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ANÁLISE HISTORIOGRÁFICA:

FORMAÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA


(1750-1836)

Autor:
Antonio Candido
ANTONIO CANDIDO_FORMAÇÃO
 1933-MG: primeiro contato com idéias socialistas = José
Bonifácio e Antonio Carlos de Andrada e Silva;
 Atmosfera familiar: liberal, antifascista, aberta para a
informação sobre a esquerda.
 1936-1940: período de afastamento da política e
deslumbramento com a cidade de SP;
 Em 1939 entra na Faculdade de Direito e para a de
Filosofia (Seção de Ciências Sociais), na qual recebeu no
começo de 1942 os graus de bacharel e licenciado. 
A FACULDADE DE FILOSOFIA E AS IDÉIAS SOCIALISTAS

I. Influência marxista a partir do contanto com o


professor Jean Maugué;
II. Atmosfera radical = posição aberta da maioria dos
professores franceses (liberais para esquerdistas);
(Roger Bastide)
a. Não havia atividade política nem filiação a qualquer
grupo, mas simpatia com a esquerda;
b. Paulo Emílio Gomes = maior influência na época da
Faculdade de Filosofia, constituindo-se em seu
principal interlocutor socialista;
c. Um socialismo alternativo = socialismo democrático
desinteressado das internacionais, empenhado na luta
contra o fascismo;
GÊNESE DA MILITÂNCIA POLÍTICA
REVISTA CLIMA_1941
III. O periódico refletia o novo espírito universitário e crítico,
instalado em São Paulo por influência da Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras;

IV. Difusão das idéias socialistas = ponto de partida da


militância política e afirmação de uma postura
antifascista;

CRÍTICA LITERÁRIA
(CAMINHOS DE UMA CRÍTICA EMPENHADA)

V. Notas de Crítica Literária no jornal Folha da Manhã (mais tarde


Folha de S.Paulo);
MATURIDADE POLÍTICA E INTEGRIDADE
INTELECTUAL
 “Somossocialistas, somos contra o stalinismo, mas
não somos contra o comunismo” = a social-
democracia.

 Década de 40: contra o Estado [Novo] = Frente de


Resistência;

 Formação do PSB (Partido Socialista Brasileiro) =


Sérgio Buarque de Holanda e Sérgio Millet;
 1945: Fundação da UDS (União Democrática Socialista) =
Candido preconizava uma teoria pragmática, o artista e o
escritor deviam produzir obras adequadas às causas sociais;

 UDS = posição socialista independente: nem stalinista, nem


trotskista, democrática, mas revolucionária;

 Elaborou o projeto do Suplemento Literário do jornal O


Estado de S. Paulo, e publicou Ficção e Confissão (1956),
livro de ensaios sobre Graciliano Ramos = procura uma
interação entre socialismo e qualidade literária;

 1957, Candido começa a lecionar literatura brasileira na


Faculdade de Filosofia de Assis (SP), hoje parte da Unesp
(Universidade Estadual Paulista).
“FORMAÇÃO”: A CRÍTICA LITERÁRIA EMPENHADA

 1959: Formação da Literatura Brasileira = Candido lançou os


alicerces da sua visão teórico-metodológica de análise da
literatura nacional e mostrou como a própria atividade
literária remete a uma função social e política.
DÉCADA DE 60:
“SEM OLHOS PRA POLÍTICA”
[LEIA-SE: NACIONALISMO]

 1961: volta à USP e as atividades em Teoria Literária =


desinteresse pela política;

 1964-66: vai à França como professor de literatura


brasileira;

 1968, Candido tornou-se professor visitante de literatura


brasileira e comparada na Universidade de Yale, nos EUA.
1968: AVALIANDO GERAÇÕES
REAVALIAÇÃO DE ANTIGAS POSTURAS
POLÍTICAS DOS ANOS 40

Candido: “em 1968 eu e meus velhos companheiros vimos


que se tornaram banais certas posições que tínhamos
assumido desde o começo dos anos 40 e nos valeram
ataques e marginalização. Assim é que foi superada a
idéia de partido monolítico, de fidelidade mecânica aos
interesses russos, de marxismo como dogma intangível.
Ali nasceram os germes de novas concepções dos
agrupamentos políticos, que no futuro se tornariam
atuantes. Concepções segundo as quais o partido deixa
de ser uma camisa-de-força para tentar definir uma
organização humana e aberta. Mas antes disso ainda
houve muito descaminho e muita tragédia”.
DÉCADA DE 70:
RETOMADA DA ATIVIDADE POLÍTICA ORGANIZADA

 1977, Candido assinou o Manifesto dos Intelectuais, pedindo o


fim da censura perpetrada pela ditadura militar;

 1977: defesa pública do socialismo em tempos de crise


[democrática] (Istoé)

 1978, participou, juntamente com Sérgio Buarque de Holanda,


do lançamento do manifesto de fundação do PT (Partido dos
Trabalhadores): “Um partido nascido da classe operária, sem
ortodoxia rígida, capaz de agregar de maneira democrática
mas extremamente combativa os elementos progressistas da
população”;
FACULDADE DE FILOSOFIA
FORMAÇÃO INSTITUCIONAL

 Em 1942, Antonio Candido tornou-se Bacharel e


Licenciado na Faculdade de Filosofia; ingressou no corpo
docente da Faculdade de Filosofia da Universidade de São
Paulo em 1942, como primeiro assistente de sociologia
(professor Fernando de Azevedo), cargo no qual
permaneceu até 1958, quando decidiu dedicar-se apenas à
leitura.  Aprovado em 1945 num concurso de literatura
brasileira, obteve o título de livre-docente (tese:
"Introdução ao método crítico de Sílvio Romero"), obtendo
em 1954 o grau de doutor em Ciências Sociais (tese: "Os
parceiros do Rio Bonito").
PRINCIPAIS OBRAS

 Introdução ao Método Crítico de Sílvio Romero, 1945;


 Formação da Literatura Brasileira - Momentos Decisivos -
1959;
 Ficção e Confissão, 1956;

 O Observador Literário, 1959;

 Presença da Literatura Brasileira - 1964 (em colaboração com


J. Aderaldo Castello);
 Tese e Antitese, 1964;

 Parceiros do Rio Bonito, 1957;

 A Educação pela Noite e Outros Ensaios, 1987;

 O Discurso e a Cidade, 1993.


ANÁLISE DA OBRA:
FORMAÇÃO DA LITERATURA
BRASILEIRA

 Formação da Literatura Brasileira: momentos decisivos (1959).

 Composição: dois tomos, os quais abordam a Formação da


literatura brasileira, a partir dos árcades neoclassicistas
setecentistas e se firmando como sistema orgânico constituído
no século XIX, por meio dos românticos com seus vieses
nacionalistas.
CONTEXTUALIZAÇÃO DA OBRA:
 A classe média e a consciência liberal contra o Estado
Novo;
 Desenvolvimentismo: o arcaico e o moderno = palavras
de ordem: industrialização, urbanização e tecnologia;
 Geração que emerge do Estado Novo: defesa do
pensamento contra as sombras dos governos autoritários;
 nacionalismo desenvolvimentista = ISEB;
 Redemocratização: conquista política e jurídica = projeto
de nacionalismo, emancipação;
FORMAÇÃO DA LITERATURA BRASILEIRA
(1959)

 Assumi posição contrária ao nacionalismo teórico


evidenciado nos textos do ISEB e nas revistas de tendência
esquerdista; alinhando-se à Universidade de São Paulo –
bloqueada a simpatia por qualquer projeto nacional-popular
–, reafirmando os princípios democráticos (liberais) e
sociais;
IDÉIAS QUE ATRAVESSAM A OBRA

 A vinculação da literatura à formação histórica do Estado e


seus mecanismos de Poder;
 Colonização literária;

 Manifestação literária x sistema literário;

 Importância do social na literatura;

 Formação recusa certo tipo de determinismo sociológico que


reduz o valor estético da obra de arte a um produto do meio;
de outro modo recusa também a concentração excessiva no
texto (formalismo), nem subestima o condicionamento
histórico.
MOMENTOS DECISIVOS DA LITERATURA NACIONAL

1º Momento decisivo para formação de uma literatura:


Arcadismo e no Neoclassicismo (XVIII) = se acham
autores com aspirações e temas ligados às mudanças
históricas em andamento.

 Século XVIII: obstáculos no caminho da formação de


nossa literatura = pressão político-ideológico do
conservadorismo: “o nosso foi um século das luzes
dominantemente beato, escolástico, inquisitorial”.
 Contribuição do Arcadismo = incorporação de padrões
europeus tradicionais, contribuindo para organizar com
alguma eficácia nossa atividade literária.
2º Momento decisivo: Romantismo = se destacou por sua
vontade consciente de forjar aqui uma literatura
independente.

 Romantismo (movimento de individualização nacional) =


combinar o singular (a expressão da nossa realidade) e o
universal (os padrões dos países em que nos inspirávamos).
 Quadro histórico do império = falta de um público leitor
esclarecido e dotado de uma consciência artística
fortalecida, capaz de estimular (ou criticar) os escritores.
 Machado de Assis = faz a leitura do universal e do nacional,
permanecendo independente aos modismo internacionais.
A TESE QUE ANUNCIA

 A formação de uma literatura nacional enquanto sistema


literário com correspondência entre autores, obras e
público. Candido defende a tese de que o povo brasileiro
foi forjado por sua realidade social e por seus artistas, seus
escritores, seus poetas, pois estes foram os responsáveis da
criação e formação do imaginário que temos e que, por sua
vez, tornou o povo brasileiro aquilo que ele é.

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