nº 14/2014, de 14 de
Agosto)

Alcance
O alcance ocorre quando, independentemente da acção do
agente nesse sentido, haja desaparecimento de dinheiros ou
outros valores do Estado ou de outras entidades públicas.
Resp. financeira reintegraria
Factos constritivos
(Art 101, da Lei nº 14/2014, de 14 de
Agosto)
Desvio de dinheiros ou valores públicos
Tem lugar o desvio de dinheiros ou valores públicos quando
se verifique o seu desaparecimento por acção voluntária de
qualquer agente público que a eles tenha acesso por causa do
exercício das funções públicas que Ilhes estão cometidas.
Resp. financeira reintegratória
(Art 101, da Lei nº 14/2014, de 14 de
Agosto)
Pagamentos indevidos
Consideram-se pagamentos indevidos os pagamentos ilegais que
causarem dano para o Estado ou entidade pública, incluindo
aqueles a que corresponda contraprestação efectiva que não seja
adequada ou proporcional à prossecução das atribuições da
entidade em causa ou aos usos normais de determinada actividade.

Não arrecadação de receita


A não liquidação, cobrança ou entrega de receitas com violação
das normas legais aplicáveis.
Reposição e Multa
Cont...
A reposição e a multa podem ser aplicadas isoladas ou
cumulativamente (n.º 1, art. 115, da Lei nº 14/2014, de 14 de
Agosto);

O tribunal competente gradua as multas tendo em consideração a


gravidade dos factos e as suas consequências, o grau de culpa, o
montante material dos valores públicos lesados ou em risco, o nível
hierárquico dos responsáveis, a sua situação económica, a existência
de antecedentes e o grau de acatamento de eventuais recomendações
do tribunal. (n.º 4, art. 115, da Lei nº 14/2014, de 14 de Agosto)
Reposição e Multa

Cont...
 A multa a arbitrar, de acordo com as circunstâncias
indicadas no número anterior, não deve ser inferior a um
sexto do vencimento ou remuneração anual do infractor,
pela primeira vez, e a três sextos do vencimento ou
remuneração anual. Pela segunda e sucessivas vezes. (n.º
5, art. 115, da Lei nº 14/2014, de 14 de Agosto)

 O limite máximo da multa situa-se no valor máximo do


vencimento ou remuneração anual
Muito Obrigado

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