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INTRODUÇÃO AOS EQUIPAMENTOS

DE TERRAPLENAGEM
GENERALIDADES
 
 
O emprego das máquinas na execução de terraplenagem vem se firmando a
cada dia mais, graças ao extraordinário rendimento de unidades cada vez
mais potentes, velozes e de maior capacidade, não sendo exagerado dizer-se
que há hoje máquinas especiais para cada tipo de serviço. Para que o
emprego das máquinas alcance o máximo rendimento e, portanto a maior
economia possível, é necessário que o usuário conheça suas possibilidades,
características, limitações, uso adequado, etc. Assim, os serviços devem ser
planejados previamente e as equipes de máquinas devem ser dimensionadas
no sentido de evitar paralisações e obedecer ao cronograma de execução da
obra.
CLASSIFICAÇÃO E TERMINOLOGIA DAS MÁQUINAS
RODOVIÁRIAS
 
A Norma Brasileira da ABNT – P – TB – 51 refere-se à classificação e
terminologia das máquinas rodoviárias, em vigor desde 1968.
Compreende:
 
• Parte I – Equipamentos e máquinas para terraplenagem
• Parte II – Equipamentos e máquinas para compactação
CLASSIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS
 
Para efeito de estudo dos equipamentos de terraplenagem, adotaremos a
seguinte classificação:
 
a) Unidades de tração
b) Unidades escavo-empurradoras
c) Unidades escavo-transportadoras
d) Unidades escavo-carregadoras
e) Unidades aplainadoras
f) Unidades de transporte
g) Unidades compactadoras
h) Unidades escavo-elevadoras (não convencional)
LOCOMOÇÃO DOS EQUIPAMENTOS

Antes de se passar ao estudo destes equipamentos, será necessário


conhecermos os princípios que regem a locomoção das máquinas de
movimentação de terras. Este estudo se faz necessário para sua utilização
nos processos de estimativa de produção destes equipamentos.
POTÊNCIA
 
Em terraplenagem analisaremos a potência sobre três aspectos
diferentes:
 
- POTÊNCIA NECESSÁRIA – é aquela que vamos necessitar para
executar um trabalho.

- POTÊNCIA DISPONÍVEL – é aquela que a máquina pode fornecer


para executar um trabalho.

- POTÊNCIA USÁVEL – é aquela que podemos utilizar limitada pelas


condições locais.
1- POTÊNCIA NECESSÁRIA
 
Os fatores que a determinam são aqueles que opõem resistência ao movimento.
 
 
a) RESISTÊNCIA AO ROLAMENTO (RR)
 
É a força que se opõe ao movimento das rodas de um veículo sobre um terreno ou
pavimento.
 
RR = P . fR
 
RR – Resistência ao rolamento (kg)
P – Força sobre as rodas, normal à superfície de rolamento (kg)
fR – Fator de resistência ao rolamento. Corresponde ao coeficiente de atrito.
 
Fatores que influem na Resistência ao Rolamento:

- Condições do solo
- Penetração na superfície do solo (afundamento)
- Flexibilidade dos pneus
- Pressão dos pneus
- Desenho da banda de rodagem
- Peso nas rodas
- Irregularidades do terreno (vantagem do emprego de pneus
gigantes, de grandes raios)
- Pressão de contato, etc.
O coeficiente de rolamento apresenta diferentes valores em função do maior ou
menor afundamento dos pneus. Desta forma, conclui-se que os terrenos soltos,
ou muito úmidos, e que apresentem baixa capacidade de suporte, são os mais
sujeitos ao afundamento e, por conseguinte, possuem coeficientes de
rolamento elevados.

SUPERFÍCIE DO TERRENO fR (kg/t)

Estrada dura, lisa e estabilizada, sem penetração sob carga (concreto ou macadame betuminoso) 20

Estrada firme e lisa, cedendo ligeiramente sob carga (macadame comum ou cascalho) 30

Estrada irregular de terra, com pouca conservação, sem água, cedendo consideravelmente sob 50
carga (argila dura, 2,5cm ou mais de penetração)
Estrada irregular de terra, sem estabilização, piso algo mole (10 a 15cm de penetração) 75

Estrada irregular de terra mola, lamacenta ou arenosa 100 a 200


Afundamento dos pneus

Para superar um obstáculo de altura h, um veículo com peso P sobre a


roda motriz, de raio r, deverá desenvolver um esforço trator E, para
vencer o referido obstáculo.
 
Sendo E = P . (h/2R)1/2 , isto significa que para E e P constantes,
usando-se raios maiores poderemos superar obstáculos de alturas
maiores.
Observação:

Os tratores de esteira em função de seu deslocamento ser feito sobre a própria


esteira, não há preocupação com flexionamento dos pneus ou penetração das
rodas. Somente a fricção interna no trem de força precisa ser explicada. Esta perda
é considerada na diferença entre a potência no volante e a potência na barra de
tração de um trator de esteira. Assim, para todas as finalidades práticas, um
TRATOR DE ESTEIRAS NÃO APRESENTA RESISTÊNCIA AO
ROLAMENTO. Quando um trator de esteira reboca um scraper, somente o peso
incidente sobre as rodas precisa ser considerado para a determinação da resistência
ao rolamento.
 
b) RESISTÊNCIA DE RAMPA OU DE GREIDE (RG)
 
É a força da gravidade que se opõe ao movimento nas rampas. Quando o veículo
desce a rampa, a força auxilia o movimento e recebe o nome de ASSISTÊNCIA
DE RAMPA
 
RG =  P . i
 
RG - Resistência de greide (kg)
P - Peso da máquina (kg)
i - Declividade (%)
(+) - Aclive
(-) - Declive
c) RESISTÊNCIA DE INÉRCIA (RI)
 

É a força que deve ser vencida toda vez que o veículo acelera. Surge toda
vez que o veículo sofre uma variação de velocidade ( v ), num certo
intervalo de tempo ( t ).
 
RI =  m . a =  (P/g) . a =  (P/g) . (v/t) =  28,3 . P . v/t
 
RI – Resistência de inércia (kg)
P – Peso do veículo (kg)
g – Aceleração da gravidade (9,8 m/s²)
a – Aceleração do veículo (m/s²)
(+) – Aceleração
(-) – Desaceleração
d) RESISTÊNCIA DO AR (RAR)
 
É a força que o ar oferece ao deslocamento.
 
RAR = ( K’ . S . v ) / 13
 
RAR – Resistência do ar (kg)
K’ – Coeficiente de forma ( constante entre 0 e 150 km/h)
Veículos – 0,02 a 0,07
Máquinas de obra – 0,07
S – Área (m²)
V – Velocidade de deslocamento da máquina (km/h)
 
Como os veículos de obra têm vmax  60 km/h, a resistência do ar será de modo
geral desprezível em face dos esforços tratores disponíveis no eixo motor.
RESISTÊNCIA TOTAL ou a soma de todas as resistências que afetam um
veículo, em qualquer momento, será expressa por:
 
 
R = RR +RG + RI + RAR
2. POTÊNCIA DISPONÍVEL
 
Os fatores que a determinam são:
 
 
a) POTÊNCIA NOMINAL DO MOTOR
 
Expressa em HP. Ela indica a capacidade da máquina executar um
trabalho a uma determinada velocidade. A potência desenvolvida pela
motor é o fator primordial que determina o comportamento da máquina,
tendo em vista suas aplicações.
 
TIPOS:
a) POTÊNCIA DE CAPACIDADE – Determinada no banco de provas, sem
os acessórios, com rotação máxima, durante apenas 5 minutos, ao nível do
mar, pressão de 760 mm Hg. Esta seria a potência máxima que o motor
forneceria em condições ideais de ensaio.

b)POTÊNCIA DE DESEMPENHO – Determinada na saída do eixo do


virabrequim, motor com todos os acessórios, rotação máxima limitada pelas
condições de uso do veículo nas condições de pressão e temperatura fixadas
pela SAE (Society of Automotive Engineers) – 746 mm Hg e 29,4 ºC, carga
contínua).
c) A POTÊNCIA DE DESEMPENHO ou POTÊNCIA NO VOLANTE é a que nos
interessa conhecer, por ser determinada em condições que se aproximam à situação real
de uso do motor. Será designada pela notação N0.
A potência no volante N0 se transmite às rodas motrizes, através dos órgãos de
transmissão, entre os quais a embreagem, caixa de cambio, comando final, etc.
Nesta transmissão haverá perdas por atrito nos mancais e engrenagens, de maneira que
a potência realmente disponível nas rodas motrizes será dada pela expressão:
 
Nr = N0 . m
 
Onde:
 
Nr = Potência disponível nas rodas motrizes (HP)
m = Coeficiente de rendimento mecânico da transmissão
máquinas novas – 0,80
máquinas desgastadas – 0,60
b) MARCHA ESCOLHIDA
 
A marcha escolhida para a máquina executar o serviço determina a
velocidade e os quilogramas de força tratora disponíveis para executá-lo.
Uma máquina possui um conjunto de engrenagens de transmissão de força,
donde a sua combinação resultará em várias velocidades e força tratora para
executar um trabalho, estas combinações vão desde as velocidades baixas,
com muita força tratora, às altas velocidades, com pouca força tratora, e se
encontram relacionadas em folhas de especificações editadas pelos
fabricantes, para as máquinas de esteira e de rodas. Para determinar a
velocidade de locomoção, devemos comparar a potência necessária para
vencer a resistência total com a potência disponível, tirada da folha de
especificações. Evidentemente iremos, se possível, escolher a velocidade
mais alta.
3- POTÊNCIA USÁVEL
 
São os seguintes os fatores que a determinam:
 
  ADERÊNCIA
 É a capacidade que tem as esteiras ou as rodas de aderirem ao solo. É sempre uma limitação da potência,
isto é, quanto menor a aderência, menor será a força tratora. A aderência é função do peso sobre as esteiras
ou rodas tratoras e do tipo e condições do solo. Quando as esteiras ou as rodas patinam, dizemos que há
insuficiência de aderência. Se for este o caso, uma das duas atitudes abaixo podem ser tomadas:
 
a) Aumentar o peso.
b) Melhorar as condições do solo.
 
Fad = Pad . fad
 
Fad = Força de aderência (kg)
Pad = Peso sobre as esteiras ou rodas tratoras (kg)
Fad = Coeficiente de aderência ou de tração
COEFICIENTES DE ADERÊNCIA
– Fonte: Caterpillar do Brasil
MATERIAIS PNEUS ESTEIRAS
Concreto 0,90 0,45
Barro argiloso seco 0,55 0,90
Barro argiloso úmido 0,45 0,70
Barro argiloso sulcado 0,40 0,70
Areia seca 0,20 0,30
Areia úmida 0,40 0,50
Pedra britada 0,65 0,55
Estrada de cascalho 0,36 0,50
Terra firme 0,55 0,90
Terra solta 0,45 0,60
. Se dizemos que o coeficiente de aderência para pneus em uma estrada de terra firme é 0,55, isto significa
que o esforço máximo de tração, para este terreno, corresponde a 55 % do peso suportado pelas rodas
motrizes
Este fato representa a grande vantagem das máquinas de esteira sobre as de
pneus. Enquanto aquelas trabalham em condições adversas, tais como,
rampas fortes, terrenos de pouca aderência, excesso de umidade, etc., as de
pneus, em condições semelhantes, seriam sensivelmente afetadas pelas más
características de aderência do solo, chegando-se até a impedir a operação,
devido ao patinamento das rodas.
Para se determinar o peso sobre o conjunto propulsor usa-se a percentagem
de peso suportada pelas rodas motrizes, dada pela folha de especificações do
fabricante.
ALTITUDE
 
A altitude do local de serviço pode afetar o rendimento do equipamento. À
medida que a altitude aumenta, a atmosfera torna-se menos densa,
portanto, menor quantidade de oxigênio é injetada no cilindro,
ocasionando uma mistura ar-combustível prejudicada, o que ocasiona uma
redução na potência do motor.
Quando não se conhece as especificações da máquina, deve-se deduzir 1
% da potência para cada 100 m de elevação acima de 900 m de altitude.
 
 
% PERDA DE POTÊNCIA = ( H – 900 ) / 100
CONDIÇÃO DE MOVIMENTO DE UMA MÁQUINA
 
Fad > ER > R

ER = Força tangencial fornecida às rodas ou à barra de tração pelo motor


Exercícios:

Um trator de esteira está puxando um scraper carregado numa estrada


cujo (Coef. De Rolamento) fr = 30 kg/t , subindo uma rampa de 5%.
Qual a resistência total ?

Dados :
Peso do Trator = 23.700 kg.
Peso do scraper carregado = 45.000 kg.
Solução:

∑ 𝑅=𝑅𝑅+𝑅𝐺 +𝑅𝐼+𝑅𝑎𝑟
𝑎¿ 𝐶𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑅 𝑅 .

𝑇
𝑅𝑅= 𝑃 . 𝑓 𝑅 =45.000 . 0,030 =1350 𝑘𝑔
𝑇
𝑏 ¿ 𝐶𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑅 𝐺 .

+ 𝑃 . 𝐼 23.700+ 45.000
𝑅 𝐺= = .5=3435 kg
100 100

∑ 𝑅=1350+3435=4.785𝑘𝑔
Exercício 02:
Deseja – se construir 28.800 m3 de aterro compactado, cuja densidade , de acordo com as
especificações é 1800 kg/m3. O material disponível tem um peso específico de 1680 kg/m3 no
empréstimo e sua percentagem de empolamento em 25%.
Sabendo-se que a DMT é 350 m e que o motoscraper tem que vencer carregado uma rampa de 8% no
percurso,
Pede – se calcular...
a) Volume total do empréstimo.
b) Numero total de viagens para uma unidade.
c) Velocidade máxima de ida carregado e retorno vazio.
d) Qual a rampa máxima que a maquina seria capaz de vencer vazia.

Dados: Capacidade de carga do scraper coroado = 14 m3.


Peso do motoscraper vazio = 28.500 kg
Estrada de transporte – Terra mole ou solta.
Especificações do motoscraper (tabela).
Marcha Força de tração Velocidade (km/h)

1º 15.000 4,8

2º 8.900 8,3

3º 6.250 10,5

4º 4.700 14,9

5º 3.600 18,7

6º 2.700 26,6

7º 2.200 34,8

8º 750 50,0

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