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Módulo 8: Exposições Médicas em Radioterapia

Módulo 2 – Justificação das Exposições Médicas

Aula 3: Justificação da Exposição Médica & Avaliação do


Detrimento

Dr. Luiz Antonio Ribeiro da Rosa - Pós-Graduação Lato Sensu - Radioproteção e Segurança de Fontes de Radiação
Objetivo

• Entender os critérios de justificação das exposições


médicas.

• Necessidade de identificar técnicas alternativas.

• Entender o método de avaliação do detrimento.

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Justificação de uma Prática

• A adoção de novas práticas ou a continuação das práticas


existentes deve levar em consideração os riscos dos
efeitos da radiação, como resultado de tal prática.

• Uma prática que envolve exposições ou exposições


potenciais só deve ser adotada se houver a possibilidade
da mesma produzir benefícios suficientes para o indivíduo
ou a sociedade de modo a compensar o prejuízo ou dano à
saúde que poderá causar.

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• Exposições médicas: É a exposição à radiação a qual uma pessoa é
submetida como parte de um diagnóstico ou tratamento médico.

A exposição médica é controlada como no caso da exposição ocupacional, mas


seu controle é parte do planejamento dos procedimentos de diagnóstico ou
tratamento, não como parte de um sistema de proteção contra as radiações.

• Exposição pública: É a exposição à radiação a qual uma pessoa é


submetida com origem não ocupacional ou médica.

Os controles devem ser aplicados à fonte. Eles só devem ser aplicados ao


ambiente ou aos indivíduos se os controles de fonte não são eficazes, como,
por exemplo, em um acidente grave, como o ocorrido em Chernobyl.

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Justificação de Exposições Médicas

As exposições médicas devem ser justificadas comparando-se


os benefícios terapêuticos que elas produzem com o detrimento
radiológico que podem causar, tendo em conta os benefícios e
riscos de técnicas alternativas disponíveis que não envolvem a
exposição médica.

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Critério de Justificação das Exposições Médicas

• Para justificar um tipo de exame diagnóstico as orientações


relevantes pertinentes serão consideradas, tais como as
estabelecidas pela OMS.

• Estudos de grupos populacionais que envolvam exposições


médicas são considerados como não justificados, a menos
que as vantagens esperadas para os indivíduos examinados
ou para a população como um todo sejam suficientes para
compensar os custos econômicos e sociais, incluindo o
detrimento devido à radiação.

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Exposições em Pesquisa Médica

A exposição de seres humanos para a pesquisa médica é


considerada como não justificada a menos que esteja:

A) Em conformidade com as disposições da Declaração de


Helsinque e que siga as orientações para a sua aplicação
elaboradas pelo Conselho para Organizações Internacionais de
Ciências Médicas (CIOMS) e pela OMS e

B) Sujeita ao parecer de um Comitê de Revisão Ético e aos


regulamentos nacionais e locais aplicáveis.

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Um Exemplo de Exposição não Justificada – Detecção de
Roubo

Exames radiológicos para fins de detecção de roubo são


considerados como não justificados; se eles precisarem ser
realizados, não serão considerados como exposições médicas,
deverão estar sujeitos aos requisitos das normas relativas à
exposição do público e ocupacional.

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Uma Exposição Justificada em Radioterapia

• Antes de recorrer à radioterapia - técnicas alternativas, tais


como cirurgia ou quimioterapia, devem ser consideradas.
• Exemplo
Queloide - Uma lesão benigna – A radiação não deve ser a
primeira escolha, alternativas devem ser tentadas antes de
recorrer à radiação.

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Norma de Segurança Básica da AIEA

1. Em 1990, foi criado um comitê de segurança radiológica “ Inter-


Agency committee on Radiation Safety (IACRS) ”.
2. O seu objetivo era promover a consistência na aplicação prática da
proteção radiológica.
3. Como resultado, um documento detalhado foi preparado.

• O documento foi denominado Normas de Segurança Básicas


Internacionais para a proteção contra à Radiação Ionizante e
Segurança de Fontes de radiação, “International Basic
Standards for Protection against Ionizing Radiation and for the
Safety of Radiation Sources”.

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Qual o motivo de se estabelecer o BSS (Basic Safety Standards)?

1. O BSS destina-se a servir como um guia prático para o projeto e


implementação de um programa eficaz de proteção radiológica.

2. O BSS contém normas que têm por base os princípios da proteção


radiológica recomendados pela ICRP.

3. Como as recomendações da ICRP, as normas de segurança básicas


(Basic Safety Standards) objetivam, apenas, ser um texto para
orientação e não um texto legal.

4. As normas são projetadas de tal forma que elas podem ser


incorporadas na legislação de cada país, conforme as suas
necessidades, para formar uma base prática para as necessidades
de proteção radiológica específicas do país em questão.

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Recomendações da ICRP (International Commission on Radiation Protection)

ICRP 26 Sistema de limitação de dose.

ICRP 60 Sistema de proteção radiológica.

• Perspectiva mais ampla


• Possibilidade de acidentes
• Potencial para exposições acidentais

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Exposição Ocupacional

• Exposição recebida por uma pessoa como


consequência do trabalho por ela executado.

• Pode ser controlada a três níveis;


i. Na fonte (blindagem);
ii. No ambiente (ventilação);
iii. Ao nível do trabalhador (boas práticas, roupas
de proteção)

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Princípios de Radioproteção

• O sistema de radioproteção recomendado pela ICRP em sua


publicação 60 baseia-se na justificação, na otimização e na limitação
de dose.

Sistema de Radioproteção

Limitação
Justificação Otimização
Limites Numéricos
Benefício > Risco ALARA
De Doses

• Os princípios não devem ser usados isoladamente. Um sistema de


radioproteção efetivo deve usar os três princípios para assegurar
que todas as doses serão mantidas tão baixas quanto possível.

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Comparando o Risco de Manuseio de Fontes Radioativas com os
Associados a Outras Atividades

Probabilidade de 1/106 de morrer.

• 0,02 mSv de exposição aguda de radiação.


• 1,5 cigarros fumados por dia.
• Andar 80 km de carro.
• Voar em um avião 420 km.
• 2 dias de trabalho em uma fábrica.
• 20 minutos com 60 anos de idade.
• 9 horas com 30 anos de idade.
• 6 minutos de canoagem.
• 90 minutos de escalada.
• Comer 500g de manteiga de amendoim.

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Probabilidade de desenvolver câncer de pulmão
entre fumantes: - 1/200.

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Efeitos Somáticos: - Afetam a saúde da pessoa
exposta.

Efeitos Hereditários: - Ocorrem nos descendentes do


indivíduo exposto.

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Efeitos Estocásticos e Determinísticos

Efeitos Estocásticos: São efeitos cuja probabilidade de


ocorrência é função da dose, não a sua severidade, sem valor
limite de dose. Por exemplo: - diferentes tumores sólidos e
leucemia.

Efeitos Determinísticos: São aqueles que se tornam evidentes


após um valor de dose elevado. Há um valor limite de dose
abaixo do qual o efeito não ocorre. Por exemplo: - Eritema.

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Efeitos Estocásticos

 Processo aleatório
 Sem dose limite para ocorrência
 A severidade é independente da dose
 A probabilidade de ocorrência depende da dose
 Efeitos tardios

Exemplos:

• Câncer
• Efeito genético

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Exemplos de Efeitos Estocásticos

Efeito Período Latente Evidência


Médio
(Anos)
Leucemia 8 – 10 Vítimas da bomba
atômica
Câncer de ósseo 15 Pintura de
mostradores
luminosos
Câncer de 15 – 30 Vítimas da bomba
tireoide atômica
Câncer de 10 – 20 Mineiros
pulmão

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Efeitos Determinísticos

 Há uma dose limite


 A severidade depende da dose
 Efeitos a curto prazo

Exemplos

• Catarata
• Eritema
• Perda de cabelo

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Limite de Dose Individual

• A ICRP recomenda que as exposições individuais devem estar


sujeitas a limites de dose.

• Critérios para limitar a dose individual


 Nenhum risco inaceitável
 Prevenção de efeitos determinísticos
 Minimização de efeitos estocásticos

• Para os membros do público o limite de dose é aproximadamente


igual à dose média devida às fontes naturais, excluindo o radônio, ao
nível do mar.

• Os limites de dose são aplicáveis às exposições resultantes das


práticas envolvendo o uso de radiação ionizante, excetuando
aquelas oriundas de práticas médicas e devidas à radiação natural.

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Dose Efetiva (E) – Avalia o risco modificando a dose
equivalente pelo fator de peso para o tecido, WT .

Valores de WT (ICRP 60)

Gônadas – 0,20 Esôfago – 0,05

Medula óssea (vermelha) – 0,12 Tireoide – 0,05

Cólon – 0,12 Pele – 0,01

Pulmão – 0,12 Superfície óssea – 0,01

Bexiga – 0,05 Estômago – 0,12

Seio – 0,05 Órgãos restantes – 0,05

Fígado – 0,05 Total – 1,00. População geral, todas as idades os


dois gêneros.

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Fatores de Peso da Radiação (WR )

Qualidade da Radiação WR – ICRP 60

Raios x 1
Radiação gama 1
Partículas beta 1
Partículas alfa 20
Nêutrons E>0,1 MeV 10

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Resumo das Grandezas Radiológicas

Grandeza Tradicional Unidade no SI


Exposição (X) Roentgen (R) C/kg (ar)
Dose absorvida rad Gray (Gy)
(D)
Dose Equivalente rem Sievert (Sv)
(HT)
Dose Efetiva (E) rem Sievert (Sv)

1 C/kg = 3881 R (ar)


1 Gy = 100 rad, 1 Sv = 100 rem

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RESUMO

• A radiação deve ser utilizada em tratamentos médicos


somente se ela apresentar vantagens em relação a outras
formas de tratamento.

• O critério da justificação deve ser utilizado quando do


emprego da radiação em medicina.

• O detrimento deve ser considerado com relação aos órgãos


de risco.

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