Você está na página 1de 70

PROTEÇÃO

RADIOLÓGICA EM
MEDICINA NUCLEAR

LEILA CARLA GOMES


TÉCNICA EM RADIOLOGIA
FILOSOFIA
• O uso de técnicas que empregam fontes emissoras de radiação
ionizante visa benefícios específicos. Entretanto, ao uso de qualquer
fonte emissora de radiação ionizante há malefícios associados, que
se traduzem principalmente na forma de riscos de incidência de
efeitos biológicos. É razoável supor que quando os malefícios
associados superam os benefícios, o uso se torna injustificável.
• A Proteção Radiológica pode ser entendida basicamente como o
conjunto de ações que visa viabilizar o uso das técnicas que
empregam fontes emissoras de radiação ionizante. Neste sentido,
esforços são direcionados em maximizar positivamente a relação
benefício versus malefício.
• A Medicina Nuclear faz uso de compostos químicos radioativos como ferramenta para os procedimentos
diagnósticos e terapêuticos. Estes compostos são administrados aos pacientes por injeção, ingestão ou
inalação e permitem, portanto, o contato direto do material radioativo com quem os manipula, o que
implica na possibilidade concreta e direta de ocorrência de contaminação. Fontes de radiação deste tipo
são classificadas como fontes não seladas ou abertas.
IRRADIAÇÃO E CONTAMINAÇÃO

• Um dos aspectos mais importantes de Proteção Radiológica, relacionado ao uso de fontes emissoras de
radiação ionizante, é a diferenciação dos conceitos de irradiação e de contaminação. Esta diferenciação
determina condutas de proteção radiológica, distintas e determina, consequentemente, as diferenças
de planejamento.
• As fontes não seladas tipicamente utilizadas em Medicina Nuclear levam tanto à irradiação, como à
contaminação e, portanto, o entendimento das diferenças é essencial no planejamento em um serviço
de Medicina Nuclear.
• Inicialmente é importante entender claramente a diferença que existe entre um material radioativo e a
radiação que ele emite. O Césio-137, por exemplo, é um isótopo ou material radioativo. Este isótopo
radioativo tem a propriedade física de emitir radiação ionizante na forma de radiação beta e de radiação
gama. Analogamente o Tecnécio-99m é um isótopo radioativo que emite radiação gama.
• Quando a radiação emitida por um isótopo radioativo atinge um indivíduo ou um objeto, dizemos que
este indivíduo ou objeto está sendo irradiado. Repare que neste processo não há necessidade de que
haja contato físico com o isótopo radioativo. Isso implica que basta retirar o indivíduo ou objeto do raio
de ação da radiação, para que cesse sua irradiação.
• Quando há contato direto do isótopo
radioativo com um indivíduo ou objeto,
dizemos que este está contaminado. Nesta
situação não há como afastar o indivíduo ou
objeto da fonte emissora e consequentemente
não há interrupção da irradiação. Nestes
casos, para que seja possível interromper a
irradiação é necessário remover o isótopo
radioativo da região contaminada, removendo
a contaminação. Estes processos são
conhecidos como descontaminação radioativa.
• A figura ao lado ilustra a diferença dos
conceitos.
PROCEDIMENTOS GERAIS DE PROTEÇÃO
RADIOLÓGICA

• A Medicina Nuclear abrange procedimentos diagnósticos e terapêuticos e os primeiros representam a


grande maioria. O planejamento adequado para a realização destes procedimentos envolve aspectos de
proteção radiológica que visam principalmente a minimização da magnitude das irradiações e a
minimização das probabilidades de ocorrência de contaminações. Apresentamos a seguir alguns dos
principais procedimentos de proteção radiológica adotados em serviços de Medicina Nuclear e sua
relação com os conceitos de irradiação e contaminação.
• Utilização de blindagens estruturais – As
dependências de um serviço de Medicina
Nuclear requerem um estudo denominado
cálculo de blindagens estruturais, que visa
determinar quais ambientes necessitam de
blindagens adicionais em paredes, portas,
visores e lajes. O objetivo da utilização de
blindagens adicionais é reduzir a
magnitude das irradiações nas vizinhanças.
Os materiais mais comumente utilizados
como blindagens adicionais são o chumbo
e o concreto para paredes e lajes, o
chumbo para portas, e vidros plumbíferos
para visores;
• Utilização de luvas descartáveis, sapatos fechados e jalecos de algodão – O uso destes acessórios tem
por objetivo evitar que mãos, pés e roupas sejam diretamente contaminados por materiais radioativos;
• Utilização de aventais de chumbo e protetores de tireoide – O uso destes acessórios plumbíferos tem
por objetivo minimizar a magnitude das irradiações em situações como o posicionamento e
acompanhamento de pacientes na sala de exames, a preparação e a administração de radiofármacos, e
a assistência a pacientes internados submetidos a procedimentos terapêuticos;
• Utilização de superfícies impermeáveis – Superfícies das bancadas de manipulação de radioisótopos,
pisos e paredes são confeccionadas ou revestidas com materiais impermeáveis, visando facilitar
processos de descontaminação radioativa;
• Utilização de forrações impermeáveis em procedimentos terapêuticos – Nos procedimentos
terapêuticos os pacientes ingerem quantidades significativamente maiores de materiais radioativos,
comparadas aos procedimentos diagnósticos. Isso significa que estes pacientes se tornam “mais
radioativos” e que suas secreções (fezes, urina, saliva e suor) podem gerar contaminações significativas.
Para evitar que as superfícies do quarto de internação sejam contaminadas, além das
impermeabilizações de pisos e paredes, utiliza-se forrações impermeáveis, tais como plásticos sobre
interruptores, maçanetas, telefones, colchões, travesseiros, vasos sanitários, torneiras, etc.;
• Utilização de acessórios de chumbo – Há inúmeros
acessórios de chumbo utilizados em Medicina Nuclear, cuja
finalidade é diminuir a magnitude das irradiações. Alguns
exemplos: cofres de chumbo para armazenamento de
rejeitos radioativos, blocos de chumbo e visores de chumbo
para áreas de manipulação, carrinhos de transporte de
fontes, porta seringas, etc.
MONITORAÇÃO

• Qualquer uso que se faça de fontes emissoras de radiação ionizante requer um sistema de detecção. A
proteção radiológica, para atingir seus objetivos, não é exceção. Seja como ferramenta para avaliar a
intensidade das irradiações, seja como ferramenta para investigar a ocorrência de contaminações, os
sistemas de detecção são essenciais em proteção radiológica.
AVALIAÇÃO DA INTENSIDADE DE
IRRADIAÇÕES

• Há diversas situações em que a avaliação das intensidades de irradiação é fundamental. Estas avaliações
são representadas por grandezas como a taxa de exposição e a taxa de dose equivalente.
• Uma das situações que requer essa avaliação é a checagem da eficiência de blindagens, sejam
estruturais, sejam de acessórios. Para a checagem da eficiência de blindagens estruturais faz-se um
conjunto de medidas denominadas levantamento radiométrico. Esse levantamento pode ser efetuado
utilizando-se um detetor do tipo Geiger-Muller ou uma câmara de ionização. O objetivo é medir os
níveis de radiação que atravessam as blindagens estruturais de uma sala (paredes, portas, lajes, visores)
com o intuito de verificar se essas blindagens oferecem proteção considerada adequada. De maneira
similar podem ser testadas as eficiências de acessórios utilizados como blindagens (aventais de chumbo,
protetores de seringa, etc.), e verificar qual o grau de proteção que oferecem.
• Outra situação que requer o conhecimento da intensidade das irradiações é a monitoração pessoal. Este
tipo de monitoração objetiva conhecer as taxas de dose equivalente a que se submetem os indivíduos
ocupacionalmente expostos de uma instalação. Este tipo de monitoração fornece um controle da
qualidade do exercício das atividades com possibilidade de exposição. Um acréscimo não previsto no
valor da taxa de dose equivalente em determinado período é indicativo da ocorrência de algum erro
operacional ou de planejamento, que pode ser corrigido antes que os níveis de dose atinjam valores
intoleráveis.
INVESTIGAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE
CONTAMINAÇÕES

• O trabalho com fontes radioativas não seladas gera, inevitavelmente, contaminações. Grande parte
destas contaminações é prevista, como por exemplo, as contaminações das seringas utilizadas para a
injeção de radiofármacos em pacientes. Há, entretanto, contaminações não previstas, que ocorrem com
frequência em serviços de Medicina Nuclear. Podem ser pequenos respingos ou derramamentos de
material radioativo, que são dificilmente perceptíveis a olho nu, mas que podem gerar múltiplas
contaminações se não detectados e removidos. Uma maçaneta de porta, acidentalmente contaminada
por algum indivíduo que estava com a luva contaminada, pode ser tocada por outros indivíduos, que
passarão a ter suas mãos contaminadas e assim propagarão a contaminação em cada objeto que
tocarem.
• Para investigar a ocorrência destas contaminações recomenda-se que se faça, frequentemente,
monitorações em todas as áreas sujeitas a contaminações. O sistema de detecção mais comumente
utilizado para estas investigações em serviços de Medicina Nuclear é o detetor do tipo Geiger-Muller
com sonda específica para investigação de contaminações, usualmente uma sonda do tipo panqueca.
Nos serviços de Medicina Nuclear, toda - e qualquer área - pode ser considerada como sujeita a
contaminações e, portanto, merece investigação. Há, entretanto, áreas mais sujeitas do que outras, o
que permite que se estabeleçam frequências de monitoração diferentes.
GERENCIAMENTO DE REJEITOS
RADIOATIVOS

• O trabalho com fontes radioativas não seladas gera inevitavelmente rejeitos radioativos. São
considerados rejeitos radioativos todos aqueles materiais que contenham radioisótopos em
quantidades superiores a valores especificados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN),
denominados níveis de isenção, e para os quais a reutilização seja imprópria ou não prevista.
• Os rejeitos radioativos gerados em serviços de Medicina Nuclear compreendem seringas e acessórios
utilizados na injeção de radiofármacos, papéis e plásticos contaminados utilizados como forração de
superfícies, roupas de cama utilizadas por pacientes, luvas descartáveis utilizadas pelos profissionais do
setor, restos de comida de pacientes internados submetidos a tratamento terapêutico, e toda sorte de
materiais contaminados. Estes rejeitos possuem, como característica comum, um tempo de meia vida
curto. Isso implica que podem e devem aguardar o decaimento radioativo na própria instalação.
• Há inúmeras regras e recomendações para este gerenciamento e a seguir são apresentadas algumas delas:
• • Os rejeitos radioativos devem ser segregados por isótopo;
• • Os rejeitos radioativos devem ser segregados em sólidos e líquidos;
• • Os rejeitos radioativos que apresentarem algum outro risco associado, tal como risco biológico ou risco
químico, devem ser segregados dos demais;
• • Rejeitos radioativos devem ser armazenados separadamente de quaisquer outros tipos de rejeitos;
• • Recipientes que contenham rejeitos radioativos devem ser identificados e sinalizados com o símbolo
internacional da presença de radiação ionizante;
• • Recipientes que contenham rejeitos radioativos devem ser adequados às características físicas e
químicas dos rejeitos;
• Rejeitos radioativos podem ser eliminados no
sistema de coleta de lixo urbano (rejeitos sólidos)
ou na rede de esgotos (rejeitos líquidos) somente
quando suas atividades específicas forem
inferiores aos limites para descarte determinados
em norma específica da Comissão Nacional de
Energia Nuclear (norma CNEN-NE-6.05);
– LEGISLAÇÃO EM MEDICINA NUCLEAR

• Qualquer prática, em qualquer área do conhecimento, requer regras para seu desenvolvimento
adequado. Seja por questões de segurança, seja por padronização de procedimentos e condutas, seja
para garantir direitos ou especificar deveres. As práticas com fontes emissoras de radiação ionizante não
são exceção e possuem uma vasta gama de recomendações. Estas recomendações podem estar na
forma de normas, de legislação específica ou simplesmente na forma de um conjunto de
recomendações. O âmbito de aplicação destas recomendações pode variar bastante também.
• Há recomendações internacionais e nacionais. No Brasil, as recomendações nacionais podem ser de
âmbito federal, estadual e municipal. As recomendações podem variar também quanto aos temas que
abrangem, podendo ser gerais ou específicas. Há conjuntos de recomendações específicas para rejeitos
radioativos, para transporte de materiais radioativos, para áreas específicas como a medicina nuclear e
a radioterapia, para citar apenas alguns exemplos.
• No Brasil, o principal órgão regulador das práticas que fazem uso de fontes emissoras de radiação
ionizante é a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). A CNEN é responsável pela elaboração de
diversas normas e a grande maioria da legislação brasileira na área, tem como base as normas da CNEN.
Apresentaremos a seguir a indicação dos principais pontos contidos nas normas nacionais, relacionados,
direta ou indiretamente, com a Medicina Nuclear.
RECOMENDAÇÕES DA CNEN

• A Comissão Nacional de Energia Nuclear é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Ciência e
Tecnologia e tem as seguintes finalidades institucionais (conforme consta no sítio da CNEN –
www.cnen.gov.br):
• I - colaborar na formulação da Política Nacional de Energia Nuclear;
• II - executar ações de pesquisa, desenvolvimento, promoção e prestação de serviços na área de
tecnologia nuclear e suas aplicações para fins pacíficos conforme disposto na Lei nº 7.781, de 27 de
junho de 1989; e
• III - regular, licenciar, autorizar, controlar e fiscalizar essa utilização.
• A CNEN elabora normas que reúnem inúmeras recomendações, tanto de caráter geral quanto de caráter
específico. Muitas destas normas constituem a base técnica de legislações nacionais, o que confere um
caráter de obrigatoriedade às recomendações que abrangem. Apresentamos a seguir algumas das
principais normas e resoluções da CNEN relacionadas com a Medicina Nuclear, indicando o tipo de
recomendação que contêm.
NORMA CNEN-NN-3.01

• A norma CNEN-NN-3.01 é denominada Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica. É uma norma de


caráter geral e é a norma mais importante em Proteção Radiológica, por apresentar os principais
conceitos e diretrizes. Alguns pontos importantes que abrange:
DEFINIÇÕES E SIGLAS

• Apresenta definições e siglas utilizadas pela norma;


• • Apresenta a definição das grandezas utilizadas em proteção radiológica, como dose absorvida, dose
equivalente, dose efetiva, dentre outras. Maiores detalhes sobre estas definições podem ser obtidos no
capítulo PR-3;
• • Apresenta as definições de cores e dimensões do símbolo internacional da presença de radiação
ionizante.Maiores detalhes sobre estas definições podem ser obtidos no capítulo PR-7.
RESPONSABILIDADES GERAIS

• Apresenta as responsabilidades gerais de proteção radiológica dos diferentes profissionais de uma


instalação, incluindo os titulares ou empregadores e os indivíduos ocupacionalmente expostos (IOEs).
PRINCÍPIOS BÁSICOS

• Apresenta os princípios básicos de proteção radiológica, incluindo os limites de dose; •


• A tabela a seguir apresenta os Limites Primários Anuais de Dose Equivalente para IOEs e para indivíduos do público

Grandeza Órgão IOE Público


Dose Efetiva Corpo Inteiro 20 mSv * 1 mSv
Cristalino 20 mSv ** 15 mSv
Dose Equivalente Pele 500 mSv 50 mSv
Mãos e Pés 500 mSv --
POSIÇÕES REGULATÓRIAS DA NORMA CNEN-
NN-3.01

• A CNEN elaborou diversas normas complementares à norma CNEN-NN-3.01, denominadas posições


regulatórias (PRs). Estas posições regulatórias tratam mais profundamente de assuntos específicos
relacionados ao escopo da norma principal. Apresentamos as posições regulatórias e seus temas:
• • PR-3.01 / 001 - Critérios de exclusão, isenção e dispensa de requisitos de proteção radiológica
• • PR-3.01 / 002 - Fatores de ponderação para as grandezas de proteção radiológica
• PR-3.01 / 003 - Coeficientes de dose para indivíduos ocupacionalmente expostos
• • PR-3.01 / 004 - Restrição de dose, níveis de referência ocupacionais e classificação de áreas
• • PR-3.01 / 005 - Critérios de cálculo de dose efetiva a partir da monitoração individual
• • PR-3.01 / 006 - Medidas de proteção e critérios de intervenção em situações de emergência • PR-
3.01 / 007 - Níveis de intervenção e de ação para exposição crônica
• • PR-3.01 / 008 - Programa de monitoração radiológica ambiental
• • PR-3.01 / 009 - Modelo para elaboração de relatórios de programa de monitoração radiológica
ambiental • PR-3.01 / 010 - Níveis de dose para notificação à CNEN
• • PR-3.01 / 011 - Coeficientes de Dose para Exposição do Público
– NORMA CNEN 3.02

• A norma CNEN-NE-3.02 trata dos serviços de radioproteção, órgão interno das instalações que tem
como objetivo executar e manter o Plano de Proteção Radiológica. Alguns pontos importantes: •
Estabelece a estrutura necessária para os serviços de radioproteção, incluindo o pessoal necessário,
instalações e equipamentos;

• • Estabelece a qualificação pessoal dos integrantes do serviço;


• • Estabelece as atividades desenvolvidas pelo serviço, incluindo o controle de trabalhadores (por
exemplo, a monitoração individual e verificação de contaminações), o controle das áreas da instalação,
o controle do meio ambiente, controle de equipamentos, fontes de radiação e rejeitos, treinamento dos
trabalhadores e registros necessários.
RESOLUÇÃO CNEN NO. 111 DE 24 DE AGOSTO
DE 2011
• Esta resolução trata da certificação da qualificação de supervisores de proteção radiológica. Alguns
pontos importantes que abrange:
• • A classificação das áreas de atuação. A área de Medicina Nuclear é classificada por esta resolução
como área de atuação Classe II (de exigências mais brandas do que a classe I) e sigla II-FM;
• • Os requisitos para a certificação dos candidatos. Especifica os requisitos de formação, experiência
operacional na área pretendida e as características do exame de qualificação. O candidato deve possuir
diploma de curso de nível superior de graduação, reconhecido pelo Ministério da Educação, nas áreas
biomédica, científica ou tecnológica. A formação acadêmica do candidato deve ser compatível coma
área de atuação pretendida. O candidato deve possuir e comprovar experiência operacional na área de
atuação pretendida. Para a área de Medicina Nuclear o tempo mínimo de experiência operacional
exigido é de 300 horas;
• • Deveres e sanções aplicáveis aos supervisores de proteção radiológica.
– NORMA CNEN-NN-3.05

• Esta norma é específica para a área de Medicina Nuclear e é denominada “Requisitos de Radioproteção
e Segurança para Serviços de Medicina Nuclear”. Obviamente todo o conteúdo desta norma é essencial
para a prática na área de Medicina Nuclear, mas apresentaremos aqui alguns dos pontos mais
importantes que abrange:
DIMENSIONAMENTO

• O Serviço de Medicina Nuclear deve ser constituído por, no mínimo, um médico qualificado em
Medicina Nuclear responsável pelo SMN, um supervisor de radioproteção com qualificação certificada
pela CNEN, e um ou mais técnicos de nível superior e/ou médioqualificados para o exercício de suas
funções específicas; 120
• • O Serviço de Medicina Nuclear deve estar equipado com, no mínimo, os seguintes equipamentos e
materiais:
• a) Monitor de Taxa de Exposição. Este tipo de monitor é necessário para a execução de levantamentos
radiométricos e para a determinação dos níveis de radiação associados a certas práticas, com vistas a
avaliar os riscos potenciais associados, bem como subsidiar os processos de otimização. Um exemplo
prático importante é a monitoração dos níveis radiométricos dentro do depósito de armazenamento de
rejeitos radioativos, que permite planejar otimizadamente o tempo e os locais de permanência dentro
do depósito;
• b) Monitor de Contaminação de Superfície. Este tipo de monitor é necessário para a investigação de
contaminações, seja de pessoas, seja de objetos ou superfícies;
• c) Medidor de Atividade (Curiômetro). O medidor de atividade é necessário para a determinação da
atividade do material radioativo a ser administrado ao paciente, visto que esta quantidade é prescrita e
específica para cada tipo de procedimento;
• d) Equipamentos e materiais de proteção individual (luvas, aventais, pinças etc). Considerando que nos
procedimentos de Medicina Nuclear há possibilidade de exposições e contaminações, faz-se necessário
o uso destes equipamentos e materiais de proteção, visando diminuir as doses devidas às irradiações e
as probabilidades de contaminação;
• e) Fontes padrões de referência de Co-57 e Ba-133. Estas fontes são necessárias para a aferição rotineira
do medidor de atividade
• O serviço de medicina nuclear deve possuir as seguintes dependências: a) sala de espera de pacientes.
Após a administração do material radioativo, há necessidade de aguardar a metabolização do
radiofármaco. Como os pacientes estão “radioativos”, o serviço deve disponibilizar uma
• A) sala de espera específica para estes pacientes, evitando que outros pacientes ou pessoas que
circulam na instituição sejam irradiados;
• b) sanitário exclusivo de pacientes. Analogamente, considerando que as excretas dos pacientes em
espera são potencialmente radioativas, devese disponibilizar um banheiro para uso exclusivo destes
pacientes;
• c) local para armazenamento de rejeitos radioativos. Este local deve ser dimensionado levando-se em
consideração os tipos e a demanda de procedimentos, o tempo previsto de armazenamento para
decaimento e os tipos de rejeitos gerados;
• d) laboratório de manipulação e armazenamento de fontes em uso. Este ambiente merece especial
atenção, pois nele são manipuladas e armazenadas as maiores quantidades de materiais radioativos.
Isto implica em maiores exposições e na maior probabilidade de contaminações significativas;
• e) sala de administração de radiofármacos;
• f) sala (s) de exame(s);
• g) quarto para internação de paciente com dose terapêutica, com sanitário privativo, quando forem
aplicadas doses terapêuticas de Iodo-131, acima de 1,11 GBq (30mCi) pelo SMN. Este ambiente
também merece especial atenção e planejamento, pois o paciente pode ficar internado por alguns dias.
Como o material radioativo pode ser eliminado pelas secreções do paciente, incluindo saliva e suor, há
possibilidade de contaminação de todas as superfícies e objetos que ele tocar;
• As dependências citadas anteriormente devem ser classificadas e visivelmente identificadas e, se
necessário, providas de blindagem de modo que as áreas externas sejam classificadas como livres. O
estudo da 122 necessidade e quantidade de blindagens adicionais em cada barreira deve ser efetuado
por profissional especializado;
• • As áreas restritas do serviço de medicina nuclear devem ter pisos e paredes impermeáveis que
permitam descontaminação;
• • O local para armazenamento de rejeitos radioativos deve ser constituído de compartimentos que
possibilitem a segregação destes por grupo de radionuclídeos com meias-vidas físicas próximas e por
estado físico. Deve, ainda, possuir blindagem adequada, ser sinalizado e localizado em área de acesso
controlado;
• O laboratório de manipulação e armazenamento de fonte sem uso deve ser construído com material
impermeável que permita descontaminação, ter pisos e paredes com cantos arredondados, bancadas,
tanque com no mínimo 40cm de profundidade e torneiras sem controle manual, para evitar que a
torneira seja tocada por mãos com luvas contaminadas. Nos casos de fontes voláteis (Iodo-131) ou de
serviços que realizem estudos de ventilação pulmonar, é necessário um sistema de extração de ar.
• • O quarto destinado à internação de paciente, com dose terapêutica, deve possuir paredes e pisos
construídos com materiais impermeáveis que permitam descontaminação, cantos arredondados,
sanitário privativo, biombo blindado junto ao leito, sinalizado e com acesso controlado.
PLANO DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

• Conteúdo e características do plano de proteção radiológica do serviço de medicina nuclear. O Plano de


Proteção Radiológica (PPR) é o documento através do qual a instituição estabelece junto à CNEN os
compromissos que pretende assumir em relação à proteção radiológica. É como se fosse um contrato
em que a instituição se compromete a obedecer e fazer cumprir certas regras e a CNEN, como
contrapartida e em caso de concordância com os termos, concede a autorização para o funcionamento.
O PPR do Serviço de Medicina Nuclear deve conter, pelo menos, as informações pertinentes da norma
CNEN-NN-3.01 e abordar os seguintes tópicos:
• a) Organização e gerenciamento relacionados com a segurança radiológica, onde devem ser
estabelecidas as obrigações do responsável pela radioproteção e pelo manuseio do material radioativo;
b) Seleção e treinamento do pessoal, onde devem ser estabelecidos critérios de seleção, programas de
treinamentos específicos e programas de reciclagem;
• c) Controle radiológico ocupacional, onde devem ser estabelecidos:
• 1. Os controles relacionados com as fontes de radiação tais como: controle de acesso e sinalização
específica, dispositivos de segurança, dispositivos e controles administrativos;
• 2. Os níveis de referência; e
• 3. Os programas de monitoração do local de trabalho, individual e avaliação dos dados;
• d) Controle radiológico do público, onde devem ser identificadas as fontes potenciais de irradiação do
público, e descritos os procedimentos de radioproteção segundo os critérios de limite de dose para o
público. (No caso de visitas, as exposições voluntárias não obedecem aos limites de dose, porém as
instruções devem contemplar todos os procedimentos pertinentes);
• e) Procedimentos para atuação em emergência contendo a identificação das situações potenciais de
acidente e a avaliação dessas situações;
• f) Descrição do sistema de gerência de rejeitos radioativos, em conformidade com a Norma CNEN-NE-
6.05 - “Gerência de Rejeitos Radioativos em Instalações Radiativas”, ou outra que a substituir.
– REQUISITOS DE RADIOPROTEÇÃO NA
ADMINISTRAÇÃO DE RADIOFÁRMACOS

• Proteção individual: Os trabalhadores envolvidos na manipulação dos radiofármacos devem usar luvas
descartáveis e avental ou guardapó, visando minimizar as probabilidades de contaminação do indivíduo
ou de suas roupas;
• • Recebimento do material radioativo: as embalagens contendo material radiativo que cheguem ao
serviço de medicina nuclear devem ser 124 monitoradas externamente e os resultados confrontados
com os valores registrados na guia de monitoração que acompanha o material.
• Manipulação: A manipulação dos radiofármacos deve ser feita em bancada lisa, de fácil
descontaminação, recoberta com plástico e papel absorvente. Ao término da jornada de trabalho, deve
ser realizada uma monitoração das superfícies utilizando monitor de contaminação. O mesmo
procedimento deve ser feito nas luvas e nas mãos dos trabalhadores responsáveis pela manipulação.
Este procedimento visa impedir a propagação de eventuais contaminações.
• • Monitoração: Deve ser realizado um levantamento radiométrico (medida de taxa de exposição)
quinzenal nas áreas restritas. Os trabalhadores devem ser monitorados de acordo com a Norma CNEN-
NN-3.01.
REQUISITOS GERAIS PARA A GERÊNCIA DE
REJEITOS RADIOATIVOS
• Os rejeitos radioativos gerados devem ser segregados e,de acordo com a natureza física do material e
do radionuclídeo presente, colocados em recipientes adequados, etiquetados, datados e mantidos no
local da instalação destinado ao armazenamento provisório de rejeitos radioativos para futura
liberação,em conformidade com a Norma CNEN-NE-6.05 “Gerência de Rejeitos Radioativos em
Instalações Radiativas”;
• • Antes da liberação de materiais, qualquer indicação da presença de radiação nos mesmos deve ser
eliminada (indicação em rótulos, etiquetas, símbolos etc...);
• • As atividades iniciais remanescentes e as meias vidas físicas dos radioisótopos devem ser
consideradas para estabelecer o tempo necessário de armazenamento para os rejeitos radioativos.
Deve ser efetuado cálculo do tempo previsto de permanência dos rejeitos no depósito;
• A excreta dos pacientes internados com doses terapêuticas poderá ser lançada na rede de esgoto
sanitário, desde que obedecidos os princípios básicos de radioproteção estabelecidos na Norma CNEN-
NN-3.01 “Diretrizes Básicas de Radioproteção”; 125
• • As instalações que não estejam conectadas à rede de esgoto sanitário deverão submeter à avaliação
da CNEN o sistema de eliminação de excretas a ser empregado. A aprovação desse sistema levará em
consideração o atendimento aos requisitos de radioproteção estabelecidos na norma CNEN-NN-3.01
“Diretrizes Básicas de Radioproteção”
ANÁLISE E REGISTROS

• Os resultados e as condições dos testes de instrumentos, datas, responsáveis, bem como toda e
qualquer informação útil sobre a avaliação de equipamentos, de rejeitos e dos programas de
radioproteção devem estar devidamente registrados;
• • Devem ser analisados e registrados os seguintes incidentes:
• a) qualquer tratamento terapêutico administrado tanto ao paciente errado quanto ao órgão e/ou tecido
errado, ou o uso do radiofármaco errado, ou uma dose diferindo dos limites prescritos pelo médico ou
que possa originar efeitos secundários, indevidos ou agudos;
• b) qualquer exposição diagnóstica maior do que a pretendida;
• c) qualquer falha de equipamento ou de procedimento que possa causar exposição excessiva ao
paciente ou qualquer ocorrência não usual.
• O responsável pela radioproteção, com qualificação obrigatoriamente qualificada e certificada pela
CNEN, deve proceder à análise anual dos resultados dos programas constantes do Plano de Proteção
Radiológica e, baseado nesta análise, executar um programa de otimização, devidamente registrado
RESOLUÇÃO CNEN NO. 112 DE 24 DE AGOSTO
DE 2011

• Esta norma trata do licenciamento de instalações radiativas, dentre as quais se incluem os serviços de
medicina nuclear. Alguns pontos importantes que abrange:
• • Determinação da classificação das instalações conforme o grau de risco associado. As instalações
subdividem-se em instalações que utilizam fontes seladas, instalações que utilizam fontes não seladas,
instalações que utilizam equipamentos geradores de radiação ionizante e instalações para produção de
radioisótopos. Os serviços de Medicina Nuclear classificam-se como instalação radiativa que utiliza
fontes não seladas. Dentro deste item, podem ser classificadas como pertencentes aos grupos 4, 5 ou 6,
conforme o valor da atividade total dos radioisótopos que manipulam, armazenam ou utilizam;
• Dispõe sobre os atos administrativos e seus requisitos e sobre os requerimentos necessários ao
processo de licenciamento. Os atos administrativos compreendem, quando aplicáveis, os seguintes:
• § Aprovação do local
• § Autorização para construção
• § Autorização para comissionamento
• § Autorização para a modificação de itens importantes à segurança
• § Autorização para aquisição ou movimentação de fontes de radiação
• § Autorização para operação
• § Autorização para retirada de operação
• No caso específico da Medicina Nuclear, os atos administrativos, normalmente aplicáveis são a
autorização para aquisição ou movimentação de fontes de radiação, a autorização para operação e a
autorização para retirada de operação. Eventualmente pode ser aplicável a autorização para construção.
NORMA CNEN-NE-6.05

• NORMA CNEN-NE-6.05 Esta norma trata especificamente de rejeitos radioativos e é denominada


“Gerência de Rejeitos Radioativos em Instalações Radiativas”. Em medicina nuclear a geração de rejeitos
radioativos é inevitável, o que confere importância especial a esta norma. Alguns pontos importantes
que abrange:
• • Classificação dos rejeitos radioativos, tanto sólidos quanto líquidos ou gasosos. Os rejeitos, de acordo
com seu estado físico e com valores 127 especificados na norma, podem ser classificados como sendo
de baixo nível de radiação, médio nível de radiação ou alto nível de radiação;
• Os requisitos gerais do processo de gerenciamento:
• a) Os rejeitos devem ser separados, fisicamente, de quaisquer outros materiais;
• b) Os rejeitos inicialmente submetidos à segregação que não puderem ser removidos da instalação
devem ser colocados em recipientes adequados e armazenados até que possam ser transferidos ou
eliminados, em conformidade com requisitos específicos;
• c) Os recipientes destinados tanto à segregação quanto à coleta, transporte e armazenamento de
rejeitos devem portar o símbolo internacional de presença de radiação, colocado de maneira clara e
visível;
• d) O local para armazenamento provisório de rejeitos deve ser incluído no projeto da instalação;
• Os critérios para segregação:
• A segregação de rejeitos deve ser feita no mesmo local em que forem produzidos, levando em conta as
seguintes características:
• a) Sólidos, líquidos ou gasosos;
• b) Meia-vida curta ou longa (T1/2 > 60 dias);
• c) Compactáveis ou não compactáveis;
• d) Orgânicos ou inorgânicos;
• e) Putrescíveis ou Patogênicos - se for o caso;
• f) Outras características perigosas (explosividade, combustibilidade, inflamabilidade, piroforicidade,
corrosividade e toxicidade química).
• Após a segregação e acondicionamento em recipientes adequados, os rejeitos devem ser identificados e
classificados de acordo com as categorias indicadas na norma. Os rejeitos eliminados devem ser registrados
conforme formulário próprio. 128
• • Os critérios para acondicionamento:
• a) Os recipientes para segregação, coleta ou armazenamento provisório devem ser adequados às características
físicas, químicas, biológicas e radiológicas dos rejeitos para os quais são destinados;
• b) Os recipientes para armazenamento provisório de rejeitos devem ter asseguradas suas condições de integridade
e, caso necessário, ser substituídos;
• c) Os recipientes destinados ao transporte interno não devem apresentar contaminação superficial externa em
níveis superiores aos especificados na norma;
• d) Os recipientes destinados tanto à segregação quanto à coleta, transporte e armazenamento de rejeitos devem
possuir vedação adequada e ter o seu conteúdo identificado com todos os dados pertinentes;
• Os critérios para transporte:
• a) Os veículos utilizados em transporte interno de rejeitos devem possuir meios de fixação adequados
para os recipientes de modo a evitar danos aos mesmos;
• b) Os veículos, após cada serviço de transporte interno, devem ser monitorados e, caso necessário,
descontaminados;
• Os critérios para armazenamento provisório:
• O local da instalação destinado ao armazenamento provisório de rejeitos, conforme aplicável deve:
• a) Conter com segurança os rejeitos,do ponto de vista físico e radiológico, até que possam ser removidos para
local determinado pela CNEN;
• b) Possuir um sistema que permita o controle da liberação de material radioativo para o meio-ambiente; 129
• c) Dispor de monitoração de área;
• d) Estar situado distante das áreas normais de trabalho, sendo cercado e sinalizado, com acesso restrito ao
pessoal autorizado;
• e) Ter piso e paredes impermeáveis e de fácil descontaminação;
• f) Possuir blindagem para o exterior que assegure o cumprimento dos requisitos de radioproteção;
• g) Possuir sistemas de ventilação, exaustão e filtragem;
• h) Dispor de meios que evitem a dispersão do material por animais;
• i) Apresentar delimitação clara das áreas restritas e, se necessário, locais reservados à monitoração e descontaminação
individuais;
• j) Possuir sistemas de tanques e drenos de piso para coleta de líquidos provenientes de vazamentos, descontaminações etc.;
• k) Dispor de meios para evitar decomposição de matérias orgânicas. Este é o caso específico, por exemplo, das sobras de
comidas de pacientes internados submetidos a terapias com radioisótopos;

• l) Prover segurança contra ação de eventos induzidos por fenômenos naturais;


• m) Possuir barreiras físicas que visem minimizar a dispersão e migração de material radioativo para o meio ambiente;
• n) Dispor, para facilitar o manuseio dos materiais e minimizar a exposição de trabalhadores, de procedimentos apropriados
sempre afixados em paredes, quadros e outros lugares bem visíveis;
• o) Dispor de planos preliminares de proteção física e radioproteção, bem como procedimentos para situações de emergência.
• Os critérios para eliminação:
• A eliminação de rejeitos líquidos, sólidos e/ou gasosos de uma instalação, obedecendo a determinados limites, está
condicionada à obtenção de parecer favorável da CNEN, com base na análise técnica dos fatores ambientais pertinentes;
• A eliminação de rejeitos líquidos na rede de esgotos sanitários está sujeita aos seguintes requisitos: 130
• § O rejeito deve ser prontamente solúvel ou de fácil dispersão em água;
• § A quantidade de cada radionuclídeo liberada diariamente pela instalação, na rede de esgotos sanitários, não deve
exceder o maior dos seguintes valores:
• § A quantidade que, se fosse diluída no volume médio diário de esgoto liberado pela instalação, resultasse numa
concentração média igual aos limites especificados na Tabela 6, Coluna 1. Esta tabela apresenta valores específicos
diferenciados para cada radioisótopo;
• § Dez vezes o limite especificado na Tabela6, Coluna 3;
• a) A quantidade de cada radionuclídeo liberada mensalmente, quando diluída pelo volume médio
mensal de esgoto liberado pela instalação, deve ter concentração inferior aos limites especificados na
Tabela6, Coluna 1;
• b) A quantidade anual total de radionuclídeos, excluindo o H-3e o C-14, liberada na rede de esgoto
sanitário, não deve exceder 3,7x1010Bq (1Ci);
• c) A quantidade anual de H-3e C-14, liberada na rede de esgoto sanitário, não deve exceder 18,5 x 1010
Bq (5Ci) e 3,7 x 1010 Bq (1Ci), respectivamente;
• A eliminação de excreta de pacientes submetidos a terapia radioisotópica deve ser feita de acordo com
instruções específicas estabelecidas pela CNEN;
• A eliminação de rejeitos sólidos no sistema de coleta de lixo urbano deve ter sua atividade específica
limitada a 7,5x104 Bq/kg (2 µCi/kg);
• A eliminação de rejeitos gasosos na atmosfera deve ser feita em concentrações inferiores às
especificadas na Tabela 6 - Coluna 2, e deve ser previamente autorizada pela CNEN
• Apresenta modelos de fichas de identificação de rejeitos radioativos e de fichas de inventário de rejeitos
radioativos.
OUTRAS REGULAMENTAÇÕES

• Além das normas e resoluções da Comissão Nacional de Energia Nuclear, há outros órgãos reguladores
no Brasil, cujas recomendações e requisitos se aplicam à área de medicina nuclear. Destacamos alguns a
seguir, com a indicação dos pontos mais relevantes
RDC 38/2008 – ANVISA

• A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), publicou uma Resolução da Diretoria Colegiada
(RDC) de número 38, em junho de 2008. Esta resolução trata da instalação e funcionamento de Serviços
de Medicina Nuclear “in vivo”. Destacamos a seguir alguns pontos importantes:
• Estabelece que a construção, a reforma ou adaptação na estrutura física dos Serviços de Medicina
Nuclear deve ser precedida de aprovação junto à autoridade sanitária local, e à CNEN, quando aplicável;
• • Estabelece que todo Serviço de Medicina Nuclear deve possuir a Autorização para Operação emitida
pela CNEN e estar licenciado pela autoridade sanitária local do Estado, Distrito Federal ou Município;
• Aprova o regulamento técnico para a instalação e funcionamento de serviços de Medicina Nuclear “in vivo”. Este
regulamento técnico trata dos seguintes temas:
• § Requisitos de infraestrutura de pessoal, de equipamentos e de instalações; § Requisitos para condução dos
procedimentos clínicos;
• § Requisitos para a preparação e administração de radiofármacos;
• § Requisitos específicos de proteção radiológica;
• § Requisitos para notificação e investigação de eventos adversos;
• § Requisitos para procedimentos de limpeza e descontaminação de artigos e superfícies;
• Requisitos para o gerenciamento de resíduos;
• § Requisitos para o sistema de garantia da qualidade em medicina nuclear;
• § Requisitos para a desativação de Serviços de Medicina Nuclear.
RDC 50/2002 – ANVISA

• A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou uma Resolução da Diretoria Colegiada
(RDC) de número 50, em fevereiro de 2002. Esta resolução dispõe sobre o Regulamento Técnico para
planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos
assistenciais de saúde. Destacamos a seguir alguns pontos importantes relacionados com a área de
medicina nuclear:
• • Estabelece os requisitos para elaboração de projetos físicos, com indicação do dimensionamento de
ambientes, critérios para instalações elétricas e eletrônicas, hidráulicas, de climatização, etc.;
• • Estabelece os requisitos para a organização físico funcional dos estabelecimentos assistenciais de
saúde, indicando as atribuições e atividades de cada setor específico e os requisitos para
dimensionamento, quantificação e instalações prediais dos ambientes;
• • Estabelece os critérios para projetos de estabelecimentos assistenciais de saúde.

Você também pode gostar